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Biblioteca Digital do IPG: Relatório de Estágio Curricular – Creche Santa Luzia (Guarda)

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Academic year: 2021

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IREI

daiGuarda

Polytechnic oF Guarda

RELATÓRIO DE ESTÁGIO

Licenciatura em Animação Sociocultural

Ana Raquel Almeida Ramalho

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Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto

Instituto Politécnico da Guarda

Relatório de Estágio

Licenciatura de Animação Sociocultural Ana Raquel Almeida Ramalho

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Relatório de Estágio

Ana Raquel Almeida Ramalho

Relatório para obtenção do grau de licenciada em Animação Sociocultural Creche Santa Luzia

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Ficha de Identificação

Nome da aluna: Ana Raquel Almeida Ramalho

Nº de aluno: 5007725

Docente Orientadora: Mestre Simone Dos Prazeres

Identidade Acolhedora: Creche Santa Luzia

Endereço: Rua 31 de janeiro, nº 54, 6300-769 Guarda. Telefone: 271211555

Supervisor da Entidade: Dulce Santos

Grau Académico da Supervisora: Licenciatura

Período de estágio: 3 meses

 1 julho 2015 a 31 outubro 2015

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Agradecimentos

Agradeço a todos os docentes que de uma forma direta ou indireta me ajudaram e apoiaram ao longo deste percurso académico que contou com muitas emoções.

Agradeço ao Instituto Politécnico da Guarda (IPG), em especial à Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto (ESECD), e a todos os seus docentes pelos ensinamentos me que transmitiram ao longo destes três anos cheios de aprendizagens, lutas, conquistas, angústias e alegrias.

À Professora e Mestre Simone dos Prazeres, minha orientadora de estágio, o meu bem-haja por toda a dedicação, carinho, disponibilidade e apoio ao longo destes três anos e especialmente, no percurso de estágio curricular e na elaboração do presente relatório.

A toda a equipa da Creche Santa Luzia, o meu muito obrigada pelo acolhimento, pelos conselhos e pela ajuda que me proporcionaram ao longo destes três meses de estágio.

Aos meus pais e irmã um agradecimento especial pelo incentivo, carinho, amor e apoio nesta fase tão importante.

Ao Ricardo Guerra, que desde início sempre me acompanhou e caminhou lado a lado comigo, por ter sido um grande pilar para mim e não me deixar desistir, por me apoiar quando eu mais precisei, por toda a confiança, carinho, paciência, amizade e amor ao logo destes três anos.

O meu muito obrigada também às minhas colegas de turma, que me acompanharam e apoiaram tanto nos momentos bons como nos menos bons desta fase, em especial à Dora Tiago e à Vânia Lopes, pela sua amizade, carinho, apoio e paciência ao longo dos três anos.

A todos aqueles que, embora não tenha mencionado, contribuíram de alguma forma para mais esta etapa da minha vida.

Agradeço o tempo e o sorriso que me dedicaram, o amor, a alegria e atenção sem reservas, as euforias e desagrados que me aturaram e, sobretudo, por serem portos de abrigo nas alturas em que quis desistir nos momentos em que tudo pareciam barreiras.

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v

Resumo

O presente relatório tem como finalidade a descrição reflexiva, das atividades que foram realizadas ao longo de três meses de estágio na Creche Santa Luzia, no âmbito do estágio curricular integrado na licenciatura em Animação Sociocultural da ESECD, do Instituto Politécnico da Guarda.

Neste relatório irei descrever todas as atividades socioculturais, em concordância com as atividades que a instituição já praticava.

O estágio decorreu na Creche Santa Luzia, a instituição que me acolheu e me permitiu a realização do estágio, o qual foi realizado com crianças de várias faixas etárias, desde o berçário (0 meses), passando pela sala de um ano e a sala dos dois anos.

Teve como objetivos principais criar ligações de empatia entre os elementos do grupo, promover a participação da criança em grupo, valorizar a autoestima, e a participação de cada criança. No percurso do estágio realizei essencialmente atividades adequadas às salas de cada valência.

Com a realização deste estágio conclui que a minha vocação e a escolha deste curso foi a mais correta pois adequei-me muito facilmente as tarefas que me foram exigidas e tive oportunidade de realizar as minhas próprias tarefas, estas iram ser descritas no decorrer do relatório.

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vi

Abstract

This report aims to reflexively describe the activities that were carried out over three months internship in Creche Santa Luzia, in the integrated internship at degree in Sociocultural Animation School of Education, Communication and Sport, the Institute Polytechnic Guard (IPG). This report will describe all socio-cultural activities at all levels, in accordance with the activities that the institution already contained. The stage took place in the nursery Santa Luzia, the institution that welcomed me and allowed me the traineeship. This was done with children of various age groups.

This stage had as main objectives to empathize links between the group members, promote the participation of children in the group, enhance self-esteem and participation of each child. In stage of the route resorted essentially a set of appropriate activities valences of each room. With a project of this type of conclusion, which aims to the selection of this course is faster and easier than the tasks that I was required and the opportunities to accomplish my tasks.

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Índice

Ficha de Identificação ... iii

Agradecimentos ...iv

Resumo ... v

Abstract ...vi

Introdução ... 1

Capítulo I - Contextualização Teórica ... 2

1.1. A Animação Sociocultural ... 3

1.2. A Animação Sociocultural na atualidade ... 5

1.2.1. Modalidades da Animação Sociocultural ... 6

1.3. Animação Sociocultural na Infância ... 10

1.4. O Animador Sociocultural e o Educador Social ... 11

1.5. O Perfil do Animador Sociocultural ... 13

1.6. Competências/ Caraterísticas do Animador Sociocultural ... 14

Capítulo II- Enquadramento Geográfico da Instituição ... 17

2.1. Enquadramento Geográfico ... 18

2.2. Caracterização da instituição ... 18

2.2.1. Recursos Materiais do A.T.L ... 19

2.2.2. Descrição das instalações-Recursos Materiais do A.T.L ... 19

2.2.3. Recursos humanos do A.T.L ... 21

2.2.4. Recursos Materiais do Jardim-de-Infância ... 21

2.2.5. Descrição das instalações- Recursos Materiais do Jardim-de-Infância ... 22

2.2.6. Recursos Humanos do jardim-de-infância ... 23

2.2.7. Recursos Materiais da creche ... 23

2.2.8. Descrição das instalações-Recursos Materiais da creche ... 24

2.2.9. Recursos Humanos da creche ... 26

2.3. Caracterização do público-alvo da creche ... 26

Capítulo III – Estágio Curricular ... 29

3.1. Plano de atividades ... 31

3.2. Objetivos ... 31

3.3. Metodologias de intervenção ... 32

3.3.1. Expressão plástica ... 33

3.3.2. Expressão plástica na infância ... 33

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viii

3.4.1. Manipulação da massa pão ... 36

3.4.2. Desenho de regresso à creche ... 37

3.4.3. Decoração do painel de outono... 38

3.4.4. Construção de uma borboleta ... 40

3.4.5. Construção de uma tartaruga ... 41

3.4.6. Criação de uma maraca ... 42

3.4.7. Criação de uma borboleta ... 43

3.4.8. Pintura de um desenho ... 44

3.4.9. Criação de uma abobora de Halloween ... 45

3.4.10. Pintura de um desenho ... 46

3.4.11. Pintura borrada ... 47

3.4.12. Bolo de chocolate ... 48

3.4.13. Moldes com massa pão ... 49

3.4.14. Atividade sobre a cor amarela ... 51

3.4.15. Atividade sobre a cor azul ... 52

3.4.16. Carimbagem com frutos ... 53

3.4.17. Criação de um cacho de uva ... 54

3.4.18. Leitura de um livro e criação de folhas de Outono ... 56

Reflexão crítica ... 58

Bibliografia ... 59

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Índice de Imagens

Imagem 1: (A) - Mapa do distrito da Guarda; (B) -Municípios do distrito da Guarda ... 18

