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Livro Eletrônico Aula 01 Legislação Penal e Processual Penal p/ TJ-RS (Técnico) Com videoaulas

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Aula 01

Legislação Penal e Processual Penal p/ TJ-RS (Técnico) Com videoaulas

Professores: Marcos Girão, Paulo Guimarães

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A ULA 01

LEI N ¼ 9.099/95 (LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS CêVEIS E CRIMINAIS). LEI N ¼

11.340/06 (LEI MARIA DA PENHA).

Sum‡rio

Sum‡rio ... 1!

1 - Considera•›es Iniciais ... 2!

2 - Juizados Especiais Criminais (Lei n¼ 9.099/95) ... 2!

3 - Lei Maria da Penha (Lei n¼ 11.340/2006) ... 9!

4 - Quest›es ... 23!

4.1 - Quest›es sem Coment‡rios ... 23!

4.2 Ð Gabarito ... 38!

4.3 - Quest›es Comentadas ... 39!

5 - Resumo da Aula ... 64!

6 - Considera•›es Finais ... 67!

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A ULA 01 - L EI N¼ 9.099/95 (L EI DOS

J UIZADOS E SPECIAIS C êVEIS E C RIMINAIS ). L EI 11.340/06 (L EI M ARIA DA P ENHA ).

1 - Considera•›es Iniciais

Ol‡, caro amigo!

Vamos estudar hoje duas leis muito importantes para sua prova. Voc• est‡ no meio da jornada atŽ a prova, mas recomendo fortemente que voc• planeje com cuidado o que far‡ nos œltimos dias, incluindo uma revis‹o consistente de todas as matŽrias vistas ao longo da sua prepara•‹o.

Agora vamos ao que interessa. M‹os ˆ obra!

2 - Juizados Especiais Criminais (Lei n¼ 9.099/95)

Os Juizados Especiais s‹o os —rg‹os do Poder Judici‡rio respons‡veis por promover a concilia•‹o, o julgamento e a execu•‹o das infra•›es penais de menor potencial ofensivo. Sua cria•‹o foi prevista pela pr—pria Constitui•‹o Federal, em seu art. 98.

Art. 98. A Uni‹o, no Distrito Federal e nos Territ—rios, e os Estados criar‹o:

I - juizados especiais, providos por ju’zes togados, ou togados e leigos, competentes para a concilia•‹o, o julgamento e a execu•‹o de causas c’veis de menor complexidade e infra•›es penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumari’ssimo, permitidos, nas hip—teses previstas em lei, a transa•‹o e o julgamento de recursos por turmas de ju’zes de primeiro grau;

A Lei n¡ 9.099/1995 criou os juizados especiais c’veis e criminais, alŽm de tratar do funcionamento desses —rg‹os. Infra•›es penais de menor potencial ofensivo s‹o as contraven•›es penais e aqueles crimes cuja pena m‡xima prevista n‹o ultrapasse dois anos, cumulada ou n‹o com multa.

Vamos agora analisar objetivamente as disposi•›es da Lei n¡ 9.099/1995 acerca dos juizados especiais criminais, que s‹o o assunto que realmente nos interessa.

Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por ju’zes togados ou togados e leigos, tem compet•ncia para a concilia•‹o, o julgamento e a execu•‹o das infra•›es penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conex‹o e contin•ncia.

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Boa parte do trabalho dos Juizados Especiais gira em torno das tentativas de concilia•‹o. Este Ž um meio alternativo de solu•‹o de controvŽrsias, em que as partes t•m a oportunidade de solucionar seu conflito com aux’lio do conciliador.

Os conciliadores s‹o auxiliares da Justi•a, com a fun•‹o tentar aproximar as partes, inclusive sugerindo acordos. Eles devem ser recrutados, na forma da lei local, preferentemente entre bacharŽis em Direito, exclu’dos os que exer•am fun•›es na administra•‹o da Justi•a Criminal.

ƒ poss’vel tambŽm que o pr—prio Juiz atue como conciliador, havendo inclusive algumas leis processuais que o obrigam a propor, em determinados momentos, que as partes busquem um acordo.

O juiz leigo n‹o Ž propriamente um magistrado, mas exerce fun•›es de auxiliar da justi•a. Um juiz leigo pode, por exemplo, dirigir audi•ncias de concilia•‹o, elaborar o processo instrut—rio e ainda redigir uma proposta de senten•a. O poder decis—rio, no entanto, cabe somente ao magistrado (juiz togado).

A conex‹o e a contin•ncia s‹o causas de prorroga•‹o da compet•ncia, ou seja, quando elas ocorrem, a compet•ncia para julgar determinada a•‹o Ž modificada.

As a•›es que estejam ligadas por conex‹o ou contin•ncia devem, em regra, ser julgadas em conjunto.

Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-‡ pelos critŽrios da oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que poss’vel, a repara•‹o dos danos sofridos pela v’tima e a aplica•‹o de pena n‹o privativa de liberdade.

A oralidade se manifesta nos Juizados Especiais Criminais pela determina•‹o trazida pela pr—pria Lei n¡ 9.099/1995 de que apenas os atos essenciais precisam ser objeto de registro escrito, enquanto os atos realizados em audi•ncia de instru•‹o e julgamento poder‹o ser gravados.

A aplica•‹o da informalidade se d‡ porque no rito dos Juizados Ž poss’vel considerar v‡lidos todos os atos que atingirem suas finalidades. Vejamos o que diz o art. 65 da Lei.

Art. 65. Os atos processuais ser‹o v‡lidos sempre que preencherem as finalidades para as quais foram realizados, atendidos os critŽrios indicados no art. 62 desta Lei.

¤ 1¼ N‹o se pronunciar‡ qualquer nulidade sem que tenha havido preju’zo.

¤ 2¼ A pr‡tica de atos processuais em outras comarcas poder‡ ser solicitada por qualquer meio h‡bil de comunica•‹o.

O ¤2¡ do art. 65 Ž um bom exemplo de aplica•‹o do critŽrio da simplicidade.

Veja bem, no ‰mbito dos juizados especiais n‹o Ž necess‡rio que sejam enviadas as famosas cartas precat—rias quando for necess‡rio realizar dilig•ncias em outras localidades.

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Normalmente, se for necess‡rio praticar qualquer ato numa ‡rea alŽm da compet•ncia do Juiz, Ž necess‡rio que este envie um documento (carta precat—ria) ao Juiz competente na localidade, para que este pratique o ato: ouvir uma testemunha, citar o acusado, etc. No caso dos juizados especiais, esse pedido pode ser feito por telefone ou e-mail!

Art. 66. A cita•‹o ser‡ pessoal e far-se-‡ no pr—prio Juizado, sempre que poss’vel, ou por mandado.

Par‡grafo œnico. N‹o encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhar‡ as pe•as existentes ao Ju’zo comum para ado•‹o do procedimento previsto em lei.

A cita•‹o Ž o ato por meio do qual uma pessoa Ž informada de que existe uma a•‹o judicial contra ela. Nos juizados especiais, a cita•‹o tambŽm obedece o critŽrio da simplicidade, pois ela deve ser realizada preferencialmente no pr—prio Juizado.

Se n‹o for poss’vel promover a cita•‹o no pr—prio Juizado, ela ser‡ realizada por meio de mandado, cumprido por oficial de justi•a. No procedimento comum, a cita•‹o pode ocorrer de forma pessoal ou por meio de edital. N‹o vou entrar em detalhes, mas para sua prova Ž importante saber que no procedimento dos juizados especiais n‹o h‡ cita•‹o por edital.

