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GRUPO UNIDADE E GRUPO DIFERENÇA: O SIM SÓ PODE TER SENTIDO, SE EXISTE O NÃO. Profa. Dra. Marisa Japur CONVERSAÇÕES

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Academic year: 2021

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GRUPO UNIDADE E GRUPO DIFERENÇA: “O SIM SÓ PODE TER SENTIDO, SE EXISTE O NÃO”

Profa. Dra. Marisa Japur Psicóloga, Facilitadora de Grupo e Mediadora de Conflitos

CONVERSAÇÕES

Instituto de Mediação de Conflitos e Facilitação de Diálogos Docente Aposentada pela USP-RP

RESUMO: Tendo o discurso construcionista social como ferramenta teórico-metodológica, neste artigo focalizo a dimensão histórica do processo de construção de sentidos e seus efeitos na interação face-a-face em conversações grupais, baseando-me em um atendimento realizado a uma equipe multiprofissional de saúde. Busco explorar a questão: que efeitos têm os sentidos de grupo, que a equipe compartilha nas conversas grupais, para a construção de problemas da equipe? Espero com isto refletir acerca das implicações dessas descrições na legitimação das expectativas da equipe com relação à construção de suas relações como grupo.Utilizo para dar título a este artigo a metáfora do sim e do não para falar de grupo como unidade e como diferença, e para descrever as mudanças de sentido de grupo ao longo das conversas grupais, que considero terem sido úteis na promoção de mudanças para a equipe atendida.

CONSTRUINDO UM TEMA

Em nossa cultura ocidental, tanto nos discursos teóricos do campo psi, como nas conversas cotidianas do senso comum, a idéia de grupo como uma unidade é bastante hegemônica1. Associada a ela, temos a concepção de que para haver uma boa equipe de trabalho, seus participantes têm que ser um grupo unido, ou ainda que é ruim para um grupo-equipe quando todos não se envolvem do mesmo jeito, com todas as tarefas grupais. A compreensão dos processos de construção social2, convida-nos a problematizar a verdade e a universalidade desta descrição de grupo (e de todas as outras nossas

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descrições sobre as coisas do mundo e sobre nós mesmos) e a perguntar pelos processos através dos quais qualquer descrição chega a prevalecer. E mais ainda, nos convida a focar nos efeitos que elas produzem - que vida humana elas ajudam a construir?

Com o discurso construcionista social3, pensamos que um grupo - enquanto um objeto de teorização e uma ferramenta de prática profissional - não demanda nenhuma forma específica de descrição; ou seja, as palavras que usamos para descrevê-lo não guardam nenhuma relação de necessidade com o quê um grupo é ou deveria ser. A linguagem que usamos para descreve-lo não reflete um mundo independente, um existente, uma essência para além destas descrições. São as nossas descrições compartilhadas sobre grupo que o constroem e reconstroem, a todo o momento, e que dão inteligibilidade às nossas formas de construirmos grupos.

Estas construções sociais de grupo4, através das explicações que utilizamos para compreendê-lo, ocorrem no interior de condições sócio-históricas concretas dos sistemas de significação em que vivemos. Considerando que nossas explicações acerca das coisas do mundo, das pessoas e de nós mesmos são descrições construídas nos relacionamentos humanos, elas são fruto de nossa participação em uma comunidade lingüística, e é através dos processos sociais de negociação, conflito e consenso, que construímos sentidos locais duráveis no tempo. Assim, nossos entendimentos compartilhados acerca das coisas do mundo, das pessoas e de nós mesmos constituem descrições e explicações de caráter relacional que têm importância crítica na nossa vida, porque elas próprias constituem formas de ação social.

Assim, o construcionismo social, sustentando a articulação entre conhecimento e ação, chama a atenção para pensarmos que diferentes formas de explicação e descrição de um grupo (ou de uma equipe) legitimam diferentes formas de relações que nele se estabelecem. As descrições que sustentamos e compartilhamos como sendo verdadeiras acerca de um grupo sustentam as nossas expectativas e formas de agir nele.

Isso implica afirmar não só que nossas descrições de grupo constroem nossas formas de viver em grupo, mas também apontar os relacionamentos humanos como o foco privilegiado de questionamento ou sustentação dessas descrições e produção de outras

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inteligibilidades e formas de ação. Trata-se de compreender que, através da linguagem, estamos ativamente construindo a realidade de nós mesmos e do mundo em que vivemos.

Se assumirmos que é na linguagem que os sentidos do mundo e de nós mesmos são construídos, importa, então, compreender como se dá o processo comunicativo entre as pessoas para compreendermos como esses sentidos são construídos e reconstruídos em cada momento concreto e ativo da linguagem em uso, situando-nos assim num paradigma que compreende a produção de sentido como um processo relacional.

