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A Bolsa de Valores de São Paulo: um estudo de suas origens, evolução e perspectivas de integração no mercado de valores globalizado

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Academic year: 2020

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(1)1199900136 1111'11'1111'11'111111111'". Fundação Getulio Vargas Escola de Administração. de Empresas de São Paulo. A BOLSA DE VALORES DE SÃO PAULO Um Estudo de suas Origens, Evolução e Perspectivas de Integração no Mercado de Valores Globalizado. Milton Huppert Monte Carmello. São Paulo Julho 1997. 111111111111.

(2) A BOLSA DE VALORES DE SÃO PAULO Um Estudo de suas Origens, Evolução e Perspectivas de Integração no Mercado de Valores Globalizado.

(3) Fundação Getulio Vargas Escola de Administração. de Empresas de São Paulo. Milton Huppert Monte Carmello. A BOLSA DE VALORES DE SÃO PAULO Um Estudo de suas Origens, Evolução e Perspectivas de Integração no Mercado de Valores Globalizado (f ,1. li,. Tese apresentada ao curso de Pós Graduação na FGV/EAESP. Área de Concentração: Administração Contábil e Financeira como requisito para obtenção do título de Doutor em Administração., " I. Comissão Orientadora: Prot. Dr. Jean Jacques Salim - Presidente Prot. Dr. Jacob Ancelevicz'i Prot. Dr. João Carlos Douat 1. l' \~ ,. São Paulo; Julho 1997. .. ".; ,\. 1199900136. ". "\ "\. '..

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(5) MONTE CARMELLO, Milton Huppert. A Bolsa de Valores de São Paulo Um Estudo de suas Origens, Evolução e Perspectivas de Integração no Mercado de Valores Globalizado. São Paulo: EAESP/FGV, 1997. 233 p. (Tese de Doutorado apresentada ao Curso de Pós-Graduação da EAESP/FGV. Área de concentração: Administração Contábil e Financeira).. Resumo: Analisa e mostra a grande evolução, a partir do ano de 1964, das bolsas de valores brasileiras e estrangeiras, em especial da Bolsa de Valores de São Paulo - BOVESPA. Aprecia a questão da globalização da economia e dos mercados de títulos e valores mobiliários. Discute a integração dos mercados de valores latinoamericanos. Estuda as bolsas de valores eletrônicas, principalmente a "The Nasdaq Stock Markef', os mercados de valores mobiliários diferenciados e os fora-de-bolsa. Comenta os principais diplomas legais que regulam os mercados financeiros e de capitais. Propõe recomendações quanto às principais questões abordadas.. Palavras-chave: Assimetrias - Bolsas de Valores - Bolsas de Valores Eletrônicas - BOVESPA - Evolução - Globalização - Harmonização Integração - Origens - Perspectivas - Mercados Financeiros e de Capitais - NASD - NASDAQ- Simetrias.. J.

(6) v. índice. Apresentação. 01. Introdução Objetivos, Justificativas, Pressupostos e Metodologia. 03. Capítulo 1 A Globalização da Economia e dos Mercados Financeiros 1.1 A Globalização da Economia 1.2 A Globalização dos Mercados Financeiros 1.3 A Evolução dos Mercados Financeiros Brasileiros 1.4 Resumo. 15 15 33 40 52. Capítulo 2 Integração e Harmonização dos Mercados de Títulos e Valores Mobiliários 2.1 Integração dos Mercados de Títulos e Valores Mobiliários 2.1.1 O Alcance 2.1.2 A Amplitude 2.2 Harmonização dos Mercados de Títulos e Valores Mobiliários 2.3 Resumo. 55 55 55 57 66 71. Capítulo 3 Regulamentação das Bolsas de Valores Brasileiras 3.1 Aspectos Gerais 3.2 Motivos para a Regulamentação das Bolsas de Valores Brasileiras 3.3 Mecanismos de Regulamentação das Bolsas de Valores Brasileiras 3.4 Constituição, Organização e Funcionamento das Bolsas de Valores Brasileiras 3.5 P~sumo. 74 74 77 .. 78 80 95.

(7) vi. Capítulo 4 A Bolsa de Valores de São Paulo 4.1 Aspectos Gerais 4.2 O Surgimento das Bolsas de Valores Brasileiras 4.3 A Bolsa de Valores de São Paulo - BOVESPA 4.4 Análise Sintética da Evolução da Bolsa de Valores de São Paulo, na década de 1990 4.5 Resumo. 98 98 108 112 133 147. Capítulo 5 Globalização e Inovação das Bolsas de Valores Brasileiras... 5.1 Aspectos Gerais............................ 5.2 Globalização das Bolsas de Valores Internacionais 5.3 Perspectivas para a Inserção das Bolsas de Valores Brasileiras no Mercado Globalizado............................................................... 5.4 Inovações das Bolsas de Valores Brasileiras 5.4.1 Bolsas Eletrônicas 5.4.2 Mercados de Valores Mobiliários Diferenciados 5.4.3 Mercados Fora-de-Bolsa 5.5 Resumo. 160 164 166 171 174 185. Capítulo Resumo, 6.1 6.2. 188 188 194. 6 Conclusões e Recomendações Resumo e Conclusões Recomendações................................................................................. Bibliografia...................................................................................................... 152 152 154. 203.

(8) vii. Lista de Tabelas. 1.1 Volumes Negociados nas Bolsas de Valores de São Paulo e Rio de Janeiro.......................................................................................... 2.1 Participação nos Mercados...................................................................... 3.1 Exercício da Função Auto-Regulamentadora pela BOVESPA 4.1 Volumes de Ações Negociadas em 1996 em Bolsas Selecionadas 4.2a Demonstrações das Mutações do Patrimônio Líquido 4.2b Indicadores Econômico-Financeiros da BOVESPA .. 4.3 Volumes Negociados em Bolsas de Valores Selecionadas.... 4.4 Capitalização em Bolsas de Valores Selecionadas. 49 67 77 116 117 118 137 139. Lista de Figuras. 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 4.9 4.10 4.11. Participação dos Investidores na BOVESPA Emissões de Ações e Debêntures Registradas na CVM BOVESPA: Volume Total de Negócios Movimentação de Recursos Externos via Anexo IV .. Evolução das Carteiras do Anexo IV BOVESPA - Média Diária de Negócios Mercados Emergentes Selecionados Participação (%) da BOVESPA no Mercado Acionário Brasileiro Volume Médio Diário Negociado na BOVESPA Composição dos Investidores na BOVESPA, por Tipo Composição dos Investidores Institucionais Estrangeiros na BOVESPA, por Origem 4.12 Composição dos Investidores Institucionais Estrangeiros na BOVESPA, por Natureza de Atividade 4.13 Composição dos Investidores Institucionais Estrangeiros na BOVESPA, por Portfólio. 119 121 125 128 129 135 136 141 142 143 144 145 146.

(9) Apresentação. "A globalização está multiplicando a riqueza e desencadeando forças produtivas numa escala sem precedentes. Tornou universais valores como a democracia e a liberdade. Envolve diversos processos simultâneos: a difusão internacional da notícia, redes como a Internet, o tratamento internacional de temas como meio ambiente e direitos humanos e a integração econômica global" (CARDOSO, Fernando Henrique. A roda global. Revista Veja, n° 14, p.82, Abr.l96).. Levando-se em conta esse pensamento, o presente estudo analisa a BOVESPA - Bolsa de Valores de São Paulo, considerada a principal bolsa de valores da América Latina e uma das instituições mais relevantes do Sistema Financeiro Nacional, com relação às suas origens, evolução e perspectivas de integração no mercado de valores globalizado.. I. Para tanto, será estudada sua evolução organizacional, técnica e econômicofinanceira através do tempo e a integração no mercado de títulos e valores i mobiliários latino-americano. Ênfase especial será dada a um período recente, com dados extraídos dos Relatórios Anuais da Bolsa de Valores de São Paulo e de outras fontes..