Nos juizados especiais, a cita•‹o Ž sempre pessoal, devendo ser realizada preferencialmente no pr—prio Juizado. Quando isso n‹o for poss’vel, ser‡ realizada por meio de mandado. N‹o h‡ previs‹o de cita•‹o por edital.

O art. 67 trata da intima•‹o, que Ž a comunica•‹o feita ˆs partes do processo acerca dos atos praticados pelo Juiz. Por meio da intima•‹o o Juiz tambŽm determina que as partes pratiquem atos ou tomem provid•ncias.

Art. 67. A intima•‹o far-se-‡ por correspond•ncia, com aviso de recebimento pessoal ou, tratando-se de pessoa jur’dica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recep•‹o, que ser‡ obrigatoriamente identificado, ou, sendo necess‡rio, por oficial de justi•a, independentemente de mandado ou carta precat—ria, ou ainda por qualquer meio id™neo de comunica•‹o.

Par‡grafo œnico. Dos atos praticados em audi•ncia considerar-se-‹o desde logo cientes as partes, os interessados e defensores.

Voc• percebeu mais uma vez a simplicidade se manifestado na forma como s‹o conduzidos os atos processuais?

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O critŽrio da celeridade est‡ relacionado ao tempo que o processo leva para ser conclu’do. Uma das principais raz›es para a cria•‹o dos juizados especiais Ž o julgamento mais r‡pido das infra•›es penais mais simples.

A Lei n¡ 9.099/1995 confere ao Juiz, por exemplo, a prerrogativa de limitar a produ•‹o de provas, quando considera-las excessivas, impertinentes ou protelat—rias.

A economia processual est‡ muito relacionada ˆ simplicidade e ˆ celeridade, e diz respeito ˆ pr‡tica dos atos da forma mais abrangente poss’vel, tirando-se o m‡ximo proveito pr‡tico de cada um deles.

Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorr•ncia lavrar‡ termo circunstanciado e o encaminhar‡ imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a v’tima, providenciando-se as requisi•›es dos exames periciais necess‡rios.

Par‡grafo œnico. Ao autor do fato que, ap—s a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, n‹o se impor‡

pris‹o em flagrante, nem se exigir‡ fian•a. Em caso de viol•ncia domŽstica, o juiz poder‡

determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domic’lio ou local de conviv•ncia com a v’tima.

Perceba que no procedimento previsto para os juizados especiais n‹o se fala em inquŽrito policial. Em vez de adotar o procedimento investigativo, a autoridade policial deve enviar para o juizado especial apenas o termo circunstanciado de ocorr•ncia (TCO).

O TCO Ž um relato simples do fato ocorrido, contendo, alŽm da descri•‹o dos fatos, a identifica•‹o das pessoas envolvidas.

Perceba tambŽm que a autoridade policial deve tentar enviar o autor do fato e a v’tima diretamente ao juizado especial. Caso n‹o seja poss’vel adotar esse procedimento no momento da ocorr•ncia, o autor do fato deve assumir o compromisso de comparecer.

No procedimento dos juizados especiais n‹o Ž necess‡rio haver inquŽrito policial, mas somente a lavratura do termo circunstanciado de ocorr•ncia.

A Doutrina tem entendido que o TCO n‹o precisa ser lavrado pela autoridade de pol’cia judici‡ria. TambŽm Ž poss’vel que o termo seja lavrado diretamente pela Pol’cia Militar ou pela Pol’cia Rodovi‡ria Federal, por exemplo.

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Art. 72. Na audi•ncia preliminar, presente o representante do MinistŽrio Pœblico, o autor do fato e a v’tima e, se poss’vel, o respons‡vel civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz esclarecer‡ sobre a possibilidade da composi•‹o dos danos e da aceita•‹o da proposta de aplica•‹o imediata de pena n‹o privativa de liberdade.

Art. 73. A concilia•‹o ser‡ conduzida pelo Juiz ou por conciliador sob sua orienta•‹o.

Nesta fase devem ser apresentadas ˆs partes as propostas de concilia•‹o, incluindo as possibilidades de composi•‹o dos danos e de cumprimento imediato de pena n‹o privativa de liberdade.

Caso as partes cheguem a um acordo nessa fase conciliat—ria, ser‡ discutida a repara•‹o dos danos por parte do autor do fato. Essa repara•‹o tem natureza indenizat—ria civil. Essa composi•‹o de danos ser‡ feita por escrito e homologada pelo juiz, assumindo a efic‡cia de t’tulo executivo c’vel. Isso significa que se o autor do fato n‹o pagar o prometido, a v’tima poder‡ execut‡-lo no ju’zo c’vel competente.

Caso o crime ofendido seja de a•‹o penal pœblica condicionada ˆ representa•‹o, o ofendido ou seu representante legal ser‡ intimado para oferec•-la no prazo de trinta dias, sob pena de decad•ncia (aten•‹o! Isso j‡ foi cobrado em provas anteriores!)

Caso o crime cometido seja de a•‹o penal privada ou de a•‹o penal pœblica condicionada, a homologa•‹o do acordo importar‡ em renœncia do direito de representa•‹o ou de apresenta•‹o da queixa.

Art. 76. Havendo representa•‹o ou tratando-se de crime de a•‹o penal pœblica incondicionada, n‹o sendo caso de arquivamento, o MinistŽrio Pœblico poder‡ propor a aplica•‹o imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.

Esta Ž a hip—tese chamada de transa•‹o penal. Caso n‹o haja concilia•‹o, o MinistŽrio Pœblico pode oferecer uma espŽcie de acordo ao infrator, envolvendo o cumprimento de pena n‹o privativa de liberdade ou de multa.

A transa•‹o penal Ž proposta ao infrator por iniciativa do MinistŽrio Pœblico, e n‹o pelo Juiz.

Existem, porŽm, algumas situa•›es em que a transa•‹o penal n‹o pode ser oferecida. Esses casos est‹o previstos no ¤2¡ do art. 76.

¤ 2¼ N‹o se admitir‡ a proposta se ficar comprovado:

I - ter sido o autor da infra•‹o condenado, pela pr‡tica de crime, ˆ pena privativa de liberdade, por senten•a definitiva;

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II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplica•‹o de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;

III - n‹o indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunst‰ncias, ser necess‡ria e suficiente a ado•‹o da medida.

Art. 77. Na a•‹o penal de iniciativa pœblica, quando n‹o houver aplica•‹o de pena, pela aus•ncia do autor do fato, ou pela n‹o ocorr•ncia da hip—tese prevista no art. 76 desta Lei, o MinistŽrio Pœblico oferecer‡ ao Juiz, de imediato, denœncia oral, se n‹o houver necessidade de dilig•ncias imprescind’veis.

N‹o havendo concilia•‹o e nem transa•‹o penal, o MinistŽrio Pœblico oferecer‡

a denœncia oral. Perceba que essa Ž mais uma caracter’stica pr—pria dos juizados especiais: o oferecimento de denœncia oral.

N‹o havendo concilia•‹o e nem transa•‹o penal, o MinistŽrio Pœblico oferecer‡ a denœncia oral.

O Juiz verificar‡ ent‹o se Ž necess‡rio produzir provas adicionais mais complexas, a exemplo das per’cias ou laudos tŽcnicos. Se for este o caso, o Magistrado encaminhar‡ os autos ao Juiz comum, para que produza a prova necess‡ria da maneira mais adequada.

Oferecida a denœncia ou queixa, o acusado ser‡ informado acerca do dia e hora da audi•ncia de instru•‹o e julgamento, momento em que dever‡ haver nova tentativa de concilia•‹o, sendo poss’vel tambŽm que haja proposta de transa•‹o penal, desde que n‹o tenha ocorrido a possibilidade do seu oferecimento na fase preliminar.

