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A violência institucional praticada contra mulheres idosas usuárias dos serviços de saúde pública do Distrito Federal

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TELMARA DE ARAÚJO GALVÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM

GERONTOLOGIA

A VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL PRATICADA CONTRA

MULHERES IDOSAS USUÁRIAS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE

PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL

Brasília

2012

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A VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL PRATICADA CONTRA MULHERES IDOSAS USUÁRIAS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE PÚBLICA DO DISTRITO

FEDERAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília como requisito para obtenção do grau de Mestre em Gerontologia. Orientador: Professor Doutor Vicente de Paula Faleiros.

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G182v Galvão, Telmara de Araújo.

A violência institucional praticada contra mulheres idosas usuárias dos serviços de saúde pública do Distrito Federal. /Telmara de Araújo Galvão –

2012.

111f. : il.; 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2012. Orientação: Prof. Dr. Vicente de Paula Faleiros

1. Violência. 2. Mulheres idosas. 3. Administração da saúde pública. 4. Assistência em instituições. I. Faleiros, Vicente de Paula, orient. II. Título.

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Seria eu uma outra de mim mesma? Minha imagem no espelho é a de uma estrangeira, renovada a cada dia; aqui uma dobra, ali uma ruga, uma expressão nos olhos; essa tristeza que se acumula na experiência; a neve que, cada vez mais, possui meus cabelos.

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Título: GALVÃO, Telmara de Araújo. Título: A violência institucional praticada contra mulheres idosas usuárias dos serviços de saúde pública do Distrito Federal. 2012. 110 folhas. Dissertação, Pós-Graduação em Gerontologia, Universidade Católica de Brasília; Brasília, 2012.

O objetivo geral do estudo é investigar e analisar a ocorrência da violência institucional praticada contra mulheres idosas usuárias do serviço de saúde pública no Distrito Federal nas relações de poder. Trata-se de pesquisa de caráter qualitativo: foram realizados dois encontros com sete mulheres idosas usuárias dos serviços de saúde pública do Distrito Federal, frequentadoras de um Centro de Convivência na Região Administrativa do Guará - Distrito Federal, em novembro de 2011. A análise de conteúdo foi escolhida para interpretação dos dados. A violência institucional se manifesta e se expressa de forma invisível no aparato institucional e de forma diversificada. Há existência de entraves burocráticos e más condições dos serviços de saúde. Estas condições não correspondem com os pressupostos constitucionais do direito à saúde, atendimentos ambulatoriais e períodos de internação que foram relatados como verdadeiros pesadelos, sobretudo, pelo contato com a morte. Ainda se constatou agressões verbais, descaso, demora e onerosidade. No entanto, houve referências a bons atendimentos pessoais, mas não como padrão e sim devido à atenção pessoal de profissionais específicos. A má qualidade foi relacionada à falta de políticas para a saúde como também falta de insumos, punição aos erros na prescrição de medicamentos e à prestação do direito à saúde. A experiência da violência trouxe o impacto do sofrimento e do medo. Na relação com os profissionais constatou-se ora uma boa comunicação, ora uma má comunicação, dependendo do profissional. As sete participantes declararam que encontraram algum tipo de dificuldade no acesso aos serviços públicos de saúde, principalmente referentes ao acesso a exames e medicamentos. O plano de saúde privado é apresentado como uma alternativa ao não acesso à saúde pública, mas está relacionando à capacidade de pagamento e ao êxito no acesso aos serviços de saúde. Considera-se que esforços devem ser desenvolvidos para que o direito à saúde seja assegurado, conforme previsto em lei e que o atendimento seja feito de forma humanizada pela efetivação das estratégias previstas na Política de Saúde da Pessoa Idosa, com atenção às particularidades das mulheres idosas. Desta forma garantindo o melhor acesso a exames de mamografia e a medicamentos de uso contínuo. Os espaços de execução de políticas públicas devem se constituir em locus privilegiado de garantia de

direitos.

Palavras-Chaves: Velhice. Violência contra mulheres idosas. Saúde. Instituições. Poder. Política de saúde.

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Title: Institutional violence committed against older women users of public health services of the Distrito Federal.

The overall objective of the study is to investigate and analyze the occurrence of institutional violence committed against older women users of public health service at Distrito Federal in power relationships. This is a qualitative survey in which two meetings were held with seven older women users of public health services of the Distrito Federal, attending a Family Center at the Administrative Region of the Guará – Distrito Federal, in November 2011. Content analysis was chosen to interpret the data. Institutional violence manifests and expresses itself invisibly in the institutional apparatus and diversified way. There are bureaucratic barriers, poor health services, conditions that do not match the assumptions of the constitutional right to health care, visits and periods of hospitalization have been reported as nightmares, especially by contact with death. Although it was found verbal abuse, neglect, delay, burden. However there were references to good personal care, but not as standard but due to personal attention. The poor quality was related to lack of policies for health as lack of inputs, impunity to errors in prescribing drugs and providing the right to health as a favor. The experience of violence brought the brunt of the suffering and fear. In relation with the professionals was verified both good communication and a lack of communication, dependent on the professional. The seven participants said they found some kind of difficulty in accessing public health services, especially regarding access to examinations and medicines. The private health plan is presented as an alternative to the lack of access to public health, but is related to ability to pay and success in accessing health services. We believe that efforts should be developed so that the right to health is guaranteed, as provided by law and that the treatment is done in a humane way for the realization of the strategies set out in Policy Health of the Elderly, with particular attention to older women asbetter access to mammograms and continual use of drugs. The spaces of implementation of public policies should constitute privileged locus of rights warrant.

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CF – Constituição Federal

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística LOAS - Lei Orgânica de Assistência Social

OMS - Organização Mundial de Saúde ONU - Organização das Nações Unidas

PAEVPI - Plano de Ação para o Enfrentamento da Violência contra a Pessoa Idosa PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio

PNAS - Política Nacional de Assistência Social PNI - Política Nacional do Idoso

SESC - Serviço Social do Comércio

SIH/SUS - Sistema de Informações Hospitalares do SUS SIS - Síntese de Indicadores Sociais

SUS - Sistema Único de Saúde

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Gráfico 1 - Representação gráfica da população por sexo segundo os grupos de idade no Distrito Federal – 1980

Gráfico 2 - Representação gráfica da população por sexo segundo os grupos de idade no Distrito Federal - 2010

Gráfico 3 - Percentual de Analfabetismo em relação à população idosa por UF – 2009

Tabela 1 – Percentual de distribuição de homens e mulheres idosos, por grupos de idade no Brasil e no Distrito Federal – 2010

Tabela 2 – Representação gráfica por faixa etária das mulheres residentes em domicílios particulares na Região Centro – Oeste (2010)

Tabela 3 – Percentual de mulheres idosas responsáveis pelo domicílio que residem de acordo com os dados do IBGE/2007

Tabela 4 – Percentual de pessoas idosas por condição de atividade e de ocupação de acordo com os dados do IBGE/2010

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CAPÍTULO 1: INSTITUIÇÕES, PODER E VIOLÊNCIA... 11

1.1 Conceito de poder... 11

1.2 Instituições: espaços de saber e poder ... 17

1.3 Violência contra a pessoa idosa ... 21

1.4 Violência institucional contra mulheres idosas... 25

CAPÍTULO 2: VELHICE: RETRATAR PARA COMPREENDER... 29

2.1 Aspectos sociodemográficos do envelhecimento... 29

2.2 Aspectos sociais do envelhecimento... 39

2.3 Aspectos epidemiológicos do envelhecimento da população brasileira... 45

2.4 Feminização da velhice... 47

CAPÍTULO 3: DIREITO À SAÚDE E A NEGAÇÃO DO DIREITO... 53

3.1 Parâmetros legais para a defesa dos direitos das pessoas idosas ... 53

3.2 Política de Seguridade Social ... 55

CAPÍTULO 4: METODOLOGIA... 65

CAPÍTULO 5: RESULTADOS E DISCUSSÃO... 69

5.1 Condições de atendimento encontradas... 71

5.2 Favor versus direito: dificuldades no acesso aos serviços ... 77

5.3 Atendimento negado ... 81

5.4 O exercício do saber - poder: a comunicação entre profissionais de saúde e usuárias ... 85 5.5 Qualidade do atendimento prestado em oposição a mais ocorrências de maus-tratos nos serviços de saúde ... 89 5.6 Saúde: finitude, amizade e trocas sociais... 93

5.7 Algumas reflexões... 96

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS... 99

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 103

APÊNDICE 1 - Instrumento de coleta de dados... 107

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INTRODUÇÃO

O presente estudo desenvolvido ao longo do curso de Mestrado em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília se conúnunstitui em uma investigação sobre a violência institucional praticada contra mulheres idosas usuárias dos serviços de saúde pública do Distrito Federal.

