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Interdisciplinar: Revista Eletrônica da UNIVAR ISSN X Ano de publicação: 2014 N.:12 Vol.2 Págs.

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Interdisciplinar: Revista Eletrônica da UNIVAR

http://revista.univar.edu.br ISSN 1984-431X

Ano de publicação: 2014 N°.:12 Vol.2 Págs.:6 - 12

ASPECTOS ECONÔMICOS E EPIDEMIOLÓGICOS DA CISTICERCOSE BOVINA

– REVISÃO DE LITERATURA

Cristiane Isabô Giovannini1, Thiago Soares Carvalho2, Jakeline Fernandes Cabral2,Rafaella Belchior Brasil3, Priscila Alonso Santos4

RESUMO: A cisticercose é uma importante zoonose que acarreta prejuízos à saúde do homem e à cadeia produtiva de carne no Brasil, pois degrada valores nas carcaças além de denegrir a imagem da carne do país frente ao mercado externo. Para obter o controle e erradicação desta doença, devem ser tomadas medidas de educação sanitária, melhoria nas instalações e manejo adequados. Outro fator é o de se obter dados concretos do nível de infestação dos rebanhos com a inspeção minuciosa nas carcaças na linha de abate. Diante disso é de grande importância o conhecimento da cadeia epidemiológica da cisticercose e seus principais índices, o que denota a relevância deste trabalho.

Palavras-chave: zoonose, saúde pública, prejuízos.

ABSTRACT: Cysticercosis is an important zoonotic disease that causes great damage to human health and the meat production chain in Brazil, it degrades the carcasses values than tarnish the image of the flesh of the country against the foreign market. For the control and eradication of this disease should be taken in health education, improved facilities and appropriate management. Another factor is to obtain concrete data on the level of infestation of herds with a thorough inspection of carcasses on the slaughter line. Considering this is very important to know the epidemiology of cysticercosis and its main index, so the relevance of this work.

Key-words: zoonoses, public health, damage.

1*Mestre em Zootecnia pelo Instituto Federal Goiano – Campus Rio Verde – Docente do curso de Medicina Veterinária da UNIVAR - Faculdades

Unidas do Vale do Araguaia – Barra do Garças-MT - e-mail: cris_isabo@yahoo.com.br

2Mestre em Zootecnia pelo Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Goiano – Campus Rio Verde. 3 Doutoranda Ciência Animal – Universidade Federal de Goiás – UFG – Goiânia.

4Doutora em Ciência Animal – UFG - Docente do curso de Engenharia de Alimentos do Instituto Federal Goiano – Campus Rio Verde.

1. INTRODUÇÃO

O Brasil atualmente é detentor do maior rebanho comercial do mundo. Segundo últimos dados do IBGE, (2011) (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) o rebanho brasileiro possuía cerca de 212,8 milhões de cabeças ainda no ano de 2011. Esta situação é privilegiada no cenário da bovinocultura mundial, pois o país possui todas as condições para o setor das indústrias de carne e derivados alcançarem uma maior participação no mercado internacional.

As doenças parasitárias estão intimamente ligadas à saúde pública e é um dos problemas relacionados com os animais de açougue. Dentre estas, a cisticercose é a que está mais intimamente ligada à inspeção sanitária das carnes, visto ser a que acarreta maiores danos.

De acordo com Mello (2010), a cisticercose bovina é a principal causa de condenação de carcaça em frigoríficos inspecionados. O Cysticercus bovis é considerado o patógeno de maior prevalência em carcaças ao abate e o que gera maiores prejuízos econômicos para o produto final na comercialização.

O estudo desse complexo é de suma importância tanto para saúde pública, como para a

economia nacional, pois causa prejuízos aos pecuaristas e às empresas do setor pecuário em decorrência à quantidade de carcaças condenadas.

Nesse contexto, a cisticercose bovina mostra-se como uma das maiores preocupações econômicas dos produtores. As condenações de carcaças nos frigoríficos aumentam cada vez mais, gerando uma visão negativa no mercado externo.

Tendo em vista a importância deste complexo teníase-cisticercose, tanto para a saúde pública pela infestação nas populações, tanto pelos prejuízos causados no comércio e exportação de carnes e derivados e a busca por tratamentos, motivam o estudo do tema.

2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Epidemiologia

O complexo teníase-cisticercose bovino é uma importante zoonose do ponto de vista médico-veterinário e de saúde pública, que se expressa de duas formas distintas: teníase, acarretada pela Taenia

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(hospedeiro definitivo) e a cisticercose, causada pela forma larval desta tênia, o Cysticercus bovis, que compromete os tecidos de bovinos (CARVALHO et al., 2006).