Imagem 2: (A) Sala do 1º ano; (B) Sala do 2º ano ... 20

Imagem 3: (A) Sala do 3º ano; (B) Sala do 4º ano ... 20

Imagem 4: (A) Campo de futebol; (B) Refeitório do A.T.L... 21

Imagem 5:Refeitório do jardim-de-infância ... 22

Imagem 6: (A) Sala dos periquitos; (B) Casinha das bonecas da sala dos periquitos ... 22

Imagem 7: (A) Ginásio/ Dormitório; (B) Parque exterior ... 23

Imagem 8: (A) - Sala das Borboletas; (B) - Sala dos Gatinhos ... 24

Imagem 9: (A) - Berçário; (B) - Dormitório do berçário ... 25

Imagem 10: (A) - Casinha das bonecas; (B) - Salão ... 25

Imagem 11: Atividade no Berçário ... 37

Imagem 12: Pintura de um desenho alusivo ao regresso à creche ... 38

Imagem 13: Painel de Outono ... 39

Imagem 14: Construção de uma borboleta ... 40

Imagem 15: Construção de uma tartaruga ... 42

Imagem 16: Construção de uma maraca ... 43

Imagem 17: Construção de uma borboleta ... 44

Imagem 18: Pintura de um desenho ... 45

Imagem 19: Criação de uma abóbora de Halloween ... 46

Imagem 20: Pintura de um desenho de Halloween ... 47

Imagem 21: Pintura Borrada ... 48

Imagem 22: Bolo de chocolate ... 49

Imagem 23: Moldes com massa pão ... 51

Imagem 24: Atividade sobre a cor amarela ... 52

Imagem 25:Atividade sobre a cor azul ... 53

Imagem 26: Atividade de carimbagem ... 54

Imagem 27: Criação de um cacho de uva... 55

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Índice de tabelas

Tabela 1: Planificação da Atividade do dia 21-7-2015 ... 36

Tabela 2: Planificação da atividade do dia 16-9-2015 ... 37

Tabela 3: Planificação da atividade do dia 22-9-2015 ... 38

Tabela 4: Planificação da atividade do dia 24-9-2015 ... 40

Tabela 5: Planificação da atividade do dia 29-9-2015 ... 41

Tabela 6: Planificação da atividade do dia 1-10-2015 ... 42

Tabela 7: Planificação da atividade do dia 19-10-2015 ... 43

Tabela 8: Planificação da atividade do dia 21-10-2015 ... 44

Tabela 9: Planificação da atividade do dia 27-10-2015 ... 45

Tabela 10: Planificação da atividade do dia 28-10-2015 ... 46

Tabela 11: Planificação da atividade do dia 29-10-2015 ... 47

Tabela 12: Planificação da atividade do dia 31-7-2015 ... 48

Tabela 13: Planificação da Atividade do dia 29-7-2015 ... 49

Tabela 14: Planificação da atividade do dia 25-9-2015 ... 51

Tabela 15: Planificação da atividade do dia 25-9-2015 ... 52

Tabela 16: Planificação da atividade do dia 12-10-2015 ... 53

Tabela 17: Planificação da atividade do dia 13-10-2015 ... 54

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Glossário de Siglas

APES - Associação Promotora da Educação Social ASC - Animação Sociocultural

A.T.L. - Atividades de Tempos Livres

ESECD - Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto INE - Instituto Nacional de Estatística

IPG - Instituto Politécnico da Guarda RAE - Revista de Animação e Educação

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Introdução

O presente relatório tem como finalidade apresentar e descrever e sobre as atividades realizadas no estágio curricular realizado na instituição Creche Santa Luzia.

O estágio é a parte integrante na licenciatura do curso de Animação Sociocultural (ASC) da Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto (ESECD) do Instituto Politécnico da Guarda (IPG). No estágio foram desenvolvidas atividades socioculturais de caráter não formal, em concordância com as atividades compreendidas de caráter formal que a instituição já desenvolve. Após a seleção do local onde iria realizar o meu estágio, optei por uma instituição composta por uma valência, mas com várias faixas etárias o que me possibilitaria passar por várias experiências profissionais e, assim, poder desenvolver a minha formação como futura profissional da animação.

O estágio teve a duração de três meses tendo, em conta, que a instituição encerra na última quinzena do mês de agosto, tendo início a 1 de julho de 2015 e términus a 31 de outubro de 2015.

O estágio desenvolveu-se a partir de diversos tipos de atividades, das quais se destacam: atividades cognitivas, atividades de expressão plástica e atividades lúdicas.

Todas estas atividades têm vários objetivos tanto gerais como específicos. De acordo com os objetivos gerais que englobam todo o trabalho que realizei ao longo deste período, podemos mencionar o estímulo da imaginação e da criatividade. Com estas atividades pretende-se uma boa qualidade de vida e o bem-estar de todas as crianças.

O objetivo da realização deste documento é expor as atividades desenvolvidas ao longo do estágio. Este está composto por três capítulos. O primeiro está subdividido por três subcapítulos onde apresento a descrição do que é a Animação Sociocultural, as modalidades da Animação Sociocultural, a Animação Sociocultural na infância, o perfil do Animador Sociocultural e, por último, as suas competências e características. No segundo capítulo é apresentado o enquadramento geográfico, a caracterização da instituição e a descrição das áreas de intervenção que constituem a instituição. O terceiro capítulo destina-se à contextualização e explicação da tipologia de atividades que desenvolvi e os seus objetivos, caracterização do público-alvo, o dia-a-dia na instituição, as atividades que desenvolvi, e as faixas etárias com as quais trabalhei. Por fim, apresento uma reflexão crítica, os anexos e a bibliografia.

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1.1. A Animação Sociocultural

Segundo as autoras Glória Perez Serrano e Maria Luísa Sarrate (2011), a palavra Animação no seu termo etimológico, procede do latim com uma dupla origem: “anima” onde o animador promove, fomenta, impulsiona e atua sobre o grupo/indivíduo, realizando-se a ação de fora para dentro, enquanto “animus”, em que o animador motiva e dinamiza os indivíduos a partir do seu interior, estimulando a sua capacidade de relacionamento e participação, acontecendo a ação de dentro para fora.

A partir da visão das autoras, a Animação entende-se como um sinónimo de “pôr em relação”, mobilizar, interrelacionar e fazer mudança. A Animação não gera ações a partir do próprio grupo, sugere-as, invoca, ilumina, provoca e facilita ações dos indivíduos, grupos e instituições. Lopes, (2006) diz-nos que a Animação tem como principal tarefa responder às necessidades mais elementares das pessoas, fazendo assim com que se constitua um método que leve as pessoas a autodesenvolverem-se e reforçarem os grupos comunitários. Similarmente tem como objetivo tornar a comunidade mais consciente, mais crítica, mais solidária, mais participativa, mais voluntária em causas nobres e lutadoras de ideias e ideais e mais responsável pelas ações no mundo.

Possibilita que as mulheres e os homens sejam portadores de boa educação e de boa esperança, podendo, assim expressar opiniões e decisões e assumir as diferenças e semelhanças sem terem de olhar para o lado e ficarem incomodados.

A Animação é fazer com que o ser humano assuma a liberdade de expressão e poder dizer o que pensa sem ser comprometido, ou seja, qualquer ser humano possa exercer a sua atividade sem ter qualquer pudor ao executar a mesma. Devido às condições de cidadãos com cidadania sem se temerem falsos juízos e falsos estigmas, permite que se partilhem vivências, saberes e que haja uma interação e sejam estabelecidas relações pessoais e interpessoais, não permitindo que haja uma incomunicabilidade e mordaça.

Não é possível identificar de uma forma precisa uma cronologia daquilo que hoje designamos como Animação. Sempre houve diferentes tempos na vida das pessoas, tempo para trabalho e tempo para o lazer. Por isso, partilhamos das opiniões de conceituados estudiosos como Ventosa (1993), quando afirma que é muito difícil determinar em que data concreta se constituiu a animação uma vez que ao longo da história da humanidade, sempre houve lugar para inclusão de fenómenos de Animação.

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4 Em concordância com este princípio Ucar (1992), sustenta que é difícil precisar o momento exato do aparecimento da Animação Sociocultural, visto que a difusa manifestação se perde no tempo.

