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ESTIMATIVAS DOS CUSTOS PARA VIABILIZAR A UNIVERSALIZAÇÃO DA DESTINAÇÃO ADEQUADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL

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SÃO PAULO,

JUNHO DE 2015

REALIZAÇÃO

(3)

Elaboração

GO Associados

Equipe GO Associados

Coordenadores

Gesner Oliveira

Fernando S. Marcato

Pedro Scazufca

Assistente

Cláudia Orsini M. de Sousa

Consultores – revisão técnica

Fabricio Dorado Soler

Alexandre Citvaras

Coordenação e edição

Associação Brasileira de Empresas de

Limpeza Pública e Resíduos Especiais - ABRELPE

Equipe ABRELPE

Coordenação Geral

Carlos Roberto Vieira da Silva Filho

Coordenação Técnica

Gabriela Gomes Prol Otero Sartini

FICHA TÉCNICA

SUMÁRIO

1 2 2.1 2.2 2.3 3 3.1 3.1.1 3.1.2 3.2 3.2.1 3.2.2 3.2.2.1 3.2.2.2 3.2.3 3.2.4 4 4.1 4.2 4.3 4.4 5 5.1 5.1.1 5.1.2 5.1.3 5.1.4 5.2 5.2.1 5.2.2 5.2.3 5.3 5.3.1 5.3.2 5.3.3 5.3.4 5.4 5.4.1 5.4.2 5.4.3 6 10 12 12 19 21 22 22 22 25 27 27 29 30 31 33 34 37 37 38 39 41 44 44 46 49 50 52 53 53 59 60 61 63 64 66 67 68 69 70 71 79 84 Introdução ... Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) ... A Lei n° 12.305/2010 e suas principais contribuições ... O Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares) ...

Classificação dos resíduos sólidos ... Sistemas estruturantes e alternativas de destinação final ...

Sistemas estruturantes para destinação adequada dos resíduos ... Coleta seletiva ... Logística reversa ...

Alternativas de destinação final consideradas ...

Compostagem ... Recuperação energética ... Tratamento Térmico ... Gás de Aterro Sanitário ... Reciclagem ...

Disposição final ambientalmente adequada: aterro sanitário ...

Conjuntura do tratamento dos resíduos sólidos no Brasil ... Composição dos RSU ... Coleta regular ... Coleta seletiva ...

Disposição final dos resíduos sólidos ...

Modelagem de custos ... Metas do Planares ... Eliminação de lixões ... Redução dos resíduos recicláveis secos dispostos em aterros sanitários ... Redução dos resíduos úmidos dispostos em aterros sanitários ... Recuperação de gases de aterros sanitários ... Metodologia para cálculo de custos ... Cenários ... Microrregiões ...

Inflação ...

Levantamento dos custos relacionados às alternativas de destinação de resíduos .... Custo dos sistemas de recepção e triagem dos resíduos sólidos secos ... Custo com compostagem ... Custo com aterros sanitários... Custo com recuperação energética ... Resultados ... Resultados para o cenário que desconsidera o tratamento térmico ... Resultados para o cenário que considera o tratamento térmico ... Resultados regionais ... Conclusões ...

(4)

Quadro 1 Quadro 2 Quadro3 Quadro4 Quadro5 Quadro6 Quadro7 Quadro8 Quadro9 Quadro10 Quadro11 Quadro12 Quadro13 Quadro14 Quadro15 Quadro16 Quadro17 Quadro18 Quadro19 Quadro20 Quadro21 Quadro22 Quadro23 Quadro24 Quadro25 Quadro26 Quadro27 Quadro28 Quadro29 Quadro30

SUMÁRIO DE QUADROS

Principais objetivos da Lei Federal n° 12.305/10 Conceitos de resíduos e rejeitos

Conceitos de destinação e disposição Etapas no gerenciamento de resíduos sólidos

Fluxo de serviços de limpeza urbana, conforme a PNRS

Conceitos: responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos

produtos e logística reversa

Plano de resíduos sólidos por abrangência

Estrutura do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (versão preliminar)

