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História e arquitetura da igreja de Nossa Senhora da Conceição e São José

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Academic year: 2021

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History and architecture of the church of our lady of the

conceição and saint josé

História e arquitetura da igreja de nossa senhora da conceição e são josé

Historia y arquitectura de la iglesia de nuestra señora de la concepción y san josé

ABSTRACT

Objective: To make a historical-architectural inventory of the church of our lady of the

concept and Saint José, first church of the city of Caxias - MA, with the purpose of presenting the formal and symbolic elements in the intention to promote his protection and recognition as na important exemplary patrimonial of the city. Methodology: A bibliographical study for the construction of the official historiography of the city of Caxias, and the reference building. in parallel, analysis of datas and in loco, to observe how this space is constituted and photographic cataloging, as well as architectural survey in order to recognize its main characteristics. Results: The church our lady of the concept and Saint José is an excited architectural exemplary which charges symbols that help build the identity memory of the city of Caxias, however, the actions of protection and safeguard of this is ineffective or insufficient. Conclusion: The study is relevant to the measure that contributes to the recognition and valorization of the build in question.

RESUMO

Objetivo: Elaborar um dossiê/inventário histórico-arquitetônico da igreja de nossa senhora

da conceição e São José, primeira igreja da cidade de Caxias - MA, com a finalidade de se apresentar os elementos formais e simbólicos que a compõe, na intenção de promover sua proteção e reconhecimento como importante exemplar patrimonial caxiense. Metodologia: Realizou-se estudo bibliográfico, para construção da historiografia oficial da cidade de Caxias, bem como da referida edificação. Em paralelo à análise documental de dados e in

loco, para observar como esse espaço se constitui e catalogação fotografica, bem como

levantamento arquitetônico a fim de reconhecer suas características principais. Resultados: a igreja nossa senhora da conceição e São José é sem dúvida um exemplar arquitetônico que carrega símbolos e simbologias que, sob o olhar histórico arquitetônico, ajudam a construir a memória de identidade da cidade de Caxias, no entanto, as ações de proteção e salvaguarda desta são ineficazes ou insuficientes. Conclusão: o estudo é relevante à medida que contribue para o reconhecimento e valorização do bem em questão.

RESUMEN

Objetivo: Elaborar un dossiê /inventario histórico-arquitectónico de la iglesia de nuestra

señora de la concepción y San José, primera iglesia de la ciudad de Caxias, con la finalidad de presentar los elementos forma y simbólicos que la componte, en la intención de promover su protección y reconocimiento como importante ejemplar patrimonial Caxiense.

Metodología: Realizó estudio bibliográfico, para la construcción de la historiografía oficial

de la ciudad de Caxias, como de la referida edificación. En paralelo al análisis documental de datos e in loco, para observar como este espacio se constituye y catalogación fotografica, bien como levantamiento arquitectónico a fin de reconocer sus características principales.

Resultados: La iglesia nuestra señora de la concepción y San José es sin duda un ejemplo

arquitectónico que carga símbolos y simbologías que, bajo la mirada histórica arquitectónica, ayudan a construir la memoria de identidad de la ciudad de Caxias, en el entre, las acciones de protección y salvaguarda de esta edificacion no son insuficiente.

Conclusión: El estudio es relevante a la medida que contribe para el reconocimiento y

valorización del bien en cuestión.

Letícia Nárgila de Araújo de Sousa¹

Walber Angeline da Silva Neto²

¹Estudante de Arquitetura e Urbanismo - FACEMA. Rua Aarão Reis, 1000, Centro. Caxias-MA, leticianargila@hotmail.com

²Graduado em Arquitetura e Urbanismo - ICF. Professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão. Especialista em Prática Projetual de Arquitetura e Engenharia - UFPI. Rua Aarão Reis, 1000, Centro. Caxias-MA, walberangelineneto@hotmail.com

Descriptors Patrimony. Safeguard. Patrimonial

Education. Descritores Patrimônio. Salvaguarda. Educação patrimonial. Descriptores Patrimônio. Salvaguardia. Educación

Patrimonial.