Esse paradigma relacional3 sobre a comunicação humana compreende que as palavras que enunciamos, quaisquer que sejam, não carregam em si mesmas nenhum significado. A possibilidade de uma palavra significar alguma coisa depende de alguma forma de ação suplementar, seja ela lingüística ou não. Ele associa o significado à função do enunciado dentro de uma relação. A suplementação, por um lado, garante um potencial de significação mostrando um sentido possível do enunciado; mas, ao mesmo tempo, ela o restringe - esse sentido possível circunscreve o enunciado em uma dada direção, e não em outra. Esta suplementação não ocorre num vácuo, ela não opera em qualquer direção e atua no sentido de ir construindo um sentido para a ação-enunciação, e enquanto suplemento, ele também é uma ação que cria e delimita as possibilidades de uma ação suplementar subseqüente.

Esta descrição chama a atenção para o poder constitutivo da linguagem em uso nos relacionamentos entre as pessoas. É uma concepção de linguagem inspirada no conceito de dialogia de Bakhtin5. Para esse autor, é impossível pensar a idéia de um primeiro locutor a quebrar o silêncio do universo, já que um enunciado é sempre uma voz endereçada, isto é, que se dirige a outra voz. Sem endereçamento o enunciado não pode existir e assim, o significado do enunciado diz respeito tanto à voz que o produziu quanto à que se dirige. Isso quer dizer que, ao formularmos um enunciado, uma voz responde de alguma maneira aos enunciados prévios e antecipa também respostas que o sucederiam.

Além disto, para Bakhtin5, “as vozes às quais um enunciado é dirigido podem estar espacialmente ou temporalmente separadas. Dessa forma, inclusive o pensamento é dialógico: nele habitam falantes e ouvintes que se interanimam mutuamente e orientam a produção de sentidos e enunciados” (p.46).

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De especial interesse para os propósitos deste artigo, é compreendermos que o processo de produção de sentidos é sempre situado, ou seja, que ao enunciarmos algo sempre invocamos uma linguagem social que delimita o que nossa voz individual pode dizer. Isto é, é sempre na relação com o social que a nossa possibilidade de enunciação se dá.

Spink e Medrado6 descrevem a produção de um enunciado como uma ação situada numa cadeia complexamente organizada, e dependente do uso: dos repertórios interpretativos (rol de possibilidades de construções discursivas disponíveis que foram histórica e culturalmente constituídos) e dos gêneros de fala (formas mais ou menos estáveis de enunciados que buscam coerência com o contexto, o tempo e os interlocutores). Assim, o processo de produção de sentidos é descrito por esta autora6 numa perspectiva temporal que o inscreve na dimensão histórica, comportando:

 o tempo longo - o domínio da construção social dos conteúdos culturais que formam os discursos de uma dada época - que antecede a vida da pessoa, mas que nela se fazem presentes por meio de sua participação na cultura;

 o tempo vivido - corresponde às experiências da pessoa no curso de sua história pessoal – onde se enraízam as narrativas pessoais e identitárias, pelas inúmeras aprendizagens sociais próprias aos segmentos sociais nos quais a pessoa participa; e  o tempo curto - tempo da interanimação dialógica das interações face-a-face, o momento concreto da vida social em que os interlocutores se comunicam diretamente.

No tempo curto de nossas interações face-a-face com os outros entram em dialogia inúmeras vozes - da memória cultural do tempo longo e da memória afetiva do tempo vivido - que tornam presentes os múltiplos repertórios que utilizamos nos processos de dar sentido ao mundo e a nós mesmos. Algumas descrições sobre o mundo e sobre nós mesmos vão sendo possíveis nos processos interativos situados e elas vão conformando nossos modos de existir.

Ao assumir o poder constitutivo da linguagem na construção das realidades em que vivemos, esta descrição ajuda-nos a explicar a relativa estabilidade das nossas

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descrições das coisas do mundo, das pessoas e de nós mesmos. Mas, ao mesmo tempo, ela situa no tempo curto das interações face-a-face nossas possibilidades de produção de descontinuidades - mudanças que favoreçam a transformação das realidades em que vivemos.

Com estes pressupostos, somos convidados a constituir práticas conversacionais como oportunidades, tanto para a manutenção como para a mudança dos entendimentos que temos acerca das coisas do mundo, das pessoas e de nós mesmos. Somos também convidados a atentar para os discursos sociais mais amplos que dão inteligibilidade às realidades problemáticas que vivemos e a desnaturalizar algumas descrições que lhe dão sustentação.

DELIMITANDO UM OBJETIVO

Com o foco dialógico e discursivo do construcionismo social, podemos pensar as práticas grupais como um processo ativo de construção social e compreender que o contexto conversacional de um grupo, formado por uma equipe multiprofissional que busca um atendimento, constitui um locus privilegiado para possibilitar mudanças7e 8 nos problemas que ela busca solucionar.

Com este entendimento, esse artigo tem por objetivo explorar a seguinte questão: que efeitos têm as descrições de grupo, que a equipe compartilha nas conversas grupais, para a construção de problemas desta equipe? Esperamos com isto refletir acerca das implicações dessas descrições na legitimação das expectativas da equipe com relação à construção de suas relações como grupo.

RELATANDO UM PERCURSO

Coerentemente à perspectiva construcionista social, a produção de um artigo não visa refletir a verdade daquilo sobre o quê se fala, mas ampliar as suas possibilidades de descrição. Conforme Rasera & Guanaes9 sugerem, ela “é sempre um diálogo escrito entre o autor e outros autores e leitores” (p.81).

