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Tui Na. Manipulações na Massagem Chinesa

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TUI NA

Manipulações na Massagem Chinesa

José Fontes Raquel Silva

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Título: Tui Na – Manipulações na Massagem Chinesa Autores: José Fontes, Raquel Silva

Colaboradores: Catarina Sabino 1ª edição

© 2016 José Fontes

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Sobre os autores

José Fontes

De nacionalidade Portuguesa.

Diplomado em Medicina Tradicional Chinesa pelo Instituto Português de Naturologia. Curso Avançado de Medicina Chinesa do Instituto Europeu de Estudos Tradicionais Chineses.

Especialização em Fundamentos de Medicina Chinesa.

Master em Fitoterapia Chinesa pela Escuela Superior de Medicina Tradicional China em parceria com Beijing University of Chinese Medicine e Yunnan University of Traditional Chinese Medicine.

Formado em Acupunctura Ortodoxa do Mestre Tung.

Formador de Medicina Chinesa e responsável de estágio e prática clínica de estudantes de medicina chinesa no Instituto Europeu de Estudos Tradicionais Chineses.

Praticante de Taijiquan da Família Chen.

Raquel Silva

De nacionalidade Portuguesa.

Licenciada em Psicologia Clínica no Instituto Superior de Ciências da Saúde – Norte. Estudante de Medicina Chinesa, Feng Shui e Adivinhação (I Ching) no Instituto Europeu de Estudos Tradicionais Chineses.

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Tui Na, a massagem chinesa, tem cada vez mais adeptos e praticantes e portanto surgem também cada vez mais dúvidas quanto aos seus conteúdos teóricos e práticos.

Este livro pretende ser um manual para apoiar e melhor formar os praticantes desta arte.

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Í

NDICE

Introdução Geral à Massagem Terapêutica Chinesa (Tui Na) ... 1

Desenvolvimento histórico do Tui Na ... 1

Os estudos académicos e o desenvolvimento do Tui Na ...14

Como estudar Massagem Terapêutica Chinesa ... 15

Os Mecanismos do Tui Na ... 16

Regulação de yin e yang ... 16

Reforçar a Insuficiência e Drenar o Excesso ... 18

Ativar o sangue e transformar a estase ... 20

Tratamento de músculos, tendões e articulações ... 24

Escutar com as mãos ... 25

Precauções ... 28

Manipulações de Tui Na ... 29

Tui Fa (Método de empurrar) ... 31

An Fa (Método de Pressionar)... 37

Na Fa (Método de Agarrar) ... 39

Dian Fa (Método de Pressionar Pontos) ...41

Ya Fa (Método de Pressionar continuamente com força) ... 43

Mo Fa (Método de Amassar Circularmente) ... 44

Ca FA (Método de Friccionar) ... 47

Gun Fa (Método de Rodar) ... 50

Nian Fa (Método de Esfregar com os dedos) ... 52

Nie Fa (Método de Beliscar) ... 53

Rou Fa (Método de Amassar Circundante) ... 54

Yi Zhi Chan Fa (Método de Empurrar com Um dedo Budista) ... 56

Bo Fa (Método de Dedilhar) ... 59

Kou Fa (Método de Bater com os Punhos)... 60

Pai Fa (Método de Bater com as Palmas) ... 61

Ji Fa (Método de Bater) ... 61

Zhen Fa (Método de Vibração) ... 62

Dou Fa (Método de Sacudir) ... 64

Cuo Fa (Método de Esfregar com as Palmas) ... 65

Yao Fa (Método de Rodar/Rotação) ... 66

Gou Fa (Método de Gancho) ... 67

Ba Shen Fa (Método de Tração) ... 67

Ban Fa (Método de Puxar/Mover)... 68

Esquemas Síntese das Manipulações ... 70

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Figura 1 – Médico chinês: Bianque ... 3

Figura 2 – Médico chinês: Hua Tuo ... 5

Figura 3 – Médico Chinês: Zhang Zhong jing ... 6

Figura 4 – Médico chinês: Sun Simiao ... 7

Figura 5 – Médico chinês: Chao Yuan fang ... 7

Figura 6 – Médico chinês: Ge Hong ... 8

Figura 7 – As grandes escolas de medicina nas dinastias Jin e Yuan ... 9

Figura 8: Ping Tui Fa ... 31

Figura 9: Mu Zhi Ping Tui Fa ... 32

Figura 10: Zhou Ping Tui Fa ... 32

Figura 11: Zhi Tui Fa ... 33

Figura 12: Xuan Tui Fa ... 33

Figura 13: Fen Tui Fa ... 34

Figura 14: He Tui Fa ... 34

Figura 15: An Fa ... 38

Figura 16: Na Fa (Wu Zhi Na Fa) ... 39

Figura 17: Dian Fa ... 41

Figura 18: Ya Fa ... 43

Figura 19: Mo Fa... 44

Figura 20: Ca Fa ... 47

Figura 21: Gun Fa ... 50

Figura 22: Zhang Guan Jie Gun Fa ... 51

Figura 23: Qian Bi Gun Fa ... 51

Figura 24: Nian Fa ... 52

Figura 25: Nie Fa ...53

Figura 26: Yi Zhi Chan Fa ... 56

Figura 27: Yi Zhi Chan Pian Feng Tui Fa ... 58

Figura 28: Yi Zhi Chan Qu Zhi Tui Fa ... 58

Figura 29: Bo Fa ... 60 Figura 30: Dou Fa ... 64 Figura 31: Cou Fa ... 65 Figura 32: Yao FA ... 66 Figura 33: Ba Shen Fa ... 68 Figura 34: Ban Fa ... 69

Figura 35: Requisitos gerais para a aplicação das manipulações... 70

Figura 36: Síntese – Tui Fa ... 71

Figura 37: Síntese – An Fa ... 72

Figura 38: Síntese – Na Fa ... 72

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Figura 41: Síntese – Mo Fa ... 74

Figura 42: Síntese – Ca Fa ... 75

Figura 43: Síntese – Gun Fa ... 76

Figura 44: Síntese – Rou Fa ... 77

Figura 45: Síntese – Yi Zhi Chan Fa ... 78

Figura 46: Síntese – Comparação Kou Fa, Pai Fa e Ji Fa ... 79

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INTRODUÇÃO GERAL À MASSAGEM TERAPÊUTICA CHINESA (TUI NA)

DESENVOLVIMENTO HISTÓ RICO DO TUI NA

A origem da Massagem Terapêutica Chinesa (Tui Na) remonta à antiguidade. O Homo Pekinensis, há aproximadamente quinhentos mil anos, já sabia utilizar o fogo, fazer instrumentos de osso e esculpir rudimentares instrumentos de pedra. Para se defenderem dos predadores, os antepassados do povo chinês construíram as suas habitações no topo de árvores, pelo que diariamente estariam expostos a toda a sorte de perigos e acidentes, desde confrontos com animais, quedas, exposição aos fatores climáticos, para além da própria ingestão de alimentos crus. Tudo isto resultaria em abrasões, contusões, dor e entorpecimento dos músculos e articulações, além de desordens gastrointestinais, entre outras enfermidades. Neste sentido, acredita-se que, instintivamente, terão começado a pressionar e friccionar as áreas do corpo afetadas, com o objetivo de aliviar o desconforto, o inchaço e a dor. O acumular destas experiências terá revelado os benefícios destas práticas e assim terá nascido a massagem.

Não obstante as especulações quanto à origem da massagem, as evidências arqueológicas demonstram que o povo chinês indubitavelmente já utilizava a massagem no tratamento de várias doenças há três mil anos atrás. Os primeiros registos remontam às inscrições feitas em ossos, ou carapaças de tartaruga, provenientes da Dinastia Shang (séc. XVI ao XI a.C.), onde se pode encontrar referência a xamãs que curavam através da massagem. Neste período a medicina era inseparável dos rituais, sendo praticada e desenvolvida pelos xamãs, não

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possuindo ainda o corpo teórico sistematizado que estabelece os princípios de diagnóstico e tratamento tal como os conhecemos na atualidade.