(10) 2. o texto. incorpora também uma breve análise comparada entre as principais. bolsas de valores latino-americanas. Propõe recomendações sobre normas legais e instrumentos operacionais com a finalidade de analisar a importante questão da harmonização das legislações e discutir a necessária cooperação entre as comissões de valores mobiliários para a consecução desse objetivo.. Os índices, números e cifras atingidos pela Bolsa de Valores de São Paulo, após serem apresentados, analisados, comparados e discutidos, certamente deixarão evidente a importância e propriedade do presente trabalho, a par da comprovação da correção de seus pressupostos..

(11) 3. Introdução. Objetivos, Justificativas, Pressupostos e Metodologia. Objetivos. Principal Efetuar um criterioso levantamento sobre as origens e a evolução da Bolsa de Valores de São Paulo - BOVESPA, sua efetiva relação com o Sistema Financeiro Nacional - SFN, e a perspectiva de sua integração no mercado de valores mobiliários latino-americano.. Secundãrios 1.. Mostrar a influência que a BOVESPA exerce sobre os mercados de capitais e financeiros, compatível com o seu elevado nível de operações, em tomo de 87% do total de negócios efetuados nos pregões viva-voz e eletrônico do Brasil, em 1996 (Relatório Anual 1996, BOVESPA).. ,.'. 2.. ;.,. Demonstrar que o clima receptivo ao capital internacional influenciou a vinda do investidor estrangeiro para a BOVESPA e outras bolsas de valores brasileiras, e que, igualmente, o ambiente de estabilidade. ".

(12) 4. econôm ica e política contribuiu para a retomada e expansão vigorosa dos negócios em bolsa no Brasil.. 3.. Elaborar uma análise comparada entre as principais bolsas de valores latino-americanas evidenciando as vantagens e dificuldades pertinentes à questão da integração regional.. 4.. Apontar as principais dificuldades atuais e esperadas para contornar as diferenças existentes nas legislações e práticas dos mercados de valores mobiliários latino-americanos. Serão considerados, também, os problemas da integração regional, confiabilidade e integridade desses mercados, a cooperação entre as comissões de valores mobiliários e oferecidas algumas recomendações no sentido de superação e encaminhamento para um mercado unido.. 5.. Propor recomendações sobre normas e instrumentos visando à promoção da harmonização das legislações dos mercados de valores dos países latino-americanos, e a cooperação entre as respectivas comissões de valores mobiliários, ou entidades análogas.. I ',. '\..

(13) 5. Justificativas. Já em novembro de 1993, a Revista BOVESPA publicava declaração muito oportuna de Ronaldo Nogueira (1993, p. 11), da Standard & Poor's: "o mercado internacional descobriu o Brasil e este processo é irreversível".. As palavras de Ronaldo Nogueira indicavam uma tendência que vem se consolidando na prática e que, certamente, intensificar-se-á cada vez mais.. o. Relatório Anual 1994, da BOVESPA, divulgava que naquele ano a bolsa. paulista apresentara um expressivo aumento de liquidez em seus negócios, com superação de recordes no volume de transações.. o Relatório Anual 1995, da BOVESPA, aponta para o fato de que o quadro de estabilidade relativa da economia brasileira determinou ajustamentos no setor bancário, tendo em vista que a receita inflacionária antes obtida com as contas correntes fora virtualmente extinta. Como conseqüência da política monetária restritiva então adotada, as instituições bancárias passaram a defrontar-se com uma maior inadimplência nas suas carteiras de empréstimos e com reflexos importantes no mercado de títulos e valores mobiliários. A combinação desses fatores provocou dificuldades localizadas em determinadas instituições, levando o governo a tomar medidas de suporte ao sistema..

(14) 6. Apesar desses problemas, o ingresso bruto de capitais do exterior foi recorde em 1995, atingindo US$ 53,4 bilhões, contra US$ 43,1 bilhões em 1994. Ainda segundo o referido relatório, parte substancial desse crescimento deve-se ao expressivo aumento dos fluxos de empréstimos externos ao Brasil, que alcançaram US$ 15,9 bilhões em 1995, contra US$ 8,8 bilhões no ano anterior.. Não é difícil constatar essa realidade se atentarmos para o fato de que a crise do peso mexicano não preocupou os investidores o suficiente para afastá-los dos mercados emergentes em 1995, conforme nota do Instituto Internacional de Finanças. William Cline, economista-chefe do Instituto, foi bastante enfático ao declarar que os mercados emergentes suportaram com sucesso o choque da crise do peso mexicano em dezembro de 1994, segundo nota publicada no jornal O Estado de São Paulo, de 29 de janeiro de 1996, intitulada "Fluxo de capital continua".. O mesmo jornal, de 6 de fevereiro de 1996, no artigo intitulado "Mais Capital Externo na Bolsa - Entrada de recursos em janeiro foi maior que em todo ano de 95", apresenta uma perfeita idéia da grandiosidade das cifras e números transacionados no pregão da BOVESPA ao informar que o investimento estrangeiro havia crescido fortemente no mês de janeiro. Conforme relata, apenas nesse mês a entrada de recursos do exterior foi maior do que durante todo o ano de 1995..

(15) 7. o jornal. Gazeta Mercantil, de 7 de outubro de 1996, em matéria intitulada. "Mais Capital Externo na Bovespa", informa que o saldo líquido de investimento estrangeiro no país de R$ 450 milhões, em setembro, era o segundo maior do ano. Acrescenta ainda que, no acumulado do ano, os investidores estrangeiros já haviam injetado R$ 2,03 bilhões no país. A Bolsa de Valores de São Paulo acumulava, no ano, entrada líquida de R$ 2,031 bilhões, quatro vezes mais do que em todo o ano de 1995. O resultado de setembro ficou atrás apenas do de janeiro, quando houve um ingresso de capital estrangeiro na bolsa paulista de R$ 694 milhões. A participação dos investidores estrangeiros no total do volume negociado ficou em torno de 29%.. O Relatório Anual 1996, da BOVESPA, informa que o volume total negociado na bolsa paulista cresceu 41% nesse ano, chegando a US$ 97,7 bilhões, e a movimentação média diária subiu para US$ 394,2 milhões.. Em 1996, com relação às médias diárias de negociação das bolsas do Cone Sul, a Bolsa de Comércio de Buenos Aires negociava, em média, US$ 30 milhões - menos de 10% do movimento da BOVESPA, e a Bolsa de Valores de Montevidéu e a Bolsa Eletrônica do Uruguai juntas negociavam cerca de US$ 3 milhões, o que representa menos de 1% do movimento da BOVESPA e, no Paraguai, a. Bolsa de Valores. e. aproximadamente US$ 250 mil por dia.. Produtos. de Assunção. negociava.