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É uma produção relacional, situada e circunscrita pelas possibilidades de enunciação dos interlocutores que o constituem, e que convida outros interlocutores (leitores) a compartilharem sua inteligibilidade. Mas, também não se trata de um relativismo inconseqüente, pois “sua produção obedece a restrições que orientam o relato possível” 10 (p.77) e o rigor de sua produção não está em sua objetividade, mas na visibilidade11 de seu processo de construção, ou seja, na explicitação do percurso realizado pelo autor.

O contexto imediato em que a reflexão deste artigo começou foi o de um curso de formação*, tendo o Construcionismo Social como perspectiva teórica e prática que o embasa. Ela nasceu como um trabalho de conclusão de curso, em resposta a uma proposta de construir uma articulação entre teoria e prática tendo como referência um atendimento realizado durante este curso.

Este atendimento foi feito com uma equipe multiprofissional de saúde que trabalha com pessoas portadoras de transtornos alimentares e seus familiares, junto a uma unidade hospitalar de clínicas especializadas. Esta equipe já havia sido atendida12 em outros momentos pela equipe da instituição formadora, em duas ocasiões anteriores. No momento, ela é formada por psicólogos, nutricionistas e médicos, com uma particularidade: nesta equipe o trabalho é voluntário e ela recebe também estagiários de graduação de Psicologia. Alguns destes profissionais são contratados por outros serviços e/ou instituições de ensino e/ou saúde; outros, não têm qualquer vínculo institucional e buscam no trabalho com a equipe possibilidades de aprimoramento e/ou acesso a campo de estudos. Grande parte da equipe caracteriza-se como fixa, por estarem a ela vinculados por longo tempo. Outros têm uma entrada mais recente e outros ainda, estão numa condição provisória.

O atendimento de campo foi realizado por duas terapeutas / docentes, tendo como Equipe Reflexiva13 alunas do referido curso, que se alternaram ao longo dos encontros**. Foram realizadas oito conversas grupais, com periodicidade mensal, com a equipe e após um período de férias de dois meses, mais dois encontros. A adesão ao atendimento não foi

* Atendimento a Famílias e Redes Sociais - oferecido pelo Instituto Familiae – Unidade Ribeirão Preto (SP). ** Como aluna deste curso de formação, participei deste atendimento como Equipe Reflexiva.

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feita por todos os participantes da equipe de saúde, e houve uma alternância bastante grande na presença, daqueles que aderiram, aos encontros realizados.

Neste contexto, a construção desta reflexão foi orientada pela consigna: ‘o quê ele tem de significativo para você? como você o articula teoricamente?’ Penso nesta consigna como possibilitando uma reflexão que destaca a importância de uma relação corporificada, dialógica e envolvida do autor com seu objeto de reflexão, através da qual ele busca dar forma ou sentido a um momento marcante (Shotter14) que capturou sua atenção e despertou seu interesse. Na ocasião, escolhi como momento significativo para a elaboração do trabalho proposto, a minha participação na equipe reflexiva no 5º encontro do grupo. Neste dia, contribuí com a pergunta: ‘quê efeitos tem gerado pra vocês a crença de que é bom / útil / necessário / preciso que todos da equipe venham ao atendimento?’

Penso que fiz esta escolha porque, para mim, a história que construí sobre o atendimento desta equipe começa a ganhar contornos mais definidos neste momento. É uma história que teve como enredo o que nomeei como grupo unidade e grupo-diferença; e esta é uma história que conversa com minha história profissional.

Para a construção desta história recorri aos registros gravados em áudio*** das conversas grupais nos encontros com a equipe e às anotações realizadas durante eles, por mim e por colegas de curso.

Deste material, selecionei enunciados em trechos das conversas grupais nas quais, conforme meu entendimento, o sentido de grupo que estava sendo compartilhado ajudava a construir a inteligibilidade do que estava sendo vivido como problema pelos participantes da equipe. Assim, focalizei nas descrições da equipe-como-grupo e nas

descrições-de-si-como-participantes-de-grupo em cada um dos encontros realizados. Este processo

envolveu uma minha participação ativa como autora, ao produzir recortes focalizando algumas descrições e não outras, e isto nos remete novamente à concepção construcionista social de que o processo de produção de sentidos é sempre relacional, situado e circunscrito às vozes que dele participam. A história-metáfora assim construída é apenas

*** As gravações foram realizadas com o consentimento escrito dos participantes, que autorizaram a

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uma história que orienta um relato possível sobre o processo de atendimento a esta equipe multiprofissional de saúde.

UMA HISTÓRIA SOBRE CONVERSAS GRUPAIS

O primeiro encontro com a equipe de saúde ocorreu num mês de maio. As conversas iniciais giraram em torno do ‘pedido’ que a equipe trazia para este atendimento. Contaram que decidiram solicitar este atendimento em uma das reuniões que a equipe faz semanalmente e que nem todos estavam dispostos e/ou não poderiam participar em função do dia/horário combinado. Foram referidas as duas situações anteriores em que ela já tinha sido atendida pela equipe da mesma instituição que agora voltavam a procurar. Histórias de como estes atendimentos foram úteis iam sendo trazidas para a conversa grupal e os participantes da equipe atual, que não foram parte destes atendimentos anteriores, contavam da expectativa que estas histórias geravam.

