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SEQUELAS E REABILITAÇÃO PÓS-COVID19: REVISÃO DE LITERATURA POST COVID19 SEQUELAE AND REHABILITATION: A LITERATURE REVIEW Lidia Cristina de Oliveira Silva

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Silva et al, 2021

169 Revista das Ciências da Saúde e Ciências aplicadas do Oeste Baiano-Higia. 2021; 6(1):169-184 SEQUELAS E REABILITAÇÃO PÓS-COVID19: REVISÃO DE LITERATURA

POST COVID19 SEQUELAE AND REHABILITATION: A LITERATURE REVIEW

Lidia Cristina de Oliveira Silva

1

Thaís dos Anjos Pina

1

Leina de Souza Ormond

2

1

Discentes do curso de Fisioterapia do Centro Universitário São Francisco de Barreiras.

2

Fisioterapeuta, especialista em fisioterapia hospitalar.

Endereço para correspondência:

Centro Universitário São Francisco de Barreiras (UNIFASB), Barreiras/BA. Avenida São Desidério, 2440, Bairro Ribeirão, CEP: 47.808-180, Barreiras-BA. E-mail:

lidiacristina2016@hotmail.com

RESUMO

INTRODUÇÃO: A COVID-19 se espalhou pelo mundo tornando-se uma emergência global de saúde pública. A doença pode levar a hospitalização e gerar complicações nos pacientes como problemas respiratórios, perda de massa e força muscular, sendo necessária a reabilitação fisioterapêutica pós-alta hospitalar. OBJETIVO: Realizar uma revisão bibliográfica sobre reabilitação pós covid-19 e as principais sequelas secundárias à doença. METODOLOGIA: Estudo de revisão bibliográfica de literatura, as bases de dados escolhidas para a realização da pesquisa foram: BVS, MEDLINE, PubMed e Lilacs. Os critérios de inclusão são: pesquisas que abordam sobre a covid- 19, bem como definição, transmissão e reabilitação fisioterapêutica funcional em pacientes pós covid-19, publicadas no ano de 2020, nos idiomas: português, espanhol e inglês. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Pacientes com covid-19 em estado grave com disfunção respiratória e / ou dos membros após a alta devem receber reabilitação respiratória, e podem ter má aptidão física, falta de ar pós-esforço, atrofia muscular de músculos respiratórios, do tronco e membros. No tratamento de reabilitação respiratória para pacientes que receberam alta, recomenda-se as intervenções de exercícios aeróbios, treinamento de força com resistência progressiva, equilíbrio, exercício respiratório e orientação nas atividades de vida diária (AVD’s).

CONCLUSÃO: A reabilitação tem efeito benéfico especial no estágio de recuperação da doença, na reinserção do paciente na sociedade e nas suas AVD’s. Por se tratar de um cenário novo, ainda são necessários estudos sobre o tema.

Palavras-Chave: Covid-19, Reabilitação, Fisioterapia.

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Silva et al, 2021

170 Revista das Ciências da Saúde e Ciências aplicadas do Oeste Baiano-Higia. 2021; 6(1):169-184

ABSTRACT

INTRODUCTION: COVID-19 has spread throughout the world becoming a global public health emergency. The disease can lead to hospitalization and generate complications in patients such as respiratory problems, loss of mass and muscle strength, requiring physiotherapeutic rehabilitation after hospital discharge.

OBJECTIVE: To carry out a literature review on post covid-19 rehabilitation and the main secondary sequelae to the disease. METHODOLOGY: Literature review study, with the chosen databases: VHL, MEDLINE, PubMed and Lilacs. The inclusion criteria were: research on covid-19, as well as definition, transmission and functional physiotherapeutic rehabilitation in post covid-19 patients, published in 2020, in Portuguese, Spanish and English. RESULTS AND DISCUSSION: Severe covid-19 patients with respiratory and/or limb dysfunction after discharge should receive respiratory rehabilitation, and may have poor physical fitness, post-stress shortness of breath, muscle atrophy of respiratory muscles, trunk and limbs. In respiratory rehabilitation treatment for patients who have been discharged, interventions of aerobic exercise, strength training with progressive endurance, balance, respiratory exercise and guidance in daily life activities (DLA's) are recommended.

