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A SUBUTILIZAÇÃO DAS SÚMULAS VINCULANTES E A DEMORA NA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL Pedro Alberto Calmon Holliday, Gustavo César De Mello Calmon Holliday

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(1)

XXIV CONGRESSO NACIONAL DO

CONPEDI - UFMG/FUMEC/DOM

HELDER CÂMARA

POLÍTICA JUDICIÁRIA, GESTÃO E

ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA

CLAUDIA MARIA BARBOSA

SÉRGIO HENRIQUES ZANDONA FREITAS

(2)

Copyright © 2015 Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito

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P762

Política judiciária, gestão e administração da justiça [Recurso eletrônico on-line] organização CONPEDI/UFMG/FUMEC/ Dom Helder Câmara;

coordenadores: Claudia Maria Barbosa, Sérgio Henriques Zandona Freitas, Lucas Gonçalves Da Silva – Florianópolis: CONPEDI, 2015.

Inclui bibliografia

ISBN: 978-85-5505-125-8

Modo de acesso: www.conpedi.org.br em publicações

Tema: DIREITO E POLÍTICA: da vulnerabilidade à sustentabilidade

1. Direito – Estudo e ensino (Pós-graduação) – Brasil – Encontros. 2. Política judiciária. 3. Justiça. I. Congresso Nacional do CONPEDI - UFMG/FUMEC/Dom Helder Câmara (25. :

2015 : Belo Horizonte, MG). CDU: 34

(3)

XXIV CONGRESSO NACIONAL DO CONPEDI - UFMG/FUMEC

/DOM HELDER CÂMARA

POLÍTICA JUDICIÁRIA, GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA

Apresentação

O acesso à justiça é certamente um dos mais importantes direitos humanos, porque sem ele

todos os demais podem estar ameaçados. No estado moderno a justiça se faz por meio do

Estado, que tem o monopólio do direito, da força e também dos meios para dizer o justo. O

estado democrático de direito que se pretendeu, e ainda se busca, concretizar com a

constituição brasileira, tem um forte compromisso com a realização da justiça e com a

legitimidade do judiciário, inequivocamente expresso no princípio da inafastabilidade da

jurisdição apregoado no artigo 5º, XXXV da nossa carta, que reflete a crença e a importância

do judiciário para a sua consolidação. O parágrafo introdutório precedente utiliza de forma

intencional diferentes acepções de justiça e algumas de suas faces, discutidas nos textos que

compõem este volume. O protagonismo do judiciário no século XXI lhe impõe novos

desafios que os estudos que se vem desenvolvendo neste grupo tencionam enfrentar. Em

comum, eles têm o judiciário e/ou suas atividades como objeto de investigação; expressam a

crença de que a realização da justiça é condição necessária, embora não suficiente, à

consolidação do estado democrático de direito; afirmam a convicção de que o judiciário forte

decorre de sua legitimidade, e esta depende do comportamento ético de seus membros, da

atuação transparente de seus órgãos e da busca por meios efetivos de realização da justiça,

para a concretização de uma sociedade mais livre, justa e solidária. Este volume intitulado

Política Judiciária, Gestão e Administração da Justiça reúne 23 trabalhos de mais de uma

dezena de estados da federação e quase duas dezenas de programas de pós-graduação,

agrupados em três grandes temas, complementares entre si: política judiciaria, isto é,

políticas públicas que indicam, ou deveriam nortear, a atuação do judiciário e do sistema de

justiça; gestão e análise de órgãos judiciários e da organização do sistema de justiça

brasileiros; alternativas ao monopólio da jurisdição e às formas de realização da justiça.

Todos comprometidos em manter a legitimidade e construir efetivos mecanismos de

legitimação do judiciário brasileiro, para aproximar a justiça dos cidadãos e assegurar uma

melhor justiça para todos. A partir de diferentes aportes teóricos e metodológicos, o livro

reúne estudos empíricos, investigações comparadas e pesquisas teóricas que buscam

desvelar, compreender, analisar, avaliar e discutir as condições em que se realiza a justiça no

Brasil e como se dá o efetivo acesso à justiça no país. Esperamos que as leituras aqui

disponíveis possam instigar um número cada vez maior de investigadores interessados em

estudos sobre o sistema de justiça e preocupados em arquitetar uma justiça cada vez mais

(4)

Claudia Maria Barbosa - PUCPR

Lucas G. Da Silva - UFS

(5)

A SUBUTILIZAÇÃO DAS SÚMULAS VINCULANTES E A DEMORA NA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL

THE REASONABLE LAWSUIT DURATION AND THE BINDING PRECEDENTS

Pedro Alberto Calmon Holliday Gustavo César De Mello Calmon Holliday

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo analisar a problemática da duração do processo no

