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Paralisia Do Sono

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Academic year: 2021

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Algumas pessoas relatam que, às vezes, sofrem uma paralisia corporal ao se deitarem para dormir. Algumas pessoas relatam que, às vezes, sofrem uma paralisia corporal ao se deitarem para dormir. Afirmam que, deitadas, perdem os movimentos e a capacidade de falar, ficando com o corpo pesado e Afirmam que, deitadas, perdem os movimentos e a capacidade de falar, ficando com o corpo pesado e

“duro”, preso à

“duro”, preso à cama. Então, dizem, ouvem vozes, escutamcama. Então, dizem, ouvem vozes, escutampassos, vêem estranhas cenas ou pessoas epassos, vêem estranhas cenas ou pessoas e

de desesperam. de desesperam.

Como nossa cultura não é, infelizmente, amadurecida no campo onírico e nem tampouco para o contato Como nossa cultura não é, infelizmente, amadurecida no campo onírico e nem tampouco para o contato com o mundo do inconsciente, não somos preparados para experiências desta natureza. Como resultado, com o mundo do inconsciente, não somos preparados para experiências desta natureza. Como resultado, não sabemos o que fazer quando caímos na paralisia do sono, sendo tomados pelo medo.

não sabemos o que fazer quando caímos na paralisia do sono, sendo tomados pelo medo.

Alguns experimentam intenso terror, supondo que estão enlouquecendo ou prestes a morrer. Outros, Alguns experimentam intenso terror, supondo que estão enlouquecendo ou prestes a morrer. Outros,

supersticiosos, crêem que o “diabo” os persegue e até que

supersticiosos, crêem que o “diabo” os persegue e até que os sufoca.os sufoca.

O medo se deve ao desconhecimento. Na

O medo se deve ao desconhecimento. Na verdade, a paralisia do sono corresponde a um estado nãoverdade, a paralisia do sono corresponde a um estado não usual de consciência no qual atingimos lucidamente o limiar entre a vigília e o sonho. Em outras palavras: usual de consciência no qual atingimos lucidamente o limiar entre a vigília e o sonho. Em outras palavras: nossa consciência se encontra em um ponto limítrofe entre o mundo vígil e o mundo onírico.

nossa consciência se encontra em um ponto limítrofe entre o mundo vígil e o mundo onírico.

Obviamente, não estou me referindo à narcolepsia ou a estados patológicos similares, nos quais a pessoa Obviamente, não estou me referindo à narcolepsia ou a estados patológicos similares, nos quais a pessoa desfalece mantendo a consciência em situações arriscadas como durante o trabalho ou no trânsito.

desfalece mantendo a consciência em situações arriscadas como durante o trabalho ou no trânsito. Refiro-me apenas à paralisia que algumas vezes enfrentamos durante estados de relaxamento profundo, Refiro-me apenas à paralisia que algumas vezes enfrentamos durante estados de relaxamento profundo, logo após nos deitarmos ou acordarmos pela manhã.

logo após nos deitarmos ou acordarmos pela manhã.

Não devemos confundir a paralisia do sono, que é inofensiva, com narcolepsia, que é um distúrbio. Não devemos confundir a paralisia do sono, que é inofensiva, com narcolepsia, que é um distúrbio. É importante diferenciar o patológico do inócuo. A inofensiva paralisia analisada aqui surge quando nos É importante diferenciar o patológico do inócuo. A inofensiva paralisia analisada aqui surge quando nos

acomodamos para relaxar, dormir ou “tirar um cochilo”. Ocorre em situações facilitadoras do sono, acomodamos para relaxar, dormir ou “tirar um cochilo”. Ocorre em situações facilitadoras do sono,

podendo aparecer na fase inicial ou final deste.

podendo aparecer na fase inicial ou final deste. Não se impõe contra a nossa vontade Não se impõe contra a nossa vontade em situaçõesem situações inadequadas ou de risco, como durante o ato de dirigir ou trabalhar.

inadequadas ou de risco, como durante o ato de dirigir ou trabalhar.

Esse estado limítrofe nos oferece a oportunidade de experimentar um tipo especial d sonho: o sonho Esse estado limítrofe nos oferece a oportunidade de experimentar um tipo especial d sonho: o sonho lúcido. Se, ao invés de nos

lúcido. Se, ao invés de nos deixarmos tomar pelo medo, soubermos aproveitar a situação de imobilidadedeixarmos tomar pelo medo, soubermos aproveitar a situação de imobilidade para trabalhar com a imaginação, adentraremos conscientemente ao nosso mundo dos sonhos.

para trabalhar com a imaginação, adentraremos conscientemente ao nosso mundo dos sonhos. Durante a paralisia do sono, estamos às portas

Durante a paralisia do sono, estamos às portas do nosso universo onírico. Em tal fase, podemos reverterdo nosso universo onírico. Em tal fase, podemos reverter o processo letárgico ou dar-lhe continuidade.Se nos aterrorizarmos ante a impossibilidade de movimento o processo letárgico ou dar-lhe continuidade.Se nos aterrorizarmos ante a impossibilidade de movimento e as percepções alteradas, o reverteremos. Se nos mantivermos tranqüilos e permitirmos que o processo e as percepções alteradas, o reverteremos. Se nos mantivermos tranqüilos e permitirmos que o processo natural do sono tenha continuidade, teremos a experiência fantástica do sonho lúcido. É uma experiência natural do sono tenha continuidade, teremos a experiência fantástica do sonho lúcido. É uma experiência cobiçada por muitos.

cobiçada por muitos.