O interesse pelo tema surgiu a partir da experiência de trabalho da pesquisadora na Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, onde atua como Assistente Social, em um Hospital Geral da Rede Pública, e também do interesse no estudo da feminização da velhice e de seus rebatimentos na política de saúde pública brasileira no âmbito da gerontologia, à medida que o crescimento da população idosa feminina não é acompanhado da qualificação dos serviços de saúde prestados a esse segmento.

A violência institucional está situada na contramão de um envelhecimento digno e saudável, pois se trata de violência praticada quando se busca o acesso ao direito à saúde. Esta compreende uma grave violação aos direitos humanos praticada muitas vezes pelos executores da política de saúde.

Este estudo pretende dar maior visibilidade à violência praticada contra mulheres idosas nos serviços de saúde pública. Observa-se que no campo da gerontologia existem diversos estudos sobre a violência nas Instituições de Longa Permanência, todavia poucos estudos voltados para a compreensão da violência no âmbito dos serviços de saúde pública.

O enfoque na população idosa do gênero feminino deve-se ao crescimento deste grupo no Brasil. Diretamente proporcional ao aumento em questão está a vulnerabilidade destas idosas em relação à ocorrência de violência.

O trabalho desenvolvido pretende, ainda, subsidiar a atuação do gestor da política de saúde no Distrito Federal, especificamente na redução da violência institucional praticada contra as pessoas idosas.

O objetivo geral foi investigar e analisar a ocorrência da violência institucional praticada contra mulheres idosas usuárias dos serviços de saúde pública no Distrito Federal nas relações de poder.

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O estudo está organizado em cinco capítulos. No primeiro capítulo abordam-se os conceitos de instituições, poder e violência a partir de autores como Max Weber, Michel Foucault, Norberto Bobbio, John Scott, Edgardo Castro, Gregorio Barembllitt, dentre outros que realizaram um vasto estudo sobre a categoria em questão. Nesse capítulo as instituições são compreendidas como espaços de manifestação de poder – saber, repercutindo na ocorrência da violência institucional praticada contra as mulheres idosas.

No segundo capítulo abordam-se aspectos sociodemográficos do envelhecimento, seus aspectos sociais, aspectos epidemiológicos do envelhecimento da população brasileira e a feminização da velhice.

No terceiro capítulo apresentam-se questões relacionadas ao direito à saúde em oposição à negação deste direito. Aprofunda-se a discussão sobre os parâmetros legais para a defesa dos direitos das pessoas idosas e a compreensão da política de saúde inscrita no tripé da seguridade social.

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CAPÍTULO 1

INSTITUIÇÕES, PODER E VIOLÊNCIA

Este capítulo destina-se à discussão teórica sobre as categorias fundamentais adotadas na pesquisa aqui apresentada. Assim, parte-se das definições, análise, compreensão do campo de estudo e das discussões teóricas em torno das categorias: poder, violência e instituições. Busca-se associar a compreensão teórica à leitura da realidade em questão. Trata-se da análise do exercício do poder como uma prática violenta empregada no âmbito do espaço institucional, na qual culmina na ocorrência da violência institucional nos serviços públicos de saúde.

1.1 CONCEITO DE PODER

No campo político e sociológico, a categoria poder é amplamente discutida. Autores como Max Weber, Foucault, Bobbio, Scott e Castro se debruçaram e realizaram um vasto estudo sobre a categoria.

Para definir poder, Bobbio, Matteucci e Pasquino (2000) partem da compreensão do ser humano no seu espaço social, no qual o homem é sujeito e objeto do social. Para ele, a categoria poder designa a capacidade ou a possibilidade de: agir e produzir efeitos em indivíduos, ou em grupos. Trata-se da capacidade geral de agir e de determinar o comportamento do homem. Diferencia o poder exercido sobre os homens do poder exercido sobre as coisas.

Na a análise política do poder no campo institucional realizado por Bobbio, Matteucci e Pasquino (2000), identifica -se que o poder é institucionalizado quando há uma relação estabilizada que se articula numa pluralidade de funções claramente definidas e estavelmente coordenadas entre si. Compreendendo o poder como o resultado da existência de determinadas atitudes, percepções e expectativas dos sujeitos implicados na relação.

O pensador Max Weber (2000) definiu a categoria poder no estudo da política como um dos pilares para o desenvolvimento do pensamento. Para ele o poder está presente nas relações sociais (famílias, classes sociais, política etc.). Relacionando-se com a legitimidade, o poder é muitas vezes designado pela palavra autoridade.

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dos poderes causais de um agente para afetar a conduta de outros. Definindo o poder social como uma relação entre dois agentes, um dos quais é o agente “superior” ou principal e os outros “o subalterno” ou subordinado.

Tal análise se inscreve no contexto contemporâneo e se fundamenta na existência de duas formas elementares de poder social denominadas de influência corretiva e influência persuasiva. A influência corretiva opera mediante o emprego de punições e recompensas, força e manipulação. Estas são resultados da influência persuasiva, que parte do uso retórico de argumentos, apelos e razões que levarão o sujeito a acreditar na adequação do agir de determinado modo.

A definição de poder inscrita na teoria de Foucault relaciona o poder ao saber e situa-o no contexto da dominação exercida pelos peritos, junto ao campo do saber profissional. Foucault (2001) investiga o como do poder, os mecanismos existentes entre dois pontos de referência: as regras do direito que delimitam formalmente o poder e os efeitos reais que este poder produz, transmite e o reproduz. Para o pensador, trata-se de compreender o poder, o direito e a verdade.

A partir dessa análise o poder é capaz de produzir discursos de verdade dotados de efeitos muito poderosos. Segundo Foucault (2001), somos submetidos pelo poder à produção da verdade e só podemos exercê-lo por meio da verdade. Trata-se do poder exercido por um profissional de saúde que detém o saber, a verdade de determinada área do conhecimento.

A análise do poder realizada por Bobbio, Matteucci e Pasquino (2000) difere da compreensão de Hobbes, pois identifica o poder social com a posse de instrumentos aptos ao alcance de fins almejados e vantagem aparente futura. Já a compreensão de Gumplowicz, parte do pressuposto que a essência do poder consiste na posse dos meios de satisfazer as necessidades humanas e na possibilidade de dispor livremente de tais meios.

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obedecem, por tal razão o aparelho administrativo é escolhido com base no carisma. Não há estrutura burocrática.

Ao relacionar poder com dominação, Weber (2000) situa a dominação como a probabilidade de encontrar obediência para ordens específicas (ou todas) dentro de determinado grupo de pessoas. A natureza dos motivos determina em amplo grau o tipo de dominação e os respectivos fundamentos confiáveis. Estes se constituem com base na legitimidade daquele que exerce o poder.