Brasil e as Súmulas Vinculantes introduzidas pela Emenda Constitucional nº 45 no

ordenamento jurídico brasileiro, como instrumento para diminuir a taxa de congestionamento

de processos. É notório que a demora na conclusão dos processos judiciais é um problema

mundial que impede a pacificação dos conflitos e, por consequência, a paz social. Será

analisado, ainda, a Reclamação Constitucional com um meio processual à disposição do

jurisdicionado para assegurar a eficácia das súmulas vinculantes, instituto esse que passou a

ser previsto também no recém aprovado Código de Processo Civil brasileiro, Lei 13.105

/2015 de 17/3/2015. A metodologia de pesquisa utilizada foi a Pesquisa bibliográfica:

desenvolvida a partir de material já elaborado (livros, artigos científicos, manuais, meios

eletrônicos); e Pesquisa documental: semelhante a pesquisa bibliográfica porém utilizando-se

de fontes primárias, especialmente votos/acórdãos do Supremo Tribunal Federal e Superior

Tribunal de Justiça.

Palavras-chave: Subutilização, Súmulas vinculantes, Demora, Prestação jurisdicional

Abstract/Resumen/Résumé

This study aims to analyses the problem of excessive length of proceedings in Brazil,

tackling how Binding Judicial Precedents (Súmulas Vinculantes), as introduced by

Constitutional Amendment 45 in Brazilian Constitution, are appropriate tools to reduce the

congestion rate of court proceedings. It is clear that the delay in the conclusion of court

proceedings is a global problem that prevents the resolution of conflicts and, therefore, social

peace. The study will also discuss the Constitutional Complaint (Reclamação Constitucional)

as a legal writ available to claimants to ensure the effectiveness of Binding Precedents

(Súmulas Vinculantes), an institute which is now also covered by the recently approved

Brazilian Code of Civil Procedure by Law 13,105/ 2015.

(6)

1. CONSI DE RAÇÕ ES INI CI AIS

O pres ente est udo visa anali sar al guns as pectos da s súmul as

vincul ant es, ass im com o o seu papel , considerando -as com o uma das

alt ernat ivas t razi das pel a Em enda Cons titucional nº 45 para proporcionar

maior s egurança j urí dica e celeridade processual , diant e do cres cent e aum ento

no núm ero de proces sos no s ist em a judici ári o no Brasil

Após 10 (dez) anos da ins erção da Em enda Constitucional 45 , faremos

uma refl exão sobre se a i nstit uição das 53 s úmul as vinculant es at é ent ão

edit adas e s e houve efeti vidade no qu e se refere à dimi nui ção n o t empo de

duração do process o.

Além da súmula vincul ant e, o pres ente trabalho t ambém abordará de

forma não exauri ente a Recl am ação Consti tucional como ins trumento

process ual para ass egurar a eficáci a das súm ul as vincul ant es, a lém da sua

função ant erior que limitava -s e a pres ervar a com petênci a dos Tri bunais e

ass egurar a efi cáci a de suas decisões , ress alt ando que o referido instit uto

agora est á previ st o nos arti gos 988 a 993 do recent e C ódi go de P rocess o

Civil, instit uído pel a Lei 13.105/2015 de 17/3/ 2015 .

A met odol ogi a de pes quis a util izada foi a Pesqui sa bi bli ográfi ca:

des envol vida a part ir de m at eri al j á el aborado (livros , arti gos ci entífi cos,

manuai s, m eios el et rôni cos); e Pesqui sa document al: s emel hant e a pes qui sa

bibliográfi ca porém utiliz ando -s e de font es pri mári as, especial mente

(7)

Ao final , apresentarem os as noss as conclusões sobre as súmulas

vincul ant es e a duração do proces so no Brasil .

2. A DURAÇÃO DO PRO CESSO NO B RASIL

A demora na concl us ão dos processos judici ais é um fenôm eno mu ndial .

Em País es democráticos o Poder J udi ciário é a últim a instânci a para s e

ass egurar a paz s oci al. Ness a l inha, o Estado, como det entor da j urisdi ção,

tem sido cada vez m ais acionado para res olver os conflitos de interess es.

Após pesquis as feit as em out ros P aís es considerados de prim eiro m undo

com o Ingl at erra, Est ados Unidos, Al em anha, It áli a e Espanha i dentificou -s e

grande ins atis fação da popul ação com o Poder J udi ci ário tendo como o

princi pal fat or a dem ora na fi nalização dos processos. Não obs tant e, o di rei to

a j ul gam ento cél ere est á ass egurado em diversos t extos l egisl ativos .

Considerado o prim eiro diplom a legal que reconheceu es se di rei to foi a

Convenção Europei a para S alvaguarda dos Direit os do Hom em e das

Li berdades Fundam entai s, as sinada em Roma em 1950, est abel ecendo o art.

6º, incis o I: “Toda pess oa tem direit o a que sua caus a sej a ex aminada

equitat iva e publ icament e num praz o raz oável , por um t ribunal independent e e

imparci al instituí do por l ei, que decidi rá sobre s eus di reit os e obri gações

civi s ou sobre o fundam ento de qual quer acus ação em matéri a penal cont ra el a

dirigida.”