Nos sonhos normais, nunca percebemos que estamos sonhando. Sempre acreditamos estar acordados: Nos sonhos normais, nunca percebemos que estamos sonhando. Sempre acreditamos estar acordados: fugimos dos perigos, nos preocupamos em resolver os problemas com

fugimos dos perigos, nos preocupamos em resolver os problemas com os quais nos deparamos,os quais nos deparamos, tememos as reações das pessoas e animais

tememos as reações das pessoas e animais com os quais estamos sonhando, etc.com os quais estamos sonhando, etc. No sonho lúcido, esta falta de discernimento não existe.

No sonho lúcido, esta falta de discernimento não existe. O sonhador compreende que está sonhando eO sonhador compreende que está sonhando e age de acordo com esta compreensão.

age de acordo com esta compreensão.

Durante a fase intermediária entre o sono e a

Durante a fase intermediária entre o sono e a vigília, começamos a ter percepções alteradas, os pvigília, começamos a ter percepções alteradas, os primeirosrimeiros contatos imediatos com o mundo fantástico. Os nossos pensamentos adquirem alto grau de nitidez e contatos imediatos com o mundo fantástico. Os nossos pensamentos adquirem alto grau de nitidez e podem ser vistos e ouvidos como se

podem ser vistos e ouvidos como se pertencessem ao mundo exterior. As vozes, sons, imagens e toquespertencessem ao mundo exterior. As vozes, sons, imagens e toques que percebemos são imaginais, isto é,

que percebemos são imaginais, isto é, são formas mentais. Não obstante, seu impacto realístico e nitidezsão formas mentais. Não obstante, seu impacto realístico e nitidez (numinosidade) são intensos e espantam as pessoas que ainda não estão familiarizadas com isso.

(numinosidade) são intensos e espantam as pessoas que ainda não estão familiarizadas com isso. Nossos medos, desejos, anelos, frustrações, etc, se corporificam em imagens mentais cujas formas Nossos medos, desejos, anelos, frustrações, etc, se corporificam em imagens mentais cujas formas apresentam afinidade com o teor dos sentimentos que as geraram.

apresentam afinidade com o teor dos sentimentos que as geraram.

Aqueles que almejam a experiência do sonho lúcido procuram induzir a paralisia do sono por meio do Aqueles que almejam a experiência do sonho lúcido procuram induzir a paralisia do sono por meio do relaxamento consciente. Ao atingi-la, saltam para o outro lado de suas existências.

relaxamento consciente. Ao atingi-la, saltam para o outro lado de suas existências.

Caso tenhamos interesse em aproveitar a paralisia corporal para obtermos uma experiência onírica Caso tenhamos interesse em aproveitar a paralisia corporal para obtermos uma experiência onírica consciente, podemos nos valer de um procedimento muito simples: uma vez atingida a imobilidade, consciente, podemos nos valer de um procedimento muito simples: uma vez atingida a imobilidade, projetamos uma imagem mental qualquer que nos agrade procurando vivenciá-la lucidamente, ou seja, projetamos uma imagem mental qualquer que nos agrade procurando vivenciá-la lucidamente, ou seja, nos empenhamos em interagir com a mesma sem perder a recordação de que é mental e onírica. Então, nos empenhamos em interagir com a mesma sem perder a recordação de que é mental e onírica. Então, logo nos vemos dentro de um sonho lúcido.

logo nos vemos dentro de um sonho lúcido.

Poderíamos dizer, em outros termos, que colaboramos conscientemente com o processo natural do Poderíamos dizer, em outros termos, que colaboramos conscientemente com o processo natural do sono-sonho ao invés de detê-lo pelo medo. Após o estado de paralisia corporal vem o estado de sono-sonho

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propriamente dito. Se vivenciarmos lucidamente as imagens mentais que se formam nesta fase inicial do sonho, logo as mesmas se apresentam ante a nossa consciência como se fossem tridimensionais. Fui procurado certa vez por um rapaz que era freqüentemente jogado na imobilidade contra a sua

vontade. Havia apelado para médios, sacerdotes e orações para resolver o “problema”. Não obteve

sucesso algum. A paralisia persistia contra todos os seus esforços e os de sua mãe em suprimi-la. O jovem estava muito preocupado. Havia sido educado na religião cristã e acreditava que as trevas fossem povoadas por entidades infernais. Temia o ataque de algum demônio na escuridão da noite. Sua mãe estava, na época, tentando contatar um exorcista.