Na audi•ncia, deve ser ouvido inicialmente o advogado do rŽu, e s— ent‹o o Juiz decidir‡ se aceita ou rejeita a denœncia ou queixa.

Caso a denœncia seja recebida, ser‹o ouvidas a v’tima e as testemunhas de acusa•‹o e defesa. Em seguida deve ser interrogado o acusado, passando-se imediatamente aos debates entre acusa•‹o e defesa e ˆ prola•‹o da senten•a.

Perceba que tudo Ž feito em uma s— ocasi‹o, ou seja, na audi•ncia de instru•‹o e julgamento. ƒ nesse momento que devem ser produzidas todas as provas.

Se o Juiz rejeitar a denœncia, dessa decis‹o caber‡ apela•‹o, nos termos do art. 82.

Art. 82. Da decis‹o de rejei•‹o da denœncia ou queixa e da senten•a caber‡ apela•‹o, que poder‡ ser julgada por turma composta de tr•s Ju’zes em exerc’cio no primeiro grau de jurisdi•‹o, reunidos na sede do Juizado.

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Art. 89. Nos crimes em que a pena m’nima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou n‹o por esta Lei, o MinistŽrio Pœblico, ao oferecer a denœncia, poder‡ propor a suspens‹o do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado n‹o esteja sendo processado ou n‹o tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspens‹o condicional da pena

A suspens‹o condicional do processo, assim como a transa•‹o penal, Ž proposta pelo MinistŽrio Pœblico. De forma bem simples, trata-se da imposi•‹o de certas condi•›es ao acusado, que devem ser cumpridas no per’odo de 2 a 4 anos.

Nada impede que o acusado deixe de aceitar a proposta de suspens‹o condicional, optando pelo prosseguimento da a•‹o penal.

Chamo sua aten•‹o para o critŽrio da pena. A suspens‹o condicional do processo s— pode ser proposta para crimes cuja pena m’nima seja de no m‡ximo 1 ano. Estamos falando da pena m’nima, e n‹o da m‡xima!

A suspens‹o s— pode ser aplicada se o acusado n‹o estiver sendo processado ou n‹o tenha sido condenado por outro crime. As condi•›es que podem ser impostas pelo magistrado s‹o mencionadas no ¤1¡, e as causas de revoga•‹o da suspens‹o est‹o elencadas nos ¤¤3¡ e 4¡.

¤ 1¼ Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presen•a do Juiz, este, recebendo a denœncia, poder‡ suspender o processo, submetendo o acusado a per’odo de prova, sob as seguintes condi•›es:

I - repara•‹o do dano, salvo impossibilidade de faz•-lo;

II - proibi•‹o de frequentar determinados lugares;

III - proibi•‹o de ausentar-se da comarca onde reside, sem autoriza•‹o do Juiz;

IV - comparecimento pessoal e obrigat—rio a ju’zo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.

[...]

¤ 3¼ A suspens‹o ser‡ revogada se, no curso do prazo, o benefici‡rio vier a ser processado por outro crime ou n‹o efetuar, sem motivo justificado, a repara•‹o do dano.

¤ 4¼ A suspens‹o poder‡ ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contraven•‹o, ou descumprir qualquer outra condi•‹o imposta.

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3 - Lei Maria da Penha (Lei n¼ 11.340/2006)

Art. 1o Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a viol•ncia domŽstica e familiar contra a mulher, nos termos do ¤ 8o do art. 226 da Constitui•‹o Federal, da Conven•‹o sobre a Elimina•‹o de Todas as Formas de Viol•ncia contra a Mulher, da Conven•‹o Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Viol•ncia contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela Repœblica Federativa do Brasil; disp›e sobre a cria•‹o dos Juizados de Viol•ncia DomŽstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assist•ncia e prote•‹o ˆs mulheres em situa•‹o de viol•ncia domŽstica e familiar.

A Lei n¼ 11.340/2006 tem por finalidade coibir a viol•ncia domŽstica e familiar contra a mulher. Esse diploma normativo Ž amplamente conhecido como Lei Maria da Penha, uma refer•ncia a Maria da Penha Maria Fernandes.

Esta senhora sofreu agress›es por parte de seu marido por anos, sem buscar a tutela dos —rg‹os estatais. No dia 29 de maio de 1983, em Fortaleza (CE), foi atingida enquanto dormia por um tiro de espingarda disparado por seu marido.

Como consequ•ncia desse tiro, Maria ficou paraplŽgica.

N‹o satisfeito com o resultado dessa viol•ncia, que tinha como finalidade a morte da mesma, depois de alguns dias o marido tentou outra investida: eletrocut‡-la durante o banho. Seis meses antes da prescri•‹o, o marido foi condenado, em raz‹o dos crimes, a cumprir pena de dez anos em regime aberto.

A hist—ria de Maria da Penha foi objeto de tamanha repercuss‹o internacional que o Comit• Latino-Americano e Caribe para Defesa da Mulher (CLADEM) formalizou denœncia ˆ Comiss‹o Interamericana de Direitos Humanos da Organiza•‹o dos Estados Americanos (OEA).

Em 2001, o Brasil foi condenado por meio de um relat—rio da OEA, que imp™s um pagamento de indeniza•‹o de 20 mil d—lares em favor de Maria da Penha, responsabilizando o Estado Brasileiro pela neglig•ncia e omiss‹o em rela•‹o ˆ viol•ncia domŽstica, e recomendando a ado•‹o de v‡rias medidas, entre elas a de simplificar procedimentos judiciais, diminuindo os prazos processuais de julgados.

Diante da press‹o sofrida pela OEA, o Brasil viu-se for•ado a cumprir as conven•›es e tratados internacionais dos quais Ž signat‡rio. Est‡ Ž a raz‹o da refer•ncia que o art. 1¼ da Lei Maria da Penha faz ˆ Conven•‹o sobre Elimina•‹o de Todas as Formas de Discrimina•‹o Contra as Mulheres e ˆ Conven•‹o Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Viol•ncia Contra a Mulher.

Art. 2o Toda mulher, independentemente de classe, ra•a, etnia, orienta•‹o sexual, renda, cultura, n’vel educacional, idade e religi‹o, goza dos direitos fundamentais inerentes ˆ pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem viol•ncia, preservar sua saœde f’sica e mental e seu aperfei•oamento moral, intelectual e social.

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Art. 3o Ser‹o asseguradas ˆs mulheres as condi•›es para o exerc’cio efetivo dos direitosˆ vida, ˆ seguran•a, ˆ saœde, ˆ alimenta•‹o, ˆ educa•‹o, ˆ cultura, ˆ moradia, ao acesso ˆ justi•a, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, ˆ cidadania, ˆ liberdade, ˆ dignidade, ao respeito e ˆ conviv•ncia familiar e comunit‡ria.

A Lei Maria da Penha n‹o Ž apenas uma norma protetiva. Ela tambŽm tem car‡ter program‡tico, determinando ao Estado que desenvolva pol’ticascapazes de assegurar ˆs mulheres o exerc’cio de direitos fundamentais, estendendo tambŽm ˆ fam’lia e ˆ sociedade em geral o dever de criar as condi•›es necess‡rias ao efetivo exerc’cio desses direitos.