No final da dinastia Zhou (700–481 a.C.), podemos encontrar em textos de Medicina Chinesa, referência a várias técnicas de An Mo – termo que designava massagem na altura. Também se encontram referências a como o famoso médico da antiguidade Bianque – conhecido pela sua “capacidade de ressuscitar os mortos”, após ter salvado a vida do príncipe do Reino de Zhao, que tinha sido dado como morto – utilizaria uma combinação de massagem e acupuntura nos seus tratamentos. Ainda relativamente a este período, mais concretamente nos períodos conhecidos como “Primavera e Outono” (Chun Qiu; 770-471 a.C) e “Estados Combatentes” (Zhan Guo Shi Dai; 403-221 a.C), a medicina chinesa começa a estruturar e sistematizar os seus princípios, adotando uma visão cada vez mais naturalista, em detrimento da visão mística. Nestes períodos, a China atravessou diversas crises morais e políticas que culminaram em conflitos constantes entre os estados que, outrora, compunham o passado ideal chinês. Isto fez com que os chineses tivessem que rever as suas posições diante do mundo e da sociedade, dando origem a novas formas de conceber o ser humano e a natureza, assim como as relações entre ambos, sendo períodos caracterizados por intensas mudanças nas reservas agrícolas, na siderurgia, na demografia, nas formas de governar, na sociedade, na economia, na escrita e no próprio pensamento chinês – não é por acaso, que este período ficou conhecido como Cem Escolas de Pensamento (Zhu Zi Bai Jia), sendo precisamente aqui que as principais escolas filosóficas chinesas – confucionismo, taoismo, legalismo, moísmo, yin e yang e cinco movimentos (wu xing) – encontram

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a sua origem, tendo surgido como uma tentativa de explicar os motivos que haviam levado ao aparecimento das crises, o que fazer para superá-las e como agir para que esuperá-las não se repetissem.

Figura 1: Médico chinês: Bianque

Em relação à medicina, é precisamente com a aplicação das teorias mais naturalistas à compreensão do organismo humano – expressas fundamentalmente nos conceitos de yin e yang e wu xing – que se desenvolve uma medicina que vem contrastar fortemente com a visão anterior de saúde e doença – em vez de culpar ou propiciar seres sobrenaturais, agora cada um é considerado responsável pela própria manutenção da saúde e pelas desarmonias que causam as doenças. Na Grécia Antiga, a emergência de tal forma de medicina está associada à formação do chamado Corpus Hipocraticus. Já na China, foi com a obra Huang Di Nei Jing (Cânone Interno do Imperador Amarelo), que a medicina se começou a estruturar e organizar a partir desta imagem de padrões naturais e responsabilidade do ser humano no seu processo de vida, saúde e longevidade.

Entre o material encontrado no túmulo da Dinastia Han em Ma Wang Dui, cidade de Changsa da Província Hunan, resgataram-se várias obras médicas da antiguidade, entre as quais a Prescrições para Cinquenta e Duas Doenças (Wu Shi Er Bing Fang), onde podemos constatar que o povo

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chinês, na Dinastia Han, recorria a unguentos medicinais e variadas ferramentas especiais para executar Tui Na. Segundo o Han Shu (livro de história sobre a Dinastia Han), o Huang Di Qi Bo An Mo Shi Juan (Os dez volumes sobre as terapias de Tui Na desenvolvidas pelo Imperador Amarelo e Qi Bo), terá sido a primeira monografia sobre Tui Na, estabelecendo os princípios que sistematizaram esta disciplina. Infelizmente esta obra perdeu-se, mas sendo contemporânea, e partilhando a sua origem com o Huang Di Nei Jing, o seu conteúdo ficou preservado nesta obra incontornável da medicina chinesa. Segundo este grande cânone, o Tui Na teve origem na região de Luoyang, Província de Henan, na zona central da China. A obra faz referência aos métodos de diagnóstico, princípios terapêuticos e aplicação clínica do Tui Na, demonstrando assim o ponto de evolução que esta disciplina já tinha conquistado na dinastia Han.

Tal como a Medicina Chinesa, os quatro métodos de diagnóstico do Tui Na são inspecionar, ouvir e cheirar, interrogar e palpar (inclui exame do pulso). A sua aplicação terapêutica tem por objetivo promover o fluxo de qì e a circulação do sangue, dissipar o frio, parar a dor, drenar os canais e colaterais, aliviar a febre e acalmar o espírito. Na aplicação de Tui Na deve-se dar atenção às técnicas para reforçar e reduzir, e esta deve ser combinada com outros métodos terapêuticos, tais como acupuntura e medicamentos. O Huang Di Nei Jing menciona algumas das mais comuns manipulações de Tui Na, como por exemplo An Fa, Ba Shen Fa, Fen Tui Fa, Tui Fa, Pai Fa, Ji Fa, Nie Fa, Dou Fa, etc. Ainda faz referência às ferramentas normalmente utilizadas em Tui Na, as chamadas agulhas de pedra e as agulhas em forma de espada, e apresenta várias discussões teóricas importantes para o Tui Na.

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Figura 2: Médico chinês: Hua Tuo

Ainda na dinastia Han, Zhang Zhong jing, famoso pela sua proficiência na combinação de medicamentos, descreve na sua obra Jin Kui Yao Lue (O Resumo da Câmara Dourada), medicamentos a serem aplicados em combinação com técnicas de massagem – princípio chamado de Gao Mo – tendo em vista o tratamento de doenças e o cultivo da saúde. Por exemplo, o livro menciona um medicamento, preparado apenas com Fuzi (Radix Aconiti Lateralis) e sal, a ser aplicado em conjunto com técnicas de Tui Na, para tratar dor de cabeça. Nesta mesma obra, Zhang Zhong jing ainda descreve métodos de Tui Na, inclusive manobras para salvar vítimas de enforcamento. Hua Tuo, outro médico famoso da Dinastia Han, além de ficar conhecido como o primeiro cirurgião da história da medicina chinesa, desenvolveu uma sequência de exercícios físicos conhecidos por Wu Qin Xi (imitação dos cinco animais), que ainda hoje são praticados como meio efetivo de cultivo à saúde. Hua Tuo também defendia e aplicava Gao Mo na sua prática clínica.

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Figura 3: Médico Chinês: Zhang Zhong jing

Nas dinastias Sui (589–618 d.C.) e Tang (618–906 d.C.) a massagem continuou a florescer e prosperar, tendo sido neste período que se criou o departamento do Tui Na no Gabinete de Médicos Imperiais e se desenvolveu o ensino formal da disciplina. Segundo Xin Tang Shu (Nova História da Dinastia Tang) e o Liu Dian (Seis Códigos da Dinastia Tang), os terapeutas de Tui Na começaram a ser classificados em três níveis: especialista (mestre) de Tui Na, médico de Tui Na e massagista de Tui Na, sendo que tanto o médico, como o massagista, eram assistentes do especialista em Tui Na. Além destes profissionais, devidamente credenciados, faziam parte da equipa os aprendizes de Tui Na.

Um outro importante desenvolvimento deste período foi a promoção da aplicação da automassagem, tendo sido mencionados métodos para esta prática na obra Zhou Hou Bei Ji Fang (Manual de Prescrições para Emergências [Oculto] Atrás do Cotovelo), composto por Ge Hong e no Qian Jin Fang (Valiosas Prescrições), compilado por Sun Simiao. Ainda, em cada capítulo da obra Zhu Bing Yuan Hou Lun (Tratado das Causas e Sintomas de Todas as Doenças) compilado por Chao Yuan fang, há uma parte dedicada ao Dao Yin (o primeiro termo para Tui Na e Qi Gong) e ao cultivo da saúde, especialmente métodos para friccionar o abdómen.

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Figura 4: Médico chinês: Sun Simiao

A combinação de Tui Na e medicamentos (Gao Mo) continuou a evoluir, e o médico Ge Hong deu-lhe bastante importância, tendo sido o primeiro a estudar sistematicamente o uso de unguentos no Tui Na. O seu livro Zhou Hou Fang (Prescrições Detrás do Cotovelo) menciona oito princípios para a preparação de unguentos para Tui Na. No Wai Tai Mi Yao (Os Segredos Médicos de um Oficial) adicionaram-se mais dois métodos para combinar medicamentos e Tui Na, nomeadamente Tui Na com sal e Tui Na com decocção.

Figura 5: Médico chinês: Chao Yuan fang

Durante este período a utilização de Tui Na disseminou-se, não só em termos de aplicação, como refere o Tang Liu Dian (Os Seis Cânones da Dinastia Tang), onde Tui Na era utilizado para tratar oito tipos de doenças, como doenças devido ao vento, frio, calor, humidade, excesso, cansaço e

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vida sedentária, mas também geograficamente, tendo chegado à Coreia, Japão, Índia, Arábia e países europeus.

Figura 6: Médico chinês: Ge Hong

Nas Dinastias Song (960-1279 d.C.) e Yuan (1280 – 1368 d.C.), apostou-se no estudo pormenorizado das técnicas de massagem, por exemplo, no Sheng Ji Zong Lu (Os Registos Completos da Sagrada Benevolência) foi dedicado um capítulo ao Tui Na onde os autores definiram cuidadosamente o Tui Na, descreveram as suas formas corretas de execução, os aspetos da aplicação em clínica e os respetivos efeitos terapêuticos. Também se debruçaram sobre a diferenciação dos dois carateres chineses An (pressionar) e Mo (amassar). Tudo isto contribuiu para um refinamento do Tui Na, o que contribuiu para que fosse adotado como a principal forma de tratamento nos departamentos de ortopedia e pediatria do Instituto de Médicos Imperiais. Num livro intitulado de Tai Ping Sheng Hui Fang (Prescrições Oficiais de Tai Ping), foram desenvolvidas seis prescrições para a preparação de unguentos a serem utilizados para tratar problemas oftalmológicos com Tui Na, bem como unguento especial para massajar o abdómen.

