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ARQUEOLOGIA DO PLANALTO SUL-BRASILEIRO

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Academic year: 2021

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Pedro lgnácio SCHMITZ*

Resumo

As populações ceramistas da tradição Taquara/ ltararé, presentes no sul do Brasil a partir do segundo século da nossa era, apresentam formas de assentamento distintas de acordo com os ambientes em que se estabeleceram: um é o assentamento das terras altas e frias com abundantes produtos naturais, outro o da borda do altiplano, de clima ameno e solos férteis, um terceiro no litoral atlântico, rico em peixes, moluscos e crustáceos. As três formas são parte de um mesmo sistema de assentamento, iniciado nas terras altas e posteriormente expandindo até a borda e o litoral. Dentro do território em· que estas formas aparecem se notam claras variações, atribuíveis à divisão social e à distinta apropriação do meio ambiente. A parte central do território não apresenta inclusões de outras povoações, enquanto que na periferia é possível observar acordos e compromissos com a população horticultora mais desenvolvida, assim como com caçadores, recoletores e pescadores.

Resumen

Arqueología dei Altiplano Brasileflo. Las poblaciones alfareras de la tradición

Taquara/ltararé, presentes en el Sur de Brasil a partir dei segundo siglo de nuestra era, presentan formas de asentamiento distintas de conformidad con los ambientes en que se establecieron: uno es el asentamiento en las tierras altas y frías con abundantes productos naturales, otro el dei borde dei altipla- no, de clima ameno y suelos fértiles, un tercero el dei litoral atlántico, rico en pescado, moluscos

y

crustáceos. Las tres formas son parte de un mismo sistema de asentamiento, iniciado en las tierras altas y posteriormente ex- • Instituto Anchietano de Pesquisas/UNISINOS. Bolsista do CNPq, correo electrónico:

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pandido hacia el borde y el litoral. Dentro dei territorio en que estas formas aparecen se notan claras variaciones, atribuibles a la división social y a la distinta apropriación dei media ambiente. La parte central dei territorio no presenta inclusiones de otras poblaciones, mientras que en la periferia es posible observar acuerdos y compromisos con una población horticultora más desarrollada y a su vez con cazadores, recolectores y pescadores. Abstract

The Archaeology of the Plateau of Southern Brazil. The potters of the Taquara/

ltararé tradition living in southern Brazil since the second century A.O., adopted different settlement íorms in different environments: one in the cold and rich highlands, another on the pleasent and fertile slope, a third one on the atlantic shore with plenty of fishes, molluscs and crabs. AII these forms are part of the sarne settlement system bom in the highlands and which later expanded to the slope and the seashore. lnside the territory we perceive clear variations as responses to social divisions and different environments. The territory's core area does not present any important penetration by alien people, while on its borders can be seen accomodations and compromises with more advanced horticulturalists and various hunters, gatherers and fishers.

Résumé

L.:archéologie du plateau du sud du Brésil. Les potiers de la tradition Taquara/

ltararé qui vivaient dans le sud du Brésil depuis le deuxiàme siàcle apràs J.C. adoptàrent des modes d'établissement différents selon les environnements qu'ils occupaient: un mode pour les hautes terras froides et riches, un autre pour les pentes fertiles et plaisantes, et un troisiàme pour la côte atlantique recelant de poisson, de mollusques et de crabes. Tous ces modes d'établissement font partie d'un même systàme d'établissement, né sur les hautes terres pour venir éventuellement s'établir dans les plaines et sur le littoral. À l'intérieur du territoire nous notons des variations

três

nettes qui sont des réponses à des divisions sociales et à des différences environnementales. Le cc:eur du territoire ne présente aucune évidence de pénétration par des peuples étrangers, tandis que dans les zones frontaliêres on peut voir des accommodations et des compromis effectués avec des horticulteurs plus avancés et différents groupes de chasseurs, cueilleurs et pêcheurs.

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O problema

O planalto sul-brasileiro, entre o trópico do Capricórnio e os 30º de latitude sul, apresenta uma arqueologia caracterizada por numerosas casas

subterrâneas, superficialmente percebidas como buracos de forma cilíndrica

ou hemisférica, escavadas em bosques de Floresta Ombrófila Mista com predominância visual de Araucaria angustifolia, ou nos campos ondulados que os permeiam. Os sítios localizam-se nos interflúvios, longe dos rios, mas próximos a vertentes e córregos de águas perenes.

São parte do assentamento de populações ceramistas, cultivadoras, cujos inícios são colocados no segundo século de nossa era e cujos assentamentos tardios são datados do fim do século XVI, ou ainda mais tarde. Partilham uma tradição cerâmica, composta por vasilhame utilitário, de tamanho pequeno, denominada Taquara/ltararé.

Como foram reconhecidas inicialmente numa altitude e latitude em que o frio do inverno é bastante sensível, a ponto de marcar a vegetação, desde as primeiras pesquisas essas casas subterrâneas foram pensadas como mecanismos de adaptação ao frio.

A hipótese ganhou consistência quando assentamentos superficiais com a mesma cerâmica e outros elementos dos sítios do planalto apareceram em áreas contíguas, de menor altitude e, por isso, menos frias e de vegetação mais fechada. Esses novos sítios foram encontrados em áreas de influência mais direta dos rios maiores, que drenam o planalto, como também na encosta do planalto, na planície costeira e diretamente na praia do Atlântico.

As informações sobre a área arqueológica são abundantes. Pretendemos olhar os sítios sob três aspectos: formas de assentamento, território ocupado, contato com outros grupos.

Para caracterizar as formas de assentamento valêmo-nos das descrições produzidas pelos autores de alguns dos projetos e de nossas próprias experiências. Nosso interesse não está centrado na descrição detalhada de cada um dos fenômenos anotados em cada sítio, mas na combinação de vários deles formando assentamentos e dos assentamentos ocupando determinados espaços.

Como território consideramos o espaço sobre o qual os assentamentos estão espalhados. Um território pode, teoricamente, apresentar uma distribuição indiferenciada de assentamentos do mesmo tipo, como talvez tenha acontecido com a população de tradição cerâmica Tupiguarani, a qual colonizou sistematicamente a Floresta Estacionai Semidecidual e Decidual, que cerca o planalto, no qual se encontram as casas subterrâneas; ou pode apresentar formas de assentamento diferenciadas, entre outras razões, porque o ambiente ocupado oferece variações. Um sistema arqueológico pode ter- se estruturado em determinado ambiente e ter-se expandido para ambiente diferente, produzindo novo tipo de assentamento em razão do ambiente novo,

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de uma forma nova de exploração econômica, ou nova organização social. Os assentamentos desse ambiente podem ser complementares aos do espaço inicial, servir de proteção para o mesmo, ou esvaziá-lo através de uma migração. O espaço que oferece recursos essenciais, não substituíveis, para a sobrevivência do grupo, costuma ser claramente identificado e intransigentemente defendido, investindo-se energia em sua instalação e preservação (Dyson-Hudson & Smith, 1978).