CONCLUSION: Rehabilitation has a special beneficial effect on the recovery stage of the disease, on the patient's reintegration into society and his DLAs. As this is a new scenario, studies on the subject are still needed.

Keywords: Covid-19, Rehabilitation, Physiotherapy.

INTRODUÇÃO

Os coronavírus compõem um grupo de vírus capazes de ocasionar infecções respiratórias, com repercussões clínicas leves ou graves. A primeira identificação desse vírus em seres humanos foi em 1937, portanto, somente em 1965 foi determinado como coronavírus, por apresentar um perfil microscópico parecido a uma coroa. Em dezembro de 2019, após casos detectados em Wuhan, província de Hubei, na China, foi encontrada uma nova variação genética de um novo tipo de coronavírus, sendo designado de síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2), causador da doença Coronavirus Disease 2019 (covid-19), isolado em sete de janeiro de 2020

1

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O vírus da doença pertence à família Coronaviridae e é um betacoronavírus de origem zoonótica responsável por enfermidades, como o SARS-CoV em 2002 e a síndrome respiratória por coronavírus do Oriente Médio (MERS-CoV) em 2014.

Estudos comprovaram a necessidade de um hospedeiro intermediário para a

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171 Revista das Ciências da Saúde e Ciências aplicadas do Oeste Baiano-Higia. 2021; 6(1):169-184 disseminação das doenças citadas e sua origem específica ainda não foi esclarecida sendo associada a uma alteração do coronavírus presente em pulmões de morcegos ou pangolins (Pangolin-CoV), animais comuns na Ásia, relacionados aos hábitos alimentares chineses e que podem ter transmitido aos humanos

2

.

O covid-19 se espalhou pelo mundo tornando-se uma emergência global de saúde pública e a mais impactante pandemia da atualidade. Em 29 de outubro de 2020, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), que prestam apoio técnico ao Brasil e outros países, confirmaram 44.351.506 casos de covid-19 e 1.171.255 mortes no mundo, esses números ainda estão crescendo visto que a pandemia não acabou. Na Região das Américas, 13.237.133 pessoas já estão recuperadas

3

.

Segundo a Lei da República Popular da China sobre Prevenção e Controle de Doenças Infecciosas, a doença foi classificada como uma doença infecciosa de Categoria B, adotando medidas de prevenção e controle para doenças infecciosas de Categoria A. Várias diretrizes de diagnóstico e tratamento da covid-19 foram desenvolvidas pela Comissão Nacional de Saúde da República Popular da China, o que contribuiu para o controle gradual da pandemia

4

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O SARS-CoV-2 é um vírus de RNA de fita simples envolvida, a transmissão é de humano para humano, ele é cerca de 50% geneticamente similar ao MERS-CoV e cerca de 79% idêntico ao SARS-CoV, possui uma estrutura de domínio de ligação ao receptor semelhante. Os morcegos foram detectados como um reservatório chave de coronavírus na China. Os subtipos virais adaptados aos seres humanos saltaram desses animais. Devido as probabilidades de mutações adaptativas e características do receptor ECA2 (enzima conversora de angiotensina 2) responsável pela ligação a 2019-nCoV

5,6

.

Foi no final de fevereiro de 2020, que surgiu o primeiro caso da covid-19 no Brasil,

dados evidenciaram que a chegada do vírus no território nacional pode ter sucedido

de diferentes formas. A fim de controlar o avanço e a disseminação da doença,

protocolos foram criados e validados pela OMS. Esses protocolos consistem em

manter os pacientes com sintomas leves isolados em casa, para tentar reduzir o fluxo

de contaminados nos hospitais, além de estabelecer a quarentena

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172 Revista das Ciências da Saúde e Ciências aplicadas do Oeste Baiano-Higia. 2021; 6(1):169-184 O avanço dos casos de covid-19 no mundo tem sido observado desde a formação de planos para respostas rápidas à disseminação da doença. Nisso, estão inclusas ações de detecção precoce, isolamento, vigilância epidemiológica, medidas de prevenção e controle e a avaliação de impactos sanitários

8

.

