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O Inventário O Inventário Dedicatória

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Academic year: 2022

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O Inventário

Dedicatória

Dedico esse livro ao meu filho Ícaro que foi o motivador de todos esses avanços em minha trajetória durante todos esses anos na empresa.

Ao meu filho Bernardo que me fez compreender que é muito mais importante estar são ao lado dos meus filhos para vê-los crescer.

E a minha filha Lis por me fazer entender que quem controla minha vida é Deus e os planos Dele sempre serão os que irão governar a minha vida.

Agradecimentos

Agradeço, primeiramente a Deus, é claro, por tudo que me proporcionou e vem me proporcionando.

Aos meus pais por me ensinarem o valor do trabalho e o quanto ele é importante na formação do caráter de uma pessoa e também pelo estudo que me deram porque foi por ele que consegui ir passando pelas provas que tive vivenciar em minha vida.

A todos os mestres que passaram pela minha vida durante o tempo que estive na empresa: gerentes, gestores, coordenadores, líderes e até diretores.

Agradeço também as pessoas da limpeza e aos da manutenção das lojas que sempre foram meus colegas mais íntimos e os mais verdadeiros.

“Reserve um certo número de dias, durante os quais você deve se contentar com os suprimentos mais ínfimos e mais baratos, com a roupa mais simples e mais velha, perguntando-se a si mesmo:

'Eram essas as condições que eu temia?'”

SENECA

Por temor de perder nossa "segurança" nos deixamos ficar presos em situações que

vão de encontro à nossa sanidade, mental, espiritual, familiar e financeira.

Carlos Barreto

(3)

Índice

Porque ler esse livro?

Uma reflexão

Capítulos:

Onde quer chegar?

Melhor possível Minha chance

Voz do além no horário de almoço

Veja multiuso pode ser o seu melhor aliado Ninguém é uma ilha

Profissão ladrão

Quem manda aqui sou eu Azul e vermelho

Isso é possível?

A lição do alho e a tirania do Ego Quem tem filho barbado é gato

Que animal você queria ser, não serve para nada Procure o fruto perto da árvore.

Abecedário

Acreditar sempre no que te fez crescer Quer ganhar mais mas não quer ter mudanças?

Déjà vu real

Saiba deixar as pessoas alegres com sua vitória Entrevista com o Cara

Pra que ir com uniforme? Assim será só mais um Dinâmica do Relógio

Leia muito

Depois de três dias o peixe começa a feder O justo não se justifica

Poder sem limites

Crie o local onde vai ser o gestor Crie praticidade

Não utilize seu cérebro a toa Quebrar galho não é ajudar Quem não é visto não é lembrado Tenha claramente quem é você no setor

Crie um ambiente mínimo de trabalho organizado.

Lute para ter o que precisa

Não aceite viver num cargo que não te deram na verdade.

Seja fiel a sua equipe. Até mesmo nas demissões.

Ouça os que estão abaixo de você Recado de Deus

Sobre ser o carregador de caixa O Nome da Rosa

Seja mais aberto para as novidades Faça amizades.

Receita de Bolo de Milho do meu Chefe

Conversa fiada como forma de terapia ocupacional Diga a verdade para poder partir

Antes de partir quero explicar uma coisa O dia de fato da minha demissão.

A loja do número de sorte do Zagalo Um ano depois: 14 anos, 4 meses e 3 dias Mais um causo

A vida é difícil. E é mais difícil ainda se você for burro.

_ John Wayne

(4)

Prefácio

Caros leitores, imaginem a seguinte situação: Um centro acadêmico, aguardando por uma palestra, eis que somos surpreendidos, adentra o palco e assume o púlpito, ninguém mais ninguém menos, que o vocalista do Charlie Brown Jr.

Completamente alinhado de terno e gravata. Englobando temas filosóficos, psicológicos, empreendedores e espirituais. A platéia completamente hipnotizada, pois o palestrante consegue transmitir o conteúdo com simplicidade e a intensa energia das canções de sua banda.

Recorro a este exercício de imaginação, pois da mesma forma por intermédio dessa analogia, consegue Carlos Barreto do mesmo modo.

Em seu mais novo empreendimento literário, que antes já contava com êxitos como:

A série que têm como alvo majoritariamente o público infantil e os seus pais, chamada no volume 1, de Lino na Terra do Senhor Onírico: Um sonho de leitura e o volume 2, Lino e o Resgate.

Outros destaques são os livros: Tome a Pílula Vermelha e o projeto Micro Contos do Bem com o primeiro livro da serie: O Caminho Místico de Emaús.

Nesta obra que a seguir terão o deleite de ler e aprender e apreender, chamada o Inventário, podemos observar e nos identificar com a trajetória do autor em uma grande empresa.

Ao mesmo tempo enxergamos a mudança e as evoluções que transformam o autor.

Corresponde àquele célebre aforismo: Conhece-te a ti mesmo.

Este livro representa uma narrativa de desenvolvimento pessoal, que humildemente classifico como uma jornada empreendedora de turismo interior.

Com resiliência, as mudanças ocorreram na vida do escritor e com certeza irão mudar o leitor.

Como diria o filósofo Heráclito: Nada há de permanente a não ser a mudança.

George Gonzaga

(5)

PORQUE LER ESTE LIVRO?

Muitos ensinamentos que estão nas lembranças de cada capítulo não me foram passados explicitamente e sim apreendidos diariamente.

Não, não escrevi errado.

Foram apreendidos mesmo.

Foram laçados, caíram na minha arapuca de conhecimento já que eu estava aberto a eles.

São ensinamentos reais mas que foram digeridos e utilizados com o tempo de maturação necessário.

São situações que passei e que soube transformar um limão em um pavê de limão delicioso.

Desde quando entrei na empresa meus colegas sempre acharam que eu tinha alguma indicação forte devido a ter ido sempre crescendo tanto em cargos como em salários.

Não tenho culpa se muitas das pessoas com quem convivi não tinham metas claras ou, se gastaram seu tempo na empresa reclamando que o chefe não ligava para eles e sim para fazer festas e comemorações para agradar diretores.

A mensagem é: Dá para fazer sempre o correto mesmo quando todos estão praticando o incorreto.

Faça sua parte, aproveite as oportunidades mesmo que elas venham trazendo ainda mais trabalho e mais responsabilidades e sem aumento salarial.

Acredite no que seus superiores estão falando e executando e coloque a mão na massa com eles.

Me recordo que assim que fui para a área administrativa brinquei com um funcionário bem antigo, que assim que ele se aposentasse eu iria ficar na vaga dele até porque eu achava que era legal o que ele fazia e também porque tinha a falsa ideia que ele recebia um ótimo salário até pelo tempo de serviço na empresa.

Ele me disse: "Tenta a sorte".

