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Academic year: 2021

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A EDUCAÇÃO PERMANENTE COMO DISPOSITIVO PARA GARANTIR OS

DIREITOS DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES: CONTRIBUIÇÕES DA

RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL INTEGRADA

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CEZAR, Pâmela Kurtz2; GIORDANI, Jessye Melgarejo do Amaral3; KOCOUREK, Sheila4

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Trabalho de Pesquisa e Intervenção: Relato de experiência _UFSM.

2

Psicóloga. Especialista em Residência Multiprofissional Integrada em Sistema Público de Saúde (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil.

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Cirurgião-Dentista. Especialista em Residência Multiprofissional Integrada em Sistema Público de Saúde (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil.

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Assistente Social. Professora Adjunta. Departamento de Ciências Sociais (UFSM) - Orientadora E-mail: pamelakurtz@gmail.com; jessyesm@hotmail.com; sheilakocourek@gmail.com;

RESUMO

Este estudo apresenta um relato da experiência dos profissionais da Residência Multiprofissional Integrada acerca de um Projeto de Pesquisa seguido de um Projeto de Intervenção sob a temática da violência contra crianças e adolescentes com a finalidade de demonstrar que a educação permanente apresenta-se como um instrumento capaz de aperfeiçoar as práticas de cuidado em saúde e auxiliar na efetivação dos direitos das crianças e adolescentes.

Palavras-chave: Educação Permanente em Saúde; Residência Multiprofissional Integrada; Violência na infância e adolescência.

1. INTRODUÇÃO

A Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, assinala a necessidade de estabelecer junto às Instituições de Ensino, mudanças curriculares nos cursos técnicos, de graduação e pós-graduação, para que a formação profissional contemple as demandas do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2007). Pois o cuidado só pode ser realizado por meio de práticas condizentes com as necessidades de saúde se o ensino tradicional, restrito a transmissão de conhecimento nuclear, também passar por modificações, já que o cenário atual exige um perfil de trabalhadores que saibam atuar em equipe e compartilhar responsabilidades (ALBUQUERQUE et al, 2008; HENRIQUES, 2005).

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Neste sentido, o Programa de Pós Graduação em Residência Multiprofissional Integrada em Sistema Público de Saúde (PRMISPS), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), teve início no ano de 2009 abrangendo os núcleos profissionais das áreas de Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição, Odontologia, Psicologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional que atuam em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Política Nacional de Humanização (PNH).

Por conseguinte, a partir da atuação dos profissionais da Residência Multiprofissional Integrada, junto às Equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF) de Santa Maria-RS, observou-se um número significativo de casos de violência contra crianças e adolescentes, além das dificuldades de intervenção dos profissionais das ESF quando deparados com tais situações. Partindo dessa vivência nos cenários onde o PRMISPS aproximou-se da população e dos serviços e da compreensão do fenômeno da violência como grave problema de Saúde Pública, elaborou-se uma Pesquisa com intuito de analisar como se constitui o atendimento a crianças e adolescentes vítimas de violência no contexto da ESF. E a partir dos resultados da Pesquisa, desenvolveu-se uma Intervenção com o objetivo de aprimorar o processo de trabalho desses profissionais acerca da referida temática.

A relevância dessa atuação baseia-se no entendimento construído historicamente acerca dos direitos das crianças e adolescentes e conforme preconiza a Lei n.º 8.069/90 nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade ou opressão, punidas na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais - Art. 5º. E no que tange aos estabelecimentos de atenção à saúde a não comunicação à autoridade competente dos casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente também acarreta em penalidade - art. 245 (BRASIL, 1990). Sendo assim, o processo de notificação compulsória de suspeita ou comprovação de maus-tratos contra crianças e adolescentes (Portaria nº 104/2011) emerge como uma importante responsabilidade para os profissionais que atuam com crianças e adolescente tanto no que diz respeito aos cuidados primários mediante uma situação de violência, incluindo o acompanhamento da condição de saúde dos usuários, bem como no dimensionamento epidemiológico do problema, permitindo o desenvolvimento de programas e ações específicas para seu enfrentamento (BRASIL, 2011).

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Ressalta-se ainda que a Política Nacional de Promoção da Saúde, apresenta como foco de intervenção a garantia da qualidade de vida a populaçaõ por meio da redução de vulnerabilidades e riscos à saúde. E dentre as ações específicas desta Política está à prevenção da violência e o estímulo à cultura da paz (BRASIL, 2006). E compreendendo a violência como um fenômeno complexo e multi causal, e para poder ir além das intervenções de caráter puramente clínico, os profissionais são convocados a se integrar a diversos segmentos, para que seja possível planejar e organizar estratégias de cuidado preventivas e promotoras de saúde (MINAYO, 1998).

2. OBJETIVO GERAL

Demonstrar como o processo de Educação Permanente é um instrumento capaz de aperfeiçoar as práticas de cuidado em saúde e auxiliar na efetivação dos direitos das crianças e adolescentes.

2.1 OBJETIVO ESPECÍFICO

Evidenciar como o programa de Residência Multiprofissional Integrada contribui para a reestruturação dos modelos tradicionais de atenção a saúde.