A infecção pelo covid-19 ainda não tem apresentações clínicas totalmente descritas, também não se sabe com precisão o padrão de letalidade, mortalidade, infecção e transmissão. Não há vacina ou medicamento disponível e o tratamento é inespecífico e de suporte. O cenário ainda é de incertezas e desafios, pouco se sabe sobre a doença e suas consequências em longo prazo

9

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O novo coronavírus possui período de incubação de mais ou menos 5,5 dias e os sintomas aparecem em média até 11 dias, causa infecção aguda em 97,5% das pessoas infectadas, não existe estado crônico de infecção e os humanos não são seus hospedeiros naturais. Entre 2 a 4 semanas, o vírus é eliminado do corpo humano, se não encontrar hospedeiro, ele não se multiplica, o sucesso do combate depende da inflexão da pandemia

10,11

.

O grande número de transmissão está ligado às diversas formas de contágio por contato direto com gotículas de saliva, aerossol, fezes e urina e pelo contato da mucosa com partículas nas superfícies pelas mãos. É um alto risco de disseminação para as pessoas. Devido à falta de medicamentos e vacina, as táticas de prevenção e controle da doença são essenciais. No mundo todo, as medidas de isolamento social que foram adotadas reduziram as infecções, favorecendo o atendimento médico em consequência do achatamento da curva epidêmica. Porém é importante que os serviços locais de saúde possam prever os riscos para melhor gerenciar as ações preventivas e assistenciais

12,13

.

O risco de morte pela doença é maior com a idade, a maioria das mortes incide

em idosos com mais de 60 anos, pois a imunossenescência os tornam vulneráveis às

doenças infectocontagiosas e o prognóstico para aqueles com doenças crônicas não

é favorável. Todos os países tomaram medidas de isolamento e distanciamento social,

interrupção de aulas e trabalhos presenciais, diretrizes recomendadas para ajudar na

prevenção. O distanciamento social também indica a necessidade de reconfiguração

dos comportamentos, priorizando constantes ações de higiene (lavagem das mãos,

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173 Revista das Ciências da Saúde e Ciências aplicadas do Oeste Baiano-Higia. 2021; 6(1):169-184 uso de álcool em gel, limpeza de ambientes e materiais), etiqueta respiratória, cuidados ambientais e emocionais

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Além das medidas de diminuição de contaminação já tratadas, deve-se ainda destacar a necessidade do uso de EPI’s (equipamentos de proteção individual) por profissionais da saúde. É imprescindível que seja feito o uso racional desses materiais, seguindo as normas atualizadas. A falta dos EPI’s põe em risco a saúde desses trabalhadores e seus familiares e contribui para a disseminação do vírus

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A covid-19 pode causar pneumonia viral, falta de ar profunda e hipóxia. A hipóxia pode ser de difícil reversão, exigindo uso prolongado de oxigênio suplementar e dessaturação ao esforço. Nos doentes graves, um estado hiperinflamatório pode gerar disfunção de múltiplos órgãos e associado com imobilidade e baixa ingestão de alimentos (náusea, vômito e diarreia, sintomas relevantes em alguns pacientes) são fatores de risco para a perda de massa e força muscular, sarcopenia aguda, vista em pacientes agudamente doentes. No momento atual, outras manifestações são de relevância individual para as necessidades de reabilitação. O delírio, grave e prolongado, é comum em pessoas idosas. Parece ser muito alto o risco de tromboembolismo venoso e arterial após o covid-19, incluindo acidente vascular cerebral com seus déficits cognitivos e físicos

16

.

