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A educação profissional e a inserção de jovens no trabalho : o caso do curso técnico em informática do Centro de Educação Profissional - CEP

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(1)

Universidade

Católica de

Brasília

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

STRICTO SENSU EM EDUCAÇÃO

Mestrado

A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E A INSERÇÃO DE JOVENS NO

TRABALHO: O CASO DO CURSO TÉCNICO EM INFORMÁTICA DO

CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL - CEP

Autor: Hudson Eloy Braga

Orientador: Prof

.

Dr

.

Cândido Alberto da Costa Gomes

(2)

ii

HUDSON ELOY BRAGA

A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E A INSERÇÃO DE JOVENS NO TRABALHO: O CASO DO CURSO TÉCNICO EM INFORMÁTICA DO CENTRO DE EDUCAÇÃO

PROFISSIONAL - CEP

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Educação.

Orientador: Prof. Dr. Cândido Alberto da Costa Gomes

(3)

iii

Dissertação de autoria de Hudson Eloy Braga, intitulada “A Educação Profissional e a Inserção de Jovens no Trabalho: O Caso do Curso Técnico em Informática do Centro de Educação Profissional, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação, defendida e aprovada em 24 de abril de 2009 pela banca examinadora constituída por:

_________________________________________________________________

Prof

.

Dr

.

Cândido Alberto da Costa Gomes

Orientador

_________________________________________________________________

Prof

a

Dr

a

Clélia de Freitas Capanema

Examinadora Interna

_________________________________________________________________

Prof

a

Dr

a

Olgamir Francisco de Carvalho

Examinadora Externa

(4)

iv

Dedico este trabalho de pesquisa às pessoas especiais.

Em primeiro lugar, a Deus, pois sem Ele nada sou nada tenho nada posso.

A meus pais, Aires e Amélia, pelo apoio, incentivo e grande ajuda na conclusão do curso e deste trabalho de pesquisa.

A minha esposa, Rosemary, pelas cobranças, apoio e incentivo, além da paciência em esperar.

(5)

v

Agradeço a Deus, pois sem Ele não teria chegado aqui.

A meus pais, que me apoiaram, incentivaram e auxiliaram para que este trabalho pudesse ser concluído.

Ao professor Cândido que, com sabedoria, extrema paciência e solicitude, orientou-me para que pudesse apresentar esta pesquisa.

Às professoras Clélia Capanema e Olgamir que, por meio de suas disciplinas, contribuíram grandemente para que esta pesquisa pudesse ser realizada.

A meu irmão Alessandro que, com, paciência, revisou o português deste trabalho, me auxiliando na correção de erros.

(6)

vi

(7)

vii RESUMO

O presente trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa de campo, realizada no Curso Técnico em Informática do Centro de Educação Profissional – CEP. Propõe primordialmente verificar como gestores, professores e alunos do CEP percebem a contribuição do Curso Técnico em Informática para a inserção de jovens no mercado de trabalho. Em termos secundários, a pesquisa objetivou: Identificar de que forma a educação profissional de nível técnico pode contribuir para amenizar o desemprego; Averiguar em que medida a integração entre educação básica e educação profissional contribui para com a inserção de jovens no mercado de trabalho; Examinar o comprometimento dos gestores e professores do CEP para com a inserção de jovens no mercado de trabalho; Analisar a percepção dos alunos concluintes do Curso Técnico em Informática acerca da inserção de jovens no mercado de trabalho; Verificar a atuação, no mercado de trabalho, dos alunos egressos do Curso Técnico em Informática, concluintes entre janeiro de 2005 e dezembro de 2006. Em face dos desafios da qualificação profissional decorrentes da implantação das novas tecnologias, das novas formas de organização do trabalho e do aumento da taxa de desemprego, este estudo torna-se de grande relevância, permitindo compreender a educação profissional, enquanto fomentadora da inserção de jovens no trabalho. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de natureza exploratória com opção por estudo de caso, o que proporcionou contato direto entre pesquisador e participantes. Para coleta dos dados, foi escolhida a técnica da entrevista semi-estruturada para gestores, professores e alunos egressos e a entrevista de grupo para alunos concluintes. A análise de conteúdo permitiu identificar que o Curso Técnico em Informática ofertado pelo CEP tem, até o momento, conseguido inserir os jovens egressos, no mercado de trabalho. No entanto, os resultados da pesquisa demonstraram que a capacidade de inserção profissional pode estar diminuindo, o que leva ao entendimento de que a escola precisa investir no estabelecimento de parcerias com o mercado de trabalho, na implantação de um sistema de acompanhamento de egressos, na adequação dos conteúdos e da estrutura curricular, bem como na adequação de seu parque tecnológico e acervo bibliográfico à realidade tecnológica vivenciada pelo mercado de trabalho na atualidade.

(8)

viii ABSTRACT

This paper presents the results of field research, held in the Technical Course in Information Technology at the Centro de Educação Profissional (CEP). Proposes, primarily, to see how managers, teachers and students to understand the contribution of the CEP Technical Course in Information Technology for the insertion of young people in the labor market. In side terms, the survey aimed to: identify how the level vocational technical education can help alleviate the unemployment; investigating to what extent the integration of basic education and vocational education contributes to the integration of young people in labor market, review the commitment of managers and teachers of the CEP to the insertion of young people in the work; analyze the perceptions of students who finish the Technical Course Information Technology on the insertion of young people in the labor market; check the performance, in the labor market, of the graduating students who finished the Course in Computer Information Technology between January 2005 and December 2006. In light of the challenges of professional qualification arising from the deployment of new technologies, new forms of organization of work and the increasing unemployment, this study brings a great importance, allowing understanding the professional education, while fostering the integration of young people in work. This is a kind of qualitative research with choice of exploratory case study, which provided a direct contact between researcher and participants. For data collection, was chosen the method of semi-structured interview for managers, teachers and graduating students and a group interview for students who were finished the course. The content analysis identified the Technical Course in Information Technology at the CEP has been able to insert the graduating students in the labor market until now. However, the research results showed that the ability to insertion of young people in the labor market may be decreasing, which leads to understanding that the school needs to invest in the establishment of partnerships with the labor market, in the deployment of a system of monitoring graduating students, in the adequacy of the content and the curriculum structure as well as the adequacy of its library and technology park to the reality experienced by the labor market in the present.

(9)

ix

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...17

CAPÍTULO I – ELEMENTOS DE PESQUISA...21

1) Problema de Pesquisa...21

2) Questão de Pesquisa...22

3) Objetivos...22

3.1) Objetivo Geral ...22

3.2) Objetivos Específicos...22

4) Delimitação e Importância do Estudo...23

CAPÍTULO II – A NECESSIDADE DE INTEGRAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO BÁSICA E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL...27

1) A Trajetória da Educação Profissional no Brasil...27

2) O Dualismo Histórico entre Ensino Médio e Educação Profissional...32

3) A Profissionalização Compulsória no Ensino Médio...35

4) A Integração entre Ensino Médio e Educação Profissional...36

CAPÍTULO III – O PAPEL DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NA CRISE MUNDIAL DE DESEMPREGO EM MASSA...44

1) Desemprego em Massa no Mundo Globalizado...34

2) Precarização do Trabalho...46

3) Caminhos que Conduziram ao Desemprego em Massa...48

4) Tendências para Solução da Crise de Desemprego em Massa...50

(10)

x

CAPÍTULO IV – REFERENCIAL METODOLOGICO...58

1) Metodologia, Procedimentos e Instrumentos de Pesquisa...58

2) Caracterização da Escola Pesquisada...61

3) Sujeitos Participantes da Pesquisa...63

4) Análise dos Dados...66

CAPÍTULO V – ANÁLISE DOS RESULTADOS...70

1) A perspectiva dos gestores...70

1.1) Categoria 1: Formação da Técnica Profissional, da Critica e da Consciência...70