A dinastia Ming (1368–1644 d.C.) assistiu ao segundo grande florescimento da Massagem Terapêutica Chinesa. Foi durante este período que passou a chamar-se Tui Na, em parte por se referir às duas

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manipulações mais comuns da técnica, mas também porque o termo An Mo estava muito associado à prostituição.

Entre as quatro grandes escolas de medicina nas Dinastias Jin e Yuan, o médico Zhang Cong zheng foi quem deu mais atenção à terapia Tui Na. No seu livro chamado Ru Men Shi Qin (Cuidados Filiais do Confucionismo), o autor descreveu o Tui Na como uma das terapias diaforéticas, e no Shi Yi De Xiao Fang (Fórmulas Eficazes Testadas por Gerações de Médicos) descreveu diferentes técnicas de redução articular, para tratar luxação da articulação do ombro, deslocação da articulação da anca e mesmo fraturas da coluna vertebral.

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Nas Dinastias Ming e Qing foram publicadas várias monografias sobre Tui Na pediátrico. A primeira da história do Tui Na pediátrico foi Bao Ying Shen Shui (As Maneiras Mágicas de Proteger as Crianças) recolhida por Yang Jizhou no seu livro Zheng Jiu Da Cheng (Grande Compêndio de Acupuntura e Moxibustão). Outras monografias incluem Xiao Er Tui Na Mi Jue (Versos Secretos do Tui Na Pediátrico) por Zhou Yu Fan, Xiao Er Tui Na Fang Mai Huo Ying Mi Zhi Quan Shu (Livro Completo de Secretos de Tui Na Pediátrico com Fórmulas e o Pulso para Salvar Bebés) por Gong Yunlin, Xiao Er Tui Na Guang Yi (Os Vastos Significados de Tui Na Pediátrico) por Xiong Yingxiong, You Ke Tie Jing (O Espelho de Ferro da Pediatria) por Xia Yuzhu, You Ke Tui Na Mi Shu (O Livro Secreto de Tui Na Pediátrico) por Luo Rulong, Tui Na San Zi Jing (Cânone de Três Carateres Sobre Tui Na) por Xu Qianguang e ainda Li Zheng An Mo Yao Shu (Corrigindo os Essenciais da Arte de Tui Na) por Zhang Zhenjun. Este último fomenta oito manipulações que ainda hoje são popularmente utilizadas, especificamente: An (pressionar), Mo (amassar circularmente), Qia (cortar), Rou (amassar), Tui (empurrar), Yun (transportar), Cuo (esfregar) e Yao (rodar). Durante este período o Tui Na para adultos também se foi desenvolvendo e apareceram diferentes escolas, tais como Tui Na para correção óssea, Tui Na para cavidades de acupuntura, Tui Na com um só dedo, Tui Na oftalmológico, Tui Na para medicina interna e para cuidados de saúde.

Durante a dinastia Qing (1644–1912 d.C.), o Tui Na continuou a desenvolver-se e a prosperar tanto no domínio imperial como público. O Huang Shi Yi Hua (Conversas Médicas do Mestre Huang) compilado por Huang Hanru e publicado em 1933, foi o primeiro livro sobre a história do desenvolvimento do Tui Na. Neste livro o autor também descreveu a sua experiência no tratamento de doenças com Tui Na e apresentou a origem

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de algumas manipulações. No entanto, no início do séc. XX, a medicina tradicional chinesa começou a ser ameaçada pela implementação e crescimento da medicina ocidental no território chinês. Entre 1912 e 1948, durante o governo de Guo Min dang, os médicos aprendiam medicina ocidental e recomendavam que a Medicina Tradicional Chinesa (MTC) fosse banida. Esta proposta foi rejeitada na Assembleia Médica Nacional de Shanghai, realizada a 17 de março de 1929, dia celebrado atualmente como “Chinese Doctor’s Day”. Contudo a luta estava longe de concluída, Mao Ze dong, era também contra a MTC, pelo menos até ao período conhecido como “longo março de 1934-1935”, período em que não havia medicamentos, anestésicos, nem cirurgiões disponíveis, tendo sido os médicos de MTC que socorreram os soldados. Desde então a MTC alicerçou-se no campo da medicina moderna, e sob o governo da República Popular da China, estabelecido em 1948, tem sido apoiada e promovido o seu crescimento e desenvolvimento. Em 1956 o primeiro curso oficial de Tui Na abriu em Shanghai, prática que rapidamente foi adotada a nível nacional, sendo que em 1974 existiam departamentos de treino de Tui Na em toda a China. Em 1978 estabeleceram-se hospitais inteiramente devotados à MTC, cada um deles com departamentos específicos de Tui Na, estando também disponíveis centros de treino internacional em Beijing, Nanjing, Shanghai, Anhui, Zhejiang e Shandong. Em 1987 fundou-se a Associação Nacional Chinesa de Tui Na, a qual promove encontros regulares para que médicos de Tui Na partilhem as suas experiências e resultados de investigação.

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ESCOLAS FAMOSAS

Muitas escolas de Tui Na se desenvolveram, cada uma com o seu estilo particular, força e efeito terapêutico. Estas escolas derivam da tradição familiar, pelo que vêm dar resposta às necessidades terapêuticas locais. De entre as várias escolas, cinco tornaram-se particularmente famosas:

YI ZHI CHAN TUI FA (Tui Na com um só dedo); AN FA (Tui Na para cavidades de acupuntura); GUN FA (Tui Na de rolamento [da mão]); JI DIAN FA (Tui Na com golpe);

NEI GONG (Tui Na com poder intrínseco1).

A influência destas escolas está patente na prática do Tui Na da atualidade, já que o treino se baseia numa combinação dos ensinamentos das diversas escolas.

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Tabela 1: Escolas de Tui Na e respetivas especialidades e aplicação clínica

Especificidades Aplicação clínica

Y i Z h i C h an T u i F a (Q ing : 16 4 4 19

11) Tem a técnica Yi Zhi Chan Tui Fa

(dedo de Buda) como principal, adotando onze técnicas de apoio: Na Fa, An Fa, Gun Fa, Mo Fa, Nian Fa,

Cuo Fa, Tui Fa, Rou Fa, Yao Fa, Duo Fa e Ma Fa.

As técnicas desta escola demonstraram particular eficácia no tratamento de queixas de origem interna, como por exemplo cefaleias, tonturas, insónia, hipertensão, desordens menstruais, problemas digestivos e lombalgia.

An Fa (ant ig u id ade )

Principal técnica aplicada é An Fa, frequentemente combinada com Rou Fa, Zhen Fa e Na Fa.

Regula o fluxo de qì e sangue, drena os canais e colaterais, harmoniza e tonifica os órgãos internos (Zang Fu), dispersa o frio e alivia dor.

G u n F a (19 4 0)

Deriva da Escola Yi Zhi Chan Tui Fa. A técnica principal é Gun Fa e as técnicas de apoio são Na Fa e versões compostas, de Na Fa, An Fa, Nian Fa, Cuo Fa e Rou Fa.

Tratamento de doenças do sistema nervoso, nomeadamente todo o tipo de paralisias, cefaleias, lesões articulares, doença articular crónica, lesões dos tecidos moles.

Ji

D

ian

Fa

Está muito ligada às artes marciais e desenvolveu-se a partir da Escola An Fa. A principal técnica Ji Dian Fa, as técnicas de apoio são Pai Fa, Ji Fa, An Fa e versões compostas de Na Fa.

Resolve lesões e corrige o fluxo de qì, é muito eficaz para drenar os canais, promover o fluxo de qì e sangue, regular o qì defensivo (wei qì) e o qì nutritivo (ying qì), tonificar o qì e expulsar fatores patogénicos.

Ne

i G

ong

A enfase está no cultivo do qì interior, exigindo grande treino de qì gong e desenvolvimento da capacidade de emitir qì.

A principal técnica é Tui Fa e é apoiada sobretudo por Zhen Fa; e versões compostas de Rou e Na Fa.

Especialista no tratamento de desordens internas, nutre os Zang Fu, elimina os fatores patológicos e fortalece o wei qì.

