DZU
YU,
OUA LIBERDADE
CHINESAM.ARIA AMELIA MATOS Universidade de São Pøulo
Ao
aceitaro
convite
para da Psicologia, convenci-me sobre as bases behavioristaos rezultados que constituem as bases
do
Behaviorismo;ou
mesmo sem mostrar algu-ma coisa de suã visão e de sua contribuição à Psicologia?E
ao fazê-lo, como evitar o di-dático, ote
um co córdia econceito do
ponto
de vistado
Behaviorismo, espefando deixar claro, ao fazêJo, o que demelhor
o
Behaviorismotem
a oferecer: uma descrição funcional do comportamen'to2.
Cabe aos senhores a tarefa dejulgar
se esta pode ser uma base para a Psicologia.rismo,
onde
"controle"
é axiomático, e cuja tarefa básica é descrever o comportamen'to
e analisar os controles que afetam esse comportamento.Creio
que a expressão chinesaDZU
YU
pode nos ajudar a abordaro
problema de conceituar liberdade.A
proposta é queo
termo
seja avaliado como sendo"o
compor-tamento de tomar decisões"3.lpalestra proferida na mesa redonda "Os Fundamentos Behavioristas da Psicologia", durante o
XIV Colóquio de Filosofia do CLE
-
UNICAMP, novemb¡o de 1984..que falo do ponto de vista do Behaviorismo
Tåi'åh:'!åT'ilä;"#ä3:,å'fi";"IT:,:i
sentùos provôm da literatura típica da Aná-lise Experimental do Comportamento.
3Dxpressão chinesa que mais adequadamente traduz a palawa "libe¡dade", embora, literal-mente, signifique "autod ecisalo ".
F
102
Maria Amëlía Møtosrealmente
é vazio
e
desamparado;o
estudodo
organismo éo
estudo do vocabuláriode
açãodo
organismo(SKINNER,
1938).
Nossa ênfase é sobreo
comportamento enão
sobre
uqu.lt
qrr.
secomporta,
e
nossoinstrumento
é a
análisefuncional,
que temimpllcita
a noção de controle.Volfemos
à proposta de conceituar"liberdade"
como"o
comportamento de tomar decisões".É
ir;levante
setomo
decisões paramim
ou para os outros, Se o eu é o agen'te
da tomada de decisõesou
se ooutto
Iomott as decisões e eu as executo (esta execu-ção também é uma opção entreo
fazer eo
rtamento'
eco'
ào
tal
éum objeto dãestudo próprio
daa
ismo podecon-trolæ
seupróprio
comportamento, comoc
.
--
de outros eco'
mo teria
seu comportamento conirolado pelos outros (eiou pelo ambiente não'social)' Bsteé um ponto
fundamental:a
nalurezado
controle
é a mesma, os procedimentossâ'o os mesmos, não importa
o
agente,importa
o comportamento'Neste
ponto
a Psicólogiateri
duas opções: descreveÍ exaustivamente a estrutura da 'esposta,i.e.,
a
topografit
digamos assim, do ato de'beber
um copo de água"; ouana-lisar
as variáveis responsáveis-pelo beber/não-beber.É
evidente que a análise dessas va-riáveis controladoras é essencialmente um estudo da probabilidade do beber ou nãobe-ber.
Portanto, ao
definir
liberdadecomo
o
compoltamento de tomar
decisões,e
o cornportamenio dedecidir
comoo
de fazer ou nãã-fazer (ou fazer isto ou aquilo),mi'
nha
iarefa
passa a ser, ou a descrição do que as pessoas f-azem, ou a descrição dosfato'
i.,
qu,
afeiam a probabilidade deissas pessoas virem a fazer este algo. Esta segundaal-ternåtiva é uma outra
forura
fazer'E'
ao contrário do que muitos
a
controle'é uma opção teorica que
pas
r o efeitode uma vá¡iável sobre
outra
Behavio-rismo defende arduamente como devendo ser a opç
Quais variáveis afetam a probabilidade de que
e
Po de água o-uaumìnte
o
número de minhas verbalizaçõessobre
va¡iáveis defi-níveisnum contínuo
espaço-temporal, Como otipo
de refeição que acabei de ingerir, a desdeo último
copo de água queingeri'
ael,
o
gosto da água ingerida, oformato
do beber) das pesoas que me rodeiam' etc. u",1i?nllil:3
i,å",jåir':;
i
üìËi
iiSTi;
acessíveis aosoutros
comoo
são a mim. Isto tornadifícil
para osoutlos
o processo dereforçarem diferencíalmente minhas descrições das "causas" de meu comportamento'
Ao ldngo
deminha
evolução, esta dificuldâde pode acab-ar gerando considerávelambi
güidadã
paramim
e para os outros;o
quejustifica
adificuldade
na definição doter-äo,
mas'nãojustificã
a negaçãoda
existênciade
"causas" ligadas a essescomporta-,rr.åto, nem¡Ñifica
sua personificação em um agente elusivo e imaterial.Quando
,ligo
qu.