Fiquei na empresa por mais de uma década.

Saí da empresa e ele ainda continua lá, mesmo aposentado.

Quem bom que não fiquei preso a uma mentalidade de tentar a sorte e querer a vaga dele.

Fiz minha própria história, trilhei o meu próprio caminho.

As lembranças não estão em uma ordem cronológica mas são alinhavadas conforme fui me lembrando delas.

Procurei desenvolvê-las de forma que funcionem como um texto específico e que traga a mensagem a que se propõe.

Dá sim pra crescer em qualquer empresa.

É só saber muito bem o que se quer, ter metas claras e ler esse livro.

“Eu sou um homem velho e conheci vários problemas enormes, mas muitos deles nunca aconteceram”

MARK TWAIN

(6)

UMA REFLEXÃO:

Um homem que estava desempregado, entra num concurso da Microsoft para ser faxineiro.

O gerente de RH o entrevista, faz um teste (varrer o chão), e lhe diz: “O serviço é seu”;

dê-me seu e-mail e eu lhe enviarei a ficha para preencher, e a data e hora em que deverá se apresentar para o serviço.

O homem, desesperado, responde que não tem computador e muito menos e-mail. O gerente de RH disse que se lamenta, mas se não tiver e-mail, quer dizer que

virtualmente não existe, e se não existe, não pode ter o emprego.

O homem sai desesperado, sem saber o que fazer, só tem U$$ 10,00 no bolso. Então decide ir ao supermercado e comprar uma caixa de 10 kg de tomates. Bate de porta em porta vendendo os tomates a quilo, e, em menos de duas horas, tinha conseguido duplicar o capital. Repete a operação mais três vezes e volta para casa com U$$ 60,00.

Então, ele verifica que pode sobreviver dessa maneira, sai de casa cada dia mais cedo e volta a casa mais tarde, e assim, triplica ou quadruplica o seu dinheiro a cada dia.

Pouco tempo depois compra uma Kombi, depois troca por um caminhão e pouco tempo depois chega a ter uma pequena frota de veículos para distribuição.

Passados 5 anos, o homem é dono de uma das maiores distribuidoras de alimentos dos Estados Unidos. Pensando no futuro da sua família, decide fazer um seguro de

vida.Chama um corretor, acerta um plano e quando a conversa acaba, o corretor lhe pede o e-mail para enviar a proposta. O homem disse que não tem e-mail.

Curioso, o corretor lhe disse:”Você não tem e-mail e chegou a construir um império, imagine o que você seria se tivesse e-mail!”.

O homem pensa e responde: “Seria faxineiro da Microsoft”.

Não se apegue à sua situação atual. Crie oportunidades ou esteja muito atento a elas.

(7)

"– Você poderia me dizer, por favor, por que caminho eu consigo sair daqui?

– Isso depende bastante de onde você vai querer chegar – disse o Gato.

– Não me importa muito onde... – respondeu Alice.

– Então não importa que caminho seguir – disse o Gato."

_ Lewis Carroll, Alice no país das maravilhas

Capítulo #0000

Onde quer chegar?

O que mais me marcou quando fiz todo o processo seletivo para entrar na empresa foi a conversa que tive com a minha entrevistadora.

De tudo o que ela me falou o que mais me marcou foi:

"Você tem chance de crescer na empresa".

Isso ela disse em meio a várias explicações do funcionamento, regras, horários, o trabalho em si...

Depois disso tudo ela me aprovou e pediu para que eu aguardasse em casa que iriam me ligar.

A única coisa de tudo que me disse e que me fez sair dali vibrante foi o fato de poder crescer na empresa.

Acreditei piamente com todas as minhas forças.

Uma semana depois da entrevista, liguei para a empresa e consegui o telefone do RH.

Todos os dias desde então eu liguei para saber se já tinham minha vaga.

Liguei tanto que chegou ao ponto de já saberem que era eu e já darem a resposta que eu continuasse aguardando.

Chato isso né?

Mas eu precisava não ser esquecido em meio a tantos outros candidatos.

Preferia ser lembrado como "o chato" do que não ser lembrado.

E sei que isso acaba acontecendo dentro de um grande RH.

Pois bem, consegui entrar na empresa e desde então consegui vivenciar que o que a entrevistadora me disse era pura verdade.

Desde então vi muita gente entrar na empresa e muitas até trabalharam comigo.

Dessas todas acho que uma ou duas conseguiram crescer.

A grande maioria não acreditou, piamente, em quem a entrevistou.

Muitas apenas passaram pela empresa.

Outras estão lá, até hoje, sem crescimento.

Isso por um simples fato:

Não acreditar.

Mas eu precisava não ser esquecido em meio a tantos outros candidatos.

(8)

Capítulo #0001

Não corra atrás do sucesso, faça o seu melhor e ele virá até você.

_ Renato Munhoz Nogueira

Melhor possível

Não fui escoteiro mas por meu filho ter sido, convivi com pessoas fantásticas e aprendi muito com eles.

Sem eu saber, sempre pratiquei a lei dos lobinhos:

Promessa do Lobinho

“Prometo fazer o melhor possível para:

cumprir meus deveres para com Deus e minha Pátria;

obedecer à Lei do Lobinho e fazer todos os dias uma boa ação.”

Como todos, ou a grande maioria, que entra na empresa através da loja, eu fui para o horário que quase ninguém quer.

O horário de tarde para a noite.

E por que esse horário não é bem recebido?

De cara porque é no final do serviço onde todos já estão bem cansados que chega o temido caminhão a ser descarregado com produtos para as lojas.

Não é nada de mais para quem não teme o trabalho braçal já que todas as mercadorias vêm num carro de ferro e apenas têm que serem arrastadas para o interior da loja.

E também o horário da noite é um momento onde só se é liberado quando o último cliente sai da loja e isso pode ser atrasado, por aqueles que não tendo o que fazer em suas casas, saem para ir passear num horário onde muitos já estão exaustos e com uma grande vontade de retornarem aos seus lares.

E foi nesse horário, que começava por volta das treze horas, que fui inserido nesse mundo do comércio varejista.

Meu pai sempre me ensinou a fazer o melhor independente das dificuldades.

Ele era autônomo e trabalhava com decoração na casa das pessoas, colocando pisos sintéticos, carpetes, papéis de parede e tudo o mais que compunha o que se entende por decoração.

E ele sempre me dizia que deveríamos deixar a casa do cliente mais limpa do que quando nós chegávamos para trabalhar.

Ao ponto que, chegando uma visita não se saberia identificar se ali houve uma obra ou não.

Meu pai não era um homem com muito estudo.

Na verdade com quase nenhum estudo.

Mas compartilhava uns ensinamentos, que mais tarde pude perceber na literatura de grandes homens da nossa história.