Em Portugal, pela voz de Garcia (1987), que subscrevemos por inteiro, a questão da origem da animação é também considerada como sendo temporalmente indeterminada se a considerarmos como uma manifestação difusa de criatividade de integração social, embora seja mais precisa se a considerarmos como uma metodologia ligada à intervenção nos campos sociais, políticos, educativos e culturais. Devemos recordar em termos de enquadramentos históricos que a Europa, entre as décadas 50 e 70, viveu o auge daquilo a que se chamou o estado do bem-estar, não apenas económico, mas também social, cultural e educativo. Em Portugal, durante estas décadas prevaleceu uma situação de mal-estar generalizado. Este mal-mal-estar proveniente do regime totalitário e da sua obstinada política de manter uma guerra colear, que destruía a juventude portuguesa.

Disso mesmo nos dá conta Garcia (1987, p.32), a referir que a

Animação com forma de atividade destacada está a emergir nas dinâmicas sociais das sociedades complexas desde os anos 60. Mas antes disso pode-se vislumbrar Animação em todas as ações e situações deliberadas de intervenção nas práticas de convivência. Os associativismos, sobretudo, de carácter cultural e recreativo, sempre fizeram, e continuam a fazer, Animação. A Animação nasceu no “terreno” e tem a sua história intrinsecamente ligada aos movimentos sociais. A partir dos anos 60 começou a surgir gradualmente no sistema político-institucional. Apareceu como um novo “instrumento” que correspondia quer ao alargamento desse sistema (o Estado do bem-estar e as suas múltiplas ramificações), quer à procura de respostas para novos problemas e necessidades: chegara a vez dos problemas culturais. Problemas de identidade cultural, problemas com a já nítida rutura do tecido social portador de cultura, problemas com a socialização infantil e juvenil, problemas de carência de ligações entre os indivíduos e os sistemas em que se processam as suas trajetórias. Surge a Animação como estratégia de Política Social e como instrumental técnico.

Segundo Garcia (1980), a idade da infância da animação corresponde à recomposição do tecido social provocado pelo nascimento das sociedades industriais pelo êxodo da população do campo para a cidade e pela consequente necessidade de assegurar formas de intervenção justo das classes trabalhadoras. O autor refere essa ideia ao referir (1980, p. 42)

Que a Animação tem a sua infância no surgimento e no nascimento das sociedades industriais, e na desintegração das chamadas sociedades tradicionais. É com o desenvolvimento da industrialização, da urbanização, com a saída dos campos, a atração que representam os grandes centros urbanos, que surge toda essa preocupação da instrução (…) à degradação duma certa identidade cultural… .

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5 Para o impulsionador Araújo da revista Intervenção-Revista de Animação Sociocultural, a Animação tem origem nos anos sessenta e é marcada por razões de caráter político, estando ligadas à alfabetização evoluindo posteriormente para mobilizar a sociedade mais justa, o que vai de encontro ao pensamento de Araújo (entrevista,5) que defende que a

Animação Sociocultural emerge do antes do 25 de Abril, pois ela localiza-se nos níveis mais profundos de tecido social da vivência social e das relações sociais, nas relações que estão imersas, escondidas na consciência e ancoradas nas atitudes, A Animação Sociocultural mexe também com o interior das pessoas. Com o 25 de Abril, vai às estruturas sociais, à política, à grande organização política, mas agora há realmente as estruturas profundas dos cidadãos e aí começa pela consciência, com as mudanças de atitude, e isso, de facto, não pode ser feito por decreto, nem por discurso, nem por mobilização.

São necessárias ações em pequenas comunidades, que é aquilo que a Animação faz, porque Animação Sociocultural não é manipulação, é um trabalho direto a partir da ação e não de discursos em abstratos. A Animação Sociocultural é um ato na liberdade que leva as pessoas a fazerem uma caminhada para poderem evoluir de uma forma mais acelerada.”

Na opinião de Ferra, (1982, p.55) a Animação Sociocultural

É um processo de ação que tem como objetivo a relação de um problema, através da participação de todos os interessados, e que permite o desenvolvimento de: - autoconfiança; respeito mútuo e aceitação das diferenças; capacidade de integração em grupo; intervenção na vida das comunidades; em desenvolvimento de diferentes atores sociais.

1.2. A Animação Sociocultural na atualidade

Segundo Jardim (2002) a ação e o dinamismo que se podem gerar através da Animação não estão tanto orientados para a transformação da realidade social, mas sim para relações sociais, principalmente onde os sistemas de organização estão desorganizados.

Encontram-se três perspetivas da Animação, como uma metodologia de intervenção social, de uma ação política cultural e como uma função educativa.

 A Animação como metodologia de intervenção social tem um fundamento teórico que resulta do diálogo interdisciplinar com as ciências humanas, em geral, e com as ciências sociais e as dinâmicas de grupo, em particular. Serve-se de instrumentos que indicam como fazer determinadas ações para se atingir metas e objetivos específicos. É de notar que a metodologia da Animação se baseia numa pedagogia participativa, o que supõe, por sua vez, a procura da autogestão como

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6 forma de organizar o trabalho cultural. Por isso, o princípio operativo básico da Animação é fazer com que as atividades sejam participativas.

 A Animação como forma de ação dentro da política cultural surge nos anos 70, quando os Estados manifestaram uma preocupação com a promoção da cultura. Como consequência da emergência desta preocupação, foram-se perfilando um conjunto de ações dos poderes públicos que se dominaram com o nome genérico de política cultural. Dentro destas ações próprias, distinguem-se as atividades de promoção cultural, de gestão cultural e de animação sociocultural. Contudo convém advertir que nem toda a política cultural incorpora a Animação como parte ou modalidade das suas formas de ação; mas é de salientar que toda a política cultural que queira gerar processos de participação realiza necessariamente programas de Animação.

 Numa terceira perspetiva, a Animação atual é considerada sob o ponto de vista da sua função educativa. Observando o que fazem os animadores, e sobretudo, como o fazem, encontram-se algumas caraterísticas que tornam a animação uma atividade educativa-formativa, tais como promover, encorajar, despertar inquietações, motivar para a ação, fazer desabrochar potencialidades latentes em indivíduos, grupos e comunidades.

1.2.1. Modalidades da Animação Sociocultural

Segundo Serrate e Serrano afirmam que Quintana Cabanas (2010), a Animação Sociocultural tem sido bastante discutida nos últimos anos. Esta área ainda recente e pouco divulgada, necessita de ser trabalhada e melhorada pelos profissionais. É uma área pouco valorizada embora nos últimos tempos se tenha mudado essa opinião, tendo a ASC várias formas de atuação, sabemos que é uma área muito vasta e bastante enriquecedora. Segundo o autor Cabanas (2010, pp. 106-107) a Animação Sociocultural apresenta modalidades muito diversas que se podem classificar em três grupos:

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1. Dar vida

A Animação como transmissão de vida significa dar ímpeto, dar alma ao que não a tem, ou melhor, tinha-a, mas perdeu-a, ou está latente. Trata-se de vitalizar, dinamizar e estimular.

Uma definição de vida é, à primeira vista, dúplice: a vida tanto é a duração compreendida entre o nascimento e a morte como são as propriedades dos seres ditos vivos, e que lhes falta no momento da morte. Ambas as definições implicam uma necessária e inevitável referência à morte.

2. Pôr em relação

A dimensão relacional é um pormenor destacado da Animação Sociocultural. Significa facilitar o contacto com os outros, fomentando a aceitação e o respeito. É uma ação que propicia a integração dos sujeitos nos grupos e na sociedade. Há que procurar pôr em jogo as possibilidades dos indivíduos e estabelecer entre eles, relações fecundas, desenvolvendo potencialidades de toda a índole, ao mesmo tempo que alcança um benefício social. Promove a adesão aos objetivos que se pretendem alcançar mediante processos de desenvolvimento sociocultural.