A lei determina que a pol’tica pœblica relacionada ˆ preven•‹o da viol•ncia familiar e domŽstica contra a mulher seja desenvolvida por meio de um conjunto articulado de a•›es da Uni‹o, dos Estados, do Distrito Federal e dos Munic’pios, alŽm de a•›es n‹o governamentais, com as seguintes diretrizes:

a) integra•‹o operacional do Poder Judici‡rio, do MinistŽrio Pœblico e da Defensoria Pœblica com as ‡reas de seguran•a pœblica, assist•ncia social, saœde, educa•‹o, trabalho e habita•‹o;

b) promo•‹o de estudos e pesquisas, estat’sticas e outras informa•›es relevantes, com a perspectiva de g•nero e de ra•a ou etnia, concernentes ˆs causas, ˆs consequ•ncias e ˆ frequ•ncia da viol•ncia domŽstica e familiar contra a mulher, para a sistematiza•‹o de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avalia•‹o peri—dica dos resultados das medidas adotadas;

c) respeito, nos meios de comunica•‹o social, dos valores Žticos e sociais da pessoa e da fam’lia, de forma a coibir os papŽis estereotipados que legitimem ou exacerbem a viol•ncia domŽstica e familiar;

d) implementa•‹o de atendimento policial especializado para as mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento ˆ Mulher;

e) promo•‹o e a realiza•‹o de campanhas educativas de preven•‹o da viol•ncia domŽstica e familiar contra a mulher, voltadas ao pœblico escolar e ˆ sociedade em geral, e a difus‹o desta Lei e dos instrumentos de prote•‹o aos direitos humanos das mulheres;

f) celebra•‹o de conv•nios, protocolos, ajustes, termos ou outros instrumentos de promo•‹o de parceria entre —rg‹os governamentais ou entre estes e entidades n‹o-governamentais, tendo por objetivo a implementa•‹o de programas de erradica•‹o da viol•ncia domŽstica e familiar contra a mulher;

g) capacita•‹o permanente das Pol’cias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos —rg‹os e ˆs ‡reas enunciados no inciso I quanto ˆs quest›es de g•nero e de ra•a ou etnia;

h) promo•‹o de programas educacionais que disseminem valores Žticos de irrestrito respeito ˆ dignidade da pessoa humana com a perspectiva de g•nero e de ra•a ou etnia;

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i) destaque, nos curr’culos escolares de todos os n’veis de ensino, para os conteœdos relativos aos direitos humanos, ˆ equidade de g•nero e de ra•a ou etnia e ao problema da viol•ncia domŽstica e familiar contra a mulher.

Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura viol•ncia domŽstica e familiarcontra a mulher qualquer a•‹o ou omiss‹o baseada no g•nero que lhe cause morte, les‹o, sofrimento f’sico, sexual ou psicol—gico e dano moral ou patrimonial:

I - no ‰mbito da unidade domŽstica, compreendida como o espa•o de conv’vio permanente de pessoas, com ou sem v’nculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;

II - no ‰mbito da fam’lia, compreendida como a comunidade formada por indiv’duos que s‹o ou se consideram aparentados, unidos por la•os naturais, por afinidade ou por vontade expressa;

III - em qualquer rela•‹o ’ntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabita•‹o.

Para fins de prova, Ž importante compreender bem as defini•›es trazidas pela lei no que se refere ˆ viol•ncia domŽstica e familiar contra a mulher. Essa viol•ncia consiste numa a•‹o ou omiss‹o baseada no g•nero.

O conceito de g•nero surgiu a partir de 1980, na tentativa de aumentar o entendimento a respeito das diferen•as e desigualdades com rela•‹o aos sexos, que eram entendidas como express›es de comportamentos sociais rigorosos, ligados por meio das diferen•as biol—gicas entre homem e mulher, com foco nos aspectos sociais dessa rela•‹o desigual.

A mulher Ž a maior vitima da viol•ncia de g•nero. Estudos confirmam que em cerca de 95% dos casos de viol•ncia praticada contra a mulher, o homem Ž o agressor.

As express›es viol•ncia de g•neroeviol•ncia contra a mulhergeralmente s‹o utilizadas como sin™nimos, mas a viol•ncia de g•nero Ž mais abrangente, alcan•ando tambŽm rela•›es motivadas pela ra•a, etnia, classe, etc.

Preste bastante aten•‹o ˆs defini•›es trazidas pelos incisos do art. 5¼, pois elas j‡ foram cobradas em provas anteriores.

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VIOLæNCIA DOMƒSTICA E

FAMILIAR CONTRA A MULHER

O QUE ƒ?

A•‹o ou omiss‹o baseada no g•nero que lhe cause morte, les‹o,

sofrimento f’sico, sexual ou psicol—gico e dano

moral ou patrimonial

No ‰mbito da unidade domŽsticaàespa•o de conv’vio permanente de pessoas, com ou sem v’nculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas

No ‰mbito da fam’liaàcomunidade formada por indiv’duos que s‹o ou se consideram aparentados, unidos por la•os naturais, por afinidade ou por vontade expressa

Em qualquer rela•‹o ’ntima de afetoàna qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabita•‹o

ƒ interessante saber que o STJ j‡ decidiu que a Lei Maria da Penha pode ser aplicada mesmo que n‹o tenha havido coabita•‹o, e mesmo quando as agress›es ocorrerem quando j‡ se tiver encerrado o relacionamento entre as partes, desde que guardem v’nculo com a rela•‹o anteriormente existente.

Reproduzo a seguir matŽria dispon’vel no site do STJ (http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.te xto=93036) que menciona decis‹o nesse sentido proferida pela Terceira Sess‹o.

NÌO ƒ NECESSçRIO COABITA‚ÌO PARA CARACTERIZA‚ÌO DA VIOLæNCIA DOMƒSTICA CONTRA A MULHER

O namoro evidencia uma rela•‹o ’ntima de afeto que independe de coabita•‹o. Portanto, agress›es e amea•as de namorado contra a namorada Ð mesmo que o relacionamento tenha terminado Ð que ocorram em decorr•ncia dele caracterizam viol•ncia domŽstica. O entendimento Ž do ministro Jorge Mussi, do Superior Tribunal de Justi•a (STJ), fundamentando-se na Lei Maria da Penha para julgar conflito negativo de compet•ncia (quando uma vara c’vel atribui a outra a responsabilidade de fazer o julgamento) entre dois ju’zos de Direito mineiros.

Segundo os autos, o denunciado teria amea•ado sua ex-namorada, com quem teria vivido durante 24 anos, e seu atual namorado. O ju’zo de Direito da 1» Vara Criminal de Conselheiro Lafaiete, em Minas Gerais, ent‹o processante do caso, declinou da compet•ncia, alegando que os fatos n‹o ocorreram no ‰mbito familiar e domŽstico, pois o relacionamento das partes j‡ tinha acabado, n‹o se enquadrando, assim, na Lei n.

11.340/2006 (Lei Maria da Penha).

O ju’zo de Direito do Juizado Especial Criminal de Conselheiro Lafaiete, por sua vez, sustentou que os fatos narrados nos autos decorreram da rela•‹o de namoro entre rŽu e v’tima. Afirmou, ainda, que a Lei Maria da Penha tem efetiva aplica•‹o nos casos de

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relacionamentos amorosos j‡ encerrados, uma vez que a lei n‹o exige coabita•‹o. Diante disso, entrou com conflito de compet•ncia no STJ, solicitando reconhecimento da compet•ncia do ju’zo da Direito da 1» Vara Criminal para o processamento da a•‹o.

Ao decidir, o ministro Jorge Mussi ressaltou que de fato existiu um relacionamento entre rŽu e v’tima durante 24 anos, n‹o tendo o acusado aparentemente se conformado com o rompimento da rela•‹o, passando a amea•ar a ex-namorada. Assim, caracteriza-se o nexo causal entre a conduta agressiva do ex-namorado e a rela•‹o de intimidade que havia entre ambos.