No Brasi l, o l egis lador cons titui nte ori gi nário n ão contemplou d e forma

express a o direit o à razoável duração do processo, não obst ante a

incorporação do Pacto de San J osé da Costa Ri ca assinado em 22/11/1969

(8)

Pacto de San J os é da C ost a Ri ca prevê o di reito à razoável duração do

processo nos seguintes termos: “Toda pessoa tem direito de ser ouvida com as

devidas garanti as e dentro de um prazo razoável , por um j uiz ou t ribunal

com pet ente, independente e imparci al , instituído por lei anterior, na defe sa de

qualquer acus ação penal contra el e form ulada, ou para a det erminação de s eus

direitos e obri gações de ordem ci vil, t rabal hist a, fis cal ou de qual quer out ra

natureza...”

Com o advento da C art a M agna de 1988 houve cons iderável ampli ação

dos di reitos e garantias indi viduai s e col etivos que , som ado ao aumento

popul acional , res ult ou em si gni fi cativo aum ent o das demandas j udi ci ais. A

dem ora na s olução dos lití gios é um problem a reconheci do por todos e t em s e

agravado ai nda mais nos úl timos tem pos , com a ltas tax as de

congestionam ento process ual . Hoj e o Brasil tem um a das m aiores t axas de

congestionam ento do mundo.

De acordo com o Ins tituto Avant e Brasil1, com bas e em dados do CNJ , a

taxa de congesti onam ento no Paí s gira em t orno de 70%, desde 2004.

Signi fica diz er que, em médi a, de cada 10 0 ações que ingres s am anualm ent e ,

soment e 3 0(t rinta ) são jul gadas.

O Anuário da J usti ça Brasil 20142 divul gado no m ês de junho de 2014

revelou que trami tam no P aís 92,2 mil hões de processos, o que repres ent a

uma tax a de cres cim ent o de 10,6% nos últimos 4 (quat ro) anos, com mais de

28 mil hões de ações ajuizadas t odos os anos . Dess e total , 51% das ações

fi guram como part es o setor públi co em seus três níveis de governo, s egui dos

das inst itui ções fi nancei ras no s etor pr i vado com 38% das demandas .

1 http://institutoavantebrasil.com.br/judiciario-lento-taxa-de-congestionamento-de-70. Acesso em 03/7/2014.

(9)

Há de s e dest acar, ainda, a indes ejável práti ca de alt eração d o t exto

constituci onal com a finalidade de enxert ar matéri as que não poss uem

afi nidade/ nat ureza constit uci onal, o que repercut e diret am ente no S TF em

raz ão da sua compet ênci a para j ul gam ento de recursos rel ati vos às m at érias

constituci onais3.

Nas turm as do S TF no ano de 2012 foram jul gados 10.848 processos e ,

em 2013, 11.658 processos4. Na Suprema Cort e dos EUA tram itam , por ano,

uma médi a de 100 process os.

Diant e do probl ema cres cent e, é comum se ouvi r f al ar em falta de

est rut ura do Poder J udi ciário, es peci alm ent e at ribuído ao número insufi ci ent e

de juíz es, somando à cult ura de lití gi o existente , es peci alment e do Poder

Públi co, devendo-se bus car al gum as alt ern ati vas para mini mizar o probl em a .

Dentre as princi pai s alt erações no sist ema jurídi co naci onal na úl tim a

década, um a das mais repres entat ivas foi a Em enda Constitucional nº 45 de

8.12.2004, denominada R eform a do J udi ci ári o . Com a referi da emenda, foi

instituído o C ont rol e Externo do J udi ci ário e do Mini stéri o Públi co por m eio

do CNJ – Cons elho Nacional de J usti ça e do C NPM - Cons elho Nacional do

Minist ério Público, respectivam ent e, extingui u -s e os Tri bunais de Al çada ,

inseri u-s e o P ri ncí pio da Duração Ra z oável do Processo e a R epercuss ão

Geral como requi sit o de admissi bilidade do recurso extraordinário e criou -s e

a Súm ul a Vincul ant e no S uprem o Tri bunal Federal, dentre out ras alt erações .

A s úmul a vincul ant e, foi regul am ent ada pel a Lei 11.417/ 2006, que

disciplinou a edi ção, a revis ão e o cancelam ento de enunciado de súmul a

3 HOLLIDAY, Gustavo Calmon. A constitucionalização do direito no Brasil, o excesso de emendas e as suas consequências. Revista

Interesse Público, ano 13, n. 67, maio/junho. 2011, Belo Horizonte: Fórum, 2011, p. 151/162.

(10)

vincul ant e pelo S upremo Tribunal Federal, com o cl aro obj eti vo de limit ar o

núm ero de recursos em mat éri as j á sedim enta das naquel e Tribunal .

O novo Códi go de Proces so Ci vil Brasil eir o incorporou vários

Princípi os Cons titucionai s ao s eu tex to, dentre os quai s o da Duração

Razoável do Proces s o5 e passou a prever , também, um capít ulo específi co para

tratar do i nstit uto da Recl am ação .

