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Vista do Aplicação de protocolo de avaliação do desenvolvimento infantil realizada por pedagogos em creche: um estudo a partir do teste Denver II

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Aplicação de protocolo de avaliação

do desenvolvimento infantil

realizada por pedagogos em creche:

um estudo a partir do teste Denver II

Leticia Massa Thomé de Souza

Maria Aparecida Ribeiro Chagas

Marcia Regina Moscato Amoroso

Graduanda em Pedagogia no Centro Universitário Teresa D'Ávila lemts@hotmail.com

Graduanda em Pedagogia no Centro Universitário Teresa D'Ávila machagas30@gmail.com

Mestre em Fonoaudiologia – Docente do Centro Universitário Teresa D'Ávila

marciarmoscato@gmail.com

Resumo

A atuação do pedagogo não está mais restrita ao simples ato de conduzir uma sala de aula, pois o conhecimento deste profissional permite um leque de atividades a serem praticadas. Dentre elas, a aplicação de protocolos de avaliação do desenvolvimento é algo a ser tomado como instrumento de trabalho pelos pedagogos, com o intuito de identificar possíveis atrasos em diversos aspectos do desenvolvimento infantil, de modo que os resultados obtidos poderão contribuir tanto para a criança, quanto para o pedagogo, o qual será capaz de desenvolver atividades mais coerentes com a necessidade e o nível de desenvolvimento em que cada criança se encontra. Dessa forma, buscamos responder as seguintes questões: A aplicação de protocolo de avaliação do desenvolvimento infantil, realizada por pedagogos, possibilita a compreensão da fase evolutiva que a criança se encontra, ampliando desta forma a atuação pedagógica dentro da creche? Quais as dificuldades que o pedagogo pode encontrar na aplicação do teste? O objetivo geral deste estudo é avaliar o nível de desenvolvimento neuropsicomotor de crianças em idade pré-escolar, matriculadas em uma creche pública situada no município de Lorena, São Paulo, Brasil, por meio da aplicação do teste Denver II. O objetivo específico, por sua vez, é identificar os principais fatores que podem auxiliar na melhoria do

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processo pedagógico, a partir dos resultados obtidos com a aplicação do teste. A pesquisa atua de modo a auxiliar os educadores na avaliação do desenvolvimento dos alunos e, consequentemente, no planejamento das atividades a serem aplicadas, de modo que estas sejam mais específicas, de acordo com a necessidade de cada criança e o nível do desenvolvimento infantil apresentado para cada uma delas. Trata-se de uma pesquisa de campo, cujos dados foram analisados de forma qualitativa. Como instrumento de pesquisa, utilizou-se o teste Denver II, o qual foi aplicado por duas graduandas do curso de Pedagogia, com o auxílio da professora responsável pelas crianças matriculadas na creche. A partir dos resultados obtidos com a aplicação do referido teste, pôde-se constatar que as quatro crianças avaliadas apresentaram resultados não normais em três dos quatro aspectos analisados: pessoal-social, motor fino-adaptativo e linguagem; no aspecto motor-grosseiro, por sua vez, o resultado foi normal em todos os casos. Conclui-se que a aplicação do teste Denver II garante resultados concretos no que diz respeito ao desenvolvimento infantil e, uma vez adotado, é capaz de ampliar a concepção que os educadores têm de seus alunos, garantindo assim instrumentos capazes de engrandecer seu trabalho como profissional da educação e ampliando as possibilidades dentro de sua atuação como corresponsável pelo desenvolvimento da criança.

Palavras-chave:

Teste Denver II; Desenvolvimento Infantil; Pré-Escolar; Creche; Educadores.

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INTRODUÇÃO

A partir da publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº. 9.394/96, as creches passaram, oficialmente, a integrar o sistema de ensino. Estabeleceu-se então que a Educação Infantil tem como objetivo supervisionar e promover o desenvolvimento global da criança do nascimento até os seis anos de idade, complementando ações da família e da comunidade.

Sendo a infância uma fase da vida que requer maior atenção nos aspectos físico, emocional, cognitivo, pedagógico e de saúde, faz-se necessário que instrumentos eficazes para a avaliação do desenvolvimento infantil sejam empregados desde a vivência na creche, uma vez que tais resultados serão tidos como base durante todo o período escolar da criança. Vale ressaltar que ao apresentar um desenvolvimento adequado e saudável nos primeiros anos de vida, a criança terá maiores chances de progressão no futuro.