minhas"t*nçur,
opiniões ou percepções a respeito de um assunto mudìaram? Ora, quando rnuda a probabilidade dequc
eu venha a apresentar este oua-quele comportamento em relação a esses assuntos'
E
necessário acrescentar que essasåudanças ocorrem,
em geral,como
conseqüência de mudanças nas informações quepo.ruo'r
nu, .*p.riênaias
por
que passei, isto é, como conseqüência de minhas ações a'-
7-Dzu
Yu, Ou ø LiberdadeChinesa
103respeito desses assuntos
ou
de assuntos relacionados. Mudam, não porque sejam mu-danças em meus estados mentais, e sim comoprodutos
colaterais de meus comporta-mentgs, produtoS eSSeS qge, Por sga vez, São Outros tantos Comportamentos meuS.O
artista não é maislivre
queo
policial,
apenas as contingências que modelaram o comportamentodo primeiro
são mais idiossincráticase/ou
ambíguas que aquelas que modelaramo
comportamento
do
segundo. Mudamos nossas preferências,i.e.,
deci-dimo-nos, quando mudam
as contingências existentes,não
quando
mudam nossasatitudes. Contingências mudam, quando as regras de reforçamento diferencial mudam. Por sua vez, as regras de reforçamento diferencial mudam, quando:
a
-
mudam as condições de privação do organismo; b-
mudam os estímulos aversivos existentes na situação; c-
mudam os eventos reforçadores disponfveis;d
-
mudam os estímulos discriminativos relacionados às mudanças descritasemb
e c.Skinner
(1953, 7974) identifica
alguns comportamentosque alteram
as contin-gências que afetamo
comportamento de decidir. Sua análise é tão clara que melimito
a transcrever aqui algumas de suas colocações.
"Certo tipo
de 'autodeterminaçÍio' está envolvido,por
exemplo, na decisão dequal
dentre dois cursos de açâ'o deve sersegui-do.
A
tarefa não consiste em simplesme-ntetornar
provávelum
curso de açãoselecio-nado, mas em
decidir uma
questão.Às
vezesum indivíduo
faz
isso manipulando algumas das variáveisdas quais seu
comPortamentoé
função...
Ao
setomar
umadecisão, freqüentemente as
variáveis manipuladas são eventosprivados
dentro
do organismo.E,
comotal,
apresentamum
problemaespecial...
Oproceso
parece ser o mesmo, quer as variáveis sejam públicas, quer sejam privadas"(Skinner,
1953,p.242).
Vejamos, ainda
næ
palavrasdo
autor,
quais são as
contingênciasque
operam no comportamento de tomada de decisão. "Embora as variáveis dos campos de motivaçâ'o e condicionamento sejam usadas ao se tomar uma decisão, elas são menos específicas e,muitas vezes, seu
efeito
é retardado. Para resultados mais diretos recorremos à mani-pulação de estímu1os. Se todos os cursos importantes de ação mostram alguma proba'bilidade
de
emissão antes denos
decidirmosdentre
eles, as técnicas consistem emencontrar
fontes
suplementøresde
probabilidade,
asquais, uma
vez
aplicadas aocomportamento de outros, seriam clasificadas como deixas ou dicas...".
Ao
decidir
entre passar asfériæ
nas montanhasou no
litoral, por
exemplo, pode'mos
esquadrinhar revistas deturismo
efolhetos
de viagens,verificar
para onde estãoindo
nossos amigos equal
a previsãodo
tempo para cada lugar, etc. Este material, seestivermos
com
má
sorte, pode
simplesmentemanter
um
equilíbrio
entreos
dois cursos de ação, maso
mais provável é que nos leve à emergência preponderante deum
deles."Decidir
não é a execuçãodo
ato decidido, maso
comportamento responsávelpor ele" (1953,
p.
