Wilson Arnaldo Artuzi Junior Ricardo Rodrigo Wolf Cruz
CURITIBA 2010
1 - Introdução...1
1.1 - Definição:...1
a) Domínio do tempo discreto n...1
b) Domínio z...2
c) Par transformado...2
d) Transformada Direta...2
e) Transformada Inversa...2
2 - Região de Convergência da Transformada Z...4
2.1 - Propriedades da ROC...5
3 - Propriedades da Transformada Z...8
3.1 - Linearidade...8
3.2 - Deslocamento...8
3.3 - Produto por exponencial...10
3.4 - Reversão...11
3.5 - Convolução...11
4 - Transformação Bilinear...12
4.1 - Transformada de Laplace e Transformada Z...12
a) Transformada de Laplace...12
b) Transformada Z...12
c) Comparação...12
4.2 - Transformação bilinear...12
1 Introdução
A Transformada Z é bastante utilizada para a análise de sistemas em tempo discreto. Pode ser aplicada no processamento digital de sinais, por exemplo, para obtenção do comportamento de sinais digitalizados e para a criação de filtros digitais.
Também é possível aplicar tal transformada em equações diferença lineares, que quando convertidas para o domínio z tornam-se equações algébricas de mais fácil solução. Neste caso, a resposta final é obtida pela utilização da transformada Z inversa após os cálculos. Do mesmo modo, pode-se obter funções de transferência de sistemas em função da variável z, utilizadas para verificação da resposta do sistema a uma entrada arbitrária. A transformada Z é o equivalente para sinais e sistemas discretos da transformada de Laplace, usada no caso contínuo.
1.1 Definição
:A transformada Z faz a mudança do domínio do tempo discreto para o domínio da variável z. É uma alternativa mais adequada que a transformada de Laplace quando a variável tempo não é contínua.
a) Domínio do tempo discreto n.
g [n] é uma sequência de números reais ordenados segundo valores crescentes de n. Neste caso, n = 0, ± 1, ± 2, ± 3, …
Em casos práticos, g[n] é obtida através da amostragem de g(t) a intervalos regulares ∆t, ou seja, g[n] = g (n.∆t), como ilustrado na Figura 1.1.
Figura 1.1: Exemplo de amostragem de sinal analógico.
b) Domínio z.
G(z) é uma função real da variável complexa . A variável z não tem significado físico e é contínua (ao contrário da variável n que é discreta). O plano complexo Z é ilustrado na Figura 1.2.
c) Par transformado.
A relação g[n] ↔ G(z) é unívoca, desde que considerada sua Região de Convergência (ROC). d) Transformada Direta.
G z =
∑
n=−∞ ∞g [n] z
−n(1)
e) Transformada Inversa.g [n ]=
1
2 j
∮
cG z z
n−1dz
(2)
Na qual “c” é um contorno fechado no sentido anti-horário ao redor da origem do plano complexo z, como exemplificado na Figura 1.3.
Exemplo 1 (resolvido): Calcule a transformada Z direta do degrau unitário discreto, mostrado na Figura 1.4:
Figura 1.2: Plano complexo Z com exemplo de um valor possível da variável z em azul.
Figura 1.3: Exemplo de caminho fechado possível para a integral da Transformada Z inversa.
Partindo da Equação 1:
Fórmula da soma dos termos de uma PG:
∑
k =m nr
k=
r
n1−
r
mr−1
;r ≠1
(3)
Usando r = 1/z; m = 0 e n = ∞:
Logo:G(z) possui um pólo em z = 1 (valor que anula o denominador), a Região de Convergência (região do plano complexo Z para a qual |G(z)|<∞) fica sendo |z|>1, como mostra a FIGURA.
Figura 1.4: Função degrau unitário discreto, correspondente à g[n]=0 para n<0 e g[n]=1 para n≥0. G z=
∑
n=−∞ ∞ u [n ] z−n =∑
n=−∞ ∞ 0.z−n ∑
n=−∞ ∞ 1.z−nG z=
∑
n=0 ∞z
−n=1
1
z
1
z
2
1
z
3...
g z=
1/ z
∞−1
1/ z −1
=
∞
, se∣z∣1 ;
−1
1 / z−1
=
z
z−1
, se∣z∣1.
g z=
z
z −1
;∣z∣1
Exemplo 2: Calcule a transformada Z direta da sequência g[n] = anu[n], onde 0<a<1.
Resposta: , conforme a Figura 1.6.
2 Região de Convergência da Transformada Z
A Transformada Z de uma sequência g[n] é definida apenas para os valores de z no plano complexo que resultem em
Figura 1.6: ROC da Transformada Z de anu[n]
(Exemplo 2).
Figura 1.5: ROC da Transformada Z do degrau unitário u[n] (Exemplo 1).
g z=
z
∑
n=−∞∞
∣
g [n ] z
−n∣∞
(4)
Os pontos no plano complexo Z que satisfazem a condição acima definem a região de convergência (ROC – Region of Convergence).