Neste campo, o pensador delimita a obediência como a ação de quem acata, como se este tivesse feito do conteúdo da ordem e em nome dela a máxima de sua conduta, e isso em virtude de uma relação formal de obediência, sem considerar a opinião própria sobre o valor ou desvalor da ordem como tal.

Entende-se dominação como o poder organizado em estruturas sociais, estáveis e duradouras. A coerção e a indução são elementos de dominação responsáveis pela restrição. Estes elementos correspondem às formas de força e manipulação. Já a perícia e o controle são elementos de dominação que operam mediante autoridades de base discursiva. (SCOTT, 2010)

Apoiado no modelo weberiano, Scott (2010) assinala que a legitimidade no exercício do poder existirá sempre que houver a crença de que um padrão de dominação é certo, correto, justificado ou, de alguma forma, válido.

Diferentemente das análises realizadas por Bobbio, Matteucci e Pasquino (2000), Weber (2000), Foucault (2001) compreende que o indivíduo é um dos primeiros efeitos do poder. O indivíduo não é o outro do poder. A análise do poder em Foucault parte da capacidade ascendente do poder, dos mecanismos que têm uma história, um caminho, técnicas e táticas. Depois do exame de como esses mecanismos de poder foram e são investidos, colonizados, utilizados, subjugados, transformados, deslocados, desdobrados etc, por mecanismos cada vez mais gerais e por formas de dominação global.

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Ao realizar um estudo sobre o percurso da teoria de Foucault, Castro (2009) pontua que Foucault não escreveu uma teoria do poder. Trata-se de uma série de análises, partes históricas, acerca do funcionamento do poder, denominada de filosofia analítica do poder.

A filosofia analítica do poder se interessa em analisar o poder que uma pessoa ou grupo tem ou exerce sobre outra pessoa ou grupo. Neste campo, para estudar o poder é necessário conhecer a esfera de atividade à qual ele se refere, podendo relacioná-lo a campos de saber específicos, a exemplo: o do médico diz respeito à saúde; do professor à aprendizagem do saber; o empregador influencia o comportamento dos empregados etc. Já o poder na esfera privada pode estar relacionado com a cultura, como o poder exercido por um patriarca. Neste sentido o poder exercido dentro de uma instituição pode ser limitado, já o poder de um líder carismático tende a ultrapassar espaços físicos.

Já o poder situado no campo do comportamento humano relaciona-se com o desempenho de ações específicas. Bobbio, Matteucci e Pasquino (2000) descreve que o poder entra em ação quando o agir de um sujeito determina o comportamento dos outros. Trata-se da compreensão do poder como uma relação que tende a modificar comportamentos. No caso do emprego da violência, o poder coercitivo tende a ser empregado para se alcançar o comportamento desejado por aquele que pratica a violência.

Por outro lado, o poder potencial compreende a capacidade de determinar o comportamento do outro, por meio de ações entre atitudes para agir (BOBBIO, MATTEUCCI E PASQUINO, 2000). Já o poder social se caracteriza pela capacidade de determinação intencional ou interessada no comportamento dos outros. Tal capacidade existe quando se tem o interesse e os recursos disponíveis; tais recursos são: riqueza, força, informação, conhecimento, prestígio, legitimidade, popularidade, amizade e contatos (ligações íntimas com pessoas que detém poder). O êxito do poder social vincula-se também na habilidade pessoal de converter em poder os recursos anteriormente citados.

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A leitura da categoria poder em Bobbio, Matteucci e Pasquino (2000) estabelece que a probabilidade da aplicação do poder ter sucesso depende da escala de valores que prevalece no ambiente social em que o sujeito age. O poder é estabilizado quando há uma continuidade dos comportamentos pretendidos pelo indivíduo que o empregou (relação de comando e obediência).

Quando não se consegue exercer o poder por meio de outros mecanismos de autoridade ou legitimidade, pode-se empregar o uso da força para se alcançar o objetivo desejado. Bobbio, Matteucci e Pasquino (2000) analisam que se pode exercer o poder sem que

o sujeito “alvo” da ação perceba o que o detentor do poder está desejando. Caracteriza-se o exercício do poder por meio da manipulação. A relação de poder constitui certo tipo de causalidade, particularmente um tipo de causalidade social (a ação de um impacta na reação do outro). Há uma relação de condição necessária e suficiente.

Ainda no campo da filosofia analítica do poder, a microfísica do poder descrita por Foucault (2001) avalia como os fenômenos, as técnicas e os procedimentos de poder atuam nos níveis mais baixos, como eles se modificam, mas, sobretudo, como eles são investidos e anexados por fenômenos mais globais; como poderes mais gerais ou lucros econômicos podem inserir-se no jogo destas tecnologias de poder que são autônomas e infinitesimais.

Para Foucault (2001) todas as formas de desgastes irredutíveis à constituição das forças produtivas foram banidas, excluídas e reprimidas. O idoso localiza-se neste processo de banimento, já que ele não é tido como produtivo. Denominado - o inativo na sociedade contemporânea. O tratamento dispensado aos idosos ocorre por meio de mecanismos de exclusão, juntamente com os aparelhos de vigilância, a medicalização da sexualidade, da loucura, da delinquência e toda a micromecânica do poder.

Neste contexto, a violência se inscreve como um mecanismo de exclusão. Conforme descrito por Foucault (2001) os detentores do poder não se interessam pelos loucos, mas pelos mecanismos de exclusão, pelo poder. Não se interessam pela sexualidade infantil, mas pelo poder que a controla. As grandes máquinas de poder podem ter sido acompanhadas de produções ideológicas, entretanto não há ideologia em suas bases. As bases das máquinas de poder são instrumentos reais de formação e acumulação de saber.

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(2009) evidencia que para Foucault o poder é visto em primeiro lugar, desde suas extremidades, desde baixo, não como algo que se possui, mas como algo que se exerce.

Nas sociedades existem relações de poder múltiplas que atravessam, caracterizam e constituem o corpo social. Estas relações de poder não podem se dissociar, se estabelecer, nem funcionar sem uma produção, uma acumulação e um funcionamento do discurso.

Em seu percurso de investigação Foucault situa o poder como um conjunto de aparelhos, instituições e regulamentos que aplicam o direito. A violência exercida no espaço institucional pode compreender as múltiplas formas de dominação possíveis de se exercer na sociedade. Trata-se de captar o poder em suas extremidades, em suas múltiplas ramificações, no qual se torna capilar.

Em vez de tentar saber como o direito de punir se fundamenta, Foucault procura examinar como a punição e o poder de punir se materializam em instituições locais e regionais. Sua teoria propõe conhecer a formação dos súditos ao invés de realizar a investigação de como o soberano aparece no topo, ou seja, o objetivo é estudar os corpos periféricos e múltiplos.

Na teoria relacional do poder desenvolvida por Foucault, o poder é compreendido como circular. O funcionamento é acionado por cadeia, logo não se localiza aqui ou ali, mas sim em rede. Deste modo os indivíduos exercem e sofrem a ação do poder; ele não se aplica aos indivíduos, passa por eles, por isso pode-se dizer que os sujeitos do poder são também centros de transmissão do poder.

Na teoria analítica do poder elaborada por Foucault, saber e poder se apoiam e se reforçam mutuamente. A formação do saber requer que se leve em consideração as práticas discursivas e não discursivas. O poder consiste em conduzir condutas e dispor de sua probabilidade da seguinte forma: facilitando-as, induzindo-as, afastando-as, limitando-as dificultando-as e, impedindo-as.

As relações de poder exigem a presença do “outro” e estão entrelaçadas com as

relações de comunicação.

As diversas áreas do conhecimento são apontadas como ferramentas para o governo dos corpos voltado para a disciplina; e com o governo das populações, destinado para a biopolítica.

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coletivos como, nascimento, morte, velhice, enfermidades endêmicas, higiene pública, urbanismo etc.).