Sources of funding: No Conflict of interest: No

Date of first submission: 2017-05-01 Accepted: 2017-05-26

Publishing: 2017-07-28

Corresponding Address

WALBER ANGELINE DA SILVA NETO Rua Aarão Reis, 1000, Centro. (99) 3422.6800

walberangelineneto@hotmail.com

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INTRODUÇÃO

A Igreja de Nossa Senhora da Conceição e São José, popularmente conhecida como Igreja Matriz, está localizada na rua 1º de Agosto, Centro de Caxias, MA. É classificada como a primeira igreja da cidade, e, portanto, importante exemplar que compõe a construção da identidade do município.

O presente artigo objetiva-se, assim, na elaboração de levantamento histórico arquitetônico desta edificação considerada um patrimônio arquitetônico tombado pelo IPHAN desde 29 de novembro de 1990.

Inicialmente a igreja era uma capela, que em resultância da Balaiada e da luta pela independência fizeram com que a estrutura inicial não suportasse o desgaste do tempo e o estado de decadência passou a ser perceptível. Em 1847, o pároco da igreja, Pe. Rosendo José Jovita autorizou a demolição da edificação e sua reconstrução.

Com o decorrer do tempo, a igreja passou por outras mudanças o que descaracterizou a sua forma original. Atualmente, a edificação é utilizada exclusivamente para celebrações católicas, contendo em seu interior um grande acervo de objetos religiosos bem preservados.

Esta pesquisa objetiva-se, portanto, na elaboração de um dossiê/inventário histórico-arquitetônico desta que é a primeira Igreja da Cidade de Caxias-MA, com a finalidade de se apresentar os elementos formais e simbólicos que a compõe, na intenção de promover sua proteção e reconhecimento como importante exemplar patrimonial caxiense.

Justifica-se o trabalho aqui apresentado uma vez que permite um estudo aprofundado a cerca da importância da igreja para a memória da cidade de Caxias, não somente tendo como objetivo transmitir informações arquitetônicas como também à divulgação mais ampla de uma análise histórica.

Ainda na transmissão de conhecimentos sobre a edificação centenária do município, na forma de inventário.

É relevante mencionar que embora sendo um símbolo social, não há registros da planta baixa da edificação, e de detalhamentos abrangentes do acervo de

objetos sacramentais da igreja, como informações mais amplas sobre o interior do templo cristão.

Este problema refere-se à falta de informações documentadas acessíveis sobre a igreja marco zero da cidade. Logo, a importância deste estudo parte do seu ineditismo e das perdas que a não documentação podem gerar, como as transformações indevidas e equivocadas.

Em síntese, a pesquisa apresenta um estudo amplo sobre a primeira igreja de Caxias, e a sua contribuição para o reconhecimento da identidade da cidade. Tendo como propósito apresentar análises arquitetônicas e históricas sobre a Igreja de Nossa Senhora da Conceição e São José ou como é popularmente conhecida Igreja Matriz.

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa original de metodologia qualitativa que busca o reconhecimento do discurso arquitetônico que a Igreja Matriz da cidade de Caxias-MA carrega em seus símbolos, com a finalidade de se criar um dossiê da história e da arquitetura em questão, como forma de proteção da memória deste bem, e ainda, da memória urbana da cidade.

Na elaboração desta pesquisa foi realizado estudo bibliográfico, para construção da historiografia oficial da cidade de Caxias, bem como da referida edificação. Em paralelo à pesquisa documental minuciosa de dados, e in loco, para observar como esse espaço se constitui, tendo como objetivo a obtenção de informações históricas e arquitetônicas desta importante edificação religiosa.

Posteriormente catalogou-se fotograficamente e em levantamento arquitetônico a edificação a fim de levantar as características principais referentes ao estilo arquitetônico.

Para apresentação da pesquisa dividiu-se o estudo em três capítulos. O capitulo de entrada retrata a história de Caxias, desde os primeiros povoamentos as margens do Rio Itapecuru e posterior colonização das Aldeias Altas, até os dias atuais.