A expansão para ambiente periférico ao hábitat original facilmente encontra competidores pelo mesmo espaço, dando origem a fenômenos de fronteira, que podem ser de caráter pacífico ou bélico, de enfrentamento igual ou desigual, de aceitação bilateral ou unilateral (Barth, 1998; Babinski, 1986).

Com os dados e experiências disponíveis fazemos considerações sobre os processos de constituição, diferenciação e expansão dos assentamentos ligados aos grupos humanos portadores da tradição cerâmica Taquara/ltararé. A temática é nova na área e os resultados são, mais que nada, sugestões de pesquisa.

O ambiente

A superfície sobre a qual se encontram espalhados os assentamentos da tradição Taquara/ltararé está localizada entre o trópico do Capricórnio e os 30º de latitude Sul, entre o oceano Atlântico e o rio Paraná. A altitude varia do nível do mar até 1200 m. O relevo é marcado por uma estreita planície costeira, uma abrupta escarpa do planalto ou da Serra do Mar, terrenos altos denominados Planalto Sul-brasileiro, que se inclinam, de forma geral, de leste para oeste. A drenagem das superfícies elevadas é feita predominantemente por rios da bacia do Paraná, que correm para oeste, e por outros, menores, que fluem para o leste ou o sul e desaguam diretamente no oceano. Todos esses rios abrem caminhos entre o planalto e os terrenos circundantes, a

leste, sul ·~ oeste. ··· ---- ··

O clima da região é Mesotérmico do tipo Temperado. A média anual da temperatura é de 14 a 18º C nos terrenos altos e de 18 a 22º C em altitudes menores até o nível do mar. As temperaturas anuais máximas absolutas são de 34º C no planalto e de 40º C nas áreas baixas. A média das mínimas diárias no inverno vai de 6 a 1 Oº C no planalto, um pouco menos nas áreas circundantes. Noites frias, com temperatura de Oº C ou menos, são 5 a 1

o

por ano. A mínima absoluta pode chegar a-10º C. No planalto, a ocorrência média de geada, por ano, é de 1 O a 30 dias, havendo, esporadicamente, quedas de neve nas cotas mais elevadas.

A precipitação pluviométrica situa-se entre 1500 e 2000 mm. As chuvas são anuais, sem período seco, variando a precipitação de acordo com a altitude e o relevo (Nimer, 1990).

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A vegetação responde ao relevo, apresentando as seguintes formações: nos terrenos altos, Floresta Ombrófila Mista (com Araucaria angustifolia), entremeada de campos; junto à escarpa do Planalto voltada para o Oceano e na Serra do Mar, Floresta Ombrófila Densa; Floresta Estacionai Semidecidual no noroeste da região, já sob influência do Brasil Central; Floresta Estacionai Decidual na encosta do planalto, no sudeste e no sul; e formações litorâneas (Leite & Klein, 1990).

As disponibilidades de recursos para instalação de grupos humanos são diferentes nos diversos ambientes.

Nas superfícies onduladas do planalto, com bosques de Floresta Ombrófila Mista e campos de altitude, talvez o recurso alimentar mais abundante e nutritivo seja o pinhão da Araucaria angustifolia, que amadurece no começo do outono e não atrai só o Homem, mas também variadas espécies de animais, entre mamíferos e aves; os campos complementam esta fauna com cervídeos, emas e aves campestres. Os solos são de fertilidade variada e as baixas temperaturas limitam os cultivos em espécies e rendimento. O manejo desses recursos permitiu a instalação, primeiro, de ralas populações caçadoras- coletoras pré-cerâmicas da tradição lítica Umbu, depois o domínio denso e exclusivo dos forrageiros-plantadores da tradição Taquara/ltararé, com inúmeras casas subterrâneas. São pouco estudados eventuais contatos entre as duas ocupações.

Nos vales dos rios maiores e na encosta do planalto e da Serra do Mar, em áreas de Floresta Ombrófila Densa, de Floresta Estacionai Semidecidual e Decidual, os frutos naturais parecem mais restritos e menos nutritivos, mas existe abundante caça, possibilidade de pesca e melhores condições de solo e clima para cultivos variados. Na encosta do planalto são encontrados numerosos abrigos rochosos, que podem oferecer proteção para os vivos e lugar de descanço para os falecidos. Nesse ambiente diversas populações se instalaram: primeiro caçadores-coletores pré-cerâmicos das tradições líticas Umbu e Humaitá, depois horticultores da tradiçãoTaquara/ltararé (sem

casas subterrâneas) expandidas a partir de seu núcleo no planalto, mas

também os horticultores fortemente expansivos da tradição cerâmica Tupiguarani. Certamente estas ocupações não coincidiam no mesmo espaço e no mesmo tempo, mas a proximidade produziu contatos manifestos entre os diversos ocupantes, tanto os caçadores-coletores entre si num tempo, quanto com os horticultores da tradição Taquara/ltararé num outro e mais ainda os dois grupos horticultores entre si. Quando, depois, falamos em fronteiras, esta é uma área, em que o fenômeno pode ser bem observado.

O terceiro ambiente é a planície litorânea do Atlântico, com suas praias, suas lagoas, seus juncais, seus mangues e sua floresta de restinga. Nesse ambiente é notória a riqueza da vida aquática com seus peixes, crustáceos, moluscos, mamíferos e aves, mas tão pouco são desprezíveis os recursos de terra com frutos da mata e a possibilidade de cultivos. Este espaço foi

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ocupado durante milhares de anos por populações pré-cerâmicas pescadoras- coletoras-caçadoras, que construiram imensos concheiros. A partir do fim do primeiro milênio de nossa era encontramos, nos insterstícios dos espaços ocupados pelos pescadores-coletores-caçadores litorâneos, também assentamentos superficiais, estáveis e estacionais, da tradição· cerâmica Taquara/ltararé. Mais uma área de contato entre populações, resultando em variados fenômenos de fronteira.

~s pesquisas

A pesquisa em casas subterrâneas e nos outros sítios da tradição cerâmica Taquara/ltararé começou, no Brasil, na década de sessenta e foi continuada intermitentemente durante as décadas seguintes. Ela fora antecedida por estudos feitos em Misiones argentinas. Em trabalho anterior (Schmitz, 1988) fiz uma síntese dos resultados, que uso como base para o presente artigo. Com isso me dispenso de citar novamente toda a bibliografia dispersa, aduzindo somente aquela diretamente relacionada com o tema a desenvolver.

Além do PRONAPA (Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas), coordenado por Clifford Evans e Betty J. Meggers, grupos de pesquisadores ligados a outras instituições no Rio·Grande do Sul (Instituto Anchietano de Pesquisas/UNISINOS, CEPA da Universidade de Santa Cruz do Sul, CEPA da Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul, Universidade de Caxias do Sul), de Santa Catarina (Museu de Antropologia da Universidade.Federal de Santa Catarina, Museu do Homem do Sambaqui), do Paraná (CEPA da Universidade Federal do Paraná), de São Paulo (Museu de Arqueologia ·e Etnografia da Universidade de São Paulo) ocuparam-se com o tema.