Nesta conversa, os participantes vão descrevendo a equipe de saúde como, neste momento, atravessando um novo momento de dificuldades. Questões como: administração de seus serviços, sua agenda, o espaço para o atendimento, a composição da equipe com as diferenças formas de inserção, sua relação com a instituição hospitalar, até o cuidar dos cuidadores das pessoas portadoras de transtornos alimentares e suas famílias, vão sendo descritas como situações que têm gerado problemas. Curiosidade, esperança, cuidado, vazio e plenitude, comunicação, recursos, foram palavras utilizadas para descrever as expectativas em relação ao atendimento que se iniciava.

Discute-se também neste encontro, a gravação em áudio e vídeo dos encontros do grupo e fica combinado, a pedido da equipe, que as fitas serão levadas ao serviço para que os que não vierem ao atendimento possam também acompanhá-lo.

No segundo encontro, as conversas giravam em torno do quem somos, com queixas da falta de espaço e de reconhecimento. Um dos participantes falou sobre a sensação de não existir: “... parece que a gente não existe dentro da instituição”. Outra participante contrapondo-se aos comentários, diz que a equipe existe, sim, oficialmente, referindo que até têm as salas que lhes são exclusivas. Uma das coordenadoras convida o

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grupo a pensar no paradoxo que é “existir e poder, ao mesmo tempo, ter um sentimento de não existência”. A conversa vai gerando um novo sentido: o problema não é só falta de sala, e sim que a demanda do grupo é ter um pai forte.

Sentir-se subordinado a pessoas que não estão presentes vai sendo, então, construído como um problema. Referem a posição de uma das participantes da equipe (que não está vindo ao atendimento) ao dizer “... sem um médico não dá mais”, ameaçando deixar a equipe. Esse comentário foi referido como um abalo para o grupo todo. A conversa continua em torno da necessidade do grupo se reorganizar, e da utilidade de usar este espaço de atendimento da equipe para se cuidar.

A coordenadora propõe um exercício (em subgrupos) utilizando uma metáfora de ‘árvore genealógica’, para cada um pensar em qual lugar está na árvore, mostrar como cada um se vê nesta equipe, como pensa a equipe, e como pensa a inserção desta equipe. Chama minha atenção como o pedido foi respondido: os subgrupos trabalham sobre a inserção da equipe na instituição, focando o grupo como um todo. O convite para cada um pensar como vê a si mesmo na equipe, não encontra suplementação. Em um dos subgrupos, os participantes pensam a árvore como vida, que só existe na união (da semente, com clima, com o sol, com os nutrientes que a terra dá), que cresce e dá frutos. E que, neste momento ela (equipe/árvore) está inserida num contexto de adversidades (ventos, nuvens). Os participantes falam do espaço para a equipe poder trabalhar e “... poder crescer como uma unidade, da mesma família, crescer como irmãos”.

Nas conversas iniciais do terceiro encontro, uma das participantes da equipe diz que havia saído do atendimento anterior bastante reflexiva, porque entendia que haviam rompido com o “estamos tudo bem, obrigada”, e acrescenta que “... isso não quer dizer que o grupo não tenha sintonia”. Uma das coordenadoras propõe que, em subgrupos, os participantes conversem sobre: o quê cada um sabe da história da equipe / qual a história de cada um na equipe / e o quê a inserção na família de origem tem a ver com a inserção nesta equipe.

Ouço isto como um novo convite para que cada participante do grupo possa se ver na equipe. A outra coordenadora convida os participantes para que “... olhem para a fala do outro com curiosidade”. Ao se dividirem nos subgrupos, quando um dos participantes

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se aproxima de um dos subgrupos já constituídos, os participantes se mantêm no círculo fechado, excluindo sua participação.

Na conversa que se segue ao exercício, chama minha atenção a recorrência da idéia de cumplicidade nas descrições utilizadas para contar histórias da equipe. Uma das coordenadoras pergunta se “a equipe está podendo conversar na diferença ... ; construir um espaço onde as pessoas possam discordar. E, se na discordância elas podem crescer?” Na conversa que segue, uma das participantes reflete: “... acho que boicotamos o lugar do diferente, pois ficamos com as pessoas que temos mais afinidade para conversar”.

Nas conversas iniciais do quarto encontro, respondendo à pergunta de uma das coordenadoras: “como foi com os que não puderam vir hoje?” surgem descrições de grupo cindido, e de como estes sentimentos têm repercutido. Uma participante diz que “... para vir aqui tem que ter fôlego.” Mas, são feitas também referências aos ganhos da equipe – daquele que vêm. Falam das dificuldades de desenhar a equipe pelas diferentes inserções que os participantes têm como voluntários, estagiários, supervisores, professores... Comentam também da dificuldade de vir para o atendimento e depois não conseguirem ‘estar em sintonia’ com outros que não vieram.