1.2) Categoria 2: Qualidade do ensino e sua relação com a inserção de jovens no mercado de trabalho...73

1.3) Categoria 3: Relação entre escola e empresas...75

1.4) Categoria 4: Situação dos equipamentos, laboratórios e acervo bibliográfico...78

1.5) Categoria 5: Nível de capacitação dos professores e políticas de formação continuada de docentes...80

1.6) Categoria 6: Acompanhamento da atuação de egressos no mercado de trabalho....82

1.7) Categoria 7: Modo de oferta da Educação Profissional...85

1.8) Categoria 8: Proliferação de novas tecnologias, desemprego e conseqüências sobre o curso...87

1.9) Categoria 9: Nível de preparo dos alunos para ingresso no curso ...89

1.10) Conclusões Parciais das Percepções dos Gestores...91

2) A perspectiva dos professores...93

2.1) Categoria 1: Formação da técnica profissional, da critica e da consciência...93

2.2) Categoria 2: Qualidade do ensino e sua relação com a inserção de jovens no mercado de trabalho...97

(11)

xi

2.4) Categoria 4: Situação dos equipamentos, laboratórios e acervo

bibliográfico...102

2.5) Categoria 5: Nível de capacitação dos professores e políticas de formação continuada de docentes...104

2.6) Categoria 6: Acompanhamento da atuação de egressos no mercado de trabalho..107

2.7) Categoria 7: Modo de oferta da Educação Profissional...109

2.8) Categoria 8: Proliferação de novas tecnologias, desemprego e conseqüências sobre o curso...113

2.9) Categoria 9: Nível de preparo dos alunos para ingresso no curso ...115

2.10) Conclusões Parciais das Percepções dos Professores ...118

3 ) A perspectiva dos alunos concluintes ...120

3.1) Categoria 1: Expectativas em relação ao curso...120

3.2) Categoria 2: Atuação profissional dos alunos concluintes...122

3.3) Categoria 3: Facilidade para conseguir trabalho e emprego...124

3.4) Categoria 4: Qualidade do ensino e sua relação com a inserção de jovens no mercado de trabalho...127

3.5) Categoria 5: Relação entre escola e empresas...129

3.6) Categoria 6: Situação dos equipamentos, laboratórios e acervo bibliográfico...132

3.7) Categoria 7: Nível de capacitação dos professores e políticas de formação continuada de docentes...134

3.8) Categoria 8: Modo de oferta da Educação Profissional...136

3.9) Conclusões parciais das percepções dos alunos concluintes...139

4-A perspectiva dos alunos egressos...141

(12)

xii

4.2-Categoria 2: Qualidade do ensino e sua relação com a inserção de jovens no mercado

de trabalho...144

4.3-Categoria 3: Modo de oferta da Educação Profissional...147

4.4-Conclusões parciais das percepções dos alunos egressos...150

CONCLUSÃO...152

REFERÊNCIAS...167

APÊNDICE A – Roteiro de Entrevista com Gestores...172

APÊNDICE B – Roteiro de Entrevista com Professores ...174

APÊNDICE C – Roteiro de Entrevista em Grupo com Alunos Concluintes...176

(13)

xiii

LISTA DE TABELAS E QUADROS

Tabela 01. Pessoas ocupadas, segundo a atividade econômica – DF –2005...26 Quadro 01.Visão dos gestores sobre o significado do objetivo principal do Regimento

Escolar do CEP...70 Quadro 02. Opinião dos gestores sobre o ensino profissionalizante do CEP e a inserção de

jovens no mercado de trabalho...73 Quadro 03.Percepção dos gestores sobre a relação entre a escola e as empresa potencialmente

passíveis de captar alunos (como se dá e como aprimorar)...75 Quadro 04. O que pensam os gestores sobre a compatibilidade dos equipamentos,

laboratórios e acervo bibliográfico com as exigências do mercado de trabalho...78 Quadro 05..Opinião dos gestores sobre a capacitação dos professores do CEP e as políticas

de formação continuada...80 Quadro 06. O que julgam os gestores sobre a forma de acompanhamento dos egressos do

CEP no mercado de trabalho...82 Quadro 07. Entendimento dos gestores sobre a forma de ofertar a educação profissional (integrada, concomitante ou posterior ao ensino médio)...85 Quadro 08... Posicionamento dos gestores sobre as mudanças constantes, a proliferação de

novas tecnologias e o aumento do desemprego...87 Quadro 09. Percepção dos gestores sobre a formação prévia dos alunos e adequação às necessidades e exigências do curso...89 Quadro 10. Manifestação dos professores sobre o significado do objetivo principal do

(14)

xiv

Quadro 11. Visão dos Professores sobre a qualidade do ensino e sua relação com a inserção

de jovens no mercado de trabalho...97 Quadro 12.

Percepção dos professores a respeito de como se dá a relação entre o CEP/ETB e

as empresas passíveis de captar alunos para o estágio ou contratação...99 Quadro 13. Percepção dos professores sobre a situação dos equipamentos, laboratórios e acervo bibliográfico...102 Quadro 14. Opinião sobre a adequada capacitação dos professores para atingir os objetivos da escola...104

Quadro 15. Percepção dos professores sobre a forma de acompanhamento dos

egressos...107 Quadro 16. Percepção dos professores sobre o modo de ofertar a educação profissional, (integrado, concomitante ou posterior ao ensino médio)...109 Quadro 17. Percepção dos professores sobre às mudanças, proliferação de novas tecnologias

e aumento do desemprego...113 Quadro 18. Visão dos professores sobre a formação prévia dos alunos e adequação às

necessidades e exigências do curso...115 Quadro 19. Manifestação dos alunos concluintes sobre as expectativas em relação ao

curso...120 Quadro 20. Atuação profissional dos alunos concluintes...122

Quadro 21. Posicionamento dos alunos concluintes sobre a facilidade para conseguir trabalho

(15)

xv

Quadro 24. Percepção dos alunos concluintes sobre os equipamentos, laboratórios e acervo bibliográfico...132 Quadro 25. O que pensam os alunos concluintes sobre a capacidade de os professores

despertarem o interesse dos alunos e promoverem a

aprendizagem...134 Quadro 26. Opinião dos alunos concluintes sobre o modo de cursar o curso técnico (integrado ao ensino médio, concomitante ou posterior

)

...136 Quadro 27. Atuação profissional dos alunos egressos...141

(16)

INTRODUÇÃO

A educação profissional, considerada uma fomentadora da formação produtiva dos indivíduos, visa garantir um padrão profissional capaz de desempenhar, com versatilidade, um conjunto de funções e atribuições inerentes às atividades laborativas. Compreende particularmente a aprendizagem centrada nos fundamentos científicos e tecnológicos, mediante processos que propiciem a articulação entre as necessidades educativas e produtivas, para que o indivíduo se ajuste às contínuas mudanças que se operam na realidade social do universo das ocupações.

Idealizada como condição para reduzir os índices de desemprego e como estratégia para a sobrevivência com equidade social, a educação profissional prepara os indivíduos em relação à política e às atividades produtivas, na perspectiva de que possam exercer as tarefas peculiares a determinada profissão e garantir a melhoria da qualidade de vida no mercado altamente competitivo.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), Lei nº 9.394/96, no Cap. III, Art. 39, ressalta que “A educação profissional, integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva (BRASIL, 1996). Portanto, requer compreensão das

mudanças no conteúdo e na natureza do trabalho, impostas pelo atual cenário da globalização e suas implicações econômicas, culturais, científicas e tecnológicas, para apreender, com eficiência e eficácia, os requisitos exigidos por determinada ocupação, visando o ingresso e permanência no mercado de trabalho.