Classificação dos resíduos sólidos segundo a PNRS

Funções de diferentes atores na coleta seletiva dos resíduos secos Possíveis destinos para cada classe de resíduos ou rejeitos Centrais mecanizadas de triagem de materiais recicláveis secos no município de São Paulo

Procedimento da logística reversa

Produtos obrigatórios ao sistema de logística reversa nos termos da Lei n° 12.305/2010

Vantagens e desvantagens da compostagem Vantagens e desvantagens da incineração

Vantagens e desvantagens da captação de biogás em aterros sanitários Vantagens e desvantagens da reciclagem

Ciclo de vida de aterros sanitários

Vantagens e desvantagens da disposição final em aterros sanitários

Síntese dos dados do Panorama 2013

Participação dos principais materiais no total de RSU coletado no Brasil em 2012

Evolução da coleta de RSU

Universalização de coleta seletiva: municípios com iniciativas de

coleta seletiva

Municípios com serviço de coleta seletiva - Área de abrangência Disposição dos RSU coletados no Brasil (ton/dia)

Metas para resíduos sólidos urbanos

Quantidade de resíduos e rejeitos encaminhados para disposição

final inadequada

Número de municípios brasileiros que se utilizam de cada tipo de

destinação final de resíduos (2013)

Metas de redução de resíduos sólidos secos dispostos em aterros sanitários (%) Quadro31 Quadro32 Quadro33 Quadro34 Quadro35 Quadro36 Quadro37 Quadro38 Quadro39 Quadro40 Quadro41 Quadro42 Quadro43 Quadro44 Quadro45 Quadro46 Quadro47

Metas de redução de resíduos sólidos úmidos dispostos em aterros sanitários (%)

Metas de tratamento e recuperação de gases em aterros sanitários (Mw) Premissas para estimativa de potencial energético de recuperação de gases de aterro sanitário

Esquema geral dos sistemas estruturantes e das alternativas de destinação dos RSU

Diagrama da destinação de RSU no Brasil, sem tratamento térmico, para 2023 e 2031

Diagrama da destinação de RSU no Brasil, com tratamento térmico para 2023 e 2031

Inflação real anual

Custos de instalação de PEV

Custos de instalação (Capex) e operação (Opex) de galpões de triagem e

beneficiamento primário

Custos de instalação (Capex) e operação (Opex) para unidades de compostagem

Custos para implantação e operação de aterros sanitários

Custos para implantação e operação de unidades de unidades de trata-mento térmico.

Distribuição de investimentos até 2031, desconsiderando o tratamento térmico (em R$ bilhões)

Distribuição de investimentos até 2031, considerando o tratamento térmico (em R$ bilhões)

Investimentos em infraestrutura (Capex) necessários para cada região do Brasil (em R$ bilhões)

(5)

CI

GEE

IBAM

PGRM

PLANARES

PLANSAB

PNMC

PNRH

PNRS

PPCS

RCC

RSU

SINIR

SMA

SNVS

Comitê Interministerial

Gases de efeito estufa

Instituto Brasileiro de Administração Municipal

Planos de Gerenciamento de Resíduos de Mineração

Plano Nacional de Resíduos Sólidos

Plano Nacional de Saneamento Básico

Plano Nacional sobre Mudanças do Clima

Plano Nacional de Recursos Hídricos

Política Nacional de Resíduos Sólidos

Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis

Resíduos da Construção Civil

Resíduos Sólidos Urbanos

Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão de Resíduos

Secretaria do Meio Ambiente

Sistema Nacional de Vigilância Sanitária

(6)

O objetivo deste Estudo é estimar o valor dos investimentos ne-cessários para universalizar os serviços de tratamento e destinação am-bientalmente adequada de resíduos sólidos no Brasil, conforme Dire-trizes da Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS). Para isso, foram analisados os sistemas estruturantes e as alternativas de destinação

final de resíduos sólidos, disponíveis e aplicáveis no país; foi avaliado o atual nível de desenvolvimento do setor; e foi realizada projeção do

volume de investimento necessário para atingir a adequação.