(16) 8. A revista Veja de 17 de junho de 1997, ao analisar o investimento direto do capital estrangeiro no Brasil, apresenta dados altamente expressivos sobre o mercado de valores mobiliários brasileiro. Conforme o artigo, o país recebeu em 1996 mais de 9 bilhões de dólares em investimento direto, isto é, aquele que não se destina à chamada ciranda do mercado financeiro. Para 1997, a previsão é de 15 bilhões de dólares que, se concretizada, significará que neste ano o Brasil terá recebido quase o mesmo que ingressou no país durante a década de 80 inteira.. Os comentários feitos até este ponto, acompanhados das várias referências e citações. extraídas. dos. diversos. veículos. informativos. relacionados,. demonstram a importância da BOVESPA nos mercados financeiros brasileiro e latino-americano, e justificam a pertinência e a relevância do estudo que aqui se apresenta. O período recente, especialmente pós 1988, constitui um momento singular, no qual se fundem transformações das mais notáveis, da globalização dos mercados e das economias à revolução das tecnologias e das formas de se fazer negócios. O movimento de capitais através das bolsas é,. indubitavelmente,. parte substantiva desse processo de mudanças,. implicando riscos e oportunidades para os países emergentes, os quais necessitam se preparar para absorver os ganhos e minimizar as perdas.. A BOVESPA se insere cabalmente nesse contexto apresentando aspectos surpreendentes, como será apresentado, tanto quanto defronta-se com desafios extraordinários. Este texto procura ser uma contribuição para o.

(17) 9. entendimento do conjunto. de variáveis. entrelaçadas. nesse. ambiente. "convulsionado", assim como visa a servir de estímulo e ponto de apoio a outras iniciativas do gênero.. Pressupostos. Principal. o. estágio de desenvolvimento da BOVESPA dentro do Sistema Financeiro. Nacional é consistente com o conjunto de esforços contínuos empreendidos para aumentar sua capacidade técnica.. Reflete também idêntico empenho em ampliar sua presença nos mercados de capitais e financeiros mundiais, com a concomitante preocupação fundamental de criar elevados padrões de confiabilidade e segurança compatíveis com os proporcionados pelos principais centros financeiros internacionais.. Secundários. 1. A BOVESPA é uma das instituições financeiras subordinadas ao Sistema Financeiro Nacional que apresenta elevado grau de aperfeiçoamento organizacional, técnico e operacional..

(18) 10. 2.. A integração da economia brasileira à comunidade financeira internacional determinou o maior fluxo de recursos dos últimos anos (94-96) para as empresas e as bolsas de valores brasileiras. A ampliação dessa integração na área financeira internacional deverá aumentar ainda mais o ingresso de recursos do exterior na economia brasileira.. 3.. As medidas liberalizantes do governo brasileiro tiveram como efeito a aproximação. dos. investidores. estrangeiros. da. BOVESPA,. cujo. crescimento foi apoiado por uma seqüência consecutiva de avanços na área externa desencadeada em 1989, com a criação do mercado de câmbio flutuante.. 4.. O lançamento de novos produtos foi, e continua a ser, uma das principais razões para a consolidação e institucionalização da BOVESPA no Brasil e no exterior, juntamente com novos padrões de negociações e aplicações financeiras abertos aos investidores estrangeiros.. 5.. O Anexo IV tem sido, nos últimos anos, um meio de captação de recursos externos muito importante para o mercado de valores mobiliários brasileiro, e em especial para a BOVESPA, tendo em vista o crescente saldo positivo resultante da relação entrada/saída de capitais estrangeiros que têm permanecido no País..

(19) 11. Metodologia. Visando a atingir os objetivos propostos neste estudo, optou-se por centrar esforços, fundamentalmente, na área das bolsas de valores, conforme enuncia o título da tese. Assim foi feito por serem essas instituições consideradas como mercados já organizados, providos de mecanismos operacionais próprios e razoavelmente. desenvolvidos,. condição. que. permite. a. transparência. necessária nas negociações dos títulos e valores mobiliários e a alocação eficiente de recursos, sendo os focos de análise utilizados como fontes de referência de três tipos:. a) A identificação de simetrias e assimetrias dos diversos mercados de valores no que concerne à regulamentação. Tem como base as principais normas ou legislações dos diversos países considerados, sendo abordados os tópicos que se seguem: •. Fiscalização. •. Composição. •. Participantes das bolsas de valores. •. Tipos de operações efetuadas nas bolsas de valores. •. Garantias aos investidores. •. Mercado primário de ações. •. Mercado secundário de ações. •. Tributação. •. Tratamento a investidores estrangeiros.

(20) 12. b) As barreiras encontradas no processo de harmonização das legislações dos mercados de valores mobiliários. Isto por que:. •. os mercados de valores mobiliários são constituídos de diferentes participantes, isto é, autoridades reguladoras, bolsas de valores, intermediários financeiros, investidores e empresas emissoras;. •. os diversos participantes precisam, necessariamente, unir os seus esforços para desenvolver os mercados de valores mobiliários, mesmo que, em determinadas circunstâncias, possuam interesses conflitantes.. Foram utilizados, no desenvolvimento deste trabalho, três métodos de pesquisa:. Empírico-analítico. - lastreado na vivência acadêmico-profissional adquirida. na presidência de entidades como a Associação Brasileira de Analistas do Mercado de Capitais de São Paulo -. ABAMEC/SP, na participação em palestras e conclaves, na condução de seminários e workshops,. além de. assessoria a instituições financeiras, elaboração de artigos e comentários para jornais e revistas, e coordenação de cursos sobre mercados financeiros e de capitais desde a década de 1960..

(21) 13. Bibliográfico. - levantamento criterioso da bibliografia existente relativa às. bolsas de valores e, em especial, sobre a BOVESPA - Bolsa de Valores de São Paulo, o SFN - Sistema Financeiro Nacional e os mercados de valores mobiliários internacionais. Foram consultadas teses, livros, periódicos, jornais e revistas, publicações especializadas, artigos técnicos, legislações nacionais e internacionais e materiais semelhantes em várias bibliotecas do país e do exterior.. A análise efetuada não se orientou apenas pelas publicações diretamente relacionadas com o tema. O escopo do estudo se ampliou, de forma a englobar desde obras correlatas e afins, até eventuais textos avançados existentes sobre o assunto. A bibliografia, assim considerada, serviu de embasamento teórico às soluções ou conclusões identificadas no estudo empírico-analítico.. Visitas e entrevistas - Foram feitas visitas às bolsas de valores de São Paulo, Rio de Janeiro e Buenos Aires, bem como realizadas entrevistas com profissionais ligados aos mercados mobiliários e instituições financeiras no Brasil e no exterior, cujos depoimentos, informações e sugestões representam fontes valiosas e apropriadas ao perfeito desenvolvimento do trabalho.. Organização do texto - o texto está organizado em seis capítulos. O primeiro. capítulo trata da internacionalização da economia no seu aspecto genérico e.

(22) 14. introduz uma abordagem específica ao analisar a globalização dos mercados financeiros.. O, segundo capítulo aprecia a questão da inteçraçâo e !.,'". Harmonização dos mercados de títulos e valores mobiliários, analisa os fatores mais relevantes que marcaram as décadas de 1950 a 1990, e dá continuidade ao princípio da globalização. O capítulo três incorpora os motivos e mecanismos da normatização das bolsas de valores brasileiras e as regras para a sua constituição, organização e funcionamento, servindo como ponte para o capítulo quatro. No quarto capítulo, que constitui o objetivo central da tese, é desenvolvido um estudo amplo e criterioso da Bolsa de Valores de São Paulo,. incluindo também. considerações. sobre. as bolsas de. valores. internacionais. O capítulo 5 cobre os importantes aspectos referentes à globalização das bolsas de valores brasileiras e a evolução que estão experimentando. para. responder. à contínua. competição. internacional,. complementando as idéias desenvolvidas no capítulo quatro. O capítulo 6 resume os capítulos anteriores e faz recomendações no sentido de oferecer uma apreciação crítica dos mercados de valores mobiliários e conclui o trabalho. Finalmente, cada capítulo apresenta um resumo com o intuito de sistematizar os principais aspectos estudados..