3. DOS SISTE MAS JURÍDICOS DA CI VIL L AW E DA CO MMON LA W

Não há como t rat ar das súmulas vi nculantes e d a recl amação

constituci onal sem ant es fal ar sobre os dois grandes modelos de sist em as

jurí dicos, quais s ej am, o Civil Law e o C ommon Law.

Nos país es que adot am o model o da Common Law, ori undo do direito

Angl o-saxão, t endo com o exem plos os Est ados Uni dos e o Reino Unido, os

jul gamentos s ão baseados nos precedentes (st a r e d ecisis), cuja prim ei ra

decis ão sobre o assunto (l ea di ng ca se) servi rá de paradi gma aos dem ais .

Tradi cionalment e , o Brasil é um país com sist em a j urí di co da Ci vil

Law, o que si gni fi ca que o di reito t em por base a lei como fonte fundam ent al,

onde as quest ões jurí dicas s ão solucionadas m ediante i nterpretação e

apli cação da l ei .

Com a ins titui ção das s úmul as vi ncul ant es e out ras medida s que

el egeram a cult ura do precedent e juris dici onal como font e de jul gam ent o ,

5 Art. 4º do Projeto do novo CPC. “Art. 4º As partes têm direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade

(11)

podemos cons iderar uma transform ação no nosso sist em a de civil l aw para um

sistema mist o.

De acordo com Paulo Roberto Soares Mendonça: “Cada vez mais, os

país es do Common La w vêm adot ando os chamados s ta tut es, que s e

aproximam das lei s da t radi ção rom ano -germâni ca. Do m es mo modo, os país e s

dest a úl tim a vert ente vêm incorporando aos seus ordenament os jurídi cos

institutos que reforçam o caráter norm ati vo das deci sões dos tribun ais, com o

é o caso da súmula vinculante, aqui debatida.”6

Conform e ensi nam entos de Feli pe Leit e Leal, “No Brasi l, a civil law

impõe força vincul ativa às norm as j urídicas inst ituídas em um corpo

legi slativo escrit o, baseado em um at o constituci onal e em atos

infraconstit ucionais e infra l egais . As decisões judi ciai s pretérit as não

poss uem força vinculati va, apenas pers uasi va, s ervindo muitas vez es como

fundam ento para uma razão de decidir, mas s em i mpor ao jul gador a

necessidade de adequar o seu jul gado àquel a decis ão que s ol uci onou conflito

análogo do pass ado, pres ervando assim a livre convicção e a independênci a

do magist rado. Na verdade, o que m e parece s er a grande di stinção entre um

sistema e outro é a ori gem da força vi nculativa: em um , o s urgi mento de um a

norm a genéri ca e abstrat a, decorrent e de um proces so de dedução lógi ca

visando a estabelecer uma organização geral (ci vil law); no outro, um model o

a obedecer um raci ocí nio concreto, vol tado a resolver s ituações

indivi dualizadas, partindo daí regra s a solucionar si tuações sem elhantes ou

idênticas (common l aw).”7

6 A súmula vinculante como fonte hermenêutica de Direito. Revista Interesse Público, ano 13, n. 67, maio/junho. 2011, Belo Horizonte:

Fórum, 2011. p. 185.

7 Súmula vinculante: instrumento de uniformização jurisprudencial e de racionalização processual.

(12)

Rodol fo Cam argo Mancuso, quando abort a a ins titui ção da súm ula

vincul ant e no Brasi l , sent encia: "Parece inegável que, dess a manei ra, res ult a

alt erado o modelo j urídico -políti co ant es est a beleci do entre nós, que ass im

deixa de s er est rit am ent e cent rado na norma l egal (famíli a da civil l aw), dada

a recepção de um a caracterís tica básica da common la w, qual s eja o

precedente j udi ci ári o, a operar com o paradi gm a nas relações entre os

indiví duos, e na int eração destes com o Es tado. Corol ari am ent e, rest ará

admit ir que a juris prudência, s ob a modal idade sum ul ada ou dominant e, pass a

a atuar como um comando geral, abs trat o e impess oal , de s ort e que, no rol

das font es das obri gações, caberá então el en car, ao l ado da l ei, do contrat o e

do ato ilí cito, t ambém a súm ula vi nculati va e a jurisprudência do mi nante”8

4. E NUNCIADOS, S ÚMULAS E S ÚMULAS VINCUL ANTE S

Atri bui -s e a cri ação das súmul as9 de jurisprudência por suges tão

Minist ro do Suprem o Tribunal Fed eral Victor Nunes Leal, sendo incl uída a

sua previ são na norma regiment al no ano de 1963, m esmo ano em que foram

aprovados os pri mei ros 370 enunci ados daquel a C ort e.

8 Divergência Jurisprudencial e Súmula Vinculante. 2.ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2001, p. 310/311.

9 Cita-se como origem das súmulas no Brasil os assentos que eram previstos nas Ordenações Manuelinas, no ano de 1521, e foram

(13)

As súmulas foram ut ilizadas pelos dem ai s tribunais do Paí s, do extinto

TRF - Tri bunal F ederal de R ecursos ao Superior Tri bunal de J usti ça, assim

com o aos Tribunai s Regionais Federai s e aos Tri bunais de J usti ça dos

Est ados .