(17)

produção e de organização do trabalho. Há a exigência de habilidades para transpor as barreiras que frustram a promessa de integração e inclusão no processo produtivo e impõem à educação profissional a necessidade de possibilitar a inserção do egresso no mercado de trabalho e integrá-lo às transformações, em vista de uma participação justa no sistema produtivo.

Nessa visão, o tema de pesquisa, além de relacionar-se à escolaridade e ao emprego, está ligado à incorporação dos conhecimentos necessários a uma vida autônoma e em melhores condições, para que o indivíduo possa compreender a realidade social dinâmica; tomar parte ativa na sociedade e exercer a sua cidadania, desempenhando, com dignidade, a sua profissão.

A pesquisa foi, assim, conduzida pelo propósito de verificar se a formação profissional, oferecida pelo CEP no Curso Técnico em Informática, tem contribuído para a inserção de jovens no mercado de trabalho.Considera que à educação profissional se impõe o esforço crucial de articular o saber e o fazer, garantindo a unidade teoria e prática profissional, sem perder de vista a formação humana em sua integralidade.

De certa forma, isto está implícito na proposta de Delors et al. (2000) que, numa visão ampliada da educação, revela a preocupação de readaptá-la, para uma nova realidade capaz de responder às necessidades impostas pelas mudanças cada vez mais aceleradas. Privilegia o fortalecimento do potencial criativo, mediante processos de aprendizagem onde o “aprender a aprender” e o “aprender a fazer” interagem numa construção social, o que remete à lógica de

(18)

Entende-se, portanto, que, para além do domínio operacional do “saber fazer”, a

adequada profissionalização precisa comprometer-se com a compreensão e valorização da

cultura do trabalho, com a apreensão do saber tecnológico e com a mobilização dos valores necessários à tomada de decisões.

No contexto em que se discute o profundo processo de reestruturação tecnológica e produtiva e a crise do trabalho na sociedade capitalista, atribui-se significativa importância à educação profissional. Ganham centralidade a profissionalização e a empregabilidade, como alternativas para atender às necessidades do sistema produtivo e evitar a exclusão no mundo do trabalho. Isso implica necessidade urgente de reduzir a distância existente entre a escola e

a capacidade de adaptação às exigências de um novo perfil de qualificação, que equacione a prática de educar e de preparar para o trabalho com vistas a acompanhar as mudanças e evitar o desemprego.

Assim, a idéia de empregabilidade deve envolver a capacitação do indivíduo para administrar sua própria carreira, por meio da aquisição de novos referenciais formativos que assegurem as competências e habilidades necessárias ao exercício profissional e à própria cidadania. Envolve, por sua vez, ensinar o aluno a pensar e resolver problemas, o que é fundamental para a profissionalização e o aprimoramento cultural, na perspectiva de formar pessoas com perfil moderno, flexível e empreendedor.

(19)

Consciente desse contexto e em consonância com o Decreto Federal no 5.154/2004, é que o Centro de Educação Profissional pesquisado, doravante denominado de CEP, traz em seu Regimento Escolar o objetivo de ofertar educação profissional capaz de inserir os jovens no mercado de trabalho. Sob esta mesma ótica, os planos dos cursos de nível técnico já traziam em seu bojo o objetivo básico de oportunizar uma educação profissional que conduzisse ao desempenho de aptidões para a vida produtiva e ao exercício de ocupações profissionais nas áreas de Eletrônica, Eletrotécnica, Informática e Telecomunicações.

O CEP é um dos Centros de Educação Profissional mantidos pela Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia do Distrito Federal. Teve suas atividades iniciadas no ano de 1996, desde então, destina-se especificamente à formação (qualificação e requalificação) de trabalhadores para o exercício profissional com cidadania. Atualmente, são oferecidos pelo CEP cinco cursos profissionalizantes de nível técnico e cerca de trinta para formação inicial e continuada de trabalhadores, incluindo as áreas de Eletrônica, Eletrotécnica, Informática e Telecomunicações.

Em um cenário instável e imprevisível, de intensa corrida pela tecnologia, marcado pela insegurança do mercado e pela incerteza das complexas mudanças e dos acontecimentos radicais, torna-se imprescindível criar condições para que os jovens possam se apropriar das ferramentas do saber, para que tenham condições de questionar as contradições produtivas do contexto globalizado, a fim de exercer, com consciência, o trabalho e superar as fragilidades que perpassam a existência humana.

(20)
(21)

CAPÍTULO I

ELEMENTOS DA PESQUISA

1 - Problema de Pesquisa

O mundo do trabalho tem sofrido profundas mudanças tecnológicas e sociais: a escassez de empregos formais, as novas relações no sistema produtivo e os desafios de uma economia globalizada. Para enfrentar estes desafios, a educação profissional deve viabilizar o processo de qualificação profissional, para favorecer a aquisição de habilidades e competências sociais básicas necessárias à obtenção de emprego e renda e garantir que o indivíduo busque soluções inovadoras para os seus problemas.

Nessa perspectiva, o estudo procura respostas para a seguinte indagação: Até que ponto a educação profissional, oferecida pelo CEP, no Curso Técnico de Informática, contribui para a inserção de jovens no mercado de trabalho?

No artigo 3º do Regimento Escolar, o CEP estabeleceu que: “O objetivo do CEP é oferecer educação profissional para jovens na perspectiva da formação de um cidadão crítico e consciente, desenvolvendo competências, habilidades e atitudes que possibilitem o desempenho de atividades produtivas, visando sua inserção no mercado de trabalho”.

(22)

2 - Questão de Pesquisa

 Como gestores, professores e alunos do CEP percebem a contribuição do Curso Técnico em Informática para a inserção de jovens no mercado de trabalho?

3 - Objetivos

3.1 - Objetivo Geral

 Verificar como gestores, professores e alunos do CEP percebem a contribuição do Curso Técnico em Informática para a inserção de jovens no mercado de trabalho.

3.2 - Objetivos Específicos

a) Identificar de que forma a educação profissional de nível técnico pode contribuir para amenizar o desemprego;

b) Averiguar em que medida a integração entre educação básica e educação profissional contribui para com a inserção de jovens no mercado de trabalho; c) Examinar o comprometimento dos gestores e professores do CEP para com a

inserção de jovens no mercado de trabalho;

d) Analisar a percepção dos alunos concluintes do Curso Técnico em Informática acerca da inserção de jovens no mercado de trabalho;

(23)

4 - Delimitação e Importância do Estudo

A complexa conjuntura da sociedade atual, caracterizada pela economia globalizada, com implicações na escassez de empregos formais e nos vínculos do trabalhador com as organizações empresariais, gera inquietações e evidencia a importância de pesquisar sobre a educação profissional.

A crença e o reconhecimento da educação profissional como instrumento facilitador do acesso dos jovens ao mercado de trabalho – reivindicação mais visível, no momento atual – estimularam o compromisso radical com a concretização desta pesquisa. Além de representar uma via de busca da qualificação para o trabalho, a educação profissional é também percebida como um caminho para a inclusão social e possibilidade estratégica de construção da cidadania e investimento humano. Desta maneira, torna-se um instrumento capaz de se contrapor às mazelas de uma economia excludente e de indicar novas relações sociais, direcionadas para um novo modo de pensar e agir em prol do desenvolvimento do homem integral.

Para tanto, esta modalidade de educação precisa tornar-se efetiva e produzir os resultados esperados, atenta às demandas do sistema produtivo e às reais necessidades dos cidadãos. Precisa criar mecanismos que possibilitem assegurar à grande massa de jovens excluídos da sociedade produtiva o direito à melhoria da qualidade de vida, mediante o aumento de oportunidades para qualificações compatíveis com as novas formas de pensar o mundo do trabalho e se posicionar diante das mudanças.

