Duração do trabalho em todo o mundo:
Principais achados e implicações para as
políticas
Brasília, 25 de março de 2010
Duração do trabalho em todo o mundo:
Principais achados e implicações para as
políticas
Brasília, 25 de março de 2010
Jon C. Messenger
Programa de Condições de Trabalho e Emprego
• A OIT foi criada em 1919; agência especializada da ONU
• A OIT é a única agência do sistema ONU que é tripartite:
com representação dos governos, dos trabalhadores e dos
empregadores
• Objetivo:
Trabalho Decente para todos
– Promover oportunidades para mulheres e homens de
obter trabalho decente e produtivo, em condições de
liberdade, equidade, segurança e dignidade
• Responsável pela promulgação de Normas Internacionais
do Trabalho.
O
Normas Internacionais sobre Tempo de Trabalho
Normas Internacionais sobre Tempo de Trabalho
• Preâmbulo da Constituição da OIT estabelece o tempo de
trabalho como área de trabalho da OIT.
• A primeira Convenção da OIT foi sobre as Horas de
Trabalho (Indústria), 1919 (n˚1)
• Desde 1919, a OIT tem adotado 39 normas relacionadas
ao
tempo de trabalho. As mais importantes se
relacionam a:
– Jornada de trabalho diária e semanal—8-h por dia e 48-h por semana – A redução da jornada a 40 horas por semana
– O descanso semanal—mínimo de 1 dia (24 horas consecutivas) – Férias anuais—mínimo de 3 semanas
– Trabalho noturno
– Trabalho a tempo parcial
Relatório da OIT sobre Duração do trabalho em todo o
mundo
Relatório da OIT sobre Duração do trabalho em todo o
mundo
• Originalmente publicado em inglês,
Working Time Around
the World: Trends in working hours, laws and policies in a
global comparative perspective
(Lee, McCann, and
Messenger, 2007)
• O Relatório é a primeira análise global comparativa sobre
normas, políticas e horas habitualmente trabalhadas com
enfoque nos países em desenvolvimento e em transição
• Possui três fontes de dados:
– O database da OIT sobre Normas Condições de Trabalho com
cobertura de mais de 100 países (www.ilo.org/travdatabase)
– Um questionário sobre a distribuição de horas trabalhadas por semana
Limites legais sobre horas de trabalho
Limites legais sobre horas de trabalho
• Durante as últimas cinco décadas, houve uma mudança
global para um limite de 40 horas (e.g., Argelia, Brasil (44),
Bulgaria, Chile (44), China, Rep. Tcheca, Mongolia, Marrocos
(44), Coréia, Portugal, Ruanda)
• A evidência mais recente (2005) mostra que o limite de 40
horas é o patamar predominante no mundo
• Não obstante, existem diferenças regionais significativas:
– O limite de 48 horas é o predominante na América Latina
– Dualidade na Ásia entre limite de 48 horas e limite de 40 horas (inexistência de um marco legal na Índia e no Paquistão)
Jornada de trabalho excessiva:
Proporção de trabalhadores com jornada de trabalho semanal
superior a 48* horas, 2004-05
Jornada de trabalho excessiva:
Proporção de trabalhadores com jornada de trabalho semanal
superior a 48* horas, 2004-05
0 10 20 30 40 50 60 % sobre total de ocupados Rús sia Hol anda Est ônia Fra nça EUA Bra sil I. M aurí cio Rei no Uni do Méx ico Arg enti na Jap ão Tan zâni a Eti ópia Paq uist ão Tai lân dia Cor éia Per u Todos trabalhadores Estimativa global: 22 % dos trabalhadoresJornada de trabalho reduzida:
Proporção de trabalhadores que trabalham menos de 35* horas
por semana, 2004-05
Jornada de trabalho reduzida:
Proporção de trabalhadores que trabalham menos de 35* horas
por semana, 2004-05