O documento está organizado em seis seções, incluindo esta introdução.

A Seção 2 analisa a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS). Para tanto, são apresentados a Lei Federal nº 12.305/2010, que insti-tuiu a referida Política, e o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Plana-res), que traz metas para gestão e gerenciamento dos resíduos e apre-senta estratégias para atingi-las. Ainda nessa Seção, é apreapre-sentada a

classificação dos diferentes tipos de resíduos sólidos.

A Seção 3 apresenta os sistemas estruturantes e as alternativas de

destinação final ambientalmente adequada consideradas para o trata -mento dos resíduos sólidos.

A Seção 4 discorre sobre a conjuntura atual do tratamento dos resí-duos sólidos no Brasil.

A Seção 5 apresenta uma estimativa de investimentos necessários para a adequação do tratamento e da destinação correta de resíduos

sólidos no país. Para tanto foram adotadas as seguintes etapas:

1 - INTRODUÇÃO

I) Apresentação das metas sugeridas pelo Plano Nacional de Resíduos Sólidos;

II) Apresentação das alternativas de destinação correta dos RSU

no país;

III) Discussão da metodologia utilizada para estimativa de investi-mentos necessários para universalização do tratamento de

resídu-os sólidresídu-os urbanresídu-os;

IV) Apresentação das estimativas de investimentos necessários, por tipo de tratamento, e avaliação por região.

Por fim, a Seção 6 apresenta as conclusões obtidas a partir do Es -tudo, além de fornecer sugestões para aprimoramento das informações existentes.

(7)

O objetivo desta Seção é apresentar os aspectos relevantes da Lei nº 12.305/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Nas subseções que se seguem, serão apresentados também o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, criado para servir como guia de ação para implementação das determinações da PNRS, bem como serão descritos os diversos tipos de resíduos, abordados pela Lei, com desta-que àdesta-queles desta-que foram considerados para as estimativas do presente Estudo.

2 - A POLÍTICA NACIONAL

DE RESÍDUOS SÓLIDOS (PNRS)

A Política Nacional de Resíduos Sólidos é contemplada pela Lei n° 12.305/2010 que, de forma genérica, compreende “o conjunto de prin-cípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotados pelo Governo Federal” (BRASIL, 2010a, art. 4o) no âmbito da gestão e ge-renciamento de resíduos sólidos, seja isoladamente, seja em conjunto a particulares ou aos demais entes federados, incluindo o Distrito Fe-deral. Em seu artigo 7º, são elencados os principais objetivos da PNRS, apresentados no Quadro 1.

A Lei n° 12.305/2010 institui, de fato, um novo marco regulatório para os resíduos sólidos, tendo como diretriz basilar a não geração, a redução, a reciclagem, o tratamento dos resíduos sólidos e a disposi-ção final ambientalmente adequada dos rejeitos. Nela são considera-das as variáveis ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública, bem como a promoção do desenvolvimento sustentável

e da ecoeficiência (SOUSA, 2012).

2.1 - A LEI N° 12.305/2010 E

SUAS PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES

QUADRO 1 – PRINCIPAIS OBJETIVOS DA LEI FEDERAL N° 12.305/10

Fonte: BRASIL, 2010 (a). Elaboração GO Associados.

Lei n

12.305/10 - Objetivos (Art. 7

⁰)

• Proteção da saúde pública e da qualidade ambiental;

• Não geração, redução, reutilização, tratamento e disposição final adequada; • Adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas;

• Diminuição do uso dos recursos naturais no processo de produção de novos produtos;

• Intensificação de ações da educação ambiental; • Desenvolvimento da indústria da reciclagem no país;

• Articulação entre as diferentes esferas do poder público, e destas com o setor empresarial;

• Promoção da inclusão social, por meio da geração de emprego e renda para catadores de materiais recicláveis;

• Gestão integrada dos resíduos sólidos.