(23) 15. Capítulo 1. A Globalização da Economia ~1. e dos Mercados Financeiros. 1.1 A Globalização da Economia. Nesta passagem do século o mundo entrará num período de prosperidade ocasionado por uma formidável confluência de fatores, conforme entendem alguns economistas. A mais extraordinária mudança é a velocidade com que os países se encaminham para uma economia unida. Em outras palavras, a globalização da economia... As forças econômicas do mundo estão ultrapassando as fronteiras nacionais, o que resulta em mais democracia, mais liberdade, mais comércio, mais oportunidades e mais prosperidade.. A internacionalização comercial vem vivenciar o fracasso do ideal de autosuficiência defendido por muitos países ao longo dos anos, cujos produtos, à custa de muito desperdício, acabaram penalizando sobremaneira suas economias..

(24) 16. A integração econômica mundial já pode ser vislumbrada em menor escala naquilo que se convencionou chamar de blocos econômicos regionais. Tais blocos compõem-se de países vizinhos, com características comuns e ,. .. interesses complementares, que se uniram a fim de fortalecer suas economias. Em última instância, objetivam conseguir maior poder de barganha junto a outros blocos regionais e, conseqüentemente, uma participação mais efetiva na economia internacional.. Os países da América Latina experimentaram na década passada um decréscimo de investimentos fixos em relação aos seus PIB's e, para que voltem a ter um crescimento sustentado, necessitam de um grande volume de recursos financeiros. provenientes. tanto. da. poupança. interna. quanto,. sobretudo, de fontes externas.. Para gerar os fundos financeiros exigidos pela econom ia será necessária a atuação em várias frentes ao mesmo tempo. As linhas de ações internas possíveis dos governos incluem o fomento da poupança doméstica, tanto privada quanto pública; reduções de transferências de recursos ao exterior para pagamentos de dívidas existentes, quando possível; aumentos na produtividade do capital, visando à diminuição do capital requerido; e áreas afins.. Em razão da magnitude dos recursos necessários nos termos de estudos efetuados pela CEPAL, por maiores que sejam os esforços para estimular as.

(25) 17. poupanças internas, reduções com perspectivas mais otimistas das dívidas externas existentes, melhoria nas condições de intercâmbio e aumentos de produtividade, será necessário obter no exterior aportes significativos de recursos financeiros de organismos oficiais elou da área privada.. A denominada nova economia global, mencionada anteriormente, está sendo recebida como um processo de modificação e acerto entre todos os países, na tentativa de constituição de uma "economia única", semelhante àquela encontrada entre os estados de um mesmo país. As diferenças ideológicas e políticos são suplantadas nas relações internacionais pelas considerações econômicas. Devido ao avanço dos arranjos econômicos, os executivos superiores das empresas de um país chegam a ter, freqüentemente, importância semelhante, e às vezes até mais relevante, do que os personagens políticas. A tecnologia, principalmente a de telecomunicações e de informática, é que vem orientando o caminho para o livre comércio global e determinando transformações transcendentais nas relações entre as nações.. NAKANO et ai (1994, p.20), ao discutir os aspectos da revolução tecnológica e globalização em seu livro "O Brasil Frente a um Mundo Dividido em Blocos", ensina que a revolução tecnológica, iniciada em meados da década de 70 nos países desenvolvidos, trouxe mudanças ainda mais drásticas para a economia mundial na década de 80. A microeletrônica conjugada à informática e à mecânica de precisão vem provocando mudanças profundas em toda a extensão das estruturas produtivas, nas organizações e na sua gestão..

(26) 18. Tais inovações tecnológicas são importantes, no sentido de que marcarão uma época histórica, pois desencadearam uma profunda reestruturação em todas as atividades industriais e de serviços, mudanças nas estruturas das organizações sociais e no próprio comportamento humano.. Em outro parágrafo de seu livro, NAKANO et ai (1994, p.20), já citado, deixa claro que foi a conjugação da informação e das telecomunicações, com a redução do custo de transportes, que comprimiu o tempo e o espaço de tal forma que deu um impulso definitivo ao fenômeno da globalização da economia mundial, impondo um novo padrão de relacionamento entre os mercados nacionais e internacionais.. Os denominados blocos econômicos regionais representam, em escala reduzida, a idéia de integração econômica mundial. O objetivo final desses blocos é a obtenção de um maior poder de barganha junto a outros blocos regionais, proporcionando assim uma participação mais efetiva na economia internacional. A título de ilustração, relaciona-se a seguir os blocos econômicos, ou regionais, conforme definido por NAKANO et ai (1994, p.16), já citado anteriormente:. •. Bloco Europeu: EU - União Européia (Alemanha, França, Reino Unido,. Itália,. Espanha,. Bélgica,. Países. Baixos,. Dinamarca,. Luxemburgo, Portugal, Irlanda e Grécia) e EFTA - European Free.

(27) 19. Trade Association (Noruega, Suécia, Finlândia, Áustria, Suíça e Islândia). •. Bloco América do Norte: EUA, Canadá e México.. •. Bloco. Asiático:. Japão, China, NICs (Coréia do Sul, Taiwan,. Hongcong, Singapura) e ASEAN (Tailândia, Filipinas, Indonésia, Malásia). •. América do Sul: MERCOSUL (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai).. Entretanto, é absolutamente recomendável que, ao adotarem uma política da natureza anteriormente descrita, os diversos países evitem colocar-se à margem do desenvolvimento tecnológico mundial, o que provocaria o surgimento de um grande contingente de homens de empresa completamente indiferentes ao comércio internacional.. Uma série de acontecimentos de âmbito internacional tendem a consolidar na opinião do cidadão comum a impressão de estarmos no início de um período de grandes realizações positivas graças à integração da economia mundial, ainda que seja de natureza competitiva. Pode-se destacar, nesse sentido, a criação da OMe - Organização Mundial de Comércio; os avanços do MERCOSUL; os acordos obtidos na Rodada Uruguaia do GATT; as expectativas. resultantes. das. reuniões. da. APEC. e. da. NAFTA;. o. desenvolvimento da ALADI; e diversos outros procedimentos de alcance mundial..

(28) 20. Essa tendência é considerada irreversível, vantajosa e necessária para todos os países e seus habitantes indistintamente. Abertura total, internacionalização e privatização tornaram-se respostas mágicas para resolver os problemas da fome, do desemprego, da violência, das favelas. Ter-se-ia redescoberto o caminho direto do desenvolvimento. Por outro lado, muitos estudiosos da conjuntura sócio-econômica mundial apontam para um quadro objetivo dos resultados da política de abertura adotada pelos países em desenvolvimento e endividados, que demonstra eventuais prováveis efeitos maléficos dessa liberalização. Esse posicionamento repousa no fato de entenderem que a internacionalização generalizada pode resultar em cortes indiscriminados de postos de trabalho e redução de níveis salariais, inclusive nos países industrializados. Acreditam ainda alguns economistas que, com o acirramento da competição pelos mercados, os ricos e poderosos tornam-se mais poderosos e, os pobres, em número cada vez maior, mais miseráveis. Essa situação é defendida pela deputada Maria da Conceição Tavares, que se manifesta da seguinte maneira na revista Veja, de abril de 1996 (1996, p.86):. "A globalização começou na década de 70, a partir do aumento da produção das empresas, e foi acelerada por que as empresas precisam estar em vários países para se aproveitar das variações cambiais. Além disso, a globalização é uma bolha especulativa, que se expressa no mercado de derivativos. É uma jogatina da moeda diária. Isso afeta empregos. Há uma recessão também globalizada.".