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 % assalariados Rús sia Tan zâni a Tai lân dia Est ônia Cor éia Paq uist ão Eti ópia Méx ico Bra sil Rei no Uni do Per u Fra nça EUA Jap ão I. M aurí cio Hol anda Trabalho renumeradoJornadas longas em países em desenvolvimento:
O caso da China
Fonte: Relatório de país da OIT sobre jornada de trabalho em China, Zeng et al. 2005
Jornadas longas em países em desenvolvimento:
O caso da China
Fonte: Relatório de país da OIT sobre jornada de trabalho em China, Zeng et al. 2005
• Um levantamento da OIT constatou que 41 % dos
assalariados trabalharam horas extras
• Tempo médio de horas extras = 8,6 horas por semana
• Menos da metade (49 %) receberam pagamento de horas
extras
• Um quarto dos trabalhadores trabalharam menos de 40
horas por semana
Distribuição de horas habitualmente trabalhadas por semana
<40 horas 40 horas 41-50 horas 51-60 horas >60 horas Total
Hiatos de gênero nas horas trabalhadas:
Proporção de trabalhadores com jornada superior a 48* horas
semanais, 2004-05
Hiatos de gênero nas horas trabalhadas:
Proporção de trabalhadores com jornada superior a 48* horas
semanais, 2004-05
0 10 20 30 40 50 60 % total de ocupados Rús sia Hol anda Est ônia Fra nça Bra sil EU A I. M aurí cio Rei no Uni do Méx ico Arg enti na Jap âo Eti ópia Paq uist ão Tai lân dia Cor éia Homens MulheresHiatos de gênero em horas trabalhadas remuneradas:
Proporção de trabalhadores que trabalham menos de
35* horas semanais, 2004-05
Hiatos de gênero em horas trabalhadas remuneradas:
Proporção de trabalhadores que trabalham menos de
35* horas semanais, 2004-05
0 10 20 30 40 50 60 70 80 % de trabalhadores remunerados Rú ssia Tai lând ia Est ônia Cor éia Paq uis tão Eti ópia Bra sil Méx ico Rei no Un ido Fra nça EUA I. M aurí cio Jap ão Hol and a Homens MulheresTempo de trabalho na economia informal
Tempo de trabalho na economia informal
• A economia informal é
representativa nos países em
desenvolvimento
• A informalidade representa a
metade ou mais do total da
ocupação nestas regiões
• O trabalho por conta própria
responde por 60,0% da
ocupação informal em todas
as regiões do mundo em
desenvolvimento
0 20 40 60 80 100 % t o ta l o cu p aç ão ( ex cl u si ve tr ab al h o a g ri co la ) África do norte África sub-saariana Ásia Ámerica Latina% de ocupação informal em
relação ao total (exclusive
trabalho agrícola)
(Fonte: OIT2002)
1994/ 2000
Distribuição da jornada de trabalho semanal entre
trabalhadores por conta própria
Distribuição da jornada de trabalho semanal entre
trabalhadores por conta própria
<35 horas 35-48 horas >48 horas Total
Guatemala M 18.9 33.4 47.7 100.0 F 61.8 15.4 22.9 100.1 Brasil M F 20.1 53.5 49.6 28.8 30.3 17.7 100.0 100.0 México M 13.7 42.0 44.3 100.0 F 48.2 29.9 21.9 100.0 Etiópia M 26.0 28.5 45.3 99.8 F 42.2 25.2 32.1 99.5 I. Maurício M 36.1 34.4 29.5 100.0 F 60.8 21.5 17.7 100.0 Sri Lanka M 36.7 29.7 33.6 100.0 F 58.7 24.7 16.6 100.0 Paquistão M 7.1 31.4 61.5 100.0 F 47.7 40.6 11.7 100.0
Arranjos de tempo de trabalho flexíveis
Arranjos de tempo de trabalho flexíveis
• Arranjos de tempo de trabalho flexíveis são pouco frequentes nos países em desenvolvimento ou em transição
• O baixo predomínio dos arranjos flexíveis é devido a:
– Uso extensivo de jornadas prolongadas en função da baixa remuneração
– Existência de uma ampla economia informal
• Sobre essas circunstâncias, os trabalhadores, particularmente as mulheres, optam pela inserção na economia informal já que na mesma a flexibilidade de horário é inerente, o que permite a sua conciliação com as responsabilidades familiares.