E foi com esse entendimento que comecei de uma forma bem simples, executar, da forma melhor possível, tudo que me era dado a fazer na loja.

(9)

Bastou que um funcionário da manhã faltasse para que eu, tendo sido escalado para suprir essa falta, pudesse demonstrar um comportamento bastante incomum dos outros funcionários e assim merecer sair do horário da noite.

E essa chance surgiu depois de uns dois meses apenas.

Me lembro que quando a fiscal de caixa me informou que não precisaria naquela noite descarregar o caminhão já que seria liberado mais cedo para estar no outro dia pela manhã devido a falta de um colega de trabalho, fui para casa decidido que depois daquele dia não teriam mais como me manterem a noite

Fui para casa com essa certeza em mente e ao iniciar meu trabalho na manhã seguinte, não só dei conta da função do colega que faltou como também consegui ajudar todos os supervisores em seus respectivos setores da loja.

Fiquei exausto.

Mas no dia seguinte, a semente plantada brotou.

Todos os supervisores estavam pedindo para o gerente da loja que me colocasse em seus setores já que eu fui de grande ajuda e coloquei muitos dos setores em ordem em apenas um dia de trabalho.

Mesmo não sendo essa a função que eu tinha que executar.

E assim se deu o que para mim foi a minha primeira promoção na empresa.

A mudança do horário da noite para o da manhã em apenas dois meses.

Mas o que eu fiz de tão diferente?

Continue lendo.

Fui para casa decidido que depois daquele dia não teriam mais como me manterem a

noite.

Capítulo #0002

Você não cresceu para que as pessoas tivessem que trocar sua fralda e te dar papinha.

_ Mateus Schroeder da Silva

Minha chance

E nesse processo de lutar por mudar de horário, fiquei encarregado no dia que supri a falta do colega, de organizar as fraldas que vendiam na loja e, especificamente, precisava não deixar faltar fraldas na porta da loja já que todos os produtos que ficam nas portas das lojas de departamento são os que estão em promoção ou os que devem ser batido metas de vendas.

Todos os dias são estipuladas metas para alguns produtos.

Bom, o que fiz foi descer com o máximo de fraldas que estavam no estoque e deixá-las em locais no interior da loja, mais próximas de mim para que eu pudesse reabastecer mais rápido.

Fiquei ajudando os supervisores, como já citei a cima mas sempre atento com a situação das fraldas nas prateleiras e na porta da loja.

Nunca a loja vendeu tanta fralda em um só dia.

(10)

Nunca trabalhei tanto em um só dia.

Nunca carreguei tantas fraldas.

Foi um dia muito cansativo mas muito proveitoso.

Foi um dia de arar a terra e plantar.

Foi um dia de torcer para cair uma chuva naquela terra.

E choveu.

Como já mencionei, saí do horário da noite deixei de ficar descarregando caminhão.

Fiz o meu melhor.

Fiz o que muitos que, estavam ali a anos não fizeram.

Mesmo tendo chances já que antes de eu ter chegado na loja, com certeza outros funcionários da manhã já haviam faltado e outros da noite foram suprir essa falta.

Logo fui taxado de vários adjetivos que questionavam a forma como entrei na loja e que só podia ser indicado por alguém influente.

Mas, como a formiguinha surda, só foquei em subir a montanha de açúcar.

Fiz o meu melhor.

Fiz o que, muitos que estavam ali a anos não fizeram.

Capítulo #0003

Um dia sem uma soneca é como um cupcake sem cobertura.

_ Terri Guillemets

Voz do além no horário de almoço

Como estava já um bom tempo desempregado e por mais que tivesse meus bicos, tinha uma rotina mais tranqüila, no que diz respeito a horário.

Tinha o costume de tirar sempre uma soneca à tarde.

Isso não havia interferido muito nos dois primeiros meses de trabalho porque já que eu começava no segundo horário, eu acabava acordando tarde o que me fazia ter uma boa sensação de descanso.

Mas ido trabalhar no horário da manhã, o negócio pegou!

E no segundo dia de trabalho que fui almoçar, no pequeno refeitório, havia um sofá de dois lugares muito convidativo.

Como no meu horário de almoço o refeitório sempre estava bem vazio, deitei no sofá para assistir um pouco de TV e descansar as pernas.

O que me recordo foi de estar com os olhos fechados ouvindo uma voz que vinha lá ao fundo.

Uma voz bem distante mas eu sentia que era falado o meu nome.

Só que havia uma frase sendo dita logo após do meu nome ser citado.

E eu não conseguia identificar o que era essa frase.

(11)

O sono estava ficando cada vez mais leve.

A voz veio se aproximando, se aproximando, se aproximando e, quando me dei conta, eu ouvi claramente: "colaborador Carlos comparecer na bateria de caixas com urgência".

Ainda com os olhos fechados não consegui entender o que estava acontecendo e foi quando eu, finalmente abri os olhos e me vi deitado, já de conchinha no sofá, que percebi que havia dormido.

E havia dormido muito.

Sim, podem rir.

Logo no começo de um emprego o cara perde o retorno do horário de almoço dormindo no sofá?

E para piorar ainda mais, eu precisava voltar para que um outro colaborador pudesse ir para o almoço.

Ou seja, tinha alguém lá na bateria de caixas com fome e muito puto com o cara novo que chegou e que não ficou muito tempo no horário da noite como todo mundo.

Vamos piorar só mais um pouco?

Quando eu acordo, fico com os olhos muito vermelhos tipo quando alguém fuma um back.

Desci correndo e ao chegar na bateria de caixas a fiscal só me fez voltar e ir lavar bem o rosto, pentear os cabelos para amenizar um pouco aquele olhar de quem acabou de queimar "umzinho".

Voltei, pedi desculpas, prometi que não aconteceria mais e não aconteceu.

Nunca mais cheguei perto daquele sofá.

Nunca mais mesmo!

Assumir os erros e nunca mais cometer esses mesmos erros é o que se deve fazer se há metas claras de crescimento em jogo.

Erros acontecem.

Como diz aquele ditado: Errar é humano mas continuar no erro é burrice.

Infelizmente tem muita gente, não só no meio profissional, que fica cometendo a vida toda o mesmo erro só que de formas diferentes e não conseguem perceber que isso está atravancando sua vida em todos os aspectos.

Tirar uma soneca é muito convidativo mas executar seus planos pode ser ainda mais.

Assumir os erros e nunca mais cometer esses mesmos erros é o que se deve fazer se há

metas claras de crescimento em jogo.

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Capítulo #0004

Ambiente limpo não é o que mais se limpa e sim o que menos se suja.

_ Chico Xavier

Veja multiuso pode ser o seu melhor aliado

Desde o primeiro dia ao chegar na bateria de caixa para trabalhar, percebi algo que me deu nojo.