As súm ul as s ão enunciados em anados pelos tri bunais , voltados a

consoli dar os posi ci onamentos paci ficados sobre determ i nad os as sunt os, em

face de sua repeti ção, evidenci ando entendimento uni form e do respectivo

Tri bunal.

As s úmul as de j uris prudênci a t êm com o função externar o

posi cionam ento uni form e dos T ribunais sobre determi nado tema, mas não

poss uem carát er vinculant e, apenas persuasi vo, ori entando os demai s

jul gadores em suas razões de decidi r quando a ques tão a ser enfrentada tiver

sido obj eto de t ais enunci ados.

Súmul as s ão, portant o, consoli dações de ent endim ento do Tri bunal que

as editou com bas e em jul gament os rei terados sobre o mesm o ass unt o.

Constit uem -s e com o font e do di reito, e sua função est á i nti mam ent e li gada à

idei a de coerênci a do sist em a j udi ciário, embora não tenham efei to

vincul ant e, ist o é, não s ej a obri gat óri a sua apli cação, el as s ervem para

harmonizar as decis ões j udi ci ais.

A súmul a vi nculant e ins eria pel a Em enda Constituci onal 45 , por sua

vez, é dot ada d e obrigat ori edade de s ua obs ervância por part e dos órgãos do

Poder J udi ci ário e da Admi nist ração Pública diret a e indi ret a das t rês es feras

admi nist rativas da Federação, que s e submet e a procedim ento especí fi co para

(14)

Diant e da necessi dade de mel hora r a prest ação jurisdi cional , sej a no

que diz respeito à segurança jurí dica e celeridade n os jul gam entos , na m esm a

Emenda Constit uci onal n º 45 houve a ins erção do P ri ncí pio da Duração

Razoável do P rocess o e da Súmul a vincul ant e.

Assim , as súmul a s10 com efeit o vincul ant e ingress aram no ordenam ent o

jurí dico bras ileiro em 2004, por m ei o da Em enda Consti tuci onal nº 45,

inseri ndo -s e o art. 103 -A11 no t exto da C onstit uição Federal de 1988, s endo

post eriorment e regul am ent adas pela Lei 11.417/200 6.

5. DOS ARGUME NTOS FAVO RÁVE IS E CONTRÁRI OS À SÚMULA

VINCULANTE

Mesm o ant es da ins titui ção das súmulas vincul antes no ordenam ent o

jurí dico brasil ei ro, houve grande debate s obre o ass unto.

De um l ado, os s eus defensores argument avam que a s úmul a vincul ant e

proporci ona ria m ais segurança jurídi ca , pois im ped i ria a exist ênci a de

10 Existem outros mecanismos que limitam a insurgência contra decisões judiciais: o art. 518, § 1º, do CPC, em que um recurso de apelação

pode ser rejeitado sempre que a sentença estiver em plena conformidade com súmula do STF ou do STJ; existência de Repercussão Geral nos recursos extraordinários, isto é, o recurso extraordinário somente será conhecido se o seu fundamento jurídico tiver repercussão geral (art. 102, § 3º, da Constituição Federal, com regulamentação da Lei nº 11.418/2006, art. 543-A do CPC).

11 Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após

reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.

§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.

§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade.

§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará

(15)

decisões conflit ant es, evit ar -s e-i am recursos repeti tivos sobre a mesma

mat éri a e tornari a a solução dos confl it os mai s cél ere, al ém de dim inui r o

volum e de processos, especialment e nos Tribunais Superiores. Not a-s e que

est e obj etivo ficou expres sam ente consi gnado no §1º do art. 103 -A da

Constit ui ção Federal .12

Nesta corrent e f il iam -s e a m ai ori a dos Mi nistro do S TF e Hugo de Brit o

Machado.

De out ro lado, os oposi tores sustent a ram que as referidas súm ulas

at ent ari am cont ra a li vre convi cção dos m agist rados, afetando a s ua

independênci a, bem com o ao Princípio da S eparação dos P oderes , na m edi da

em que at ravés de sua adoção es tari a o Poder J udi ci ário l egisl a nd o ao

est abel ecer uma interpret ação corret a de det erm inada norm a jurídi ca,

regul ando as fut uras decis ões juris di cionai s e até mes mo os at os da

Administ ração Públi ca, inverten do assi m , nas pal avras de Rodol fo C amargo

Mancuso, o noss o " mod elo jur ídi co -po lí tico", pois a part ir de ent ão não m ais

deverí amos fazer ou deixar de faz er al guma cois a s om ent e em virt ude de l ei ,

al ém de rest ringir o aces so à J usti ça.

Nesta corrent e se e ncontram Fábio Konder C omparat o, Evandro Lins e

Silva, Dalm o de Abreu Dall ari , Rodol fo Cam argo Mancuso.