A pesquisa costumava abranger áreas definidas, nas quais se faziam levantamentos sistemáticos dos sítios, com uma certa quantidade de cortes· estratigráficos e algumas, geralmente pequenas, escavações. Só no litoral de Santa Catarina houve escavações de considerável extensão. Nos projetos ligados ao PRONAPA e em pesquisas independentes que tinham o benévolo patrocínio de seus coordenadores, se produziram datações de C14, que serviram de base para uma primeira cronologia da área. Dessa forma a pesquisa produziu amostras de todo o território, úteis para a montagem de um primeiro modelo da ocupação.

Assentamentos no planalto

Reunindo os dados conseguidos nos quatro estados do sul do Brasil e em Misiones, observou-se que na parte mais alta do planalto, entre aproximadamente 600 e 1200 m de altitude, em ambiente de Floresta Ombrófila Mista com Araucaria angustifolia existem pequenos e grandes aglomerados de casas subterrâneas, que podem estar acompanhadas por

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maior ou menor número de montículos funerários, em outros lugares por jazigos mortuários em abrigos rochosos, por montículos maiores presumivelmente de cunho ritual, espaços entaipados e ocupações superficiais. Esta área, com povoamento denso e continuado, com muito poucos elementos intrusivos, tem as datas mais antigas e pode ser considerada área central do povoamento da tradição cerâmica Taquara/ltararé. Caracterizaremos o assentamento usando os resultados de alguns desses projetos e os complementaremos com informações de outros, evitando, com isso, demasiada repetição.

Nos inícios da pesquisa (1966 a 1970) foi executado um projeto de levantamento, prospecção e escavação, que abrangeu os municípios de Caxias do Sul, Flores da Cunha, São Francisco de Paula, em altitudes entre 400 e 800 m e o de Bom Jesus, em altitudes um pouco maiores, no nordeste do Rio Grande do Sul (Schmitz e outros, 1988). Foram localizados 61 sítios, que contavam individualmente de 1 a 36 casas subterrâneas, cujos diâmetros variavam desde 1 até 18 m e profundidades de 0.20 a 6.00 m antes da escavação; alguns, também pequenos montículos. Na área mais alta, um terreno entaipado e jazigos funerários em abrigo rochoso.

Como se tratava de uma primeira aproximação foi escolhido um sítio com 36 casas e 39 pequenos montículos e pequeno terraceamento do terreno, realizando-se a escavação integral de quatro das casas e de três dos montículos.

Como amostras foram escolhidas casas de tamanho e profundidade diferentes e montículos bem marcados.

A casa maior, de 11 m de diâmetro e 4.84 m de profundidade original tinha 148 cm de camada arqueológica, fora escavada no topo aplanado de uma elevação, em terreno um pouco inclinado constituído por basalto decomposto e em decomposição, aterrando-se um pouco o lado mais baixo. O diâmetro era maior na boca do que na base por causa de pequena inclinação das paredes.

As camadas arqueológicas continham bastante carvão, alguns fragmentos de cerâmica da subtradição Taquara, lascas, fragmentos e núcleos de quartzo e basalto, além de artefatos como talhadores, raspadores e fragmentos de mão-de-pilão. Dos restos de alimentos só pinhões carbonizados. Junto da parede havia um fogão de 130 x 90 cm, de pedras sobrepostas, que viera crescendo com as camadas desde a base até 90 cm de altura. Havia outros locais de fogueiras com pedras e camadas de ocupação bem definidas.

Na borda externa da casa estavam dispostos com certa regularidade pequenos conjuntos de blocos de rocha que teriam servido para firmar os esteios ou os suportes do telhado, mas também aqui havia lugares de fogueiras.

A estrutura escavada não deixa dúvidas sobre sua função domiciliar. A data conseguida a 80-100 cm de profundidade dos entulhos é de 1480 ± 70 anos A.P. (Sl-603).

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A segunda casa escavada apresenta características semelhantes na estrutura, diferindo só no tamanho: 5.2 x 2.9 m. A camada arqueológica também era menor: 60 cm. Havia um fogão, composto por algumas pedras, junto à parede, um aglomerado de pequenos blocos no centro como apoio do esteio central e um conjunto de aglomerados semelhantes, dispostos com certa regularidade no bordo externo da casa, que seriam apoios dos esteios do telhado. Logo no começo das camadas havia um tronco queimado, orientado de um desses suportes externos para o suporte central; a sua data é de 840 ± 60 anos A.P. (Sl-606). Os artefatos e refugos em pedra eram da mesma natureza daqueles encontrados na casa anterior. Também havia pinhões carbonizados. Sobre a base foi conseguida outra data, de 1330 ± 100 anos A.P. (Sl-603), uma diferença bem grande com relação à do te1hado. A diferença pode vir de ocupações diferentes (reocupação), como também de alguma outra causa.

Também esta estrutura não deixa dúvidas sobre sua função doméstica. A terceira casa escavada, perto da primeira, apresenta estrutura parcialmente diferente. É uma depressão semi-esférica de 3.3 x 2.0 m, com uma banqueta na metade da altura. No centro da depressão há um aglomerado de blocos, como o da casa anterior e um fogão. Na periferia superior também existem alguns apoios de esteio. A camada arqueológica é menos densa, sugerindo uma ocupação menor.

A quarta casa, também próxima da primeira, é semelhante à anterior, semi-esférica, e com banqueta alta, esteio central, esteios e fogões na periferia superior. O grande fogão do centro cresceu até 72 cm de altura, indicando estabilidade de ocupação.

Os montículos encontram-se mais perto da casa 2.

O primeiro, formado exclusivamente por terra e contornado por valeta rasa, media 6 x 5 m e 1.32 m de altura. No seu interior foram registrados alvéolos circulares ou oblongos com paredes mais resistentes, com diâmetros de 40 a 60 cm. Também foram registrados 4 indícios de pequenos postes. Havia carvão, um fragmento cerâmico e implementos líticos lascados. Duas amostras de carvão foram datadas: a 55 cm de profundidade deu 630 ±

,o

anos A.P. (Sl-604), a 80-100 cm deu 1140 ± 40 A.P. (Sl-602); a diferença nas datas sugere reaproveitamento.

O segundo montículo, sobre a parte mais alta do terreno, mede 4.5 x 2.05 m, com 1.4 m de altura. É constituído por um acúmulo de fragmentos de rocha de tamanhos variados com um pouco de terra. Repousa sobre o basalto. Por debaixo dos blocos, penetrando na rocha, há dois nichos, com terra mais solta, o central com de 70 x 30 cm, com 37 cm de profundidade, o outro, mais periférico, um pouco menor.

O terceiro rnontrcuto, hemisférico, de 4 m de diâmetro por 1.4 m de altura, está num pequeno declive que termina numa nascente; o declive apresenta um terraço artificial de pedra bastante alto. No montículo percebem-se

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claramente duas camadas, que acompanham a inclinação da superfície: a primeira, avermelhada, consolidada, com poucas pedras; a segunda, marrom ou avermelhada, solta, com fragmentos rochosos, pedregulho e grandes blocos, que formam concentrações; numa delas, que é mais ou menos circular, os sedimentos são escuros, soltos, com bastante carvão. Também repousa sobre a rocha.