Além disso, a PNRS prevê a “responsabilidade compartilhada pelo

ciclo de vida do produto” e a “logística reversa”, definidas mais adiante

(Quadro 7). Com esses dois conceitos, a PNRS apresenta atribuições não apenas dos fabricantes, mas também de todos os outros participantes

da cadeia: importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e

poder público responsável pelos serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos. Trata-se, portanto, de uma inovação na maneira de a socie-dade se organizar dentro desta temática.

A PNRS determina que os resíduos sólidos devam ser tratados e recuperados por processos tecnológicos disponíveis e

economicamen-te viáveis, aneconomicamen-tes de sua disposição final. São exemplos de tratamentos

(8)

No contexto do tratamento de resíduos sólidos, a Lei traz distinções inovadoras. São os conceitos de resíduos sólidos e rejeitos, descritos no Quadro 2, e os de destinação final ambientalmente adequada e disposi-ção final ambientalmente adequada, no Quadro 3.

Resíduos sólidos

Rejeitos

Material, substância, objeto ou bem descartado, resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d'água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.

Resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada.

QUADRO 2 – CONCEITOS DE RESÍDUOS E REJEITOS

Fonte: BRASIL, 2010 (a).

QUADRO 3 – CONCEITOS DE DESTINAÇÃO E DISPOSIÇÃO

Fonte: BRASIL, 2010 (a).

Destinação final ambientalmente adequada

Disposição final ambientalmente adequada

Destinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos competentes do Sisnama, do SNVS e do Suasa.

Distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos.

Ao fazer a diferenciação entre resíduos e rejeitos, a Lei define as

ações e os destinos mais apropriados a cada um deles. Nesse sentido, os rejeitos são resíduos sólidos que não podem mais ser recuperados, cabendo-lhes somente a disposição em aterros sanitários (SILVA FILHO & SOLER, 2013).

Percebe-se que os processos de destinação listados pela Política guardam consideráveis distinções entre si. Conforme ressaltaram Silva Filho & Soler (2013), alguns processos de tratamento de resíduos têm

por finalidade o aproveitamento dos resíduos ou seus componentes, e outros, seu tratamento, enquanto na disposição final se procede à eli -minação dos rejeitos.

O aterro sanitário é a maneira considerada ambientalmente correta para a eliminação dos rejeitos, ou seja, uma operação que não visa, como

fim, sua valorização. Já a utilização do resíduo como combustível para a

produção de energia, a compostagem e a reciclagem são operações de valorização, ou seja, operações cujo resultado principal seja sua

transfor-mação, de modo a servir a um fim útil (SILVA FILHO & SOLER, 2013).

Destaca-se, nos conceitos elucidados, a diferença entre destinação

e disposição finais ambientalmente adequadas. A primeira refere-se a

resíduos sólidos que possuem potencial de aproveitamento energético ou de tratamento, enquanto a segunda dispõe sobre rejeitos que “não

apresentam outra possibilidade que não a disposição final ambiental

-mente adequada” (Brasil, 2010a; art. 3º; inciso XV). Vale ressaltar que a

disposição é considerada ambientalmente adequada quando

respeita-das “normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos

à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais

adversos” (BRASIL, 2010(a), art. 3º, inciso VII;).

(9)

-cionadas para receber a ampla gama de resíduos, o legislador restringiu apenas os rejeitos para os aterros sanitários, estabelecendo a

diferen-ciação entre duas classes: resíduos e rejeitos (SILVA FILHO & SOLER,

2013).

No Quadro 4, a seguir, são elucidadas as etapas na gestão de resíduos.

Destinação Final

Disposição Final

Disposição de rejeitos Valorização

Mecânica

Valorização Biologica

Valorização Energética

Fonte: PAIVA, s.d. Elaboração GO Associados.