2a3).A
manipulaçio
de estímulos discriminativos e a apresentaçãode
fontes
suplementaresde
estimulação sâ'oimportantes
no
processo de tomada de decisão,já
que esses estfmulosdefinem
as condições em que a resposta será emitida. São situações que podemfacilitar ou
inibir
e, assim, afetar a probabilidade de uma de-terminada resposta. Continuando:"O
proceso
de decisão podeterminar
antes que oato
seja executado,isto
é, quandofor
iniciado
algum passo relativamente irrevogável(por
exemplo, podemosdecidir
a
respeito dasférias
fazendoum
pagamento anteci-pado para garantiruma
reserva).Outra
opção é simplesmente anunciar a decisão...A
.F
lO4
Mariø Amélia Matosdecisão também se complcta quando as técnicas começam a ser aplicadas em direção
a uma única
conseqüéncia(por
exemplo, quando jogamosfora
osfolhetos
que des' crevemo litoral
e continuamos a trabalhar para aumentar a probabilidade docompor-tamento de
ir
para as montanhas). Estamos assim nos comportando como se nos tives-se sido recomendadoir
às montanhaspor
razões de saúde e estivéssemos simplesmen'te
acumulando material para selposível cumprir
a ordem (talvez em competição com variáveis aversivas que aumentam a probabilidade deficar
em casa ou deir
paraoutro
lugar)"
(1953,
p.
2aÐ.
Estasúltimas
contingências seriam maista¡de
denominadas"comprometimento"
(RACHLIN,
I 974).Todas essas contingências
tém um
mesmoefeito:
mudam a probabilidade deoco¡'
rênciade
eventos aversivose
de
eventos reforçadores, eisto,
provavelmente, explica¡ão
sóo
porquê clestaou
daquela decisão, mas, também,o
porquêdo "decidir".
Em outras palavras;upar
o
espaço comportamental;to
será positivamente reforçado; alternativas aumenta a probabili-dade de que o comportamento decidido obtenha o máximo de reforçamento'Contudo,
por
quedecidir
étão
difícil?
A
resposta provável nos é dada na mesma obra.Porque o decidir se
constitui,
como vimos, numa série de ações das quais só aúltima
garante
o
reforçamento.Portanto, a
resposta queinicia um
processo de decisão estámuito
afastadado
evento reforçador.A
conexão entre as respostas iniciais e este even'to
é obscura.Decidir
ir
à praia, por exemplo, significa ter decidido sobre roupas, sobre a forma de transporte, sobre otipo
dc alojamento, sobre os custos envolvidos, etc. Este atrasona
ocorrôuciado
eventoreforçador
é um
parâmetroque
diminui
aforça
e at
(liberdade como
ter
acesso a informações sobre æc
adigmática da análisefuncional
proposta peloBeha-v
danças na probabilidade do comportamento e descri-ção das variáveis das quais essas mudanças são função (mais tarde veremos uma análise experimental dcssas contingências).Uma análise das propriedades funcionais
do decidir
é,portanto,
basicamente, uma análise das relaçõesentre
o
comportamentode decidir
e
as coe subseqüentes ao
decidir;
e, nesse sentido, uma descrição complem que o
organismo toma uma decisão é fundamental: quando ções o-
faz, sob que regras o faz e em relação a qué'É
importante
lembrar
que, no
processode
seleçãoentre dois
comportamentos alternativos, embora as contingências que controlam a probabilidade dessas alternativas sejam basicamente pessoaisou
internas em sua origem, questões metafísicaspertinen-tei
à naturezado
self não necessitam se¡ consideradas aqui. As contingências determi-narãoo
que está selecionado, não o eu. Não há modo algum de se provarcmpiricamen-te
queo eu élivre
ou
decide, sem fazer menção ao comportamentoobservado(assimcomo
também
nãoé
possíveldemonstrar
quetodo
comportamento
é
determinado todoo
tempo; o controle também éum
axioma do Behaviorismo)'Dzu
Yu, Ou a LiberdødeChtnesø
105Abrimos um
parêntese aqui para dcfinirmos alguns termos e descreveremos algumas estratégias de queo
Behaviorismo Radical seutiliza
para testar as relações entreeven-tos
ambientaise
eventos comportamentais(e
quc provavelmente explicam os nomes "behaviorista" ou"teórico
doreforço",
que ele recebe):Respostas: aspectos do comportamento do organismo.