Ao atuar em uma creche, o pedagogo se depara com crianças em idade pré-escolar, período do desenvolvimento compreendido entre o terceiro e o final do quinto ano de vida, fase que a criança conquista importantes habilidades, principalmente em relação à linguagem e à socialização, o que contribui para que se torne mais independente e com capacidade de afirmar sua personalidade de forma única e peculiar.

O desenvolvimento infantilengloba aspectos físicos, emocionais, sociais e cognitivos, e refere-se ao período compreendido entre zero a seis anos de idade. Os fatores biológicos de uma criança podem influenciar no seu desenvolvimento a curto e longo prazo, uma vez que interferem na formação e maturação dos diversos sistemas desde a fase pré-natal. Por

outro lado, intervenções realizadas no ambiente familiar e escolar em cada fase do ciclo de vida da criança poderão influenciar na qualidade de seu desenvolvimento durante toda sua vida. Desse

modo, é fundamental que uma atenção especial seja dada no que diz respeito ao desenvolvimento de cada criança, mas será que a aplicação de protocolo de avaliação do desenvolvimento infantil, realizada por pedagogos, possibilita a compreensão da fase evolutiva que a criança se encontra, ampliando desta forma a atuação pedagógica dentro da creche? E quais as dificuldades que o pedagogo pode encontrar durante a aplicação do teste?

Inúmeros são os métodos empregados para avaliação do desenvolvimento infantil; escalas e testes são utilizados mundialmente, na tentativa de quantificar e qualificar o desenvolvimento da criança. O Denver II é o teste de rastreamento de risco de desenvolvimento infantil mais utilizado no Brasil, sendo empregado também em diversos países. Este instrumento inclui avaliação de comportamento social e pessoal, linguagem e habilidades motoras preconizadas como típicas do desenvolvimento. O desenvolvimento cognitivo da criança é avaliado pela capacidade de compreensão de instruções, conceituação de palavras, nomeação de figuras e habilidades pessoal-social.

A padronização do teste de Denver na população brasileira foi realizada por Drachler, Marshall e Carvalho-Leite (2007) em um estudo realizado em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Os autores avaliaram 3.389 crianças com idades abaixo dos cinco anos, permitindo, então, o ajuste do teste de desenvolvimento de Denver II ao contexto cultural brasileiro. Segundo Brito et al. (2011) vale ressaltar que o desenvolvimento infantil é acompanhado por organizações nacionais e internacionais e indica o índice de

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desenvolvimento de um país, bem como o nível de atenção à saúde, a educação e as condições sanitárias.

A creche foi o local escolhido pelos pesquisadores para desenvolver o presente estudo, por se tratar de um ambiente que agrega crianças em fase inicial de seu desenvolvimento, e envolve o pedagogo de modo que seja necessário um conhecimento básico mediante o nível de desenvolvimento de cada criança, de acordo com a faixa etária em que a mesma se encontra.

O objetivo geral deste estudo é avaliar o nível de desenvolvimento neuropsicomotor das crianças em idade pré-escolar, matriculadas em uma creche pertencente à rede pública de ensino, situada no município de Lorena, São Paulo, Brasil, através da aplicação do teste Denver II. O objetivo específico, por sua vez, é identificar os principais fatores que podem auxiliar na melhoria do processo pedagógico, a partir dos resultados obtidos com a aplicação do teste.

Nota-se a importância deste trabalho para a atuação dos pedagogos, no que diz respeito em obter resultados mais precisos referentes ao desenvolvimento neuropsicomotor dos alunos. Desta forma, poderão ser pré-estabelecidas atividades mais coerentes com a necessidade de cada criança, de acordo com o nível do desenvolvimento infantil em que a mesma se encontra. Além disso, os resultados obtidos após a aplicação do teste Denver II, irão beneficiar a própria criança em seu desenvolvimento motor/ intelectual/social, pois caso seja diagnosticado algum tipo de déficit em alguma destas áreas, com o auxílio dos pais ou responsáveis e dos educadores, ela poderá desenvolver atividades que influenciem positivamente no seu desenvolvimento.

REFERENCIAIS TEÓRICOS

Erikson (1998) afirma que durante a fase do desenvolvimento infantil compreendida entre zero e seis anos de idade, a criança parece dotada de uma energia interminável, que é extravasada principalmente através do brincar e de atividades motoras (correr, pular, subir, descer, entre outras). A criança está aprendendo também como funciona o mundo social e como ela funciona dentro dele.