(24)

mera empregabilidade e busca contribuir efetivamente para a formação crítico-reflexivo do indivíduo.

Atualmente, existe ampla discussão na sociedade acerca da necessidade de solução para a crise de desemprego entre jovens e adolescentes. Ao pesquisar a questão, Pochmann (2007) assinala ser emergente esta questão, uma vez que interfere tanto na trajetória de vida destes jovens quanto em sua possibilidade de ascensão social. Em seu estudo, Pochmann (2007) identificou, por exemplo, um aumento de 107% no número de jovens desempregados no período de dez anos, entre 1995 e 2005. Em termos numéricos, as conclusões da referida pesquisa apontam que um em cada cinco jovens brasileiros encontrava-se desempregado em 2005. Na mesma pesquisa foi identificado que a ocupação total no Brasil cresceu 29,5% de 1995 para 2005, enquanto que a expansão de empregos para jovens no mesmo período foi de apenas 11,1%. Pochmann (2007) salienta ainda que, entre os anos de 1995 e 2005, de cada 100 jovens que se candidatavam a ingressar no mercado de trabalho apenas 45 conseguiram ocupação profissional, os demais 55 engrossaram as estatísticas de desempregados.

Corroborando os dados acima, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2006 (PNAD 2006) aponta que o desemprego entre jovens aumentou em relação ao ano de 1996, de forma que a taxa de ocupação de jovens na faixa etária de 15 a 17 anos passou de 39% em 1996 para 30% em 2006; na faixa etária de 18 a 19 anos passou de 55,1% em 1996 para 51,8% em 2006; já na faixa etária de 25 a 29 anos a taxa de ocupação aumentou de 72% em 1996 para 74,9% em 2006; na faixa etária de 40 a 49 anos subiu de 73,5% em 1996 para 77,2% em 2006 e permaneceu estável em 30,6% na faixa etária acima dos 60 anos (IPEA, 2007; UOL, 2007).

(25)

Alegre, Distrito Federal, Belo Horizonte, Salvador e Recife), apontou um crescimento geral de 18,7% na taxa de ocupação, tendo sido este mais intenso no Distrito Federal, cuja elevação da taxa de ocupação chegou à casa dos 4,0% ao ano. Já no que tange à taxa de desemprego, foi identificada uma ligeira redução de 1998 para 2005, de 18,6% em 1998 para 17,9%, em 2005. Em 1998, o Distrito Federal respondia por 19,7% do desemprego no país, enquanto em 2005, houve uma ligeira redução na taxa de desemprego em relação a 1998 e, em 2007, passou a responder por apenas 19,0% (SEADE, 2007b).

A última Pesquisa de Emprego e Desemprego da SEADE, realizada em seis áreas metropolitanas brasileiras (São Paulo, Porto Alegre, Distrito Federal, Belo Horizonte, Salvador e Recife), relativa ao mês de setembro de 2007, aponta também pequena redução da taxa de desemprego, passando de um total de 3.027.000, no mês de agosto de 2007, para um total de 3.007.000 no mês de setembro de 2007, ou seja, uma redução de 20.000 pessoas desempregadas. No âmbito do Distrito Federal a redução foi de 0,8% no mesmo período (SEADE, 2007a).

(26)

Tabela 01: Pessoas ocupadas segundo a atividade econômica – Distrito Federal – 2005.

Atividade Econômica No (x 1000)

Serviços 643

Comércio 157

Serviços domésticos 93

Indústria 38

Construção Civil 35

Outros 9

Total 975

Fonte: Convênio Dieese-Seade-MTE-FAT e Instituições Regionais. Pesquisa de Emprego e Desemprego - PED

Tendo por base o contexto caracterizado pela implantação das novas tecnologias, das novas formas de organização do trabalho e do aumento da taxa de desemprego, especialmente no que tange aos jovens, com impactos no processo de qualificação profissional, a presente pesquisa torna-se de grande relevância, permitindo compreender a educação profissional, enquanto fomentadora da inserção de jovens no trabalho.

(27)

CAPÍTULO II

A NECESSIDADE DE INTEGRAÇÃO ENTRE

EDUCAÇÃO BÁSICA E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

A revisão da literatura da pesquisa é dividida em quatro partes, sendo precedida por uma análise do desenvolvimento da educação profissional no Brasil, desde o início da educação nacional, com o advento dos Jesuítas. Posteriormente, foram discutidos os aspectos necessários para um entendimento claro da crise mundial de desemprego e do papel da educação profissional em um contexto de desemprego crescente e de precarização do trabalho. Em último lugar, foi analisada em que medida a integração entre educação básica e educação profissional colabora para a inserção de jovens no mercado de trabalho, bem como sua importância para uma formação profissional sólida e efetiva.

1 - A Trajetória da Educação Profissional no Brasil

Ao realizar uma análise histórica da educação profissional brasileira, Manfredi (2002) começa por enumerar as dificuldades encontradas numa pesquisa deste gênero. Em primeiro lugar, destaca o fato de a pesquisa em educação no Brasil ter privilegiado a oferta de educação em ambientes escolares. Em segundo lugar, aponta para a prioridade dada pelas pesquisas ao ensino médio e superior, desconsiderando, assim, a educação profissional e suas nuanças.

(28)

convivência dentro das tribos ocorria uma fusão entre educação e trabalho. O aprendizado se dava através da transmissão de conhecimentos teóricos e práticos de pai para filho, mediante a vida cotidiana nas tribos, integrando o saber com o fazer (MANFREDI, 2002).

Durante muitos anos prevaleceu no Brasil uma grande informalidade no exercício profissional, de forma que a própria qualificação para o trabalho se dava de maneira informal, incipiente e carente de sistematização que abrangesse todo o território nacional. Em termos profissionais, prevalecia o trabalho escravo de negros e índios e alguns poucos trabalhadores livres, assumindo estes últimos posições de direção, o que requeria um maior grau de qualificação técnica. Conseqüentemente estigmatizou-se no Brasil o desprezo em relação ao exercício de trabalhos manuais, rotulados como trabalho de baixa qualificação, reservado aos ignorantes e incapazes (AZEVEDO, 1996; CUNHA, 2000; MANFREDI, 2002).

Manfredi (2002) salienta que foi com a chegada dos Jesuítas que surgiram as primeiras escolas para formação de artesãos, onde eram ensinados ofícios básicos para o exercício profissional no Brasil Colonial. Para Azevedo (1996) este é o marco histórico inicial da educação brasileira. Ainda no período colonial, merecem destaque, conforme salienta Manfredi (2002), as ações desenvolvidas pelas Corporações de Ofício, em que os Mestres ensinavam os ofícios artesanais a seus aprendizes. Entretanto, Cunha (2000) relata que a Companhia de Jesus priorizava a atividade intelectual em detrimento do trabalho manual.

(29)

pessoas qualificadas para o Exército e para o Estado (MANFREDI, 2002). Cunha (2000) destaca que foi no período em que a Família Real Portuguesa estava no Brasil que foi criada a primeira escola responsável por ensinar ofícios manufatureiros.

Posteriormente ganhou sistematização também o ensino primário e secundário, visando ao preparo das elites para o ingresso no ensino superior. Enquanto isto, a educação profissional era oferecida à classe trabalhadora separadamente das demais modalidades de ensino, não passando de esparsas tentativas de dar caráter sistematizado à profissionalização desta, considerando ser suficiente uma baixa escolaridade, como salienta Azevedo (1996).