O homem é o principal disseminador da doença onde, parasitado no intestino, a Taenia

saginata, pode eliminar diariamente cerca de 800.000

ovos nas fezes. O bovino, que é o hospedeiro intermediário desta parasitose, é infectado quando ingere água, pastagens ou outros alimentos contaminados por fezes de pessoas portadoras do cestódeo. No interior do intestino do bovino, os ovos liberam formas larvares infectantes (metacestódeos) do parasito, e estas ao atravessarem a parede intestinal do bovino, ganham a circulação e migram para os tecidos (larva migrans), onde se encistam e formam os cisticercos (Cysticercus bovis) (URQUHART et al., 1998).

Cérebro, vísceras e os músculos masseteres, coração, diafragma, língua, peitorais e psoas são os tecidos de predileção dos cisticercos (ALMEIDA et al., 2006).

Ao ingerir carne crua ou insuficientemente cozida, parasitada pelo metacestóide, o escólex se desenvagina por ação da bile no homem, fixando-se no intestino delgado, onde se torna adulto em três meses, dando início a liberação de proglótides grávidas dentro de 60 a 70 dias (REY, 2001).

Outras formas de contrair a cisticercose é através da auto-infecção pelas mãos contaminadas diretamente na boca, alimentos ou água contaminados, podendo ocorrer ainda porondas antiperistálticas onde os ovos alcançarão o estômago e sofrerão eclosão (FORTES, 1997).

O solo e os alimentos podem ser contaminados por fezes humanas eliminadas diretamente nos campos em áreas pouco desenvolvidas, onde existe uma estreita promiscuidade entre a população humana e seus animais. No caso particular da T. saginata, a permanente eliminação involuntária de proglotes pode levar, através das mãos de ordenhadores, à contaminação dos tetos das vacas e, assim, transmitir a doença ao bezerro (MANHOSO & PRATA, 2004).

Ocorre também altos percentuais de carcaças contaminadas provenientes de confinamento, que pode ser explicado pelo intenso contato humano na manipulação das dietas, pela qualidade da água oferecida aos animais e pela correlação positiva que a teníase humana e cisticercose bovina apresentam (MELLO, 2010).

Outra forma de contaminação do solo e alimentos se dá quando excretas humanas (efluentes), inadequadamente tratadas, são lançadas nos mananciais de água, ou utilizados como fertilizantes na adubação de pastagens ou na irrigação de culturas (FUKUDA, 2003).

Também quando insetos e anelídeos (minhocas) que entraram em contato com fezes contaminadas transportam mecanicamente os ovos, contribuindo para sua disseminação. Ainda pelo mesmo mecanismo, quando animais vertebrados envolvem-se

neste processo de transporte, especialmente algumas aves (gaivotas, gralhas e pardais) que, após alimentarem-se em esgotos lançados ao mar, ou em outros redutos de esgoto não tratado, vão contaminar as pastagens com ovos que passam pelo seu tubo digestivo sem sofrerem qualquer alteração (MANHOSO, 2003).

Estes parasitas, embora sofrendo influência dos mecanismos biológicos de fermentação e putrefação, resistem à maioria dos processos de digestão usualmente adotados para a depuração de esgotos, sendo encontrados no líquido decantado dos tanques de sedimentação resistindo ao processo de fermentação que se desenvolve no sistema de lodos ativados, cujo produto denominado seco é utilizado como fertilizante (SOULSBY, 1975).

Estudos realizados por Barbosa et al., (2001) na cidade de Jaboticabal, comprovaram que os animais tratados com água do córrego local tiveram um aumento determinante no índice de infecção por Taenia

sp., quando comparados aos tratados com água potável.

2.2 Manifestação Clínica

A doença nos animais é geralmente assintomática, não havendo manifestações clínicas ou econômicas ao olho do produtor nos animais ainda vivos. Os impactos somente serão percebidos após o abate, nas linhas de inspeção. Nesse momento, já não é possível fazer qualquer tipo de tratamento dos animais e a condenação parcial ou total das carcaças acometidas implicará em prejuízos ao produtor (MELLO, 2010).

Acha & Szyfres (1996), em estudo com infestação experimental de bovinos com altas doses de ovos de T. saginata observaram febre, debilidade, sialorréia, anorexia e rigidez muscular nos bovinos estudados sendo evidente a impossibilidade do estabelecimento de um diagnóstico clínico definitivo da cisticercose, em razão de ser o quadro sintomatológico muito inespecífico.