QUADRO 4 - ETAPAS NO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

De maneira bastante sintética, pode-se afirmar que a PNRS tem por objetivos a eficiência nos serviços e o estabelecimento de um sistema

de gestão integrada de resíduos sólidos, voltada para seu aproveitamen-to como recurso. Com a diferenciação entre resíduos sólidos e rejeiaproveitamen-tos,

trazida pela PNRS, aliada às definições de destinação e disposição final

ambientalmente adequada, uma nova fase deverá ser iniciada na exe-cução dos serviços de limpeza urbana, com a substituição do sistema linear de gestão de resíduos, até então adotado, por um sistema cíclico (SILVA FILHO, 2012). O autor ressalta que tal sistema cíclico garante o cumprimento das diretrizes da PNRS, em especial da determinação de aplicação de uma ordem de prioridade de ações, veiculada pelo dispo-sitivo que estabelece a hierarquia na gestão e no gerenciamento dos resíduos sólidos (Quadro 5).

Fonte: Silva Filho, 2012. Elaboração: GO Associados.

QUADRO 5 - FLUXO DE SERVIÇOS DE LIMPEZA URBANA, CONFORME A PNRS

Geração

Reutilização

Conservação dos Recursos naturais Redução

Rejeitos Separação/Triagem

Tratamento/

Recuperação Reciclagem Rejeitos

Aterro Sanitário

Recuperação/ Aproveitamento

de biogás Coleta

Resíduos Coleta

A magnitude da abrangência da Lei tem como base alguns critérios que envolvem diversos agentes econômicos e sociais. Na interpretação de Lopes (2003), a falta de conscientização da população diante dos problemas relacionados aos resíduos é o ponto de maior importância a ser trabalhado pelos agentes públicos.

A necessidade de sinergia entre diversos agentes da sociedade brasileira, para atingir os objetivos traçados pela Lei, criou mecanismos importantes de gestão. O Quadro 6 apresenta dois conceitos que

(10)

Responsabilidade compartilhada

Logística reversa

Conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos. Objetiva minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, além de reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos.

Instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada.

QUADRO 6 – CONCEITOS: RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA PELO CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS E LOGÍSTICA REVERSA

Fonte: BRASIL, 2010 (a).

Neste contexto, criam-se condições favoráveis à participação de di-versas entidades e organizações da sociedade civil em todas as etapas de políticas públicas de resíduos sólidos de diferentes entes federados. Assim, pode-se concluir que o sucesso da Lei n ° 12.305/2010 depende também da participação popular (SOUSA, 2012).

A abrangência da Lei para diversos agentes econômicos e sociais,

sejam eles de direito público ou privado, reflete-se inclusive na respon -sabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. Observa-se, neste sentido, um viés evidentemente abrangente à sociedade como um todo, na medida em que responsabiliza também o consumidor pela redução do volume de resíduos sólidos gerados.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos, portanto, contribui significa -tivamente para a universalização da gestão ambientalmente adequada de resíduos sólidos no Brasil, e tem sua regulamentação através do Decreto Federal nº 7.404/2010, que institui normas para a execução da mesma.

2.2 - O PLANO NACIONAL DE

RESÍDUOS SÓLIDOS (PLANARES)

O Plano Nacional de Resíduos Sólidos é instrumento da Lei nº 12.305/2010. É uma ferramenta que, juntamente com os planos de resídu-os sólidresídu-os de outras esferas (Quadro 7), visa auxiliar a execução da PNRS.

I - Plano NACIONAL de resíduos sólidos

II - Planos ESTADUAIS de resíduos sólidos

V - Planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos

VI - Planos de gerenciamento de resíduos sólidos III - Planos MICRORREGIONAIS

de resíduos sólidos e os planos de resíduos sólidos de REGIÕES METROPOLITANAS

ou aglomerações urbanas

IV - Planos INTERMUNICIPAIS de resíduos sólidos

QUADRO 7- PLANO DE RESÍDUOS SÓLIDOS POR ABRANGÊNCIA

Fonte: BRASIL, 2010 (a) e (b). Elaboração GO Associados.

O Plano foi objeto de discussão em cinco audiências públicas regio-nais, uma audiência pública nacional e consulta pública via internet. Ele ainda se encontra em sua versão preliminar, uma vez que não foi aprova-do pelo Conselho Nacional da Política Agrícola1.

