Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. 7, n. 4, p.
PSICOLOGIA E PACIENTES RENAIS CRÔNICOS: RELATO
DE EXPERIÊNCIA
PSYCHOLOGY AND CHRONIC RENAL PATIENTS:
SUPERVISED INTERNSHIP EXPERIENCE REPORT
PSICOLOGÍA Y PACIENTES RENALES CRÓNICOS:
INFORME DE PRÁCTICA SUPERVISADA
Régis Buldo Pires1
Paulo Francisco de Castro2
Resumo: Este artigo foi produzido a partir da experiência de estágio supervisionado específico em processos
grupais na graduação do curso de
pacientes em tratamento de hemodiálise na Zona Leste de São Paulo. O Relato de Experiência visa discorrer sobre a importância do acolhimento para pacientes renais crônicos e os imp
adoecimento e das condições impostas pelo tratamento. A composição compartilha experiências práticas, manejo com questões emergentes coletivas em espaços grupais e refere
o tratamento de hemodiálise.
Palavras-chave: Processos grupais. Psicologia da saúde.
Abstract: Thisarticlewasproducedfromtheexperienceofspecificsupervisedinternship in group processes in
undergraduatePsychology. The practical
nephrologicalclinicwithpatientsundergoinghemodialysistreatment in theEast Zone of São Paulo. The Experience
Reportaimstodiscusstheimportanceofwelcomingtochronic renal
patientsandthepsychicimpactsresultingfromtheillnessandtheconditi
compositionsharespracticalexperiences, management withcollectiveemergingissues in groupspacesandreferstotherelevanceofthepsychologist's performance duringhemodialysistreatment.
Keywords:Group processes. Health
Resumen: Este artículo fueproducido a partir de laexperiencia de prácticas supervisadas específicas
enprocesosgrupalesen grado enPsicología. Lasactividadesprácticastuvieron lugar en una clínica nefrológica con pacientes sometidos a tratamiento de hemodiálisisenla zona este de São Paulo. El Informe de Experienciatiene como objetivo discutir laimportancia de dar labienvenida a los pacientes renales crónicos y los impactos psíquicos resultantes de laenfermedad y las condiciones impuestas po
experienciasprácticas, manejo con problemas emergentes colectivosenespaciosgrupales y se refiere a larelevancia de laactuacióndel psicólogo durante eltratamiento de hemodiálisis.
Palabras-clave: Procesosgrupales. Ps
Envio 26/12
1Graduando em Psicologia da Universidade Cruzeiro do Sul
2Professor Adjunto I do Curso de Psicologia da Universidade Cruzeiro do Sul e Professor Assistente Doutor do
Departamento de Psicologia da Universidade de
Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. 7, n. 4, p. 146-159, jul./set., 2020.
PSICOLOGIA E PACIENTES RENAIS CRÔNICOS: RELATO
EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO
PSYCHOLOGY AND CHRONIC RENAL PATIENTS:
SUPERVISED INTERNSHIP EXPERIENCE REPORT
PACIENTES RENALES CRÓNICOS:
INFORME DE PRÁCTICA SUPERVISADA
Este artigo foi produzido a partir da experiência de estágio supervisionado específico em processos grupais na graduação do curso de Psicologia. As atividades práticas ocorreram em uma clínica nefrológica com pacientes em tratamento de hemodiálise na Zona Leste de São Paulo. O Relato de Experiência visa discorrer sobre a importância do acolhimento para pacientes renais crônicos e os impactos psíquicos decorrentes do adoecimento e das condições impostas pelo tratamento. A composição compartilha experiências práticas, manejo com questões emergentes coletivas em espaços grupais e refere-se à importância da atuação do psicólogo durante
Processos grupais. Psicologia da saúde. Nefrologia. Hemodiálise.
articlewasproducedfromtheexperienceofspecificsupervisedinternship in group processes in
undergraduatePsychology. The practicalactivitiestookplace in a
nephrologicalclinicwithpatientsundergoinghemodialysistreatment in theEast Zone of São Paulo. The Experience
Reportaimstodiscusstheimportanceofwelcomingtochronic renal
patientsandthepsychicimpactsresultingfromtheillnessandtheconditionsimposedbytreatment. The compositionsharespracticalexperiences, management withcollectiveemergingissues in groupspacesandreferstotherelevanceofthepsychologist's performance duringhemodialysistreatment.
Healthpsychology. Nephrology. Hemodialysis.
Este artículo fueproducido a partir de laexperiencia de prácticas supervisadas específicas enprocesosgrupalesen grado enPsicología. Lasactividadesprácticastuvieron lugar en una clínica nefrológica con amiento de hemodiálisisenla zona este de São Paulo. El Informe de Experienciatiene como objetivo discutir laimportancia de dar labienvenida a los pacientes renales crónicos y los impactos psíquicos resultantes de laenfermedad y las condiciones impuestas por eltratamiento. La composición comparte experienciasprácticas, manejo con problemas emergentes colectivosenespaciosgrupales y se refiere a larelevancia de laactuacióndel psicólogo durante eltratamiento de hemodiálisis.
Procesosgrupales. Psicología de lasalud. Nefrología. Hemodiálisis.
12/2019 Revisão 14/01/2020 Aceite 04/06
Universidade Cruzeiro do Sul. E-mail: regispires2@gmail.com.
Professor Adjunto I do Curso de Psicologia da Universidade Cruzeiro do Sul e Professor Assistente Doutor do Departamento de Psicologia da Universidade de Taubaté. E-mail: paulo.francisco@cruzeirodosul.edu.br.
, jul./set., 2020.
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PSICOLOGIA E PACIENTES RENAIS CRÔNICOS: RELATO
DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO
PSYCHOLOGY AND CHRONIC RENAL PATIENTS:
SUPERVISED INTERNSHIP EXPERIENCE REPORT
PACIENTES RENALES CRÓNICOS:
Este artigo foi produzido a partir da experiência de estágio supervisionado específico em processos Psicologia. As atividades práticas ocorreram em uma clínica nefrológica com pacientes em tratamento de hemodiálise na Zona Leste de São Paulo. O Relato de Experiência visa discorrer actos psíquicos decorrentes do adoecimento e das condições impostas pelo tratamento. A composição compartilha experiências práticas, manejo se à importância da atuação do psicólogo durante
articlewasproducedfromtheexperienceofspecificsupervisedinternship in group processes in
activitiestookplace in a
nephrologicalclinicwithpatientsundergoinghemodialysistreatment in theEast Zone of São Paulo. The Experience
Reportaimstodiscusstheimportanceofwelcomingtochronic renal
onsimposedbytreatment. The
compositionsharespracticalexperiences, management withcollectiveemergingissues in groupspacesandreferstotherelevanceofthepsychologist's performance duringhemodialysistreatment.
Este artículo fueproducido a partir de laexperiencia de prácticas supervisadas específicas enprocesosgrupalesen grado enPsicología. Lasactividadesprácticastuvieron lugar en una clínica nefrológica con amiento de hemodiálisisenla zona este de São Paulo. El Informe de Experienciatiene como objetivo discutir laimportancia de dar labienvenida a los pacientes renales crónicos y los impactos r eltratamiento. La composición comparte experienciasprácticas, manejo con problemas emergentes colectivosenespaciosgrupales y se refiere a
6/2020
regispires2@gmail.com.
Professor Adjunto I do Curso de Psicologia da Universidade Cruzeiro do Sul e Professor Assistente Doutor do mail: paulo.francisco@cruzeirodosul.edu.br.
Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. 7, n. 4, p. Introdução
A doença renal crônica tem se tornado um dos principais problemas de saúde mundial, os altos índices de incidência em sua maior parte estão relacionados ao crescente aumento de indivíduos com hipertensão arterial e diabetes mellitus (Abreu, 2012). Além das
citadas, a doença renal crônica pode ser oriunda de obstrução do trato urinário, a glomerulonefrite, alterações renais e doenças autoimunes. Quando acarreta uma diminuição gradual e permanente da função renal, caracteriza
(Viana; Veras; Santana, 2014).
Conforme a progressão da insuficiência renal, os indivíduos podem apresentar fadiga, comprometimento do estado mental que evoluem para outros sintomas nervosos e musculares como espasmos, fraquezas, câimbras
progressão do quadro. A IRC compromete a capacidade do organismo em manter o equilíbrio metabólico e hidroeletrolítico, resultante do acúmulo no sangue de substâncias que são excretadas na urina. Em estágios
remover líquidos e produtos do metabolismo do corpo para suprir a função renal. O procedimento pode ser feito por meio da diálise peritoneal, hemofiltração e hemodiálise (Viana; Veras; Santana, 2014
depuração do sangue em sua passagem por um dialisador em circulação extracorpórea (Rodrigues; Botti, 2009; Viana; Veras; Santana, 2014), é realizada costumeiramente três vezes na semana por aproxi
O paciente com uma doença renal crônica apresenta perda progressiva de seu bem estar físico que impacta diretamente em sua qualidade de vida. A patologia e o tratamento interferem na rotina, requerem
continuado de medicamentos, geram impactos na alteração da imagem corporal e sentimentos ambíguos entre o medo de viver e de morrer (Machado; Car, 2003; Rodrigues; Lima; Amorim, 2009).
Os rins são eleme
responsáveis pelo papel de regulação do equilíbrio hídrico e eletrolítico, regulação do equilíbrio ácido-base, regulação da pressão arterial, regulação das hemácias, regulação da produção de vitamina D e pela glicogênese. São órgãos compostos por néfrons em seu interior, que são unidades funcionais classificadas em néfrons corticais e
Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. 7, n. 4, p. 146-159, jul./set., 2020.
A doença renal crônica tem se tornado um dos principais problemas de saúde mundial, os altos índices de incidência em sua maior parte estão relacionados ao crescente aumento de indivíduos com hipertensão arterial e diabetes mellitus (Abreu, 2012). Além das
citadas, a doença renal crônica pode ser oriunda de obstrução do trato urinário, a glomerulonefrite, alterações renais e doenças autoimunes. Quando acarreta uma diminuição gradual e permanente da função renal, caracteriza - se como insuficiência re
(Viana; Veras; Santana, 2014).
Conforme a progressão da insuficiência renal, os indivíduos podem apresentar fadiga, comprometimento do estado mental que evoluem para outros sintomas nervosos e musculares como espasmos, fraquezas, câimbras além de alterações importantes no sangue com a progressão do quadro. A IRC compromete a capacidade do organismo em manter o equilíbrio metabólico e hidroeletrolítico, resultante do acúmulo no sangue de substâncias que são excretadas na urina. Em estágios graves da insuficiência, a diálise se faz necessária para remover líquidos e produtos do metabolismo do corpo para suprir a função renal. O procedimento pode ser feito por meio da diálise peritoneal, hemofiltração e hemodiálise (Viana; Veras; Santana, 2014). O método de hemodiálise é o mais frequente e consiste na depuração do sangue em sua passagem por um dialisador em circulação extracorpórea (Rodrigues; Botti, 2009; Viana; Veras; Santana, 2014), é realizada costumeiramente três vezes na semana por aproximadamente quatro horas (Rodrigues; Lima; Amorim, 2009).
O paciente com uma doença renal crônica apresenta perda progressiva de seu bem estar físico que impacta diretamente em sua qualidade de vida. A patologia e o tratamento interferem na rotina, requerem restrições alimentares e no consumo de líquidos, uso continuado de medicamentos, geram impactos na alteração da imagem corporal e sentimentos ambíguos entre o medo de viver e de morrer (Machado; Car, 2003; Rodrigues; Lima;
Os rins são elementos do sistema urinário e além da função de excreção, são responsáveis pelo papel de regulação do equilíbrio hídrico e eletrolítico, regulação do base, regulação da pressão arterial, regulação das hemácias, regulação da na D e pela glicogênese. São órgãos compostos por néfrons em seu interior, que são unidades funcionais classificadas em néfrons corticais e
, jul./set., 2020.
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A doença renal crônica tem se tornado um dos principais problemas de saúde mundial, os altos índices de incidência em sua maior parte estão relacionados ao crescente aumento de indivíduos com hipertensão arterial e diabetes mellitus (Abreu, 2012). Além das causas citadas, a doença renal crônica pode ser oriunda de obstrução do trato urinário, a glomerulonefrite, alterações renais e doenças autoimunes. Quando acarreta uma diminuição se como insuficiência renal crônica - IRC
Conforme a progressão da insuficiência renal, os indivíduos podem apresentar fadiga, comprometimento do estado mental que evoluem para outros sintomas nervosos e musculares além de alterações importantes no sangue com a progressão do quadro. A IRC compromete a capacidade do organismo em manter o equilíbrio metabólico e hidroeletrolítico, resultante do acúmulo no sangue de substâncias que são graves da insuficiência, a diálise se faz necessária para remover líquidos e produtos do metabolismo do corpo para suprir a função renal. O procedimento pode ser feito por meio da diálise peritoneal, hemofiltração e hemodiálise ). O método de hemodiálise é o mais frequente e consiste na depuração do sangue em sua passagem por um dialisador em circulação extracorpórea (Rodrigues; Botti, 2009; Viana; Veras; Santana, 2014), é realizada costumeiramente três
madamente quatro horas (Rodrigues; Lima; Amorim, 2009). O paciente com uma doença renal crônica apresenta perda progressiva de seu bem-estar físico que impacta diretamente em sua qualidade de vida. A patologia e o tratamento
restrições alimentares e no consumo de líquidos, uso continuado de medicamentos, geram impactos na alteração da imagem corporal e sentimentos ambíguos entre o medo de viver e de morrer (Machado; Car, 2003; Rodrigues; Lima;
ntos do sistema urinário e além da função de excreção, são responsáveis pelo papel de regulação do equilíbrio hídrico e eletrolítico, regulação do base, regulação da pressão arterial, regulação das hemácias, regulação da na D e pela glicogênese. São órgãos compostos por néfrons em seu interior, que são unidades funcionais classificadas em néfrons corticais e
Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. 7, n. 4, p.
néfronsjustamedulares (Mourão Junior; Abramov, 2011). Aproximadamente um quinto do volume de plasma que passa pelos
túbulos renais; parte desse líquido é reabsorvido e um percentual retorna para a corrente sanguínea. O volume não reabsorvido pelos rins é excretado (Eaton; Pooler, 2012).