2.1 Propriedades da ROC
a. A ROC é sempre uma região conexa (uma única superfície) na forma de disco ou anel com centro na origem do plano complexo Z, como nos exemplos da Figura 2.1.
b. A ROC não contém os pólos de G(z) e é delimitada por estes. Pólos são os valores da variável z que anulam o denominador da função G(z) quando ela é expressa na forma racional (divisão de polinômios da variável z).
c. ROC de uma sequência finita:
Uma sequência é dita finita quando satisfaz a seguinte condição:
g [n ]=0 para n N
1e nN
2(5)
Sendo N1 e N2 valores inteiros menores que infinito, como exemplificado na Figura 2.2.Figura 2.1: Tipos possíveis para a Região de Convergência (ROC).
A ROC de uma sequência finita é todo o plano complexo, mas exclui |z|=∞, se N1<0, e |z| =0, se N2>0.
d. ROC de uma sequência à direita:
Uma sequência é dita à direita quando satisfaz a condição:
g [n ]=0 para n N
1(6)
A ROC de uma sequência à direita é o exterior de uma circunferência e exclui |z|=∞, se N1<0. Um exemplo de sequência à direita é apresentado na Figura 2.3.
e. ROC de uma sequência à esquerda:
Uma sequência é dita à esquerda quando satisfaz a condição:
g [n ]=0 para n N
2(7)
A ROC de uma sequência à esquerda é o interior de uma circunferência e exclui |z|=0, se N2>0. Uma sequência à esquerda é ilustrada na Figura 2.4.
Figura 2.3: Exemplo de sequência à direita com N1=0. A função mostrada
f. ROC de uma sequência bilateral:
Uma sequência é dita bilateral quando não se enquadra nos casos anteriores e não é periódica, como ilustrado na Figura 2.5.
A ROC de uma sequencia bilateral é um anel (a>0 e b<∞ ,considerando a Figura 2.1). g. ROC de uma sequência periódica:
Uma sequência é dita periódica quando apresenta um padrão que se repete indefinidamente, como na Figura 2.6.
Figura 2.4: Exemplo de sequência à esquerda com N2=0. A função mostrada é
g[n]=u[-n].
Figura 2.5: Exemplo de sequência bilateral. A função mostrada é g [n ]=1,2−n2
Não existe ROC para sequências periódicas, logo não é possível calcular sua Transformada Z.
Exemplo 3: Calcule a Transformada Z direta da sequência g[n] = -anu[-(n+1)].
Resposta:
3 Propriedades da Transformada Z.
3.1 Linearidade
a.g [n]b.h[n]⇔ a.G z b.H z
(8)
A ROC passa a ser a ROC de G(z) ∩ ROC de H(z), exceto quando há cancelamento de pólos.3.2 Deslocamento
g [n−k ]⇔ z
−kG z
(9)
A ROC é a ROC de G(z), mas com possibilidade de alterações em |z| = 0 e |z| = ∞.
Exemplo 4 (resolvido): Sabendo que obtenha a Transformada Z do
sinal g[n] apresentado na Figura 3.1.
Figura 2.6: Exemplo de sequência periódica. Neste caso é mostrada a função g[n]=(-1)n.
g z= z
z −a ;∣z∣a
u [n]⇔ z
Este sinal pode ser representado pela soma entre um degrau unitário deslocado de 1 unidade para a esquerda (Figura 3.2) e outro, com sinal negativo, deslocado de 2 unidades para a direita (Figura 3.3), ou seja, g[n] = u[n+1] – u[n-2].
Figura 3.1: g[n]=1, se |n|≤1; g[n]=0, se |n|>1.
Observe que para o sinal u[n+1] a ROC foi alterada, visto que trata-se de uma sequência à direita que se inicia antes do 0 (antes do deslocamento ela se iniciava no 0).
A ROC seria a intersecção das ROCs de u[n+1] e u[n-2], mas, neste caso, ocorre um cancelamento de pólo, pois:
Portanto o limite correspondente ao pólo z = 1 é alterado e:
3.3 Produto por exponencial
Figura 3.3: Degrau unitário deslocado de 2 unidades para a direita (k = 2).
u [n1]⇔ z
1z
z−1
;1∣z∣∞
u [n−2]⇔ z
−2z
z−1
;1∣z∣
u [n1]−u [n−2]⇔ z
1z
z−1
−
z
−2z
z−1
=
z
2−
z
−1z−1
=
z
3−1
z
2−
z
z
3−1
z
2−
z
=
z
2
z1. z −1
z. z−1
u [n1]−u [n−2]⇔
z
2
z 1
z
;0∣z∣∞
a
ng [n ]⇔G z /a
(10)
Para ROC de |z/a|.
Exemplo 5 (resolvido): Sabendo que obtenha a transformada Z de
anu[n].