(11)

Quando publicado e em vigor, o Planares contribuirá para a

imple-mentação da Política Nacional dos Resíduos Sólidos, uma vez que defi -ne diretrizes, estratégias e metas, pautado em possíveis cenários sobre o assunto. Ele apresenta “objetivos intermediários” a serem alcançados

nos anos de 2015, 2019, 2023, 2027. Com a definição de metas inter -mediárias para esses anos, torna-se mais fácil atingir a universalização, nos moldes do Plano, prevista para 2031.

O Planares tem estreita relação com os Planos Nacionais de Mu-danças do Clima (PNMC), de Recursos Hídricos (PNRH), de Saneamento Básico (PLANSAB) e de Ação para a Produção e Consumo Sustentáveis

(PPCS). Além disso, apresenta conceitos e propostas que refletem a

interface entre diversos setores da economia, compatibilizando cres-cimento econômico e preservação ambiental com desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2012b). Sua estrutura consiste em sete capítulos principais, representados no Quadro 8.

PLANO NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Capitulo Descrição

I Diagnóstico da situação dos resíduos sólidos no Brasil

II Cenarização

III Educação ambiental

IV Diretrizes e estratégias

V Metas

VI Programas e ações de resíduos sólidos

VII Participação e controle social na implementação e acompanhamento do plano

QUADRO 8 – ESTRUTURA DO PLANO NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS (VERSÃO PRELIMINAR)

Fonte: BRASIL, 2012b. Elaboração GO Associados.

2.3 - CLASSIFICAÇÃO

DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Para entender as metas do Planares, entretanto, é necessário enten-der os diferentes tipos de resíduos produzidos. Pela PNRS, os resíduos

sólidos são classificados quanto à origem e quanto à periculosidade. A classificação presente na legislação encontra-se resumida no Quadro 9.

QUADRO 9 – CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS SEGUNDO A PNRS

Resíduos Sólidos classificados quanto à origem

Resíduos domiciliares

Resíduos de estabele-cimentos comerciais e prestadores de serviços

Resíduos de serviço de saúde

Resíduos de limpeza urbana

Resíduos dos serviços públicos de

saneamento básico

Resíduos da construção civil

Resíduos sólidos urbanos

Resíduos industriais

Resíduos agrossilvipastoris

Resíduos Sólidos classificados quanto à periculosidade

Resíduos perigosos Resíduos não perigosos

Fonte: BRASIL, 2012a. Elaboração GO Associados

(12)

3 - SISTEMAS ESTRUTURANTES E

ALTERNATIVAS DE DESTINAÇÃO FINAL

O objetivo desta Seção é apresentar as principais tecnologias existen-tes para valorização e tratamento de resíduos sólidos urbanos, em cum-primento àquilo que determina a PNRS. Foram analisadas as tecnologias

que podem ser incluídas no gerenciamento dos RSU no Brasil, tais como: compostagem, recuperação energética e disposição final em aterros sani -tários. Além disso, são descritas previamente as ações de gerenciamento fundamentais à viabilização de tais tecnologias de tratamento dos RSU.

3.1 - SISTEMAS ESTRUTURANTES PARA

DESTINAÇÃO ADEQUADA DOS RESÍDUOS

3.1.1 - COLETA SELETIVA

Pela Lei n° 12.305/2010, a coleta seletiva é definida como a “coleta

de resíduos sólidos previamente separados de acordo com sua consti-tuição e composição” (BRASIL, 2010a). A coleta seletiva constitui um ins-trumento fundamental para atingir metas de redução e tratamento, tanto de resíduos secos quanto de resíduos úmidos. É um projeto que envolve o setor público, a sociedade civil (cidadão) e a indústria, principalmente no que se refere à interface da coleta seletiva dos resíduos secos com a logística reversa, especialmente a de embalagens em geral (Quadro 10).

Agente Ação

Setor Público Responsável pelo planejamento, execução e controle do sistema.

Cidadão Responsável pela separação dos materiais recicláveis na fonte e disponibilização dos mesmos.

Indústria Responsável por estruturar e viabilizar o sistema de logís-tica reversa e sua eventual interface com a coleta seletiva.

QUADRO 10 – FUNÇÕES DE DIFERENTES ATORES NA COLETA SELETIVA DOS RESÍDUOS SECOS

Elaboração: GO Associados.