3. Participar no desenvolvimento da comunidade

A participação é consubstancial à Animação Sociocultural, pois é um fim e um meio: faz-se a animação para motivar as pessoas a participar e faze-las participar para animá-las. Participar é um conceito chave deste processo comunitário. O conceito de comunidade é discutido desde há muito no seio das ciências sociais. De acordo com Tönnies (1989), a comunidade assenta na vontade humana orgânica, que é dominada pela motivação, memórias, mecanismos de ação e de sentimentos de pertença ao coletivo. A sociedade assenta, por sua vez, numa vontade humana de outra ordem, vontade refletida, que é denominada pelo pensamento, pela abstração, por relações humanas de tipo societário, ou seja, pelos interesses individuais, pela relação de competição, de indiferença em relação aos outros.

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8 Para o autor Rocher (1989, pp. 46-47), a comunidade

É “formada por pessoas unidas por laços naturais, espontâneos, assim como por objetivo comuns que transcendem os interesses particulares de cada individuo. Um sentimento de pertença à mesma coletividade domina o pensamento e as ações das pessoas, assegurando a cooperação de cada membro e à unidade ou à união do grupo. A comunidade é pois um todo orgânico no seio do qual a vida e o interesse dos membros se identificam. Com a vida e o interesse do conjunto.”

O dicionário da Revista Animação e Educação (RAE) define a ação de participar como “ter parte em algo” (sociedade, instituição, etc.), o que requer uma atitude positiva de implicação na ação para favorecer algo. É certo que não há comunidade sem participação; é justamente a participação que a possibilita. A animação relaciona-se com frequência com o ócio e o tempo livre, a dinamização dos grupos, a organização de atividades diversas e o aperfeiçoamento pessoal, social, entre outros. Com essa finalidade a Animação Sociocultural possui vários recursos como por exemplo: recursos como prática social, recursos como estímulo, recursos como ação, recursos como processos de desenvolvimento, recursos como promoção e transformação, recursos como tecnologia social. Para estes recursos existem breves definições, que passamos a descrever a seguir, para que se possa perceber mais facilmente.

 Como prática social

A Animação Sociocultural faz-se presente em diferentes situações e práticas sociais, cujos âmbitos, para alguns autores, são coincidentes com os educativos. A partir de uma vertente prática da educação e da intervenção social, entende-se como um modelo consolidado de intervenção na realidade social. Ou seja, a animação está presente na educação e na sociedade.

Nesse sentido a Animação Sociocultural desenvolve programas, projetos e atividades orientadas à transformação social, mediante a implicação dos protagonistas no seu próprio desenvolvimento. Utiliza instrumentos que potenciam o esforço e a participação de todos os membros de uma comunidade. Temos que ter em conta que a Animação se distingue mais pela sua forma de se praticar, do que pelas atividades especificas, pois é feita mais referência à forma de atuar, do que a um conteúdo concreto.

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9  Como estímulo

A Animação Sociocultural entende-se como um processo deliberado e constante, destinado a dinamizar, motivar e estimular as pessoas e os grupos que se autodesenvolvem mobilizando as suas potencialidades, respeitando a sua liberdade e favorecendo a sua criatividade e iniciativa. Considera-se também como um esforço vocacionado, a oferecer a cada possibilidade e o desejo de converter-se em agente ativo do seu desenvolvimento e da comunidade na que esta inserido.

 Como ação

Tal como referido anteriormente nos grupos em que a ASC está classificada, ela é vida que cresce em comunidade. Este recurso, é essencial para servir de suporte ao crescimento e à participação. Ao mesmo tempo, é um elemento catalisador do desenvolvimento das iniciativas pessoais, (como já referido em animus) superando a dicotomia entre a teoria e prática, pensamento e ação.

 Como processo de desenvolvimento, promoção e transformação

A Animação Sociocultural é uma forma de transformação social. É uma ação crítica, liberal e transformadora da sociedade, permite que grupo social seja tempo agente e criador da sua própria cultura, incorporar os valores culturais do povo na cultura universal. É um processo dirigido à organização das pessoas para realizar programas, projetos e iniciativas para o desenvolvimento sociocultural. Considera-se também, como um processo de liberalização e emancipação dos povos, o que os leva, à criação da sua própria cultura.

 Como tecnologia social

A Animação Sociocultural tem sentido e justifica-se a partir de uma perspetiva fundamentalmente técnica, ou seja, desde o saber fazer e como fazer, o que se deve fazer.

A tecnologia social consiste no uso e aplicação do conhecimento científico, articulado com técnicas e práticas que têm como objetivo, a transformação da realidade social, procurando resultados específicos e metas previamente estabelecidas. É uma tecnologia social baseada numa pedagogia participativa que

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10 tem como finalidade atuar em diferentes âmbitos para melhorar o bem-estar da população.

1.3. Animação Sociocultural na Infância

Segundo o autor Marcelino de Sousa Lopes (2006), a Animação Sociocultural na Infância corresponde à necessidade básica, sentida com o estabelecimento do regime democrático em Portugal, ganhando expressão como forma de Animação Socioeducativa. A ação da Animação na Infância foi traduzida na execução de programas lúdicos e formativos, que se encontram em colónias de férias, em passeios e em visitas de estudo, permitindo assim às crianças visitar e conhecer lugares e regiões diferentes das do seu local de residência. Estas atividades baseavam-se em processos de aprendizagem dinâmicos, resultantes da partilha e da interação das crianças entre si e das crianças com os monitores. O programa de ASC na infância pode definir-se como um conjunto de atividades de carácter lúdico, destinado a crianças entre os 8 e os 13 anos, estas podem ser desenvolvidas junto ou separado da educação formal.

As atividades passam pela realização de ações ligadas à expressão dramática, ao jogo, à expressão musical e à expressão plástica. Quando articuladas com a educação formal pode-se executar como tecnologias educativas aos serviços das áreas formais de ensino, possibilitando o ensino da história, recreando imagens e acontecimentos da época da língua materna, dramatizando o texto da matemática e ligando a conjuntos e número a personagens. Fora do espaço educativo formal podemos encontrar outro conjunto relacionado e envolvido com a comunidade da família com a vida.

Segundo Calvo (1997, p.213) a Animação na infância não altera os princípios norteadores, então

Mantém na sua forma de fazer princípios próprios que a Animação Sociocultural defende, e somente nos seus programas de intervenção, nas suas atividades e metodologias, encontraremos processos específicos e diferenciais, fruto por um lado, do ajuste às características e necessidades dos grupos destinatários da sua ação, e por outro, da sua estreita relação com a pedagogia do ócio.

Qualquer ação no domínio da animação infantil tem como princípios a criatividade, a componente lúdica, a socialização, a liberdade e a participação. Sendo a criatividade promovida a partir do envolvimento em áreas expressivas. A componente lúdica tem como objetivo fazer com que o prazer da ação se manifeste na alegria de participar, num clima de confiança em atividades portadoras de satisfação e de estado de convívio; a

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11 socialização encontra-se a partir de uma envolvência com outros e em programas que a promovem dentro de processos criativos; a liberdade é o sentimento e uma procura permanente e uma necessidade vital. A participação é na qual em que todos os atores são protagonistas de papeis principais e não afastados para planos secundários (Lopes, 2008).

1.4. O Animador Sociocultural e o Educador Social

Na perspetiva de Lopes (2006), para se definir o perfil do animador, temos de saber se a animação é uma atitude que dá um novo sentido a qualquer tipo de atividade humana, ou se há alguma tarefa específica da animação que carece de um perfil, com formação própria que a torne profissional.

Qualquer pessoa que participa numa ação cultural poderá ser chamada de animador? A questão não é de fácil resolução e tem acompanhado a história da animação e dos animadores. Contudo, estes profissionais querem, por compromisso político ou de uma crença religiosa, tentar mudar a sociedade trabalhando com o homem da rua, com os marginalizados, com os grupos, com a comunidade e com os demais carenciados, estes gestos têm tido um papel fundamental para a sociedade.

Garcia (1987, p. 32) diz-nos quem deve ser designado como animador:

Aquela pessoa que pela sua ação cria as condições mais favoráveis para conseguir a realização humana. O papel do animador deve ser encaminhado para conseguir os membros do grupo conheçam, se sintam e se esforcem para chegarem a serem pessoas comunitárias.