A educação profissional visava, então, a preparação dos membros das classes mais baixas para o exercício profissional ligado à produção industrial, artesanal e agrícola, mediante ações estatais, nas chamadas Casas de Educandos Artífices, e particulares através dos Liceus de Artes e Ofícios, merecendo, neste último caso, destacar as ações desenvolvidas pelas Escolas Salesianas, que ofereciam, segundo Manfredi (2002), ensino profissional de forma interligada ao ensino secundário. Kuenzer (1997) diz que, desde o momento do surgimento da educação no Brasil, a articulação com o trabalho se dá na ótica da qualificação dos pobres e marginalizados para atuação no sistema produtivo.

Mas, foi somente com o advento da proclamação da República que o sistema educacional brasileiro, bem como a educação profissional adquiriram uma configuração mais sistematizada. Com isto, segundo Manfredi (2002), iniciativas de governos estaduais, bem como do governo federal, acabaram por conduzir à criação de redes de escolas de educação profissional, as quais substituíram as instituições voltadas para o ensino compulsório de ofícios, tanto artesanais quanto manufatureiros. Neste sentido, Azevedo (1996) destaca as iniciativas das Escolas Técnicas do Colégio Mackenzie em preparar para o trabalho.

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fizessem parte dos setores mais populares do meio urbano, de forma que estes viessem a se tornar trabalhadores assalariados, controlados e disciplinados por uma elite dominante, detentora do saber intelectual. Neste sentido, a medida mais efetiva se deu em setembro de 1909, quando, pelo do Decreto no 7.566, o então Presidente Nilo Peçanha criou 19 Escolas de Aprendizes Artífices, uma em cada Unidade da Federação, dando, assim, início à rede federal de escolas técnicas, hoje compostas por: Escolas Técnicas; Escolas Agro-Técnicas; Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFETs); Universidades Tecnológicas; e Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFETs).

Ao mesmo tempo, surgiram, por conta do regime federativo adotado pela República do Brasil, diversas ações estaduais para o desenvolvimento do ensino profissional. Com isto, inicialmente foi remodelado o funcionamento dos Liceus de Artes e Ofícios e, posteriormente, foram criadas, em diversos estados, Redes de Ensino Profissional. Isto, sem contar ações privadas, ações da Igreja Católica e ações dos movimentos de trabalhadores.

Para Manfredi (2002), com o advento do Estado Novo ganha força a separação entre trabalhadores de ofícios manuais e trabalhadores de ofícios intelectuais. Conseqüentemente, o ensino médio é direcionado às elites dominantes e a educação profissional às classes pobres, ou seja, aos desfavorecidos da sociedade, para atender, primordialmente, aos interesses empresariais. O Decreto nº 4.244/42, de 9 de abril de 1942, corroborando tal entendimento, estabelece como objetivos básicos do ensino secundário:

 formação dos dirigentes;

 preparo para o ensino superior;

 formação da força de trabalho para os setores produtivos e burocráticos.

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força de trabalho para o exercício de ofícios manuais. Tal lógica, ainda hoje, não foi superada, prevalecendo uma visão equivocada de que a formação profissional destina-se aos desafortunados e desfavorecidos da sociedade, enquanto que o ensino propedêutico volta-se para formar os intelectuais, ou seja, aqueles que pensam.

Quanto a isto, Manfredi (2002) afirma que, apesar da aprovação, em 1961, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 4024/61) definir a equivalência entre os cursos profissionalizantes e propedêuticos, o problema do dualismo estrutural entre ensino médio e educação profissional não chegou a ser totalmente sanado, persistindo a estrutura elitista da educação brasileira de manter propostas pedagógicas diferentes e formas distintas de atenção.

Com os governos militares, a partir de 1964, ganham força às entidades do chamado “Sistema S”, especialmente Senai e Senac, ligados respectivamente à indústria e ao

comércio. Kuenzer (1997) atribui a criação do Senai e Senac à institucionalização de um sistema nacional de aprendizagem, que tendo por base recursos das empresas, atendesse adequadamente às suas necessidades. Mas, o grande marco do período militar para a educação foi a Lei nº 5.692/71, na tentativa de garantir aos concluintes do ensino de 2º grau a profissionalização compulsória, para atender às supostas demandas do setor produtivo, mediante a qualificação para o trabalho: componente básico desta formação.

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econômicos, objetivando a formação de mão-de-obra e a rentabilidade, para contemplar os ideais do mercado capitalista.

Todavia, a Lei em questão não atingiu o êxito esperado. A falta de recursos e o esvaziamento do conteúdo provocaram deficiências na formação e a impediu de responder, de forma consistente, às exigências de qualidade necessária ao desenvolvimento científico e tecnológico desejado, provocando a resistência dos empresários para com a alocação dos estagiários em vista de preservar a produção.

Em 1975, o MEC, através de Parecer nº 76/1975, do Conselho Federal de Educação, fez distinção entre formação geral ou propedêutica e formação profissionalizante, o que veio a ser oficializado em 1982 através da Lei 7.044/82, que revogou a compulsoriedade da profissionalização, substituindo a expressão "qualificação para o trabalho" por "preparação para o trabalho”.

Durante os anos 90, especialmente na segunda metade, cresceu o debate em torno da necessidade de reformulação tanto do ensino médio como do profissionalizante. Com a Lei nº 9.394/96, ocorreu nova compreensão do papel da educação profissional. Assim, houve a sua ruptura total com o ensino médio, a partir do Decreto nº 2.208/97 e, posteriormente, a integração flexibilizada com o Decreto nº 5.154/04, em vigor até a presente data.

2 - O Dualismo Histórico entre Ensino Médio e Educação Profissional

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Nessa linha de preocupação, Kuenzer (1991) afirma que as diversas tentativas de articulação entre educação e trabalho, realizadas no Brasil, oscilaram sempre de uma formação acadêmica ou propedêutica superficial a uma profissionalização desvinculada desta. Destaca ainda que, seja exatamente a dupla função inerente ao ensino médio que lhe confere certa ambigüidade, uma vez que, em alguns momentos é visto como preparatório para a continuidade dos estudos e, em outros, como preparatório para o mundo do trabalho, funções estas que, em alguns momentos, se excluem. A assertiva de Kuenzer (1991) considera que a história do ensino médio no Brasil se confunde com a própria história do enfrentamento da questão que se coloca, uma vez que a esse respeito não existe acordo tácito, mas sim certa polarização, a qual se mostra até os dias atuais.

Segundo Manfredi (2002), desde o início das iniciativas educacionais no Brasil, o foco esteve voltado para o ensino superior, visando especificamente a qualificar para o exercício profissional e funções governamentais. Sendo assim, tanto o ensino primário quanto o secundário tinham por base a perspectiva de preparação das elites para a educação superior, cujo acesso era restrito aos que cursavam o ensino propedêutico, voltado para conteúdos gerais das ciências e das letras.

Kuenzer (2001) afirma que somente aqueles que cursassem o ginasial poderiam, mediante a aprovação em exames, ter acesso garantido ao ensino superior. As demais modalidades educacionais voltavam-se para as demandas do processo produtivo, formando geralmente mão-de-obra para ofícios manufatureiros.

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massas. Caracterizava-se, assim, a diferenciação contínua entre formação para o exercício intelectual e formação para o exercício profissional. Todavia, surgiram durante a mesma época algumas tentativas de quebrar o modelo em questão, destacando-se como a principal delas as Escolas Salesianas, as quais conseguiram, durante algum tempo, articular a educação geral com a educação profissional, todavia, acabou por priorizar a educação geral ou intelectual em detrimento da profissional.

Entretanto, cabe ressaltar as iniciativas inerentes ao movimento dos trabalhadores sindicalizados, que lançaram a idéia de aprendizado no próprio ambiente de produção, de forma sistemática ou não. Os sindicatos, no entanto, se tornaram apêndices do Estado, perdendo, dessa forma, sua essência e sua capacidade de influenciar para uma mudança substancial do processo (MANFREDI, 2002).