Em seu trabalho, Barbosa (2004) diz que os primeiros anos de vida da criança são fundamentais para seu desenvolvimento, pois envolvem de forma significativa os aspectos físico, emocional, cognitivo e espiritual, os quais servirão como alicerces para sua aprendizagem e interação com o mundo físico e social. Porém, deve ser considerado não apenas a possibilidade de a criança se tornar bem sucedida no futuro, mas, principalmente, o fato de proporcionar à criança espaços onde ela possa se desenvolver de maneira plena e viver sua vida hoje.

Segundo Souza (2008), as concepções de educadoras de creche, referentes ao desenvolvimento de crianças em fase pré-escolar, têm ênfase no ambiente e na prática profissional, isto é, as educadoras acompanham e avaliam o desenvolvimento infantil através da observação diária, estabelecendo comparações entre as próprias crianças e destas com parâmetros pré-estabelecidos referentes ao comportamento esperado para crianças de faixa etária equivalente. Diante das dificuldades infantis, inclusive relacionadas a bebês com necessidades especiais, as educadoras tomam iniciativas próprias e em sua rotina de trabalho não há tempo nem espaço dedicados exclusivamente para realização de um planejamento; dessa forma suas ações são baseadas na resolução imediata dos problemas,

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o que provoca nestas profissionais uma sensação de sobrecarga e exaustão no final de cada expediente.

Em um estudo realizado por Silva (2003), as educadoras entrevistadas afirmaram que a creche é vista pela sociedade como um ambiente criado com uma única finalidade: a permanência de crianças que se encontram na ausência dos pais enquanto estes trabalham. Nesta circunstância, vale-se destacar a grande influência que o educador tem sobre o desenvolvimento infantil, uma vez que este profissional interage durante horas com as crianças, acompanhando-as em diferentes aspectos de seu desenvolvimento. Tais ideias se relacionam com o estudo de Eltink (1999), no qual o educador é apontado como peça fundamental para o bom atendimento dentro da creche, sendo este o principal responsável pela observação constante, pela pesquisa, pelo diálogo e pelo planejamento, de modo que esta interação com as crianças e com a comunidade lhe propicie certa autonomia na hora de analisar a realidade em que está inserido e na busca por soluções viáveis. Dessa forma, é possível afirmar que muito além do cuidado diário, o educador pode e deve desenvolver atividades voltadas para a promoção do desenvolvimento infantil, organizadas mediante um planejamento, no qual se faz necessário uma reflexão prévia das atitudes a serem tomadas, ao invés das decisões imediatistas que permeiam a realidade das creches.

Por outro lado, será que os próprios educadores reconhecem tamanha responsabilidade e influência que possuem sobre o desenvolvimento dos alunos? Ou ainda, utilizam métodos e instrumentos adequados para acompanhar o desenvolvimento das crianças? A falta de recursos que proporcionem ao educador maior credibilidade e segurança no desenvolver de seu

trabalho faz com que este profissional, muitas vezes, não seja capaz de realizar uma análise mais precisa e detalhada, no que diz respeito ao desenvolvimento infantil.

Tal problema é abordado por Melchiori e Alves (2001) em uma pesquisa realizada com educadoras de creches, na qual elas subestimam sua influência perante o desenvolvimento dos bebês que ficam sob seus cuidados, sendo esta considerada menor do que as mães exercem. Isso ocorre apesar de as mesmas estarem cientes do tempo que passam com as crianças, o qual varia entre quatro e dez horas por dia.

Souza (2008) afirma que o educador deveria estar ciente quanto à importância de sua função educativa junto à criança pequena e quanto à importância da creche como espaço de promoção do desenvolvimento e de prevenção de seus distúrbios. Se além do educador, a comunidade na qual a creche está inserida também fosse capaz de compreender este fator, talvez se verificasse maior empenho em tornar o atendimento à criança pequena algo mais elaborado e, portanto, mais adequado.

Dessa forma, verifica-se a necessidade real para solução deste problema, ou seja, por meio da aplicação de protocolos de avaliação do desenvolvimento infantil, no caso, do teste Denver II. O Teste de Denver é uma escala de triagem utilizada para verificar o atraso no desenvolvimento infantil; o mesmo foi desenvolvido por Willian K. Frankenburg em 1967, na universidade de Colorado, Denver. Sua aplicação se dá em crianças desde os quinze dias até os seis anos de idade. Segundo o próprio nome indica, este é um teste para triagem e não para diagnóstico de anormalidades de desenvolvimento, e tem como objetivo a

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identificação precoce de algum possível desvio e acompanha o desenvolvimento de todas as crianças, sejam elas de risco ou não.