Segundo o autor Garcia (1988), ser animador

É ser intermediário cultural. É ser produtor e incentivador de acontecimentos e ocasiões significantes, e de dispositivos para o relacionamento para o estímulo das «criatividades», para a acessibilidades «bens culturais» em circulação, e para a participação sem constrangimentos nas tarefas da satisfação comum.

É pretendido que o animador vá de encontro às pessoas, ou que lhes confira sentido crítico, em que qualquer atividade ou ação levada a cabo contenha em si as dimensões sociais, culturais, educativas e políticas. Aqui o ato de animar consiste agora, e sempre, um ato de comunicação, interação e promoção de vivências a partir da convivência.

O animador, quando colabora com outros, não detém o primado nem o monopólio da animação, deve antes de mais interagir com outros e ver neles, não um potencial inimigo, mas sim um grande aliado para a intervenção.

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12 Segundo a Associação Promotora da Educação Social (APES, 2012), o animador será sempre um técnico de intervenção, que testemunha o desenvolvimento da nossa sociedade. Interessa aqui salientar que não só da intervenção social se faz valer o animador, pois a barreira que o separa do educador é muito ténue como se pode verificar com o estágio que desenvolvi e descrevo no terceiro capítulo.

O animador é um agente que põe em funcionamento e dá continuidade à aplicação de processos de animação, este pode estar ao serviço de uma instituição pública ou privada com carater administrativo, associativo, voluntário e ou profissional. Por sua vez o educador social tem como competências construir e reconstruir saberes. Cabe ao educador social ajudar as pessoas em interpretar o mundo e a desenvolver formas de relacionamento de uns com os outros. Tem também uma responsabilidade na formação cívica. Assim, pode dizer-se que os técnicos de educação social quer os técnicos de animação sociocultural têm perfis semelhantes. Estes dois técnicos compartilham saberes teóricos e práticos: enquanto o animador sociocultural tem uma componente mais lúdica e cultural (promovendo assim a dinamização do coletivo e da comunidade para os seus tempos livres), o educador social tem uma componente mais educativa (com base individual de acordo com o projeto de vida de cada um, sempre assente numa prática pedagógica e social), onde a minimização de problemas ou necessidades é a grande finalidade destes técnicos.

Quanto ao que diferencia os dois técnicos, o animador assume uma importante função de mediador e facilitador das práticas culturais dos tempos livres, de forma a contribuir para o desenvolvimento cultural de um coletivo, grupo ou comunidade. Assim, desta forma, desenvolve uma ação contextualizada e enraizada em ambos os territórios, quer a nível da sociedade, quer a nível da comunidade. Portanto, ambos trabalham o social mas em diferentes perspetivas: enquanto o animador sociocultural se move numa perspetiva coletiva e cultural, o educador social promove no indivíduo a mudança e o atingir de determinadas competências para se adaptar à sociedade.

O trabalho executado pelos dois técnicos, que em muito se assemelha, não deixa de ter um papel fundamental no seio de uma equipa multidisciplinar.

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13

1.5. O Perfil do Animador Sociocultural

O Animador Sociocultural é um profissional qualificado apto a promover o desenvolvimento sociocultural de grupos e comunidades, organizando, coordenando ou desenvolvendo atividades de animação de caracter cultural, educativo, social, lúdico e recreativo. Este tem de demonstrar criatividade, empreendedorismo, capacidade de iniciativa, sentido de responsabilidade, capacidade de negociação e de raciocínio rápido.

Tem ainda de saber trabalhar em equipas multidisciplinares e em contexto comunitário.

O animador tem de saber ser comunicativo de uma forma clara e precisa, tem de ser paciente de modo a entender as diferentes necessidades da população, tem de ser persistente na atividade profissional e tem de ter equilíbrio emocional de modo a saber gerir situações de risco.

Na apreciação e visão de Garcia (1975), o perfil de animador deve conter ou adquirir as seguintes características:

 Estar inserido no meio;

 Ser capaz de conquistar a confiança e o apoio da população com que trabalha;  Ter disponibilidade para se adaptar às características do grupo e não o contrário,

apesar de poder vir a colaborar na modificação dessas características;

 Ser politicamente progressista, caso contrário não estaria interessado num trabalho que tem, como objetivo último, a consciencialização participante e criadora dos grupos, das comunidades, das populações;

 Não ser identificado com uma organização partidária;  Não fazer uma “intervenção selvagem”;

 Não ter uma postura “heroica”;

 Não assumir uma posição de “ porta-estandarte”;  Não ter uma visão demasiada “romântica”  Não se considerar uma “vedeta”;

 Não sobressair do grupo, não se distinguindo, mas procurar fundir-se no próprio grupo;

 Saber ouvir e estar calado;  Não ter uma atuação paternalista;

 Procurar não dar receitas, nem respostas, estimulando o grupo a agir;  Dar ao grupo e às pessoas todo o protagonismo;

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14  Ser fornecedor de pistas e dinâmicas;

 Ser maleável e flexível;

 Usar uma linguagem precisa e clara adaptada às formas de comunicações locais;  Ter uma enorme facilidade em comunicar com os outros;

 Ser maturo, possuir uma certa estabilidade emocional, ir aperfeiçoando a sua cultura geral, ser profundamente atento;

 Estar disponível e ser portador de uma certa liberdade de ações;

 Ter consciência de que o trabalho do Animador não é compatível com esquemas dos horários rígidos, nem com uma mentalidade demasiadamente burocrática;  Saber usar a imaginação nas alturas próprias;

 Saber dar ao grupo uma certa sensação de improviso. O mesmo autor (1975, pp. 4-5) recorda ainda

Não vamos à procura de Super-Homens. (…) O verdadeiro trabalho de Animação é o fazer pensar, fazer falar e fazer atuar. Pouco a pouco, ele vai agindo de modo a que o grupo possa determinar por si mesmo, os seus objetivos e a escolher os meios mais adequados para os atingir…”

Sou da opinião que o animador deve ser dotado de várias competências e características não só aquelas que já foram enumeradas neste trabalho, mas também as que são possíveis verificar no ponto 1.6 deste capítulo. O animador sociocultural deve ser capaz de partilhar experiências, estar aberto a novos desafios e novas emoções, de forma a ficar mais enriquecido a todos os níveis.

1.6. Competências/ Caraterísticas do Animador Sociocultural

O animador, para ser um bom profissional, tem ao seu dispor algumas competências a nível dos saberes: deve ter noções de Política Social, Gerontologia e Tecnologias de Informação. Ao nível dos conhecimentos deverá dominar as áreas das Expressão Artística, nomeadamente: a corporal, a dramática, a musical e a plástica. Deve ainda ter um conhecimento aprofundado de Técnicas de Animação, Intervenção Comunitária,

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15 Animação e Intervenção social, Artes e atividades Recreativas, bem como das áreas Científicas de Psicologia e Sociologia1.

De acordo com o plano descrito no site do IPG podemos assim verificar, e comprovar que este está de acordo com todas e quais queres competências exigidas ao animador.

Ao nível do saber – fazer o animador deve saber ler e interpretar diagnósticos sociais da comunidade e relatórios psicológicos e sociais de cada pessoa, ou programas de animação identificando as principais áreas de intervenção, bem como utilizar técnicas de observação, entrevistas e questionários, identificando e selecionando as técnicas e práticas de animação tendo em conta o tipo de programas de animação, e características das pessoas, dos grupos e das comunidades e os objetivos que pretende atingir.

Um bom técnico deve ainda saber identificar os recursos necessários para a concretização de projetos de intervenção sociocomunitária e de animação.

Ao nível do saber – ser o animador deve saber adaptar-se às diferenças individuais, situacionais e socioculturais, a ambientes diversos e a situações imprevistas, comunicar de forma clara, precisa, persuasiva e assertiva, trabalhar em equipas multidisciplinares, gerir conflitos, agir com conformidade com as normas de higiene e segurança no trabalho e estabelecer relações de cooperação dentro de equipas multidisciplinares.