O J uri sta Evandro Lins e Si lva13 quando t rat ou d a s úmul a vincul ant e,

expôs:

12 § 1º do art. 103-A. A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja

controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.

13 SILVA, Evandro Lins e. Crime de Hermenêutica e Súmula Vinculante. Consulex nº 5, 1997. Disponível em:

(16)

“Em nosso sistema, a fonte primária do direito é sempre a lei, emanada do

Poder Legi sl ativo, para is so el eito pel o povo diret am ent e. Os juízes não t êm

legit imidade democráti ca para cri ar o di reito, porque o povo não lhes del egou

ess e poder. A sua função precípua, na organiz ação est atal, é a de funcionar

com o árbi tros supremos dos conflitos de int eress e na apli cação da l ei. (...)

Segundo as queixas dos emi nent es magis trados que compõem o S TF e o S TJ ,

o princi pal fat or de obstrução do andament o dos s eus t rabalhos é o imenso

recebim ento de feitos repeti tivos. Foi justam ent e ess a abun dânci a de caus as

iguais que ins pirou a feitura das Súm ulas . A Súmula res olve com t oda a

rapidez os casos que sej am repeti ção de outros j ul gados, por si mples des pacho

de poucas pal avras do rel ator. Faz mui to tem po que o Suprem o não edit a

novas s úmul as , t alv ez mais de doze anos. A aus ênci a de s úmul as ret ira do

jul gador o i nst rum ento para sol ucionar, de im ediat o, o recurs o int erpost o ou a

ação propost a. P or outro lado, os tri bunais e juíz es inferiores , que, de regra e

geralment e, utilizam as súm ulas como funda mento de suas decisões , não têm

com o se val er del as , inclusive para a cel eri dade de s eus pronunciam entos. É

muito difí cil , devem ser raríssi mos os cas os de rebel dia cont ra as s úmul as . Ao

contrário, os juíz es de segunda e prim ei ra i nst ânci as não apenas as r espeit am,

mas as utilizam, como uma ori ent ação que muito os aj uda em suas deci sões.

Todos sent em falt a das s úmul as, que se tornaram instrum entos utilís simos a

todos os juíz es e aos advogados. Elas, na práti ca, j á são quas e vi ncul ant es,

pel a tendênci a nat ur al dos juízes de acompanhar os jul gados dos tribunai s

superi ores . Torná -l as obri gatóri as é que não m e parece ortodoxo, do ponto de

vist a da harmoni a, da independênci a e da s eparação dos poderes. Todos os

juízes devem ter a independência para jul gar de acor do com a sua cons ciência

e o s eu convencim ento, inclus ive para divergir da súmul a e plei tear a sua

(17)

6. PRO CE DI MENT O PARA EDI ÇÃO, REVIS ÃO E CANCEL AMENTO

DA S ÚMUL A VI NCULANTE

A com pet ênci a ori gi nári a e excl usi va para a edi ção , revis ão e

cancel am ent o da súm ula vinculante é do S upremo Tribunal Federal , que versa,

com excl usividade, sobre a validade, a interpretação e a efi cáci a de norm as

jurí dicas em cot ejo com o Texto Constitucional .

O art . 103 -A da C onstit uição Federal prevê com o requi sit os para a

el aboração da súmul a vincul ante: 1) a mat éri a objeto de s úmul a vincul ante

deverá s er de pat am ar constitucional; 2) deve haver reit eradas deci sões sobre

a mat éri a; 3) existênci a de cont rovérs ia at ual ent re órgãos do J udici ário

(port ant o não só i nt ern amente, ent re as Turmas ou Pleno do STF), ou entre

ess es e a Admi nist ração Públi ca; 4) a cont rovérsi a deve acarret ar grave

insegurança jurídi ca e, concomit ant ement e, rel evant e multipli cação de

process os s obre ques tão i dênti ca ; 5) aprovação por deci são de d ois t erços dos

membros do STF; 6) publ icação na Im prensa Ofi ci al.

Os legitim ados a apres ent arem propost a de súmul a vincul ant e es tão

el encados no art. 3º da Lei 11.417/2006.

A aprovação, revis ão ou cancel am ent o da súmul a vi ncul ant e dependerão

de deci são t omada por 2/3 dos m embros do STF, constit uindo -s e em quórum

qualifi cado, pois necessit a de oit o votos de um tot al de onze.

Val e ress alt ar que o art . 7º, §1º da Lei 11.471/ 2006 prevê a nulidade da

decis ão j udi ci al ou anulação da deci são no âmbito a dminist rativo que

contrariar a s úmul a vinculante e a pos sibilidade de sua cassação medi ant e

(18)

7. DA RECL AMAÇÃO CONST I TUCI ONAL CO MO MEIO DE

ASSE GURAR A E FICÁCI A DAS S ÚMULAS VI NCUL ANT ES

O insti tuto proces sual da recl am aç ão constitucional já era previst o no

ordenam ent o jurídi co e tinha a s funções de res guardar a compet ênci a e

garanti r a autoridade das decisões do STF, conform e art. 102, I, I e art. 105,

I, f da Constitui ção Federal .