Os déficits da síndrome de cuidado pós-intensivo (PICS) podem persistir por meses ou anos após uma doença crítica e causar impacto substancial em desfechos importantes, como qualidade de vida, retorno ao trabalho e incapacidade para atividades da vida diária (AVD’s) como banho ou caminhada. Existem pacientes infectados com COVID-19 que requerem estadias de 10 ou mais dias na UTI, e muitos apresentam síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA), requerendo ventilação mecânica, que geralmente requer sedação e, às vezes, bloqueio neuromuscular. Tomados em conjunto, esses fatores provavelmente aumentam a carga de PICS entre os sobreviventes de COVID-19; de fato, estimativas recentes indicam que pelo menos 40% destes, apresentam déficits neurológicos prolongados e significativos, como fadiga ou fraqueza após a alta hospitalar

17

.

Logo após a alta dos cuidados agudos, os pacientes que se recuperaram dos

efeitos respiratórios agudos precisarão de reabilitação complementar. A importância

da reabilitação após o covid-19 foi evidenciada de acordo com a Classificação

(6)

Silva et al, 2021

174 Revista das Ciências da Saúde e Ciências aplicadas do Oeste Baiano-Higia. 2021; 6(1):169-184 Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. A fisioterapia deve ser iniciada no ambiente hospitalar e prosseguir depois da transferência para a reabilitação, sendo que cada paciente deve ser completamente avaliado, pois o impacto da covid-19 no sistema respiratório e outros sistemas, suas sequelas e suas comorbidades, serão base do plano de tratamento a ser criado individualmente

18

. A reabilitação é um componente-chave da recuperação logo após doenças e maiores intervenções de saúde

19

. Determinada a gravidade da disfunção observada nos pacientes com covid-19, a reabilitação é fundamental para melhorar o funcionamento físico e cognitivo e diminuir o risco de incapacidade e morbidade

20

. O fisioterapeuta é um dos profissionais considerados de extrema importância no manejo desses pacientes

21

.

Considerando que estudos encontrados nas bases de dados de saúde voltados para a reabilitação pós covid-19 são poucos, e atualmente no Brasil existem muitos casos positivos da doença, pressupõe-se que muitos destes pacientes, após um determinado tempo de internação hospitalar, dependendo do quadro clínico, necessitarão de atendimento fisioterapêutico com o objetivo de recuperação funcional a médio e em longo prazo.

Portanto, objetivamos realizar uma revisão bibliográfica sobre reabilitação pós covid-19 e as principais sequelas secundárias à doença.

METODOLOGIA

TIPO DE ESTUDO

Este estudo utilizou para fins metodológicos uma pesquisa de revisão

bibliográfica. Entre os meses de junho a outubro de 2020 foram realizadas as buscas

das publicações, bem como textos e artigos confiáveis, indexadas nas seguintes

bases de dados: BVS, MEDLINE, PubMed e Lilacs, onde foram definidos e

catalogados diferentes e diversos artigos sobre o tema do estudo. Optou-se por estas

bases de dados e biblioteca por entender que abrangem a temática abordada.

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Silva et al, 2021

175 Revista das Ciências da Saúde e Ciências aplicadas do Oeste Baiano-Higia. 2021; 6(1):169-184 AMOSTRA

Como critério de amostra, foram utilizados os seguintes descritores: covid-19, reabilitação e fisioterapia em português e physiotherapy e rehabilitation em inglês.

CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Os critérios de inclusão foram: pesquisas que abordassem sobre o covid-19 bem como sua definição, transmissão e a reabilitação fisioterapêutica funcional em pacientes pós covid-19, benefícios ao sujeito participante, e possíveis sequelas consequentes da doença, publicadas em idiomas português, espanhol e inglês.

Como critérios de exclusão foram descartados os trabalhos que não apresentam a versão completa nas bases de dados e nas bibliotecas pesquisadas, bem como publicações em idioma chinês e ainda artigos que não abordam a temática em questão.