O sistema de coleta seletiva deve ser implantado pelo titular do serviço público de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos. Os geradores de resíduos sólidos, por sua vez, devem segregá-los e dis-ponibilizá-los adequadamente, na forma estabelecida pelo titular do

serviço. Por fim, os fabricantes, importadores, distribuidores e comer -ciantes devem estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos, após o uso pelo consumidor.

A coleta seletiva também auxilia na implantação dos sistemas de valorização e tratamento de resíduos, previstos na Lei n° 12.305. O Decreto n° 7.404 prevê que os resíduos devem ser separados em, no

mínimo, duas frações: secos e úmidos. Progressivamente, a separação

deve ser estendida, segregando os resíduos secos em suas parcelas

es-pecíficas.

No presente Estudo, optou-se por considerar a separação dos

resí-duos em três frações: uma seca, uma úmida, e outra contendo resíresí-duos

contaminados ou que não podem, por diversos motivos, ser recupe-rados ou reaproveitados, considerecupe-rados genericamente como rejeitos. Com a separação de resíduos orgânicos (úmidos), secos e rejeitos, faci-lita-se a destinação ao tipo de tratamento mais adequado, como mostra o Quadro 11.

QUADRO 11 – POSSÍVEIS DESTINOS PARA CADA CLASSE DE RESÍDUOS OU REJEITOS

Fonte: SANTOS (2013); elaboração GO Associados.

Residuos

Organicos

Residuos

Secos

Rejeitos

Compostagem e

Biodigestão

Reciclagem

(13)

Além dos destinos mais indicados para cada classe, vale ressaltar que, tanto na fração orgânica quanto na fração seca, há um volume de resíduos que não possibilita o aproveitamento por processos biológi-cos ou mecânibiológi-cos. Para esses, uma destinação possível é a recuperação energética, antes de seu encaminhamento para o aterro sanitário.

Os programas de coleta seletiva de resíduos secos no Brasil e no

mundo, em geral, apresentam duas modalidades básicas que são:

• Porta a porta: coleta realizada em dias específicos da semana, com

equipamentos adequados, coletando os materiais pré-separados nos domicílios. O poder público responsável trafega pelas vias das cidades, recolhendo os resíduos disponibilizados.

• Postos de Entrega Voluntária (PEVs): consiste no uso de caçambas

ou contêineres, instalados, geralmente, em pontos estratégicos para onde a população possa levar os materiais previamente segregados.

Após a coleta seletiva, os resíduos secos devem seguir para as cen-trais de triagem, cujo modelo mecanizado pode ser observado no Qua-dro 12, onde são separados por tipos e armazenados para serem enca-minhados aos processos de reciclagem.

QUADRO 12 – CENTRAIS MECANIZADAS DE TRIAGEM DE MATERIAIS RECICLÁVEIS SECOS NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

Fonte: ABRELPE.

Matéria Prima

Matérias Primas Secundárias

Centro Distribuidor Indústria

Mercado Original e

Mercado Secundário

Retorno Coleta Pós Venda

Componentes Secundários

Desmanche/

Reciclagem Consolidação Pós Venda Varejo Consumidor QUADRO 13 – PROCEDIMENTO DA LOGÍSTICA REVERSA

Fonte: LEITE, 2012. Elaboração GO Associados.

3.1.2 - LOGÍSTICA REVERSA

A PNRS, em seu art. 31, prevê que, com vistas a fortalecer a res-ponsabilidade compartilhada, fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes devem considerar, no momento de fabricação de pro-dutos, a possibilidade de reutilização e reciclagem dos mesmos após o uso, bem como divulgar informações e organizar o recolhimento de produtos e dos resíduos remanescentes.

(14)

A logística reversa possui estreita relação com o princípio do polui-dor pagapolui-dor, o qual imputa o ônus de arcar com os custos do impacto diretamente àquele que utilizou o recurso natural (SILVA FILHO & SOLER, 2013). Aplicada ao caso dos produtos pós-consumo, esse princípio recai sobre toda a cadeia de suprimentos - fabricantes, importadores,

distribui-dores, comerciantes e consumidores finais (LEITE, 2012), afinal todos têm influência nos efeitos ambientais negativos que os resíduos podem gerar.