3. METODOLOGIA

A pesquisa realizada pelos profissionais da Residência Multiprofissional Integrada possuiu caráter Quantitativo e Qualitativo, onde a população foi composta por todos os integrantes das Equipes de Saúde da Família de Santa Maria, RS. O levantamento de dados foi realizado por meio de um trabalho de campo nas ESF urbanas e rurais do município, entre os dias 02 de dezembro de 2010 e 12 de janeiro de 2011. Realizou-se a aplicação individual de um questionário com perguntas abertas e fechadas - adaptado de Lescher (2004) - na ESF referência de cada profissional. Um estudo piloto com uma Equipe de Saúde da Família serviu como base para avaliar a qualidade do instrumento, além de apreciar os métodos e a logística da pesquisa. Outras formas utilizadas para assegurar a qualidade das informações foram o treinamento dos entrevistadores e a supervisão do

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Santa Maria, por meio do Núcleo de Educação Permanente da Secretaria Municipal de Saúde e pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Santa Maria sob número 0310.0.243.000-10. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, elaborado conforme as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos especificadas na Resolução 196/96 (BRASIL, 1996).

Após a realização da Pesquisa e apreciação dos resultados iniciais, desenvolveu-se uma Intervenção com intuito de fortalecer o processo de trabalho e qualificar os profissionais das equipes de ESF quanto ao atendimento de situações de violência envolvendo crianças e adolescentes. Esta intervenção foi realizada pelos profissionais da Residência Multiprofissional (Enfermeira, Cirurgião-Dentista e Psicóloga), com apoio do Curso de Graduação em Serviço Social da UFSM e em parceria com profissionais das Secretarias de Saúde e Assistência Social, Cidadania e Direitos Humanos de Santa Maria - RS.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A pesquisa intitulada: “Crianças e adolescentes vítimas de violência: Uma avaliação

do trabalho dos profissionais das Equipes de Saúde da Família de Santa Maria - RS sob esta perspectiva” foi desenvolvida os profissionais das Equipes de Saúde da Família de Santa Maria, RS. Foram entrevistados 116 integrantes (91,33%), do total de 127 que estavam atuando nas ESF no período da coleta de dados. Os resultados da Pesquisa indicam que 56% dos entrevistados não se sentem capacitados para atender crianças e adolescentes vítimas de violência e 71,6% nunca realizaram nenhum tipo de encaminhamento de crianças e adolescentes para a rede de proteção. Diante desses resultados evidencia-se pouco preparo dos profissionais quanto às intervenções em casos de violência. Por conseguinte, após a realização da Pesquisa, sentiu-se a necessidade de desenvolver uma Intervenção com intuito de qualificar os profissionais das equipes de ESF quanto ao atendimento de crianças e adolescentes em situação de violência.

Esta Intervenção totalizou quinze horas de Capacitação Profissional e foi desenvolvida em três momentos por meio de mostra de vídeos, dinâmicas de grupo, oficinas de discussões de casos, entrega de material informativo sobre a Rede de Proteção e realização de uma Mesa Redonda com representantes dos serviços de saúde, assistência social e segurança. Ressalta-se ainda que para a realização do Projeto de Intervenção foi

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produzido um vídeo que aborda questões teóricas e práticas acerca da temática da violência na infância e adolescência. Este vídeo esta disponível no endereço eletrônico:

http://www.youtube.com/watch?v=k0dd_AKOTGI. E também, a partir do material informativo

entregue aos profissionais durante a Intervenção sobre a Rede de Proteção no Município de Santa Maria RS foi elaborado uma Cartilha que pretende ser um guia de caráter informativo para auxiliar os profissionais quanto ao conhecimento da Rede de Proteção a infância e adolescência, bem como ampliar as discussões acerca dessa temática com vistas ao fortalecimento de fluxos e rotinas de encaminhamentos de crianças e adolescentes vítimas de violência. Esta cartilha está em fase de finalização e será distribuída gratuitamente para os Serviços de Saúde, Educação, Segurança, Assistência Social e comunidade em geral.

Entende-se que a necessidade de realizar uma intervenção justifica-se pelo fato de que a pesquisa em si não pode ser a única finalidade do estudo. Para modificar a realidade investigada é necessário ir além e propor planos de ação, pois só assim será possível integrar teoria e prática e garantir a qualidade e resolutividade das ações (DEMO, 1996). Para tanto, os profissionais de saúde precisam compreender que suas possibilidades de atuação foram ressignificadas e expandidas com o passar do tempo, principalmente na área de Saúde Coletiva. E as ações de prevenção, promoção e educação em saúde precisam ser incorporadas às práticas cotidianas, por meio de intervenções compartilhadas que considerem as necessidades da população como fatores determinantes à sua qualidade de vida (CARVALHO & CECCIM, 2006). E os profissionais que almejam atuar em conformidade com as demandas sociais de saúde, precisam entender também, que o saber exclusivo de seu núcleo profissional não é suficiente para produzir saúde de maneira ampliada, especialmente se essa demanda for à violência contra crianças e adolescentes.