(29) 21. Outro fator agravante lembrado por alguns críticos da globalização, é a perda paulatina da capacidade do Estado de levantar recursos por meio de tributos e impostos, no sentido de atender às demandas urgentes da população em razão do desemprego, baixa qualidade da educação e custos, deterioração da qualidade de vida e falta de segurança.. São inúmeras as evidências de que, na economia global, o mercado financeiro, e não somente os governos, é que, em instância final, decide sobre as questões cambiais, de taxas de juros, dos investimentos e da poupança. A liberalização e a globalização dos mercados financeiros e de capitais, indubitavelmente, são altamente vantajosas para o grande capital, cujas estratégias e alcance ultrapassam as fronteiras dos países.. A proposição de aumentar as exportações, mesmo que à custa de suprimento de alimentos básicos para poder importar mais (principalmente bens de luxo e de consumo conspícuo), e pagar os juros da dívida externa visando a tranqüilizar os bancos credores e captar novos investimentos estrangeiros, mesmo que especulativos, tem sido uma receita indicada para a denominada "retomada do desenvolvimento".. Os críticos da internacionalização pura e simples argumentam, ainda, que qualquer referência às prioridades sociais raramente são definidas pelos defensores da globalização..

(30) 22 No rol dos defensores da globalização, é importante citar o economista francês Michel Albert que tem escrito muitos artigos de grande repercussão internacional.. Em entrevista concedida ao jornal argentino La Nacion, de 26.4.97, Albert, obstinado defensor da globalização econômica, declarou enfaticamente que ela se constitui na grande esperança do século XXI, representando o maior progresso econômico-social da humanidade e, na condição de fanático adepto do capitalismo, entende que se trata "de la peor de las soluciones, pero mejor que todas las otras".. Para o economista, a globalização econômica, processo que surgiu com a revolução tecnológica, impõe condições mais competitivas, o que gera resultados positivos tanto para os consumidores, quanto para os poupadores e empresários.. É bom para os consumidores, por que todas as empresas devem competir entre si para reduzir os preços. Também protege os poupadores, por que possibilita que efetuem seus investimentos em qualquer lugar do mundo e, sobretudo, favorece as empresas competitivas.. No processo de globalização, os estados também devem procurar ser competitivos, motivo pelo qual podemos observar um direcionamento no sentido da redução de impostos..

(31) 23. o economista acrescenta que "a integração de mercados regionais é a única resposta dos países emergentes à globalização econômica", e que a coordenação entre seus membros, "ainda que à custa das soberanias individuais, é necessária para garantir o funcionamento do bloco".. Ao comparar as experiências da União Européia (EU) e o Mercosul, Albert, citado anteriormente, adverte que "é necessário optar entre avançar em amplitude ou ganhar em profundidade, posto que o aumento do número de associados conspira contra a convergência política e econômica". Entende ainda que, "indubitavelmente, para a Europa a relação com o Mercosul é a associação do futuro".. Uma. alternativa. financiamentos. adicional. aos. governos. para. mobilizarem. esses. seria através da captação de recursos nos mercados. financeiros e de capitais internacionais, que têm experimentado uma rápida globalização nos últimos anos com alguns países da América Latina como o Chile, o México, a Argentina, a Venezuela e, mais recentemente, o Brasil, participando ativamente desse processo.. No caso brasileiro, a sua inserção no mercado internacional ainda pode parecer modesta, porém está ocorrendo de maneira marcante em dois segmentos: investimento direto e financeiro. A participação do Brasil no PIB mundial permaneceu praticamente estável entre 1995 e 1996, passando de 2,47% para 2,50%. Com relação às exportações mundiais, observa-se.

(32) 24. situação semelhante, tendo havido uma queda insignificante de 0,91% em 1995, para 0,90% em 1996.. A parcela do Brasil nos fluxos mundiais de investimentos já apresentou um quadro diverso. Segundo levantamento da Sobeet - Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica, houve uma evolução positiva de 1,30% em 1995, para 2,87% em 1996.. A Sobeet assegura que há um potencial de crescimento da participação do Brasil nos mercados internacionais de valores mobiliários e de mercadorias bastante significativo. As oportunidades de captação de recursos de longo prazo para financiamento de projetos de infra-estrutura - os chamados "green field projects"- deverão aumentar bastante nos próximos anos. Não se deve esquecer, também, do crescimento provável da presença de ações de empresas brasileiras nas carteiras de renda variável dos grandes fundos de pensão globais.. Edward Wyatt,. jornalista da área econômica do The New York Times,. comenta, em artigo publicado pelo jornal O Estado de São Paulo de 9.6.97, que os mercados de capitais nos países emergentes dão novo sentido ao vaivém de dinheiro pelo planeta, fundamentando o seu raciocínio em dados bastantes concretos. Wyatt afirma que "os mercados de ações em novas economias emergentes como as da Turquia, Argentina e África do Sul são.

(33) 25 agora responsáveis por 14% do total mundial do valor dos mercados de ações - crescimento de 4% em relação a 10 anos atrás".. "Investidores convergem para eles por que as tendências econômicas globais mudaram desde o fim da guerra fria. Economias centralizadas, com planejamento estatal, são substituídas pelas que favorecem a posse das indústrias pelo setor privado", entende o jomalista.. Devido a essa transformação, Wyatt, citado anteriormente, acrescenta que as novas economias vibrantes que daí resultam já não precisam depender de agências intemacionais de desenvolvimento ou de gigantescos bancos de Nova York para ter investimentos, conforme aconteceu' nas décadas de 70 e 80. Ao contrário, desde 1990, grande parte de seu capital extemo vem de uma fonte mais surpreendente: milhões de americanos médios que investem em fundos mútuos.. A leitura do artigo revela também que, "nos últimos cinco anos, os ativos dos fundos mútuos dos Estados Unidos da América, que investem numa vasta gama de mercados emergentes, cresceram mais de 35 vezes, totalizando US$ 22 bilhões. Um desses fundos já existia antes de 1989; agora existem. .' mais de setenta. E outros bilhões estão sendo aplicados por fundos mais especializados, que se concentram em mercados específicos - digamos, na América Latina ou no Sudeste Asiático" ..

(34) 26 Concluindo, Wyatt, anteriormente citado, faz mais um comentário bastante oportuno no sentido de que, "quando o ministro das Finanças de um país em desenvolvimento quer encorajar estrangeiros a investir nesse país, é menos provável que vá cortejar o Banco Mundial ou a Agência de Desenvolvimento Internacional (AIO). Cortejará J. Mark Mobius, o supervisor de fundos. Vai haver períodos, no entanto, em que muitos mercados emergentes se sairão mal, disse M. David Testa, presidente dos fundos mútuos T. Rowe Price. Mas, no seu conjunto, eles tendem a se comportar com bastante independência. Por fim, conforme declarou Jeffrey E. Garten, reitor da Escola Yale de Administração, a longo prazo há razões para significativo otimismo nos mercados emergentes, mas vai haver grandes crises ao longo do caminho".. Existe, presentemente, um consenso bastante amplo sobre a importância que o investimento estrangeiro direto pode exercer no crescimento e na modernização econômica dos países em desenvolvimento, inclusive os da América Latina. Porém, mesmo que se observe um interesse crescente na evolução das bolsas de valores dos chamados mercados emergentes, somente nos dias atuais as carteiras de ações começam a receber a devida atenção.. A captação de recursos estrangeiros via carteira de ações era pouco utilizada na América Latina, e no Brasil em especial, perdurando ainda essa situação I em diversos países da região..