3.4 Reversão
Para ROC de 1/|z|.
Exemplo 6 (resolvido): Sabendo que obtenha a transformada Z de
u[-n].
3.5 Convolução
Para ROC de G(z) ∩ ROC de H(z).
u [n]⇔ z
z−1;∣z∣1
a
nu [n]⇔
z /a
z /a−1
=
z
z−a
;∣ z /a∣1 ou∣z∣a
g [−n]⇔G 1/ z
u [n]⇔ z z−1;∣z∣1u [−n]⇔
1/ z
1/ z −1
=
1
1−z
;∣1 / z ∣1 ou∣z∣1
∑
m=−∞ ∞g [n−m]h [m]=g [n ]∗h[n ]
g [n ]∗h[n ]⇔G z H z
Exemplo 7:Sabendo que calcule a Transformada Z de -anu[-(n+1)]
(mesmo do exemplo 3) usando as propriedades da Transformada Z.
Resposta:
4 Transformação Bilinear
A transformação bilinear faz a mudança da variável da frequência complexa s (analógica) para a variável z (usada em sistemas digitais) de forma a permitir que um circuito elétrico analógico seja processado numericamente em computadores e em processadores digitais de sinais (DSPs).
4.1 Transformada de Laplace e Transformada Z
a) Transformada de Laplace
b) Transformada Z
c) Comparação
4.2 Transformação bilinear
A relação s = (1/∆t).ln(z) faz o mapeamento exato da variável s para a variável z, porém é de pouca utilidade prática. Porém, utilizando a relação z = (1+x)/(1-x), o logaritmo pode ser expandido usando a seguinte série de Taylor:
u [n]⇔ z z−1;∣z∣1 g z= z z−a;∣z∣a
G s=
∫
0 ∞g t e
−stdt≈
∑
n=0 ∞g n t e
−sn t
t
G z=
∑
n=0 ∞g [n] z
−nG s=G z ⇒ g n t t= g [n] ;
e
s t=
z.
ln
1x
1−x
=
2x
2
3
x
3
2
5
x
5⋯
(11)
Utilizando tal expansão, a relação entre s e z pode ser reescrita como:
s=
2
t
[
z −1
z 1
1
3
z −1
z 1
3
1
5
z −1
z 1
5⋯
]
e, considerando apenas a aproximação de primeira ordem, obtém-se uma transformação bilinear que apresenta importância prática quando associada à propriedade do deslocamento.
s=
2
t
z −1
z 1
(12)
Exemplo 8 (resolvido): Encontre uma fórmula recursiva da corrente em função da tensão para o equivalente digital do circuito RC mostrado na Figura 4.1, considerando nulas as condições iniciais.
1. Domínio do tempo:
2. Domínio da variável s:
A integral correspondente às condições iniciais é nula, logo:
Figura 4.1: Circuito RC, considerando a tensão e a corrente discretas.
v t −R.i t−
1
C
−∞∫
tit dt=0
V s −R.I s−
1
C
[
I s
s
1
s
−∞∫
0i t dt
]
=0
v t ⇔V s
i t⇔ I s
3. Domínio da variável z:
s=
2
t
z −1
z 1
4. Domínio do tempo discreto n:
ou, considerando:
Lembrando que i[n] e v[n] = 0 para n <0. Pode-se representar esta resposta pelo diagrama
apresentado na Figura 4.2.
V s−
[
R
1
Cs
]
I s=0
V z −
[
R
1
C
t
2
z1
z−1
]
I z =0
z V z−V z −
R
t
2C
z I z
R−
t
2C
I z =0
z
kV z⇔ v [nk ]
z
kI z⇔i[ nk ]
v [n1]−v [n]−
R
t
2C
i [n1]
R−
t
2C
i[n ]=0
i[n1]=
1
R
t
2C
v [n1]−v [n]
R−
t
2C
R
t
2C
i [n]
a
1=
RC−
t
2
RC
t
2
a
2=
C
RC
t
2
i[n1]=a
2
v [n1]−v [n]a
1i[n]
V s ⇔V z I s ⇔ I z
Exemplo 9: Encontre uma fórmula recursiva da corrente em função da tensão para o equivalente digital do circuito RL mostrado na , considerando nulas as condições iniciais.
Resposta:
Figura 4.2: Diagrama recursivo representando a corrente em função da tensão no tempo discreto para um circuito RC.
Figura 4.3: Circuito RL no tempo discreto.
i[n1]=
t /2R
t /2 L/ R
v [n1]v [n]−
t /2− L/ R
Bibliografia
[1] B. P. Lathi, Sinais e Sistemas Lineares, 2 edição, Bookman, Porto Alegre, Brasil, 2007.
[2] Roland, Digitalização, Brasil, 2010, disponível em http://www.qsl.net/py4zbz/teoria/digitaliz.htm , acesso em 19/11/2010.