Operantes'. classes de respostas identificadas cm tcrmos de seu
efeito
ambiental comum. Conseqüêncits: respostaspodem
ter
conseqüências,e
estas conseqüências podem causaro
aumento (conseqüênciasreþrçadoras)
ou
a diminuição (conseqüências puni-fiuas) das rcspostas subsec¡üentes dessa mesma classe.Antecedentes: algumas respostas
têm
certas conseqüências, quando estÍio sob certas ci¡cunstâncias, e outras consec¡üências, quando cstão sob outras circunstâncias.Quan-do
a mera mudança dessas circunstâncias altcra a probabilidade da resposta, d2emos que essa resposta é parte de vm operante discriminado, e as circunstâncias alteradas sãochamadas est ímub s discriminsttv o s .
Repetimos agora, enr termos técnicos,
o
quejá
dissemos antes: a análise funcionaldo
comportamento se assenta sobre a análise das inter-relações entre esses três termos:operantes,
conseqüências,e
estíurulos discriminativos
(CATANIA,
1980).
De
quemodo
o
behavioristaradical
executa essa análisepode
servisto
através da descrição de algumas estratégias que emprega(CATANIA,
1973):-
Variar a relação da resposta com o estímulo conseqüente(R-SC).
-
Variar
o
efeito
da resposta,ou
seja, variar a naturezado
estímulo conseqÛente(ou
variar algumas de suas propriedadcs, çolno quantidade, duraçâ'o, atraso,etc').
-
Varia¡
a
relaçãodo
estímulo discrilninativo com
a contingência(R-SC),
ou
seja,sA-(R-sc).
-Variaranaturczado
estírnulo discriminativo (ou variar algumas de suas propriedades, como intensidade, duração, etc.).-
Yariar
a naturezada
resposta(ou tle
alguntas de suas propriedades, como força, du-ração, etc.).Estas estratégias sã'o expressões conlportamentais daquilo que Michael (1977) deno-minou princípios de atuação
ou
"rnodo devida"
do behaviorista radical:1.o)
A
não-aceitação da concepçâodo
honlem comoum
se¡ autônomo capazdelivre
escolha. Para o behaviorista, não existem agentes autônomos capazes de interromper acontinuidade das
experiências comportamentaise,
num dado momento, introduzir
uma descontinuidade no tempo e no curso da história.2.o)
A
preferéncia, ao mudar o conìportamento, em |a'zê-lo através da manipulação de contingências ambientais,ao
invés de fazê-lo através de mudanças nos sentimentos enos
estados mentais(por
exemplo, ao invés de analisar afalta
de interesse que oses-tudantes
têm
em relação à escola, analisar contingências que produzem oenvolvimen-to
ou não de alunos com a escola).3.o)
(Menosimportante
para nossa discussão nessemomento)
A
aceitaçãodo
valorde
sobrevivênciacultural como
urnvalor
lundamental na análisedo
comportamento. Estesprincípios,
quejá
se achavan.r evidentes emuma
das obras de Skinner, dasmais
incompreendidase
criticadas pelos seus seguidores à épocade
sua publicação106
María Amélia Matos(Ciênciø
e
Qtrnportamento
Humnrn),
e que
foram
retomados emoutra
obra,
tarn-bém
das nrais criticadas, desta vezpelo
público
em geral(Alëm
do
Liberdadee
daDignídade),
perrnitern entenderpor
que Eldestein(1977)
refere-scao
BehaviorismoRadical corno sendo
não
aperrasfìlosofia da
ciência para psicólogos, mas tambémum
conjunto de
conrportarnentosque
penet¡ame
perrncianrcada
aspectodc
sua vida.E,xarrrincrlos agor¿r corno alguns dados obtidos cln estudos de
controlc
dc estínlulos e em estudosdc
dcscnrpcnho crn esquenìas corrcorrentes podcrn auxiliar rrossa discus-são sobrc libcrdatlc.Qualcluer situaçao,
por
rnais complexa que seja, pode ser descrita basicamente atra-vés de cluas alternativas comportamentais (fazerou não
fazer) c duas alternativas am-bientais(por
excrrplo,
ir
à praiaou
ir
às montanhas). Aplicando as estratégias básicas dcscritas a essa matriz, tenros delineado urnprojeto
de pesquisa para o cstudodo
"esta-clo deliberdade"
ou "comportamento de tonlardecisões".