Os cisticercos podem se extinguir em todas as fases de desenvolvimento do animal, podendo se calcificar, serem absorvidos ou substituídos por tecidos de granulação e, 14 dias após a morte do animal, os cisticercos vivos se extinguem da musculatura (ARCARI, 2008).

2.3 Diagnóstico e destino das carcaças

Atualmente o recurso de maior expressão é a inspeção de carnes com exame post mortem criterioso, o julgamento correto e o saneamento adequado das carcaças parasitadas. Assim, a inspeção da carne é a medida direta de maior importância na prevenção da teníase, pois apesar de suas limitações a inspeção identifica bem as carcaças com infecções intensas e leves, e serve também como advertência precoce de infecção em uma localidade (SOUZA et al., 2007).

No “post morten” examina-se a língua e o coração, logo que o animal é eviscerado e também o músculo masseter na inspeção da cabeça. Faz-se um

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corte longitudinal na face ventral da língua, e observação rigorosa do coração com vários cortes longitudinais. Mesmo não encontrando cisticercos, a inspeção prossegue, fazendo-se cortes profundos nos masseteres (maxilar inferior), músculos peitorais, cervicais e psoas. Nada sendo encontrado, a carne será considerada isenta de cisticercose e entregue ao consumo (COSTA, 2003).

Foi comparado por Fukuda et al. (1998), técnicas de inspeção do diafragma para o diagnóstico da cisticercose bovina e puderam concluir que o exame dessa região, quando realizado na mesa de inspeção, apresentou uma eficácia maior quando comparado ao exame tradicional feito junto à carcaça, contribuindo assim para um aumento de 15,48% dos casos da enfermidade em questão.

Durante a inspeção post-mortem de carcaças e vísceras, o médico veterinário e auxiliares de inspeção, podem se deparar com diferentes formas de apresentação de cisticerco, desde viáveis (císticos) ou degenerados (calcificados), à localizados ou generalizados de acordo com o aspecto larvar e a sua distribuição na carcaça (BIONDI et al., 2000).

Nesses casos, as carcaças e órgãos são encaminhados ao Departamento de Inspeção Final (DIF), onde é feita uma inspeção rigorosa dos achados post-mortem, que leva, dependendo do desenvolvimento da doença e do nível de infestação, ao destino adequado de tal carcaça, sempre de acordo com o Artigo 176 do Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (BRASIL, 1997).

Podem ocorrer ainda algumas lesões macroscópicas que se apresentam com aspectos muito parecidos levando a dificuldades no diagnóstico, devendo-se neste caso recorrer a exames complementares como, por exemplo, o histopatológico (ALMEIDA et al., 2006).

Isso tudo, leva a perdas na lucratividade do frigorífico, por gastos adicionais com exames, tratamento pelo frio, pelo calor ou salga das carcaças que, normalmente poderiam ser destinados ao consumo imediato se não fossem encontradas tais lesões (QUEIROZ et al., 2000).

Serão condenadas as carcaças com infestações intensas pelo “Cysticercus bovis”, quando o número de cisticercos ultrapassarem a palma da mão. Já quando forem encontrados esporádicos, vivos ou calcificados faz-se a rejeição parcial da parte atingida, e quando se verifica infestação discreta ou moderada, as carcaças são recolhidas às câmaras frigoríficas ou desossadas e a carne tratada por salmoura, pelo prazo mínimo de 21 dias (BRASIL, 1997).

2.4 Estudos de prevalência

Através de um levantamento junto aos frigoríficos com Inspeção Federal no estado de São Paulo, Fukuda et al. (2003), registraram que dos bovinos abatidos, 4,63% estavam parasitados por cisticercose, e que 26,36% eram cisticercos vivos e 73,64% calcificados. Também em um frigorífico de

Barretos (SP), no período de 1993 a 2001, eles determinaram a prevalência de 5,73% de cisticercose nos animais abatidos, sendo 35,72% na forma viva e 64,28% calcificada.

Manhoso (1996), avaliando os dados estatísticos do Serviço de Inspeção Federal em estabelecimento localizado no Município de Tupã/SP, observou que a cisticercose bovina foi a principal causa de apreensão de carcaças. Para o ano de 1992 foram registrados 12,5% de casos positivos para a enfermidade, já para o ano de 1993, a prevalência foi de 10,7%.