A doença renal crônica te
os estágios avançados relacionados à multiplicação de trabalho dos néfrons restantes, alteração da dinâmica renal e adaptações tubulares para suprir a falta dos danos já permanentes. Com a progress
terapias substitutivas renais, são necessários procedimentos invasivos ao corpo do paciente, como pequenas cirurgias para formação de fístulas arteriovenosas e inserção de agulhas nestas fístulas. Estes procedimentos desconfortáveis, assim como a relação com a máquina que realiza o procedimento de hemodiálise, despertam impactos psíquicos aos pacientes, simbolizam invasões corporais, perda da autonomia e do domínio de si mesmo (Amiratti, 2012; Carvalho, 2011; Castro; Rocha Júnior, 2010).
Os impactos causados pelo procedimento de hemodiálise, estabelecem relações desarmoniosas e ambíguas entre o paciente e o equipamento que realiza a filtragem. A máquina que traz desconforto, impõe limitações, inter
que garante a manutenção da vida. Outro fator que desperta a ambiguidade e contraditoriedade é o elemento morte que se faz muito presente na subjetividade destes pacientes. A máquina e o procedimento de diálise os liv
constantemente presenciam situações críticas de colegas durante o tratamento, inclusive óbitos (Santos et al., 2018; Veloso, 2001).
Com a evolução da doença ocorrem transformações que refletem em alterações da imagem corporal do paciente como edemas na face, em membros inferiores e retenção de líquido no abdome; complementados por fadiga, indisposição, fragilidade óssea, baixa imunidade e demais limitações que fortalecem a ideia de deterioração de si, dependência e sentimento de culpabilidade em relação aos familiares. Conviver com uma doença crônica significa conviver com a idéia
do processo de adoecimento, o indivíduo experiencia perdas e impedimentos que mod
as relações e implicam em prejuízos sociais, psíquicos e físicos que podem desencadear conflitos em relação a autoimagem, sexualidade e atividades laborais (Carvalho, 2011; Mestre
Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. 7, n. 4, p. 146-159, jul./set., 2020.
néfronsjustamedulares (Mourão Junior; Abramov, 2011). Aproximadamente um quinto do volume de plasma que passa pelos rins por minuto é transferido através da filtração para os túbulos renais; parte desse líquido é reabsorvido e um percentual retorna para a corrente sanguínea. O volume não reabsorvido pelos rins é excretado (Eaton; Pooler, 2012).
A doença renal crônica tem início devido aos danos irreversíveis que progridem para os estágios avançados relacionados à multiplicação de trabalho dos néfrons restantes, alteração da dinâmica renal e adaptações tubulares para suprir a falta dos danos já permanentes. Com a progressão da doença aos estágios avançados e então a utilização de terapias substitutivas renais, são necessários procedimentos invasivos ao corpo do paciente, como pequenas cirurgias para formação de fístulas arteriovenosas e inserção de agulhas nestas Estes procedimentos desconfortáveis, assim como a relação com a máquina que realiza o procedimento de hemodiálise, despertam impactos psíquicos aos pacientes, simbolizam invasões corporais, perda da autonomia e do domínio de si mesmo (Amiratti,
alho, 2011; Castro; Rocha Júnior, 2010).
Os impactos causados pelo procedimento de hemodiálise, estabelecem relações desarmoniosas e ambíguas entre o paciente e o equipamento que realiza a filtragem. A máquina que traz desconforto, impõe limitações, intercorrências e desperta raiva, é a mesma que garante a manutenção da vida. Outro fator que desperta a ambiguidade e contraditoriedade é o elemento morte que se faz muito presente na subjetividade destes pacientes. A máquina e o procedimento de diálise os livram da morte, mas por outro lado, constantemente presenciam situações críticas de colegas durante o tratamento, inclusive óbitos (Santos et al., 2018; Veloso, 2001).
Com a evolução da doença ocorrem transformações que refletem em alterações da rporal do paciente como edemas na face, em membros inferiores e retenção de líquido no abdome; complementados por fadiga, indisposição, fragilidade óssea, baixa imunidade e demais limitações que fortalecem a ideia de deterioração de si, dependência e mento de culpabilidade em relação aos familiares. Conviver com uma doença crônica idéia de terminalidade, da possibilidade real da morte. No decorrer do processo de adoecimento, o indivíduo experiencia perdas e impedimentos que mod
as relações e implicam em prejuízos sociais, psíquicos e físicos que podem desencadear conflitos em relação a autoimagem, sexualidade e atividades laborais (Carvalho, 2011; Mestre
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néfronsjustamedulares (Mourão Junior; Abramov, 2011). Aproximadamente um quinto do rins por minuto é transferido através da filtração para os túbulos renais; parte desse líquido é reabsorvido e um percentual retorna para a corrente sanguínea. O volume não reabsorvido pelos rins é excretado (Eaton; Pooler, 2012).
m início devido aos danos irreversíveis que progridem para os estágios avançados relacionados à multiplicação de trabalho dos néfrons restantes, alteração da dinâmica renal e adaptações tubulares para suprir a falta dos danos já ão da doença aos estágios avançados e então a utilização de terapias substitutivas renais, são necessários procedimentos invasivos ao corpo do paciente, como pequenas cirurgias para formação de fístulas arteriovenosas e inserção de agulhas nestas Estes procedimentos desconfortáveis, assim como a relação com a máquina que realiza o procedimento de hemodiálise, despertam impactos psíquicos aos pacientes, simbolizam invasões corporais, perda da autonomia e do domínio de si mesmo (Amiratti,
Os impactos causados pelo procedimento de hemodiálise, estabelecem relações desarmoniosas e ambíguas entre o paciente e o equipamento que realiza a filtragem. A corrências e desperta raiva, é a mesma que garante a manutenção da vida. Outro fator que desperta a ambiguidade e contraditoriedade é o elemento morte que se faz muito presente na subjetividade destes ram da morte, mas por outro lado, constantemente presenciam situações críticas de colegas durante o tratamento, inclusive
Com a evolução da doença ocorrem transformações que refletem em alterações da rporal do paciente como edemas na face, em membros inferiores e retenção de líquido no abdome; complementados por fadiga, indisposição, fragilidade óssea, baixa imunidade e demais limitações que fortalecem a ideia de deterioração de si, dependência e mento de culpabilidade em relação aos familiares. Conviver com uma doença crônica de terminalidade, da possibilidade real da morte. No decorrer do processo de adoecimento, o indivíduo experiencia perdas e impedimentos que modificam as relações e implicam em prejuízos sociais, psíquicos e físicos que podem desencadear conflitos em relação a autoimagem, sexualidade e atividades laborais (Carvalho, 2011; Mestre
Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. 7, n. 4, p.
et al., 2016). Pacientes que vivem estes impactos apresentam alto índ mentais, principalmente depressão e risco de suicídio (Loureiro; Coelho, 2018).
O agravamento da doença representa a ruptura na biografia do sujeito. O luto não só é entendido como sentimento de profunda tristeza pela perda de alguém, ma
próprio sujeito que está em processo de adoecimento. A possibilidade de morrer é o suficiente para desencadear a reação de enlutamento, períodos de crise e incertezas em relação ao tratamento e o futuro. Pacientes que são submetidos ao tratam
sofrimento psíquico, manifestados por depressão, angústia e experienciam sentimentos de aniquilamento de seus desejos; obstáculos que confrontam posturas positivas em relação a vida. A mudança da imagem corporal para o enferm
processo de adoecimento, é a morte de um corpo saudável e requer uma nova compreensão de quem se é e de como lidar com as atividades da vida diária (Bifulco; Caponero, 2016; Velloso, 2001).