Algumas das ações das políticas de saúde nos remetem ao poder da disciplina, à medida que é abordada a partir da interiorização da vigilância, trata-se de uma forma de poder que: distribui os indivíduos no espaço; controla os procedimentos e não os resultados; implica uma vigilância constante; e supõe o registro dos dados dos indivíduos. Para Castro (2009) a disciplina é o conjunto de técnicas em virtude das quais os sistemas de poder têm por objetivo e resultado a singularização do indivíduo, definida por instituições disciplinares como os hospitais.

A análise sobre o poder no presente estudo organiza-se a partir da análise de diferentes perspectivas teóricas, à medida que diversos campos de estudo buscam compreender a categoria estudada.

Compreende-se que no estudo da violência, a apreensão dos modos de exercício do poder é crucial para a análise da violência como o exercício desigual de um poder, que tende a ferir, subjulgar ou impedir o acesso a algo por aquele que é alvo da violência.

No caso do objeto de estudo da presente dissertação as categorias: poder e violência institucional estão interligadas. A prática da violência institucional ocorre baseada no exercício desigual do saber - poder pelos profissionais de saúde e pela existência de barreiras burocráticas e políticas para o exercício do direito à saúde.

1.2 INSTITUIÇÕES: ESPAÇOS DE SABER E PODER

Na presente análise as instituições configuram-se como espaços para o exercício do poder e do saber. Trata-se de um espaço voltado para a materialização das relações de dominação. A análise sobre o espaço institucional realiza-se a partir de diferentes autores como: Goffman, Scott, Bisneto, Baremblitt e Faleiros. Eles buscam definir: o espaço de exercício de poder, o saber e as relações sociais.

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tidas como uma ameaça à comunidade; instituições organizadas para proteger a comunidade contra perigos intencionais; instituições estabelecidas para realizar de modo adequado alguma tarefa de trabalho; e estabelecimentos criados para servir de refúgio do mundo.

A partir de outra perspectiva de análise, Bisneto (2007) assinala que as instituições não devem ser entendidas como meras formas organizativas e operacionais da sociedade. Estas são aparelhos econômicos, políticos ou ideológicos que podem conduzir as pessoas a serem subjulgadas por meio de mecanismos de exploração, dominação e mistificação.

Numa perspectiva que privilegia a análise ideológica, em detrimento da análise política realizada por Foucault (2001) e Faleiros (2007), Scott (2010) compreende as instituições como sistemas de normas que se inter-relacionam. Estas têm suas raízes em valores compartilhados que se generalizam por uma sociedade ou grupo social particular por meio de suas formas comuns de agir, pensar e sentir. Elas estão entranhadas na sociedade e geram práticas sociais recorrentes por meio das quais se desenvolve grande parte da atividade social. A compreensão das instituições é fundamental para a idéia de estrutura social e para a organização das atividades humanas.

Já os institucionalistas1, a exemplo de Baremblitt (1992), compreendem a sociedade como uma rede de instituições, e define as instituições como lógicas, que se materializam por meio de leis, normas ou pautas, enfocando o aspecto político do poder e das instituições. Para os institucionalistas, (BAREMBLITT, 1992), a divisão sociotécnica do trabalho humano vem acompanhada de uma hierarquia que institui diferenças de poder, prestígio e lucro não necessariamente justificados pela importância produtiva daqueles que desempenham as funções.

Esta leitura da organização institucional diferencia o funcionamento da função, então Baremblitt (1992, p. 35), situa que:

O funcionamento é sempre instituinte, é sempre transformador, é sempre justiceiro e tende à utopia. A função, ela é predominantemente reacionária, conservadora, a serviço da exploração, da dominação e da mistificação, e se apresenta aos olhos não atentos como eterna, natural, desejável e invariável.

1 Para a Análise Institucional, uma sociedade está ordenada por um conjunto aberto quer dizer, não totalizável

– de instituições. Uma instituição é um sistema lógico de definições de uma realidade social de comportamentos humanos aos quais classifica e divide, atribuindo-lhes valores e decisões, algumas prescritas (indicadas), outras proscritas (proibidas), outras apenas permitidas e algumas, ainda, indiferentes. Essas lógicas podem estar formalizadas em leis ou em normas escritas ou discursivamente transmitidas, ou podem ainda operar como pautas, quer dizer, como hábitos não-explicitados. As citadas lógicas se concretizam ou se realizam socialmente em formas materiais ou “corporificadas” que, segundo sua amplitude, podem ser : organizações,

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De acordo com Baremblitt (1992) para que a instituição possa cumprir sua função de reguladora da vida humana, de forma que possibilite se materializar são criados dispositivos concretos denominados de organizações. As organizações são compreendidas como formas materiais, muito variadas, que abarcam desde um grande complexo organizacional, até um estabelecimento.

A partir desta análise, as instituições não teriam vida, nem realidade social, sem as organizações e vice-versa. As organizações não teriam objetivo, nem direção, se não tivessem as instituições. Na compreensão dos institucionalistas um serviço de saúde seria um estabelecimento, ou seja, um conjunto deste tipo de serviços conformaria uma organização. Esta estrutura só adquire uma conformação por meio dos seres humanos que materializam a lógica institucional por meio de um processo de trabalho (práticas) executado por sujeitos denominados de agentes.

Numa análise multidimensional Faleiros (2007), traz a ideia de que ao mesmo tempo em que as instituições se constituem em uma estrutura de poder, elas são relações sociais, implicando poder, saber, interações, serviços, espaços de circulação ou de encontros e trocas. Para o autor, as instituições sociais são um espaço político de poder que se expressam no cotidiano, na burocracia, no trabalho profissional e técnico, conforme as conjunturas e contextos históricos.

Numa visão ampliada do contexto social as instituições podem ser compreendidas por meio de três instâncias de análise, conforme descrito por Bisneto (2007): a instância econômica, inserida nas relações sociais, inscritas no espaço do “ter”; a instância política,

também inscrita nas relações sociais, por meio do conjunto de leis, regras e no espaço do poder político; e a instância ideológica que abarca a ideologia, cultura, linguagem e a identidade social, inscrita no campo do saber. As instituições compreendidas como espaço político e social, são inscritas dentro da estrutura estatal, conforme descrito:

As instituições sociais são organizações específicas de política social, embora se apresentem como organismos autônomos e estruturados em torno de normas e objetivos manifestos. Elas ocupam um espaço político nos meandros das relações entre o Estado e a sociedade civil. Elas fazem parte da rede, do tecido social lançado pelas classes dominantes para amealhar o conjunto da sociedade. (FALEIROS, 2007, p. 31)

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Os profissionais que atuam nesses espaços institucionais dominam um determinado campo do saber, do conhecimento, vinculados à estrutura do espaço institucional. Trata-se de uma autoridade profissional que busca a atenção a uma demanda apresentada, fundamentado num saber. Segundo Faleiros (2007) as instituições são veículos de mercantilização de bens e serviços. Consequentemente transforma relações sociais em relações de compra e venda nos domínios da educação, saúde, dentre outros espaços, variando de acordo com o contexto econômico, social e político.

Podemos observar que os objetivos institucionais são dotados de intencionalidade, conforme caracterizado por Goffman (2008). Ele define as instituições como uma organização formal instrumental, logo, sistema de atividades intencionalmente coordenadas e destinadas a provocar alguns objetivos explícitos e globais.

Na perspectiva adotada na presente análise não é possível separar as instituições do poder e do conflito (SCOTT, 2010), pois elas se expressam a partir das relações de poder da sociedade e sempre são impostas por um grupo dominante. A palavra instituição também pode ser aplicada a grupos sociais organizados concretos, por exemplo, os serviços de saúde, já que estas organizações envolvem práticas sociais recorrentes.