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OS ESTUDOS ACADÉMICOS E O DESENVOLVIMENTO DO TUI NA

Enquanto especialidade médica, o Tui Na desenvolveu-se muito desde a fundação da República Popular da China. Tal desenvolvimento pode ser resumido nos seguintes aspetos2:

Primeiro, foram tomadas medidas para recompilar, recolher e publicar os clássicos sobre Tui Na. Um número considerável de textos clássicos foi cuidadosamente estudado e publicado. Foram conduzidos estudos académicos com o auxílio de várias ciências modernas, para sistematizar a teoria e a prática do Tui Na. Segundo, foram efetuadas experiências para fomentar os estudos científicos sobre a aplicação clínica do Tui Na. Os médicos desta especialidade, com base na teoria e na prática de Medicina Chinesa, são incentivados a adotar métodos científicos na prática do Tui Na. Foram publicados milhares de artigos sobre os estudos teóricos e as pesquisas clínicas do Tui Na, em diversas revistas médicas e científicas. Terceiro, o sistema de ensino em Tui Na foi concluído. Desde 1956, foram implementadas aulas de formação em Tui Na na Escola Médica de Shangai. Desde então, esta especialidade tem sido estudada em todas as faculdades e universidades de Medicina Chinesa na China. Nos últimos anos, muitos médicos especializados em Tui Na têm-se formado com graus de Mestre e Doutor, nas faculdades e universidades de Medicina Chinesa. Para promover o ensino de Tui Na têm sido compilados e publicados livros didáticos. Quarto, os estudos científicos sobre Tui Na desenvolveram significativamente. Desde os anos 50, investigadores estudaram esta especialidade clássica com a ciência e tecnologia modernas, tentando

2 Pela dificuldade em encontrar uma tradução exata das manipulações, utilizar-se-á no texto o termo em chinês – pin yin.

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revelar o mecanismo desta antiga terapia. Esclareceram o porquê do Tui Na poder aliviar a dor, de acordo com a neurofisiologia. Descobriram que a razão pela qual o Tui Na pode combater o inchaço e tratar a estase é porque pode promover as circulações sanguínea e linfática. Quinto, foram feitas notáveis evoluções na área de Tui Na, tais como Tui Na para as cavidades de acupuntura da orelha (auriculoterapia), Tui Na para as cavidades de acupuntura do pé (reflexologia podal), Tui Na do segundo osso do metacarpo, exercícios de Tui Na e Tui Na anestésico.

COMO ESTUDAR MASSAGEM TERAPÊUTICA CHINESA

Tui Na é uma especialidade médica da Medicina Chinesa, enfatizando tanto teoria como prática. Como médico especializado em Tui Na, tem de se estar familiarizado com os fundamentos, métodos de diagnóstico e métodos terapêuticos de ambas as Medicinas, Chinesa e Ocidental. Na Medicina Chinesa os fundamentos incluem as teorias de yin e yang, cinco movimentos, qì nutritivo, qì defensivo, qì e sangue, etiologia, patogénese, quatro métodos de diagnóstico, oito princípios e tratamento baseado na diferenciação de síndromes. Na Medicina Ocidental os fundamentos incluem anatomia, fisiologia e diagnóstico físico. É muito importante para aquele que estuda Tui Na estar familiarizado com a estrutura do corpo humano, o motor da fisiologia, as secções nervosas, a circulação dos catorze canais e a localização das cavidades de acupuntura.

Clinicamente o Tui Na é levado a cabo com diversas manipulações e para estar familiarizado com estas manipulações, o terapeuta tem de se treinar com exercícios físicos específicos.

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OS MECANISMOS DO TUI NA

REGULAÇÃO DE YIN E YANG

As interações dentro do corpo podem ser explicadas em conformidade com as relações entre yin e yang. Tanto a desarmonia entre o qì e o sangue, como o desequilíbrio entre o qì nutritivo e o qì defensivo podem causar perturbações de yin e yang que, por sua vez, levam a variadas doenças e mudanças patológicas. Uma doença, independentemente de ser causada por fatores internos ou externos, deve-se exclusivamente ao predomínio relativo ou declínio relativo de yin ou de yang. Para tratar doenças usando Tui Na como método terapêutico, o terapeuta necessite estar esclarecido quanto ao estado de yin e yang, tentando tomar medidas para equilibrá-los entre si, de modo a normalizar as funções fisiológicas do corpo.

Os canais têm um papel muito importante nas atividades fisiológicas e funções do corpo. Na verdade, o estado de yin e yang é ajustado através dos canais. Os canais distribuem-se por todo o corpo para conectar os órgãos entre si e para relacionar a parte interna com a parte externa do corpo. Através de uma conexão tão organizada, o corpo torna-se um todo. Eles funcionam como canais específicos para a circulação e ligação do qì e sangue. Fisiologicamente, os canais e colaterais possuem as funções de promover a circulação de qì e sangue e de coordenar yin e yang. Nos processos patológicos eles têm as funções de promover a resistência às doenças e refletir os sintomas. Na prevenção e cura de doença, eles têm as funções de conduzir, induzir e coordenar deficiências e excessos.

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Pela interconexão entre todas as partes do corpo proporcionada pela rede dos canais e colaterais, aplicar as manipulações de Tui Na numa parte específica do corpo pode exercer efeito em muitos outros órgãos ou regiões e, consequentemente, promover o fluxo de qì e sangue, drenar os canais e colaterais e reforçar tendões e ossos. Por exemplo, aplicar manipulações no abdómen e nas costas pode inibir a hiperatividade no peristaltismo intestinal. No entanto, se o peristaltismo intestinal se tornar fraco, as manipulações podem revigorá-lo e normalizá-lo.

Lesões em tecidos são sinalizadas pela dor no músculo, ligamento, fáscia, sinóvia, cartilagem e osso, e causam tensão e espasmo no músculo. Esta é uma reação de proteção natural do corpo humano, que ordena a redução da atividade da região lesada, prevenindo o agravamento da lesão. Para a MTC a dor está relacionada com o bloqueio dos canais e colaterais, e por isso existe o ditado: Bu Tong Ze Tong Tong Ze Bu Tong – literalmente, “se há estagnação há dor, se não há estagnação não há dor”. Então, quando os canais e colaterais estão livres não há dor e quando estão bloqueados há dor. Seguindo este princípio selecionam-se pontos de acupuntura que se localizam ao longo dos canais e colaterais afetados, massajando-os para assim aliviar a dor e sanar a doença. Se a lesão não for tratada prontamente, forma-se um edema exsudativo no local, e com o tempo ocorrem fibrose, aderência e rigidez do músculo. Segundo a medicina, estas alterações patológicas podem estimular ou causar a constrição de nervos periféricos e vasos sanguíneos, causando dor constante e obstrução da circulação sanguínea local que, por sua vez, leva a novas distensões musculares com redução da capacidade funcional, resultando num ciclo vicioso.

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O relaxamento dos tecidos moles pela massagem é obtido através:  Da promoção da circulação local de sangue e linfa, aumentando a

temperatura local para relaxar e reparar a musculatura lesada.

 Da sedação e alívio da dor, focados na manipulação de certos pontos de acupuntura das partes lesadas, para cessar a dor conforme o princípio do “parar a dor causando dor”3.

A massagem promove estimulação positiva em músculos distendidos e relaxa os músculos. Por exemplo, a tensão do músculo tríceps pode ser relaxada pelas manipulações de An Fa e Na Fa, o mioespasmo do gastrocnémio pode ser aliviado pela pressão e amassamento, dorsiflexão passiva da articulação do tornozelo, e alongamento dos músculos da perna.

REFORÇAR A INSUFICIÊNCIA E DRENAR O EXCESSO

De um modo geral, a insuficiência de substâncias ou a hipofunção de um órgão significa vazio, enquanto que a presença excessiva de fatores perversos ou a hiperfunção de um órgão significa excesso. As manipulações de Tui Na podem ajudar a regular esses estados patológicos, reforçando a insuficiência e drenando o excesso, com meios que normalizam o fluxo de qì e de sangue.

3 Abaixo de algumas cavidades de acupuntura situam-se troncos nervosos, como por exemplo a porção clavicular do plexo braquial sob Quepen (E 12), o nervo ciático sob Huantiao (Vb 30), o nervo tibial posterior sob Weizhong (B 40) e o nervo mediano sob Quze (Pc 3). A constrição do nervo pode bloquear temporariamente a função condutiva do mesmo enquanto que a compressão manual de certos pontos pode eliminar a dor e produzir efeito anestésico.