Diante destes impactos e fat
consequências psíquicas, a equipe de psicologia presente é fundamental para acompanhamento dos pacientes, objetivando melhoria de qualidade de vida tanto aos assistidos, quanto aos familiares(Castro; Rocha
do paciente com doença renal crônica vai além da terapia dialítica, se faz necessário o cuidado e a escuta para que possa lidar com tantas informações, mudanças e reorganização de hábitos (Loureiro; Coelho, 2018). O espaço para verbalização sem críticas e julgamentos facilita ao paciente e a família reconhecer as emoções e na expressão de sentimentos em linguagem; possibilita ressignificar suas vivências de forma construtiva, sobretudo quanto ao enfrentamento dos limites impostos pela doença (Carvalho, 2011; Loureiro; Coelho, 2018; Mestre, 2016).
Frente a estas questões e das demais relacionadas às desordens físicas, emocionais e sociais advindas da doença renal crônica, o presente relato de experiência propõe
sobre a importância de processos de acolhimento em grupos durante o tratamento de hemodiálise, com a finalidade de proporcionar um espaço para troca de informações, vivências e verbalização de angústias relacionadas à doença e ao tratamento.
estágio supervisionado específico em processos grupais
Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. 7, n. 4, p. 146-159, jul./set., 2020. et al., 2016). Pacientes que vivem estes impactos apresentam alto índ
mentais, principalmente depressão e risco de suicídio (Loureiro; Coelho, 2018).
O agravamento da doença representa a ruptura na biografia do sujeito. O luto não só é entendido como sentimento de profunda tristeza pela perda de alguém, ma
próprio sujeito que está em processo de adoecimento. A possibilidade de morrer é o suficiente para desencadear a reação de enlutamento, períodos de crise e incertezas em relação ao Pacientes que são submetidos ao tratamento de hemodiálise, vivenciam sofrimento psíquico, manifestados por depressão, angústia e experienciam sentimentos de aniquilamento de seus desejos; obstáculos que confrontam posturas positivas em relação a A mudança da imagem corporal para o enfermo é a morte da imagem de si antes do processo de adoecimento, é a morte de um corpo saudável e requer uma nova compreensão de quem se é e de como lidar com as atividades da vida diária (Bifulco; Caponero, 2016;
Diante destes impactos e fatores de vulnerabilidade, sobretudo relacionados às consequências psíquicas, a equipe de psicologia presente é fundamental para acompanhamento dos pacientes, objetivando melhoria de qualidade de vida tanto aos assistidos, quanto aos familiares(Castro; Rocha Júnior, 2010). O êxito no cuidado profissional do paciente com doença renal crônica vai além da terapia dialítica, se faz necessário o cuidado e a escuta para que possa lidar com tantas informações, mudanças e reorganização de hábitos 018). O espaço para verbalização sem críticas e julgamentos facilita ao paciente e a família reconhecer as emoções e na expressão de sentimentos em linguagem; possibilita ressignificar suas vivências de forma construtiva, sobretudo quanto ao dos limites impostos pela doença (Carvalho, 2011; Loureiro; Coelho, 2018;
Frente a estas questões e das demais relacionadas às desordens físicas, emocionais e sociais advindas da doença renal crônica, o presente relato de experiência propõe
sobre a importância de processos de acolhimento em grupos durante o tratamento de hemodiálise, com a finalidade de proporcionar um espaço para troca de informações, vivências e verbalização de angústias relacionadas à doença e ao tratamento.
estágio supervisionado específico em processos grupais tem como proposta capacitar o aluno
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et al., 2016). Pacientes que vivem estes impactos apresentam alto índice de transtornos mentais, principalmente depressão e risco de suicídio (Loureiro; Coelho, 2018).
O agravamento da doença representa a ruptura na biografia do sujeito. O luto não só é entendido como sentimento de profunda tristeza pela perda de alguém, mas também pelo próprio sujeito que está em processo de adoecimento. A possibilidade de morrer é o suficiente para desencadear a reação de enlutamento, períodos de crise e incertezas em relação ao ento de hemodiálise, vivenciam sofrimento psíquico, manifestados por depressão, angústia e experienciam sentimentos de aniquilamento de seus desejos; obstáculos que confrontam posturas positivas em relação a o é a morte da imagem de si antes do processo de adoecimento, é a morte de um corpo saudável e requer uma nova compreensão de quem se é e de como lidar com as atividades da vida diária (Bifulco; Caponero, 2016;
ores de vulnerabilidade, sobretudo relacionados às consequências psíquicas, a equipe de psicologia presente é fundamental para acompanhamento dos pacientes, objetivando melhoria de qualidade de vida tanto aos êxito no cuidado profissional do paciente com doença renal crônica vai além da terapia dialítica, se faz necessário o cuidado e a escuta para que possa lidar com tantas informações, mudanças e reorganização de hábitos 018). O espaço para verbalização sem críticas e julgamentos facilita ao paciente e a família reconhecer as emoções e na expressão de sentimentos em linguagem; possibilita ressignificar suas vivências de forma construtiva, sobretudo quanto ao dos limites impostos pela doença (Carvalho, 2011; Loureiro; Coelho, 2018;
Frente a estas questões e das demais relacionadas às desordens físicas, emocionais e sociais advindas da doença renal crônica, o presente relato de experiência propõe a reflexão sobre a importância de processos de acolhimento em grupos durante o tratamento de hemodiálise, com a finalidade de proporcionar um espaço para troca de informações, vivências e verbalização de angústias relacionadas à doença e ao tratamento. A experiência do tem como proposta capacitar o aluno
Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. 7, n. 4, p.
para realizar intervenções em grupo e viabiliza o contato do estudante de Psicologia com as práticas profissionais.
O texto traz ao longo de seu desenv
biopsicossocioculturais concernentes ao adoecimento e tratamento de hemodiálise, vivências e questões abordadas durante os encontros semanais e ainda o quanto as intervenções grupais e a atuação dos psicólogos têm a contr
contexto. Diversos termos são utilizados para a expressão qualidade de vida, porém é um conceito complexo de definição. Dentre todos os termos utilizados para a definição estão a satisfação com a vida, saúde
Miyadahira,2005). Segundo a Organização Mundial de Saúde (1995) qualidade de vida se refere à percepção do sujeito em relação a sua posição na vida em seu contexto cultural e seus valores, incluindo seus objet
estado psicológico, níveis de independência, relacionamento social, características ambientais e padrão espiritual.
Dessa forma, o objetivo deste estudo é relatar a experiência e práticas ad
o estágio de psicologia a partir de encontros grupais com pacientes em tratamento de hemodiálise e contribuir com as ações de promoção de saúde mental em equipamentos especializados no tratamento de pacientes com doença renal crônica
Relato de Experiência
As intervenções práticas propostas pelo estágio supervisionado em processos grupais aconteceram em uma clínica de nefrologia conveniada com o Sistema Único de Saúde (SUS) e demais convênios, instalada na zona leste da cidade de São Pa
realizadas por estagiários do terceiro ano do Curso de Psicologia e foram divididas em dez encontros, uma vez por semana, com um grupo de seis pacientes da clínica durante as sessões de hemodiálise, as sessões são
período diário de aproximadamente quatro horas.
No primeiro contato com os pacientes foram utilizadas entrevistas semi
com o objetivo de conhecer individualmente a realidade dos membros do grupo, com questõ relacionadas aos campos pessoais de afetividade, saúde, interação social e produtividade.
Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. 7, n. 4, p. 146-159, jul./set., 2020.
para realizar intervenções em grupo e viabiliza o contato do estudante de Psicologia com as
O texto traz ao longo de seu desenvolvimento as limitações e impactos biopsicossocioculturais concernentes ao adoecimento e tratamento de hemodiálise, vivências e questões abordadas durante os encontros semanais e ainda o quanto as intervenções grupais e a atuação dos psicólogos têm a contribuir com a qualidade de vida de pacientes neste contexto. Diversos termos são utilizados para a expressão qualidade de vida, porém é um conceito complexo de definição. Dentre todos os termos utilizados para a definição estão a satisfação com a vida, saúde, bem-estar, necessidades atendidas (Kawakame; Miyadahira,2005). Segundo a Organização Mundial de Saúde (1995) qualidade de vida se refere à percepção do sujeito em relação a sua posição na vida em seu contexto cultural e seus valores, incluindo seus objetivos, expectativas e preocupações sob os âmbitos de saúde física, estado psicológico, níveis de independência, relacionamento social, características ambientais
Dessa forma, o objetivo deste estudo é relatar a experiência e práticas ad
o estágio de psicologia a partir de encontros grupais com pacientes em tratamento de hemodiálise e contribuir com as ações de promoção de saúde mental em equipamentos especializados no tratamento de pacientes com doença renal crônica.
As intervenções práticas propostas pelo estágio supervisionado em processos grupais aconteceram em uma clínica de nefrologia conveniada com o Sistema Único de Saúde (SUS) e demais convênios, instalada na zona leste da cidade de São Paulo.
realizadas por estagiários do terceiro ano do Curso de Psicologia e foram divididas em dez encontros, uma vez por semana, com um grupo de seis pacientes da clínica durante as sessões , as sessões são realizadas costumeiramente três vezes na semana em um período diário de aproximadamente quatro horas.
No primeiro contato com os pacientes foram utilizadas entrevistas semi
com o objetivo de conhecer individualmente a realidade dos membros do grupo, com questõ relacionadas aos campos pessoais de afetividade, saúde, interação social e produtividade.
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para realizar intervenções em grupo e viabiliza o contato do estudante de Psicologia com as
olvimento as limitações e impactos biopsicossocioculturais concernentes ao adoecimento e tratamento de hemodiálise, vivências e questões abordadas durante os encontros semanais e ainda o quanto as intervenções grupais ibuir com a qualidade de vida de pacientes neste contexto. Diversos termos são utilizados para a expressão qualidade de vida, porém é um conceito complexo de definição. Dentre todos os termos utilizados para a definição estão a estar, necessidades atendidas (Kawakame; Miyadahira,2005). Segundo a Organização Mundial de Saúde (1995) qualidade de vida se refere à percepção do sujeito em relação a sua posição na vida em seu contexto cultural e seus ivos, expectativas e preocupações sob os âmbitos de saúde física, estado psicológico, níveis de independência, relacionamento social, características ambientais
Dessa forma, o objetivo deste estudo é relatar a experiência e práticas adotadas durante o estágio de psicologia a partir de encontros grupais com pacientes em tratamento de hemodiálise e contribuir com as ações de promoção de saúde mental em equipamentos
As intervenções práticas propostas pelo estágio supervisionado em processos grupais aconteceram em uma clínica de nefrologia conveniada com o Sistema Único de Saúde (SUS) As atividades foram realizadas por estagiários do terceiro ano do Curso de Psicologia e foram divididas em dez encontros, uma vez por semana, com um grupo de seis pacientes da clínica durante as sessões meiramente três vezes na semana em um
No primeiro contato com os pacientes foram utilizadas entrevistas semi - dirigidas com o objetivo de conhecer individualmente a realidade dos membros do grupo, com questões relacionadas aos campos pessoais de afetividade, saúde, interação social e produtividade.
Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. 7, n. 4, p.
Após discussão em supervisão sobre esse primeiro encontro, pactuamos realizar as intervenções instrumentalizados por dinâmicas grupais previamente discutidas para pudéssemos favorecer discussões ao grupo.
A partir dos dados da primeira intervenção pelas entrevistas foi possível entender que todos os pacientes apresentaram, apesar de certa resistência inicial, funções cognitivas preservadas e em alguns momentos
discurso melancólico com frases como
muitas coisas que gostávamos”
Pacientes submetidos ao trata
aniquilamento de seus desejos, ruptura biográfica e luto provenientes de alterações na imagem corporal e morte do corpo saudável.
adoecimento interfere em que
no decorrer do tratamento para enfrentamento das adversidades Castro; Rocha Júnior, 2010
No decorrer dessas atividades, notamos que gradativamente o
viabilizou a emersão de questões que mobilizaram o coletivo, dentre elas as perdas laborativas, sentimento de dependência familiar, privações alimentares, físicas e sentimentos de desesperança e de esperança pelo transplante.
qualidade de vida destes pacientes e acarreta em prejuízos sociais e psíquicos. É necessário seguir dietas com restrições, mudar hábitos da vida diária, fazer uso continuado de medicamentos (Carvalho, 2011;
Por vezes, também discutiram o quão difícil foi receber o diagnóstico e a notícia de que fariam tratamento de hemodiálise. Tais questões estimulavam a reflexão conjunta, verbalização de emoções e favoreceu a percepção do coletivo
ao processo de adoecimento, angústias e desejos em muitos momentos eram os mesmos compartilhados por todos os membros, fator que desencadeou o processo de identificação que colaborou para a construção da subjetividade coletiv
vivenciadas desde o diagnóstico de insuficiência renal crônica. Este espa
verbalização sem críticas facilita o reconhecimento das emoções, expressão de sentimentos e possibilita a ressignificação de vivên
adoecimento, fator importante na prevenção de transtornos mentais e risco de suicídio que se
Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. 7, n. 4, p. 146-159, jul./set., 2020.
Após discussão em supervisão sobre esse primeiro encontro, pactuamos realizar as intervenções instrumentalizados por dinâmicas grupais previamente discutidas para pudéssemos favorecer discussões ao grupo.
A partir dos dados da primeira intervenção pelas entrevistas foi possível entender que todos os pacientes apresentaram, apesar de certa resistência inicial, funções cognitivas preservadas e em alguns momentos fragilidade emocional esboçada por expressões faciais e discurso melancólico com frases como “é muito sofrido estar aqui”
muitas coisas que gostávamos” e “nunca imaginei que isso pudesse acontecer comigo”
Pacientes submetidos ao tratamento de hemodiálise experienciam o sentimento de aniquilamento de seus desejos, ruptura biográfica e luto provenientes de alterações na imagem corporal e morte do corpo saudável. Reconhecem neste momento o quanto o processo de adoecimento interfere em questões psíquicas e o quanto o trabalho do psicólogo é necessário no decorrer do tratamento para enfrentamento das adversidades (Bifulco; Caponero, 2016; Castro; Rocha Júnior, 2010; Velloso, 2001).