Ao assinalar que existem mecanismos no âmbito do Estado voltados para a promoção da igualdade e da desigualdade, Goran Therborn (2008) compreende que as instituições sustentadas pelo poder são um destes mecanismos, os quais estão situados no âmbito do domínio público, em especial pelo poder estatal utilizado como moeda conversível.

Sendo os ambientes institucionais espaços de execução de políticas públicas, estes devem se constituir em locus privilegiado de garantia de direitos e não espaços de

desigualdade.

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1.3 VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA

A violência praticada contra pessoas idosas tornou-se mais visível com o crescimento deste contingente populacional. Fatores como: o preconceito, medo e insegurança ainda dificultam a diminuição da violência.

Observa-se uma maior sensibilização em torno da violência contra a pessoa idosa a partir da década de 80, no século XX. Para Marmolejo2 (2005) esta maior sensibilidade se deve primeiramente à luta pelo enfrentamento da violência contra a criança nos anos 60 e em segundo lugar à luta contra a violência praticada contra as mulheres nos anos 70. A autora ressalta também a visibilidade dada à questão em diversos países a exemplo da Grã-Bretanha, Estados Unidos e Espanha. Todos na década de 1980.

Tal observação é reforçada quando analisamos o movimento internacional em torno da questão, a exemplo da I Assembleia Mundial do Envelhecimento promovida pela Organização das Nações Unidas - ONU em 1982 em Viena, onde foi abordado o tema direitos humanos. Mas a questão da violência no contexto da velhice na ONU só foi abordada na II Assembleia Mundial do Envelhecimento, realizada em Madri em 2002.

Ao comparar a taxa de cada tipo de violência praticada contra idosos de quatro países (Austrália, Canadá, Estados Unidos e Reino Unido), Marmolejo3 identificou que a negligência está entre as principais violências praticadas contra idosos, juntamente com as violências: física, psicológica e financeira.

A violência em todas as suas tipificações é um relevante problema de saúde pública e uma grave violação dos direitos humanos, de dimensão complexa e multicausal, pois envolve como condicionantes e determinantes fatores socioculturais, econômicos e políticos. A violência institucional pode ocasionar dano pelo acesso a um serviço de má qualidade ou pelo não acesso ao serviço de saúde.

Estabelecida no contexto da violência social, a violência contra o idoso, no Brasil e no mundo se expressa nas formas como a sociedade organiza suas relações de classe, de gênero, de etnias e de grupos etários, além de considerar o poder exercido nas esferas macropolíticas, micropolíticas e institucionais. A violência social contra pessoas idosas representa uma forma de abuso, pois a administração pública não disponibiliza o acesso adequado aos serviços básicos necessários para o bem estar dos idosos. (MINAYO, 2005; MARMOLEJO4, 2005).

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A Organização Mundial de Saúde - OMS (2002) considera a violência como o uso intencional de força física, poder ou ameaça contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade que resulte ou tenha possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação.

Ao abordar os tipos de violência, Faleiros (2007) parte de três grandes dimensões: a violência sociopolítica, a violência institucional e a violência intrafamiliar. A violência sociopolítica refere-se principalmente às relações sociais mais gerais que envolvem grupos e pessoas consideradas delinquentes comuns e as estruturas econômicas e políticas da desigualdade nas relações de: exclusão, exploração, ou periferização de conglomerados humanos significativos.

A violência institucional contra idosos refere-se a um tipo de relação existente nos abrigos e instituições de serviço, privadas ou públicas, nos quais se nega ou atrasa o acesso, porquanto não se leva em conta a prioridade legal. Não se ouve com paciência, devolve-se para a casa, humilha-se por ter incontinência ou alguma perda, infantiliza-se, hostiliza-se a pessoa idosa e não se respeita a sua autonomia.

A violência intrafamiliar é a “violência calada”, sofrida em silêncio muitas vezes,

praticada por filhos, cônjuges, netos, irmãos, ou outros parentes, vizinhos próximos e conhecidos da vítima. Faleiros (2007a) ressalta que não é raro as práticas de violência se combinarem, por isso é possível que a pessoa idosa sofra com o impacto de uma violência múltipla.

A pesquisa publicada por Faleiros (2007a) traz informações sobre as ocorrências da violência contra a pessoa idosa, suas vítimas e seus agressores. Tal pesquisa de caráter nacional apontou que os principais agressores nos casos de violência intrafamiliar são os filhos, e as principais vítimas são as mulheres. Ocorrendo manifestações tanto de violência psicológica quanto de violências física, financeiras, de abandono e negligência. Conforme preceitua o Estatuto do Idoso, a família, sociedade e Estado precisam conhecer esta violência que ainda permanece em segredo, tendo em vista que apenas uma pequena parte desta violência é denunciada.

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A negligência está presente em 13 capitais em proporção entre 20% e 50% das denúncias. A violência sexual está presente em 8 capitais, mas em proporção inferior a 9% das denúncias. O total das denúncias identificadas em 2005, nas 27 capitais, foi contabilizado em 14.803 casos de violência intrafamiliar. Os principais agressores são filhos (54%) e as principais vítimas são as mulheres (60%). É necessário acrescentar as denúncias de violência social e institucional expressas na desigualdade, no mau atendimento, na falta de acesso aos direitos estabelecidos.

Pillemer5 (2005) assinala que ter conhecimento sobre os fatores de risco que favorecem a ocorrência da violência entre pessoas idosas é crucial para o desenvolvimento tanto de instrumentos de identificação como de programas de prevenção. O autor divide esses fatores de risco em três categorias:

I – Fatores de risco prováveis: relacionam-se às condições de convivência; asilamento social; demência; características individuais dos agressores; doença mental; hostilidade; abuso de álcool; e dependência do idoso em relação ao agressor.

II – Fatores de risco potenciais: relacionam-se com o gênero; com a relação entre a vítima e o agressor (cônjuge); características da vítima; e a raça.

III – Fatores de risco questionáveis: compreendidos como a incapacidade física do idoso; dependência da vítima e estresse do cuidador; e a reprodução intergeracional da violência.

Phillips6 (2005) ressalta que os estudos têm demonstrado que a violência contra idosos é um problema experimentado principalmente por mulheres. Para a autora, a prova mais evidente que a violência contra idosos afeta majoritariamente as mulheres está presente nos dados demográficos. É o que no Brasil identificamos como feminização da velhice.

No âmbito da política de saúde, dispõe-se de um instrumento voltado para a redução dos fatores que repercutem na prática da violência, trata-se da Política Nacional de Redução da Morbidade por Acidentes e Violências (2001). A política situa a violência contra o idoso como uma questão que necessariamente não ocasiona óbito, mas repercute no perfil de morbidade, devido ao seu impacto sobre a saúde.

Na mesma perspectiva de análise realizada por Faleiros (2007a) a política supracitada categoriza a violência contra os idosos a partir da sua manifestação, tipificando a violência em: física, psicológica, sexual, abandono e negligência. Cabe ressaltar que a negligência, conceituada como a recusa, omissão ou fracasso por parte do responsável em relação ao

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idoso, é uma forma de violência presente tanto em nível doméstico quanto institucional, levando muitas vezes ao comprometimento físico, emocional e social, com reflexos no aumento dos índices de morbidade e mortalidade. Na pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo e SESC (2006), 15% dos idosos entrevistados relataram que sofreram violência depois dos 60 anos. A maior concentração da ocorrência de violência está entre os idosos com 80 anos ou mais.

A partir da visibilidade dada à questão, conforme discutido anteriormente, no contexto sociopolítico o Brasil conta com o Plano de Ação para o Enfrentamento da Violência Contra a Pessoa Idosa - PAEVPI, o qual adota diversas categorias para a compreensão do fenômeno da violência contra o idoso, tais como: a violência física, violência psicológica, violência sexual, abandono, negligência, abuso financeiro e econômico, e a autonegligência.

