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900 euros brutos. bastam para perder isenção. nas propinas. direito à bolsa que paga as propinas. Deixam muitas

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900

euros

brutos

bastam

para

perder

isenção

nas

propinas

São

muito

baixos

os

limites dos

rendimentos

que

dão

direito

à

bolsa

que

paga

as

propinas.

Deixam

muitas

(2)

Quem ganha

900

euros

brutos

não

tem

direito

a

bolsa

de estudo

uma

grande

franja

de

estudantes,

de

famílias

de

classe média,

que

não

chegam

ao

apoio

social,

mas

cujo

rendimento

também

não

chega

para

pagar

o

ensino superior.

PEDRO VILELA MARQUES

As

condições pareciam estar todas reu-nidas.

A

mãe, assistente operacional

numa

escola, ganha àvolta dos 600 euros de salário mínimo, o pai,

técni-code elevadores, leva todos osmeses para casa pouco mais de mil. As duas filhas gémeas, de 22 anos, estão

ain-da a estuain-dar, uma já nareta final para

serenfermeira, aoutra

num

mestrado de de-sign demoda. Abolsa

mínima

que nos

últi-mos anos lhes pagou aspropinas parecia certa neste ano. Mas nãofoi. Menos de cem euros

fizeram a diferença entre ter

um

apoio do Es-tado para estudar ou obrigar a apertar ocinto. Esta

família

do Porto vai agora esmiuçar as

contas para perceber onde pode cortar para

suportar aspropinas das irmãs Lobão, que

es-tão entreos 16mil alunos quejáviram assuas

candidaturas aumabolsarecusadas neste ano.

Numa altura em

que

muito

sediscute o

fim

daspropinas, cenário que oministro do setor admitiu poder serconcretizado

numa

década, o

DN

foi tentar

perceber seessa é

uma

prestação ao alcance damaioria das fa-mílias que apaga, enquanto osque precisam

de apoio do Estado para a suportar

recebem--nodefacto. E a verdade équesenoano

pas-sado cerca de40% dos 65

mil

alunos do

su-perior público com uma bolsa de estudo

re-cebiam oequivalente aovalor das propinas

nas suas faculdades, fontes daárea

denun-ciam quehá uma enorme franja de

estudan-tes que

ficam

sem apoios

por uma curta

margem. Eoscritérios

para atribuição

de bolsas

confirmam

essa tese, aomostrarem

queuma família emque ospais têm, em

mé-dia,

um

salário bruto de900 euros pode ficar

sem qualquer tipo deajuda social.

Basta fazer ascontas no simulador da pró-priaDireção-Geral doEnsino Superior. Pen-semos

numa família

com três pessoas, em

que osdois pais trabalham e ofilho está a

es-tudar no segundo ano de

uma

licenciatura.

O exemplo éo deuma família quetemde

pa-garuma renda de casa, porque não tem pa-trimónio imobiliário, esem qualquer tipo de

rendimento alémdoobtido através de traba-lho

dependente.

Neste caso, 23800 euros

anuais no total do agregado. Segundo os cál-culos do simulador da DGES, esse aluno

nãotem direito à atribuição de bolsa de

estu-dos, umavez queorendimento percapitado

agregado familiar ésuperior a 7925,87 euros (16 vezes oindexante dos apoios sociais, que

está nos 428,90euros, acrescido dovalor da

propina máxima fixada parao

I

ociclo do

en-sino superior público).

Na

prática, mesmo

sendo conservadores, estamos afalar de sa-lários de cerca de 900 euros brutos, ou àvolta

de 860 euros líquidos, que

não têm direito

a apoio.

A família de Joana Lobão encaixa

precisa-mente neste modelo. A aluna do 4.° ano da

Escola Superior deEnfermagem doPorto foi bolseira até este ano, mas aboa

notícia

do aumento de200 euros no salário do pai trouxe

uma má

areboque: elaea

irmã

gémea

per-deram asbolsas de estudo, que lhes

permi-tiam

pagar aspropinas.

"A

minha irmã

está

num

mestrado de de-sign no

Minho,

ecomo

trabalhou no

ano

passado isso fezque oacumulado anual do

(3)

mais alto." Sódepois deuma primeira recusa

foram informados de que osrendimentos da

irmã

podiam ser retirados da equação,

por-que

jánão

estava empregada. Esperança re-novada, recurso apresentado. Expectativas goradas. A candidatura foirecusada por

me-nos decem euros percapita. "Olimite são os

tais7925 euros porpessoa do agregado enós

tínhamos àvolta deoito mil."

Pode parecer pouco, mas afalta dabolsa

no valor daspropinas, explica Joana Lobão,

"tem imenso impacto no orçamento

fami-liar, porque somos logo duas aestudar ao

mesmo tempo ea

minha

irmã gasta mais de 80euros todos osmeses sópara iràs aulas

emGuimarães, mais asdespesas com omeu

curso". E

na

mesma situação, garante, "estão

muitos colegas que

por uma

curta margem

não têm direito abolsas".

Propinas pesam como

o

alojamento

Paraseperceber oimpacto daspropinas no

orçamento deuma família recorremos ao

es-tudo daUniversidade de Lisboa "Custos dos

estudantes do ensino superior português", püblicado a

meio

de2018ecom dados do

anoletivo 2015-16. Aísepercebe que as pro-pinas em Portugal, dasmais caras da

Euro-pa, estão aomesmo nível do alojamento no topo dos custos de

um

aluno de

uma

facul-dade ou politécnico. Aliás, o estudo

demons-tra ainda que, "qualquer quefosse otipo de

ensino frequentado, a despesa mais repre-sentativa foi a do grupo daspropinas (que

variou entre

um

peso de 15,3% noensino po-litécnico público e

um

peso máximo no

po-litécnico privado, de 39,8%)".