Embora não haja dados concretos para afirmar que os montículos são lugares de sepultamento, o conjunto das evidências indica nessa direção. Mais de um nicho num montículo poderia marcar reutilização, como também sugerem as datas no primeiro que foi escavado.

Diversos elementos, como p. ex., o crescimento dos fogões e a seqüência das datas, indicam que o conjunto se constitui num assentamento estável e duradouro. Isto não quer dizer que todas as estruturas sejam coetâneas, ou que, em algum momento determinado, todas tenham sido ocupadas. Não quer dizer, nem mesmo, que em todo o período indicado pelas datas o sítio tenha tido moradores. Uma vasilha inteira, emborcada, de tradição Tupiguarani, na casa de número 4, sugere para ela uma ocupação bastante recente, quando o contato com essa outra etnia já teria começado; em mais um sítio próximo também foi encontrada cerâmica daquela etnia.

O carvão, na base dos montículos, pode sugerir cremação de corpos, mas o dado é excessivamente indefinido mesmo para uma hipótese razoável. As datas deste, mais a de um outro sítio próximo (RS-40: 1520 ± 90 A.P. [Sl-607]; Schmitz e outros 1988) põe a área enfre uma das mais antigas da tradição Taquara. Data semelhante (1475 ± 65 anos A.P. [Sl-2197]) foi estabelecida para a fase Candoi (Chmyz, 1971 ), também com muitas casas, sobre o médio e baixo rio lguaçu, no Estado do Paraná. A data mais antiga da tradição Taquara (181 O ± 85 anos A.P. [Sl-813]) vem da fase Guatambu, na área mais alta do Rio Grande do Sul (Miller, 1971 ).

A pesquisa de Mentz Ribeiro & Ribeiro (1985), feita no município de Esmeralda, altitude entre 400 e 800 m, introduz alguns elementos novos. Foram localizados 39 sítios de casas subterrâneas, sítios compostos de 1 a 23 unidades, que apresentam diâmetros de 2.5 a 22 me profundidades, antes da escavação, de 0.40 a 2.0 m. Junto de agrupamentos de casas subterrâneas havia ocupações superficiais da mesma tradição cerâmica, que mediam entre 20 e 50 m de diâmetro, sugerindo que os assentamentos eram compostos por ambos elementos funcionando complementarmente, isto é, casas subterrâneas e ocupações superficiais. Em nove casas e um sítio superficial foram realizados cortes estratigráficos. No alto de morros que dominam vastas áreas foram encontrados terrenos aplainados, cercados por taipas rasas, de terra, retirada do interior do recinto. A primeira estrutura, circular, com uns 50 m de diâmetro, teria uma circunvalação de mais ou menos 1.0 m de largura e 0.3 m de altura; na segunda, também circular, com 70 m de diâmetro, uma circumvalação de 3.0 m de largura e 0.6 m de altura. A terceira estrutura é

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formada por dois círculos e uma figura trapezoidal unidos. O círculo maior possui 38 m de diâmetro; o menor, justaposto ao maior, tem 21 m; a figura trapezoidal, justaposta ao círculo maior, possui 31 m de comprimento; 15 m de largura num lado e 1 O m no outro. A largura das taipas é de 2 m e a altura em torno de 0.2 a 0.3 m. No centro do círculo menor e da figura trapezoidal existe um montículo circular com 6.0 m de diâmetro e 0.5 m de altura no primeiro e 0.4 m de altura no segundo.

Um montículo, sem taipa, com 5.0 m de comprimento por 2.0 m de largura e 0.5 m de altura, estava junto a um sítio com 5 casas.

Os autores trazem também a informação de que, numa caverna, teriam sido encontrados dois sepultamentos, estendidos lado a lado, sobre uma esteira de taquara.

Teriam encontrado ainda três galerias subterrâneas, cilíndricas, com diâmetros em torno de 1.2 m, formadas por infiltração de águas pluviais.

As seis datas conseguidas para quatro casas subterrâneas, de três sítios, são recentes, indo de 650 ± 55 A.P. (Sl-6563) a 355 ± 50 ,A.P. (Sl-6559), sugerindo uma ocupação tardia desse espaço. O encontro de uma vasilha Tupiguarani inteira, nas condições em que se registrou no projeto ante.rior, confirma a pouca idade ao menos de algum dos sítios.

Outra pesquisa importante, compreendendo localização, cortes estratigráficos e pequenas escavações e boa representação gráfica, é de responsabilidade de Maria José Reis (1980). Ela estudou 83 sítios na região de Lages, SC, em altitudes entre 600 e 1

ooo

m e 21 sítios mais a oeste, na região de Chapecó, em altitudes entre 200 e 600 m.

Na região de Lages os sítios se compõem de 1 a 68 casas subterrâneas, cujo diâmetro varia de 2 a 20 m; na região de Chapecó os sítios se compõem de 1 a 17 casas e o diâmetro varia de 3 a 5 m. As profundidades atuais mais freqüentes estão entre 0.5 e 1.0 m, mas casas maiores podem chegar a 7:0 e 8.0 m de profundidade.

Reis separou como novos sítios as casas que distassem 80 m das anteriores, criando, com isso, um grande número de unidades. Quando olhamos o registro delas no mapa, que acompanha o trabalho, observamos que estes sítios, separados com esse critério, formam aglomerados maiores, que distam entre si de 7 a 24 km; a certas distâncias dos maiores desses aglomerados, freqüentemente, se podem ver sítios isolados, compostos por umas poucas casas, que podemos considerar satélites. Dos projetos executados, o de Reis, apresenta a maior densidade e a melhor visualização desses agrupamentos, que poderiam ser algo assim como grandes aldeias, com até 11 O casas. Reis indica que também haveria ocupações superficiais mas

pouca atenção a elas porque o seu interesse estava nas que chama

estruturas subterrâneas.

Um dos sítios, no topo de uma elevação, é composto por 8 casas colocadas dentro de uma área circular de 77 m, delimitada por uma taipa de terra de· 0.40 m de altura.

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Um outro sítio com 6 casas, apresenta galerias cruzando as casas: a primeira galeria mede 10.80 me 0.70 de profundidade; a segunda mede 3.0 metros. A uns 400 m das casas, no topo da mesma elevação existe uma área circular de 120 m de diâmetro, delimitada por uma taipa de terra com 0.70 m de largura por 0.40 m de altura, que num lado abre para uma entrada, ladeada por duas taipas paralelas, que se estendem por 20 m.

Alguns sítios ou conjuntos de sítios vêm acompanhados de aterros: quando são pequenos (menos de 7 m) costumam ser vários; quando passam dessa medida costumam ser poucos, geralmente 1, algumas vezes 2.