Sujeira!

Imagina um caixa que está ali a anos, aonde centenas de empregados já colocaram a mão, onde se manuseia dinheiro e numa loja que é de cara para um calçadão, ou seja, bem de cara com uma rua muito movimentada e que nunca deve ter sido limpo de verdade.

Já no primeiro dia pedi para o pessoal que fazia a limpeza da loja um Veja (espero ser patrocinado) e uma flanela.

Isso quando eu já estava no horário da manhã.

Dei uma boa limpeza no caixa que eu iria trabalhar e ficou como novo.

Além do mais colocar sempre as notas em ordem e todas nas mesmas posições ajudava as fiscais a contarem meu caixa no final do expediente com maior facilidade e isso era muito bem visto por elas.

Eu sabia o que estava fazendo e também sabia que elas estavam reparando mas também sabia que esse processo tem um tempo.

Trazer à tona um diferencial tem todo um tempo de crescimento, gestação e nascimento.

Se passar do prazo vira algo comum e não mais será notado.

Por isso eu torcia para que algo novo ocorresse já que precisava continuar com meu processo de crescimento na empresa.

Dentro de alguns meses me direcionaram para uma outra área da loja.

Algo mais específico e que eu sabia que iria me sentir muito mais produtivo do que apenas ficar num caixa processando as vendas da loja toda.

Crie o mundo ideal que você deseja viver mesmo que seja durante o seu horário de trabalho.

Se passar do prazo vira algo comum e não mais será notado.

(13)

Capítulo #0005

Quero encontrar a ilha desconhecida, quero saber quem sou quando nela estiver.

_ José Saramago

Ninguém é uma ilha

Fui para o setor de CD/DVD da loja.

Hoje em 2018 escrever isso até parece estranho já que nem se ouve mais falar sobre CD e DVD.

Eles ainda estão por aí, como o vinil e como as câmeras analógicas mas é algo estranho mesmo assim falar em CD e DVD.

Esse local por ser um lugar isolado na loja, um lugar a parte, é chamado de ilha.

Não deixei de ser caixa mas fiquei responsável por um setor também.

Ou seja, ganhei mais uma atribuição.

Para falar o português bem claro, eu ganhei mais trabalho com o mesmo salário.

Isso faz com que muita gente fique mal humorada no trabalho.

Só que devemos encarar como mais uma promoção.

Era assim que eu encarava essas mudanças.

Fiz o mesmo processo com o meu caixa lá da bateria de caixas.

Deixei ele branquinho com o Veja (será que se eu citar duas vezes eles me patrocinam?) e dei também uma boa limpeza nas vitrines.

Nesses locais específicos, além da fiscal de caixa que é nossa superior na loja, também temos um assistente e um supervisor para tomar conta do nosso trabalho.

O supervisor já ficou ligado que ali no setor mudanças boas ocorreriam.

Foi me passando o serviço que consistia em gerenciar aquele micro espaço dentro da grande macro que era a loja de departamentos.

Me amarrei.

Gosto muito de música, saco um pouco do básico e tinha um contato maior com os clientes que iam ali.

Ali iam clientes específicos.

Algo que não ocorre lá na bateria de caixa que tem que ser algo corrido para que não hajam filas na loja.

Filas grandes.

Porque filas sempre terão.

Os clientes passaram a ser conhecidos.

A te conhecerem também.

Trocávamos uma ideia boa sobre músicas e filmes.

Era um ambiente bem legal.

Comecei dar outra cara no setor, tudo com a autorização do supervisor, é claro.

Ele era bem descolado e guardava os banners de duplas sertanejas que vão para o lixo depois das campanhas, para vender aos fãs dos cantores.

Ele também tinha uma lan house por fora do trabalho.

Eu praticamente dominei a ilha e era muito divertido estar ali.

Quando cheguei lá já havia um rapaz tomando conta e foi me passando o serviço.

Mas ele logo foi demitido.

Hoje tenho noção que tiraram ele devido não ter feito nada de diferente no tempo que esteve lá.

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Fui tocando o lugar sozinho mesmo.

No meu horário já que a tarde havia um outro rapaz.

Para falar o português bem claro, eu ganhei mais trabalho com o mesmo salário.

Isso faz com que muita gente fique mal no trabalho.

Só que devemos encarar como mais uma promoção.

Capítulo #0006

Pequenas coisas afetam pequenas mentes

_ Benjamin Disraeli

Profissão ladrão

A profissão do bandido é ser bandido.

Ele age religiosamente com relação ao seu ofício e não deixa passar nenhuma oportunidade no que diz respeito ao progresso do seu negócio que vem a ser passar a perna no outro.

E foi perante um bandido disfarçado de cliente que me deparei quando estive trabalhando na parte de CD e DVD da loja.

Para ser mais exato, foi uma cliente.

O golpe dado é o seguinte:

A cliente, muito conversadeira, vai ao seu caixa puxando vários assuntos enquanto você está passando os produtos dela, que são muitos e alguns bem caros.

Pede cuidado com relação aos mais caros, também pede para reforçar as bolsas e não colocar muitos juntos para que não amassem ou arranhem.

Fala sobre o tempo, sobre a violência e tudo o mais que sirva para chamar sua atenção.

Quando vai pagar, e vamos partir do princípio que se a compra foi bem grande o valor vai ser um tanto que alto, ela tira a sua atenção quando lhe dá as cédulas com alguma pergunta do tipo: sabe me dizer o tempo de troca para esses produtos que estou levando?

Faz isso no momento que te dá o dinheiro.

Sendo que no meio de várias notas de cinquenta reais, há uma de 20 reais e quando você está preparando o troco ela te pergunta se você tem como trocar mais cinqüenta reais para ela, e como na empresa era proibido trocar, você informa que não e já com o troco em mãos ela questiona que está faltando troco já que ela te deu X notas de 50 e veio a menos.

(15)

Você olha para o caixa e não tem mais noção alguma das notas que ela te deu já que foram todas colocas em seus locais e também com a pergunta da troca dos cinqüenta reais, que ela te fez, sua mente te prega a peça que devido a isso você se confundiu e deu o troco errado.

Pronto.

Você se desculpa corrige o troco.

A cliente agradece.

Vai embora.

E aí você caiu no golpe dela.

Mais tarde a fiscal de caixa vem retirar o seu caixa e percebe uma diferença de trinta reais, que foi a que você, confuso, deu de troco achando que estava certo.

Bem, isso aconteceu comigo só que na hora que a fiscal me questionou sobre esse valor eu não sabia como responder.

Com vários clientes passando no caixa o dia todo, não iria conseguir lembrar.

E fica aquela sensação de que houve um roubo.

O que eu fiz?

Fui ao gerente, expliquei a situação e pedi se ele autorizava eu retirar a bobina e ir analisando venda a venda para eu poder tentar me recordar do ocorrido.