Em geral, as tentativas de quebra do caráter dualista do ensino médio acabaram por ser destruídas, uma vez que muitos eram os interesses em jogo. A mobilidade social dos alunos podia ser restringida, uma vez que a formação recebida visava essencialmente à manutenção dos indivíduos nas classes sociais as que já pertenciam, ou seja, quem era da elite recebia formação intelectual para permanecer na elite e os membros das classes operárias recebiam formação profissional para permanecer operário (FRANCO et al., 2004).

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Todavia, ao ser aprovada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1961, pela primeira vez houve uma tentativa real de articulação entre o ensino médio e a educação profissional, dando também abertura para que os cursos oferecidos pelo SENAI e SENAC tivessem equivalência com o ensino regular. Com isto, acabou-se por legitimar, em termos educacionais, saberes de cunho não geral. No entanto, apesar do grande avanço em termos de democratização do ensino, continuava persistindo a existência de projetos pedagógicos distintos, como também de redes educacionais distintas (KUENZER, 2001).

3 - A Profissionalização Compulsória no Ensino Médio

Com o estabelecimento, em 1971, da Lei nº 5.692, o Governo Militar acabou por derrubar a equivalência entre educação geral e profissional, substituindo-a pela obrigatoriedade de que todos os cursos de 2º grau oferecessem habilitações profissionais para aqueles que viessem a cursá-lo, oportunizando ao educando uma educação voltada ao trabalho (KUENZER, 2001, p. 17).

A iniciação para o trabalho foi destacada como um marco para a educação profissional, por ser, na realidade, a primeira intenção explícita e objetiva acerca da qualificação de trabalhadores para atender à necessidade de desenvolvimento econômico da sociedade brasileira (KUENZER, 2001; MANFREDI, 2002). Apesar de tal tentativa reivindicar o resgate da relação entre técnica e cultura, foi marcada por uma forte fragmentação curricular em dezenas de diferentes habilitações e diferentes cursos, para atender às demandas específicas do processo produtivo (KUENZER, 2001).

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própria sociedade em que vivemos, pois o ambiente escolar é fruto da própria estrutura de classes e não o contrário, segundo a perspectiva de Kuenzer (2001).

Deve-se destacar ainda que, através do Parecer º 76/75, do Conselho Federal de Educação, a Lei nº 5692/71 acabou por ser flexibilizada, instituindo-se a chamada “Formação Profissionalizante Básica” (KUENZER, 2001, p. 24). Com isto, o jovem adquiriria na escola somente alguns princípios de formação profissional, complementando-os, posteriormente, por meio do exercício prático em um emprego ou de um curso superior (KUENZER, 2001; MANFREDI, 2002). Trata-se de um retorno velado à dualidade, uma vez que a chamada “Formação Profissional Básica” nada mais era do que o retorno à diferenciação entre ensino

propedêutico e ensino profissional (KUENZER, 2001).

4 - A Integração entre Ensino Médio e Educação Profissional

Com a Lei nº 9.394/96 e o Decreto nº 2.208/97, foram lançadas as bases para uma reforma ampla do ensino médio brasileiro em geral e da educação profissional. O foco central passou a ser a formação continuada de trabalhadores por meio da qualificação e requalificação, valorizando-se ao extremo a educação profissional, sob certos aspectos até mesmo em detrimento da educação básica, chegando-se mesmo a advogar a oferta de formação profissional básica independente de qualquer escolaridade prévia. (MANFREDI, 2002). É com base nesta compreensão que Scremin (2002) destaca o fato de que a educação profissional de nível básico não fica subordinada a uma regulamentação curricular específica, podendo, assim, ser ofertada de forma mais livre e autônoma.

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mesmo o fato de o Ministério da Educação ter tomado sobre si a responsabilidade que seria do mercado de trabalho e do Ministério do Trabalho, incentivando o desinteresse pela conclusão do ensino fundamental, bem como negando a importância da educação básica, uma vez que se dispensam requisitos relativos à escolaridade (KUENZER, 2001).

Conseqüentemente, ao invés de se resolver o problema da dualidade entre ensino médio e educação profissional, acabou-se por aumentar sobremaneira a separação entre um e outro, uma vez que, para a formação profissional básica, a aquisição de conhecimentos prévios se mostraria desnecessária (MANFREDI, 2002).

Ferreira e Garcia (2005), por sua vez, explicam ter sido o Decreto nº 2.208/97 responsável por aprofundar a dualidade estrutural, já que a educação profissional foi colocada como complementar ao ensino médio e, em alguns casos, independente de escolaridade prévia. Sales Oliveira (2000) responsabiliza o governo pela separação em educação geral e educação profissional, haja vista a oferta de cursos profissionalizantes de curta duração com recursos do FAT, bem como o estabelecimento de políticas educacionais inadequadas e carentes de uma base sólida que as fundamente. Em seu entendimento, o governo tem tratado o problema com superficialidade.

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Manfredi (2002) destaca, ainda, que esta reformulação ignorou não só as expectativas de relacionamento democrático defendidas pela sociedade, mas também a proposta de criação de uma escola básica unitária caracterizada pela implementação de um sistema nacional de educação, propiciando unificação plena entre trabalho, ciência, tecnologia e cultura. Já Kuenzer e Ferreti (1999 apud MANFREDI, 2002, p. 134), ao criticarem as modificações

produzidas através da reformulação da educação profissional, afirmam que as mudanças realizadas trazem novamente à tona o dualismo estrutural, não sendo, em seu entendimento, reconhecida a importância da educação básica para garantir a consolidação da formação dos trabalhadores.

Numa tentativa de resolver o problema do dualismo entre ensino médio e educação profissional, no ano de 2004 o Governo Federal tomou a iniciativa de revogar o Decreto nº 2.208/97. Todavia, Frigotto et al. (2005) assinala que muitas foram as controvérsias que levaram à revogação do Decreto nº 2.208/97 e à implementação do Decreto nº 5.154/04, controvérsias estas cuja gênese remete ao processo de redemocratização política e de remoção do autoritarismo, acontecido no Brasil no decorrer dos anos 80.

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controvérsias e disputas tanto teóricas quanto políticas, culminaram, em 23 de julho de 2004, no Decreto nº 5.154/04.

Para Ferreira e Garcia (2005), era central que viesse a ocorrer uma revisão da legislação da educação profissional brasileira, estabelecendo uma nova educação profissional, que viabilizasse a integração entre ensino médio e educação profissional de forma a melhor atender à demanda e ao mesmo tempo aprofundar o caráter humanista da formação para o trabalho.

Frigotto e colaboradores (2005) assinalam que a motivação básica para reestruturação da educação profissional brasileira reside na necessidade de primar por uma formação integrada, rompendo com o dualismo histórico entre ensino médio e educação profissional, vinculando a educação tanto à prática social quanto ao trabalho, proporcionando ao homem a assimilação dos fundamentos do processo de trabalho e não somente das técnicas de trabalho, de forma a contribuir para a formação total do homem. No entanto, o Decreto nº 5.154/04 não teria como alcançar este objetivo, demonstrando, segundo os autores, timidez política e persistência conservadora. Conseqüentemente, afirmam que, para as mudanças serem consumadas, se faz necessária a mobilização da sociedade em torno da questão da integração entre ensino médio e educação profissional.