De acordo com os critérios de avaliação previstos no manual do teste, sua interpretação global é feita como — normal, não normal, questionável e não testável. É importante ressaltar que por se tratar de um teste de triagem, um resultado não normal alerta para um risco potencial que deve ser confirmado mediante testes diagnósticos. Além disso, a avaliação do desenvolvimento em um único momento não permite que se determine de forma definitiva um atraso no desenvolvimento da criança. Através desta identificação precoce pode ser possível o estabelecimento de programas de intervenção que visem à prevenção de distúrbios no desenvolvimento (HALPERN et al., 1996).

MATERIAL E MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa de campo, cujos dados foram analisados de forma qualitativa. Como instrumento de pesquisa utilizou-se o teste Denver II, o qual foi aplicado por duas graduandas do curso de Pedagogia, com o auxílio da professora responsável pelas crianças matriculadas no Maternal I, em uma creche pública situada no município de Lorena, São Paulo, Brasil.

O teste Denver II consiste em 125 itens que são divididos em quatro grupos: a) Pessoal-Social: aspectos da socialização da criança dentro e fora do ambiente familiar; b) Motor adaptativo: coordenação olho-mão, manipulação de pequenos objetos; c) Linguagem: produção de som, capacidade de reconhecer, entender e usar linguagem e d) Motor Grosso: controle motor corporal, sentar, caminhar, pular e todos os demais movimentos realizados pela musculatura

ampla. Estes itens são administrados diretamente à criança e em alguns deles é solicitado que a mãe informe se a criança realiza ou não determinada tarefa (HALPERN et al, 1996).

Os itens avaliados são apresentados em forma de gráfico, e em cada marco do desenvolvimento, é possível observar os respectivos limites mínimo e máximo da idade de aparecimento. Os itens são codificados individualmente em passa, falha, ou recusa (não testável), de acordo com a habilidade da criança em realizar determinado item.

A amostra de crianças avaliadas pertence a faixa etária que varia entre 2 anos e 3 anos e 1 mês de idade. Trinta é a totalidade de crianças desta turma. Estabeleceu-se que quatro crianças seriam os sujeitos da pesquisa: duas crianças deveriam apresentar, aparentemente, desenvolvimento típico e as outras duas deveriam apresentar, aparentemente, algum tipo de alteração em seu desenvolvimento. A professora da sala selecionou, a partir desse critério, as quatro crianças. As duas crianças com desenvolvimento aparentemente típico pertencem ao sexo masculino e ao sexo feminino respectivamente, o mesmo equivale para as crianças que aparentemente apresentam alguma alteração em seu desenvolvimento. As crianças foram observadas individualmente, seguindo a tabela de aplicação do teste Denver II segundo Beteli (2006), de modo que, para cada criança houve uma tabela equivalente.

Após a assinatura do TCLE e autorização da instituição com parecer substanciado pelo CEP, CAAE nº. 50387915.5.0000.5431, as crianças foram avaliadas por meio do instrumento teste de triagem Denver II (Figura 1). As respostas foram anotadas e avaliadas, seguindo os procedimentos pré-estabelecidos para aplicação do referido teste.

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DISCUSSÕES E RESULTADOS

Os resultados encontrados na aplicação do teste foram avaliados individualmente. As crianças foram nomeadas, para efeito de análise, como A, B, C e D. Vale ressaltar que A e B eram consideradas pela professora, aparentemente, com alguma alteração em seu desenvolvimento e, C e D eram consideradas com desenvolvimento aparentemente típico.

Figura 1 - Teste de Triagem Denver II Fonte: BETELI, V. C. Acompanhamento do desenvolvimento infantil em creches. Dissertação de Mestrado em Enfermagem – Universidade de São Paulo, 2006.

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Criança A: Com 2 anos e 11 meses, pertencente ao sexo feminino, A

mostrou-se, no momento da aplicação do teste, alegre, sociável com as outras crianças, e discretamente retraída com os adultos. Apresentou-se calma e um pouco desatenta, mas logo se interessou e, aparentemente, gostou de realizar o teste. Seu histórico familiar é aparentemente adequado: os pais são casados e pareceram ser atenciosos e carinhosos. A apresentou resultados não normais em três dos quatro aspectos analisados: pessoal-social, motor fino-adaptativo e linguagem. No aspecto motor-grosseiro o resultado foi normal.