Depois de ter perdido todo o horário do almoço nessa empreitada, consegui detectar o erro e me lembrei da atitude da cliente.

Fui a gerência, expliquei e mostrei meu erro ao gerente e também me dispus a estar sendo descontado do valor já que eu não fui atento o suficiente.

Dispersei a nuvem de roubo que pairava na loja com relação ao meu respeito.

Ele se surpreendeu com a minha atitude e não quis me descontar.

Mas me disse para estar mais atento até então e que, se isso ocorresse novamente, eu iria assinar uma carta de advertência, não pelo fato de roubo mas por desatenção.

Dica: Ao estar movimentando dinheiro no caixa, dobre as notas de cinqüenta reais de duas em duas e mantenha-as embaixo da gaveta interna e tenha sempre em mente a quantidade das mesmas.

Dá para fazer, já que essa foi minha atitude até sair da função de caixa e ir para a tesouraria.

Nunca mais fui enganado por nenhum bandido, ops, cliente.

Fui ao gerente, expliquei a situação e pedi se ele autorizava eu retirar a bobina e ir

analisando venda a venda para eu poder tentar me recordar do ocorrido.

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Capítulo #0007

Obedecer é muito mais seguro do que mandar.

_ Thomas Kempis

Quem manda aqui sou eu

Um tempo depois de ter assumido a ilha de CD e DVD, tive uma pequena desavença com quem no futuro teria o poder de me aprovar ou não numa seleção para uma promoção na loja.

Todos os dias antes da loja abrir já tem pessoas dentro dela, preparando tudo para que fique em ordem os produtos e a limpeza para quando o cliente chegar.

Já que o cliente é o que há de mais importante para uma loja.

Mesmo que muitos comerciantes não se conscientizem disso.

E lá ficava sempre tocando música, música essa que era organizada por mim a partir de cds que os colegas levavam e colocavam numa fila para que fossem tocados durante o momento anterior a abertura apenas para nos distrair.

E o trato era tocar uma ou duas músicas de cada para que todos que levaram seus cds pudessem usufruir das músicas que gostavam.

Isso eu estou falando em 2005 quando CD era algo que todo mundo gostava de ter em casa e colecionar.

Hoje em dia isso não ia rolar assim.

Acontece que depois de uns meses, do nada a música muda e ao olhar na direção do som, vejo uma mulher que nunca tinha visto na loja, trocando e colocando o CD dela sem a minha autorização.

Mais que depressa, fui ver o que estava acontecendo e informei que não podia fazer aquilo e sim que deveria aguardar sua vez na fila.

Mas que de pressa ela foi bem educada e aos gritos me perguntou se eu sabia com quem eu estava falando.

É pra rir né?

Eu tenho por hábito só ter como referência de liderança em qualquer lugar que trabalhei apenas quem, realmente, manda e no caso ali daquela loja, eram os gerentes e o meu supervisor direto.

Os demais (assistentes, fiscais...) eu tinha um respeito hierárquico.

Apenas isso.

E foi assim que me dirigi a tal mulher.

Respondi que não sabia com quem estava falando e que ali naquele setor quem era o responsável não era ela e que se houvesse algum problema sobre eu não permitir que ela furasse a fila dos CDs que ela fosse ao gerente.

Ela tentou me encurralar colocando seu cargo de supervisora da tesouraria a mostra para que eu ficasse acuado.

Sendo que, como já disse, não ligo para esses cargos e novamente informei que não iria furar a fila e pronto.

Acabou que ela levou o cd embora e me jurou várias ameaças.

Depois de uns quatro meses, estive de frente com ela numa avaliação para concorrer a uma vaga na tesouraria.

E como eu disse a cima, ela era a supervisora do setor.

Como foi essa seleção?

Mais pra frente eu conto.

(17)

Eu tenho por hábito só ter como referência de liderança em qualquer lugar que trabalhei

apenas quem, realmente, manda

Capítulo #0008

Esqueci de avisar que além de cego eu sou daltônico, eu confundo as cores que eu não enxergo.

_ Geraldo Magela

Azul e vermelho

Pode parecer estranho e vou reservar um capítulo só para isso mas nunca passei em nenhuma avaliação na empresa em mais de 13 anos mas mesmo assim sempre fui promovido.

Uma dessas avaliações que não passei foi para a vaga na tesouraria da loja.

Depois de seis meses, tive a chance de me inscrever para uma avaliação onde teria que fazer uma prova e na próxima etapa faria testes práticos.

A prova foi mole, mole, fácil, fácil.

Mas a parte prática que era contar os dinheiros dos caixas da loja, organizar o cofre e a tesouraria, dar conta das entradas e saídas das notas fiscais e tratar o ponto dos funcionários, foi algo que não estava me saindo muito bem.

Era eu e um outro rapaz e contra mim havia o relato anterior de ter tido um atrito com a supervisora da tesouraria sobre uma pretensa furada de fila para ouvir um CD.

Nada demais mas com eu sei que o ego de cada um é algo que não deve ser machucado, já estava atento pois, com toda certeza eu havia machucado o ego dela.

Foram duas semanas de avaliação e eu sentia que estava perdendo até que "do nada" fiquei sabendo que fui aprovado.

Não entendi muito bem, mas toquei o barco.

Até que a minha colega de trabalho que já estava lá a um tempo me explicou que o rapaz com quem eu concorria, era daltônico e não conseguia identificar a diferença de cor na calculadora e isso fazia com que ele sempre errasse a contagem do cofre.

Mais uma vez não passei na avaliação mas por uma artimanha do destino a vaga teve que ficar comigo.

Assim como essa, eu tive outras mais que vou juntar em um só capítulo.

Você não precisa ser o melhor para ter as vagas que estão à disposição.

Sim, existe o elemento sorte.

Ou azar se formos pensar no meu colega.

Foi isso que aprendi não só com esse episódio mas com os demais.

Isso me fez lembrar de quando fiquei em terceiro lugar num campeonato de karatê e fui falar com meu pai todo feliz e ele me perguntou quantos tinham na competição e eu respondi, eu e mais dois e a resposta foi dura mas realista:

você não ficou em terceiro lugar já que tinham só três, você perdeu para os outros dois.

(18)

Eu só passei porque era eu e o meu colega que era daltônico e era apenas uma vaga.

Você não precisa ser o melhor para ter as vagas que estão à disposição.

Sim, existe o elemento sorte.

Ou azar se formos pensar no meu colega.

Capítulo #0009

Liberte-se do vício de precisar da aprovação dos outros.

_ Carina Lila

Isso é possível?

Nunca passei em nenhuma avaliação, propriamente dito mas sempre fui promovido.