O profissional tem que também demostrar autonomia e criatividade na resolução das atividades, demonstrar segurança e confiança, demonstrar estabilidade emocional e autocontrolo, assim como demonstrar capacidade de observação, compreensão e sensibilidade e persistência na sua atividade profissional.

Por último, um bom animador tem que saber estabelecer relações interpessoais em páticas, saber motivar e valorizar os clientes/utilizadores e lidar com situações de insucesso e dar valores aos pequenos progressos.

Neste capítulo, foram supracitados diversos pontos tais como a Animação Sociocultural, onde é feita uma breve contextualização sobre o que é a Animação Sociocultural, em seguida apresento as modalidades da Animação Sociocultural, onde estão referidos vários pontos de atuação que correspondem à Animação Sociocultural, faço ainda referência aos recursos da Animação Sociocultural, uma descrição do público-alvo onde o meu estágio decorreu (infância), posteriormente refiro o perfil do Animador

1 Sugiro aqui ver o plano curricular de um curso de Animação Sociocultural do IPG disponível em:

http://www.ipg.pt/acessoensinosuperior/curso.aspx?id=11&curso=Anima%C3%A7%C3%A3o%20Socioc ultural

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16 e por último as competências e as características do animador. Após a descrição destes pontos dou a conhecer melhor aquilo que é a Animação Sociocultural, como atua e qual o público com o qual se pode desenvolver atividades, o animador e por fim as suas características.

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18

2.1.

Enquadramento Geográfico

O local do estágio situa-se na cidade da Guarda. A Guarda é distrito de Portugal, que pertence à província tradicional da Beira Alta.

O Concelho da Guarda está situado no centro da região beirã, entre o Planalto Guarda-Sabugal e a Serra da Estrela. Esta localização privilegiada permite-lhe que os seus cerca de 712,11 km2 de área sejam partilhados pelas bacias hidrográficas de cursos de águas tão importantes como são os Rios Mondego, Zêzere e Côa. Atualmente o Concelho é constituído por 43 freguesias.

O Concelho da Guarda confina a nascente com os Concelhos de Pinhel, Almeida e Sabugal, a sul com os de Belmonte e Covilhã, e a poente com Manteigas, Gouveia e Celorico da Beira. O seu Concelho tem, segundo os Censos 2011 realizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), um total de 42 541 habitantes.2

Na imagem 1A, podemos visualizar, no mapa, a localização do distrito da Guarda que se destaca a vermelho e na imagem 1B a diversas cores, temos os 14 municípios que constituem o distrito da Guarda, a cor de laranja temos a Guarda.

Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/9/99/LocalDistritoGuarda.svg/2000px-LocalDistritoGuarda.svg.png; http://www.aplexextremadura.com/ashe/diariodelashe/20060128-mertola-LHF/mapas/portugal/images/02%20DIST-guarda.gif

2.2. Caracterização da instituição

A instituição denominada “Creche Santa Luzia” está localizada na Rua 31 de janeiro, nº 54, 6300-769 Guarda. A instituição é constituída por três edifícios: creche, jardim-de-infância e atividades de tempo livre (A.T.L.). Cada uma das valências tem uma estrutura própria e instalações diferentes adaptadas à idade das crianças que as frequentam.

2 Dados fornecidos pelo Portal Do Instituto Nacional De Estatística (INE),

http://censos.ine.pt/xportal/xmain?xpid=CENSOS&xpgid=ine_censos_publicacao_det&contexto=pu&PU BLICACOESpub_boui=156644135&PUBLICACOESmodo=2&selTab=tab1&pcensos=61969554, 27-11-2015

Imagem 1: (A) Mapa do distrito da Guarda; (B) -Municípios do distrito da Guarda

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19 O A.T.L está dividido em quatro salas, a sala do 1º ano, a sala do 2º ano, a sala do 3º e por último a sala do 4º ano.

O jardim-de-infância está dividido em três salas, a sala dos periquitos que vai dos 3 aos 4 anos, a sala das joaninhas que vai desde os 4 aos 5 anos e, por último, a sala das abelhinhas que vai dos 5 aos 6 anos.

A creche está dividida em três salas: a sala do berçário que vai dos 0 meses aos 12 meses; a sala das borboletas pertença das crianças com idade de 1 ano e a sala dos gatinhos que pertence às crianças com a idade de 2 anos.

2.2.1. Recursos Materiais do A.T.L

O A.T.L estende-se pelos seguintes compartimentos, ao longo de dois pisos:  Um parque exterior;

 Duas casas de banho exterior para crianças;  Três salas;

 Um salão interior;

 Um vestuário para as auxiliares;  Quatro WC’s interiores para crianças;  1 Salão de festas/ brincadeiras.

2.2.2. Descrição das instalações-Recursos Materiais do A.T.L

O A.T.L que é composto por 1 parque exterior (imagem 8-B) sendo este o mesmo que o do (jardim-de-infância) e 2 casas de banho exteriores para as crianças. O primeiro piso do A.T.L é composto por 1 sala para as crianças do 1º ano (imagem 2-A), que é composta por meses e armários 1 sala para as crianças do 2º ano (imagem 2-B), composta por mesas e armários.

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Fonte:https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1379425075626870&set=a.1379424818960229.1073741834.100006781711380&type=3&theater https://www.facebook.com/creche.santaluzia.33/media_set?set=a.1379424818960229.1073741834.100006781711380&type=3

Existe também 1 sala para as crianças do 3º ano (imagem 3-A) que é organizada por 4 mesas, 1 televisão e 1 sala para as crianças do 4º ano (imagem 3-B) que na abertura e no fecho da instituição é a sala comum a todos, sendo composta por 1 armário com 1 bancada, 1 armário com 1 televisão e 4 mesas. É composto ainda por 2 WC para crianças e 1 vestuário para as auxiliares.

Fonte: https://www.facebook.com/creche.santaluzia.33/media_set?set=a.1379424818960229.1073741834.100006781711380&type=3 https://www.facebook.com/creche.santaluzia.33/media_set?set=a.1379424818960229.1073741834.100006781711380&type=3

O segundo piso é composto por um salão interior que é comum a todas as crianças do A.T.L é composto por 1 campo de futebol interior (imagem 4-A) e uma casinha das bonecas e 2 WC crianças. Por fim o A.T.L contém um refeitório (imagem 4-B) sendo este o mesmo que o do jardim-de-infância.

Imagem 3: (A) Sala do 3º ano; (B) Sala do 4º ano

A B

B A

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21

Fonte: https://www.facebook.com/creche.santaluzia.33/media_set?set=a.1379424818960229.1073741834.100006781711380&type=3 https://www.facebook.com/creche.santaluzia.33/media_set?set=a.1380540395515338.1073741836.100006781711380&type=3

2.2.3. Recursos humanos do A.T.L

Os recursos humanos do A.T.L são constituídos por cinco elementos, que são uma educadora social, uma animadora, e três auxiliares de ação educativa.

2.2.4. Recursos Materiais do Jardim-de-Infância

O edifício onde se encontra o jardim-de-infância é composto por 2 andares, sendo composto pelas seguintes divisões:

 Três salas;  Uma copa:

 Um vestuário/WC para adultos;  Dois WC para crianças;

 Um refeitório (Imagem 5);  Um dormitório;

 Um ginásio;  Uma cozinha;  Um parque exterior;  Uma sala da direção;  Uma sala de atendimento;  1 Salão de festas/ brincadeiras.

Imagem 4: (A) Campo de futebol; (B) Refeitório do A.T.L

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22

Fonte:https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1380541142181930&set=a.1380540395515338.1073741836.100006781711380&type= 3&theater

2.2.5. Descrição das instalações- Recursos Materiais do Jardim-de-Infância

No jardim-de-infância, no primeiro piso, existem três salas. A sala para as crianças dos 3 aos 4 que é a sala dos periquitos (imagem A) tem um cantinho das bonecas (imagem 6-B), 1 estante com livros e jogos, mesas e cadeiras, 1 sala para as crianças dos 4 aos 5 anos que é a sala das joaninhas que é composta por mesas e cadeiras, o espaço de brincadeiras com tapete e jogos e armários e 1 sala para crianças dos 5 aos 6 anos que é a sala das abelhinhas composta por mesas, armários e o espaço de brincadeira com jogos.