A movimentação de terra não se restringe à escavação das casas e construção de taipas e montículos; diversos sítios apresentam nivelamento do solo com terraceamento para implantação das casas ou taipas. É lamentável que Reis não tenha conseguido datações válidas para seus sítios. Na mesma área, João Alfredo Rohr (1971 ), em trabalho menos sistemático e com interesses diferentes, localizou 14 sítios de casas subterrâneas, 2 sítios superficiais e 9 terrenos aplanados entaipados, estendendo, com isso, as informações de Reis. Em cortes feitos em terrenos entaipados apareceu muito carvão e alguma cerâmica; em dois deles havia um montículo.

No médio lguaçu, Chmyz (1968b) descreveu uma estrutura elipsóide, ou ligeiramente retangular, com aproximadamente 17.5 x 13.7 m, com uma taipa de 1 m de largura e 0.4 m de altura, não completamente fechada, contendo dois pequenos montículos nos quais foram encontradas lascas e núcleos e um fragmento de cerâmica. Lazzarotto e outros (1971) registraram dois cordões de terra, de 1.5 m de largura e 0.5 m de altura, que correm paralelos numa distância de 30 me circundam a elevação sobre a qual se encontram casas subterrâneas. Na mesma área, Miller (1971) também observou as taipas. Menghin (1956) havia registrado, anteriormente, na província argentina de Misiones, cinco grandes círculos, com diâmetros entre 35 e 180 m de diâmetro, quatro mais ou menos juntos, o quinto afastado uns 500 m; dois deles continham um montículo cada um.

Os montículos pequenos, geralmente, foram considerados de enterramento. Os montículos grandes costumam ser completamente estéreis e provavelmente são cerimoniais.

Montículos fora de terrenos entaipados foram vistos por Lazzarotto e outros (1971) em Bom Jesus, um com 1 O.O, outro com 5.0 m de diâmetro. Na mesma área, Miller (1971) também observou montículos junto a casas subterrâneas. Um aterro grande está sendo estudado em Vacaria (Schmitz, 1999). Chmyz (1968b, 1969) escreve que a 4 ou 5 km dos conjuntos de casas subterrâneas do sítio PR-UV-9, fase Catanduva, ás margens do rio lguaçu, no topo de elevações superiores aos 300 m, foram encontrados centenas de pequenos aterros, medindo, em geral 1. 7 x 0.6 m por 0.4 m de altura. Contornando os aterros há uma vala, indicando a retirada da terra para a construção dos mesmos. Nenhum resto humano foi encontrado nos aterros; existe apenas

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uma camada escura e rica em matéria orgânica, de mistura com peças arqueológicas na base das pequenas elevações. No PR-UV-11 havia um muro retangular, um pouco mais alto que os aterros, limitando

a

ocorrência dos • mesmos.

Reis (1980) não fala em deposições funerárias em abrigos. Rohr (1971 ), que trabalhou na mesma área, registrou quatorze sítios dessa natureza, encontrados nos municípios de Petrolândia, rmbuia, Atalanta, Urubici, Bom Retiro, Alfredo Wagner e Rancho Queimado, sobre uma área de cento e cinquenta quilômetros de diâmetro. Geralmente são de acesso difícil e muitos deles já haviam sido violados, remexidos e depredados por curiosos, faltando normalmente os crânios. Junto aos esqueletos teriam sido encontradas pontas de projetil de pedra, cerâmica e objetos de adorno produzidos em concha, dentes e seixinhos perfurados, mas essa informação precisa ser tomada com cuidado.

Outros pesquisadores registraram jazigos parecidos: já mencionamos o abrigo de que teve notícias Mentz Ribeiro em Esmeralda; a 30 km da cidade de Vacaria, em três pequenos abrigos rasos, Rosa e outros (Rosa, 1999) encontraram, superficialmente, restos esqueletais de 42 indivíduos, de ambos os sexos, cuja idade abrangia desde infantes até adultos maduros. Junto deles também havia contas feitas de valves de moluscos aquáticos, uma ponta óssea, fragmentos de corda e conchas marinhas. Em municípios vizinhos, no mesmo planalto, onde havia casas subterrâneas, assentamentos a céu aberto, taipas e montículos, foram registrados jazigos· semelhantes (Miller, 1971, 197 4; Lazzarotto e outros, 1971 ). Até no Iítoral (Morro dos Conventos, sul de Santa Catarina), o autor conheceu uma gruta recém depredada.

Seria tedioso citar todos os projetos em que os autores mencionam casas subterrâneas; mas é preciso relacionar mais alguns. No planalto do Paraná, Chmyz encontrou casas subterrâneas junto com assentamentos a céu aberto nas seguintes fases: Açungui, Catanduva, Candói (todas no rio lguaçu), Cantu (na margem esquerda do rio Paraná) (ver Schmitz, 1988). André Prous (1979), encontrou 4 sítios com casas subterrâneas no sul do Estado de São Paulo, limite com o Paraná.

Na área de ocorrência das casas subterrâneas ainda são mencionadas galerias subterrâneas. Mentz Ribeiro e Ribeiro (trabalho citado) mencionam galerias subterrâneas com possível utilização como refúgio; João Alfredo Rohr (1971) descreveu muitas no planalto de Santa Catarina, em algumas das quais teria encontrado cerâmica. Mas o sentido e função das galerias· subterrâneas ainda não tem consenso dos arqueólogos.

Resumindo: O assentamento dos portadores da tradição Taquara/1tararé, no planalto Sul-Brasileiro, apresenta a associação dos seguintes elementos:

casas subterrâneas, ocupações superficiais, pequenos montículos funerários,

(13)

em abrigos rochosos, eventual ocupação de galerias subterrâneas naturais. As casas subterrâneas apresentam claros indícios de serem residenciais, sendo infundadas as demais especulações a respeito de sua função (p. ex. Reis, 1980). Os aglomerados de casas com seus acompanhamentos e a densidade da ocupação das áreas indicam uma população estável, com assentamentos bastante duradouros. No suporte econômico para essa estabilidade certamente se encontra a abundância do pinhão (fruto da

Araucaria angustifolia) e cultivos, entre os quais o milho, complementados

pela caça e apropriação de outros recursos naturais, talvez inicialmente migrações estacionais para outros ambientes, como a mata densa e o litoral atlântico. A ocupação se mantém contínua desde o segundo século até, ao menos, o final do século XVI.