O PAEVPI (2007) constitui-se a partir de discussões com as organizações governamentais e não governamentais. Esta aprovada no Conselho Nacional dos Direitos do Idoso. Em 2007, aprovou-se o Plano para o período de 2007 a 2010. Sendo este contemplado com as ações deliberadas na I Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa entre 23 a 26 de maio de 2006.

O objetivo do PAEVPI é promover ações que levem ao cumprimento do Plano de ação Internacional para o Envelhecimento, o Estatuto do Idoso e as deliberações da Conferência no que diz respeito a todas as formas de violência e exclusão social contra esse grupo.

A violência institucional é abordada no Plano no item que trata do abandono e da negligência. O abandono é compreendido como uma forma de violência que se manifesta pela ausência ou deserção dos responsáveis governamentais, institucionais ou familiares de prestarem socorro a uma pessoa idosa que necessite de proteção. A negligência refere-se à recusa ou à omissão de cuidados devidos e necessários aos idosos, por parte dos responsáveis familiares ou institucionais; esta categoria de violência é uma das violações contra pessoas idosas mais presente no país. Ela se manifesta, frequentemente, associada a outros abusos que geram lesões e traumas físicos, emocionais e sociais, em particular, para as que se encontram em situação de múltipla dependência ou incapacidade.

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do fenômeno: a magnitude deste problema, com grande número de eventos, sejam agravos, lesões ou mortes; a gravidade da questão; a vulnerabilidade das pessoas idosas diante da ocorrência da violência; os impactos sociais, econômicos e emocionais para a vítima, familiares, sociedade e para as políticas públicas; e a demanda por ações de prevenção mediante a formulação de políticas, práticas e serviços que atuem sobre os fatores de risco, condicionantes e determinantes da violência na lógica da promoção da saúde com ações intersetoriais.

No último estudo realizado pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, com dados do Sistema Nacional de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA Contínuo – 2006 e 2007), em 35 municípios brasileiros, foram notificados 9.038 casos de violências desses, 626 casos, ou seja, 6,9 % dos casos foram identificados entre idosos com idade a partir de 60 anos.

1.4 VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL CONTRA MULHERES IDOSAS

Apesar do direito à saúde ser assegurado pela Constituição Federal de 1988, o seu acesso ainda encontra barreiras de diferentes formatos, dentre eles podemos destacar a violência praticada dentro das unidades de saúde. Denominada de violência institucional. Conforme descrito por Minayo (2005, p. 146):

Assim como em muitos países do mundo, no caso brasileiro, as violências contra a geração idosa se configuram a partir de uma forma de tratá-la e representá-la, cujo sentido se pode resumir nos termos descartável e peso social. Essa discriminação tem vários focos de expressão e de reprodução. [...] na violência institucional, maneira privilegiada de reprodução das relações assimétricas de poder, de domínio, de menosprezo e de discriminação. Na cotidianidade, as marcas estruturais são a base naturalizada de atualização das várias formas de violência que se expressam entre e intra-classes e segmentos sociais. Nas instituições, as burocracias que se investem na cultura do poder sob a forma da impessoalidade, reproduzem e atualizam, nos atos e nas relações, as discriminações e os estereótipos que mantêm a violência. No caso dos idosos, dificilmente se observa a violência da resistência por parte deles, muito frequente em grupos dependentes e dominados. [...]

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Cabe assinalar que a privação do acesso a uma necessidade humana também pode ser compreendida como um ato de violência, destacando que:

Com efeito, privar significa tirar, destituir, despojar, desapossar alguém de alguma coisa. Todo ato de violência é exatamente isso, ele nos despoja de alguma coisa, de nossa vida, de nossos direitos como pessoas e como cidadãos. A violência nos impede não apenas de ser o que gostaríamos de ser, mas fundamentalmente de nos realizar como homens. A idéia de privação parece-me, portanto, permitir descobrir a violência onde ela estiver, por mais camuflada que esteja sob montanhas de preconceitos, de costumes ou tradições, de leis e legalismos. (ODÁLIA, 2004, p. 86)

A violência contra a pessoa idosa pode ser definida como qualquer omissão que prive o idoso da atenção necessária para o seu bem estar, assim como qualquer violação que possa ser tipificada como maus-tratos. A violência ocorre numa relação interpessoal, na qual existe uma expectativa de confiança, cuidado, convivência ou dependência, podendo o agressor ser um familiar, representante de uma instituição (serviço de saúde ou de serviços sociais), um cuidador contratado, um vizinho ou um amigo. (Marmolejo7, 2005)

A violência institucional diferencia-se das demais violências por ser praticada por quem deveria proteger o idoso e garantir o seu acesso a direitos fundamentais. Ela pode ser compreendida como:

É aquela que se realiza dentro das instituições, sobretudo por meio de suas regras, normas de funcionamento e relações burocráticas e políticas, reproduzindo as estruturas sociais injustas. Uma dessas modalidades de violência ocorre na forma como são oferecidos, negados ou negligenciados os serviços públicos. Os serviços de saúde, de seguridade social e de segurança pública são os principais exemplos dados pela própria população quando se refere à violência institucional: a maior parte das queixas dos idosos, quando comparecem às delegacias de proteção, é contra o INSS e os atendimentos na rede do SUS. (MINAYO, 2005b, p. 33)

A violência praticada no contexto institucional relaciona-se com o exercício de poder8, por parte dos agentes institucionais que deveriam garantir o acesso aos direitos, especificamente ao direito à saúde. Trata-se de um poder simbólico, definido por Bourdieu (2007) como um poder invisível o qual só pode ser exercido com a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhe estão sujeitos ou mesmo que o exercem. Scott (2010) analisa a existência de formas elementares de poder, presentes em numerosos atos cotidianos de poder interpessoal. O poder depende tanto de atributos e características pessoais quanto do fato de se

7 Livre tradução.

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ocupar um cargo ou ter acesso a recursos formais. O autor exemplifica que o viés de gênero de grande parte do poder interpessoal foi a base a qual o patriarcado permeou a esfera pública de dominação, acerca da dominação exercida por profissionais, denominados de peritos. O autor discorre que:

“A obra de Foucault estimulou uma grande preocupação com a dominação exercida por peritos, entendida como um poder alicerçado nas práticas denotativas por meio das quais sua perícia é discursivamente construída. Os subalternos reconhecem e, portanto, aceitam o conhecimento em que o perito profissional confia e utiliza como base dessa concordância expressa ou implícita com suas recomendações de ação.” (SCOTT, 2010, p. 165)

A burocracia e o saber profissional dificultam a visibilidade da violência praticada no ambiente institucional, tornando-a mais difícil de ser comprovada. Autores como Rubio (2005) questionam os baixos índices de prevalência deste tipo de violência quando comparado aos registros da violência ocorrida no âmbito familiar e comunitário.

O espaço institucional onde ocorre a violência deve ter o seu processo de trabalho questionado e a sua “normalidade” criticada para que a violência não seja banalizada, compreendida como algo corriqueiro, natural. A análise dos espaços onde opera a dualidade entre normal/anormal termina por evidenciar a necessidade de levar em consideração os problemas da violência, do sujeito da ação e das invenções possíveis nas relações de forças. (PORTOCARRERO, 2008)

Ao realizar um estudo sobre violência institucional contra mulheres na cidade de Recife, Salvador e Aracaju, Diniz et al. (2004) aponta que tal violência no âmbito dos

serviços de saúde pode ocorrer por omissão ou por comissão.

A violência por omissão se dá a partir da negação total ou parcial de ações médico - sanitárias, bem como a debilidade institucional observada por meio da desnormatização, do descaso, da negligência e até mesmo, num grau máximo, da omissão, da inexistência de um serviço público de saúde.