(35) 27 Os fatores mais importantes desse baixo nível de participação podem ser resumidos aos seguintes:. • mercados regulares de títulos e valores mobiliários muito estreitos; • flutuações nos preços das ações muito grande devido às instabilidades políticas e econômicas apresentadas pelos países da região; • restrições existentes à entrada e à saída de capitais estrangeiros; • falta de transparência no funcionamento dos mercados locais; • falta de informações confiáveis, regulares e atualizadas sobre os mercados de títulos e valores mobiliários; • imperfeições encontradas nos órgãos institucionais e reguladores.. Uma diferença básica entre investimentos diretos e investimentos em carteiras de ações reside no fato de que, no primeiro caso, os investidores procuram obter uma participação efetiva na administração das empresas nas quais efetuam os seus aportes acionários, ao passo que, no segundo caso, normalmente não se busca o controle administrativo. Essa distinção é importante por que as características dos investidores diferem.. Os investimentos em carteiras são realizados por indivíduos e, principalmente, pelos investidores institucionais, e as suas decisões são determinadas fundamentalmente por considerações de rentabilidade e risco. Os investidores diretos, adicionalmente, também estão interessados nas estruturas dos mercados e nas vantagens monopolísticas..

(36) 28 Com relação aos investimentos em carteiras de ações, O jornal O Estado de. São Paulo, de 17.6.97, observa que, se de um lado as bolsas de valores podem ser negativamente. afetadas por expectativas políticas, de outro lado, a. expansão do patrimônio dos fundos de ações carteira livre traz algum alento e a perspectiva. de manutenção. de um bom ritmo de compras por instituições. adm inistradoras.. Segundo. levantamento. efetuado. pela ANBID. - Associação. Nacional. dos. Bancos de Investimento, o patrimônio líquido de ações carteira livre atingiu, até 11 de junho de 1997, a expressiva cifra de R$ 11,385 bilhões. É importante notar com relação ao montante acima, que esse patrimônio aumentou mais de R$ 1 bilhão, em menos de duas semanas.. O estudo da ANBID acrescenta ainda que o patrimônio líquido consolidado da indústria de fundos alcançou o montante de R$ 128,963 bilhões, somente no dia 11.6.97.. Os dados apresentados acima sobre os fundos de ações carteira livre, no caso brasileiro, importância. comprovam. claramente. os comentários. para as chamadas nações emergentes. feitos a respeito da sua e, em especial, para os. países latino-americanos.. Em entrevista. ao jornal. O Estado de São Paulo, de 21.6.97,. o consultor. Roberto Teixeira da Costa recém chegado de um fórum realizado em Nova.

(37) 29. York, que reuniu conselheiros de fundos de investimento, forneceu alguns dados bastantes expressivos sobre esses fundos:. "O total de ativos hoje, nos EUA, supera a casa dos 3,5 trilhões de dólares, espalhados por sete mil fundos, e aplicados por cerca de 59 milhões de investidores. A legislação americana exige que esses fundos tenham diretores externos que representem, no mínimo, 40% do total. Os fundos de renda fixa, consagrados no início dos anos 90, deram vez aos fundos mútuos, que investem quase US$ 1,88 trilhão". Teixeira da Costa aponta que "devido a esse crescimento, gerentes e analistas têm sido avidamente disputados. E que, os grupos que se dedicam unicamente à administração de carteiras e fundos estão sendo assediados pelas grandes instituições financeiras".. A disposição de investir em mercados emergentes, que se manifestou inicialmente em mercados asiáticos e do sul da Europa, se voltou ultimamente para os mercados latino-americanos, respaldada na teoria de diversificação de risco.. Essa teoria se desenvolveu em nível acadêmico na década de 60, a partir dos ensinamentos de Marcowitz. Ela indica a possibilidade de se reduzir o risco de uma carteira, assim como aumentar o seu retorno, mediante investimentos diversificados, ainda que, individualmente, 'alguns associado.. possuam. alto risco.

(38) 30. Muito oportuno no que tange à globalização da economia, é outro artigo intitulado "Globalização ao Vivo", publicado no mesmo jornal O Estado de São Paulo, de 22.6.97. Em seu texto, o autor deixa patente que, "a integração e a globalização ameaçam atropelar quem for mais lento. O grande mote do encontro de ministros e presidentes do Cone Sul, em Assunção, foi a necessidade de apressar o fortalecimento do Mercosul para resistir às pressões norte-americanas. Isto em razão da bandeira agitada pelo Presidente SiII Clinton ao desembarcar em Denver, no Colorado, para uma reunião do Grupo dos 8, quando defendeu urgência para novos acordos comerciais".. Poucas vezes, como nos dias atuais, o quadro das forças em ação no mundo globalizado tem ficado tão claro.. O poderio norte-americano, para não falar no dinamismo asiático, analisa o artigo referido, "impõe velocidade às decisões no Cone Sul. A demora do Presidente SiII Clinton em obter o "fast treck', isto é, o mandato especial para negociar acordos comerciais, favorece, por enquanto, os governos do Mercosul. Têm mais tempo, graças à isso, para se aprontar para a negociação da Alca - Área de Livre Comércio das Américas. O atraso, de toda forma, impede a inclusão do Chile no Nafta - Acordo Norte-Americano de Livre Comércio, o que contribuiu, certamente, para estimular o governo chileno a se alinhar à posição do Mercosul em relação a Alca"..

(39) 31. Aproveitar essa vantagem é uma imposição de bom senso, pois a demora na obtenção do "tast tracK' significa uma situação passageira. Os presidentes dos países do Mercosul sabem disso e, também, que o fortalecimento do bloco não depende apenas de acertos diplomáticos mas, ainda, que os ajustes possam até incluir compromissos de coordenação das políticas econômicas.. "O alcance desses acordos, no entanto, não será ditado pelos presidentes e seus ministros. A força do Mercosul virá, certamente, da integração e do crescimento das empresas, mas isso dependerá das condições fiscais e monetárias e de enormes investimentos em infra-estrutura, educação e desenvolvimento tecnológico", conclui o artigo mencionado.. Relacionado a esse fato, assiste-se nos países latino-americanos a uma razoável liberalização sobre os controles das aplicações estrangeiras, principalmente na forma de fundos de investimentos, ao mesmo tempo em que se constata uma melhoria da qualidade e da quantidade de informações disponíveis dos mercados de valores emergentes, primordialmente em razão dos esforços dos diversos organismos internacionais como o Banco Mundial, a laSCO, a FIBV, os organismos regionais como a FIABV, a ALADI, o próprio Mercosul, e das entidades nacionais.. Um ponto crítico para a globalização dos países latino-americanos é o tamanho dos seus mercados nacionais se comparados com o dos países desenvolvidos.. Qualquer. acontecimento. nos. mercados. desses. países.

(40) 32. desenvolvidos que determ inasse uma grande volatilidade nos preços das ações teria impactos muito mais devastadores nos mercados menores.. Uma. alternativa. importante. para. os. países. latino-americanos,. cuja. característica comum é a estreiteza dos seus mercados (mesmo que existam diferenças entre eles próprios), é a integração regional, conforme já foi dito, como uma etapa intermediária na busca da integração global. Os países desenvolveriam os seus mercados nacionais impulsionados pela ampliação dos mercados e pelo maior volume de transações dentro da região. Melhorariam,. assim,. os. níveis. de. competitividade. de. seus. agentes. intermediários através das experiências comuns entre eles e, a partir daí, criariam as condições necessárias à inserção de cada um no mercado internacional globalizado..