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As pesquisas fisiológicas modernas indicam que, para alguns tecidos, a estimulação suave estimula as suas funções fisiológicas, enquanto que a estimulação forte inibe as suas funções fisiológicas. Em clínica, os pacientes com insuficiência do baço e do estômago podem ser efetivamente tratados com massagem suave nas cavidades Pishu (Bx 20), Weishu (Bx 21) e Qihai (Ren 6) utilizando-se a manipulação Yi Zhi Chan Tui Fa. Os pacientes com espasmos gástricos e intestinais podem ser tratados nas cavidades de acupuntura relacionadas, localizadas nas costas, usando-se as manipulações de Dian e An para uma estimulação forte. Os pacientes com hipertensão também podem ser tratados dessa maneira. A hipertensão arterial causada por hiperatividade do yang do fígado pode ser tratada com as manipulações Tui Fa, An Fa, Rou Fa e Na Fa sobre a região conhecida por Qiaogong para harmonizar o fígado e suprimir o yang. A hipertensão arterial com origem na obstrução interna de fleuma e humidade dentro do corpo pode ser tratada com Tui Fa e Mo Fa nas cavidades Pishu (Bx 20) e Shenshu (Bx 23), localizadas nas costas, aplicando uma estimulação suave por um longo período de tempo. Este modo de tratamento pode reforçar o baço e eliminar a humidade. Estes exemplos mostram que o Tui Na pode efetivamente estimular certas regiões do corpo para promover funções ou inibir a hiperfunção de certos órgãos ou tecidos.

Na execução do Tui Na, a frequência e a direção das manipulações são a chave do reforço, do vazio e da drenagem do excesso. Por exemplo, a manipulação de Yi Zhi Chan Tui Fa aplicada com uma frequência normal pode apenas drenar os canais e regular o qì nutritivo e o qì defensivo. No entanto, se for aplicada com uma frequência alta pode ativar o sangue para dominar o inchaço e drenar o pus para reduzir a toxicidade. Em clínica,

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manipulações aplicadas com frequência alta são usadas para reduzir o excesso. Naturalmente que ao aplicar as técnicas opostas, ou seja, de frequência baixa, têm o efeito de reforçar. Sob determinadas circunstâncias, a direção das manipulações também significa reforçar ou reduzir. Por exemplo, massajar sobre o abdómen no sentido horário reduz, enquanto que no sentido anti-horário reforça.

ATIVAR O SANGUE E TRA NSFORMAR A ESTASE

A estase do sangue é uma condição patológica causada pelo lento fluxo do sangue. Uma vez que se instala a estase de sangue, outras doenças daí poderão surgir. Esta condição patológica pode ser melhorada com tratamento de Tui Na.

Qualquer lesão tecidual causa sangramento, edema e exsudado no tecido. Se não for tratada prontamente e o inchaço persistir, a formação de hematoma vai reduzir a elasticidade do tecido e causar aderência cicatricial no local, afetando diretamente a sua função. Assim, deve iniciar-se a massagem no dia seguinte ao da lesão, para elevar a temperatura da pele e promover a circulação do sangue e linfa a fim de aumentar o número de leucócitos, facilitar a fagocitose, remover os tecidos necróticos e o sangue extravasado do local. O efeito mecânico direto do tratamento manual pode ajudar a dispersão do fluido na área afetada, com melhor absorção e diminuição do edema, comprimir e pressionar a articulação para assegurar que a hidrartrose e a hemartrose fluam para os tecidos fora da articulação, evitando assim a aderência articular. Ao promover a circulação de qì e sangue, o suprimento de nutrição aos tecidos locais é favorecido, ajudando na reparação dos tecidos lesados. Movimentos passivos dos membros podem puxar os

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tecidos e prevenir a aderência dos mesmos. Por exemplo, a periartrite do ombro, vulgarmente designada por “ombro congelado”, envolve o bloqueio do qì e estase do sangue causados pela exposição ao frio, vento e humidade. Esta lesão pode ser tratada no estágio inicial com manipulações leves e delicadas, enquanto numa fase adiantada são utilizadas manobras tais como Ba Shen Fa, Dou Fa e Bo Fa, para favorecer a amplitude de movimentos do ombro, restaurar a elasticidade dos músculos, remover aderências e, finalmente, eliminar o bloqueio e a estase.

ESTIMULAÇÃO DO FLUXO SANGUÍNEO

As pesquisas médicas modernas indicam que as perturbações na circulação sanguínea são os principais fatores responsáveis para a estase de sangue. Manter uma certa diferença de pressão entre o sangue nas veias e o sangue nas artérias é um fator essencial para estimular a circulação do sangue. Quando esta diferença falha, a circulação do sangue desacelera, podendo mesmo levar à paragem da circulação, causando consequentemente estase de sangue, que pode ser aliviada com Tui Na, uma vez que as manipulações de Tui Na podem ter efeito nas paredes dos vasos sanguíneos. Ao aplicar manipulações de Tui Na, as paredes dos vasos sanguíneos são pressionadas e depois aliviadas. Esta pressão induzida pelas manipulações, juntamente com a pressão do coração e a plasticidade das paredes dos vasos, vai aumentar imediatamente a pressão local. O alívio imediato de uma pressão tão repentina pode revigorar o fluxo de sangue. Uma vez que a pressão dentro das artérias é elevada e as veias possuem válvulas, o sangue não pode circular inversamente. Portanto, o efeito das manipulações na circulação do

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sangue é de propulsionar o sangue na microcirculação para que flua das pequenas artérias para as pequenas veias. Esta é a forma como as manipulações de Tui Na podem ativar o sangue para resolver a estase. Experiências de aplicação de manipulações nos ombros provaram que estas podem claramente promover a microcirculação nos dedos, acelerar a circulação do sangue e aumentar o volume de sangue nas pontas dos dedos.

MELHORAR A REOLOGIA D O SANGUE

A estagnação de sangue está estreitamente relacionada com a reologia do sangue. Se a viscosidade do sangue for elevada, o sangue terá dificuldade em fluir. Quando a velocidade do sangue é reduzida a um certo grau, o sangue começa a coagular e para. Com as técnicas de pressionar e beliscar, o fluxo do sangue será melhorado. Pesquisas experimentais modernas indicam que as manipulações de Tui Na podem influenciar a reologia do sangue em pacientes com estagnação de sangue, reduzindo a sua viscosidade, promovendo a sua circulação e reforçando a função dos glóbulos vermelhos. Estudos mostram que as técnicas de Tui Na podem aumentar o número de glóbulos brancos, aumentando a proporção de células linfáticas e fortalecendo a função fagocitária dos glóbulos brancos em pessoas saudáveis. Para aqueles com anemia, as manobras de Tui Na podem aumentar o número de glóbulos vermelhos e de hemoglobina.

REDUZIR A RESISTÊNCIA DO FLUXO DE SANGUE

A resistência do fluxo de sangue está relacionada com o diâmetro dos pequenos vasos. Assim, um aumento no diâmetro vascular, mesmo que subtil, pode reduzir consideravelmente a resistência do fluxo de

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sangue. O Tui Na como terapêutica pode relaxar os músculos lisos e dilatar o diâmetro dos vasos sanguíneos através da estimulação do sistema nervoso parassimpático. A pressão e a fricção induzida pelas manobras de Tui Na na superfície do corpo dissipam e removem gorduras das paredes vasculares, beneficiando a circulação do sangue, reduzindo a resistência do fluxo de sangue e melhorando a circulação linfática.

BENEFICIAR AS FUNÇÕES DO CORAÇÃO

O batimento cardíaco ritmado é um fator chave da circulação sanguínea. Estudos indicam que a aplicação de Tui Na em certas regiões pode beneficiar as funções do coração. A sua aplicação nas cavidades de acupuntura como Neiguan (Pc 6) e Xinshu (Bx 15) pode diminuir a frequência cardíaca, ampliar a fase diastólica dos músculos do coração, aumentar a difusão de sangue, aumentar o fornecimento de oxigénio dos músculos do coração e reforçar a função de contração do ventrículo esquerdo sem reduzir a sua diástole.

RELAXAR TECIDOS CONJUNTIVOS E DRENAR CANAIS E COLATERAIS

Em clínica, as manipulações de Tui Na são utilizadas para tratar sintomas de contração vascular, tensão e espasmos, entorpecimento e dor locais, através do relaxamento dos tecidos e da drenagem dos canais e colaterais.

Quando um tecido está debilitado torna-se dolorido e a dor restringe os movimentos dos membros, de modo a prevenir o dano da parte afetada. Na ausência de tratamento ou em tratamentos tardios, o paciente poderá apresentar uma evidente redução do fornecimento de

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sangue para os músculos e uma acumulação de substâncias metabólicas que, por sua vez, poderão resultar em dor inflamatória e hiperplasia ou mesmo em aderência e fibrose. O Tui Na pode evitar este tipo de sequela e promover a reabilitação dos tecidos afetados.