Em seguida, expõem-se os resultados colhidos referentes à história e arquitetura da Igreja de Nossa Senhora da Conceição e São José. E por último, no terceiro capítulo, expressa-se as considerações finais deste estudo.

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CONTEXTO HISTÓRICO

A cidade de Caxias é um município localizado no interior do estado do Maranhão, às margens do rio Itapecuru, que apresenta uma distância de 360 km da capital, São Luís. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sua população em 2017 está estimada, em torno de 162.657 habitantes (1).

Inicialmente conhecida como São José das Aldeias Altas, em decorrência da presença indígena próxima ao rio e posterior construção da capela de São José, com a ajuda dos jesuítas, tornou-se Caxias das Aldeias Altas recebendo quando elevada a Vila em 1811, e por fim, como é denominada atualmente, Caxias, a partir de sua emancipação política em 1836.

A historiografia da cidade, porém, versa deste os idos do século XVI, quando da tentativa francesa de fundação de uma colônia no Maranhão definida como França Equinocial que levou a coroa ibérica a dar mais atenção ao território. A partir daí o lugar se transformou em Capitania e começou a receber incentivos para sua povoação (2).

Neste período, os franceses mantiveram boas relações com os índios, no entanto, com a expulsão destes, pelos portugueses, os índios foram vendidos para a população de São Luís como escravos.

Os que conseguiram escapar fugiram para o interior do Maranhão onde se instalaram em uma região com uma grande porção de morros e banhada por um rio chamado “Tapocuru” (3) que mais tarde viria a se chamar

Itapecuru.

Para impulsionar a exploração da terra, e também o seu desconhecido território, a coroa portuguesa implantou o sistema da Sesmaria, uma concessão de terras dada a nobres portugueses, militares e comerciantes que desejassem ganhar a vida no Novo Mundo. Foi nesse sistema de incentivo à povoação que os primeiros colonos se instalaram nos campos das Aldeias Altas.

Com a permissão para a exploração das terras próximas ao Rio Itapecuru, através do documento das Sesmarias, os primeiros colonos chegaram à região. Foi nesse momento que um determinado grupo de pessoas passa a ter papel fundamental para o desenvolvimento de Caxias: os jesuítas.

A administração do povoado logo passou para estes padres, em especial ao padre Antônio Dias, que se tornou Governador do arraial e logo após, do julgado. O local serviu para a construção de uma capela invocada inicialmente a São José. Que posteriormente passou a ser invocada também por Nossa Senhora da Conceição (2), hoje

classificada como a primeira instituição religiosa católica da localidade, conhecida como Igreja de Nossa Senhora da Conceição e São José. E desenvolveu um papel fundamental para a construção de identidade do município.

O período posterior de 100 anos não foi marcado por momentos históricos relevantes para o estudo da igreja de Nossa Senhora da Conceição e São José. Porém, deve-se mencionar conjunturas importantes não só para a construção da identidade da igreja Matriz como do município de Caxias, como o Auto de Juramento a Independência do Brasil, que foi lido em frente à igreja, no dia 6 de agosto de 1823.

Deve-se mencionar ainda na construção da memória do município a revolta da Balaiada, importante momento político do Maranhão, marcado no período colonial do Brasil em decorrência das atividades do rei D. João III em povoar esse território através do plantio de cana-de-açúcar, para que com isso houvesse além do domínio das terras, a geração de riquezas para Portugal

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Em Caxias, a revoltas da Balaiada deve-se a um personagem importante, conhecido como Raimundo Gomes Vieira Jataí. Considera-se que ele fizera parte da guerra da Independência do Maranhão e em idos 1839, trazia uma boiada de seu patrão, quando passando por Nina Rodrigues alguns de seus homens que estavam lhe auxiliando no cuidado com o gado, foram presos pelo subprefeito para serem recrutados.