(41) 33. 1.2 A Globalização dos Mercados Financeiros.. A globalização dos mercados financeiros e de capitais mundiais é, em essência, a sua interconexão digital, e esses mercados internacionais não diferem fundamentalmente dos mercados financeiros e de capitais domésticos no que concerne ao seu papel ou instrumentos fundamentais, conforme ensina o "DC Gardner Guide to International Capital Markets" (1993, p.15).. Carlos Reis (1993, p.42), ex-presidente da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, em artigo publicado na Revista Bovespa intitulado "O Verdadeiro Mercado Global" declara que "o maior intercâmbio entre os mercados financeiros internacionais vai facilitar a reforma e o crescimento de qualquer economia. Inclusive a nossa".. O autor considera "que muito se tem falado em globalização dos mercados. Mas a verdade é que, num mundo ainda repleto de barreiras alfandegárias e protecionismo, esta é uma tendência a se tornar realidade talvez daqui a dez ou vinte anos". Embora pareça ter uma posição crítica com relação a um possível "mercado global", deixa claro em outra parte do artigo que "a. globalização é muito mais efetiva, e real, no mercado financeiro". No seu entender essa condição existe, "talvez por que o dinheiro flua mais fácil, ou talvez por que a revolução tecnológica nas telecomunicações e na informática tenha reduzido drasticamente o custo de transporte da informação, que é a matéria-prima da atividade financeira. A rigor, são poucos os lugares no.

(42) 34 mundo onde, hoje, o sistema financeiro nacional não esteja, de alguma forma, conectado com o internacional".. Ao concluir o artigo, Reis especifica que "o mercado de capitais brasileiro, o sistema de intermediação como um todo e, sobretudo, nossas corretoras estão prontos para assumir o seu papel. Já mostramos competência ao carrear para as bolsas os cerca de US$ 10 bilhões que os investidores estrangeiros trouxeram para o Brasil ao longo desses dois anos".. As facilidades de comunicação proporcionadas pela tecnologia da informação e da telecomunicação forçam as barreiras impostas pelo tempo, pelo espaço, pela burocracia e pela limitada capacidade de análise tradicional a ser plenamente ultrapassadas.. Com o advento da telecomunicação e da informática, multiplicaram-se as possibilidades de se varrer um número maior de centros de negócios ao redor do mundo em busca de oportunidades de negociações. A enorme massa de capital, principalmente de curto prazo, começou então a não apenas possuir outras alternativas de investimento, mas também a ser disputada pelos diversos tomadores que passaram a ter acesso a informações com maior. freqüência e detalhamento.. Essa integração de mercados passou a ser, de certa forma, a alavanca de crescimento da economia mundial. Países isolados e subdesenvolvidos.

(43) 35. começaram a agilizar seus processos burocráticos e a receber informações mais atualizadas sobre o mundo da vanguarda econômica. A satisfação dessas condições para que se acompanhassem com menor defasagem o desdobrar e o desenvolvimento da economia permitiu o ingresso desses países na pauta de análises para possível. investimento de capitais. estrangeiros. A referida possibilidade provocou, em uma reação lógica, a resposta positiva da parte dos países não-industrializados, no sentido de desenvolverem-se economicamente, fomentando ainda mais a interligação dos mercados financeiros e de capitais internacionais.. Por outro lado, os países doadores, por intermédio de seus investidores, vislumbraram a notável oportunidade de aplicação de seus excedentes.. MAHONEY. (1997,. p.48). faz. uma. análise. bastante. semelhante. às. considerações delineadas acima, no seguinte sentido: "o apetite global pelo capitalismo está criando uma oportunidade mundial para as empresas encontrarem capital e investidores. Em todo o mundo já existem ou estão em gestação economias poderosas. Enquanto isso, a concorrência é uma realidade internacional - concorrência por negócios, por dinheiro e p6~' investidores. Da mesma maneira que os investidores estão montando carteiras globais, as empresas estão, alternativamente, elaborando planos globais para levantar dinheiro, empenhadas em consegui-lo ao menor custo. Assim como as empresas norte-americanas estão fazendo ofertas de títulos e aumentando as posições em ações entre os investidores estrangeiros, as empresas.

(44) 36 estrangeiras também estão fazendo ofertas de títulos e aumentando as posições em ações entre os investidores norte-americanos".. A seguir, MAHONEY, anteriormente citado, apresenta o que considera princípios básicos de uma estratégia de relações com poupadores na busca de investimentos em escala mundial. Os princípios enunciados se resumem aos seguintes pontos:. •. economias mais fortes estão gerando grande volume de dinheiro para investimentos na Europa, Ásia e em outras regiões;. •. a demanda por ações pode elevar os seus preços; e. •. os esforços dinâmicos de marketing podem ajudar a gerar essa demanda.. "Nesse movimento, os mercados de valores mobiliários procuram agilizar a sua integração. A idéia generalizada é a de que essa integração tende a ser mutuamente benéfica, à medida que os mercados se intercomunicarem e estabelecerem padrões objetivos, eficientes e eficazes de comunicação", (MAHONEY, 1997, p.SO).. Essa propositura de reciprocidade, consideração e colaboração nos mercados financeiros e de capitais globalizados é, no entanto, aceita com alguma reserva por muitos especialistas do mercado de valores mobiliários e entidades internacionais..

(45) 37. O jornal O Estado de São Paulo, de 9.7.97, publicou matéria que realça de maneira bastante dramática o problema da globalização dos mercados financeiros e de capitais:. "A liberalização dos mercados financeiros para a competição global tem provocado impactos extremamente negativos nas economias dos países em desenvolvimento e nos mercados emergentes, concluiu o mais recente relatório das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), divulgado em Genebra.". As flutuações cambiais e dos mercados de ações das nações desenvolvidas acabam repercutindo nos países pobres e comprometendo políticas internas de estabilização econômica, adverte o estudo da ONU, produzido pelo professor britânico John Eatwell, da Universidade de Cambridge.. Os mercados emergentes ficam sujeitos a brutais flutuações graças às crises financeiras internacionais, sendo os seus governos, normalmente, forçados a elevar as taxas internas de juros prejudicando suas metas de crescimento. Conforme afirmou Eatwell na cerimônia de lançamento de seu estudo, "a idéia dominante de que os mercados financeiros e de capitais são eficientes e devem funcionar sem nenhuma restrição, é um equívoco". Continuando a sua análise, o professor Eatwell aconselha os governos dos países em desenvolvimento "a restringirem a entrada no país do chamado capital internacional especulativo". A seguir enfatiza que "os governos dos países.

(46) 38. pobres não devem se deixar iludir pelo dinheiro fácil do mercado de capitais e, precisam, isso sim, concentrar-se nos meios para tornar as entradas de capital em investimentos diretos, produtivos".. No estudo da ONU há tabelas que mostram uma queda dos investimentos diretos dos países ricos na mesma proporção em que ocorre o processo de liberalização dos mercados financeiros e de novos instrumentos especulativos, como o mercado de derivativos. A maior parte dos países latino-americanos, segundo o PNUD, tem sido afetada pelas flutuações do mercado global, numa tendência acompanhada pela desaceleração econômica, crescimento do desemprego e aumento das tensões sociais.. O professor João Carlos DOUAT (1994, p.4), em sua tese "Desenvolvimento de Modelo para Administração de Carteiras de Crédito a Pessoas Jurídicas em um Banco Comercial com base na Teoria de Diversificação de Riscos", aponta quatro razões para justificar o aumento da competição no mercado financeiro, no caso bancário, que de certa forma coincide com os pontos discutidos neste trabalho, a saber:. ". a quebra da distinção entre bancos comerciais e de investimentos. (desregulamentação); o processo de exclusão de bancos da intermediação tradicional (desintermediação); a boa lucratividade do setor; e, queremos destacar, a globalização dos mercados financeiros"..