Uma das coordenadoras propõe como exercício uma metáfora: algumas pessoas em um barco estão pedindo socorro; há pessoas na praia que ouvem o pedido; no cume de uma montanha próxima há pessoas que vêm que tem algo acontecendo, mas não ouvem o pedido de socorro; e atrás da montanha, outras pessoas nem desconfiam que há algo acontecendo. A proposta é cada um pensar em que lugar está nesta metáfora.

Na conversa que segue, chama a minha atenção a visão do grupo como um todo pedindo socorro, e ainda a separação entre o pedido de socorro dos que estão aqui e dos outros que não estão aqui. Refletem também sobre se há garantias de que ao estarmos no mesmo barco, estamos ouvindo os pedidos de socorro; e ainda, “se não é um pedido meu, ainda assim posso legitimar o pedido de socorro do outro?” Ao término da conversa, uma das coordenadoras pondera: se há ausentes aqui, que tipo de conversa cada um pode ter com eles para que se mobilizem a estar aqui conosco?

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Sinto que os participantes neste dia começaram a conversar em posições diferentes: voltaram a atenção para eles mesmos. Questionaram como o compromisso entre eles pode fortalecer o grupo? (em referência a um grupo que não está unido, um grupo sempre referido aos ausentes também). Sinto que têm uma forte expectativa acerca dos que não estiveram no atendimento, como se estas ausências ameaçassem aquilo que eles podem estar conquistando.

No quinto encontro do grupo, os participantes conversam sobre as conquistas da equipe nas reivindicações que fizeram junto à instituição da qual fazem parte e dos inúmeros ganhos que estão tendo com este atendimento. Voltam também a referir os que não vêm ao grupo: por quê não vêm? seria falta de compromisso com a equipe? qual a utilidade de vir ao grupo se tem os que vêm, apesar dos ganhos pessoais de quem vem? como fazer ressoar na equipe as mudanças que ocorrem no grupo? Parece ser um movimento que expressa o desejo de que os outros participantes da equipe também pudessem compartilhar destes ganhos e/ou se sentirem autores das conquistas! As coordenadoras propõem, então, uma reflexão acerca das diferenças entre cobrar e convidar; propõem um exercício sobre os ingredientes de uma boa (e uma má) conversa. Sinto que convidam o grupo a pensar nos recursos que dispõem (ou que precisam desenvolver) para trazer os outros participantes da equipe a este espaço de ganhos.

Neste encontro, eu estava na equipe reflexiva, fortemente tocada por vê-los conversar sobre os muitos ganhos, mas num clima emocional de tristeza, perda, derrota, que eu não significava como referido a um desejo de compartilhamento! Como participante da equipe reflexiva, eu os convido a uma reflexão sobre: “que efeitos tem gerado para a equipe a crença de que é bom / útil / necessário / preciso que todos da equipe venham ao atendimento?”

Algumas das reflexões dos participantes do grupo, após a equipe reflexiva, pareceram suplementares à minha fala: “eu não quero mais que todos estejam aqui; eu quero que todos que estejam aqui, ‘estejam aqui’” / “cada um tem suas razões, e eu não tenho que carregar todo mundo nas costas” / “eu vim disposta a dizer: ‘não contem mais comigo’; agora mudei: quando der, eu venho” e me fazem pensar que as possibilidades de se descreverem desses modos podem possibilitar-lhes também outras descrições do que

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seja um bom grupo. Ao final do atendimento, alguns participantes comentam sobre ‘mudanças’ que aconteceram com eles no atendimento do grupo neste dia.

Após o encontro, a equipe de atendimento conversa sobre a diferença do grupo neste dia: mais tranqüilo, mais fluido, mais leve. Avaliamos que a conversa tinha oportunizado movimentos bastante reflexivos.

O sexto encontro do grupo começa com a pergunta: sobre o que vocês querem conversar hoje? Nas conversas iniciais os participantes falam de uma conquista - a união do grupo. Contaram de uma reunião que aconteceu fora do contexto de trabalho e o quanto tinha sido importante. Uma das coordenadoras propõe, então, que conversem em subgrupos sobre: “que coisas eu preciso para me sentir confortável também no contexto de trabalho ?” Propõe também que um subgrupo se pense como equipe e o outro como paciente. Confiança em si mesmo e no outro, rede de apoio, capacidade de escuta e de se repensar sempre, dar espaço e conquistar o espaço - estas foram nomeações do que dá conforto daqueles que se colocaram como equipe. Sinceridade, transparência nas informações, comunicação, preparação para atender, compreensão e acolhimento, aeróbica da escuta – estas foram nomeações daquilo que daria conforto para os pacientes ao serem atendidos.

Ainda uma vez, chama minha atenção que as conversas propiciaram nomeações bastante genéricas e, como membro da equipe reflexiva, convido-os a pensarem também “que coisa específica pode dar conforto a cada um e que poderia ser transformado em pedido para um outro participante da equipe?” Nas conversas que se seguem, surgem comentários dos participantes do grupo sobre o ‘não perderem de vista’ as pessoas que não estão se sentindo valorizadas e respeitadas dentro da equipe. As coordenadoras propõem que pensem sobre o como falar algo para o outro sem que o outro se sinta ameaçado em sua integridade e lembram que o que machuca um pode não machucar o outro. Nas conversas após o atendimento, conversamos sobre o quê cada um precisa ter e ver no outro para chamar de confiança?