Embora reconhecendo, desde cedo, que se tratava de um sistema socio- cultural, os arqueólogos usaram a cerâmica para estabelecer distinções entre os sítios e as áreas. Assim surgiram três tradições cerâmicas, denominadas Taquara, Casa de Pedra e ltararé, que se consolidaram através das publicações, especialmente do PRONAPA (Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas), executado de 1965 a 1970, por arqueólogos brasileiros, sob a coordenação de Clifford Evans e Betty J. Meggers. A reflexão posterior (Schmitz, Barbosa, Ribeiro ed. 1978/1980) geralmente desconsiderou a tradição Casa de Pedra por insuficiência de sítios e material e reteve duas das divisões anteriores, que transformou em subtradições: Taquara e ltararé, dentro de uma tradição que costuma ser denominada Taquara/ltararé. Dentro dela os arqueólogos criaram numerosas fases para designar conjuntos locais de sítios. Numa revisão, como a que estamos fazendo, as distinções representadas pelas fases têm apenas o sentido de identificação local. Os sítios da Floresta Ombrófila Densa e da Floresta Estacionai Semidecídua e Decídua

Em altitudes decrescentes, com Floresta Ombrófila Densa, Floresta Estacionai Decídua e Semidecídua, existem sítios superficiais, mais ou menos agrupados, nos quais se encontra a mesma cerâmica, os mesmos artefatos líticos, às vezes também cemitérios, mas faltam as casas subterrâneas. Aqui também existe assentamento estável e não só acampamentos estacionais. As datas são sempre mais novas que as datas iniciais do planalto, começando, aqui, ao redor de aproximadamente 1100 anos A.P. A expansão para essas áreas provavelmente foi realizada quando elas eram ocupadas somente por grupos caçadores-coletores pouco densos e pouco estruturados, pertencentes às tradições líticas Umbu e Humaitá, incapazes de resistir à invasão. A interação que surgiu com eles ainda foi pouco estudada. Em algumas dessas áreas entrou também o horticultor da tradição cerâmica Tupiguarani, o que deve ter resultado em guerras e, com o tempo, em complementação econômica.

(14)

64 Revista de Arqueologia Americana Nos. 17, 18 y 19

Apresentamos exemplos das diversas florestas; o mais elaborado é

o

de Érika Marion Robrahn (1989), no vale médio do rio Ribeira do lguape, no Estado de São Paulo.

Érika M. Robrahn estudou 93 sítios com cerâmica ltararé no vale médio do rio Ribeira do lguape, em ambiente de Floresta Ombrófila Densa: 85 são sítios a céu aberto, 5 sítios em abrigos rochosos, 3 cemitérios.

Dos 34 sítios a céu aberto, medidos, 64.5% têm superfícies até 550 m2;

23.5% têm entre 551 e 1050 m2; só 11. 7% têm entre 1301 e 1750 m2• Os

sítios de maior tamanho também apresentam maior profundidade e mais material. A quantidade de cerâmica é sempre pequena: de 1 a 60 peças em 59 sítios (67.8%); 4 sítios apresentam mais de 180 peças. O material lítico

também é sempre escasso. ·

Os abrigos ocupados, com espessas camadas de cinza, têm sempre bastante cerâmica, além de restos variados de caça.

Os sítios cemitérios estão implantados em topos de colinas e próximos aos maiores cursos de água (Ribeira, Pardo e Turvo). O de Boa Vista' tem . 350 x 70 m e centenas de montículos cônicos de terra e pedra, os quais medem de 1.0 x 0.5 x 0.2 até 4.5 x 3.0 x 0.6 m. O cemitério de Barreiro 7 mede 10000 m2 e tem mais de 60 montículos. Neles não há restos humanos,

mas só vestígios de fogueiras e alguns fragmentos de cerâmica, queimados. Ao estabelecer o padrão-de-assentamento do grupo, a autora distinguiu 3 áreas com alta densidade de sítios (Palmital, Gurutuba-Santo Antônio e Turvo), que se localizam em áreas de relevo suave e bons solos; e três áreas com densidade mínima, que estão em terrenos mais acidentados e de solos.menos bons. Os abrigos, com uma exceção, encontram-se no relevo mais alto.

Cada um dos sítios teria sido ocupado uma só vez. Eles formam um padrão disperso de distribuição, mas se encontram muito próximos uns dos outros: de 25 a 124 m; segundo a autora, seriam contemporâneos.

Olhando suas funções, ela os dividiu da seguinte maneira: 25 sítios de habitação a céu aberto; 19 sítios satélites, 38 sítios a céu aberto sem dados suficientes; 3 sítios a céu aberto para exploração de material em áreas sem outros sítios; 5 sítios de abrigo, com função especializada; 3 sítios cemitério.

Hierarquicamente eles foram divididos em sítios de habitação, grandes e médios e em sítios satélites, pequenos. Cada um dos 4 sítios habitação densos constituiriam o centro de um agrupamento de sítios, delimitado pelas cristas dos divisores de águas.

Os sítios cerâmicos existentes na área estudada no vale médio do Ribeira do lguape corresponderiam a uma população cultivadora e representariam uma parte de um sistema de assentamento muito mais amplo, ocupando uma extensão de terras bem maior.

A cerâmica indicaria sedentariedade: o grande tamanho de alguns recipientes, capazes de conter até 53 litros e destinados a estocar alimentos certamente indicam nessa direção.

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A mesma cerâmica aparece também na superfície de sítios líticos de tradição Umbu e nos sambaquis fluviais, indicando possíveis contatos.

Na Floresta Estacionai Semidecídua e Decídua esse tipo de assentamento também é comum. Na encosta leste do planalto, no Estado do Rio Grande do Sul existem numerosos desses sítios, dos quais Miller escavou um, na cidade de Taquara, datado de 1190 ± 100 anos A.P. (Sl-409). Ele diz:

Junto aos rios, estes sítios ocupam o topo de pequenas elevações e se constituem nos maiores sítios desta fase, atingindo até 4000 m2• É possível

determinar a localização dos antigos recipientes cerâmicos pela disposição dos cacos que se apresentam agrupados em focos distintos, isto é, não se encontram misturados e amontoados como se verifica no refugo dos sítios de tradição guarani. De suas habitações, nada de concreto existe, a não ser pequenas lentes de carvão, não visíveis pela superfície para os sítios situados abaixo do planalto. Toda a área do sítio é mais escura do que a circunvizinhança. (Miller, 1967:20).

Na encosta meridional, na bacia do Jacuí, Mentz Ribeiro (1975) encontrou vestígios de acampamentos em abrigos (fase Cai: 630 ± 205 anos A.P., [Sl- 71201]) e numerosos sítios superficiais (fase Erveiras, datada 915 ± 145 anos A.P. [Sl-4066]) (Mentz Ribeiro & Silveira, 1979). Uma terça parte desses últimos sítios mostram contato com grupos da cerâmica Tupiguarani.

No sudoeste do planalto, ainda no Rio Grande do Sul, na bacia do rio Uruguai, Miller (1969) encontrou 4 sítios, que denominou fase Taquaruçu, com datas de 830 ± 60 A.P. (Sl-598); 160 ± 70 A.P. (Sl-599) e 2 sítios, que denominou fase Giruá, com data de 400 ± 100 A.P. (Sl-600); na mesma bacia, no lado riograndense e catarinense, Miller (1971) e Piazza (1969 a, b, 1971 ), encontraram alguns sítios da fase Xaxim (datas de 975 ± 95 A.P. [Sl-825] e 330 ± 90 A.P. [Sl-597]); no lado catarinense, Schmitz e outros estudaram 6 sítios, fase ltapiranga (De Masi & Artusi, 1985). Ambas as fases com forte influência Tupiguarani.