De acordo com a descrição do Huang Di Nei Jing, o aumento da temperatura no tecido local pode aliviar a tensão muscular, o que é possível obter através da aplicação das manipulações de Tui Na. O Tui Na também pode acalmar a mente, parar a dor, aliviar a tensão muscular e os espasmos, relaxando os tecidos conjuntivos e drenando os canais e colaterais.

TRATAMENTO DE MÚSCULO S, TENDÕES E ARTIC ULAÇÕES

O mau posicionamento do músculo e fáscia causa dor e disfunção. Contraturas musculares podem ser palpadas em caso de alterações da organização das fibras musculares, sendo que os sintomas podem ser amenizados pelas manobras de manipulação de An e Bo Fa, usadas para regular e restaurar as fibras musculares. Luxações articulares causam uma disfunção séria da articulação apresentando também dor ao toque. A redução articular com técnicas de Tui Na permite a resolução deste problema. Por exemplo, a luxação da articulação do ombro pode ser retificada puxando o ombro na posição sentado e o semi-deslocamento da articulação sacroilíaca pode ser tratado puxando obliquamente, alongando e dobrando o joelho. Em clínica, a dor por protrusão dos discos vertebrais lombares pode ser aliviada levantando, puxando obliquamente e alongando o membro inferior para tirar a pressão sobre a raiz do nervo. O Tui Na é ainda eficaz para lidar com a lesão dos tecidos moles.

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ESCUTAR COM AS MÃOS

Para um diagnóstico correto e um tratamento bem-sucedido é importante palpar e inspecionar cuidadosamente a região lesionada e os tecidos adjacentes de modo a compreender totalmente a condição do paciente.

SENSAÇÃO MANUAL DE UM A FRATURA

Inchaço e dor nos tecidos moles acompanham frequentemente uma fratura. Fraturas completas provocam dores muito intensas, sobretudo quando os fragmentos danificam algum nervo sensitivo adjacente. A fratura provoca, na maioria dos casos, a inflamação do local afetado e uma hemorragia interna gerando hematoma. A deslocação dos fragmentos ósseos pode levar a uma deformação, mais ou menos evidente, de natureza diversa, de acordo com a posição adotada4. Na

fratura com deslocamento, as extremidades da fratura e várias deformações do deslocamento podem ser palpados e proporcionam a principal base para a redução (correção) manual5. Quando os membros

afetados são movidos, há uma sensação de fricção e som de crepitação óssea, com um movimento anormal do membro. Em casos de fissura óssea ou fratura incompleta, ocorre inchaço local e dor. Em alguns casos pode

4 Por vezes, os fragmentos ósseos encontram-se sobrepostos,

originando um aparente encurtamento do membro. Noutros casos ficam separados, parecendo o membro mais longo, sendo perceptível um volume por baixo da pele, rasgada em caso de fractura exposta.

5 No caso de fratura, o paciente deve ser encaminhado para o hospital, com vista a realizar exames auxiliares de diagnóstico, bem como a respectiva correção e imobilização. Isto é importante para uma correta análise e tratamento, a fim de não gerar problemas futuros ao paciente.

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provocar uma completa impotência funcional, impossibilitando a realização de qualquer movimento, enquanto que noutros casos o segmento esquelético afetado pode possuir uma mobilidade anómala.

PALPAÇÃO DE LUXAÇÃO A RTICULAR

Alterações por luxação e deslocamento podem ser palpadas. Com a luxação da articulação do ombro, a região do ombro parece estar vazia, quadrada e sensível. Na luxação de grandes articulações é necessário o exame de alterações em nervos distais e vasos sanguíneos do membro afetado. Na subluxação e posição aberrante de uma articulação, o inchaço local e a dor diminuem consideravelmente após redução manual.

PALPAÇÃO DE LESÃO DE TECIDOS MOLES

DISTENSÃO DO MÚSCULO

A distensão de músculos pode causar tensão local do grupo muscular distendido, acompanhada de dor. Quando apenas um lado é lesionado, a extensão da lesão pode ser avaliada por comparação com o lado saudável.

A distensão muscular varia de acordo com a gravidade, sendo classificada em três graus:

 Ligeira (grau 1), que provoca dor e rigidez durante o movimento e dura alguns dias;

 Moderada (grau 2), que gera pequenas lacerações musculares, inchaço e a dor é mais extensa, durando entre uma a três semanas;

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 Grave (grau 3), na qual o músculo fica lacerado ou sofre rutura e há hemorragia interna, inchaço e calor em volta do músculo, podendo haver perda da sua função.

FLACIDEZ DO MÚSCULO

Os músculos apresentam-se flácidos e moles, o volume dos músculos é menor e a contração muscular enfraquece.

ENDURECIMENTO DO MÚSCULO

Lesões musculares agudas ou lesões crónicas e alterações na disposição das fibras musculares, como endurecimento, podem ser palpadas. Os endurecimentos são acompanhados de sensibilidade e dor e tratados com resultados satisfatórios. Cicatrizes resultantes de miofibrose causada por lesões antigas também podem formar endurecimentos, sendo também possível corrigi-los com técnicas como Bo Fa, Yi Zhi Chan Fa, Fen Tui Fa, etc.

INCHAÇO E ESPESSAMENTO DE TECIDOS MOLES

Diferentes graus de inchaço nos tecidos moles acompanham diversas lesões agudas, como o espessamento na sinovite da articulação do joelho que é facilmente visível e palpável. São necessárias repetidas palpações no caso de inchaço e espessamento de camadas profundas de tecidos.

FORMAÇÃO DE CORDÕES NOS TECIDOS

Também é causada por estagnação de qì e estagnação ou estase de sangue. Os tecidos moles são percebidos como cordões com dor perante a pressão. A sensação de cordão é mais distinguível no caso de

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inflamação e desalinhamento do tendão, podendo também ser palpada em tensão muscular local.

PRECAUÇÕES

Em pacientes com osteoporose não devem ser usadas técnicas pesadas de pressão e nem de rotação brusca, devendo ser usadas manipulações como Gun Fa, Rou Fa, Mo Fa, Tui Fa e outros procedimentos leves. Também é necessário um cuidado especial em pacientes do sexo feminino em período menstrual ou gravidez. Nestes casos deve ter-se atenção à região lombo-sagrada e abdominal. No caso de pacientes grávidas, devem ainda ser evitados pontos de acupuntura que possam induzir o parto, como por exemplo Sanyinjiao (Ba 6), Jianjing (Vb 21), Hegu (Ig 4), Zhiyin (Bx 67), Kunlun (Bx 60).

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MANIPULAÇÕES DE TUI NA

As manipulações de Tui Na são técnicas padronizadas, realizadas pelo massagista com as suas mãos ou outras partes do corpo, para estimular as áreas afetadas do corpo do paciente. Devido à variedade da estimulação, da intensidade e da duração, existem vários tipos de manipulações básicas, tais como Tui Fa, An Fa e Rou Fa. À combinação de mais de duas manipulações chama-se manipulação composta, como por exemplo An Rou Fa ou Tui Mo Fa. Na Tui Na pediátrica existem algumas manipulações compostas tendo uma nomenclatura específica, tais como Da Ma Guo Tian He (cavalgar o cavalo e cruzar o rio celestial) e Huang Fen Ru Dong (a vespa entra na cova). As diferentes manipulações comportam diferentes efeitos de drenagem dos canais, promovem a circulação do qì e do sangue, desbloqueiam as articulações e regulam os órgãos internos.

A destreza de uma boa manipulação reflete-se como eficácia na aplicação clínica da mesma. Assim, as manipulações devem ser executadas de forma contínua, ou seja, as suas características devem ser temporal e espacialmente invariáveis. A força deve ser adequada e deve adaptar-se às diferenças na constituição, condição patológica e na região terapêutica do paciente, evitando a utilização da força de forma desordenada ou violenta. O ritmo, a velocidade e a pressão da manipulação devem ser uniformes e preservados de forma contínua. A manipulação deve ser suave e relaxada, não devendo ser rígida ou rude. E por fim, a manipulação deve alcançar a profundidade do tecido afetado ou da região terapêutica. Desta forma, se a manipulação for aplicada de forma contínua, uniforme, suave e com a força e profundidade adequadas, o seu efeito será penetrante. No entanto,

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o sucesso da manipulação deve fundamentar-se na suavidade como o principal e na harmonia como o mais valioso.

As manipulações básicas podem ser classificadas em categorias de balançar, friccionar, vibrar, pressionar, percutir e movimentar articularmente. De acordo com os tecidos que são tratados, as manipulações são divididas em manipulação para os tecidos moles e manipulação para a correção articular. De acordo com a aplicação, as manipulações podem ser categorizadas como sendo de tipo estimulante, corretoras posturais/ósseas e relaxantes. Podem ainda ser divididas quanto à sua composição: básicas ou compostas.