No decorrer dessas atividades, notamos que gradativamente o processo de vinculação viabilizou a emersão de questões que mobilizaram o coletivo, dentre elas as perdas laborativas, sentimento de dependência familiar, privações alimentares, físicas e sentimentos de desesperança e de esperança pelo transplante. A perda do bem-estar físico impacta na qualidade de vida destes pacientes e acarreta em prejuízos sociais e psíquicos. É necessário seguir dietas com restrições, mudar hábitos da vida diária, fazer uso continuado de
Carvalho, 2011; Machado; Car, 2003; Mestre et al., 2016
Por vezes, também discutiram o quão difícil foi receber o diagnóstico e a notícia de que fariam tratamento de hemodiálise. Tais questões estimulavam a reflexão conjunta, verbalização de emoções e favoreceu a percepção do coletivo de que as questões vinculadas ao processo de adoecimento, angústias e desejos em muitos momentos eram os mesmos compartilhados por todos os membros, fator que desencadeou o processo de identificação que colaborou para a construção da subjetividade coletiva do grupo e ressignificação das situações vivenciadas desde o diagnóstico de insuficiência renal crônica. Este espa
verbalização sem críticas facilita o reconhecimento das emoções, expressão de sentimentos e possibilita a ressignificação de vivências para enfrentamento dos desafios impostos pelo adoecimento, fator importante na prevenção de transtornos mentais e risco de suicídio que se
, jul./set., 2020.
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Após discussão em supervisão sobre esse primeiro encontro, pactuamos realizar as intervenções instrumentalizados por dinâmicas grupais previamente discutidas para que
A partir dos dados da primeira intervenção pelas entrevistas foi possível entender que todos os pacientes apresentaram, apesar de certa resistência inicial, funções cognitivas fragilidade emocional esboçada por expressões faciais e
“é muito sofrido estar aqui”, “deixamos de fazer “nunca imaginei que isso pudesse acontecer comigo”.
mento de hemodiálise experienciam o sentimento de aniquilamento de seus desejos, ruptura biográfica e luto provenientes de alterações na imagem Reconhecem neste momento o quanto o processo de stões psíquicas e o quanto o trabalho do psicólogo é necessário (Bifulco; Caponero, 2016;
processo de vinculação viabilizou a emersão de questões que mobilizaram o coletivo, dentre elas as perdas laborativas, sentimento de dependência familiar, privações alimentares, físicas e sentimentos estar físico impacta na qualidade de vida destes pacientes e acarreta em prejuízos sociais e psíquicos. É necessário seguir dietas com restrições, mudar hábitos da vida diária, fazer uso continuado de
Mestre et al., 2016).
Por vezes, também discutiram o quão difícil foi receber o diagnóstico e a notícia de que fariam tratamento de hemodiálise. Tais questões estimulavam a reflexão conjunta, de que as questões vinculadas ao processo de adoecimento, angústias e desejos em muitos momentos eram os mesmos compartilhados por todos os membros, fator que desencadeou o processo de identificação que a do grupo e ressignificação das situações vivenciadas desde o diagnóstico de insuficiência renal crônica. Este espaço para a verbalização sem críticas facilita o reconhecimento das emoções, expressão de sentimentos e cias para enfrentamento dos desafios impostos pelo adoecimento, fator importante na prevenção de transtornos mentais e risco de suicídio que se
Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. 7, n. 4, p.
apresentam em altos índices em pacientes que vivenciam impactos físicos e psíquicos (Carvalho, 2011; Loureiro; C
A resistência individual e grupal notada nos primeiros encontros pelos estagiários gradativamente foi cedendo para a promoção do contato com situações críticas vividas durante o tratamento desde o diagnóstico de insuficiência r
informações em torno de necessidades comuns estabelece o vínculo que favorece o trabalho grupal. O vínculo é a maneira pela qual os indivíduos se relacionam e constituem uma estrutura particular. Os pacientes mais retraídos
atividades. Percebemos novas construções de pensamento em conjunto e modificações nas relações sociais. É neste contexto que o sujeito interage construindo
mesmo tempo em que se constrói, participa at 1998; Wallon, 1998).
Conforme as reflexões individuais emergem, o grupo se movimenta acrescentando econstruindo novas perspectivas ao que se é dito inicialmente, as ideias então são transformadas pelo coletivo
entre os membros. A partir de alguns atendimentos, notamos que os pacientes já nos esperavam, dispostos a constituírem o espaço de dialética. Embora sempre muito colaborativos em todas as sess
habitualmente haviam membros dormindo no início das atividades, no entanto, após alguns minutos todos já estavam acordados e integrando o grupo. É importante citar que os encontros aconteciam às segundas feiras e os pacientes dizem que o cansaço excessivo deriva dos finais de semana, período de dois dias em que não realizam o procedimento e que resulta no acúmulo de toxinas, prejuízos no sono e nas atividades cotidianas. Um grande desafio no decorrer dos encontros foi lidar com inconvenientes que o tratamento de hemodiálise impõe, por vezes durante as atividades alguns membros sentiram
físicas durante a sessão. As
desconforto, despertam raiva, impõem limitações e intercorrências durante o processo, de forma geral os pacientes estabelecem relações desarmoniosas com o equipamento por se tratar de um componente de manutenção de vida que carrega consigo inconvenientes imp
(Santos et al., 2018; Veloso, 2001).
Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. 7, n. 4, p. 146-159, jul./set., 2020.
apresentam em altos índices em pacientes que vivenciam impactos físicos e psíquicos (Carvalho, 2011; Loureiro; Coelho, 2018; Mestre, 2016).
A resistência individual e grupal notada nos primeiros encontros pelos estagiários gradativamente foi cedendo para a promoção do contato com situações críticas vividas durante o tratamento desde o diagnóstico de insuficiência renal crônica. O compartilhar de informações em torno de necessidades comuns estabelece o vínculo que favorece o trabalho grupal. O vínculo é a maneira pela qual os indivíduos se relacionam e constituem uma estrutura particular. Os pacientes mais retraídos foram ganhando voz no decorrer das atividades. Percebemos novas construções de pensamento em conjunto e modificações nas relações sociais. É neste contexto que o sujeito interage construindo
mesmo tempo em que se constrói, participa ativamente da construção social (Pichón
Conforme as reflexões individuais emergem, o grupo se movimenta acrescentando econstruindo novas perspectivas ao que se é dito inicialmente, as ideias então são transformadas pelo coletivo e as questões individuais são elaboradas a partir da interação entre os membros. A partir de alguns atendimentos, notamos que os pacientes já nos esperavam, dispostos a constituírem o espaço de dialética. Embora sempre muito colaborativos em todas as sessões, por diversas vezes relataram cansaço excessivo e habitualmente haviam membros dormindo no início das atividades, no entanto, após alguns minutos todos já estavam acordados e integrando o grupo. É importante citar que os encontros s feiras e os pacientes dizem que o cansaço excessivo deriva dos finais de semana, período de dois dias em que não realizam o procedimento e que resulta no acúmulo de toxinas, prejuízos no sono e nas atividades cotidianas. Um grande desafio no encontros foi lidar com inconvenientes que o tratamento de hemodiálise impõe, por vezes durante as atividades alguns membros sentiram - se debilitados e com alterações físicas durante a sessão. As máquinas que realizam o procedimento por vezes provocam sconforto, despertam raiva, impõem limitações e intercorrências durante o processo, de forma geral os pacientes estabelecem relações desarmoniosas com o equipamento por se tratar de um componente de manutenção de vida que carrega consigo inconvenientes imp
(Santos et al., 2018; Veloso, 2001).