Imagem 6: (A) Sala dos periquitos; (B) Casinha das bonecas da sala dos periquitos

Fonte: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1375553902680654&set=a.1375553626014015.1073741828.100006781711380&type=3&theater https://www.facebook.com/creche.santaluzia.33/media_set?set=a.1375553626014015.1073741828.100006781711380&type=3

Imagem 5:Refeitório do jardim-de-infância

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23 É também composta por 1 sala da direção 1, uma sala de atendimento, 1 vestuário/WC para adultos, 1 WC para crianças. No segundo piso é composto por 1 refeitório (imagem 9) comum às crianças do jardim-de-infância e A.T.L, 1 cozinha, 1 dormitório que é no ginásio (imagem 7-A) e 1 parque exterior (imagem 7-B) que é composto por um escorrega, 4 baloiços e 1 WC para crianças com 4 sanitas e 1 lavatório. O jardim-de-infância pode contar também com um salão de festas/brincadeiras que é comum a todas as valências da instituição.

Fonte:https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1375553792680665&set=a.1375553626014015.1073741828.100006781711380&type=3&theater Fonte: Própria

2.2.6. Recursos Humanos do jardim-de-infância

Os recursos humanos que constituem o jardim-de-infância são cinco sendo três educadoras e quatro auxiliares

2.2.7. Recursos Materiais da creche

A creche que é o local onde realizei o meu estágio. Estende-se por dois pisos, sendo estes compostos por uma serie de locais próprios para o desenvolvimento das crianças.

 Um dormitório;  Uma cozinha;

 Um refeitório para as crianças;  Duas despensas;

 Um vestuário para as auxiliares e educadoras;  Duas casas de banho para adultos;

 Uma casa de banho para as crianças;  Dois fraldários;

A B

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24  Três salas;

 Uma copa;

 Um parque exterior;

 Um salão de festas/ brincadeiras;

2.2.8. Descrição das instalações-Recursos Materiais da creche

No primeiro piso a creche contém 1 dormitório com capacidade para 28 camas e é comum às crianças de 1 e 2 anos. No segundo piso é composta por 1 cozinha que contém: 1 frigorífico, 1 máquina de lavar a loiça, 2 lava loiças, 1 mesa com 4 cadeiras, um carrinho que serve para transportar a loiça suja do refeitório para a cozinha, contém ainda uma despensa onde se guarda os tabuleiros da fruta, o açúcar e bolachas. Existe ainda um refeitório que é comum às crianças de 1 e 2 anos composto por 3 mesas com 4 a 5 cadeiras e 4 mesas compostas com 18 cadeiras, 2 salas de arrumos, uma das salas situa-se ao lado do refeitório e serve para guardar alguns brinquedos, e a outra sala que se encontra debaixo das escadas serve para arrumar o material de limpeza.

Há também 1 vestuário com 7 armários individuais onde as funcionárias guardam os seus pertences, nesse mesmo espaço há uma casa de banho de serviço para as mesmas.

A creche contém com 1 sala para as crianças de 1 ano (sala das borboletas) (imagem 8-A) com capacidade para 12 crianças, uma sala para as crianças de 2 anos (sala dos gatinhos) (imagem 8-B) com capacidade para 16 crianças.

Fonte: Própria

A B

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25 Existe um WC para crianças com seis sanitas e 1 fraldário com 2 muda fraldas, 1 berçário (imagem 9-A) composto por um dormitório (imagem 9-B) composto por 8 camas de grades, um fraldário composto por 2 muda fraldas e 2 armários, e uma copa de leite composta por 1 lava loiças e 1 armário onde guardam as papas, os pratos e as colheres.

Fonte: Própria

Existe ainda 1 parque exterior, 1 casinha das bonecas (imagem-10-A) para as crianças da creche e, por fim, 1 salão (imagem 10-B), onde se realizam as festas de todas as valências e onde todas as crianças de todas as valências brincam.

Imagem 10: (A) - Casinha das bonecas; (B) - Salão

Fonte: Própria

B A

A B

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26 Quanto aos recursos humanos, cada valência possui a sua própria equipa de trabalho, embora quando há impossibilidade de uma das partes comparecer a outra parte auxilia. A Instituição Santa Luzia tem um horário comum a todos os departamentos, que é das 7h às 19h.

Durante o meu estágio na creche Santa Luzia pude verificar uma excelente competência por parte de toda a equipa na qual a maior preocupação são as crianças.

Deixar um filho seu, ainda bebé na creche representa um ponto de viragem na vida de qualquer família e tenha a criança 3 meses ou 2 anos, esta é uma decisão que não deve ser tomada com ânimo leve. Na hora de escolher a creche, são vários os fatores que devem ser tidos em conta, por isso escolha a creche Santa Luzia, nesta daremos todo e qualquer apoio tanto às famílias como às crianças. As crianças usufruirão de um acompanhamento personalizado e adaptado à evolução de cada um. Como em tantas outras não poderíamos deixar de realizar eventos ao longo do ano, nos quais todas e sem exceção participam e tem um momento em grupo por salas.

2.2.9. Recursos Humanos da creche

Os recursos humanos que compõem esta valência são cinco elementos, sendo eles, duas educadoras e quatro auxiliares.

2.3. Caracterização do público-alvo da creche

A creche Santa Luzia é uma creche que conta com trinta e uma crianças cujas idades estão compreendidas entre os 4 meses e os 2 anos. Estas encontram-se distribuídas pelo berçário (0 ao 1 ano) com 9 bebés, a sala das borboletas (1 ano) com 9 crianças e por último a sala dos gatinhos (2 anos) com 13 crianças.

Segundo Piaget o desenvolvimento intelectual é constituído por 4 estádios sucessivos, sucedendo-se uns aos outros por um processo de integração. A idade em que cada criança atinge cada estádio vária, embora Piaget tivesse apresentado idades médias para se passar de um estádio a outro. Estes estádios correspondiam a diferentes formas de ver, compreender e agir sobre o mundo que culminavam no pensamento adulto. Os quatro estádios que Piaget definiu são:

Sensório-motor: nascimento até cerca dos 2 anos Pré-operatório: dos 2 aos 6/7 anos

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27

Operações formais: dos 11/12 anos aos 16 anos

Cada estádio é definido por diferentes formas de pensamento. A criança deve atravessar cada estádio segundo uma sequência regular, ou seja, os estádios de desenvolvimento cognitivo são sequenciais. Se a criança não for estimulada/motivada na devida altura não conseguirá superar o atraso do seu desenvolvimento. Assim, torna-se necessário que em cada estádio a criança experiencie e tenha tempo suficiente para interiorizar a experiência antes de prosseguir para o estádio seguinte.

Uma vez que o meu público-alvo são as crianças do berçário (crianças de 1 e 2 anos) então irei debruçar-me mais sobre o desenvolvimento cognitivo sensório-motor. Piaget denominou o estágio que vai desde o nascimento até 2 anos de vida da criança como período sensório-motor. Utilizou essa denominação pois é durante os primeiros anos de vida que o bebê primeiramente percebe o mundo e atua nele, onde coordena as sensações vivenciadas junto com comportamentos motores simples, juntando o sensorial a uma coordenação motora primária. A criança tem sensações e descobre o mundo através do deslocamento de seu corpo.

A procura visual é um comportamento sensório-motor e é fundamental para o desenvolvimento mental, pois este tem que ser aprendido antes de um conceito muito importante designado por permanência do objeto. À medida que as crianças começam a evoluir intelectualmente compreendem que, quando um objeto desaparece de vista, continua a existir embora não o possam ver. A experiência de ver objetos nos primeiros meses de vida e, posteriormente, de ver os mesmos objetos desaparecer e aparecer tem um importante papel no desenvolvimento mental. É durante este estádio que as crianças aprendem principalmente através dos sentidos e são fortemente afetados pelo ambiente imediato, contudo, sendo também neste estádio que a permanência do objeto se desenvolve, podemos afirmar que as crianças são capazes de algum pensamento representativo, muito semelhante ao do estádio seguinte, pois seria um erro afirmar que, sendo a sua fala, gestos e manipulações tão limitadas, não haveria pensamento durante o período sensório-motor.