Os pedidos de libertação de seus companheiros não foram atendidos, e Raimundo jurou que voltaria no dia seguinte para solta-lós. Por essa razão originam-se os motivos imediatos da Balaiada, quando Raimundo Gomes Vieira Jataí se pronuncia contra os prefeitos e propõe a volta dos juízes de paz (3).

No dia 1º de junho a cidade foi arrasada pelas tropas, os documentos mais nobres da Câmara, nos acervos históricos serviam como combustíveis para o fogo

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ao qual foram lançados. Calcula-se que o roubo em dinheiro e em mercadoria, equivalia a quatro mil contos de rés. Nada escapou aos olhos das tropas rebeldes. Com o decorrer do tempo restou-se apenas a bela cidade, com seu luto por tudo o que havia ocorrido, a dor pela perda de pessoas queridas e as ruínas. Os Balaios saíram de Caxias em outubro de 1839, e seguiram em direção ao estado do Piauí aonde iriam se reorganizar.

Travados os últimos e ferocíssimos combates, os legalistas bateram as portas da cidade e nela penetraram galhardamente, isso já é a 24 de janeiro de 1840. Estava encerrado o capítulo negro da ocupação da Princesa do Sertão, libertada do jugo dos assassinos e jagunços de Raimundo Gomes, Manoel Ferreira Balaio e do histrião d. Cosme Bento das Chagas. (COUTINHO, 2005, p.177).

Caxias durante o século XIX ficou um tanto esquecida e a economia não se fortaleceu. Por esta razão a cidade tem um acervo arquitetônico bem preservado, em razão destes fatores será feito esse pulo de 160 anos. Na primeira década do século XXI, Caxias voltou a um crescimento econômico expansivo, principalmente na construção civil. Seu Produto Interno Bruto chegou a um crescimento de 10,6%, a população flutuante aumentou com o crescimento do comércio varejista e da prestação de serviços. Outro fator importante foi a transformação de Caxias em pólo universitário, atraindo estudantes de toda a região (2).

A cidade de Caxias passou por um auge e por um declínio, encontrando-se hoje em processo de crescimento econômico e urbano. Esses fatores históricos ajudam a explicar a importância da construção de uma historiografia da cidade, neste caso, arquitetônica. No próximo capitulo tratar-se-á da Igreja Matriz, trazendo seu levantamento histórico, arquitetônico e estrutural. A fim de permitir uma discussão aprofundada sobre o assunto.

A IGREJA

A Igreja de Nossa Senhora da Conceição e São José popularmente conhecida como Igreja Matriz é considerada patrimônio arquitetônico tombado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) desde 29 de novembro de 1990, sendo

reconhecido oficialmente sua importância na construção da identidade caxiense.

Quando os primeiros colonizadores se instalaram as margens do Rio Itapecuru, em meio a uma fazenda de gado, foi nessa região em que construiu uma capela que tinha por objetivo invocar a São José, mas que posteriormente passou a invocar também Nossa Senhora da Conceição (2).

O templo foi construído por iniciativa dos padres da Companhia de Jesus no século XVIII. Sua construção a princípio deu-se em pedra e cal, no entanto com o passar dos anos, em razão das revoltas da Balaiada e da Luta pela Independência na cidade, ocasionaram uma decadência na estrutura da edificação, acarretando em sua demolição e posterior reconstrução do templo em 1847 (5).

No início do século XX a igreja passou por mudanças que descaracterizaram o seu interior. O altar-mor, antes de madeira, foi substituído por um em massa no ano de 1930 pelos padres Barnabistas, que modificaram, além disso, os altares laterais, forro, piso da edificação e o revestimento das paredes (2). Em 1980 seu

entorno foi revertido por pedra Piracuruca em torno de 2 metros de altura, o que danificou sua arquitetura original e a base de cunhal na fachada.

As características principais da edificação relacionam-se ao seu estilo arquitetônico, o Barroco, fortemente influenciado por Portugal e pela presença da Companhia de Jesus no Brasil no século XVIII.