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Criança B: Com 2 anos e 10 meses, pertencente ao sexo masculino,

B mostrou ser uma criança alegre, que se socializa bem com as outras crianças e com os adultos; segundo a professora, B. é bagunceiro e meio desatento, um pouco agitado e prestativo. Quanto ao histórico familiar, os pais são separados; B. mora com sua mãe, e com irmãos adolescentes de outro casamento. No momento da aplicação do teste mostrou-se desatento e com pouco interesse nas atividades propostas. B. apresentou resultados não normais em três dos quatro aspectos analisados: pessoal-social, motor fino-adaptativo e linguagem. No aspecto motor-grosseiro o resultado foi normal.

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Criança C: Com 2 anos e 6 meses, pertencente ao sexo feminino, C mostrou

ser uma criança muito alegre, e sociável com crianças e adultos. Segundo a professora, C. é uma criança calma, esperta e não aprecia dividir os brinquedos. Seu histórico familiar é de uma família aparentemente adequada: os pais são casados e parecem ser atenciosos e carinhosos. No momento da aplicação do teste se comportou bem, se distraiu muito pouco na hora de responder as perguntas e demonstrou interesse constantemente; fez perguntas sobre os objetos utilizados durante o teste e, aparentemente, gostou de realizá-lo. C. apresentou resultados não normais em três dos quatro aspectos analisados: pessoal-social, motor fino-adaptativo e linguagem. No aspecto motor-grosseiro o resultado foi normal.

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Criança D: Com 2 anos e 6 meses, pertencente ao sexo masculino, D mostrou

ser uma criança muito alegre, que se socializa bem com as outras crianças e com os adultos. Segundo a professora, é uma criança calma e muito esperta, com todos os comportamentos típicos de sua idade. Seu histórico familiar revela mãe usuária de drogas ilícitas e ausência de registro de quem seja seu pai. D é criado por sua tia sendo que ambos moram na mesma casa de sua mãe. No momento da aplicação do teste se comportou muito bem, mantendo-se concentrado na hora de responder as perguntas e realizar os testes; demonstrou interesse e gostou de fazê-los. D apresentou resultados não normais em três dos quatro aspectos analisados: pessoal-social, motor fino-adaptativo e linguagem. No aspecto motor-grosseiro o resultado foi normal.

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Diante de tais resultados, evidencia-se a semelhança nas respostas das quatro crianças analisadas. Por estarem todos os dias, durante muitas horas numa mesma classe, dentro da creche, as crianças apresentam níveis de dificuldades semelhantes na realização das atividades. Isso mostra que as atividades que promovem o desenvolvimento da coordenação motora grossa das crianças estão sendo aplicadas constantemente, entretanto, atividades responsáveis por desenvolver a linguagem das crianças devem ser exercitadas com maior frequência, como por exemplo, contar histórias oralmente ou através de teatro de fantoches, dentre outras.

Também foi possível perceber que todas as crianças apresentaram resultados abaixo do esperado no fator pessoal-social, mais especificamente em atividades relacionadas à autonomia. Dessa forma, os resultados comprovam a necessidade das educadoras permitirem que as crianças desenvolvam suas autonomias por meio de atividades simples como escovar os dentes ou se vestir, mas de forma individual, isto é, sem o auxílio de um adulto.

Por fim, no aspecto motor fino-adaptativo as crianças também apresentaram algumas dificuldades na realização das atividades, porém, em níveis diferentes. Dessa forma, nota-se a necessidade de explorar de forma constante atividades que auxiliem neste aspecto, como por exemplo, desenhar, pintar utilizando os dedos ou pincéis, montar blocos, manusear peças pequenas ou realizar atividades utilizando massinha de modelar.

Sugere-se que os aspectos que apresentaram resultados abaixo do esperado devem ser repensados no momento do planejamento das

atividades, de modo a serem trabalhados com mais frequência em prol do desenvolvimento integral das crianças.

No que diz respeito à aplicação do protocolo de avaliação, por se tratar de um teste desenvolvido para população americana e caracterizado pela cultura deles, apenas traduzido para o português, foram encontradas dificuldades na compreensão de algumas questões, como por exemplo, “Coloca bloco na caneta”, devido ao fato de não apresentar uma explicação pertinente nas Instruções do Teste de Desenvolvimento Denver II. Apesar disso, o teste tido como instrumento de pesquisa se mostrou bem simples e objetivo na hora de sua aplicação, depois de recebidas as devidas orientações.