O sétimo encontro inicia com um pedido de uma das participantes da equipe: sente que precisam conversar sobre a saída de uma pessoa bastante importante na equipe. A conversa é difícil, todos estão muito tocados. Abandono é o sentimento que destaco na

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minha produção de sentidos. Sinto que a saída de uma pessoa importante ameaça o grupo unidade. As coordenadoras propõem que conversem sobre: como entrei nesta equipe? o quê me mantém? o que é necessário para eu me manter nesta equipe agora?

Significo esta proposta como a retomada da proposta de construir a genealogia de cada um no grupo e agora, os participantes podem começar a dizer algo que ouço como: há histórias sobre isto que podemos contar, outras, não. Todas as participantes contam sua entrada na equipe, como se apaixonaram pelo grupo, como ele faz parte da vida delas. Mas, falam da dificuldade em falar do futuro. Manifestam preocupação com o futuro da equipe, com medo que possa acontecer com outras pessoas o mesmo que aconteceu com a pessoa que desistiu. Acreditam que agora, o grupo precisa ser mais cuidado ainda.

As participantes conversam ainda pedindo informações objetivas umas às outras e isso me chama a atenção: convivem há tanto tempo sem conhecerem informações objetivas do lugar institucional de algumas das pessoas da equipe. Para mim fica como se essas informações fossem as histórias que não podiam ser contadas. Construo ao longo desta conversa, uma metáfora sobre paixão/casamento, que compartilho com o grupo, durante a equipe reflexiva: tomo paixão como indiferenciação, e casamento como necessidade de diferenciação. Para mim, paixão é intensa e arrebatadora, une (amarra / prega) e é cega (desconhece o cotidiano). Nesta minha metáfora, é como se a saída de uma participante da equipe ameaçasse a paixão – é a quebra de um acordo tácito que mantém o grupo como unidade. O que é pertencerpara os participantes deste grupo? Que acordos tácitos têm que ser compartilhados para estar neste grupo? Parece haver um acordo implícito que ata as pessoas ao grupo e a saída de uma delas desestabiliza o grupo-unidade.

O oitavo encontro acontece em dezembro e estava previsto como sendo o último atendimento a esta equipe. A conversa começa com as participantes comentando sobre frustração e tristeza, pois esperavam que mais pessoas comparecessem ao último encontro. “Como grupo temos dificuldade em concluir, fazer fechamentos; temos algumas despedidas a fazer este ano e mesmo assim as pessoas não vêm.” Estavam presentes quatro pessoas; uma delas vinha ao atendimento pela segunda vez e outra, pela primeira vez, e comenta: fiquei feliz de vir hoje, também imaginei que fosse vir mais gente. Conversam sobre como é estar ali para elas já que não acompanharam os encontros e agora

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estão vindo no último, e comentam que gostariam de ter vindo e não só assistido às fitas dos atendimentos. A conversa vai trazendo o desejo das participantes que o atendimento continuasse. Falam da sensação de não continuidade gerando lacunas que acabam deixando as coisas sem serem acabadas.

Neste momento de final do ano, também no cotidiano, a equipe passa por re-configuração: há os que vão embora, os que ficam e os outros (desconhecidos) que ainda virão. Uma das coordenadoras convida à reflexão: que momento o grupo tem pra falar dessas coisas? Das reflexões que se seguem, destaco: tem gente que vai embora e não terá como conversar, quem vai embora não veio / temos perdas importantes por não saber cuidar e não saber se despedir / algumas coisas precisam ser ditas. Uma das coordenadoras convida a conversarem sobre o quê gostariam que acontecesse se estivessem todos aqui: conversar sobre o que a gente viveu estando aqui e sobre o fora daqui neste período. E pede que cada uma pense: com quem eu gostaria de conversar? o quê? como começaria essa conversa?

Chamam minha atenção, algumas descrições que fazem do grupo e de si mesmas no grupo: um grupo tem que saber o tamanho dele / já faz um ano e meio e ainda me pergunto onde estou / temos uma situação muito ambígua, muito angustiante / o ‘não’ tem que ser ‘não’, pode chorar / todo mundo vai ‘cabendo’ / crescemos muito, estamos na nossa capacidade máxima de atendimento / o ‘sim’ só pode ter sentido, se existe o ‘não’, senão somos uma massa indiferenciada... Após as reflexões da equipe, começam a conversar sobre a ‘impossibilidade de conversar’.

Neste contexto, o comentário de uma das participantes traz uma outra abertura na conversação: desde o começo, eu fico pensando que o fato de gravar é bom e ruim, gera uma certa persecutoriedade; é difícil saber se eu posso me expor. As conversas continuam em torno da questão da gravação e as participantes falam de seu desconforto não com ela, mas com os outros que não vieram poderem assisti-la. Às vezes, me questiono o por quê de mostrar a fita / não é a questão da fita, é a questão da relação entre as pessoas: confiança, desconfiança, ética. A questão das possibilidades da transparência nas relações da equipe ganha espaço. Isto, já ao final do tempo, soa como um pedido de continuidade, prontidão para novas conversas ...