A Companhia tinha por objetivo catequizar os índios, mas, além disso, adquirir mais fiéis em meio a Reforma Protestante que se espalhava pelo mundo, e consequentemente conquistar riquezas para a Igreja católica, que apresentava poderio enfraquecido, com um intuito primordial de ressurgir sua pompa e glória.

A IGREJA ATUALMENTE

Relacionando o estilo arquitetônico Barroco a fachada da Igreja de Nossa Senhora da Conceição e São José apresenta uma porta de madeira de lei em arco pleno do ano de 1847, três janelas com grade de ferro fundido também datadas de 1847, contendo também, um frontão recortado por curvas e contracurvas, e ainda, uma única

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torre sineira recoberta por cúpula encimada por curuchéu (figura 01).

Figura 01 – Igreja Nossa Senhora da Conceição e São José (Matriz)

Fonte: acervo particular da autora

Além disso, a fachada da edificação apresenta dois óculos, um central, acima das janelas superiores e o segundo está localizado ao lado direito da fachada, como expressa a figura 01. A parte inferior é constituída de um acabamento em pedra, que apresenta uma coloração vermelha escura. A igreja tem como cores predominantes o dourado e o bege em toda a sua área externa e interna, e acima do frontão encontram-se uma cruz de ferro.

Figura 02 – Planta baixa térreo e pavimento superior da igreja

Fonte: acervo pessoal da autora

A Igreja de Nossa Senhora de Nossa Senhora da Conceição e São José é constituida de dois pavimentos. No terréo da edificação encontram-se as naves, uma sala para batismo, secretaria, dispensa, altar-mor e a sacristia.

A sala para batismo contêm em reservado uma pia batismal, em seguida, temos a sala do padre, que apresenta quatro entradas, uma externa e três internas, que dão acesso direto a pia batismal, as naves, e ao transepto lateral esquerdo. Apresenta além disto, uma secretaria que engloba duas entradas, uma interna e outra externa.

Próximo a este ambiente, a edificação abrange uma dispensa que detêm de ferramentas e materiais do templo cristão, além disso inclui uma escada que dá acesso ao pavimento superior. A secretaria possibilita ainda, o ingresso a uma sala vazia e a um banheiro interditado, posterior a ela.

O transepto lateral esquerdo guarda um altar lateral e o confessionário, em frente ao mesmo, o transepto lateral direito preserva as imagens originais de Nossa Senhora da Conceição e São José (figura 03). Diante da nave central da igreja temos o altar-mor e posterior a ele a sacrístia.

Figura 03 – Imagens originais de Nossa Senhora da Conceição e São José

Fonte: acervo pessoal da autora

Sua arquitetura tem como estilo principal o Barroco que pode ser observado atráves de suas cores, elementos decorativos e do caratér dinãmico de sua estrutura. Por certo um barroco mais simples e atrasado em comparação aos exemplares do mesmo estilo que se encontram no sudeste do pais, no estado nordestino da Bahia e nos países da Europa.

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Esta afirmação, não diminui a importância do templo católico, ao contrário, reafirma sua identidade e relação ao contexto ao qual está inserida. Esta análise, portanto, expõe a relevância do bem estudado que, inserido em um espaço que não enriqueceu com a mineração e produção de açucar – como os estados de Minas Gerais, Bahia e Pernambuco, berços do Barroco brasileiro – ainda buscava se alinhar aos pensamentos europeus que pelo país circulavam.

O pavimento superior da igreja é constituído de cinco salas que atualmente não apresentam utilização, são espaços constituídos de materiais originais da construção da igreja, como o piso, as paredes, as escadas, e as janelas. No entando, mesmo com o tombamento da edificação, esta área, bem como toda a extensão da igreja, não apresenta ações para a conservação e manutenção deste importantíssimo bem caxiense.

O templo foi construído por iniciativa dos padres da Companhia de Jesus no século XVIII. Sua construção a princípio deu-se em pedra e cal, no entanto com o passar dos anos, em razão das revoltas da Balaiada e da Luta pela Independência na cidade, ocasionaram uma decadência na estrutura da edificação, acarretando em sua demolição e posterior reconstrução do templo em 1847 (5).