Para finalizar a abordagem a este estádio é importante referir que a criança ao contactar com o meio de forma ativa está a favorece a sua aprendizagem de uma forma criativa e original. O estádio que se enquadra no trabalho que desenvolvi na Creche foi o estádio sensório-motor que é o estádio que vai desde o nascimento até aos 2 anos.

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28 No estágio as salas pelas quais passei foram apenas o berçário que vai desde os 0 meses aos 12 meses, a sala de 1 ano que vai desde os 12 meses aos 24 meses e sala dos 2 anos que vai desde os 24 meses aos 36 meses.

Ao longo do estágio, pude ver evoluções entre as crianças que estavam no berçário e que depois passaram para a sala de um ano, pois enquanto no berçário tentei fazer uma atividade com elas, elas demonstraram medo e não ligaram nada à atividade, mas depois quando passaram para a sala de um ano e eu passei com elas, pude ver que houve uma grande evolução. De início tinham medo de pegar no material e de fazer certas atividades, mas no fim já achavam piada e já queriam fazer as atividades sozinhas. Ou seja, o recém-nascido depende totalmente dos outros para satisfazer as suas necessidades. Se as suas atividades descobertas forem encorajadas e estimuladas, a criança desenvolverá confiança não só nos outros como em si mesmo. Se, pelo contrário, a criança desenvolver um sentimento de medo, desconfiança irá fazer com que essa criança no futuro seja tímida e insegura quanto às suas capacidades e no confronto com os obstáculos do meio

Quando fui estagiar para a sala dos 2 anos a evolução era maior, pois as crianças já conseguiam representar vivências e realidades, através dos jogos, desenho, linguagem e imagem e pensamento.

É através das atividades que são relatadas no terceiro e último capítulo, que poderemos verificar esta evolução, bem como o papel fundamental do animador sociocultural numa vertente educativa-formativa (ver 1.3 do primeiro capítulo).

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30 Neste terceiro e último capítulo irei fazer referência aos três meses de estágio que, como referi decorreu entre os dias 1 de julho a 31 de outubro, tendo sido realizado na creche Santa Luzia.

Ao longo deste capítulo vai ser possível verificar as atividades executadas, que se basearam nos ensinamentos práticos e teóricos aplicados ao longo do curso de Animação Sociocultural.

O meu estágio teve a duração de 3 meses de julho a agosto, no horário das 10h00 às 12h00 e das 14h00 às 18h00. A partir do mês de setembro até ao final do estágio, o meu horário foi das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00.

O estágio é um conjunto de atividades que visam a aquisição ou o desenvolvimento de competências técnicas, relacionadas com o Curso de Animação Sociocultural. Assim, este pretende que se adquira experiência no mundo de trabalho, colocando em prática tudo o que se aprendeu até momento.

O estágio é, portanto, o momento no qual um estudante pode sentir e aplicar na prática os conhecimentos teóricos que adquiriu na sala de aula, aperfeiçoando as suas habilidades e conhecimentos. Trata-se de uma complementação na aprendizagem do estudante. Em alguns casos, o estágio é remunerado, embora esse não seja considerado trabalho, ou seja, não estabelece vínculo com a impressa ou instituição.

Para mim a escolha do meu estágio foi uma decisão fácil, uma vez que já tinha estagiado com um público-alvo de idades compreendidas entre 3 anos aos 4 anos e dos 4 anos aos 5 anos, desta vez a minha escolha foi mais inclinada para trabalhar com um público-alvo mais novo, neste caso estagiar numa creche, para assim poder ter várias experiências que me possam enriquecer a vários níveis: tanto profissional, como pessoal. Inicialmente comecei a estagiar com as crianças do berçário, onde pode conhecer as auxiliares, as crianças, o dia-a-dia das mesmas e as regras. Depois de já ter a confiança das crianças propus à educadora responsável pelo berçário a realização de uma atividade. A maioria das atividades planeadas e postas em prática no decorrer do estágio foram apreendidas ao longo dos três anos de licenciatura.

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31

3.1.

Plano de atividades

A creche elabora um plano de atividades mensal subordinado a um tema específico. Todas as atividades realizadas em cada mês possuem objetivos.

Uma vez que todas as atividades já estavam programadas, o meu estágio foi de observação e auxílio em todas as atividades, o que me proporcionou uma maior facilidade e acesso a informações necessárias para fazer uma reflexão, tendo em conta todo o processo, desde a escolha dos materiais, recetividade das crianças, desenvolvimento ao longo da atividade e a reação das mesmas ao resultado. Contudo, tive a oportunidade de contribuir com algumas ideias, dentro do contexto previamente programado como fora dele:

 Criação de uma árvore de Outono com rolhas  Criação de abóboras com nozes

 Conto de uma história de Outono  Criação de maracas

 Criação de borboletas com rolo de papel higiénico  Criação de tartarugas com casca de nozes

 Desenho borrado (simetria borrada)

3.2.

Objetivos

No decorrer de qualquer intervenção de Animação Sociocultural tal como me aconteceu no estágio, têm de se definir vários objetivos gerais e específicos que vão ao encontro do público - alvo com o qual se vai trabalhar.

Os objetivos têm como finalidade atingir uma meta. Neste estágio delineie várias metas a alcançar, pensei em atividades que pudessem ser desenvolvidas de acordo com os objetivos que já tinha em mente. Estes são os que nos indicam o caminho a seguir de modo a que a atividade seja planificada da melhor forma. Para alcançar os objetivos temos de saber aplicar os nossos conhecimentos aquando da realização das atividades para, assim, não haver grandes desvios do que se pretendia fazer.

Os objetivos gerais são:

 Desenvolvimento do grupo para uma melhor qualidade de vida através das expressões artísticas;

 Abrir o corpo e a mente para as novas realidades;  Desenvolver experiência individuais e em grupo;

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32 Os objetivos específicos são os seguintes:

 Desenvolver a precisão manual;

 Desenvolver a imaginação e criatividade;

 Proporcionar à criança o contacto com novos materiais;  Ajudar a criança a desinibir-se;

 Desenvolver a motricidade fina, promover/desenvolver a concentração e atenção;  Promover a autonomia.

As minhas atividades foram escolhidas e pensadas de acordo com o plano da instituição e outras foram pensadas de acordo com dias comemorativos.

Para a realização de grande parte das atividades, utilizei material reciclado para incentivar as crianças a preservar o meio ambiente, e assim começar a incutir a reciclagem.

3.3.

Metodologias de intervenção

Quando falamos de metodologia de intervenção, referimo-nos a todos os métodos usados para colocarmos em prática as atividades desenvolvidas. Estas atividades, para poderem, ser desenvolvidas, têm de ser pensadas e avaliadas para sabermos se é possível aplica-las e se vão de encontro aos objetivos delineados.

No meu caso fui acompanhada por três educadoras: uma delas estava responsável pelo meu desenvolvimento e desempenho na instituição, enquanto as outras duas educadoras me ajudavam a realizar bem como a integrar na instituição e nos trabalhos que nela se realizavam. Esta foi a razão não realizar qualquer levantamento relativamente as necessidades existentes, quer das crianças quer da instituição, pois existia já um programa de atividades. Eu teria de me integrar para poder ajudar no seu desenvolvimento e só no caso de surgir alguma alteração é que poderia realizar uma atividade. Desta forma ao início senti algumas dificuldades em distinguir qual o tipo de intervenção que deveria e poderia fazer, isto no caso de ser necessário colocar em prática alguma atividade.

Contudo, com o passar do tempo e após conhecer já as crianças com quem desenvolvia atividades foi muito mais fácil planear e desenvolver as mesmas.

Referências

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