Os artigos foram avaliados e as produções que atenderam aos critérios de inclusão, foram selecionadas para esta pesquisa, através da leitura do título e do resumo, que condizentes com o tema do trabalho, realizaram-se a leitura da introdução e da conclusão, buscando a relação direta com o objetivo e a questão norteadora do estudo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na busca nas bases de dados, identificamos 141 estudos; destes, 127 foram

excluídos após a triagem do texto completo ou resumo por não contemplarem os

critérios de inclusão. Um total de 14 estudos foram finalmente incluídos nos

resultados. Devido ao rápido início da pandemia de covid-19, atualmente há poucas

evidências científicas para orientar a abordagem da reabilitação em pacientes pós

covid-19. Muitas das publicações foram cartas, relatórios e editoriais. Essa falta de

evidência de alta qualidade publicada em periódicos revisados por partes apresenta

um desafio para a formulação de recomendações.

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Silva et al, 2021

176 Revista das Ciências da Saúde e Ciências aplicadas do Oeste Baiano-Higia. 2021; 6(1):169-184 A infecção pelo covid-19 atribui doença leve na maioria dos casos (81%), febre (88,7%), tosse (57,6%) e dispneia (45,6%), consistindo nos sintomas frequentemente referidos. Dos pacientes que precisam de hospitalização, uma proporção relativamente elevada (20,3%) requer tratamento em ambiente de unidade de terapia intensiva (UTI), sendo a causa mais comum o desenvolvimento da SDRA (32,8%).

Com mínima regularidade, os pacientes podem apresentar lesão hepática aguda, lesão cardíaca aguda, lesão renal aguda e choque séptico virêmico. O determinante motivo de morte após a infecção por covid-19 é a insuficiência respiratória aguda, e coagulopatia intravascular disseminada que foi descrita em 71% dos pacientes não sobreviventes

22

.

Uma parte dos pacientes com covid-19 evoluem com insuficiência respiratória grave necessitando de intubação e ventilação mecânica (VM). Após a extubação, muitos pacientes podem desenvolver insuficiência respiratória de novo. A reabilitação respiratória após a alta resultou em melhora do volume expiratório forçado no primeiro segundo VEF1(L), capacidade vital forçada FVC (L) / FVC%, difusão da capacidade pulmonar para monóxido de carbono (DLCO%), resistência e qualidade de vida

23, 24

. Foram separados os pacientes idosos com covid-19 em grupo de intervenção e grupo controle que participaram da reabilitação respiratória de (2 sessões por semana durante 6 semanas). As intervenções foram as seguintes: treinamento diafragmático, dos músculos respiratórios, exercícios de alongamento dos mesmos, de tosse e domiciliares. Sendo que a função pulmonar melhorou significativamente após 6 semanas de treinamento de reabilitação respiratória, podendo ser devido ao envolvimento dos músculos intercostais, músculos da parede abdominal, e outros músculos que desempenham um importante papel na manutenção da função respiratória

24.

Pacientes com covid-19 em estado grave com disfunção respiratória e / ou dos

membros após a alta devem receber reabilitação respiratória, e podem ter má aptidão

física, falta de ar pós-esforço, atrofia muscular de músculos respiratórios, do tronco e

membros. No tratamento de reabilitação respiratória para pacientes que receberam

alta, recomenda-se as intervenções de exercícios aeróbios, treinamento de força com

resistência progressiva, equilíbrio, exercício respiratório e orientação nas AVD’s

25

.

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Silva et al, 2021

177 Revista das Ciências da Saúde e Ciências aplicadas do Oeste Baiano-Higia. 2021; 6(1):169-184 Sobre o impacto de médio prazo da infecção por covid-19 no estado de saúde dos sobreviventes após a alta, a fadiga relacionada à doença foi o sintoma mais comum relatado por 72% dos participantes do grupo de UTI e 60,3% dos participantes do grupo da enfermaria. A falta de ar (65,6% no grupo de UTI e 42,6% no grupo de enfermaria) foi outro sintoma comum. Problemas de tolerância ao exercício ou redução da capacidade das atividades diárias também são semelhantes à fadiga, sendo que há sobreposição com de falta de ar e cognição

26

.