No início do século XX a igreja passou por mudanças que descaracterizaram o seu interior. O altar-mor, antes de madeira, foi substituído por um em massa no ano de 1930 pelos padres Barnabistas, que modificaram, além disso, os altares laterais, forro, piso da edificação e o revestimento das paredes (2). Em 1980 seu

entorno foi revertido por pedra Piracuruca em torno de 2 metros de altura, o que danificou sua arquitetura original e a base de cunhal na fachada.

As características principais da edificação relacionam-se ao seu estilo arquitetônico, o Barroco, fortemente influenciado por Portugal e pela presença da Companhia de Jesus no Brasil no século XVIII.

A Companhia tinha por objetivo catequizar os índios, mas, além disso, adquirir mais fiéis em meio a Reforma Protestante que se espalhava pelo mundo, e consequentemente conquistar riquezas para a Igreja católica, que apresentava poderio enfraquecido, com um intuito primordial de ressurgir sua pompa e glória.

Figura 04 – Altar-mor Igreja N. S. da Conceição e São José (Matriz)

Fonte: acervo pessoal da autora

A igreja é considerada o templo religioso com o maior número de imagens sacras da cidade, é constituída de cinco altares laterais barrocos, cada um contendo imagens sagradas, dentre eles temos as imagens de Maria e seu sagrado coração, Nossa Senhora da Providência, Santa Teresinha, Nossa Senhora do Carmo, São Raimundo Nonato, além de Cristo, Nossa Senhora das dores e São João Evangelista.

Além disso, seu transepto apresenta um altar lateral esquerdo constituído de seis objetos sagrados, dentre eles as imagens de Nossa Senhora das Dores, Bom Jesus da Coluna, São Francisco, Santa Margarida de Maria, Bom Jesus dos Passos e o Senhor Morto.

O altar-mor da nave (figura 04) guarda a imagem principal do Sagrado Coração de Jesus, Nossa Senhora da Conceição ao seu lado esquerdo e São José ao seu lado direito. É constituído de quatro colunas ornadas com capitéis coríntios, com o qual sustentam o frontão bem recortado que apresenta uma cruz superior.

Exibe, ainda, vários castiçais, entre eles as imagens de dois querubins guardam o sacrário, que protege a hóstia sagrada. Entre o sacrário evidenciam-se dois degraus com detalhes esculpidos em branco.

Ao lado da cadeira esquerda temos a imagem de um cordeiro esculpido sobre uma cruz e um cálice no

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altar, e ao lado da cadeira direita também foi esculpido uma pomba branca sobre uma cruz com o coração de Jesus. O altar manifesta a natureza como forma de decoração, uma característica barroca, e exibe cores claras e terrosas que variam do branco, ao marrom escuro e claro, e ao verde.

Todas as paredes da igreja são grossas, tendo em média uma espessura de 0,40 centímetros. O forro assim como a região inferior das paredes utilizam a madeira como principal material em grande parte da edificação, conferindo-lhe um design diferenciado em relação às outras igrejas da cidade.

Sua utilização proporciona uma diminuição da reverberação do espaço, baixa condutividade térmica e promove a sensação de aconchego ao espaço edificado.

Figura 05 - Piso em porcelanato

Fonte: acervo pessoal da autora

Em decorrência das reformas já mencionadas, o piso térreo da igreja sofreu diversas transformações. Inicialmente tinha-se um assoalho em cerâmica, que em virtude do desgaste do tempo, necessitou-se a troca. Mudou-se para o piso em porcelanato que não condiz com as características da igreja.

Somente o piso encontrado no segundo pavimento da igreja, parte em madeira, parte em cerâmica, mantém-se o original. Deve-se mencionar que no pavimento superior onde se encontram os pisos originais, os mesmos não passaram por nenhum cuidado com o decorrer do tempo.