A prática das manipulações de Tui Na foca-se no treino dos dedos, punhos e braços. O praticante pode praticar as manipulações primeiramente num saco de arroz/areia6 e depois no corpo humano. No

início o saco pode estar rijo, mas com o progresso da prática torna-se gradualmente mais frouxo. Quando as manipulações básicas são bem praticadas no saco, os estudantes podem aplicá-las em diferentes partes do corpo humano, tais como a cabeça, o rosto, o pescoço, os membros, os ombros, as costas, as nádegas, o peito e o abdómen. A pessoa na qual se aplicam as manipulações pode adotar as posições de supinação (decúbito dorsal), pronação (decúbito ventral), sentar-se ou estar numa posição lateral reclinada.

Além do treino das manipulações, o estudante deve treinar os seus dedos, punhos e braços através de meios como flexões de braços ou a

6 Um saco de arroz padrão tem cerca de 8 cun de largura e 5 cun de comprimento, contendo arroz, e sendo coberto normalmente por um tecido de algodão, para poder ser lavado.

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utilização de halteres ou de outros instrumentos de fortalecimento. O cultivo mental também é útil ao estudante na prática do Tui Na.

TUI FA (MÉTODO DE EMPURRAR)

Tui Fa consiste em empurrar numa só direção, com os dedos, a palma ou outras partes do corpo, fazendo movimentos retilíneos ou em arco. É aplicado paralelamente às fibras ou ao longo de meridianos.

Esta manipulação pode ser dividida em Ping Tui Fa (método de empurrar simples), Zhi Tui Fa (método de empurrar reto), Xuan Tui Fa (método de empurrar rodando), Feng Tui Fa (método de empurrar separando) e He Tui Fa (método de empurrar unindo).

MÉTODOS DE APLICAÇÃO

1. Método de Empurrar Simples (Ping Tui Fa): De acordo com o local de aplicação, esta manipulação pode ser dividida em três tipos: empurrar simples com o polegar, empurrar simples com a palma e empurrar simples com o cotovelo. A frequência de aplicação desta técnica pode variar entre 100 a 120 vezes por minuto.

Figura 8: Ping Tui Fa

a. Empurrar simples com o polegar (Mu Zhi Ping Tui Fa): Nesta manipulação, deve manter-se o polegar próximo da superfície do corpo, mantendo os restantes dedos apoiados. Flete-se e

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estende-se o cotovelo de modo a levar o polegar a empurrar lentamente numa direção, ao longo de um canal ou ao longo da direção das fibras musculares. Deve repetir-se esta técnica continuamente entre 5 a 15 vezes.

Figura 9: Mu Zhi Ping Tui Fa

b. Empurrar simples com a palma (Zhang Ping Tui Fa): Nesta técnica pressiona-se a superfície do corpo com a palma da mão e exercer-se força com a mão toda. Flete-se e estender o cotovelo para empurrar lentamente a palma ao longo de determinada direção. Repetir continuamente a manipulação 5 a 15 vezes.

c. Empurrar simples com o cotovelo (Zhou Ping Tui Fa): Nesta manipulação deve fletir-se o cotovelo e exercer força numa determinada área com a ponta do cotovelo (olecrânio). Deve empurrar-se lentamente ao longo da direção da fibra muscular, numa linha reta.

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2. Método de Empurrar Reto (Zhi Tui Fa): Nesta técnica emprega-se força numa determinada área ou cavidade de acupuntura com a borda radial do polegar ou com a face palmar da ponta do dedo indicador ou do dedo médio. Deve empurrar-se num sentido único e a frequência de aplicação deve ser de cerca de 200 vezes por minuto.

Figura 11: Zhi Tui Fa

3. Método de Empurrar Rodando (Xuan Tui Fa): Empurrar rodando numa cavidade de acupuntura, com a face palmar do polegar. A frequência de aplicação deve variar entre cerca de 200 a 240 vezes por minuto.

Figura 12: Xuan Tui Fa

4. Método de Empurrar Separando (Fen Tui Fa): Nesta manipulação aproxima-se a face palmar dos polegares, ou as palmas, da superfície

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do corpo, e empurra-se do centro para a periferia num sentido único. A frequência de aplicação desta técnica deve ser de cerca de 120 vezes por minuto.

Figura 13: Fen Tui Fa

5. Método de Empurrar Unindo (He Tui Fa): Pode dizer-se que esta técnica é oposta à anterior. Nesta técnica aproxima-se a face palmar dos polegares, ou as palmas, da superfície do corpo e empurra-se a partir das áreas periféricas da cavidade de acupuntura para o centro.

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ELEMENTOS ESSENCIAIS PARA APLICAÇÃO DAS MANIPULAÇÕES

Dentre as manipulações de Tui Fa, Ping Tui Fa pode, comparativamente com as restantes variações, ser aplicada com mais força. Ao empurrar é necessário pressionar de forma constante e uniforme, mantendo uma velocidade lenta e o movimento de forma unilateral.

Na aplicação do método Mu Zhi Ping Tui Fa (empurrar simples com o polegar), a articulação do cotovelo deve ser fletida e estirada numa pequena amplitude. O polegar, punho e braço devem exercer força ativa e empurrar unilateralmente em linha reta, em direção à ponta do polegar, numa curta distância. Ao aplicar Zhang Ping Tui Fa (empurrar simples com a palma), a força deve ser aplicada com toda a base da palma da mão, alongando a articulação do punho ligeiramente para trás. A articulação do ombro deve ser usada como pivô dos movimentos e a parte superior do braço deve ser usada para exercer a força ativa e fletir e estender a articulação do cotovelo de modo a empurrar unilateralmente a palma da mão. O método Zhou Ping Tui Fa (empurrar simples com o cotovelo) realiza-se empurrando com a força de todo o corpo, induzindo assim uma estimulação forte.

Comparativamente com a manipulação Ping Tui Fa (método de empurrar simples), a pressão aplicada na manipulação Zhi Tui Fa (método de empurrar reto) é menor. Os requisitos para o movimento são leveza, rapidez e continuidade, tal como varrer o pó com uma vassoura. Durante a aplicação desta técnica, a pele da área afetada não deve enrubescer.

Ao executar a manipulação Xuan Tui Fa (método de empurrar rodando), as articulações do cotovelo e do punho devem manter-se relaxadas. Nesta técnica, de forma similar ao método Zhi Mo Fa (método

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de amassar com o dedo), o polegar deve mover-se circularmente num pequeno raio, sem fazer mover o tecido subcutâneo.

Ao executar-se Fen Tui Fa (método de empurrar separando), a força aplicada com ambas as mãos deve ser idêntica. O movimento deve ser suave e coordenado e pode ser exercido numa linha reta ou numa linha curva. Os fundamentos essenciais para executar He Tui Fa (método de empurrar unindo) são os mesmos que para executar Fen Tui Fa (método de empurrar separando), no entanto a manobra deve ser feita para a direção oposta.

PRECAUÇÕES

Quando se executa Tui Fa, o movimento deve ser feito unilateralmente ao longo de uma linha reta ou de uma linha curva, pelo que o movimento bilateral deve ser evitado. A velocidade não deve ser demasiado rápida e a força utilizada deve ser estável, uniforme e moderada.

Nesta manipulação podem ser utilizados meios de massagem na parte do corpo a ser tratada, tais como o unguento verde, o pó de talco, o sumo de gengibre ou de cebola verde, bem como outros meios que facilitem a aplicação da técnica.

APLICAÇÃO CLÍNICA

Como é uma manipulação que combina força e calor, tem um efeito de aquecimento e drenagem dos canais e colaterais, promovendo também a circulação do qì e do sangue. Assim, Tui Fa relaxa os músculos e

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tendões, alivia espasmos e dor, promove a circulação sanguínea, aumenta a elasticidade da pele e ajuda a vencer a fadiga.

AN FA (MÉTODO DE PRESSIONAR)

Este método deve ser aplicado pressionando uma determinada cavidade de acupuntura ou parte do corpo, com o dedo ou palma da mão, exercendo força gradualmente.

MÉTODOS DE APLICAÇÃO

1. Método de pressionar com o dedo (Zhi An Fa): Neste método deve endireitar-se o polegar e pressionar-se o canal na superfície do corpo com a ponta ou a face palmar do polegar, apoiado pelos outros quatro dedos. Se a força de um polegar não for suficiente, pode sobrepor-se o outro polegar para aumentar a pressão.

2. Método de pressionar com a palma (Zhang An Fa): Pressiona-se a superfície do corpo com a face palmar da mão, a eminência tenar ou a palma toda. De modo semelhante ao anterior, se a força de uma mão não for suficiente, podem sobrepor-se ambas as mãos para exercer a pressão.