frstc projeto poderia scras-sim
rcsuntido:o
prog,ranra de t¡abalho cla Análise Expcrimetrtal do Cornportamcnto écxaminar
as relaçõcscntre
operaçõesexperinentais
e mudaltças nir probabiliclade da rcsposta.Se aprescntanrìos r.llrì
tom,
diganros,de
1.000 cps a um ponrbo,iluralrtc
urrt ccrtotcnrpo,
c
rc'ltrrçarnroso
animal a bicar
um
disco depliistico
<Jurantc a apresentação clcssctorn,
verif-icarcrnos c¡ue, mais tarde, quando apresentarmos tons das nlais difcren-tcs alturas, cste pombo resporrtlcrá iguahnente na presença de todos clcs. Sc accitarnìos cluelcspontlel
nrais na prcsençadc
unrestímulo do quc
na pl'cscnça <jc outros indica"prcf-crdncia" por
esscestímulo,
cutâio podernosdizcr ilue
o
pombo
"rrâ'o tenr prefe-róncias"ou
"lrão
sc decitliu
ace¡cadc
qualquer dastonalidadcs
aprescntadas".Ao
al-tcrrnrros
ahistórir
passatla rlcsse arrinrirl,contudo,
produzirenros urna preferôtrcia porcertos
tors.
Orr scja, sc rctìrr'çarnroso
conrportarncntodo
animalla
l)rescrÌça de umtonl ric
1.000 cpsc
rrãoo
rclbrçrrr.nros durantc o silôncio ou nãoo
rclorçarrnos na prc-serrçatle
urrroutro
torn,
tligarnos3.500
cps, vcrificarcmos que, agora, ao apresentar-nlos os vários tons, cl aninral"preferili"
aquclede
1.000 cps. Um estudo conro esscfoi
rcaliz.aclopol
Jcnkirrs eIlarrisolr
orn 1959. Usalclo um procedimerrto semelhantc,Gut-tlnan
c
Kalish ( 1956) cstabcleccranì "prel-cróncias" pclas mais variadas corcs enl porn-bos.Na verclaclc, o
próprio
rnodo de apresentar as eluas cores dur¿urte otrcino
tlerclorça-mento/não
rcforçanrento afèta tanlbém a"preferôncia" do
animal. Assim, se, dulanteo trcino,
aprcscntarmos duas ooreslado
alado,
isto é, simultaneatnente,de
tal forrna quebicando
rlunracor, por
exernplt>o
amarclo, <¡.ar.rirnal scja rcl'orçado e bicando naoutra cor,
por
cxemploo
verde, ele ¡rão scja reforçado, durante os testes com todas ascorcs, clc aprcscrrtará os patlrõcs de dcscntpcnho
já
descritos, isto é, "prct-crôrrcia" pelo amarclrr. Prrrénl, sc durantc o treino apresen tarrnos as duas cores s¿¿cassiv(¿nletúe , nvmaordcln
alcatória, tlurantc o tcste conr todas as oores obteremos uura preferóncia não¡rc-lo
anrarclo, niaspelo
laranjaou
pelo verrnellto, que saio cores, rìo spectn¿m,lnais dis-tantcs do verclc do tlue o anrarckl. Este cstutlofbi
feito por
Iltlnig
crn
1982.O
rnr¡do pelcl clual reforçamos as respostas clo a:rimal durantco
treino
prclinrinartanlbónl
cstabelcce preferências. Assinr, se ref'orçarmos dois ¿ui-rnais, trtio a cada-Dzu
Yu, Ou a LiberdadeChinesa
lO7ta,
mas sim a intervalos variáveis apresentados aleatoriamente, detal
modo que uma-nimal
seja reforçado mais freqüentemente que ooutro,
oprimeiro
animal demonstraráuma
preferência maisnítida
pelacor
presenteno treino
préviodo
queo
animalme-nos
freqüentementereforçado
(HABER
e KALISH,
1963).