O ministro destacou que a hip—tese em quest‹o se amolda perfeitamente ˆ Lei Maria da Penha, uma vez que est‡ caracterizada a rela•‹o ’ntima de afeto entre as partes, ainda que apenas como namorados, pois o dispositivo legal n‹o exige coabita•‹o para configura•‹o da viol•ncia domŽstica contra a mulher. O relator conheceu do conflito e declarou a compet•ncia do ju’zo de Direito da 1» Vara Criminal de Conselheiro Lafaiete para processar e julgar a a•‹o.

Par‡grafo œnico. As rela•›es pessoais enunciadas neste artigo independem de orienta•‹o sexual.

A orienta•‹o sexual da mulher n‹o pode servir de par‰metro para determinar se ela sofreu ou n‹o viol•ncia domŽstica e familiar.

A Lei, no intento de asseverar o car‡ter desprez’vel dos crimes por ela tratados, qualifica a viol•ncia domŽstica e familiar contra a mulher como uma viola•‹o dos direitos humanos.

H‡ um julgado recente do STJ tambŽm em que se confirmou a possibilidade de incid•ncia da Lei Maria da Penha nas rela•›es ente m‹e e filha.

DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. APLICA‚ÌO DA LEI MARIA DA PENHA NA RELA‚ÌO ENTRE MÌE E FILHA.

ƒ poss’vel a incid•ncia da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) nas rela•›es entre m‹e e filha. Isso porque, de acordo com o art. 5¼, III, da Lei 11.340/2006, configura viol•ncia domŽstica e familiar contra a mulher qualquer a•‹o ou omiss‹o baseada no g•nero que lhe cause morte, les‹o, sofrimento f’sico, sexual ou psicol—gico e dano moral ou patrimonial em qualquer rela•‹o ’ntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabita•‹o. Da an‡lise do dispositivo citado, infere-se que o objeto de tutela da Lei Ž a mulher em situa•‹o de vulnerabilidade, n‹o s— em rela•‹o ao c™njuge ou companheiro, mas tambŽm qualquer outro familiar ou pessoa que conviva com a v’tima, independentemente do g•nero do agressor. Nessa mesma linha, entende a jurisprud•ncia do STJ que o sujeito ativo do crime pode ser tanto o homem como a mulher, desde que esteja presente o estado de vulnerabilidade caracterizado por uma rela•‹o de poder e submiss‹o. Precedentes citados: HC 175.816-RS, Quinta Turma, DJe 28/6/2013; e HC 250.435-RJ, Quinta Turma, DJe 27/9/2013. HC 277.561-AL, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 6/11/2014.

Art. 7o S‹o formas de viol•ncia domŽstica e familiar contra a mulher, entre outras:

I - a viol•ncia f’sica, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saœde corporal;

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II - a viol•ncia psicol—gica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminui•‹o da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas a•›es, comportamentos, cren•as e decis›es, mediante amea•a, constrangimento, humilha•‹o, manipula•‹o, isolamento, vigil‰ncia constante, persegui•‹o contumaz, insulto, chantagem, ridiculariza•‹o, explora•‹o e limita•‹o do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause preju’zo ˆ saœde psicol—gica e ˆ autodetermina•‹o;

III - a viol•ncia sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de rela•‹o sexual n‹o desejada, mediante intimida•‹o, amea•a, coa•‹o ou uso da for•a; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impe•a de usar qualquer mŽtodo contraceptivo ou que a force ao matrim™nio, ˆ gravidez, ao aborto ou ˆ prostitui•‹o, mediante coa•‹o, chantagem, suborno ou manipula•‹o; ou que limite ou anule o exerc’cio de seus direitos sexuais e reprodutivos;

IV - a viol•ncia patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure reten•‹o, subtra•‹o, destrui•‹o parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econ™micos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;

V - a viol•ncia moral, entendida como qualquer conduta que configure calœnia, difama•‹o ou injœria.

Este dispositivo Ž muito importante para a sua prova. Agora que j‡ vimos a defini•‹o da viol•ncia domŽstica e familiar contra a mulher, devemos compreender os detalhes a respeito dos tipos de viol•ncia que pode ser infringida.

N‹o precisamos nos aprofundar numa explana•‹o te—rica mais detalhada acerca dessas modalidades, pois a pr—pria lei nos fornece as defini•›es.

MODALIDADES DE VIOLæNCIA E FAMILIAR CONTRA A MULHER

VIOLæNCIA FêSICA Ofensa ˆ integridade ou saœde corporalè a viol•ncia f’sica contra a mulher Ž perpetrada por meio da les‹o corporal.

VIOLæNCIA PSICOLîGICA

Qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminui•‹o da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas a•›es, comportamentos, cren•as e decis›es, mediante amea•a, constrangimento, humilha•‹o, manipula•‹o, isolamento, vigil‰ncia constante, persegui•‹o contumaz, insulto, chantagem, ridiculariza•‹o, explora•‹o e limita•‹o do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause preju’zo ˆ saœde psicol—gica e ˆ autodetermina•‹o è Essa modalidade Ž a mais frequente e provavelmente a menos denunciada. Muitas vezes a v’tima nem se d‡ conta de que est‡ sendo agredida por meio de palavras e a•›es.

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VIOLæNCIA SEXUAL

Qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de rela•‹o sexual n‹o desejada, mediante intimida•‹o, amea•a, coa•‹o ou uso da for•a; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impe•a de usar qualquer mŽtodo contraceptivo ou que a force ao matrim™nio, ˆ gravidez, ao aborto ou ˆ prostitui•‹o, mediante coa•‹o, chantagem, suborno ou manipula•‹o; ou que limite ou anule o exerc’cio de seus direitos sexuais e reprodutivos è A identifica•‹o da viol•ncia sexual no meio conjugal representa inova•‹o, pois o sexo sempre foi tradicionalmente considerado como uma obriga•‹o decorrente do matrim™nio.

VIOLæNCIA PATRIMONIAL

Reten•‹o, subtra•‹o, destrui•‹o parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econ™micos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades è O furto Ž crime contra o patrim™nio, e, se a v’tima for a mulher com quem se mantŽm rela•‹o afetiva, o ato Ž considerado viol•ncia patrimonial.

VIOLæNCIA MORAL

Calœnia, difama•‹o ou injœriaè O crime de calœnia pode ser descrito como Òimputar ˆ v’tima a pr‡tica de determinado fato criminoso sabidamente falsoÓ. A difama•‹o define-se como Òimputar ˆ v’tima a pr‡tica de determinado fato desonrosoÓ. J‡

a injœria pode ser definida como Òatribuir ˆ v’tima qualidades negativasÓ.

Existem alguns posicionamentos doutrin‡rios no sentido da exig•ncia de habitualidade para caracterizar os delitos previstos na Lei Maria da Penha. Essa doutrina, entretanto, Ž minorit‡ria, e n‹o merece muita aten•‹o da nossa parte...

J

Art. 9o A assist•ncia ˆ mulher em situa•‹o de viol•ncia domŽstica e familiar ser‡ prestada de forma articulada e conforme os princ’pios e as diretrizes previstos na Lei Org‰nica da Assist•ncia Social, no Sistema ònico de Saœde, no Sistema ònico de Seguran•a Pœblica, entre outras normas e pol’ticas pœblicas de prote•‹o, e emergencialmente quando for o caso.

A inclus‹o da mulher em programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal ser‡ determinada pelo magistrado, por prazo certo.

Veremos agora disposi•›es legais muito importantes para a sua prova.