DISCUSSÃO

A Igreja Nossa Senhora da Conceição e São José é sem dúvida um exemplar arquitetônico que carrega símbolos e simbologias que, sob o olhar histórico arquitetônico, ajudam a construir a memória de identidade da cidade de Caxias. Esta pesquisa teve como objetivo a levantamento dos dados arquitetônicos e históricos da primeira igreja caxiense, com a finalidade de se contribuir na vigilância deste bem.

A intenção era revelar os aspectos que físicos e simbólicos que a edificação carrega para que assim, com este dossiê/inventário, as discussões a cerca de sua conservação e proteção fossem aprofundadas.

O observado é preocupante, no que tange as práticas de salvaguarda do templo. Infelizmente as políticas e ações aplicadas sob o exemplar parecem ineficazes e/ou insuficientes, haja vista das transformações indevidas que ali acorreram nos últimos anos. Menciona-se aqui o fato de não existir um cuidado especial com as Imagens originais de Nossa Senhora da Conceição e São José, simbolos máximos da Igreja e que hoje se encontram em uma ala escura e nada privilegiada da construção, sendo as únicas imagens de toda a igreja a não possuirem identificação. Ainda, o uso do porcelanato como piso, revelando um total descuido em relacionar a simplicidade do templo com as intervenções propostas.

Conhecer a edificação em questão é de relevância máxima para compreensão de sua importância para a história da cidade, o que contribui para a desmistificação da ideia de tombamento engessado, possibilitando um cuidado maior com o edifício e contribuindo para fortalecimento da identidade cultural. É, a partir desta visão, que o presente trabalho pretende contribuir para a valorização e reconhecimento deste importante exemplar histórico-arquitetônico caxiense, fomentando as discussões a cerca do patrimônio e promovendo a educação urbana e patrimonial.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As análises históricas e sobre tudo arquitetônicas a respeito da Igreja Nossa Senhora da Conceição e São José aqui mencionadas, são relevantes para a compreensão de um bem patrimonial responsável pela construção da

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identidade do município de Caxias. Contribuem para a melhoria do conhecimento científico onde agregam maiores informações arquitetônicas sobre a igreja da cidade.

Deve-se mencionar que apesar da edificação ter sido tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em 1990, ou seja, há vinte e sete anos, não houve ações de preservação da edificação pelos órgãos públicos e pela administração paroquial.

Além disto, o levantamento da planta baixa da edificação foi de fundamental importância para a análise da concepção dos espaços da igreja Matriz, que anteriormente não existia. Ainda, os levantamentos fotográficos e bibliográficos contribuíram para que os objetivos propostos fossem alcançados.

Análises futuras podem ser realizadas para dar ênfase ao caráter social que envolve a edificação, ou seja, quais os questionamentos da população em relação às modificações ocorridas e quais as suas opiniões e soluções para a preservação da Igreja Matriz.

Assim, conhecendo a importância da conservação da igreja como bem patrimonial responsável pela construção do município de Caxias, podemos então fazer jus ao que é considerado como “tombado” pelo IPHAN, que é preservar aquilo que não é apenas responsabilidade de poucos, porém de todos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 BRASIL. IBGE. Informações completas sobre a cidade

de Caxias, 2017. Disponível em:< https://cidades.ibge.gov.br/v4>. Acesso em: 17 de setembro de 2017.

2 SOUSA, I; MENESES, R; VIANNA, J Cartografias Invisíveis:

Saberes e Sentires de Caxias. Caxias: Academia Caxiense

de Letras, 2015.

3 COUTINHO, Mílson. Caxias das Aldeias Altas: subsídios

para sua história. 2. ed. Caxias: Prefeitura de Caxias,

2005.

4 OTÁVIO, Rodrigo. A Balaiada 1839. 1. ed. São Luís: Siciliano, 2001.

5 SOUZA, Joana. Educação patrimonial: passados

possíveis de se preservar em Caxias-MA. 2016. 146 f.

Dissertação (Mestrado em História, Ensino e Narrativas) – Universidade Estadual do Maranhão, UEMA, São Luís, 2016.

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