Em um frigorífico de Uberlândia (MG) a prevalência de cisticercose bovina no período de 1994 a 1998 foi de 3,20% (REIS & RAGHIANTE, 2000). E a ocorrência de cisticercose em 60 animais abatidos clandestinamente, no município de Silva Jardim (RJ) foi de 21,67% (FERNANDEZ & REZENDE, 2001).

Já em um frigorífico de Barra do Garças (MT) o índice de prevalência de cisticercose bovina no período de janeiro a dezembro de 2007 foi de 0,11% para 14.248 animais abatidos (RÖBL et al., 2009). E em outro estudo em 20 municípios do estado de Mato Grosso, Lima et al., (2011) observaram que de um total de 429.370 animais abatidos no período de 2007 a 2008, 0,063% apresentaram parasitismo para

Cisticercus bovis, destes 24,54% cisticercos vivos e

75,46% cisticercos calcificados.

As regiões anatômicas mais afetadas pelos cisticercos são a cabeça (34,32%) e o coração (63,68%), correspondendo a uma prevalência de 98% (MANHOSO, 1996). Já Almeida et al. (2002), verificaram que os cisticercos se localizavam mais frequentemente nos músculos masseteres (52%) e no coração (42,5%), e Santos (2002), ainda observou percentuais de 3,26% nos músculos mastigatórios, 1,63% no coração, 0,46% na língua e 0,46% no diafragma.

Quanto a sua viabilidade, Manhoso (1996) observou percentuais médios de 10,92% de cisticercose viva, e 89,08% de cisticercose calcificada. Santos (2002), observou prevalência de 24% de cisticercos vivos e 76% de cisticercos degenerados, e Almeida et al. (2002), observaram 3,9% de ocorrência de cisticercose viva e 6,09% de calcificada.

Os dados obtidos em matadouros são medida de controle e diagnóstico para a cisticercose bovina, porém deve-se conhecer a origem do lote para poder vincular justificativas para a infecção do animal. 2.5 Tratamento

O tratamento da cisticercose bovina é caracterizado pela utilização de vermífugos que se apresentem efetivos contra os cisticercos e sejam economicamente viáveis, quebrando assim o ciclo e tendo um grande significado social, não apenas como elemento de prevenção da teníase humana, mas também como fator de produtividade dos rebanhos (MELLO, 2006).

O principal anti-helmíntico recomendado para bovinos é o sulfóxido de albendazole que possui menor

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toxicidade e pode ser utilizado também em infecções sistêmicas (ARAÚJO, 2005).

A eficácia do sulfóxido de albendazole 10% foi comprovada, sendo superior a 98,8% como anti-helmíntico (COSTA et al., 1999) com 86,7% de eficácia para degeneração e/ou calcificação dos cistos de Cysticercus bovis (BARBOSA et al., 2003).

2.6 Prevenção

A profilaxia da cisticercose fundamenta-se na interrupção da cadeia de transmissão da doença impedindo que o homem adquira teníase, e na prevenção da ingestão de ovos da tênia pelos hospedeiros intermediários, como os bovinos (CORRÊA et al., 1997).

Deve-se identificar os portadores de tênia por meio de uma ação global de diagnóstico de toda a população humana, o que se configura como um procedimento oneroso e de difícil operacionalidade. Um procedimento estratégico seria envolver os sistemas de saúde humana e animal, objetivando, inicialmente, a localização das propriedades de origem dos animais com cisticercose, e num segundo passo, o exame diagnóstico de todo o pessoal do grupo de risco da correspondente área (VILLA, 1995).

O saneamento ambiental, particularmente com vistas ao destino e tratamento adequado das excretas humana e uso obrigatório de fossas quando da ausência do mesmo, é de fundamental importância. Nas regiões onde existe rede de esgoto é necessário garantir a esterilização parasitária das águas residuais antes que estas venham a ser lançadas nos cursos de água, nos campos de cultura ou criação (ARCARI, 2008).

Deve-se investir na educação sanitária do homem, para que este tenha conhecimento do ciclo biológico e assim evite defecar em locais inapropriados, além de adquirir hábitos higiênicos adequados como: lavar frutas e verduras e evitar uso de água de procedência duvidosa bem como evitar de ingerir carne bovina crua ou mal cozida (cisticerco morre a temperatura de 50ºC no interior da carne) (REY, 2001).

Humanos infectados com tênias adultas devem ser tratados o mais rapidamente possível, pois são disseminadores de ovos, e assim transmitem a cisticercose para bovinos (Neves et al., 1998).