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Ao final do encontro, as coordenadoras constroem com as participantes um acordo de realizarem mais dois atendimentos, após um período de quase dois meses de férias, com a proposta de que pudessem avaliar o pedido de continuidade do atendimento.

Saio desta conversa pensando que .... transparência traz diferenças, diferenças não me parecem caber numa ‘massa indiferenciada’ onde ‘todos cabem’, onde não se sabe onde está ‘sim’ e o ‘não’ e onde não se sabe ‘onde se está’.

‘O SIM SÓ PODE TER SENTIDO, SE EXISTE O NÃO’

Na metáfora do SIM e do NÃO me pareceu caberem os sentidos, por mim produzidos, com estas conversas grupais. Construindo a inteligibilidade do meu processo conversacional com este grupo, dialoguei com alguns discursos sobre grupo, inscritos no tempo longo da nossa memória cultural. Como discursos ainda hegemônicos, muito provavelmente, eles estão também inscritos no tempo vivido de todos nós e favorecem a construção de sentidos acerca de grupo como unidade.

Estou me referindo às teorizações psicológicas sobre grupo, que informam tanto as teorias e práticas grupais como o senso-comum. Apesar das inúmeras distinções entre diferentes teóricos do campo grupal, eles têm em comum estas descrições de

grupo-como-unidade.

São descrições imersas na mesma racionalidade das descrições de

pessoa-como-unidade que, ainda hoje, sustentam grande parte das teorias e práticas psicológicas em seus

diversos campos. ****

Pensar a realidade grupal como ativamente construída pelas descrições que temos do grupo1, 4, 7 e 8, como estamos nos propondo nesta reflexão, é uma possibilidade gerada pelo construcionismo social nos desdobramentos das críticas ao pensamento moderno, no interior do qual os referidos discursos reificados sobre grupo-como-unidade foram construídos, e com isto, podemos desnaturalizar essas descrições hegemônicas, nos perguntando por sua utilidade.

**** Para os interessados nesta discussão, na referência bibliográfica1 deste texto, há uma bibliografia sobre

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Entendo que, no grupo em questão, nas conversas iniciais, a diferença entre os que vêm e os que não vêm para o atendimento foi sendo construída como um problema – uma diferença que atrapalhava o desenvolvimento da equipe. Um problema cuja inteligibilidade, a meu ver, apoiava-se nestas descrições de grupo-como-unidade.

Consoante ao pensamento construcionista social, a realidade do grupo-construído-linguísticamente não é inócua para as relações que podem ser nele construídas - ela gera um sistema de valores (o que é bom/ruim, certo-errado para o grupo) que convida a, e legitima, determinadas expectativas e ações, e não outras.

Das descrições iniciais - da equipe-cindida como um problema cuja solução passaria por conseguirem algo como ‘que todos os outros façam a mesma coisa que nós estamos fazendo’, às descrições do 8º encontro - da equipe como massa indiferenciada na qual o sim só pode ter sentido, se existir o não, penso que houve mudanças importantes para a dissolução do problema nas conversas grupais. Mudanças em direção a outras construções lingüísticas que possibilitaram iniciar a construção de outras realidades grupais - mais confortáveis e úteis para seus participantes.

Após este período, as conversas grupais tiveram continuidade em mais dois encontros, após um intervalo de dois meses. Já havia preparado a minha história deste grupo e aguardava com curiosidade o reencontro com a equipe.

No nono encontro, realizado em fevereiro do ano seguinte, os participantes da equipe chegam com ‘fôlego novo’, contanto que com o início do ano, fizeram uma reunião de planejamento no serviço e tomaram muitas decisões. Ao contarem suas decisões, vou construindo um título para este encontro: estabelecendo fronteiras e distinções. Contam que decidiram: limitar o número de estagiários no serviço e delimitar melhor as atividades que podem desenvolver para acolhê-los melhor, para poderem ir contando para os que chegam as histórias da equipe; negociar mais às claras a divisão do trabalho entre os profissionais da mesma especialidade, tendo um olhar mais cuidadoso para os recursos e os limites da equipe.

Resumem suas decisões dizendo que eles criaram um novo foco: o compromisso coletivo de manter atenção aos espaços de cada um. Esta conversa me faz dialogar com a

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transparência que traz a diferença e significo isto como uma mudança importante: podemos dizer não (há um limite para quem cabe, mas quem couber será cuidado) e aceitar que sim, existem diferenças entre nós (profissionais da mesma especialidade com habilidades diferentes): não mais um unidade - massa indiferenciada , mas um

grupo-diferença!

Uma das participantes comenta ao final do encontro: “... estamos num momento bem mais sereno” e outra acrescenta “agora para vir aqui é assim: ‘gente, amanhã tem atendimento’ e só ....”