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apresentam em altos índices em pacientes que vivenciam impactos físicos e psíquicos
A resistência individual e grupal notada nos primeiros encontros pelos estagiários gradativamente foi cedendo para a promoção do contato com situações críticas vividas enal crônica. O compartilhar de informações em torno de necessidades comuns estabelece o vínculo que favorece o trabalho grupal. O vínculo é a maneira pela qual os indivíduos se relacionam e constituem uma foram ganhando voz no decorrer das atividades. Percebemos novas construções de pensamento em conjunto e modificações nas relações sociais. É neste contexto que o sujeito interage construindo-se socialmente e, ao ivamente da construção social (Pichón-Rivière,
Conforme as reflexões individuais emergem, o grupo se movimenta acrescentando econstruindo novas perspectivas ao que se é dito inicialmente, as ideias então são e as questões individuais são elaboradas a partir da interação entre os membros. A partir de alguns atendimentos, notamos que os pacientes já nos esperavam, dispostos a constituírem o espaço de dialética. Embora sempre muito ões, por diversas vezes relataram cansaço excessivo e habitualmente haviam membros dormindo no início das atividades, no entanto, após alguns minutos todos já estavam acordados e integrando o grupo. É importante citar que os encontros s feiras e os pacientes dizem que o cansaço excessivo deriva dos finais de semana, período de dois dias em que não realizam o procedimento e que resulta no acúmulo de toxinas, prejuízos no sono e nas atividades cotidianas. Um grande desafio no encontros foi lidar com inconvenientes que o tratamento de hemodiálise impõe, se debilitados e com alterações máquinas que realizam o procedimento por vezes provocam sconforto, despertam raiva, impõem limitações e intercorrências durante o processo, de forma geral os pacientes estabelecem relações desarmoniosas com o equipamento por se tratar de um componente de manutenção de vida que carrega consigo inconvenientes importantes
Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. 7, n. 4, p.
Nos primeiros momentos administrar essas interrupções foi um desafio, despertava preocupação e receio de que alguma intercorrência grave pudesse acontecer com algum dos participantes, porém entendemos que fazia
que compreendíamos que em alguns momentos poderia ser difícil participar das discussões. Trazemos ao relato essas intercorrências porque ilustram a desconstrução das intervenções idealizadas por nós estudan
Algumas questões trabalhadas pelo grupo voltaram para discussão nos últimos encontros de forma espontânea e sob novos discursos. As percepções sob as perdas relacionadas ao tratamento retornam sob um olhar diferente, os pacientes utilizam de frases como “Não podemos viajar hoje porque não podemos ficar sem fazer hemodiálise, mas
futuramente pode ser possível”
nos traz coisas boas como os amigos que fizemos aqui”
que o acolhimento e o espaço grupal favoreceram ressignificação desses obstáculos impostos pelo tratamento e a busca coletiva por ferramentas psíquicas para lidar com essas questões. tratamento requer não só a terapia dialítica, mas o cuidado psicológico e
ferramentas que possibilitam o enfrentamento das adversidades, absorção de novos hábitos e informações necessárias para lidar com a condição renal
Rodrigues;Botti, 2009).
Deparamo-nos, durante o processo de acolhiment
adoecimento e ao tratamento em hemodiálise. Para acolher essas demandas foi necessário criar um espaço de escuta, que favoreceu contato com situações conflitantes e traumáticas que despertam angústia ao ego. Nomeá
na liberação de excesso da energia e possibilita o alívio de sofrimento psíquico, uma vez que os traços da memória ficam à disposição do aparelho psíquico e são acessíveis para a transcrição e libertação da rigidez do psiquismo.
da tomada de consciência e de ressignificações de conteúdos que resultam na capacidade de internalizar aquilo que até aquele momento é insuportável para o ego. É possível inferir a disponibilidade do aparelho psíquico em ressignificar, ressimbolizar a partir da perspectiva de que conteúdos traumáticos são aqueles que não encontraram no momento da inscrição, a possibilidade de significação
2011).
Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. 7, n. 4, p. 146-159, jul./set., 2020.
Nos primeiros momentos administrar essas interrupções foi um desafio, despertava preocupação e receio de que alguma intercorrência grave pudesse acontecer com algum dos participantes, porém entendemos que fazia parte do processo e deixamos claro aos pacientes que compreendíamos que em alguns momentos poderia ser difícil participar das discussões. Trazemos ao relato essas intercorrências porque ilustram a desconstrução das intervenções idealizadas por nós estudantes e fortalecem o manejo clínico.
Algumas questões trabalhadas pelo grupo voltaram para discussão nos últimos encontros de forma espontânea e sob novos discursos. As percepções sob as perdas relacionadas ao tratamento retornam sob um olhar diferente, os pacientes utilizam de frases
“Não podemos viajar hoje porque não podemos ficar sem fazer hemodiálise, mas
futuramente pode ser possível” e “Entendemos que nada é por acaso, o tratamento também
nos traz coisas boas como os amigos que fizemos aqui”. Estes discursos nos fazem entender
e o acolhimento e o espaço grupal favoreceram ressignificação desses obstáculos impostos pelo tratamento e a busca coletiva por ferramentas psíquicas para lidar com essas questões. tratamento requer não só a terapia dialítica, mas o cuidado psicológico e
ferramentas que possibilitam o enfrentamento das adversidades, absorção de novos hábitos e informações necessárias para lidar com a condição renal (Loureiro; Coelho, 2018;
nos, durante o processo de acolhimento, com os impactos relacionados ao adoecimento e ao tratamento em hemodiálise. Para acolher essas demandas foi necessário criar um espaço de escuta, que favoreceu contato com situações conflitantes e traumáticas que despertam angústia ao ego. Nomeá-las e buscar ressignificação para estes conteúdos resultam na liberação de excesso da energia e possibilita o alívio de sofrimento psíquico, uma vez que os traços da memória ficam à disposição do aparelho psíquico e são acessíveis para a da rigidez do psiquismo. Processos de elaboração acontecem a partir da tomada de consciência e de ressignificações de conteúdos que resultam na capacidade de internalizar aquilo que até aquele momento é insuportável para o ego. É possível inferir a bilidade do aparelho psíquico em ressignificar, ressimbolizar a partir da perspectiva de que conteúdos traumáticos são aqueles que não encontraram no momento da inscrição, a possibilidade de significação (Freud, 1896/1990; 1914/2006; Mestre et al., 2016; O
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Nos primeiros momentos administrar essas interrupções foi um desafio, despertava preocupação e receio de que alguma intercorrência grave pudesse acontecer com algum dos parte do processo e deixamos claro aos pacientes que compreendíamos que em alguns momentos poderia ser difícil participar das discussões. Trazemos ao relato essas intercorrências porque ilustram a desconstrução das intervenções
Algumas questões trabalhadas pelo grupo voltaram para discussão nos últimos encontros de forma espontânea e sob novos discursos. As percepções sob as perdas relacionadas ao tratamento retornam sob um olhar diferente, os pacientes utilizam de frases
“Não podemos viajar hoje porque não podemos ficar sem fazer hemodiálise, mas “Entendemos que nada é por acaso, o tratamento também
. Estes discursos nos fazem entender e o acolhimento e o espaço grupal favoreceram ressignificação desses obstáculos impostos pelo tratamento e a busca coletiva por ferramentas psíquicas para lidar com essas questões. O tratamento requer não só a terapia dialítica, mas o cuidado psicológico e a escuta são ferramentas que possibilitam o enfrentamento das adversidades, absorção de novos hábitos e (Loureiro; Coelho, 2018;
o, com os impactos relacionados ao adoecimento e ao tratamento em hemodiálise. Para acolher essas demandas foi necessário criar um espaço de escuta, que favoreceu contato com situações conflitantes e traumáticas que uscar ressignificação para estes conteúdos resultam na liberação de excesso da energia e possibilita o alívio de sofrimento psíquico, uma vez que os traços da memória ficam à disposição do aparelho psíquico e são acessíveis para a Processos de elaboração acontecem a partir da tomada de consciência e de ressignificações de conteúdos que resultam na capacidade de internalizar aquilo que até aquele momento é insuportável para o ego. É possível inferir a bilidade do aparelho psíquico em ressignificar, ressimbolizar a partir da perspectiva de que conteúdos traumáticos são aqueles que não encontraram no momento da inscrição, a (Freud, 1896/1990; 1914/2006; Mestre et al., 2016; Oliveira,
Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. 7, n. 4, p.