E é em harmonia com os pressupostos de uma clínica ampliada e compartilhada que a Residência Multiprofissional Integrada contribui na qualificação do processo de trabalho em saúde. E o desenvolvimento de uma ação integrada (entre Ensino e Serviço - Pesquisa e Intervenção) permite compreender que a Residência Multiprofissional é um Programa capaz de provocar práticas de articulação e desencadear mudanças na formação dos profissionais de saúde. Entende-se assim, que o processo de Educação Permanente em Saúde surge como uma proposta de ação estratégica que visa contribuir para transformar e qualificar as intervenções em saúde e as práticas pedagógicas na formação e

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Uma vez que a Educação Permanente indica que a transformação das intervenções profissionais deva estar baseada na reflexão crítica sobre as atuações cotidianas nos serviços de saúde. Propõe-se, portanto, que os processos de capacitação sejam organizados a partir da problematização do processo de trabalho e que tenham por finalidade a transformação das ações profissionais, tomando como referência as

necessidades de saúde da população. Essa proposta mostra também a importância do

planejamento em saúde bem como a necessidade de construção coletiva entre gestores, trabalhadores e usuários de planos de intervenção (BRASIL, 2003). Entende-se por fim que o processo de Educação Permanente em Saúde é um dos dispositivos capazes de provocar mudanças na formação continuada dos profissionais de saúde e também auxiliar no enfrentamento da violência contra crianças e adolescentes.

5. CONCLUSÃO

Investir na Educação Permanente dos profissionais de saúde é uma das intervenções que a Residência Multiprofissional pode proporcionar, sempre pensando na importância da articulação entre pesquisa e intervenção, uma vez que a pesquisa proporciona conhecimento da realidade e necessidades dos serviços e a intervenção possibilita a qualificação e preparação profissional para trabalhar com as demandas levantadas. Dessa forma, compreende-se que a Educação Permanente é um dispositivo capaz de articular ensino-serviço e promover mudanças necessárias no cotidiano dos serviços de saúde. Por fim, salienta-se que uma das formas de garantir a efetivação dos direitos das crianças e adolescentes é justamente investir na capacitação dos profissionais que trabalham com esses sujeitos. Pois quanto maior for o conhecimento técnico acerca das intervenções em situações de violência, maiores as chances de prevenir essas ocorrências e cuidar de maneira mais qualificada das crianças e adolescentes que já se encontram em situação de violência. Pois, conforme aponta a Política Nacional de Humanização, quando os profissionais se sentem valorizados e se reconhecem como sujeitos ativos nos processos de mudança, sua implicação com o trabalho e com a produção de vida é potencializada (BRASIL, 2004).

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REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE V.S.; GOMES A.P.; REZENDE C.H.A.; SAMPAIO, M.X.; DIAS O.V.; LUGARINHO, R.M. A Integração Ensino-serviço no contexto dos processos de mudança na formação superior dos profissionais da saúde. Revista Brasileira de Educação Médica. Vol.32, n. 3, p. 356-362, 2008.

BRASIL. Lei 8.069: Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília, 1990.

BRASIL. Ministério Da Saúde. Diretrizes e Normas Regulamentadoras Sobre Pesquisa Envolvendo Seres Humanos. Resolução 196. 1996. Brasília, 1996.

BRASIL. Ministério da Saúde. Políticas de educação e desenvolvimento para o SUS: caminhos para a educação permanente em saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2003.

BRASIL, Ministério da Saúde. Política Nacional de Humanização: documento base para gestores e trabalhadores do SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde. Brasília: Ministério da Saúde 2006.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 1.996, de 20 de agosto de 2007. Disponível em:

http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Portaria_1996-de_20_de_agosto-de-2007.pdf Acesso

em 06 de Abril de 2011.

BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria Nº 104, de 25 de Janeiro de 2011. Disponível em:

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt0104_25_01_2011.html

Acesso em 25 de Março de 2011.

CARVALHO, Y. M.; CECCIM R. B. Formação e educação em saúde: aprendizados com a saúde coletiva. In: CAMPOS, G. W. S., et al (Orgs). Tratado de Saúde Coletiva. São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, p. 149-82, 2006.

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HENRIQUES, R.L.M. Interlocução entre ensino e serviço: possibilidades de ressignificação do trabalho em equipe na perspectiva da construção social da demanda. In: R. PINHEIRO & R. A. MATTOS (Orgs.) Construção social da demanda. Rio de Janeiro: CEPESC-IMS-UERJ/ABRASCO, 2005.

LESCHER, A. D. Et Al. Crianças Em Situação De Risco Social: Limites E Necessidades Da

Atuação Do Profissional De Saúde. 2004. Disponível Em: Www.Projetoquixote/Textos/Pdf Acesso em 10 de Março de 2010.

MINAYO, M. C. S.; SOUZA, E. R. Violência e saúde como um campo interdisciplinar e de ação coletiva. História, Ciências, Saúde - Manguinhos, Vol. 4 n.3, p. 513-531, 1998.

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