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¤ 2o O juiz assegurar‡ ˆ mulher em situa•‹o de viol•ncia domŽstica e familiar, para preservar sua integridade f’sica e psicol—gica:

I - acesso priorit‡rio ˆ remo•‹o quando servidora pœblica, integrante da administra•‹o direta ou indireta;

II - manuten•‹o do v’nculo trabalhista, quando necess‡rio o afastamento do local de trabalho, por atŽ seis meses.

A mulher v’tima de viol•ncia domŽstica muitas vezes precisa ser retirada rapidamente do conv’vio do agressor. Esse afastamento, entretanto, pode implicar em preju’zos ˆ v’tima, e as medidas previstas no ¤2¡ t•m o cond‹o de diminuir essas consequ•ncias danosas, pelo menos no que tange aos v’nculos de trabalho.

Caso a mulher seja servidora pœblica, o juiz deve determinar acesso priorit‡rio ˆ remo•‹o, que nada mais Ž do que a mudan•a do local de trabalho da servidora.

Caso se trata de empregada, a lei autoriza o juiz a determinar a manuten•‹o do v’nculo trabalhista pelo per’odo de atŽ 6 meses. A Doutrina tem se posicionado no sentido de que o afastamento deve contemplar tambŽm a remunera•‹o, pois de nada adiantaria a v’tima manter seu v’nculo empregat’cio se n‹o tiver como se sustentar.

Entretanto, n‹o h‡ nenhuma regra a respeito da responsabilidade pelo pagamento dos sal‡rios, e nem existe ainda benef’cio assistencial espec’fico para essa finalidade.

¤ 3o A assist•ncia ˆ mulher em situa•‹o de viol•ncia domŽstica e familiar compreender‡ o acesso aos benef’cios decorrentes do desenvolvimento cient’fico e tecnol—gico, incluindo os servi•os de contracep•‹o de emerg•ncia, a profilaxia das Doen•as Sexualmente Transmiss’veis (DST) e da S’ndrome da Imunodefici•ncia Adquirida (AIDS) e outros procedimentos mŽdicos necess‡rios e cab’veis nos casos de viol•ncia sexual.

A Lei Maria da Penha protege a mulher com rela•‹o ˆ sua liberdade no uso de sua capacidade reprodutiva. S‹o considerados sexualmente violentos os atos que impedirem o acesso da mulher a mŽtodos contraceptivos.

A prote•‹o conferida pelo ¤3¡ ˆ mulher v’tima de viol•ncia exige a coordena•‹o de diversos n’veis no ‰mbito governamental e n‹o governamental, possibilitando a garantia de direitos fundamentais.

A Lei Maria da Penha assegura ˆ mulher em situa•‹o de viol•ncia domŽstica e familiar o acesso aservi•os de contracep•‹o de emerg•ncia, a profilaxia das Doen•as Sexualmente Transmiss’veis (DST) e da S’ndrome da Imunodefici•ncia Adquirida (AIDS) e outros procedimentos mŽdicos necess‡rios e cab’veis nos casos de viol•ncia sexual.

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Art. 10. Na hip—tese da imin•ncia ou da pr‡tica de viol•ncia domŽstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorr•ncia adotar‡, de imediato, as provid•ncias legais cab’veis.

Par‡grafoœnico. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao descumprimento de medida protetiva de urg•ncia deferida.

A partir de agora estudaremos os dispositivos da Lei Maria da Penha que se destinam aos policiais. A mulher que seja v’tima de viol•ncia domŽstica tem direito a tratamento diferenciado e espec’fico por parte da autoridade policial.

As provid•ncias que devem ser adotadas imediatamente pela autoridade policial diante de situa•›es de viol•ncia familiar contra a mulher incluem a garantia de prote•‹o policial, comunica•‹o imediata ao Poder Judici‡rio e ao MinistŽrio Pœblico, o encaminhamento da ofendida a estabelecimentos de tratamento mŽdico, o fornecimento de transporte ˆ ofendida que corra risco de vida e seus dependentes para local seguro, a informa•‹o ˆ ofendida dos direitos a ela assegurados e dos servi•os dispon’veis.

Art. 12. Em todos os casos de viol•ncia domŽstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorr•ncia, dever‡ a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem preju’zo daqueles previstos no C—digo de Processo Penal:

I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorr•ncia e tomar a representa•‹o a termo, se apresentada;

II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunst‰ncias;

III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concess‹o de medidas protetivas de urg•ncia;

IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames periciais necess‡rios;

V - ouvir o agressor e as testemunhas;

VI - ordenar a identifica•‹o do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a exist•ncia de mandado de pris‹o ou registro de outras ocorr•ncias policiais contra ele;

VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquŽrito policial ao juiz e ao MinistŽrio Pœblico.

Por favor d• uma aten•‹o especial a esse dispositivo, pois as medidas que devem ser adotadas imediatamente pela autoridade policial j‡ foram cobradas em provas anteriores.

O pedido da ofendida poder‡ ser feito oralmente, e caber‡ ao policial redigi-lo.

O pedido deve conter a qualifica•‹o da ofendida e do agressor, o nome e a idade dos dependentes, e a descri•‹o sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas.

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Art. 14. Os Juizados de Viol•ncia DomŽstica e Familiar contra a Mulher, —rg‹os da Justi•a Ordin‡ria com compet•ncia c’vel e criminal, poder‹o ser criados pela Uni‹o, no Distrito Federal e nos Territ—rios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execu•‹o das causas decorrentes da pr‡tica de viol•ncia domŽstica e familiar contra a mulher.

Par‡grafoœnico. Os atos processuais poder‹o realizar-se em hor‡rio noturno, conforme dispuserem as normas de organiza•‹o judici‡ria.

Os Juizados Especiais s‹o —rg‹os do Poder Judici‡rio que se dedicam ao julgamento de processos de menor complexidade. Os Juizados de Viol•ncia DomŽstica e Familiar contra a Mulher acumulam compet•ncia c’vel e criminal, e fazem parte da Justi•a comum estadual. A men•‹o que o dispositivo faz ˆ Uni‹o diz respeito aos Juizados instalados no Distrito Federal, onde a Uni‹o exerce a compet•ncia que em outros locais Ž conferida aos Estados.

Enquanto os Juizados n‹o forem estruturados, as varas criminais acumular‹o a compet•ncia criminal e a c’vel para conhecer e julgar causas decorrentes da pr‡tica de viol•ncia contra a mulher. AlŽm disso, esses processos ter‹o prefer•ncia no julgamento.

Apesar de esses Juizados terem compet•ncia criminal, o STF j‡ se manifestou no sentido de que eles n‹o seguem o procedimento simplificado t’pico dos juizados criminais, onde se podem aplicar diversos Òinstitutos despenalizadoresÓ, por meio dos quais podem ser celebrados acordos para evitar a pris‹o do criminoso. AlŽm disso, a pr—pria lei estabelece expressamente que n‹o se aplica a esses juizados o rito previsto na Lei n¡ 9.099/1995.

Os Juizados de Viol•ncia DomŽstica e Familiar contra a Mulher acumulam compet•ncia c’vel e criminal, e fazem parte da Justi•a comum estadual, mas o STF j‡ decidiu que esses

—rg‹os n‹o podem aplicar os Òinstitutos despenalizadoresÓ t’picos dos juizados criminais.

Art. 15. ƒ competente, por op•‹o da ofendida, para os processos c’veis regidos por esta Lei, o Juizado:

I - do seu domic’lio ou de sua resid•ncia;

II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;

III - do domic’lio do agressor.

Neste dispositivo quero chamar sua aten•‹o para um aspecto muito importante:

para facilitar o acesso ao Poder Judici‡rio, a mulher v’tima de viol•ncia tem a op•‹o de buscar o Juizado que seja mais pr—ximo de sua resid•ncia, do local em que ocorreu o ato de viol•ncia, ou ainda do domic’lio do agressor.