Nos abatedouros, a inspeção das carcaças têm grande importância no controle do complexo teníase/cisticercose em uma população, e com este monitoramento é possível detectar área onde a teníase humana apresenta índices maiores, sendo assim um instrumento da profilaxia e vigilância epidemiológica de doenças (PARDI et al., 1991).

Observa-se ainda a necessidade de orientação sanitária da comunidade acerca dos procedimentos necessários ao controle efetivo do complexo teníase-cisticercose, principalmente no que se refere ao consumo de carnes de origem conhecida, ou seja, devidamente inspecionada por Médico Veterinário, em que é realizado um efetivo controle sanitário, dando destino adequado aos produtos, impedindo que esses

cheguem ao consumo ou submetendo-se ao tratamento preconizado pela legislação (MANHOSO, 2003). 2.7 Importância Econômica

É de suma importância o desenvolvimento de um programa de sanidade animal, para o controle de enfermidades que causam perda de produção e produtividade à pecuária nacional e oferecem riscos à saúde do homem (LYRA & SILVA, 2002).

A cisticercose bovina ocupa um lugar de destaque na economia nacional, observando-se elevação no número de casos de bovinos abatidos com a doença. Nesse sentido, a matança clandestina de animais é um problema grave, já que nesse tipo de abate a carne não é submetida a controle sanitário e sua comercialização coloca em risco a saúde do consumidor (MELLO, 2006), causando perdas econômicas significativas ocasionadas pelas condenações parciais (tratamento pelo frio ou salga) ou totais (graxaria) de carcaças cisticercósicas, conforme as recomendações contidas no RIISPOA (BRASIL, 1971).

De acordo com Guirra (2002), os prejuízos estimados em casos de cisticercose viva corresponde a 30% a menos do preço do bovino abatido que hoje em dia está em torno de R$ 1.000,00 a R$ 1.500,00.

As maiores perdas originam-se da condenação de carcaças intensamente infectadas juntamente com seus respectivos órgãos, os custos do tratamento de carcaças levemente infectadas, e perda no valor destas carcaças de acordo com o tratamento. Além disso, pode originar restrições na exportação e prováveis efeitos inibidores na intensificação da criação de gado (FUKUDA, 2003).

A desconfiguração (fatiamento) da carcaça na procura por cisticercos, a retirada das áreas que contém os cistos, a depreciação praticada pelo frigorífico em virtude do sequestro de carcaça ou graxaria e até mesmo na recusa por parte dos frigoríficos em receber animais de propriedade onde a prevalência é historicamente alta, leva a grandes perdas por parte tanto do produtor como no mercado nacional (COSTA, 2003).

Isso diminui a qualidade da carne para exportação e redução do consumo pelo marketing negativo que ela proporciona. As consequências do complexo teníase humana/cisticercose bovina vão além do aspecto econômico, devendo ser tratada como uma questão de saúde pública e zoonose (MELLO, 2006).

Ainda que a profilaxia da teníase e da cisticercose bovina seja de fácil execução, as medidas não são uniformemente adotadas em todas as regiões do país, e, enquanto existir a T. saginata, há de prevalecer à cisticercose bovina. Portanto, todas as ações de controle deste complexo devem complementar-se para que os resultados sejam alcançados e mantidos, e se possa, em poucos anos, evitar que os prejuízos na pecuária, e principalmente na saúde pública, continuem a representar uma realidade preocupante para o país (MANHOSO, 2003).

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O SIF funciona não somente como um órgão de inspeção, mas também como um centro detentor de dados, sobre patologias de grande importância na Saúde Pública, sua contribuição epidemiológica é fundamental, mas por não processar devidamente, estes dados inexplorados podem se perder, enquanto poderiam ser utilizados em mapeamentos epidemiológicos estaduais das enfermidades mais frequentes, auxiliando a elaboração de programas de controle e profilaxia de zoonoses mais frequentes no país, associando-se a outros órgãos de saúde municipais, estaduais ou federais (Pereira et al., 2006). 3. CONSIDERAÇÕES GERAIS

Após estudo do complexo teníase-cisticercose observou-se a real importância dessa zoonose devendo-se investir em educação higiênico-sanitária da população, motivando hábitos adequados levando assim a uma diminuição da incidência da cisticercose bovina e também de casos de teníase e cisticercose humana.

Outro fator importante é o combate ao abate clandestino (sem inspeção), uma vez que o consumo de carnes procedentes de locais sem inspeção sanitária, onde não se faz a busca por cisticercos nas carcaças, impossibilita o controle de disseminação não só do complexo teníase/cisticercose, como também de outras doenças de interesse e risco para a saúde pública.

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Referências

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