Só me toquei disso depois de um tempo mas eu nunca passei em nenhuma avaliação e mesmo assim fui sendo promovido no tempo que tive na empresa.

Não entenda promoção aqui apenas como mudança de cargo.

Para mim, toda e qualquer mudança para melhor pode ser considerada como uma promoção.

O processo seletivo para entrar na empresa se dava da seguinte forma: prova, dinâmica e entrevista.

Hoje não é mais assim.

Ok.

Passando nos três você estava apto para ser entrevistado pelos gerentes das lojas mais próximas da sua casa assim como havia escolhido ainda na entrevista com o RH.

Eram três chances de entrevistas em três lojas diferentes e depois disso, já era.

Não passei na primeira.

Não passei na segunda.

E na terceira o gerente me deixou como segunda opção.

Caso o outro rapaz que ele gostou não ficasse, aí sim eu servia mas vamos concordar que passar mesmo, eu não passei.

Bem, o rapaz desistiu e eu fui chamado.

Na filial já com uns seis meses, fiz a avaliação que você leu a cima.

Não passei.

Depois disso fiz uma avaliação para trabalhar no RH da empresa e lá também não passei já que era apenas uma vaga e foram eu e uma outra pessoas os aprovados.

Ou seja, passar mesmo, redondinho, não passei.

Acabei ficando no RH e a outra pessoa no DP.

E quando foi que me toquei disso tudo?

Quando encontrei um dia, no RH, com a primeira gerente que me reprovou.

(19)

Ela achou me conhecer de algum lugar e eu, prontamente, a lembrei da reprovação.

Daí eu percebi que mesmo tendo sido reprovado várias vezes, consegui ir galgando espaço na empresa.

Conclusão: Não confie muito nos seus avaliadores.

Você tem sim um potencial mas naquele dia as pessoas que te avaliaram perderam a chance de te contratar.

Não confie muito nos seus avaliadores.

Capítulo #0010

Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.

_ Albert Einstein

A lição do alho e a tirania do Ego

Depois de ter passado por vários setores da empresa, abaixei a guarda e acabei me contaminando com algo bastante imbecil.

Querer comparar salários.

A Bíblia já diz para que cada um cuide do seu soldo (salário).

Sim.

Comecei a conviver com uma pessoa bastante pra baixo que ficava com raivinha dos colegas que estavam ganhando um pouco mais que ela mesmo com o mesmo tempo de empresa.

O convívio acabou me fazendo começar a ter a mesma visão.

E um cara lá do DP se tornou meu foco.

E era só ele ser promovido financeiramente e eu não que começava o meu mau humor.

Minha raiva crescia.

Só que logo após eu também tinha minha promoção mas saber que ele ainda ganhava mais era o motivo para a desmotivação.

E olha que eu entrei na empresa bem consciente desses comportamentos até mesmo por ter estudado psicologia, ter lido muitos livros sobre o assunto e assistido muitas palestras, sempre me fizeram manter o foco.

Só que eu já estava de guarda baixa.

Nessa época eu ainda estava no meu primeiro casamento.

Sim, tive dois casamentos no tempo em que fiquei na empresa.

E em um dia qualquer minha esposa (na época) me chamou e disse se eu queria que ela me desse a diferença de quanto esse cara ganhava pois ela já não agüentava mais minhas reclamações.

Perguntou quanto era e foi aí que a ficha caiu.

Respondi que era mais ou menos uns cinqüenta reais.

(20)

Ela não acreditou e falou que seu vendesse qualquer coisa a mais eu faturava mais que esse valor e me sentiria melhor.

Que se eu comprasse uma caixa de alho e vendesse na feira ganharia muito mais que os cinquenta reais.

Que se fosse o caso ela me daria o valor ou até mais só para eu parar de encher o saco.

Mas não.

Não me sentiria melhor.

Era a porra do ego.

Eu havia criado em minha mente que ele valia mais para empresa do que eu.

Hoje sei que a empresa enquanto instituição nem soube que eu saí.

Mas mesmo assim a conversa com ela me ajudou muito pois tive a real noção do valor pelo que eu tanto brigava e era irrisório.

Daí pra frente minha vida foi bem mais tranqüila na empresa.

Tranqüila, tranqüila, tranqüila não foi não mas isso fica para os próximos capítulos.

Eu havia criado em minha mente que ele valia mais para empresa do que eu.

Capítulo #0011

Assim que você elimina o seu problema número 1, o problema número 2 é promovido.

_ Gerald Weinberg

Quem tem filho barbado é gato

Estava eu na loja com uns três meses e já havia passado da experiência quando chega o gerente para conversar comigo e saber quantos meses eu tinha na loja.

Quando soube ficou meio chateado mas pediu que eu me mantivesse firme pois queria que eu fosse para a tesouraria mas eu só poderia prestar prova para esse cargo com seis meses na empresa.

Fiquei muito animado e me mantive bem motivado até os meus seis meses.

Como já disse a cima, não passei.

Sim fui para a tesouraria mas não me considero como tendo passado pois só entrei porque o cara que concorria comigo era daltônico e não pôde assumir a vaga.

Depois de alguns meses já na função o mesmo gerente me pergunta se eu estava na faculdade e eu respondi que havia trancado a um tempo.

Na verdade já tinha até caducado.

E ele então me perguntou se eu não tinha pretensão em ser um sub-gerente e que ele poderia dar uma força mas para isso eu teria que estar matriculado em uma faculdade.

Respondi que não tinha condições financeiras naquele momento de estar assumindo um gasto com faculdade mesmo com a promessa dessa promoção e perguntei se ele não poderia pagar uns seis meses pra mim já que estava confiante que eu ficaria com a vaga e depois de começar a trabalhar como subgerente eu assumiria os gastos e retornava o valor para ele do que havia pago.

(21)

A resposta dele naquele momento me deixou um pouco sem graça e até mesmo com um pouco de raiva.

Ele disse: cara, quem tem filho barbado é gato.

Hoje, tendo passado mais de uma década sei o quanto essa frase teve valor.

Com certeza se ele pagasse para mim eu não teria dado o mesmo valor como foi com todas as conquistas que obtive por minha própria força e trabalho.

Quando você está pronto para entender certas coisas da vida, frases como essa te fazem andar ainda mais em direção ao que tanto almeja.

Hoje, tendo passado mais de uma década sei o quanto essa frase teve valor.

Capítulo #0012

A realidade é aquilo que, quando você para de acreditar nela, ela não desaparece.

_ Philip K. Dick

Que animal você queria ser, não serve para nada.

O que mais acontece em dinâmicas e em entrevistas são os avaliadores fazerem perguntas que parecem brotar de um campo muito elevado onde o candidato se espanta e faz com que a figura do avaliador seja, praticamente, que adorada.

Como se ele fosse um grande guru do mundo corporativo.