Após a em enda constit uci onal nº 45, q ue i nstit uiu as súmulas

vincul ant es, a recl amação pas sou a t er a função adi ci onal de pres ervar a

aut ori dade das m es m as. As sim, adqui ri u maior im port ânci a, pois admit e -s e o

ajuiz am ento da R ecl amação quanto houver desobediência às súm ulas

vincul ant es, confor m e previs to no §3º do art . 103 -A da Constit uição Federal.

A Recl amação é um a medida jurisdi ci onal , porquant o dependent e de

provocação das part es ou Mini stério Públi co, exi gi ndo capacidade

postulat óri a, ori ginando deci são que poderá vi r a produzir cois a jul gada,

possi bilit ando a i nt erposi ção de r ecursos , dentre out ros moti vos.

Assim , a ação de R eclam ação Constitucional , além da s ua atribui ção

ori gin ári a, passou a ter um a m aior am pli tu d e, vi sto que houve acréscimo na

hipót es e de seu cabi ment o em raz ão d as súmul as vi nculant es, introduzidas no

ordenam ent o pátri o pel a Em enda C onsti tuci onal nº 45/2004. Dess a form a,

podemos afi rm ar que a recl amação cons titucional passou a ter ai nda m aior

rel evânci a no ordenament o jurí dico.

Ress alt e -s e que recém aprovado C ódi go de P ro cesso Civi l há um

(19)

em 6(sei s) di spositi vos14 e, al ém das hi pót eses cit adas , garant e tam bém a

obs ervância da decisão ou precedent e do Suprem o Tribunal Federal em

controle concent rado de cons titucional idade.

Obs erva-s e, assim , que exist e a possi bilidade de edit ar as S úmul as

Vincul ant es , bem como do instrum ento neces sário à disposi ção do Mi nist ério

Públi co e do j urisdi cionado para se dar efetivi dade aos seus comandos.

8. DAS SÚMUL AS VINCUL ANTES E DITADAS E A I NFL UÊ NCI A NA

DURAÇÃO DO PROCESSO

Após quas e 9(nove) anos de vi gênci a da Lei 11.417/ 2006, foram

edit adas 53 s úmul as vincul antes, al gum as com pouca rel evânci a para os fins

propost os.

Apenas com o exemplo, podemos ci t ar a súmul a nº 11, que estabel ece:

“Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de

fuga ou de peri go à i ntegri dade físi ca própri a ou al heia, por part e do preso ou

de terceiros, jus tificada a excepcionalidade por escrit o, sob pe na de

respons abili dade dis cipli nar civil e penal do agent e ou da aut ori dade e de

nulidade da pris ão ou do at o process ual a que s e refere, s em prej uízo da

responsabilidade civil do Estado”.

Segundo admi tiu o president e do STF à época, mi nist ro Gilm ar Me ndes,

a s úmul a ti nha bas icament e o obj eti vo de evit ar o uso de al gem as p ara

exposi ção públi ca do pres o.

(20)

Coincident em ent e, a sua edi ção foi just am ent e em dado moment o que

pes soas públi cas e com alt o poder aquisi tivo foram pres as e algem adas , o que

gerou crít icas , sob a alegação de que a referida súmula tinha viés polít ico e

servi ri a para pres ervar a i magem dess as pes soas15. Reforça es s e argum ent o o

fat o de a s úmul a vi ncul ant e t er s e bas eado apenas em 3 (três ) precedent es do

STF.

O 3º Sim pósi o do M inist é ri o Públi co Mi nas Gerai s produziu o s egui nt e

enunciado: “A Súmula Vinculante 11 do STF é formal e materialmente

inconstit ucional em raz ão de não haver resul tado de rei ntegração de deci sões

sobre o t ema, bem com o por viol ar o Princí pio da l egalidade, t anto ao

est abel ecer à autoridade públi ca dever não previst o em lei quanto ao

determinar responsabilidade penal por comportamento não tipificado”.

(M INAS GER AIS, 2008).

Out ra súmula que t eve enorm e repercus s ão, foi a sumula vincul ant e nº

1316 que trat ou da ved ação do nepotism o, t endo grande efi cácia

admi nist rativa , es peci alm ent e nos Tribunais de J ustiça, onde a práti ca do

nepotism o era in sti tucionaliz ada.

Todavi a, apesar da s ua enorme import ância e do seu efeit o moral izador ,

o t eor da súmul a vincul ante núm e ro 13 não contém controvérsi a que

repres ent as se grande quanti dade de processos .

15 Nesse sentido, Haynara Alves Cerqueira: “Alguns doutrinadores discordam, dizem que o HC 91.952/SP é só um pretexto para fundamentar

ações que objetivam na verdade “blindar as elites” das sanções que o Estado impõe àqueles que cometem crimes. Alegam ainda que o

motivo que levou à edição da súmula vinculante nº 11 é meramente político, que as razões da aprovação da “súmula da não-algema” se

deram em virtude das ações da polícia federal nos últimos tempos, onde foram presas pessoas das altas classes do país.” -

http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10640 acesso em 6/7/2014.