(47) 39 As bolsas de valores, que serão objeto de estudos nos capítulos 3, 5 e, principalmente no 4, representam, na relação entre tomadores e investidores, o elo fundamental ou facilitadoras de negociações graças às facilidades de equipamentos eletrônicos de intercomunicação com que são aparelhadas.. Presentemente, as principais bolsas de valores "globais", de maneira idêntica a outras instituições intemacionais, negociam na base de 24 horas ao dia no sistema digital eletrônico.. Para concluir, e procurando evidenciar o envolvimento do Brasil no processo de globalização do mercado de valores mobiliários, vale citar Castelo BRANCO (1993, p.16): "as sociedades corretoras de Londres já. estão criando. departamentos de investimentos brasileiros. E decretam: o Brasil está na moda".. 1.3 A Evolução dos Mercados Financeiros Brasileiros. Os mercados financeiros brasileiros apresentam fases bem definidas e específicas que podem ser divididas por décadas, de 1950 a 1990.. A seguir será apresentada uma síntese da evolução dos mercados financeiros nacionais, nas décadas acima, que visa a propiciar um quadro objetivo do desenvolvimento desses mercados..

(48) 40 A Década de 1950. A política de substituição de importações representava o modelo econômico brasileiro da década de 50 e era muito introvertido. Em face da ausência de recursos a médio e, principalmente, longo prazos, o governo efetuava grandes emissões de moeda, o que acabava provocando um enorme aumento da inflação.. Surgiram, nessa década, as Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimentos, conhecidas como Financeiras, que tinham como um de seus objetivos o financiamento do capital de giro das empresas e a aquisição de bens duráveis. Na prática, porém, essas instituições financeiras passaram a operar. basicamente. no. curto. prazo,. não. introduzindo. modificações. significativas no cenário econômico da época.. o País experimentava, nos anos 50, um rápido processo de industrialização e havia enorme escassez de capital de longo prazo.. Visando a resolver essa dificuldade, as autoridades brasileiras criaram por volta de 1951 o Fundo para a Reestruturação Econômica, cognominado de FRE.. , No ano seguinte, surgiu o BNDES - Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, criado pela Lei n°. 1628, de·20 de junho de 1952, cujos. ~t.

(49) 41. primeiros estudos haviam começado em 1950, pela denominada Comissão Mista Brasil/Estados Unidos.. o. objetivo inicial do BNDES era o de atender os setores de infra-estrutura. nacional como energia, transporte, agricultura e indústrias básicas, enfim, dar atendimento ao programa de reaparelhamento econômico do país.. Presentemente, o atendimento à infra-estrutura nacional tornou-se um papel supletivo e a meta básica passou a ser a orientação do crédito para a variada e extensa relação de atividades que ofereçam melhores perspectivas de aceleração do processo de desenvolvimento econôm ico.. o Jornal. da Tarde, de 13.11.96, menciona que o BNDES está se preparando. para atuar também como um banco de comércio exterior, tendo como modelo os Eximbanks (bancos de exportação e importação) que existem nos Estados Unidos da América e no Japão o que, certamente, agilizará ainda mais as suas variadas atividades nos diversos setores da infra-estrutura econômica do país.. A Década de 1960. o setor monetário predominou. na economia brasileira nessa época..

(50) 42 Os bancos comerciais eram os principais provedores de recursos para o setor privado, porém não cumpriam satisfatoriamente o seu papel. Isto por que a existência de leis muito antigas, de 1933 por exemplo, que estabeleciam o limite de juros para financiamentos em 12% ao ano, diante dos altos níveis de inflação e ausência de correção monetária praticamente impediam operações de médio e longo prazo em razão do prejuízo que determinavam às instituições financeiras. Tal circunstância impedia também as atividades de intermediários não bancários no mercado.. Nos anos 60 foi promulgada a Lei n°. 4357 que criou as ORTN - Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional, instrumento que institucionalizou toda a sistemática. de. correção. monetária.. Paralelamente,. foi. implantado. o. mecanismo de correção monetária para todos os tipos de contratos, para o ativo permanente das empresas etc., que veio atender parcialmente as reivindicações dos intermediários financeiros não bancários que começaram a se estabelecer no mercado com áreas de atuação específicas.. A década de 60 foi pródiga no surgimento de instituições financeiras privadas e governamentais, bancárias e não-bancárias.. Em 21 de agosto de 1964, a Lei n°. 4380 criou o BNH - Banco Nacional da Habitação, cujo objetivo básico era o de orientar, disciplinar e controlar o Sistema Financeiro da Habitação - SFH, a fim de promover a aquisição da casa própria. Essa lei também inaugurou o SBPE - Sistema Brasileiro de.

(51) 43 Poupança e Empréstimos, cuja meta era orientar o surgimento de instituições financeiras e produtos ligados ao SFH, como por exemplo, as Sociedades de Crédito Imobiliário, as Associações. de Poupança e Empréstimos, as. Cooperativas Habitacionais, e outras afins. Pode-se lembrar como produtos \ançados na época, as letras imobiliárias, as cadernetas de poupança e as letras hipotecárias. Como programas de financiamento pode-se lembrar também o Recon, o Regir e o Reinvest.. o Banco Nacional da Habitação - BNH foi extinto em razão de sua ineficiência, não sendo substituído por nenhuma outra instituição.. As agências bancárias passaram por processos profundos de racionalização, houve o aparecimento de órgãos de fomento financeiro e foram instituídos o FGTS, o PIS e o PASEP.. Duas outras leis já referidas anteriormente foram fundamentais para o desenvolvimento do Sistema Financeiro Nacional:. • Lei n°. 4595, de 31 de dezembro de 1964, denominada de Lei da Reforma Bancária, que trata da política e das instituições monetárias, bancárias e creditícias, criou o Conselho Monetário Nacional e o Banco Central do Brasil;.

(52) 44. • Lei n°. 4728, de 14 de julho de 1965, denominada de Lei do Mercado de Capitais, que. disciplinou. os. mercados. financeiros. e. de. capitais,. estabelecendo diversas medidas para o seu desenvolvimento.. Muito marcante nessa época foi o aperfeiçoamento e o desenvolvimento das bolsas de valores brasileiras, graças à edição da Resolução n°. 39, do Banco Central do Brasil, em 20 de novembro de 1966.. A Década de 1970. A década de 70 caracterizou o "boom" das bolsas de valores que alcançou os anos de 1970 e 1971.. Os acontecimentos da época demonstraram que as bolsas brasileiras ainda não contavam com uma estrutura técnica e operacional eficiente para suportarem grandes volumes de capital.. A crise do petróleo de 1974, somada à expansão dos meios de pagamentos, reacelerou a inflação determinando graves problemas. à balança. de. pagamentos. As empresas passaram a trabalhar com menor grau de capital próprio e maiores níveis de endividamento..

(53) 45. Surgiram os grandes conglomerados financeiros paralelamente à implantação de um sistema de incentivos fiscais altamente complexo e muito amplo, que visavam a incentivar investimentos em setores ou regiões prioritárias e o aumento da poupança financeira privada.. Duas leis promulgadas nesse período tiveram grande reflexo nos mercados financeiros e de capitais:. • Lei n°. 6385, de 7 de dezembro de 1976, que dispõe sobre o mercado de valores mobiliários e cria a Comissão de Valores Mobiliários - CVM; • Lei n°. 6404, de 15 de dezembro de 1976, que dispõe sobre as Sociedades por Ações.. Durante os anos 70, as altas taxas de inflação com a conseqüente desvalorização monetária representaram o principal impedimento ao maior desenvolvimento. dos mercados financeiros. e de capitais. A correção. monetária, no entanto, possibilitou aos portadores de títulos e valores mobiliários obter taxas de retorno reais. Também as empresas emissoras desses títulos tiveram a vantagem de ver seus lucros tributados em bases reais..

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