No último encontro, foi proposto ao grupo a reflexão sobre os encontros anteriores e sugerido que escolhessem as palavras que lhe viessem ao pensamento naquele momento. Emergiram as palavras felicidade
a representação de cada uma delas. Pode se inferir a ressignificação também do espaço ocupado pelo grupo, deixa de ser apenas um local de tratamento e passa a ser representado por vínculos sociais, perspectivas futuras e fé. Os encontr
comunicação, todos os membros do grupo estavam abertos para as discussões, mantinham participação ativa e estabeleceram maior contato grupal, mesmo nos dias da semana em que não havia a presença dos estagiários. Os pacientes
os medos e sobre as diversas possibilidades de encarar o sofrimento. A partir destes dados, entende-se que a equipe de psicologia presente é de extrema importância para acompanhamento dos pacientes renais em
2010).
Foi importante romper com modelos clínicos e repensar práticas em supervisão para acolher este grupo, uma vez que a mobilidade era limitada e o trabalho grupal acontecia durante o procedimento de hemodiá
apenas a fala foi utilizada como ferramenta de trabalho. Em alguns dos encontros foram empregadas imagens, palavras e frases disparadoras para favorecer o diálogo e consequentemente abaixar as resistên
o movimento grupal se estabelecesse. A relação com a equipe de enfermagem foi um facilitador, os enfermeiros e técnicos de enfermagem desde os primeiros encontros foram colaborativos com o espaço grup
ganho para a equipe e pacientes. Quanto aos médicos e demais profissionais (nutricionista, assistente social e psicólogo) não foi possível estabelecer contato e diálogo em razão de turnos diferentes ao do horário de estágio e outras atribuições no mesmo horário.
O psicólogo tem o papel de identificar por trás da doença e dos sintomas, o indivíduo, que carrega consigo suas vivências, medos, percepções e demais questões subjetivas. A investigação dessas questões, sobretudo após o diagnóstico do quadro renal crônico, é fundamental para auxiliar os pacientes. As ações do psicólogo hospitalar muitas vezes são entendidas como uma prática que gira em torno do adoecimento psíquico com sintomas físicos, as doenças psicossomáticas; contudo é necessário entender que dentre tantas
Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. 7, n. 4, p. 146-159, jul./set., 2020.
No último encontro, foi proposto ao grupo a reflexão sobre os encontros anteriores e sugerido que escolhessem as palavras que lhe viessem ao pensamento naquele momento.
felicidade, amizade, fé e futuro, complementadas
a representação de cada uma delas. Pode se inferir a ressignificação também do espaço ocupado pelo grupo, deixa de ser apenas um local de tratamento e passa a ser representado por vínculos sociais, perspectivas futuras e fé. Os encontros possibilitaram melhorias na comunicação, todos os membros do grupo estavam abertos para as discussões, mantinham participação ativa e estabeleceram maior contato grupal, mesmo nos dias da semana em que não havia a presença dos estagiários. Os pacientes relatam o quão importante foi refletir sobre os medos e sobre as diversas possibilidades de encarar o sofrimento. A partir destes dados, se que a equipe de psicologia presente é de extrema importância para acompanhamento dos pacientes renais em tratamento de hemodiálise (Castro; Rocha Júnior,
Foi importante romper com modelos clínicos e repensar práticas em supervisão para acolher este grupo, uma vez que a mobilidade era limitada e o trabalho grupal acontecia durante o procedimento de hemodiálise. As dinâmicas foram readaptadas para o contexto e apenas a fala foi utilizada como ferramenta de trabalho. Em alguns dos encontros foram empregadas imagens, palavras e frases disparadoras para favorecer o diálogo e consequentemente abaixar as resistências do grupo para que os conflitos fossem manifestos e estabelecesse. A relação com a equipe de enfermagem foi um facilitador, os enfermeiros e técnicos de enfermagem desde os primeiros encontros foram colaborativos com o espaço grupal, com as intervenções e acolheram o estágio como um ganho para a equipe e pacientes. Quanto aos médicos e demais profissionais (nutricionista, assistente social e psicólogo) não foi possível estabelecer contato e diálogo em razão de
do horário de estágio e outras atribuições no mesmo horário.
O psicólogo tem o papel de identificar por trás da doença e dos sintomas, o indivíduo, que carrega consigo suas vivências, medos, percepções e demais questões subjetivas. A questões, sobretudo após o diagnóstico do quadro renal crônico, é fundamental para auxiliar os pacientes. As ações do psicólogo hospitalar muitas vezes são entendidas como uma prática que gira em torno do adoecimento psíquico com sintomas as psicossomáticas; contudo é necessário entender que dentre tantas
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No último encontro, foi proposto ao grupo a reflexão sobre os encontros anteriores e sugerido que escolhessem as palavras que lhe viessem ao pensamento naquele momento. , complementadas por discussões sobre a representação de cada uma delas. Pode se inferir a ressignificação também do espaço ocupado pelo grupo, deixa de ser apenas um local de tratamento e passa a ser representado por os possibilitaram melhorias na comunicação, todos os membros do grupo estavam abertos para as discussões, mantinham participação ativa e estabeleceram maior contato grupal, mesmo nos dias da semana em que relatam o quão importante foi refletir sobre os medos e sobre as diversas possibilidades de encarar o sofrimento. A partir destes dados, se que a equipe de psicologia presente é de extrema importância para (Castro; Rocha Júnior,
Foi importante romper com modelos clínicos e repensar práticas em supervisão para acolher este grupo, uma vez que a mobilidade era limitada e o trabalho grupal acontecia lise. As dinâmicas foram readaptadas para o contexto e apenas a fala foi utilizada como ferramenta de trabalho. Em alguns dos encontros foram empregadas imagens, palavras e frases disparadoras para favorecer o diálogo e cias do grupo para que os conflitos fossem manifestos e estabelecesse. A relação com a equipe de enfermagem foi um facilitador, os enfermeiros e técnicos de enfermagem desde os primeiros encontros foram al, com as intervenções e acolheram o estágio como um ganho para a equipe e pacientes. Quanto aos médicos e demais profissionais (nutricionista, assistente social e psicólogo) não foi possível estabelecer contato e diálogo em razão de
do horário de estágio e outras atribuições no mesmo horário.
O psicólogo tem o papel de identificar por trás da doença e dos sintomas, o indivíduo, que carrega consigo suas vivências, medos, percepções e demais questões subjetivas. A questões, sobretudo após o diagnóstico do quadro renal crônico, é fundamental para auxiliar os pacientes. As ações do psicólogo hospitalar muitas vezes são entendidas como uma prática que gira em torno do adoecimento psíquico com sintomas as psicossomáticas; contudo é necessário entender que dentre tantas