Por outro
lado,
refor-çarmos a intervalos va¡iáveis dois animais, na presença de um estímulo, usando ames-ma
freqüência médiade
reforçamentos, mas segundo regras diferentes, estes animaisexibirão
suas preferências demodo
diferente durante os testes posteriores (HEARST, KORESKO e POPPEN, 1964).Nos estudos que acabamos de ver, o animal emite ou não uma resposta diante de
di
ferentes situações,isto é,
"escolhe"
fazerou
não fazer,"decide"
entre fazer algo na presença deum estímulo
e não fazê-loou
fazêlo
menos freqüentemente na presença deoutro
estímulo. Uma outra
situação pode ser descrita, na qual varia-se também o queo
animal"decide"
fazer. Em outras palavras, o animal pode trabalhar nomanipu-lando
da direita ou da esquerda, na frente ou no fundo do espaço experimental, oupo-de trabalhar
por
peça(rnão), ou
aindapor
perfodo
de tempo(intervalo), etc.
Se asduæ
alternativas estão disponíveis ao mesmo tempo e se as conseqüências ligadas a ca-da uma são independentes entre si, dizemos que o animal está trabalhando num esque-ma concorrente(CATANIA,
1966).Tipicamente,
um
pombo privado de comida bica uma de duas chaves elétricas, co-locadas, respectivamente, à esquerda e à direita, no anrbiente experimental. Bicando na chaveda
esquerda(Be)
ele recebe reforçadores,por
exemplo,
a iutervalos variáveis,com uma
médiax, o
mesmo ocorrendo em relação à chave dadireita (Bd),
sendo as duas contingúncias de reforçamento independentes e simultâneas. É evidcnte que pode-mosfizcr
variaro
valor médiodo
intervalo de liberaçâ'o de reforços, tornando-o igual ou difcrente nas duas chaves.Estudos mostram que
o
número de reforços na chave da esquerda (NRe) é igual aonúme¡o de reforços na chavc da
direita (NRd).
O animal apresentaurna lreqüênciadc Be aproximadamente igual aBd;quando
o animal recebe, proporcionalmente, mais re-forços numa chave, tambénì apresenta, proporcionalmente, mais respostas nac¡uela cha-ve.Ou
seja,a
"escolha"ou
"decisão"
do
animal sobre o que fazer depende das conse-qüências vinculadas a cada uma das alternativas. Esta relação étlo
constaute quefoi
expressa
(HERRNSTEIN,
1970) numa fórmula: NRe(l)
Be
+Bd
NRe
+
NRdAnteriormente, vimos que, dependendo da experiência prévia com as contingôncias reforçadoras associadas a
um ou
outro
estímulo,
o animal"decidia"
trabalhar ou não, na presença dcsses estírnulos.O
mesmo acontece na situação que estamos analisando.No
cntanto, a
estratégiaexperimental em
vigor
nos permite outras
manipulações, bem cc¡mo previsões mais precisas. Nos estudos anteriores, o animal tem dois graus de liberdade (responder e não responder); na situação que acabamos de descrever, elc tem três graus de liberdade (responder na chave da direita, responder na chave da esquerdae
não
responder). Nestaúltima
situação,portanto,
temosum maior controle
experi-BeF
IO8
lvlsria Amëlia Mutosmental sobre o repcrtório do organismo: na primeira situação, regístramos uma resposta
e
consideramostodos
os
outros
colnportamentos que venhama
seremitidos
(n-l)
como não respostas; na scgunda situaçã'o, registramos duas respostas e considcramos asdemais
(n-2)
como
nlo-rcspostas.Alóm
disso,medindo Be
e
Bd, podcmos rnedir asinterações
ent¡e
ambas. Estejogo
de interações é uma medida ext¡ernarncntc precisa do comportamento de "escolha"(RACHLIN,
1974).Enquanto
esta ó verdadeiramente uma situação de escolha, podemos irnaginar que algumas pessoas tenham dúvidas sobre a situaçãoanterior:
a prefcrência é por este oupor
aquele estílnulo? Ora, trata-se, afinal de contas, apenas de responder mais oures-ponder menos na preseuça de diferentes estímulos e isto não pode reahnentc ser consi-derado
uma
preferênciaou
escolha. Nossa posiçãoé
a de
que as duas situaçõcs sãofuncionalmcnte
equivalentes. E,scolhera
barra
da direita
ou
da
csquerda significa responderna
barrada direita
ou
na
barrada
esquerda; ora, estes nranipulandos sãosituações diferentcs,
ou
rnelhor, são estínrulos dife¡entes. Portauto, o animal respondeou
nâ'o na situação-estírnulo"barra
esquerda" e responde ou não na situação+stínrulo"barra direita". Isto é
funcionalmente ecluivalentea
respondcrou
nÍo
a difèrentes corcs, sons,etc.