A violência por comissão compreende a violência técnica inerente à teoria e à prática dentro dos serviços de saúde. Corresponde ao tipo de violência existente nas práticas de saúde e nos procedimentos indesejáveis e/ou desnecessários e a consequente repercussão sobre a saúde e a vida da população usuária.

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desigualdade e legitimando no espaço público. Caracterizando-o como espaço de violação de direitos e de exclusão social.

Ao definir a negligência em: o não cumprimento das obrigações voltadas para o cuidado com uma pessoa idosa, Marmolejo9 (2005) inclui na sua leitura a privação das necessidades mais básicas a carência de: higiene, alimentação e medicamentos. Este último abordado pelo uso inadequado. A autora cita que em países como Brasil esta prática é relativamente habitual. A administração inadequada de medicamentos (por excesso ou por defeito), a medicação errada e a privação do acesso às necessidades básicas (alimentação, higiene, clima, vestuário, assistência à saúde etc.) além do abandono, são exemplos da negligência. Elas podem levar à desnutrição, desidratação, falta de higiene corporal, hipotermia e hipertemia, úlceras de decúbito, agravamento de algumas enfermidades, etc.

Em uma análise ampliada sobre a prática da violência no espaço institucional Rubio10 (2005), observa que esse tipo de violência está relacionado às ações por excesso ou por omissão por parte de profissionais ou voluntários, mas também por parte de parentes que visitam os idosos. Tal violência é impactada por diversas variáveis, tais como: falta de qualificação, aplicação incorreta da norma vigente, presença de elevados níveis de estresse na vida privada, atitudes negativas sobre a velhice (gerontofobia), baixa capacidade para suportar frustração e síndrome de burnout. A omissão por parte dos profissionais da saúde que

atendem as mulheres idosas é uma relação que se dá a partir do exercício do poder profissional baseado na detenção do saber.

A formação dos profissionais responsáveis pelo cuidado e assistência deve estar relacionada à intervenção preventiva e ao amplo acesso aos serviços demandados para que se possa cessar a prática da violência, seja ela por omissão ou comissão, dentro do espaço institucional.

Acerca das categorizações adotadas no presente estudo cabe destacar que as categorias violência e poder são percebidos de modo transversal. Nesse capítulo buscamos expor parte da discussão teórica existente, não pretendendo esgotar tal discussão.

9 Livre tradução.

(31)

CAPÍTULO 2

VELHICE: RETRATAR PARA COMPREENDER

A fim de conhecer os principais aspectos sociodemográficos do envelhecimento buscou-se realizar uma análise que considerasse os principais aspectos dessa etapa do desenvolvimento humano. A compreensão do perfil demográfico das mulheres idosas teve como ponto de partida os dados de pesquisas nacionais de órgãos oficiais e análises sociodemográficas realizadas no campo da gerontologia.

Considerando a importância dos aspectos sociais do envelhecimento, buscou-se trazer conceitos que auxiliassem no aclaramento de questões presentes na velhice, como a experiência da avosidade, reflexões sobre a finitude, o desenvolvimento de relações afetivas, a espiritualidade e religiosidade.

O entendimento dos aspectos epidemiológicos do envelhecimento e dos fatores relacionados com o processo denominado feminização da velhice auxilia na apreensão das demandas de saúde apresentadas pelas participantes da pesquisa.

2.1 ASPECTOS SOCIODEMOGRÁFICOS DO ENVELHECIMENTO

Uma análise sociodemográfica do envelhecimento considera dimensões como: aspectos culturais, aspectos no perfil demográfico, aspectos de escolaridade, aspectos familiares, aspectos de gênero, aspectos de nupcialidade, aspectos de seguridade social dentre outros.

Ao observarmos os aspectos culturais em torno do envelhecimento vemos que a família constitui-se em um espaço de troca de valores culturais intergeracionais. Muitas famílias partilham da convivência multigeracional, ou seja, a vivência de várias gerações em um mesmo domicílio ou em espaços diferenciados. Tal realidade favorece o exercício da avosidade. Para Goldfarb e Lopes (2006) a continuidade da cultura do grupo familiar relaciona-se com a convivência intergeracional. A avosidade é compreendida como uma relação estruturante para a ocorrência de uma relação de identificação entre os sujeitos do núcleo familiar.

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mortalidade e diminuição da fecundidade, que possibilitam a convivência de diferentes gerações no mesmo domicílio. Enquanto o envelhecimento populacional implica em mudanças na estrutura etária, a queda da mortalidade é um processo que se inicia no momento do nascimento e altera a vida do indivíduo, as estruturas familiares e a sociedade, conforme apontado por Camarano (2006).

Acerca do padrão etário da fecundidade a análise realizada pelo IBGE (2012) apontou que a tendência observada no Brasil até o ano 2000 era de um rejuvenescimento do padrão da fecundidade, indicado pelo aumento da concentração nas idades mais jovens dentro do período fértil. Na última década foi observada uma reversão desta tendência, já que os grupos de mulheres mais jovens, de 15 a 19 anos e de 20 a 24 anos de idade, que concentravam 18,8% e 29,3%, respectivamente, da fecundidade total, passaram a concentrar 17,7% e 27,0%, respectivamente, em 2010. O grupo de mulheres de 20 a 24 anos de idade ainda representa mais de ¼ da fecundidade brasileira, mas o padrão, em 2010, já se mostrava mais dilatado do que foi observado com os resultados do Censo Demográfico 2000. Ao mesmo tempo, para os grupos de mulheres acima de 30 anos de idade, observa-se um aumento dessa participação relativa.

Para compreendermos como está o padrão de fecundidade na Região Centro-Oeste (região que engloba a unidade da federação estudada), buscou-se informações do IBGE (2012) que apontou que a idade média da fecundidade apresentou comportamento semelhante ao do Brasil, passando de 25,2 anos para 26,4 anos, com o maior envelhecimento do padrão da fecundidade do território nacional.

A composição demográfica da população idosa brasileira Camarano (2006) é perpassada por aspectos sociais do envelhecimento que estão relacionados à mortalidade, renda, arranjos familiares, dentre outros aspectos. A autora discute aspectos de grande relevância para a leitura do processo de envelhecimento da população brasileira, a exemplo do processo de feminização da velhice, do perfil socioeconômico desta população. Esta foi diretamente impactada pela universalização da seguridade social brasileira, e por novos arranjos familiares presentes na sociedade brasileira.

Observa-se que a demografia da população brasileira é marcada por uma mudança na composição da pirâmide etária. Por décadas viveu-se em uma sociedade de jovens, todavia atualmente assistimos ao envelhecimento acelerado da população brasileira. Camarano (2006)

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das pessoas idosas, à situação de mortalidade e aos rendimentos disponíveis às pessoas que envelhecem. Nos gráficos abaixo se pode observar a composição da pirâmide etária da população do Distrito Federal em décadas diferentes. Estas contêm informações sobre sexo e idade.

Gráfico 1 - Representação gráfica da população por sexo segundo os grupos de idade no

Distrito Federal– 1980

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Gráfico 2 - Representação gráfica da população por sexo segundo os grupos de idade no Distrito Federal - 2010

Fonte: IBGE, 2010

O IBGE (2010) mostra dados numéricos em relação às pessoas com 60 anos ou mais. Estas correspondendo ao valor de 197.613, enquanto as pessoas de 0-4 anos somam 189.080, ou seja, em 2010 o número de idosos já é superior ao número de crianças pequenas. Tal fato indica uma tendência de inversão da base da pirâmide etária.

O gráfico 1 traz a composição etária da população brasileira em 1980. Nota-se uma população predominantemente jovem, com base estreita, com zona central mais alargada que a base.

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entre a população idosa na faixa e 65 a 79 anos. Há uma diminuição da natalidade, e uma diminuição do crescimento natural, porém apresenta aumento da esperança média de vida dos habitantes do DF.