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Essa op•‹o, entretanto, diz respeito apenas no que se refere aos processos c’veis, ou seja, ˆs medidas protetivas, a•›es indenizat—rias, etc.

Art. 29. Os Juizados de Viol•ncia DomŽstica e Familiar contra a Mulher que vierem a ser criados poder‹o contar com uma equipe de atendimento multidisciplinar, a ser integrada por profissionais especializados nas ‡reas psicossocial, jur’dica e de saœde.

Maria Berenice Dias diz que um dos maiores avan•os trazidos pela Lei n¡

11.340/2006 foi a cria•‹o dos Juizados de Viol•ncia DomŽstica e Familiar contra a Mulher, que devem contar com profissionais capacitados e uma equipe multidisciplinar.

Essa equipe tem a finalidade de prestar ˆ mulher atendimento especializado e aux’lio no reestabelecimento de sua saœde f’sica e mental, bem como a orienta•‹o jur’dica adequada para fazer valer seus direitos.

ƒ por essa raz‹o que a lei tambŽm estabelece a obrigatoriedade de, em todos os atos processuais c’veis ou criminais, a mulher em situa•‹o de viol•ncia ser acompanhada por advogado. Essa regra comporta uma exce•‹o, relacionada ˆ situa•‹o em que a mulher pede diretamente ao magistrado a ado•‹o de medidas protetivas de urg•ncia.

Se for necess‡rio, o magistrado tambŽm pode determinar a atua•‹o de profissional especializado para realizar avalia•‹o mais profunda, mas esse profissional deve ser indicado pela equipe multidisciplinar.

A compet•ncia da equipe multidisciplinar Ž detalhada pelo art. 30.

Art. 30. Compete ˆ equipe de atendimento multidisciplinar, entre outras atribui•›es que lhe forem reservadas pela legisla•‹o local, fornecer subs’dios por escrito ao juiz, ao MinistŽrio Pœblico e ˆ Defensoria Pœblica, mediante laudos ou verbalmente em audi•ncia, e desenvolver trabalhos de orienta•‹o, encaminhamento, preven•‹o e outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, com especial aten•‹o ˆs crian•as e aos adolescentes.

Uma das principais fun•›es da equipe multidisciplinar Ž fornecer subs’dios ao juiz, ao MinistŽrio Pœblico e ˆ Defensoria Pœblica, mas, alŽm disso, cabe ˆ equipe orientar a ofendida, o agressor e os familiares, especialmente as crian•as e adolescentes envolvidos na situa•‹o de viol•ncia contra a mulher.

Art. 16. Nas a•›es penais pœblicas condicionadas ˆ representa•‹o da ofendida de que trata esta Lei, s— ser‡ admitida a renœncia ˆ representa•‹o perante o juiz, em audi•ncia especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denœncia e ouvido o MinistŽrio Pœblico.

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Este dispositivo foi considerado inconstitucional pelo STFem rela•‹o aos crimes de les‹o corporal, no julgamento da ADI n¡ 4.424. Para a Suprema Corte, a necessidade de representa•‹o da ofendida acaba por esvaziar a prote•‹o constitucional assegurada ˆs mulheres.

Podemos dizer, portanto, sem medo de errar, que a a•‹o penal nos crimes de les‹o Ž de natureza pœblica incondicionada, ou seja, a a•‹o Ž proposta pelo MinistŽrio Pœblico, sem necessidade de representa•‹o por parte da ofendida.

Lembre-se, porŽm, de que os crimes de amea•a e contra a dignidade sexual, por exemplo, continuam obedecendo ˆ regra do art. 16 (vide julgamento do RHC 33620 do STJ).

Art. 17. ƒ vedada a aplica•‹o, nos casos de viol•ncia domŽstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta b‡sica ou outras de presta•‹o pecuni‡ria, bem como a substitui•‹o de pena que implique o pagamento isolado de multa.

As veda•›es do art. 17 endurecem o tratamento dado aos crimes relacionados ˆ viol•ncia domŽstica contra a mulher. N‹o podem ser aplicadas penas que consistam exclusivamente em presta•‹o material, ou seja, n‹o pode haver penas cujo cumprimento consista simplesmente no pagamento de valores ou doa•‹o de bens.

Art. 20. Em qualquer fase do inquŽrito policial ou da instru•‹o criminal, caber‡ a pris‹o preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de of’cio, a requerimento do MinistŽrio Pœblico ou mediante representa•‹o da autoridade policial.

Perceba que o juiz pode decretar a pris‹o preventiva do agressor a requerimento do MinistŽrio Pœblico, por representa•‹o da autoridade policial, ou mesmo de of’cio, ou seja, sem qualquer provoca•‹o.

Art. 19. As medidas protetivas de urg•ncia poder‹o ser concedidas pelo juiz, a requerimento do MinistŽrio Pœblico ou a pedido da ofendida.

Essas medidas servem para proteger a ofendida diante de uma situa•‹o de emerg•ncia, e por essa raz‹o podem ser concedidas imediatamente, mesmo que n‹o haja audi•ncia e nem manifesta•‹o do MinistŽrio Pœblico, em que pese este deva ser comunicado imediatamente.

TambŽm n‹o h‡ qualquer empecilho ˆ aplica•‹o de mais de uma medida, ou ˆ substitui•‹o delas por outras que tenham maior efic‡cia.

ÒMas professor, que medidas s‹o essas?Ó Vejamos agora, caro aluno. Reuni as medidas protetivas de urg•ncia no quadro abaixo. H‡ medidas aplic‡veis ao agressor e outras aplic‡veis ˆ ofendida.

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MEDIDAS PROTETIVAS DE URGæNCIA

MEDIDAS QUE OBRIGAM O AGRESSOR

MEDIDAS QUE PROTEGEM A OFENDIDA

I - suspens‹o da posse ou restri•‹o do porte de armas, com comunica•‹o ao

—rg‹o competente;

II - afastamento do lar, domic’lio ou local de conviv•ncia com a ofendida;

III - proibi•‹o de determinadas condutas, entre as quais:

a) aproxima•‹o da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite m’nimo de dist‰ncia entre estes e o agressor;

b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunica•‹o;

c) frequenta•‹o de determinados lugares a fim de preservar a integridade f’sica e psicol—gica da ofendida;

IV - restri•‹o ou suspens‹o de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou servi•o similar;

V - presta•‹o de alimentos provisionais ou provis—rios.

I - encaminhamento da ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunit‡rio de prote•‹o ou de atendimento;

II - recondu•‹o da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domic’lio, ap—s afastamento do agressor;

III - afastamento da ofendida do lar, sem preju’zo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos;

IV - determinar a separa•‹o de corpos;

V - restitui•‹o de bens indevidamente subtra’dos pelo agressor ˆ ofendida;

VI - proibi•‹o tempor‡ria para a celebra•‹o de atos e contratos de compra, venda e loca•‹o de propriedade em comum, salvo expressa autoriza•‹o judicial;

VII - suspens‹o das procura•›es conferidas pela ofendida ao agressor;

VIII - presta•‹o de cau•‹o provis—ria, mediante dep—sito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da pr‡tica de viol•ncia domŽstica e familiar contra a ofendida.

Art. 25. O MinistŽrio Pœblico intervir‡, quando n‹o for parte, nas causas c’veis e criminais decorrentes da viol•ncia domŽstica e familiar contra a mulher.