Contudo,o
refinamento no procedimento de escolha e decisâo, repre-scntado pelas contingôncias adicionais existentes num esquema concorrente, é cxtre-mamentc inrportantc,já
quenosa
análise agora nãoincide,
aperìas, sobre a probabili-dadedc
uma
respostatendo
em vista urnahistória
passada de reforçamento. Lrcide, agora,sobre
a
probabilidade
desta respostatendo em vista
suahistôria
passada dereforçanrento e a
lristória
passada de reforçamento associada a out¡as classes possíveisdc
opclantcs
(enr
tcsc
isso tanrbérné
verdadena
situaçãode
contrt-¡le de estímulo, mas nâ:o silnultancamcnte, e a diferença éirnportantc
se estamos tclltalrdo escaparde unla anáÌiscS-lì
na dilcre nça dc uura abordagcm sistêmica do cornporttrnento).Ao
cl iscutirnlos algunras estratógias posslveis na análise experimental clocornporta-mcnto,
disscmosquc,
alénrtlc
variar
a
freqüênciada
operaçãode
reforçamento, podcríanrosvariar
taurbónr a lrragnitude clo reforçador(MR),
expressa por exemplo em grarnas de oonrid¿, cmrnilímctros
cúbicos de lí<¡uido e até emtcmpo
de acesso a u1n vasilharnc do conridaou
ig-ua; ou poderíamos alterar o intervalo de atraso na liberaçãodo
rclbrçador em relação à ocorr'ôncia da resposta(DR),
etc-A
relação expressa na fór-rnula(l)
se rnantém em qualquer desscs casos e marìtém-se tambérn quando combina-lnos as diferc¡.rtes variações que podemocorrer
comoo
evento reforçador. Em outras palavras, podernos prevero
quc
um
animal prefirirá: dois
reforçospor
minuto
de 4 granlas cadaunl
ou
5
reforçospor
minuto
de 2,5 gramas cadauma.
Basta consultara
fórrnula
(l).
Alguns estudos tentaram rcsponder a questões semelhantes ao investi-garemos
efeitos conjuntos
de
variaçõesna
nragnitudc
e
no
atrasodo
reforçador(BAUM
e RACHLIN,
1969;RACHLIN e
HERRNSTEIN, 1969).
Esses estudos po' dem ser melhor compreendidos consultando-se a Figural.
4lncidental¡nentc, a prcvisao é a dc t¡uc cle prctÞrirú a alternativa "cinco rcforçado¡es dc 2,5 granras catla
unl"
na ¡rroporção tlc 2:1, cnr rclaçaio à altcrnativa "dois rotbrçadores do 4,0 gramascacla unr "
'--Esc
Dzu
Yu, Ou sLiberdule Chinesa
1090,1s
R2.
4sR¿,
Figura
I -
Esquema concorrentecom
atrasos e magnitudes de reforçadores, dife-rentes Para cada comPonente'Nesta fìgura, a magnitude do reforçador é medida em tempo de acesso à comida. Ao
bicar
uma-.huu.
u.rd. (vd),
um pombo tem
acesso amilho
porquatro
segundos, po-rém deve esperarquatrò
segundos antes que isso aconteça; ao bicar uma chave verme-lha(Vm),
oinmaf
tem aceJso à comidapor
apenas dois segundos, mas o temimediata--.nì.
upOro bicar.
Consultando afórmula
(1)
e adaptando-a à presente situação'te-mos:Bvm MRvm
X l/DRvm
(2)
pv¡n
* Bvd
(MRvmX l/DRvm)
o/o
(MRvdX
liDRvd)
substituindo os valores respectivos de magnitude e atraso no reforçador, na
fórmula
a-cima, temos:Bvm
2X
llÙ,l
: 0,e5
(3)
20Bvm
* Bvd
(2 X
l/0,1)
+
(4x
rl4)
20
+ |
A
probabilidade do animalpreferir
a chave vermelha é de 0,95, ou seja, ele"preferi-rá"
maciçamente trabalharnaìituaçío
em que recebe reforçadores imediatos, mesmo11O
Maria Amélia Mstose urn
sistemahistórico
onde a
probabilidadede uma
respostanum
dado momento depende da probabilidade de outras respostas em outros momentos.Para entcndcr
o quc
dissemos, será necessário recorrer à Figura 2 que rcpresenta o procedimentoutilizado
por Rachlin e Green(1972).