Principais achados do relatório
Principais achados do relatório
• Mudança global gradual para um limite de 40 horas durante na legislação nacional durantes as últimas quatro décadas
• Não obstante, predomina uma alta incidência de trabalhadores exercendo jornadas extensiva em países em desenvolvimento e em transição, e o uso de horas extras é comum
• As jornadas médias mais longas predominam no setor terciário especialmente no segmentos de comércio, hotéis e restaurantes, transporte e comunicações
• Dentre as principais razões destacam-se:
– Falta de fiscalização no âmbito do cumprimento da legislação
– A jornada longa é utilizada para compensar para a baixa produtividade e os baixo salários (trabalhadores precisam trabalhar para aumentar seus rendimentos)
Principais achados do relatório
Principais achados do relatório
• Existe um expressivo contingente de trabalhadores que realizam jornadas reduzidas em muitos países, especialmente na economia informal.
• As menores médias de jornadas trabalhadas na economia formal são observadas no setor público (na administração pública, defesa e na área social) e também no setor educacional
• Existem diferenças significativas nas jornadas do trabalho remunerado por sexo
– Horas médias trabalhadas são maiores para os homens que para as mulheres na maioria dos países do mundo
– Entre os homens perdura uma dualidade entres grupos que trabalham jornadas extensas e outros que trabalham jornadas reduzidas, em decorrência do subemprego
– As mulheres frequentemente desempenham jornadas reduzidas— particularmente no setor informal—devido a sobrecarga de conciliação do trabalho com as responsibilidades domésticas
Implicações para as políticas
Implicações para as políticas
• Objetivo da OIT:
Trabalho decente para todos
– Promover oportunidades para mulheres e homens
de obter trabalho decente e produtivo, em
condições de liberdade, equidade, seguridade e
dignidade
• Como se pode avançar no objetivo de
trabalho
decente
na área de
tempo de trabalho
?
Implicações para as políticas
Implicações para as políticas
•
O marco “Horas de Trabalho Decente” desenvolvido pela
OIT propõe que os acordos de tempo de trabalho devem
promover o equilibrio entre as necessidades dos
trabalhadores e dos empregadores
•
Este marco abarca cinco dimensões:
1. Tempo de trabalho saudável
2. O tempo de trabalho compatível com a família
3. A igualdade de gênero através da jornada de trabalho
4. Tempo de trabalho produtivo
Implicações para as políticas
Implicações para as políticas
• O marco “Horas de Trabalho Decente” foi estendido e adaptado para os países em desenvolvimento na publicação “Duração do trabalho em todo o mundo”.
• Algumas das sugestões de políticas fundamentais para os países em desenvolvimento e em transição, incluem:
– Marco legal e regulatório que estabeleçam limites razoáveis para a jornada de trabalho, com um mecanismo confiável de aplicação, são condições mínimas para restringir as jornadas excessivas de trabalho;
– Políticas salariais incluindo o Salário Mínimo, podem trazer uma importante contribuição para romper o círculo vicioso entre baixos salários e jornada excessiva.
Implicações para as políticas
Implicações para as políticas
– Medidas para estimular e assistir às empresas para que melhorem sua produtividade - o que favoreceria maiores salários – promovem um círculo virtuoso entre alta produtividade e maiores salários;
– Políticas de conciliação entre o trabalho remunerado e as
responsabilidades familiares e domésticas devem ser uma
preocupação central para todos os países.
• Ex: tempo flexível, licença urgente por motivos familiares e o trabalho em tempo parcial (Convenção da OIT sobre o Trabalho em Tempo Parcial, 1994 (Nº 175).
– Os países menos desenvolvidos necessitam de medidas diferentes daquelas do mundo industrializado, como assegurar o suprimento acessível de água, melhorar o acesso das mulheres ao transporte, e investimento em tecnologias domésticas que poupem trabalho.