16 SÚMULA VINCULANTE Nº 13. A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro

(21)

Cas o as súm ul as, de fat o, repres entem a cons olidação de um

ent endim ento reiterado do STF em determinado sentido, acredit amos que a

adoção da súmul a s eja positi va, evit ando -s e redis cus são de uma m at éria com

ent endim ento j á consoli dado, im pedindo -s e a int erpos ição de mil hares de

recurs os sobre a mesma quest ão, o que result a em desprestí gi o à s egurança

jurí dica.

Out ross im, al cançando -se quas e uma década da insti tui ção das súm ulas

vincul ant es, tem os a impress ão de que os motivos que j usti fi caram a cri ação

das m esm as ai nda não foram alcançados com a edi ção das 53 súm ul as

vincul ant es at é então editadas.

Certam ente as 5 3 (ci quent a e t rês ) súm ul as não s eriam s ufi ci ent es para

repres ent ar as di versas cont rovérsi as que j á poss uem e nt endimento

sedi mentado no STF , excl uindo-se aquel as acima ci tadas que, ao noss o ver,

não influenci aram a redução da quant idade de processos .

Apenas para cit ar um exempl o, uma questão já s ediment ada no STF, e

que apenas recent em e nt e foi obj eto de súmula vinculant e, que é a

possi bilidade de exigênci a de teste psi cot écni co em concursos público. Apes ar

de já existir a súmula 686 do STF, que estabelece que “ Só por l ei se pode

sujeitar a exame psi cotécni co a habilitação de candidato a cargo público”, em

jul gados recent es o STF17 elencou as condições para es sa exi gênci a, tais com o

a) previs ão no edi tal regulam entador do cert am e e em l ei; b) que referi do

17 Agravo regimental no recurso extraordinário. Administrativo. Concurso público. Exame psicotécnico. Subjetividade dos critérios de

avaliação. Impossibilidade. Precedentes.

1. É pacífica a jurisprudência do Tribunal no sentido de ser possível a exigência de teste psicotécnico como condição de ingresso no serviço público, desde que i) haja previsão no edital regulamentador do certame e em lei; ii) que referido exame seja realizado mediante critérios objetivos e iii) que se confira a publicidade aos resultados da avaliação, a fim de viabilizar sua eventual impugnação.

2. Agravo regimental não provido.

(22)

exam e s eja realizado mediant e crit érios obj etivos e c) que s e confi ra a

publi cidade aos res ultados da avali ação, a fim de vi abili zar sua eventual

impugnação.

Conform e demonstrado acima, a t axa de congesti onamento do sist em a

judi ciári o bras ileiro em 2014 cont inua em 70% e o núm ero de processos

jul gados pelo Su premo Tribunal Federal anualm ente continuam na casa dos

milhares. Nos úl tim os 4 (quatro) anos houve um a taxa de cres cim ent o de

10,6%, com m ais de 28 mil hões de ações ajuiz adas t odos os anos, perí odo

ess e em que foram editadas 3 1 s úmul as vinculant es.

Dess a form a, m es mo reconhecendo a import ânci a das súmul as

vincul ant es para o s istem a jurídi ca naci onal , const at a -s e que as s úmul as at é

ent ão editadas não foram s ufi ci ent es para surti r os efeit os des ej ados , quai s

sej am, dim inui r o número de recursos e de proces s os, com a subs equent e

redução do t empo médi o de duração da resol ução dos lití gios submeti dos ao

Poder J udi ci ário .

9. CONSI DE RAÇÕ ES FI NAIS

9.1. As Sú mulas Vincul antes foram criada s com a finalidade de d ar

uniformid ade aos ju lgados sob re a mes ma matéri a e , ao mes mo temp o, d ar

maior cel eridad e aos julgamentos , n a medida em qu e i mped e m novas

ações e recu rsos sob re questões s edi men tadas no ST F;

9.2. Após quase u ma década da E mend a Cons ti tucional 45 /2004 e 8 an os

de vigên cia da Lei 11.417/2006, foram edi tadas 53 sú mulas vin culan tes ,

sendo que al gu mas delas não contempla m matéria de patamar

cons ti tuci onal e q ue tenha m gerado grand e controvérsia ju rídi ca, a

(23)

9.3. Con siderand o os dados do CNJ, a edi ção d as 53 sú mulas vin culan tes

ainda não foi suf ici ente p ara redu zi r a taxa d e conges tion amen to

processual e influ enciar a di minui ção no temp o de du ração dos p rocessos

no Brasil ;

9.4. Entend emos q ue a p rerrogativa con cedida ao Su premo Tribun al

Fed eral d e edi tar as sú mulas vin culan tes aind a não foi exercida de forma

plena, com o al cance d os ob jeti vos com as quais as mes mas foram criad as,

havend o n eces sidad e d e edi ç ão de novos enun ciad os.

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(24)

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Referências

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