Ao comparar as duas pirâmides, observa-se que com o crescimento da expectativa de vida, gera-se um deslocamento das faixas etárias que estão no meio da pirâmide para as faixas etárias localizadas no topo da pirâmide. Por conseguinte, a população demanda cada vez mais serviços sociais específicos para quem envelhece. Principalmente, nas áreas de saúde, previdência e assistência social.

As alterações na composição etária da sociedade brasileira e os novos arranjos familiares estão fortemente associados a dificuldades sociais e familiares no fornecimento de apoio econômico, físico e psicológico a idosos dependentes e fragilizados. (GOLDSTEIN; SIQUEIRA, 2000, p. 120)

Dados referentes ao Censo Demográfico e Contagem da População realizado pelo IBGE em 2010, apontam que no Brasil existem 20.590.597 (vinte milhões, quinhentos e noventa mil e quinhentos e noventa e sete) idosos. Destes 11.434.486 (onze milhões, quatrocentos e trinta e quatro mil e quatrocentos e oitenta e seis) são mulheres idosas, ou seja, 55,53 % da população idosa. A tabela abaixo traz o número de homens e mulheres idosos, por grupos de idade.

No Distrito Federal existem 197.613 (cento e noventa e sete mil, seiscentos e treze idosos), com 43% de homens idosos e 57 % de mulheres idosas.

Tabela 1 – Percentual de homens e mulheres idosos distribuídos por idade no Brasil e no Distrito Federal – 2010

Brasil e

UF Sexo 60 a 64 anos 65 a 69 anos 70 a 74 anos 75 a 79 anos 80 a 89 anos 90 a 99 anos 100 anos ou mais

Brasil

Homem 14,77 10,80 8,10 5,30 4,76 0,71 0,04

Mulher 16,84 12,71 10,07 7,15 7,32 1,35 0,08

Distrito Federal

Homem 15,63 10,71 7,97 4,50 3,66 0,50 0,03

Mulher 19,78 13,62 10,07 6,28 6,13 1,06 0,07

Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2010

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mesma faixa etária com percentual superior ao nacional (19,78%). Em todas as faixas etárias, entre os idosos, há um número maior de mulheres idosas, em relação aos homens da mesma faixa etária.

Ao observarmos a distribuição de mulheres idosas nas áreas urbanas e rurais brasileiras nota-se uma predominância de mulheres residentes em áreas urbanas, com 97,69% das idosas. O perfil das mulheres idosas no DF é similar ao perfil nacional caracterizado no gráfico 2, havendo maior concentração populacional nas faixas etárias de 60 a 64 anos, totalizando 34,70 % das mulheres e 36,35 % dos homens idosos do DF. O número de mulheres idosas aumenta em relação ao número de homens quando observamos as idades mais avançadas, a partir dos 75 anos de idade. Conforme explicitado na tabela 2:

Tabela 2 – Representação gráfica por faixa etária das mulheres residentes em domicílios particulares na Região Centro – Oeste (2010)

Faixa etária % 60 a 64 anos 33,75 65 a 69 anos 23,60 70 a 74 anos 17,88 75 a 79 anos 11,66 80 a 84 anos 7,40 85 a 89 anos 3,65 90 a 94 anos 1,48 95 a 99 anos 0,47 100 anos ou mais 0,11 Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2010

No Distrito Federal, concentram-se 38,43 % das mulheres idosas da região Centro-Oeste e 2,14% das mulheres idosas brasileiras, de acordo com os dados do IBGE (2010). Há uma maior concentração entre as mulheres idosas na faixa etária de 60 a 69 anos, na região centro oeste, totalizando 57,35% de mulheres idosas nessa faixa etária no DF.

Um fator importante para compreender o acesso aos direitos fundamentais destas mulheres ao longo de sua vida é a escolaridade. A escolaridade dos idosos brasileiros é ainda considerada baixa. De acordo com os dados da PNAD (2009), 30,7% das mulheres idosas tinham menos de um ano de instrução. O nível educacional reflete o não-acesso a educação formal por parte das mulheres há décadas atrás.

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analfabetismo entre a população idosa está presente no estado do Rio de Janeiro (PNAD, 2009). Contraditoriamente, o Rio de Janeiro é o estado que apresenta a maior desigualdade escolaridade/sexo entre a população idosa brasileira.

A relação entre analfabetismo e sexo (PNAD, 2009) aponta o Rio de Janeiro com a maior parte dos idosos analfabetos do sexo feminino (70,4 %) e 29,6 % do sexo masculino. Apresentando a pior relação sexo e escolaridade no Brasil. No outro extremo temos o estado do Acre com: 45,8% das mulheres idosas não-alfabetizadas e, 54,2% dos homens idosos na mesma situação.

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Gráfico 3: Percentual de Analfabetismo em relação à população idosa por UF – 2009 10,5 13,5 13,9 16,3 17,2 17,9 21,8 27,9 28,3 29,4 30,5 34,5 35,0 37,9 38,4 39,6 42,2 43,0 46,0 47,0 47,5 47,8 47,8 52,2 53,0 54,5 56,9

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0

RJ RS DF SC SP AP PR MG ES MS AM GO RR PA MT RO SE PE BA RN CE TO PB AC PI MA AL

Percentual de Analfabetos

Fonte: IBGE - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - 2009

Outro fator de suma relevância para a compreensão da velhice são os aspectos familiares. A análise do contexto familiar na sociedade pós-moderna insere o idoso em novos formatos e distribuição de eventos demográficos como: casamentos, maternidade, divórcios e tipos de unidades domésticas, (GIACOMIN, 2012). Tais eventos são caracterizados pelos dados do IBGE.

Observa-se que a grande maioria dos idosos do sexo masculino chefia as suas famílias, proporção esta que não se alterou ao longo do tempo. Manteve-se ao redor de 90%. Também observou - se que as famílias brasileiras que tem pessoas idosas em sua composição estão em melhor situação financeira. (CAMARANO, 2006)

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A organização familiar é impactada pela renda dos domicílios que as pessoas idosas residem. Das famílias com idosos, pouco menos de 12% viviam com renda domiciliar per capita de até ½ salário mínimo e cerca de 66% das pessoas idosas residentes já se

encontravam aposentadas. Este dado aponta a importância do acesso à seguridade social das pessoas idosas, especificamente o acesso à política de previdência social.

Ao analisar a composição das famílias com pessoas idosas identifica-se um crescimento do número de famílias chefiadas por mulheres. Tal fenômeno é observado não só nas famílias chefiadas por mulheres jovens e adultas, mas também por mulheres idosas. Dados do IBGE (2007) apontam que no Brasil existem 2.646.041 famílias chefiadas por mulheres idosas, sendo 165.309 (6,26 %) na região centro-oeste brasileira. Ocorre uma concentração maior entre as idosas na faixa de 60 a 64 anos. Este dado reflete na importância das pessoas idosas para a composição dos rendimentos e arranjos familiares.

Tabela 3 – Percentual de mulheres idosas responsáveis pelo domicílio que residem de acordo com os dados do IBGE/2007

Idade Brasil e Grande Região Brasil Centro-Oeste 60 a 64 anos 27,53 31,65

65 a 69 anos 24,33 25,95

70 a 74 anos 19,40 19,01

75 a 79 anos 14,54 12,71

80 anos ou mais 14,19 10,68 Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2007.

Imagem

Gráfico  1 - Representação gráfica da população por sexo segundo os grupos de idade no  Distrito Federal  – 1980
Gráfico 2 - Representação gráfica da população por sexo segundo os grupos de idade no  Distrito Federal - 2010
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Tabela 2 – Representação gráfica por faixa etária das mulheres residentes em domicílios  particulares na Região Centro  –  Oeste (2010)
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