ELEMENTOS ESSENCIAIS PARA A APLICAÇÃO DAS MANIPULAÇÕES

Nesta técnica a força exercida deve ser estável e perpendicular ao local, devendo aumentar de modo constante, para que seja transmitido um estímulo suficiente às camadas profundas dos tecidos do corpo, e seguidamente reduzida de forma gradual.

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Ao executar An Fa, caso haja necessidade de um estímulo maior, o terapeuta pode inclinar ligeiramente para a frente a parte superior do seu corpo, aumentando o estímulo com o seu próprio peso.

Figura 15: An Fa

PRECAUÇÕES

A execução de An Fa é caracterizada pela alternância de ritmo, no entanto deve evitar-se a aplicação de força violenta e repentina para não causar efeitos colaterais. Em clínica, a manipulação An Fa é frequentemente utilizada conjuntamente com a manipulação Rou Fa, para formar a manipulação composta de An Rou Fa.

APLICAÇÃO CLÍNICA

É uma técnica manual antiga que pode ser aplicada em todos os pontos dos canais do corpo, alcançando o efeito de acupuntura conhecido como “de qì”. De uma forma geral, a pressão com a palma da mão é aplicada na região abdominal e a pressão com a raiz da palma da mão é aplicada nas regiões mais amplas e musculosas do corpo, como a região lombar, as costas ou as nádegas, pressionando-se com o cotovelo caso seja necessário um estímulo forte.

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Esta manipulação acalma a mente e as emoções, induz a reanimação, alivia espasmos e dor, relaxa músculos e tendões, promove a circulação sanguínea e remove as obstruções nos canais, fortalecendo músculos e tendões. Além disso faz movimentar o qì e o sangue, regula yin e yang e regula os zang fu.

NA FA (MÉTODO DE AGARRAR)

Nesta técnica exercer-se força simetricamente com o polegar e os restantes quatro dedos para agarrar e levantar a massa corporal.

Figura 16: Na Fa (Wu Zhi Na Fa)

MÉTODOS DE APLICAÇÃO

Para a aplicação de Na Fa deve relaxar-se a articulação do punho e apertar firmemente a zona a tratar com o polegar, o dedo indicador e o dedo médio, ou com o polegar e a face palmar dos outros quatro dedos. Levanta-se a pele, amassa-se e comprime-se repetida, contínua e alternadamente, de modo firme e suave.

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ELEMENTOS ESSENCIAIS PARA A APLICAÇÃO DAS MANIPULAÇÕES

Esta manipulação deve ser executada de forma lenta, suave e uniforme, oscilando entre a leveza e a força. Na Fa deve ser realizada de modo contínuo. Agarra-se com os dedos a zona a tratar e exerce-se força de modo simétrico, para levantar e agarrar a pele e os tecidos subcutâneos. Deve relaxar-se o pulso e procurar fortalecer os dedos. Podem ser usados três dedos, San Zhi Na Fa (método de agarrar com três dedos), ou cinco dedos, Wu Zhi Na Fa (método de agarrar com cinco dedos).

PRECAUÇÕES

Ao executar Na Fa devem ser tomadas precauções para não beliscar a epiderme através da não flexão das articulações interfalângicas. De acordo com as necessidades clínicas, os tecidos subcutâneos devem ser agarrados tanto quanto possível e deve evitar-se derrapar com os dedos na superfície do corpo. Pode-se usar Rou ou Mo Fa depois de Na Fa, para promover a circulação do qì e do sangue.

APLICAÇÃO CLÍNICA

Este método pode ser aplicado nos músculos e tendões do pescoço, ombros, costas, abdómen, zona lombar, membros superiores e inferiores. Tem os efeitos de promover a circulação sanguínea, relaxando os músculos e tendões, enquanto alivia espasmos e dores. Elimina os fatores patogénicos de vento e frio e liberta a superfície através da transpiração. Pode usar para restaurar a consciência, ou como parte de massagem redutora de emagrecimento.

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DIAN FA (MÉTODO DE PRESSIONAR PONTOS)

Também se pode designar este método como método de pressão digital profunda. Consiste em pressionar fortemente as camadas profundas de tecido com o polegar, o dedo médio ou a articulação interfalângica do dedo médio ou do indicador. Em clínica, pode ser dividida em Zhi Dian Fa (método de pressionar pontos com o dedo) e Zou Dian Fa (Método de pressionar pontos com o cotovelo).

Figura 17: Dian Fa

MÉTODOS DE APLICAÇÃO

1. Métodos de pressionar pontos com o dedo (Zhi Dian Fa): Deve formar-se um punho oco, endireitar-formar-se o polegar e juntá-lo à articulação interfalângica média do dedo médio. Exerce-se força com a ponta do polegar, com a articulação interfalângica do polegar ou com a ponta do dedo médio, apoiada pela sobreposição do dedo indicador no dedo médio. Pressiona-se uma determinada cavidade de acupuntura ou área do corpo com uma força estável.

2. Método de pressionar pontos com o cotovelo (Zhou Dian Fa): Flete-se o cotovelo, exercendo-Flete-se força com o olecrânio, inclinando ligeiramente a parte superior do corpo para a frente de forma a pressionar continuamente com o cotovelo. A pressão do peso do

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corpo do terapeuta é transmitida desde a articulação do ombro e do antebraço.

3. Método de pressionar pontos com a parte cubital do antebraço (Zhou Ya Fa): Nesta técnica deve apoiar-se a parte cubital do antebraço na área pretendida exercendo a pressão com o peso do terapeuta. A pressão deve ser exercida de forma gradual, permitindo assim alcançar a profundidade desejada.

Dian Fa é uma manipulação desenvolvida a partir de An Fa e os seus princípios de execução são os mesmos. Porém, Dian Fa é caracterizada por um estímulo mais forte e pelo facto de ser aplicada em áreas menores e durante um curto período de tempo. Este método é frequentemente utilizado para aliviar dores e é conhecido também por Zhi Zhen (dedo de agulha). Depois da aplicação de Dian Fa utiliza-se geralmente Rou Fa para regular o qì e o sangue no local de aplicação.

PRECAUÇÕES

Dian Fa deve ser aplicado com cuidado em pessoas idosas, debilitadas ou frágeis, devendo a pressão ser gradual até alcançar a intensidade e a profundidade necessárias para dar um intenso estímulo sensorial ao paciente. Quem aplica o método deve ter cuidado com os seus próprios dedos e articulações a fim de evitar lesões.

APLICAÇÃO CLÍNICA

Esta manipulação estimula fortemente o qì, desbloqueia-o, elimina espasmos e excita o sistema nervoso. É comummente indicada para

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nódulos localizados profundamente, paralisia dos membros, dor em lesões antigas, dor contrativa na região epigástrica, etc.

YA FA (MÉTODO DE PRESSIONAR CONTINUAME NTE COM FORÇA)

Nesta manipulação fixa-se o polegar, a palma ou o cotovelo numa determinada cavidade de acupuntura ou região do corpo e pressiona-se de forma contínua e forte.

Figura 18: Ya Fa

A manipulação An Fa é parecida com a manipulação Ya Fa, pelo que é simplesmente chamada de pressionar. An Fa é dinâmica, de duração curta, suave e produz uma estimulação leve, enquanto que Ya Fa é estática, de duração mais longa e produz uma estimulação forte.

PRECAUÇÕES

Quando se aplica Ya Fa na região dorso-lombar deve moderar-se a força de modo a evitar efeitos colaterais. Normalmente usa-se o cotovelo para aplicar a técnica nos músculos da cintura e das nádegas, e em pessoas com uma estrutura mais robustas.

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MO FA (MÉTODO DE AMASSAR CIRCULARMENTE)

Esta técnica envolve o deslizamento circular, da palma da mão ou dos dedos, em certas partes do corpo. Durante a sua execução, o cotovelo é mantido ligeiramente dobrado, os pulsos relaxados e os dedos naturalmente estendidos. Pode aplicar-se Mo Fa numa área específica com movimentos pequenos e circulares, ou aplicar movimentos mais amplos para massajar uma área maior. Em ambos os casos, aplica-se uma pressão homogénea, constante e pouco intensa para penetrar a camada subcutânea.

Figura 19: Mo Fa

MÉTODOS DE APLICAÇÃO

1. Método de amassar circularmente com a palma (Zhang Mo Fa): Pressiona-se a superfície do corpo com os dedos justapostos, a palma naturalmente direita e articulação do pulso ligeiramente estirada, e utiliza-se a articulação do cotovelo como eixo. Move-se primeiramente o antebraço para amassar circularmente com a palma da mão a área a tratar. Este método pode ser realizado no sentido horário ou anti-horário, com uma frequência de 100 a 120 vezes por minuto7.

Referências

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