No médio curso do rio lvaí e na margem esquerda do rio Paraná, no Estado do mesmo nome, Chmyz (1977; coord. 1976, 1977, 1978, 1979, 1980; & Sauner, 1971) encontrou grande número de sítios superficiais, que denominou fase Cantu (nos lugares mais altos havia casas subterrâneas), com datações de 845 ± 100 A.P. (Sl-2193), 737 ± 95 A.P. (Sl-2194), 470 ± 95 A.P. (Sl-2192). Na mesma margem esquerda encontrou mais 4 sítios, que denominou fase Pacitá (Chmyz coord., 1977).

Junto aos rios Paranapanema e ltararé, Chmyz (1967, 1968a, 1977, e outros 1968) encontrou pequeno número de sítios próximos desses rios, especialmente fase ltararé. Nos sítios de cerâmica Tupiguarani há intrusões de cerâmica ltararé, com o que podem ser datados entre 1130 (Sl-422) e 760 A.P. (Sl-140) (Chmyz, 1977).

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Em muitos sítios há contato com os grupos da cerâmica Tupiguarani, em outros parece haver influência dos grupos pré-cerâmicos, que anteriormente ocuparam as áreas.

Os sítios do litoral atlântico

Finalmente, ao longo do litoral atlântico, colocados diretamente na praia, ou sobre promontórios rochosos, em meio ao variado ambiente costeiro, existem sítios que parecem concheiros rasos. Ás vezes eles se encontram em cima de sambaquis pré-cerâmicos, outras vezes formam sítios independentes. Trata- se, aqui também, de assentamento estável, não de acampamentos estacionais de populações do planalto que estariam pescando e mariscando no litoral. Mas também isso existe. Quando se fixam no litoral os sambaquis ainda estão ativos (Maria Dulce Gaspar, com. pes., 1998), o que pode explicar a posição periférica aos grandes centros sambaquianos. A interação com os pescadores- caçadores-coletores deve ter sido grande, não apenas trocando bens materiais e tecnologia, mas envolvendo diretamente as pessoas da sociedade. Embora tenham assumido grande parte da tecnologia e do abastecimento dos antigos moradores, são uma população estranha por sua biologia e seu modo de vida.

Na praia das Laranjeiras, município de Camboriú, SC, João Alfredo Rohr (Schmitz e outros, 1993) escavou 500 m2, correspondentes à metade de um

sítio sobre a praia de pequena enseada, cercada pelos morros da Serra do Mar, coberta por Floresta Ombrófila Densa.

O sítio aparece como típica aldeia estável, compacta, formando seus restos uma deposição contínua, de um pouco mais de um metro de espessura, de restos de peixes, moluscos, crustáceos, mamíferos e aves. No pequeno espaço, as moradias, os fogões e fornos subterrâneos e o lixo ofensivo ocupavam espaços distintos. Os mortos _foram depositados dentro das moradias, ao longo das paredes, delimitando assim o perímetro de poucas choupanas, de uns 8 m de diâmetro cada uma.

Dos 114 sepultamentos escavados, correspondentes a indivíduos de ambos os sexos e todas as faixas etárias, a quase totalidade estava enterrada dentro das moradias, numa das quais foi possível identificar 30 indivíduos. Estavam em posição fletida e sem acompanhamento funerário notório.

Os restos alimentícios indicam abastecimento generalizado, mais variado que o dos pescadores-coletores-caçadores pré-cerâmicos. Os artefatos eram abundantes. Os líticos pouco se distinguem dos daqueles. Nos artefatos ósseos, abundantes, há novidades, entre as quais anzóis de osso. Os 5500 fragmentos cerâmicos são da mais pura subtradição ltararé, como ela ocorre no planalto de Santa Catarina e do Paraná. f

Não existe uma data aceitável de C14 para o assentamento, mas baseados

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podemos colocá-lo no fim do primeiro milênio de nossa era, ou no começo do segundo.

A população, de acordo com análise de Walter A. Neves (1988), apresenta- se homogênea e diferente das populações pré-cerâmicas antecedentes, de que existem numerosos sítios na proximidade, supondo-se que tenha migrado do planalto. Por enquanto é difícil chegar a conclusões definitivas sobre este tema por não haver bons estudos biológicos da área donde se supõe tenham vindo.

Uma população intrusiva, mas uma cultura mista, parcialmente litorânea, parcialmente estranha é o que oferece esta aldeia.

Na ilha de Santa Catarina, município de Florianópolis, se, João Alfredo Rohr (Silva e outros, 1990) escavou mais de 2000 m2 de outra aldeia parecida,

na praia da Tapera, igualmente sobre as águas do mar, no estreito que separa a ilha do continente. O ambiente em que se instalou é bastante variado: mar, lagoas, baixios, mangues, restingas e Floresta Ombrófila Densa. Mais uma vez temos uma aldeia estável, compacta, com um depósito do mesmo tipo de restos e com espessura parecida. Grande quantidade de material lítico e ósseo, mas sem anzóis 4600 fragmentos de cerâmica ltararé.

Dos 172 indivíduos exumados, os mais antigos foram enterrados dentro das choupanas, estendidos, ao longo das paredes, com o rosto voltado para o interior da habitação. Os sepultamentos sobrepostos mostram como pequenas choupanas se sucediam, ocupando sempre o mesmo lugar. Numa segunda etapa, com maior número de indivíduos, os mortos eram sepultados, também estendidos, em numerosos pequenos cemitérios domiciliares, que ocupavam o mesmo espaço dos anteriores e a eles se sobrepunham. Para essa ocupação existem duas datas válidas: uma de 1140 ± 180 anos A.P. (Sl- 245), outra de 1030 ± 180 anos A.P. (Sl-246).

Sobre o sítio ltararé estabeleceu-se, posteriormente, uma aldeia de horticultores da tradição cerâmica Tupiguarani, à qual deve corresponder a data de 550 ± 70 anos A.P. (Sl-144).

Segundo o biólogo Neves (1988), que trabalhou a amostra dos esqueletos como amostra única, os habitantes da Tapera não seriam uma população homogênea e predominaria a afinidade genética com os pescadores- coletores-caçadores do norte de Santa Catarina e do Paraná. A diversidade observada nos sepultamentos sugeria duas populações, uma de origem externa e uma local.

Na mesma ilha de Santa Catarina, além de sítios não estudados, existe o da Base Aérea, com data de 800 ± 70 A.P. (Sl-243) (Rohr, 1959) e Rio Lessa (Beck, 1972); em direção ao norte, Cabeçudas (Schmitz e outros, 1996), ltacoara (Tiburtius, Bigarella & Bigarella, 1954), Cubatãozinho (Prous & Piazza, 1977), Rio Pinheiros (Prous & Piazza, 1977), Enseada 1 (Beck, 1972, 1974; Bandeira, 1992), Forte Marechal Luz, com data de 880 ± 100 anos A.P. (Univ. Michigan 1202, Bryan, 1993). Sítios parecidos também foram registrados no

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litoral do Paraná: Ilha das Cobras, na baía de Paranaguá, Ilha das Pedras, na baía de Antonina, vários na baía de Guaratuba (Chmyz, 1976).