No décimo encontro, me senti participando de uma conversa sobre “como seguir em frente’ e fui afetada por falas dos participantes que valorizavam o espaço que tiveram neste atendimento, para refletir e construir projetos: ‘como equipe temos muito o que crescer, amadurecer; mas podemos ‘manter vivo’ este olhar que aprendemos aqui” / agora temos os recursos que vocês usaram aqui-conosco e podemos usar estes recursos com nossos pacientes”.

Os participantes contam também de uma experiência que tiveram neste último mês e que consideram bastante enriquecedora – um seminário que realizaram com uma outra equipe multiprofissional de saúde que como eles trabalha com pessoas portadoras de transtornos alimentares. Eles destacam a experiência desta outra equipe em fazer atendimentos de curto prazo, uma diferença muito grande em relação à forma como eles trabalham.

Chama a minha atenção a pergunta que levam consigo: “às vezes ficamos atendendo durante anos e anos...eu me pergunto agora ‘até que ponto isto é um excesso? será que a gente tem muita dificuldade de colocar limite com os pacientes também ?”

EM TEMPO

Ao terminar este texto, senti necessidade de destacar algo que não foi meu foco: busquei problematizar a descrição de grupo-como-unidade não porque penso que a descrição de grupo-como-diferença seja uma descrição mais verdadeira. O que me orientou nesta reflexão não foi a afirmação de qualquer verdade sobre o que um grupo é ou deveria ser. Se ambas são descrições construídas e sustentadas lingüisticamente, o convite

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foi para atentarmos para os efeitos que tal ou qual descrição produz nas relações que construímos ao construirmos grupos. A desnaturalização de qualquer das duas descrições amplia nossas possibilidades, nos convidando a uma permanente atenção às descrições do nosso tempo longo que dão inteligibilidade às realidades problemáticas lingüisticamente construídas e à sua dissolução.15

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 JAPUR, M. Alteridade e grupo: uma perspectiva construcionista social (pp.145-170). In: Lívia M. Simão &

Albertina M. Martínez (orgs.) O Outro no Desenvolvimento Humano: diálogos para a pesquisa e a prática profissional em Psicologia. São Paulo: Thomson Pioneira, 2004.

2 GERGEN, K. The social construcionist movement in modern psychology. American Psychologist,

Washington D.C., nº 40, p.266-275, 1985.

3 GERGEN, K. Realities and Relationships: soundings in social construction. Cambrige: Harvard

University, 1997.

4 RASERA, E. & JAPUR, M. Grupo como Construção Social: aproximações entre construcionismo social

e terapia de grupo. São Paulo: Vetor, 2007.

5 BAKHTIN, M. (V.M.Volochínov). Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo: Hucitec, 1997

(trabalho original publicado em 1929).

6 SPINK, M.J. & MEDRADO, B. Produção de sentidos no cotidiano: uma abordagem teórico-metodológica

para análise das práticas discursivas. (pp. 41-61). In: SPINK. M. J. (org). Práticas Discursivas e Produção de Sentidos no Cotidiano: aproximações teóricas e metodológicas. São Paulo: Cortez, 1999.

7 GUANAES, C. A Construção da Mudança em Terapia de Grupo: um enfoque construcionista social.

São Paulo: Vetor, 2006.

8 JAPUR, M.; GUANAES, C. & RASERA, E.F. Otherness in the therapeutic context: the social construction

of change (pp. 125-161). In: Livia M. Simão & Jaan Valsiner (orgs.) Otherness in Question: labyrinths of the self. North Carolina: Information Age Publishing, 2007.

9 RASERA, E.F. & GUANAES, C. O terapeuta como produtor de conhecimentos: contribuições da

perspectiva construcionista social. Novas Perspectivas Sistêmicas. Rio de Janeiro e São Paulo, nº 26, p. 76-85, 2006.

10 SPINK, M.J. & LIMA, H. Rigor e visibilidade: a explicitação dos passos de interpretação (pp. 93-123). In:

SPINK. M. J. (org). Práticas Discursivas e Produção de Sentidos no Cotidiano: aproximações teóricas e metodológicas. São Paulo: Cortez, 1999.

11 SPINK, M.J. & MENEGON, V.M. A pesquisa como prática discursiva: superando os horrores

metodológicos. (pp. 63-92). In: SPINK. M. J. (org). Práticas Discursivas e Produção de Sentidos no Cotidiano: aproximações teóricas e metodológicas. São Paulo: Cortez, 1999.

12 CÉSAR, A.B.C.; PEREIRA, M.F; RUSSO, R; SOARES, A.C.N.; VICENTE, A.T. Multiplicadores

reflexivos: uma experiência de Instituto Familiae junto ao Grupo de Assistência em Transtornos Alimentares do HC-FMRP-USP. Mimeo, s/d.

13 ANDERSEN, T. Processos Reflexivos. Rio de Janeiro: Instituto NOOS, ITF, 1999.

14 SHOTTER, J. Social constructionism and social poetics: Oliver Sacks and the case of Dr. P. (pp. 33-51).

In: B.M.BAYER & J. SHOTTER (Eds). Reconstructing the psychological subject: bodies, practices and technologies. London: Sage, 1998.

15 ANDERSON, H. & GOOLISHIAN, H.A. Human systems as linguistic systems: preliminary and evolving

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