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Ramos (2005), por sua vez, discute a importância de a integração entre ensino médio e educação profissional ter como eixos básicos o trabalho, a ciência e a cultura, de forma a compreender o papel da escola de formar não somente para o trabalho produtivo, mas também para a cidadania e para a vida. Segundo Frigotto et al. (2005), uma educação básica articulada ao mundo do trabalho, da cultura e da ciência, constitui-se em direito social e subjetivo, estando, assim, vinculado a todas as esferas e dimensões da vida, visto não se reduzir o trabalho à mera ocupação de postos de trabalho, mas à produção de todas as áreas da vida humana. Por conseguinte, é preciso ter em mente que a articulação e a integração entre formação profissional e formação intelectual permitirão ao jovem trabalhador a compreensão dos fundamentos técnicos, sociais, culturais e políticos do trabalho. No entanto, segundo Sales Oliveira (2000), ainda assim perdura uma dualidade estrutural histórica entre ensino médio e profissional, a qual é responsável em muitos aspectos pela individualização, diferenciação e hierarquização, tendo por base os méritos individuais e não as qualidades coletivas.

Para que seja possível quebrar a dualidade estrutural entre ensino médio e educação profissional, Frigotto e colaboradores (2005) ressaltam que se faz necessário fortalecer a educação básica, dispensando a ela um tratamento unitário da educação infantil ao ensino médio, vinculando a educação não apenas ao trabalho, mas também à prática social, viabilizando aos alunos o domínio das técnicas de trabalho, bem como das bases científicas destas, de forma que a formação humana aconteça em sua totalidade.

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conhecimentos, das competências e das habilidades que irão apoiá-los na prática profissional, bem como na efetiva inserção na sociedade.

Kuenzer (2001) defende uma visão ampla, segundo a qual devem ser incluídas todas as formas de educação existentes, para promover sua integração e assegurar a unidade entre estas. Para tanto, deverá ser organizado o Sistema Nacional de Educação com vistas a findar com as estruturas paralelas de ensino, as quais poderiam comprometer a articulação entre as partes componentes, dificultando o exercício político, produtivo e instrumental.

Com isto, Carvalho (2003) sinaliza como caminho imprescindível à qualificação e formação de trabalhadores o indivíduo ter acesso a uma educação básica de qualidade, tendo por base uma formação humanista para o exercício da cidadania, viabilizando ao trabalhador uma formação integral, que o leve a dominar as bases científicas do processo de trabalho. Para Oliveira (2003), isto garante maior capacidade de participação e reflexão.

Kuenzer (2001) destaca a necessidade de incorporar à educação o conceito de trabalho, demonstrando a necessidade da educação de não permanecer fechada em si mesma, mas interagir com o trabalho e a sociedade, de forma que o aluno seja formado com vistas a uma participação não somente no mercado de trabalho, mas também na vida política e social.

Trata-se da superação da idéia de escolaridade para uma compreensão de que a educação ocorre também com base nos relacionamentos sociais, incorporando o conceito de trabalho e o reconhecimento da necessidade de vinculação da educação para o trabalho com a preparação do cidadão para uma prática social mais ampla (KUENZER, 2001).

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Frigotto (2005) afirma que a educação básica, englobando ensino fundamental e médio, exerce uma função estratégica para a construção da nação, fornecendo para os indivíduos bases para construção de valores e aquisição de conhecimentos, com vistas a aprenderem a se comunicar e a viver em sociedade.

Nesse prisma, o processo educativo amplia a possibilidade de leitura da realidade, a compreensão do processo produtivo e sua interação com o contexto social. A formação do indivíduo ganha significado e passa a compreendê-lo como pessoa aberta para o mundo, capaz de adquirir autonomia, para enfrentar, com dignidade, as adversidades do dia-a-dia.

Na perspectiva de que a educação seja concebida como uma experiência globalizadora, Delors (2000) ressalta a importância de os sistemas educativos se comprometerem com quatro aprendizagens fundamentais, como possibilidade de instaurarem-se como agenciadores do conhecimento e da cidadania, atendendo às especificidades humanas. Para tanto, devem ter como referência o aprender a aprender e estar imbricadas como processo e caminho para: o aprender a conhecer - a abertura para o conhecimento, que viabiliza a libertação da ignorância e estimula o sentido crítico; o aprender a fazer – a profissionalização, como condição para o enfrentamento de novas situações de emprego e de trabalho em equipe, o agir sobre o meio, para participar de todas as atividades humanas e das exigências do mundo atual; o aprender a conviver - o desafio da convivência respeitosa e do exercício de fraternidade como caminho do entendimento; o aprender a ser – a relevância de exercitar o papel de cidadão e desenvolver a sensibilidade, o sentido ético e estético.

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importante e capaz de mudar os rumos da educação, o que implica compreender melhor o contexto; ter uma visão mais crítica do que está acontecendo no mundo; cultivar a solidariedade e, sobretudo, acreditar no potencial transformador da educação.

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CAPÍTULO III

O PAPEL DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NA CRISE

MUNDIAL DE DESEMPREGO EM MASSA

1 - Desemprego em Massa no Mundo Globalizado

A atual crise de empregos é uma crise global e acaba por projetar um futuro nada animador. No entendimento de Tiriba (2002), no final do século XX, o problema do desemprego já não era algo simples, era o problema crucial para aquele momento. Não se trata de algo isolado a uma única nação do mundo, nem tampouco a um continente específico. Trata-se, de uma crise com características claras de globalidade e irreversibilidade. É com base em tal realidade que Reich (1994) identifica o comércio mundial como inimigo comum dos trabalhadores, uma vez que a produção industrial é constantemente transferida das nações desenvolvidas para as nações em desenvolvimento, as quais possuem mão-de-obra barata.

Conseqüentemente, criam-se, conforme Castells (2001), as chamadas Teias Globais de Produção ou Sociedade em Rede, uma vez que, para ele, o trabalho é fator estruturante da sociedade, transformando, não somente a estrutura ocupacional, mas também as categorias profissionais. Esta perspectiva mantém certo temor de que se consolide uma sociedade sem empregos.

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recente, Frigotto (2005) ressalta que a concepção de trabalho, não pode ser reduzida meramente ao conceito de emprego, conceito este que remonta a uma ocupação formal de posto de trabalho no mercado. Trata-se antes de uma atividade de produção que permeia todas as dimensões da vida humana.

Já para Franco (1998) a questão atual não é de incerteza somente quanto à sobrevivência ou não dos empregos, mas de incerteza, até mesmo da sobrevivência do próprio homem. Ela destaca a importância da formação profissional para preparar o homem para a competitividade em meio a uma sociedade sem empregos. Trata-se, em seu entendimento, de uma resposta estratégica às mudanças que estão às portas.

O mundo globalizado elimina as fronteiras e faz com que os problemas e as dificuldades de uma determinada nação acabem por trazer conseqüências ao mundo como um todo. Assim, as relações econômicas, sociais e políticas ficam abaladas, uma vez que o mundo atual tornou-se uma Teia Global de Produção, ou seja, uma espécie de Sociedade em Rede na qual todos os componentes encontram-se interligados com as demais partes que a integram, salienta Castells (2001).

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Esse contexto requer maior atenção à educação, considerada como riqueza da humanidade, e, em conseqüência, maior compromisso dos educadores, que precisam comprometer-se com a formação do cidadão, numa perspectiva sintonizada com as necessidades circunstanciais da situação global.

2 - Precarização do Trabalho

Frigotto (2002a) considera a crise do emprego como a síndrome do desemprego estrutural, através da qual os postos de trabalho são destruídos ou precarizados, por meio da perda de vários direitos sociais, devido, especialmente, à perda do poder negociador por parte dos sindicatos, fragilizados por conta da crescente desfiliação relacionada ao quadro de desemprego em massa. Entretanto, o mundo não se encontra preparado para tais mudanças, uma vez que, tanto culturalmente quanto historicamente, o conceito de trabalho ainda se encontra arraigado. É exatamente por isto que a mudança tem sido dura e sacrificante para muitos trabalhadores.