Os sítios apresentam caráter de aldeias estáveis, não de acampamentos estacionais. Em alguns a população é claramente adventícia, parecendo ter vindo do planalto pelo vale do rio ltajaí-Açu; em outros apresenta características dos moradores pré-cerâmicos, ou mistura (mestiçagem) das duas populações. A cerâmica de todos esses sítios é da subtradição ltararé e costuma ser muito abundante, mais do que no planalto.

No litoral meridional de Santa Catarina (Rohr, 1969) e no litoral do Rio Grande do Sul existem concheiros com cerâmica da subtradição Taquara, que têm um caráter mais estacionai e mostram fortes contatos com populações da cerâmica Tupiguarani.

Assentamento, território, fronteiras

No espaço da tradição Taquara/ltararé, a ocupação humana é marcada por seu caráter residencial e sedentariedade geral. A exploração de ambientes distintos induzia, naturalmente, a investimentos proporcionais e adequados aos mesmos.

A duração de uma aldeia no litoral estava condicionada à riqueza de produtos aquáticos e terrestres e à disponibilidade de lugares alternativos para novos assentamentos. Em alguns lugares a possibilidade de novos assentamentos parece ter sido razoável, como na grande ilha de Santa Catarina, onde se multiplicaram os sítios, ao passo que em outros, como no norte do estado do mesmo nome, pode ter sido restrita porque o território era densamente ocupado por populações pré-cerâmicas sedentárias e poderosas, que só permitiriam o acesso a espaços intersticiais.

Em áreas litorâneas de recursos esparsos, como o sul de Santa Catarina e o Rio Grande do Sul, a forma de exploração parece ter sido a de acampamentos estacionais subsidiários de aldeias mais estáveis.

No litoral não existem instalações especiais e os mortos eram enterrados dentro das casas ou em pequenos cemitérios domiciliares.

A duração das aldeias na floresta estaria condicionada à fertilidade do solo e da mata e à presença ou ausência de competidores poderosos. Na ausência de outros horticultores, as aldeias tinham condições de se deslocar, indefinidamente, tornando pouco funcionais instalações de maior investimento; com a presença de competidores o espaço podia estar muito comprometido. Quando o espaço era limitado pelo relevo ou pelo crescimento populacional interno, a instalação de grandes cemitérios comunitários teria sentido, como aconteceu no vale do rio Ribeira.

A partir das datas fica patente que o centro do sistema de povoamento está no planalto, onde temos registro para o segundo século de nossa era e onde essa ocupação perdura ao menos até o fim do século XVI. Suas

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estruturas foram criadas em cima e em função de recursos naturais renováveis, todos os anos, independentemente de investimento humano. Entre eles sobressai o fruto da Araucaria angustifolia, que seria complementado pela caça, no começo com prováveis expedições às matas da encosta e ao litoral. Essas excursões temporárias podem ter levado ao estabelecimento permanente nessas áreas a partir de uns 1100 anos A. P., em conseqüência de maior necessidade de cultivos, para um adequado abastecimento alimentar em todas as estações do ano e para desafogo de uma população cada vez maior.

Por que maior investimento construtivo no planalto do que na mata e no litoral? Primeiro pela precedência dos assentamentos do planalto, onde o grupo surgiu. Na competição pelo espaço e sua riqueza com outras populações poderosas, como a do Tupiguarani em expansão, instalações sólidas e adequadas, inclusive sistemas de defesa, se fariam necessárias. Depois, na medida em que a população do planalto crescia, as mesmas seriam extremamente úteis nos feudos intertribais pelo domínio dos recursos localizados e o acesso exclusivo a eles. Os feudos também poderiam ser razões para novos grupos entrarem na mata ou se fixarem no litoral.

Frente ao estabelecimento em três ambientes característicos, escalonados do nível do mar ao alto do planalto, poderia surgir, espontaneamente, a idéia de um sistema de domínio vertical, como se propôs para os Andes, mas a informação que possuimos, por enquanto não fornece elementos para tal esquema, dando a impressão, antes, de uma simples expansão populacional, não estruturada, nem coordenada.

Com a entrada na mata e a fixação no litoral se criaram fronteiras com populações já estabelecidas, ou que chegaram simultânea ou posteriormente. Três situações parecem mais patentes: o material lítico dos assentamentos Taquara da borda meridional do planalto é excessivamente parecido com o dos caçadores da tradição Humaitá que os precederam, para ser casual. A tecnologia das aldeias litorâneas também é uma apropriação clara da usada pelos pescadores-coletores-caçadores do litoral. Na fronteira com o horticultor da tradição cerâmica Tupiguarani, nas matas da borda do planalto, a relação entre os dois grupos é muito marcada, sendo receptor geralmente o da subtradição Taquara. Esta unilateralidade se manifesta também na área central do assentamento, onde foram registradas vasilhas de cerâmica Tupiguarani inteiras dentro de casas subterrâneas, não se observando o inverso. As relações de fronteira devem ter sido acentuadas, especialmente nos períodos mais recentes, quando a população dos diversos grupos foi bastante aumentada. De acordo com os documentos jesuíticos, no começo do século XVII o Guarani da região de Laguna, SC, subia ao planalto, todos os anos, no verão, para caçar índios Kaingáng, naquele tempo denominados Guaianá.

Em que medida o pinhão teria sido a razão deste permanente atrito não está expresso nas cartas. Os dados arqueológicos e as informações históricas

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(21)

oferecem algumas sugestões para o estudo dos fenômenos de fronteira na arqueologia do sul do Brasil.

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f- Mapa: Localização aproximada das fases, sítios ou locais pesquisados, tendo como

fundo um mapa da vegetação: 1. fase Guatambu, 2. f. Taquara, 3. f. Caí, 4. f. Erveiras, 5. f. Guabiju, 6. f. Taquaruçu, 7. f. Giruá, 8. f. Xaxim, 9. f. ltapiranga, 1 O. f. lbirama, 11. casas subterrâneas de Reis, ·12. f. Cotia, 13. casas subterrâneas de Eble, 14. casas subterrâneas e sambaquis de Jaguaruna, 15. casas subterrâneas de Urubici, 16. f. Casa de Pedra, 17. Sítio PR FI 145, 18. f. ltararé, 19. f. Açungui, 20. f. Catanduva, 21. f. Candoi, 22. f. Xagu, 23. f. Cantu, 24. f. Pacitá, 25. abrigo Wôbeto, 26. sambaqui da Ilha das Cobras, 27. sambaqui da Ilha das Pedras, 28. sambaquis da baía de Guaratuba, 29. sambaqui do Rio Pinheiros, 30. sambaqui Forte Marechal Luz, 31. sambaqui de Enseada 1, 32. sítio da Praia das Laranjeiras, 33. sítio do Rio Lessa, 34. sítio da Base Aérea, 35. sítio da Tapera, 36. sítio de Cabeçudas, 37. sítios do vale do Ribeira, 38. acampamentos do litoral do Rio Gran- de do Sul.

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