O entrevistador se torna um ser muito iluminado e detentor de um saber que a grande maioria das pessoas não são capazes de alcançar.

São os Gurus dos gurus.

Em psicologia isso é chamado de Suposto Saber.

Se supõe que a pessoa na posição, normalmente, de poder, detêm um saber mais elevado.

E daí a grande maioria a segue.

E não foi diferente com a entrevista que participei com um dos gerentes, o melhor gerente que tive e o mais espiritualizado que conheci na empresa.

Em um dado momento ele me faz a pergunta mestra sobre qual animal eu queria ser.

Respondi formiga.

Já fui com essa resposta pronta pois sabia que a pergunta viria.

O candidato anterior, ao sair da entrevista, me disse que ele fazia essa pergunta sobre animais.

E prontamente veio a pergunta complementar: Porque?

Expliquei que as formigas são muito bem organizadas e que unidas são capazes de fazer coisas magníficas, inclusive conseguem devorar seres muito maiores que elas como um elefante.

Nossa.

(22)

Talvez você nunca tenha pensado nisso não é?

É que eu tinha visto um documentário sobre elas e já deixei lá na agulha para quando precisasse dar o tiro.

Depois de já estar trabalhando com esse gerente a um bom tempo.

Esse foi o que me deixou como segunda opção e acabei entrando.

Eu só tive quatro gerente de lojas em todo o tempo na empresa.

Perguntei para ele sobre a questão da pergunta na entrevista.

A resposta dele foi hilária.

"Gosto de ver a reação do candidato e também gosto de ver as respostas mais absurdas."

Ou seja, não se apavore numa entrevista, ainda mais se a vaga não for para um serviço muito técnico.

A empatia vai falar muito mais alto do que qualquer coisa.

"Gosto de ver a reação do candidato e também gosto de ver as respostas mais absurdas."

Capítulo #0013

Aquele que vive de acordo com uma bola de cristal logo aprende a comer vidro moído.

_ Edgar R. Fiedler

Procure o fruto perto da árvore

Logo nos primeiros dias na empresa, na loja em que fui aprovado como segunda opção para trabalhar, comecei a escutar dos colegas, apenas reclamações.

Não de todos, é claro.

Mas de muitos.

Que aquilo ali era um inferno.

Que já estavam ali a um tempão e nada de promoção.

Eu ainda estava no horário de fechamento, havia acabado de chegar.

Que o gerente era um pilantra.

Que aquilo ali era só um bico que logo iriam embora.

Daí comecei a avaliar cada fala com cada comportamento e com cada atitude não tomada da parte de cada colega de trabalho.

Segue a avaliação:

01- Que ali era um inferno:

Bom, eu acredito, piamente, que fazemos não só do nosso local de trabalho mas do local onde estamos, um céu ou um inferno. Que isso é apenas uma forma de ver as coisas. Então essa pessoa construiu daquele local o seu inferno particular.

(23)

02- Que estavam ali um tempão e nada de promoção:

Essas pessoas específicas me deixaram um tanto que assustado já que o tempão que elas falavam eram uns dois anos. Estavam ali a uns dois anos e nada de promoção. Eu não tinha como esperar tanto e confesso que com essa previsão eu fiquei abalado. Mas depois de uns dias conversando com a fiscal de caixa que também estava ali a dois anos pude perceber um dos segredos para ser promovido em qualquer empresa. Nem adianta que não vou falar. Sei muito bem guardar segredos. Brincadeira!

Vai ficar para o próximo capítulo. Melhor! Vou dizer logo agora: regras existem em qualquer empresa e na que eu estava não era diferente. Algumas delas dizia respeito a estar sempre arrumado e para as mulheres, não estar mais atraente do que os produtos.

Ou seja, estar de cabelo preso, um baton não muito chamativo e esmaltes bem sóbrios.

E isso tudo era o oposto de uma das funcionárias que reclamava sobre não ser promovida mas era bem evidente na fiscal de caixa. Regras precisam ser cumpridas.

03- Que o gerente é era um pilantra:

Se ser um cara muito competente, responsável com a loja que lhe foi dada para administrar, ter uma visão bastante agressiva quanto a vendas e batimentos de metas, querer dos seus subordinados a evolução tanto pessoal quanto profissional, estar presente na loja da abertura ao fechamento e, a cima de tudo, estar atento aos que, realmente, queriam alguma coisa para os promover dá a essa pessoa o nome de pilantra então sim, ele era um pilantra.

04- Que aquilo ali era um bico que logo iriam embora:

Até onde sei bico não dura anos. Não iam embora porque só tinham aquilo e não tinham capacidade de sair e nem de crescer.

Esses são os vampiros de energia.

Em todas as empresas eles estão.

Em palestras eles estão aos montes. Se apoderam da mesa do coffee break para questionar os que aproximam deles e tirar o brilho nos olhos que o palestrante está lutando para construir e deixar a pessoa motivada para conquistar o que mais precisa.

Seja a formiguinha surda e continue a subir a montanha de açúcar.

Daí comecei a avaliar cada fala com cada comportamento e com cada atitude não tomada da parte de cada colega de trabalho.

(24)

Capítulo #0014

Se você não entender, não tem como mudar.

_ Eric Evan

Abecedário

Dá sempre para aprender algo todos os dias.

E essa é uma das minhas crenças na vida.

Como já disse a cima, assumi o setor de CD e DVD da loja e como havia visitado uma das filiais em um bairro bem nobre, aproveitei para conhecer o mesmo setor da loja nesse bairro, percebi que poderia implantar mudanças que ajudariam nas vendas e também para uma maior rapidez no atendimento.

Uma dessas mudanças e a mais difícil que senti foi colocar os cd's em ordem alfabética.

Algo que seria maravilhoso para o cliente na hora de procurar e também para mim pois não perderia tanto tempo procurando em meio a uma grande bagunça um cd específico que o cliente estava querendo.

E foi assim a luta por uns dez dias.

Luta essa que eu perdia todos os dias ao retornar pela manhã e ver todo o meu trabalho jogado fora já que o atendente da tarde não se preocupava tanto com o setor e eu, como não tinha nenhum cargo superior ao dele não poderia chamar sua atenção sobre tal assunto.

Mesmo tendo conversado e pedido ajuda, não vi muita eficiência da parte dele para tal.

Então, todas as manhãs era a mesma rotina que começou a me enfraquecer a motivação.

E foi já no limite do cansaço mental que conversando com meu gerente, tive uma aula de cinco segundos que me fez relaxar e entender por que ele era o gerente e eu o atendente.

Do porque a experiência é ressaltada em meio a tanta força, motivação e energia.

Ao conversar com ele sobre essa dificuldade e expor que na outra loja que fui era tudo organizado, o gerente me disse o seguinte:

Tudo tem a ver com o público a organização também depende deles.