Segnini (2001) salienta que o trabalho ainda exerce referência central para homens e mulheres, de forma tal que estes acabam por sofrer ao serem privados de seu emprego ou mesmo de exercê-lo de forma precária. Além do problema direto do desemprego, há que se considerar o fato de que muitos dos que permanecem inseridos no mercado de trabalho acabaram por fazê-lo em condições precárias de trabalho, condições estas marcadas pela redução da carga horária, renegociações salariais e de benefícios mais favoráveis ao empregador do que ao empregado, além do fato de boa parte dos novos empregos serem temporários e terceirizados.

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trajetória profissional por meio da qual poderiam ascender socialmente, o que acaba por fazer com que o jovem não tenha perspectivas de um futuro melhor em termos profissionais, ainda que venha a elevar seu nível de escolaridade. Em uma pesquisa sobre o emprego e desemprego de jovens no Brasil dos anos 90, Pochmann (1998) destaca a ocorrência de ampliação de ocupações não-assalariadas, sendo estas de baixa produtividade e precárias. Pochmann mostra que, na década de 90, de cada 10 postos de trabalho abertos oito eram de não-assalariados.

Trata-se de uma crescente deterioração do trabalho, que contribui para novas categorias deste: trabalho temporário, trabalho de meio-período e trabalho autônomo (CASTELLS, 2001). Nesse sentido, Drucker (1993) advoga o advento das terceirizações, considerando que as funções terceirizadas seriam para prestação de serviços de manutenção e escritório, proporcionando acesso ao mercado de trabalho.

Ao trabalhar a questão da desfiliação sindical de bancários demitidos, Segnini (2001) aponta como problema social não somente o desemprego, mas também a incerteza de se conseguir um novo emprego ou de conseguir um emprego incerto por meio de contrato temporário ou de terceirização. A autora mostra que, inicialmente, o trabalhador afastado do Banco do Brasil via Plano de Desligamento Voluntário (PDV) procurava por um emprego mais gratificante e promissor, mas após algum tempo, uma parte optava por aceitar um emprego que lhe proporcionasse um rendimento garantido, fosse este melhor ou não do que o anterior.

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Para Bridges (1995b), o trabalho em tempo parcial e o trabalho temporário são na realidade sinais de uma mudança maior, segundo a qual não haverá mais cargos, mas apenas aquilo que deve ser feito. Ele afirma, com isto, que boa parte do trabalho nas organizações tem sido efetuada por pessoas que não têm um emprego real.

Neste contexto, o que mais importa é o conhecimento adquirido, não fazendo diferença o cargo ocupado, o que conduz à constatação de que os cargos ligados a uma produção rotineira e repetitiva declinam muito mais rapidamente do que aqueles que trabalham com base na imaginação, na criatividade e na inovação (REICH, 1994).

Em termos de remuneração, segundo Rifkin (2004), houve uma queda real nos salários pagos aos empregados nos Estados Unidos da América, passando assim de 17,00 para 14,50 dólares o valor pago por hora aos empregos criados em substituição aos antigos. Para Rifkin (2004), tais empregados acabam por se tornarem subempregados. Na visão do autor, para solucionar o problema é preciso priorizar a necessidade de se repensar a própria natureza do trabalho e, assim, atacar as causas básicas do desemprego e não simplesmente as conseqüências deste.

3 - Caminhos que Conduziram ao Desemprego em Massa

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da máquina administrativa e pela diminuição de níveis gerenciais, além da eliminação de postos de trabalho, da delegação de responsabilidades e autoridade o mais próximo possível da cena de ação.

Já Frigotto (2002a) considera que a reestruturação produtiva é vista como fruto direto da globalização, que acarreta novas formas de concorrência. Ao tratar a questão, Reich (1994) a identifica como inimiga comum dos americanos, haja vista a transferência da produção industrial para países economicamente emergentes e que possuam mão-de-obra barata e pouco exigente. Com isto criam-se as Teias Globais de Produção ou Sociedade em Rede, conforme analisado por Castells (2001).

Rifkin (2004) atribui parte da responsabilidade pelo desemprego nos Estados Unidos à milagrosa recuperação econômica americana nos anos 90. O referido milagre americano foi financiado a crédito, ou seja, os empregos gerados nos anos 90 foram gerados pelo consumismo que aqueceu o mercado e fez necessária a contratação ou recontratação de profissionais. Todavia, este consumismo pago a crédito, à custa de financiamentos e empréstimos, acabou sendo de duração temporária. Com isto, as vendas caíram, tornando-se necessário dispensar vários profissionais, os quais acabaram por não ter como honrar seus compromissos de crédito, acarretando, então, novos desaquecimentos nas vendas e novas demissões. O empresariado passou a investir, então, nas novas tecnologias, visando a aumentar a produtividade, ao mesmo tempo em que baixava os gastos com sua folha de pagamentos, decisão esta que acabou por gerar mais demissões e menos poder de consumo aos desempregados.

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Conseqüentemente, a tendência é o nível de desemprego não mais diminuir, mas aumentar dia após dia.

Em contrapartida, Castells (2001) identifica que o problema do desemprego não é da tecnologia, mas das decisões administrativas e das relações estabelecidas na indústria, agregando valor ao produto sempre que se trata de inovações. Na verdade, segundo o autor, a nova tecnologia tem a responsabilidade de redefinir os processos de trabalho. Trata-se, então, do advento de uma nova era para a economia global. Enquanto na era industrial o homem trabalhava de forma massificada e em coexistência com a máquina, na era das Novas Tecnologias, o homem vem sendo gradativamente substituído pelas máquinas, tanto na indústria quanto na agricultura e no setor de serviços.

Em suma, na visão de Castells (2001), as novas tecnologias não geram desemprego, elas simplesmente promovem a ocupação de novos cargos por parte dos operários, ao passo que Rifkin (2004) atribui às novas tecnologias o peso principal pelo advento do desemprego em massa.

4 - Tendências para Solução da Crise de Desemprego em Massa

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Em contraste, porém, Castells (2001) afirma ser o setor de serviços, líder no crescimento de emprego, o grande responsável por absorver o excedente da indústria em declínio. Da mesma forma, Antunes e Alves (2004) consideram o setor de serviços como em franca expansão, incorporando os alijados do mundo produtivo. No entanto, Niskier (2006c) diz que, paralelamente ao aumento da absorção de profissionais por parte do setor de serviços, também tem sido expressivo o aumento de oportunidades nas áreas envolvidas com tecnologias e globalização, as quais exigem constante requalificação mediante o advento da educação continuada e da flexibilização dos recursos humanos.

Rifkin (2004) assinala que, inicialmente, a mão-de-obra dispensada por conta do advento das máquinas era incorporada pelas áreas ainda não informatizadas. Hoje, no entanto, a realidade é diferente, haja vista o fato das novas tecnologias estarem tomando espaço em quase todas as áreas da vida. Isso faz com que os setores tradicionalmente receptores de mão-de-obra excedente de outros setores acabem por também dispensar grandes quantitativos de trabalhadores de seus quadros, gerando, assim, grande impacto na inserção de jovens no mercado de trabalho.

Até mesmo o setor agrícola tem sido afetado pelo advento das novas tecnologias. São tecnologias para o preparo da semente e do solo, para o plantio e para a colheita. São técnicas de manipulação genética que modificam as características da semente e do animal, proporcionando maior qualidade ao produto e menos riscos de pragas. São estudos para viabilização de plantio em ambientes fechados.

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Tabela 01: Pessoas ocupadas segundo a atividade econômica  –  Distrito Federal  –  2005

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