As condições comórbidas, bronquiectasia, pneumonia secundária ou aspiração, podem aumentar as secreções após covid-19, sugerindo serem controladas através da drenagem postural e ficar em pé (por períodos de tempo cada vez maiores). Na fase pós-aguda, o treinamento muscular inspiratório (TMI) será incluído se os músculos inspiratórios estiverem fracos. Respiração profunda e lenta, expansão torácica com elevação do ombro, respiração diafragmática, mobilização dos músculos respiratórios, técnicas de desobstrução das vias aéreas conforme necessário e dispositivo de pressão expiratória positiva podem ser acrescentados

18

.

Os pacientes com covid-19 sofrem diversos graus de disfunção respiratória e física, sendo que a reabilitação pulmonar é fundamental para os pacientes que receberam alta para o tratamento da doença. A prescrição inclui: exercícios aeróbicos:

caminhada, caminhada rápida, corrida, natação, começando de baixa intensidade, melhorando gradualmente a intensidade e a duração, 3–5 vezes por semana, 20–30 minutos cada vez; treinamento de força: treinamento de resistência progressiva é recomendado. A carga de treinamento de cada grupo muscular-alvo é de 8–12 RM (repetição máxima, a carga máxima que pode ser repetida com 8-12 movimentos em cada série) 1–3 grupos / tempo. O intervalo de treinamento de cada grupo é de 2 minutos, 2–3 vezes / semana, e a carga de treinamento é aumentada em 5% –10% a cada semana; treinamento de equilíbrio: para pacientes com disfunção de equilíbrio, treinamento de equilíbrio desarmado e instrumento de treinamento de equilíbrio;

treinamento respiratório: se o paciente apresentar sintomas, como falta de ar,

respiração ofegante e dificuldade de expectoração após a alta, treinamento do modo

respiratório, como controle da posição corporal, ajuste do ritmo respiratório, tração do

grupo de músculos respiratórios, exercícios respiratórios e o treinamento de

expectoração deve ser combinado com os resultados da avaliação

27

.

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Silva et al, 2021

178 Revista das Ciências da Saúde e Ciências aplicadas do Oeste Baiano-Higia. 2021; 6(1):169-184 Há um claro consenso de que a fisioterapia pode cumprir um papel importante no manejo respiratório e na reabilitação de pacientes com SARS-CoV-2 / covid-19. O TMI, a drenagem postural, técnicas manuais/ mecânicas de desobstrução das vias aéreas e os exercícios respiratórios podem melhorar a dispneia e secreções abundantes, já o auxílio no posicionamento (posição prona) evitará complicações secundárias. Devido o risco de fraqueza dos pacientes na UTI, a reabilitação precoce com exercícios, mobilização e estratégia de reabilitação é essencial para ganhar independência funcional na alta hospitalar

28

.

A reabilitação respiratória precoce não é indicada para pacientes graves e criticamente doentes em períodos de deterioração progressiva, ela só deverá ser iniciada quando não houver contraindicações. Para pacientes isolados em enfermarias recomendam-se vídeos, brochuras ou consultas remotas durante a reabilitação. Os recuperados e com teste negativo para covid-19, podem realizar a reabilitação respiratória de acordo seu estado clínico

29

.

Em sobreviventes de doenças críticas, a qualidade de vida e a melhora da funcionalidade não são obtidas com intervenções de reabilitação após a alta, a intervenção precoce deve começar dentro da UTI. Após a alta hospitalar, as intervenções fisioterapêuticas devem focar nas dificuldades de realização das AVD’s e funcionalidade, recomendando e instruindo o uso de dispositivos auxiliares, dispositivos adaptativos e estratégias que promovam a socialização. Os exercícios de funcionalidade devem predominar no início da recuperação. O treinamento compensatório, seguido por exercícios específicos para tarefas irá melhorar o desempenho e o aprendizado motor. Os fisioterapeutas domiciliares e ambulatoriais estão dispostos a fornecer e coordenar serviços de reabilitação

30

.