Klausing et al (2004) em seu estudo, discute as principais dificuldades encontradas durante a aplicação do teste Denver II, agrupando-as em três categorias, a saber: as relacionadas ao Teste de Denver II em si, a habilidade em lidar com as crianças e as dificuldades em relação à estrutura da creche. Quanto às “dificuldades relacionadas ao teste em si”, está a clareza dos itens da tabela, que se dá devido ao fato de a tabela ser uma tradução do inglês, podendo apresentar possíveis dificuldades no entendimento de alguns de seus itens. Porém, tal dificuldade poderia ser amenizada através da leitura sistemática do manual que explica detalhadamente todos os itens assim como o acesso a ele durante a aplicação.

Na questão “habilidade em lidar com as crianças”, a dispersão das mesmas se mostrou frequente, também observado em um dos casos apresentado no presente trabalho. Tal fator pode estar relacionado com a inexperiência do aplicador com o teste, já que a condução deste protocolo requer certa habilidade do

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aplicador para direcionar a atenção da criança ao item testado; porém, é algo que pode ser aperfeiçoado caso o teste seja aplicado constantemente pelos pedagogos nas creches.

A categoria “dificuldades em relação à estrutura da creche” está relacionada ao fato de as creches, em alguns casos, não disporem de um local apropriado para a realização do teste e devido à falta de tempo, o que pode ocorrer pela dinâmica de horários destinados ao sono, alimentação, chegada e saída de cada creche, o que acaba reduzindo o tempo de contato do aplicador com as crianças. Percebemos também esta dificuldade na aplicação do teste, o que caracteriza a falta de um planejamento que priorize a aplicação de protocolos de avaliação do desenvolvimento infantil. Tais fatores vão de acordo com o estudo realizado por Souza (2008), o qual destaca a atuação do pedagogo dada por meio de alternativas e decisões imediatas, isto é, uma rotina de trabalho caracterizada pela realização das atividades cotidianas de modo automático.

CONCLUSÃO

Foram avaliados os níveis de desenvolvimento neuropsicomotor das crianças em idade pré-escolar, matriculadas no maternal I em uma creche pública no município de Lorena, São Paulo, Brasil.

A aplicação do teste utilizado como instrumento de pesquisa possibilitou a identificação de alguns fatores que podem auxiliar na melhoria do processo pedagógico, dentre eles cabe citar os resultados obtidos com precisão em relação às quatro áreas do desenvolvimento infantil, sendo elas: pessoal-social, motor adaptativo, linguagem e motor grosso, o que possibilitou a equipe escolar uma

representação visual de aspectos relacionados ao desenvolvimento infantil, notados anteriormente, devido ao convívio com as crianças. Dessa forma, vale ressaltar que o teste auxilia toda equipe pedagógica na elaboração do planejamento das aulas, de modo a promover uma reflexão mediante as atividades a serem aplicadas em prol do desenvolvimento integral das crianças, considerando as áreas onde elas apresentam maior dificuldade.

Mediante tais fatores, a concepção que as educadoras da creche têm sobre as crianças se torna mais ampla e precisa, de modo que seja possível detectar as áreas onde os alunos se apresentam abaixo do esperado de acordo com a idade em que se encontram.

No que diz respeito à questão do pedagogo se apropriar de instrumentos de avaliação mais eficazes e devidamente validados, e estar ciente de sua responsabilidade sobre o desenvolvimento das crianças pequenas, vale destacar que, de fato, a aplicação de protocolos beneficia o seu trabalho, de modo a garantir a concretização daquilo que se observa diariamente, em relação ao desenvolvimento das crianças, em seus diferentes âmbitos.

O teste Denver II, apesar de apresentar algumas dificuldades no momento de sua aplicação, pode ser definido como um protocolo simples e completo, capaz de garantir uma visão global de cada aluno, possibilitando a rápida visualização das áreas onde a criança se encontra abaixo do esperado, as quais devem ser mais bem trabalhadas a fim de promover a evolução constante da criança.

Vale ressaltar que a reaplicação do teste é fundamental para o acompanhamento contínuo, possibilitando, assim, melhores resultados no desenvolvimento das crianças. Portanto, todos educadores são capazes de se

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apropriarem de protocolos de avaliação como este, o que carece apenas é a conscientização do profissional da educação responsável pelos anos iniciais sobre sua influência neste processo e, consequentemente, a busca constante por novos conhecimentos, o que lhe possibilitaria maior sucesso em seu trabalho.

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