Como conseguir colocar em ordem alfabética se o público da nossa loja não tem hábito de leitura e muitos nem alfabetizados são?

Pronto.

Desse dia em diante até procurei manter a ordem alfabética mas não mais para o auxilio principal ao cliente e sim a uma melhor forma de ter mais tempo para cumprir outras tarefas já que a procura de um cd me roubava tempo.

Cinco segundos que iriam me ajudar durante todos os demais anos que estive na empresa.

Tudo tem a ver com o público a organização também depende deles.

(25)

Capítulo #0015

Antes de cada ação, pergunte a si mesmo: Isso não vai me trazer mais problemas? O resultado da minha ação será uma benção ou um fardo?

_ Alfred A. Montapert

Acreditar sempre no que te fez crescer

Eu tenho por base de vida um livro que me ajuda muito e me serve de norte.

A Bíblia.

Não por religião mas por saber que nela há um conteúdo rico para todas as esferas da vida dos seres humanos, assim como outros livros de cunho religioso.

E dentre vários ensinamentos e frases de versículos eu tenho alguns que servem como fundamentos para a minha vida.

Vamos deixar bem claro aqui que não estou tratando de pecar ou não pecar.

De ir ou não ir para o céu.

Se existe ou não existe o céu.

Estou tratando aqui de ensinamentos milenares que foram usados na vida de grandes líderes e que resultou em sucesso ou fracasso na vida dos mesmo.

A obediência a certos conceitos ou a desobediência dos mesmos resultam em conseqüências boas ou ruins.

E um desses fundamentos está no livro de Jeremias capítulo 29, versículo 11: "

Eu bem sei os pensamentos que Tenho de vós, diz o Senhor. Pensamentos de paz e não de mal para voz dar aquilo que deseja o vosso coração"

Bom, claro que devemos estar embasados que o que se deve querer sejam coisas boas e de comum acordo com a vontade de Deus.

Não vamos gastar nosso tempo e energia já criando interpretações ridículas para o texto a cima.

Mas o que importa é que foi com esse texto em minha mente que entrei na empresa e caminhei até o último dia na mesma.

Sabendo que a minha saída foi algo que Deus faria ser bom para mim.

E também era o que , naquele momento, desejava o meu coração.

Se não houvesse verdade em tudo que eu quis, seja ao entrar, seja durante a trajetória, seja na saída, Deus não haveria de liberar o acontecimento.

Sim, eu creio em um Deus que você pode chamar do que quiser.

Mas creio que há pelo universo ensinamentos que advém de homens e mulheres, não apenas dito como santos, mas de homens e mulheres iluminados que têm uma comunicação muito apurada e avançada no que diz respeito a receber indicações para os demais que não as tem.

Por isso leio muito e procuro ter sempre por perto mentores tanto espirituais quanto motivacionais.

Não importa onde está na vida.

Se está começando seu negócio ou se está iniciando em uma empresa.

Se está a anos no mesmo trabalho ou a anos como empreendedor.

Tenha sempre a certeza que os pensamentos Dele para sua vida são de paz e não de mal para ajudá-lo a conquistar aquilo que deseja o vosso coração.

(26)

Eu bem sei os pensamentos que Tenho de vós, diz o Senhor. Pensamentos de paz e não de

mal para voz dar aquilo que deseja o vosso coração"

Capítulo #0016

"Sempre" e "Nunca" são palavras que você deve sempre se lembrar de nunca usar.

_ Wendell Johnson

Quer ganhar mais mas não quer ter mudanças?

Como já disse, lutei bastante para sair do horário da noite e de como aproveitei a chance para ir para o horário da manhã.

Quando fui promovido para a tesouraria, não imaginava que o horário em que eu iria trabalhar seria, novamente, o da noite.

Sim.

Faria o fechamento da loja.

Só que agora era para ser, literalmente, o último a sair junto com o gerente e um segurança.

Dias antes de começar na nova função e aproveitando que estava conversando com o gerente, perguntei se não dava para eu ficar no horário da manhã.

Foi então que tive mais um aprendizado para a vida já que ele me questionou que eu estava querendo tudo.

Além de sair para uma outra oportunidade também queria ficar na zona de conforto do horário da manhã?

Ele falou: Você quer ganhar mais e não quer ir pra noite? Então é melhor ficar na loja mesmo.

Na mesma hora eu interrompi e pedi desculpas.

Vou dizer que foi uma ótima experiência o pouco tempo em que passei na tesouraria da loja.

E o horário da noite não ficou tão ruim assim.

O ruim era mesmo ter que descarregar o caminhão quando eu era da loja.

Mas agora na tesouraria...

Desse dia em diante fui percebendo que quanto mais se ganha numa empresa mais responsabilidades.

E mais tempo dentro da empresa você vai ficando.

(27)

Tolice é achar que vai chegar em um cargo de confiança e vai ter mais tempo livre para curtir a vida.

Todas as pessoas que convivi na empresa com um cargo grande, ficavam mais que doze hora trabalhando e muitos nem tinham tempo de estar com a família.

Vale a pena?

Agora sei que não.

Quanto mais se ganha numa empresa mais responsabilidades.

E mais tempo dentro da empresa você vai ficando

Capítulo #0017

Nem todos os que vagueiam estão perdidos.

_ J. R. R. Tolkien

Déjà vu real

Eu acredito que temos que ficar atentos para as oportunidades que surgem em nossas vidas .

Diariamente elas estão por aí batendo em nossas portas.

E que, se caso não houver uma porta onde está, pegue uma marreta quebre a parede e coloque uma porta.

Vai da pessoa abrir ou virar para o lado e continuar dormindo.

Teve um dia que eu, já na tesouraria, fui chamado pela minha supervisora e informado que teria que ir no DP da empresa para levar algumas documentações.

O DP ficava no Centro do Rio.

O mesmo lugar onde eu havia feito o processo seletivo para entrar na empresa.

Cheguei lá entreguei a documentação e me deu um estalo de que era ali que eu deveria lutar para trabalhar.

Que ali sim, estava as maiores chances e não na loja.

Nesse mesmo dia, vi um senhor de cabelos grisalhos um pouco a cima do peso andando de cabeça baixa muito pensativo passar pelo balcão do RH e se encaminhar para uma grande sala que havia ao fundo.

Estranhei ele estar com dois cadernos universitários debaixo do braço.

Não sabia mas aquele cara ali seria, um dia o meu chefe.

Retornei para a loja que fica na baixada fluminense e depois de alguns meses me deparei com o mesmo senhor.

Agora bem mais magro, mais ainda muito a cima do peso.

E depois desse reencontro, descobri que ele era o Cara.

Era o chefe de tudo aquilo ali.

Era quem mandava.

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