Considerando o

conjunto

das despesas

que os

estudantes

suportaram

em

2015--2016,tendo emconta asdespesas correntes mensais e asde educação, concluiu-se que

os estudantes do ensino superior português gastaram

um

valor médio anual próximo dos

6446 euros. Encargos que

aumentam para

quem está deslocado, como éocaso deDiana Cardoso, de 18 anos, que deixou Resende

(Viseu) no ano passado para estudar

Enfer-magem

no Porto. Só em

alojamento

e ali-mentação, gasta mais de 300 euros pormês, aque soma as despesas do curso eagora a

propina.

Na

suaterra, ossalários do pai

-

que

écontabilista

numa

ótica eganha cerca de

1500 euros

-

eda

mãe

-

também auxiliar

numa escola, a ganhar 600 euros

-

têm ainda

de chegar parapagar 300euros derenda de casa, os estudos do

irmão

de7anos etodas

ascontas dafamília. "Não consegui abolsa por 300 euros. É claro que são muitos gastos

eobriga a fazer contas", mas ainda assim a

es-tudante do 2.° ano de Enfermagem atéadmite

que não vive

um

dos casos mais dramáticos.

"Uma amiga minha não teve a bolsa porque

excedia olimite dopatrimónio imobiliário [o

valor não pode sersuperior a 257,340 euros] ,

mas entretanto opaiteve cancro, tem estado debaixa ecom tratamentos, eamãe ficou

desempregada."

"Uma manobra de diversão"

Durante

asua

intervenção

na Convenção

Nacional do Ensino Superior 2030, neste mês,

oministro

Manuel Heitor

argumentou que "atendência

normal

éreduzir, no prazo de

uma

década, oscustos das famílias sem

re-forçar a carga fiscal, mas equilibrando os ren-dimentos, para que sejam osbeneficiários

individualmente

eosempregadores a

ter

maiores contribuições noensino superior".

Um

objetivo

aplaudido

pouco depois

por

Marcelo Rebelo de Sousa. Estava lançado o

mote para vários dias dedebate sobre ofim

das propinas, apoiado àesquerda, mas

ques-tionado porvários especialistas, incluindo o

antigo ministro socialista Marcai Grilo, que

acusa amedida deapoiar osmais ricos, sem

proteger ospobres. Oargumento exposto no Público, ecomum a outros opinadores, éque

asfamílias mais pobres acabam por

finan-ciar asmais ricas através dos impostos, de-fendendo, em alternativa, aaposta no alar-gamento dasbolsas de ação social.

Ao

DN,

Pedro Dominguinhos, presidente

doConselho Coordenador dos Institutos

Su-periores Politécnicos, sublinha duas dessas

linhas vermelhas

-

o

fim

daspropinas não pode deixar de seracompanhado pelo refor-ço de transferência doOrçamento do Estado

para asuniversidades nem tão-pouco levar

a

um

desinvestimento naação social, que deve seralargada

para

abranger cada vez mais alunos que precisam deapoio às des-pesas com osestudos. Apelos semelhantes

aos do presidente do conselho dos reitores dasuniversidades

-António

Fontainhas

Fer-nandes, reitor da Universidade de

Trás-os--Montes eAlto Douro (UTAD) ,avisou

recen-temente ao

DN

que "o governo ougovernos queoassumirem [aextinção das propinas] ,

de

forma

gradual ou não, terão degarantir

que em Orçamento do Estado estará lá

ins-crita averba correspondente", que no ano

passado transpôs os330 milhões de euros

-eaos dos alunos. JoãoVideira, presidente da

Federação Académica doPorto (FAP),

consi-deraestedebate gerado pelo governo como "uma manobra de diversão" para desviar as

atenções daquestão mais urgente, o aloja-mento. Masatéadmite que haja

uma

redu-çãogradual das propinas, sempre

(4)

6446

GASTOS. Valor médio gasto por um estudante no superior em 2015-16, segundo oestudo "Custos dos estudantes do ensino superior português", tendo em conta despesas correntes eas de educação.

(5)

Critérios

Além de aproveitamento académico, os candidatos abolsas da Direção--Geral do Ensino Superior têm dereunir vários critérios socioeconómicos.

INDEXANTE

? Pode candidatar-se auma bolsa de ação

social o estudante do ensino superior que tenha um rendimento anual ilíquido per capita do agregado familiar igual ou

inferior a16vezes oindexante de apoios sociais em vigor no início do ano letivo,

acrescido do valor da propina máxima anualmente fixada para o

I.°

ciclo de estudos do ensino superior público. Traduzindo: O valor do indexante dos apoios sociais (lAS) para 2018 é428,90 euros, portanto ovalor do rendimento anual ilíquido per capita do agregado familiar é de

7925,87 (6862,40 +1063,47).

PATRIMÓNIO

? O património mobiliário (soma de todos os valores em contas bancárias,

certificados de aforro, ações, fundos de investimento, planos poupança reforma) tem de ser inferior a102 936 euros à

data de31dedezembro do ano anterior ao início do ano letivo. Jáo património imobiliário não pode ser superior a

600

x

lAS: 257

340

euros.

PRAZOS

? O aluno tem de poder concluir ocurso no número deanos de duração do mesmo

mais um (seaduração do curso for inferior ou igual a 3anos) ou mais 2anos (sea

Referências

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