Esc.
I
At
0,1s
R4, R4, R2*
Figura
2
-
Esquema concorrente com atraso e magnitudes de ref-orçadores diferen-tes, após compronrctimentos diferentes.O
ladodireito
inferior
da Figura 2 d semelhante à FiguraI
e reflete um aspecto do prcscntc experirnento c¡ue replicao
es[udoauterio¡. O
lado ex¡uerdoinferior
retratauma
situaçãoeln
que não há opçõcs: a única possível é exatanìcnte aquela que,con-forrrlc ficou
dcmonstrado ¡.to cstudoantcrior,
não cra a altcntativapreferidado
animal.Contudo,
a
situaçäocxpcrintcntaÌ
rc¡rrcsentada na Figura2
apresenta ainda umaou-tra
exigôrrcìa rcprcscrttada ¡rcla partc superior da Figura: o aniural deve bicar 25 vezes,lla
çhavc dadircita
ou
da esquertla; ern seguida, a caixa expcrimental é escurecida por urnperíodo
dc
tcmpo
At. lsto
ocorre antcs da aprcsctrtação das chaves verde e verme-lha. Sc a vigésirnaquinta
respostativcr
ocorrido na chave da esquerda, urna luz verde seaccncle e,
quatto
segurtclos após,o
aninral tem acesso ao ref-orçador durante quatrose-gundos.
Sc
a vigésimaquinta
respostafoi
na chave dadireita,
o
animal se defrontará com as duas luzes, verde e verntelha, com as contingénciasjá conhecidas.Instintivamente
poderíarrìos pensar queo
animalpreferiria
responder na chave dadireita,
a qual lhe dá acesso aoptâÌ
pela chave vermelha, sua preferida. Rachlin e Green variaralno
intervaloAt
de
l6
a0,5
scgurrdos e verifìcaranì que, com intcrvalos maio-res(At
)
8)
o
animal preferc a clìave da esquerda; com intcrvalos menores(At
<
2) o ani¡nal prcfere a clìave da direita.Isto
signitìcaquc,
quandoo
atrasomáximo
é
urna escolhaentre
(16
+
a)
e(te
+
0,1) ou umaescolhaentre(8
I
4)
e(8
+
0,1),o
animal prefere achave daes-querda (atrasototal
ntáximo de 20 segunclos paraAt
:
l6
segundos, e de 8,1 segun-dos paraAt
:
8
segundos, alrtboscom
acesso ao reforçador durante4
segundos). Po-rénr, quandoo
atrasototal
rnáximoimplica
urna opçãocntre(2
+
4)e(2
*
O,l)ou
ulna escolha entre(0,5
+
4)
e(0,S +
0,1), o animal prefere,primeiro,
a chave dadi-rcita
e,
posteriormente, a chave vermelha (atrasototal
máximo
de 2,1 segundos paraAt
:
2 ou 0,6
segundos paraAt
:
0,5
segundos, amboscom
ace$so ao reforçadorI I ¡
lo,
At -I I I I I I 4s_.,t-Dztt
Yu, Ou a LiberdatleCldnesa
I I l du¡ante2
seg). Quando a clifcrcnça tras cotrtingónciasdc
atlasoc
pcqucna em relaçuo às durações totaisdc
atraso clisponívcis(3,9
ent 20e
l6
scgundos; ou 3,9 entl2
c 8,1scgundos rcspcctivarnente
para
At
igual
a
16e a 8
scgundos),o
arrirnaltìcará
sobcont¡olc
da intcração das duas variávcis existentes: atraso c nragnituric.A
conclusão?Ora,
conceitoscomo
"cscollta",
"decisâ'o"ou "libcldadc"
não sãoprocessos lncntais
ou
faculdadcs, e sirn urnafo¡ma dc
plocessanlcntotlc
nredidas fci-tas apartir
da obscrvação do conrportanrento. Pa¡a o behaviorista ladical, cssescor.rcci-tos
nãotôm
uma cxistônciacm
sic
nem pcrtencem a uma catcgoria cspcciaI dc com-portatnento, são apcnas cornportalnentos analisadosno contexto
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