Imaginemos por um instante seu desespero: paralisado na cama, no escuro, ouvindo vozes estranhas com intenso impacto realístico e, ainda por cima, sentido-se prestes a ser atacado por um demônio sem poder mover-se ou fugir.

Instruí o rapaz a respeito da paralisia e indiquei-lhe alguns textos para leitura. Fizemos juntos uma análise de suas crenças religiosas, do teor das percepções alteradas que experimentava, da natureza dos

sonhos, do mundo inconsciente e do que a paralisia significava em outras culturas diferentes daquela em que ele vivia. Ele logo ficou tranqüilizado e feliz. Começou a aproveitar a situação de i mobilidade para ter sonhos lúcidos e, hoje, chega a se lamentar quando não a atinge. O “problema” se transformou em algo

desejável ao encontrar seu sentido e seu curso.

A paralisia do sono perde seu caráter terrificante quando permitimos que cumpra sua função propiciadora de experiências transcendentes.

Muitas vezes,a paralisia do sono é denominada “pesadelo”, o que nem sempre é correto. Um pesadelo é

um sonho terrível, com monstros, assassinatos, torturas, sangue, cadáveres, etc. A paralisia é a

imobilidade do corpo, a incapacidade de mover-se e de se levantar. É acompanhada por alucinações e, às vezes, pro uma pseudo-asfixia.

A pessoa corretamente instruída a respeito das etapas de instalação dos estados oníricos pode reagir com naturalidade ante a imobilidade corporal, sem desespero. Foi esse o caso de um afeiçoado aos sonhos lúcidos que estudou comigo.

O rapaz estava deitado e profundamente relaxado. De repente, sentiu que não podia se mover ou falar:

“Eu tentava falar, mas a voz não saía. Tentava levantar, mas não conseguia. Eu vi que já estava começando a dormir”.

Havia atingido paralisia e algumas percepções alteradas o assaltaram:

“Ouvi o som de passos de alguém subindo pela escada. A pessoa chegou e abriu a porta sem virar a chave. Pensei: Eu tranquei a porta. Como a pessoa conseguiu abrir?”

“Depois eu ouvi, na sala, o som de um riacho, de água… Riacho dentro da minha sala? Que absurdo! Já são as cenas do sonho”…

Em seguida, voluntária e conscientemente, o estudante se imagina em pé, diante da porta. A imagem onírica da porta e de sua pessoa em pé se concretizam ante sua consciência. Ele está lá, frente à porta, vivenciando a cena com o mesmo impacto realístico que teria se pertencesse ao mundo vígil. Não obstante, sabia que seu corpo dormia e que experimentava um estado de realidade incomum:

“Como sabia que estava dormindo concluí que só podia estar dentro de um sonho e resolvi aproveitar para brincar”.

“Abri a porta e saí. Ao invés de descer a escada e ir para a rua, para fora, eu fui para o quintal. No quintal,

sabendo que estava em um sonho tentei flutuar. Não consegui”.

“Tentei mais uma vez, não consegui de novo. Eu estava eufórico pela sensação de poder voar então resolvi me acalmar”.

Tentei, com toda a calma e lentidão, flutuar levemente e bem baixo. Consegui! Flutuei até a laje da minha casa. Olhei ao redor. Tudo estava igual. Olhei o céu: tinha nuvens e, mesmo assim, era um sonho! Eu

sabia que estava dormindo”.

“Então, agora confiante, corri e dei um grande salto do alto da laje, sem medo. Comecei a subir com uma

velocidade enorme! Um vento bem real começou a soprar contra o meu rosto, que nem quando a gente

anda de carro rápido e põe a cara prá fora”.

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Neste caso, a paralisia possuía um significado especial para o sonhador, que a via como um indicador de que o estado onírico se aproximava. Era o sinal de que iniciaria uma viagem através da noite, de que a hora de passear pelo mundo interior havia chegado.

Além do mundo usual da vigília há um outro mundo: o dos sonhos.É um mundo que pertence à dimensão do inconsciente, sendo constituído por imaginações espontâneas, anelos, desejos, recordações,

traumas… Na fase da paralisia, estamos às portas desse estado de realidade i ncomum. As culturas

antigas, primitivas e orientais desenvolveram, ao longo da história, métodos para colocar a consciência em contato direto e seguro com esse mundo misteriosos.

O mundo dos sonhos é real à sua própria maneira, infelizmente, nós, ocidentais modernos, somos ainda muito atrasados nesse campo. Preferimos evitar a espinhosa questão relacionada com a concretude da psique a encarar a crua realidade do mundo onírico.

Originalmente escrito em http://www.jornalinfinito.com.br/series.asp?cod=21, colocado com permissão do autor.

Referências

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