A Lei n¡ 11.340/2006 destinou cap’tulo especial ˆ atua•‹o do MinistŽrio Pœblico, conferindo a esse —rg‹o a compet•ncia para intervir em todas as causas que tratem de viol•ncia domŽstica contra a mulher. ƒ importante que voc• fixe bem esse aspecto: o MinistŽrio Pœblico n‹o intervir‡ apenas nos processos criminais, mas tambŽm nas causas c’veis.

Quando n‹o for parte, o MinistŽrio Pœblico ser‡ competente para intervir em todas as causas c’veis e criminais que tratem da viol•ncia domŽstica e familiar contra a mulher.

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Para cumprir esse mister, o representante do MinistŽrio Pœblico poder‡ requisitar o aux’lio de for•a policial e servi•os pœblicos de saœde, de educa•‹o, de assist•ncia social e de seguran•a, entre outros, alŽm de fiscalizar os estabelecimentos pœblicos e particulares de atendimento ˆ mulher em situa•‹o de viol•ncia domŽstica e familiar e adotar imediatamente as medidas administrativas ou judiciais cab’veis no tocando ˆs irregularidades encontradas.

ƒ compet•ncia do MinistŽrio Pœblico tambŽm cadastrar os casos de viol•ncia domŽstica e familiar contra a mulher. Tal atribui•‹o Ž necess‡ria para a cria•‹o de estat’sticas, que dever‹o ser registradas no nas bases de dados dos —rg‹os do Sistema de Justi•a e Seguran•a a fim de subsidiar o sistema nacional de dados e informa•›es relativo ˆs mulheres.

Para concluir nossa explana•‹o te—rica, veremos o teor das disposi•›es finais da Lei n¡ 11.340/2006. Esses œltimos dispositivos tratam de assuntos variados relacionados ˆ implementa•‹o das disposi•›es legais que estudamos atŽ agora.

Art. 35. A Uni‹o, o Distrito Federal, os Estados e os Munic’pios poder‹o criar e promover, no limite das respectivas compet•ncias:

I - centros de atendimento integral e multidisciplinar para mulheres e respectivos dependentes em situa•‹o de viol•ncia domŽstica e familiar;

II - casas-abrigos para mulheres e respectivos dependentes menores em situa•‹o de viol•ncia domŽstica e familiar;

III - delegacias, nœcleos de defensoria pœblica, servi•os de saœde e centros de per’cia mŽdico-legal especializados no atendimento ˆ mulher em situa•‹o de viol•ncia domŽstica e familiar;

IV - programas e campanhas de enfrentamento da viol•ncia domŽstica e familiar;

V - centros de educa•‹o e de reabilita•‹o para os agressores.

AlŽm de autorizar os entes federados a criar esses —rg‹os, a Lei determina que a Uni‹o, os Estados, o Distrito Federal e os Munic’pios promovam adapta•›es nos

—rg‹os e programas j‡ existentes no que se refere ˆs situa•›es de viol•ncia domŽstica e familiar contra a mulher.

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4 - Quest›es 4.1 - Quest›es sem Coment‡rios

QUESTÌO 01 - PRF Ð Agente Ð 2013 Ð Cespe.

Os atos processuais dos juizados especiais criminais poder‹o ser realizados nos finais de semana, ˆ exce•‹o dos domingos e feriados.

QUESTÌO 02 - STJ Ð Analista Judici‡rio Ð 2012 Ð Cespe.

Podem ser autores nos juizados especiais federais pessoas f’sicas capazes, assim como pessoas jur’dicas devidamente qualificadas, microempresas e empresas de pequeno porte.

QUESTÌO 03 - PC-ES Ð Perito Papilosc—pico Ð 2011 Ð Cespe.

Nos casos em que a mencionada lei exige representa•‹o para a propositura da a•‹o penal pœblica, o ofendido ou seu representante legal ser‡ intimado para oferec•-la no prazo de trinta dias, sob pena de decad•ncia.

QUESTÌO 04 - PC-RN Ð Agente de Pol’cia Ð 2009 Ð Cespe (adaptada).

Consideram-se infra•›es de menor potencial ofensivo as contraven•›es penais e os crimes a que a lei comine pena m‡xima n‹o superior a dois anos, cumulada ou n‹o com multa.

QUESTÌO 05 - PC-RN Ð Agente de Pol’cia Ð 2009 Ð Cespe (adaptada).

N‹o encontrado o acusado para ser citado, o juiz titular do juizado especial criminal dever‡ determinar a cita•‹o por intermŽdio de edital, com prazo de 15 dias.

QUESTÌO 06 - PC-RN Ð Agente de Pol’cia Ð 2009 Ð Cespe (adaptada).

Nos crimes em que a pena m’nima cominada for igual ou inferior a um ano, o MP, ao oferecer a denœncia, poder‡ propor a suspens‹o do processo, por dois a quatro anos, observados os demais requisitos legais.

QUESTÌO 07 - TJ-AC Ð TŽcnico Judici‡rio Ð 2012 Ð Cespe.

Em caso de suspens‹o condicional do processo, ao juiz Ž autorizado impor condi•›es a que a suspens‹o ficar‡ subordinada, inclusive medidas cautelares previstas no CPP, desde que adequadas ao fato e ˆ situa•‹o pessoal do acusado.

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QUESTÌO 08 - TSE Ð Analista Judici‡rio Ð 2007 Ð Cespe (adaptada).

Nas infra•›es penais de menor potencial ofensivo, o juiz n‹o pode oferecer a proposta de transa•‹o penal de of’cio ou a requerimento da parte, uma vez que esse ato Ž privativo do representante do MinistŽrio Pœblico (MP), titular da a•‹o penal pœblica.

QUESTÌO 09 - MPE-RS Ð Secret‡rio de Dilig•ncias Ð 2010 Ð FCC.

Quanto ˆs disposi•›es da Lei dos Juizados Especiais Criminais (Lei n¡

9.099/95) Ž INCORRETO afirmar:

a) As disposi•›es da Lei n‹o se aplicam no ‰mbito da Justi•a Militar.

b) A compet•ncia do Juizado ser‡ determinada pelo lugar em que foi praticada a infra•‹o penal.

c) Os conciliadores s‹o auxiliares da Justi•a, que exercem fun•›es na administra•‹o da Justi•a Criminal, exclu’dos os BacharŽis em Direito.

d) Dos atos praticados em audi•ncia considerar-se-‹o desde logo cientes as partes, os interessados e defensores.

e) No procedimento sum‡rio, os embargos de declara•‹o ser‹o opostos por escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados da ci•ncia da decis‹o.

QUESTÌO 10 - TJ-PE Ð Juiz de Direito Ð 2013 Ð FCC.

No tocante ˆ transa•‹o penal, INCORRETO afirmar que

a) incab’vel a proposta no caso de ter sido o autor da infra•‹o condenado, pela pr‡tica de crime, ˆ pena privativa de liberdade, ainda que n‹o definitiva a senten•a.

b) a imposi•‹o da san•‹o n‹o constar‡ de certid‹o de antecedentes criminais, salvo registro para impedir nova concess‹o do benef’cio no prazo de cinco anos.

c) incab’vel a proposta no caso de o agente ter sido beneficiado anteriormente nos mesmos moldes, no prazo de cinco anos, pela aplica•‹o de pena restritiva.

d) a imposi•‹o da san•‹o n‹o ter‡ efeitos civis, cabendo aos interessados propor a•‹o cab’vel no ju’zo c’vel.

e) a aplica•‹o de pena restritiva de direitos n‹o importar‡ em reincid•ncia.

QUESTÌO 11 - TJ-RN Ð Titular de Servi•os de Notas e de Registros Ð 2012 Ð IESES (adaptada).

A compet•ncia do juizado especial criminal Ž absoluta, n‹o comportando exce•›es.

Referências

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