Os pacientes que foram admitidos em unidades de cuidados agudos covid-19

e, em seguida, em unidades de reabilitação pós-covid-19 no Hospital San Raffaele de

Milão, realizaram reabilitação respiratória precoce e receberam condutas

fisioterapêuticas como gerenciamento da ventilação não invasiva, postura correta /

terapia (posição prona), mobilização, treino do ortostatismo, da marcha e do equilíbrio,

recuperação e / ou manutenção de força muscular, identificação dos critérios

respiratórios e motores, restauração das habilidades motoras, recuperação da

independência e adaptação psicológica, intervenção focada nas áreas de deficiência,

(11)

Silva et al, 2021

179 Revista das Ciências da Saúde e Ciências aplicadas do Oeste Baiano-Higia. 2021; 6(1):169-184 treinamento de endurance e resistência, recuperação e / ou adaptação nas AVD’s e treinamento neuropsicológico. A duração da recuperação foi de mais ou menos 14 dias e tiveram alta após resolução da infecção e sem ou com pouca dependência funcional. Após a alta hospitalar, a reabilitação remota foi utilizada para auxiliar os pacientes em casa e garantir a continuidade dos cuidados

31

.

A prática digital ou de telessaúde é um novo método de reabilitação recentemente discutido, que surgiu durante a pandemia covid-19, para facilitar a prestação de serviços de fisioterapia em todas as áreas (reabilitação musculoesquelética, neurológica, cardíaca ou respiratória), realizada à distância ou fora do local de atendimento (centro de saúde), por um terapeuta distante do paciente / usuário, utilizando a tecnologia de telecomunicações. A prática digital pode ser realizada, como educação sobre saúde, promoção da independência, prescrição de exercícios terapêuticos, conselhos sobre plano de exercícios e o acompanhamento e monitoramento da evolução dos pacientes que já foram atendidos nos hospitais

32

. Telerreabilitação é um meio de telemedicina que utiliza as tecnologias de telecomunicações para proporcionar serviços de reabilitação de maneira síncrona ou assíncrona para pacientes remotos para reduzir as barreiras de distância. O programa possibilita a prescrição de protocolos e é essencial na prevenção e no acompanhamento da melhora dos pacientes durante a prática das intervenções terapêuticas e no tratamento de doenças cardiorrespiratórias. Esse recurso deve ser aperfeiçoado para cada caso clínico na reabilitação cognitiva e motora, na mobilidade, no treinamento de resistência e marcha e é mais indicada para pacientes com poucas limitações na realização das AVD’s após terem feito reabilitação, para manter e ganhar mais autonomia adquirida durante a internação. O profissional também poderá orientar os pacientes e familiares sobre a realização dos exercícios de forma correta

33,31

.

CONCLUSÃO

As sequelas da covid-19 podem ser diversas, a depender da gravidade do

paciente, por ser uma doença nova ainda podem haver sequelas desconhecidas. Os

problemas pulmonares assim como suas consequências são bastante discutidos, e o

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Silva et al, 2021

180 Revista das Ciências da Saúde e Ciências aplicadas do Oeste Baiano-Higia. 2021; 6(1):169-184 tratamento das mesmas deve estar dentro do programa de reabilitação pós-covid-19, porém a fraqueza e a diminuição da capacidade de exercício são disfunções comuns que juntamente com as sequelas respiratórias levam a limitações importantes pós- covid-19. As causas da fraqueza podem ser atribuídas ao declínio da resistência ao exercício associado à disfunção cardiopulmonar e à atrofia muscular gerada pela imobilização prolongada em pacientes graves e à redução de atividade física dada pela reclusão social pelos que não ficaram graves. A reabilitação pós covid-19 tem efeito benéfico especial no estágio de recuperação da doença, incluindo melhora da função respiratória, ganho de força, resistência, na reinserção do paciente na sociedade e nas suas AVD’s.

No entanto, é preciso haver mais pesquisas para determinar e estabelecer um programa de reabilitação pós-covid-19, pois trata-se de uma abordagem extremamente importante, porém o cenário ainda é novo onde estão sendo feitas descobertas acerca da doença e suas consequências.

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