Com a Lei n° 12.305, torna-se obrigatório, a partir da celebração de acordo setorial, o processo de implantação e operacionalização de

sis-tema de logística reversa para as seguintes classes de produtos: agrotó

-xicos, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, lâmpadas fluorescen -tes, equipamentos eletrônicos, embalagens e medicamentos (Quadro 14). Ficam responsáveis pelo processo de logística reversa fabricantes,

importadores, distribuidores e comerciantes (BRASIL, 2010a; art.33).

Pneus Embalagens

em geral

Agrotóxicos

Medicamentos

Lâmpadas LOGÍSTICA REVERSA

Produtos Eletro-Eletrônicos

Óleos lubrificantes

Pilhas e Baterias

QUADRO 14 – PRODUTOS OBRIGATÓRIOS AO SISTEMA DE LOGÍSTICA REVERSA NOS TERMOS DA LEI N° 12.305/2010

Fonte: BRASIL, 2010 (a). Elaboração GO Associados.

Conforme mencionado anteriormente, a PNRS determina que os resíduos sólidos devam ser tratados e recuperados por processos tec-nológicos disponíveis e economicamente viáveis, previamente à sua

disposição final ambientalmente adequada. Entende-se que se trata

de tecnologias que estejam desenvolvidas em escala que permita sua aplicação nas diferentes localidades, levando-se em conta seu custo--benefício.

Tendo isso em vista, as próximas Subseções apresentam as tecno-logias que atualmente têm a possibilidade de serem implantadas no

Brasil, considerando as características econômicas, financeiras, ambien -tais e sociais. Tais sistemas já existem em escala comercial e já possuem

eficácia comprovada, o que, dentre outros fatores, justifica a preferência

pelos mesmos em relação a outras tecnologias.

A Política Nacional dos Resíduos Sólidos prevê, em seu artigo 36, inciso V, que o titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de ma-nejo de resíduos sólidos deve implantar sistema de compostagem para resíduos sólidos urbanos, além de articular com os agentes econômicos e sociais formas de utilização do composto produzido (BRASIL, 2010a).

A compostagem é um processo biológico de decomposição aeróbia da matéria orgânica contida em resíduos de origem animal ou vegetal. Esse processo gera, como principal resultado, um produto que pode ser

3.2 - ALTERNATIVAS DE

DESTINAÇÃO FINAL CONSIDERADAS

(15)

aplicado no solo para melhorar suas características de produtividade, sem ocasionar riscos ao meio ambiente (BNDES, 2014).

Na compostagem, microrganismos são responsáveis, num primeiro momento, por transformações químicas na massa de resíduos, e, num

segundo momento, pela humificação. O composto resultante, o húmus,

pode ser utilizado como fertilizante (tanto para a agricultura quanto para áreas verdes urbanas) apresentando, portanto, valor econômico

(CATAPRETA, 2008; RUSSO, 2011). No Quadro 15, são elencadas as van -tagens e desvan-tagens do processo de compostagem.

Tecnologia

Compostagem

Vantagens Desvantagens

Baixa complexidade na obtenção da licença ambiental.

Facilidade de monitoramento

Necessidade de investimentos em mecanismos de mitigação

dos odores e efluentes gerados no processo.

Requer pré-seleção da matéria orgânica na fonte.

Necessidade de desenvolvimento de mercado

consumidor do composto gerado no processo. Diminuição da carga orgânica

do rejeito a ser enviado ao aterro, minimizando os volumes a serem dispostos.

Tecnologia conhecida e de fácil implantação.

Viabilidade comercial para venda do composto gerado.

QUADRO 15 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA COMPOSTAGEM

Fonte: ICLEI, 2011; BNDES, 2014. Elaboração GO Associados.

Apesar da massa de resíduos sólidos urbanos gerada no Brasil apre-sentar alto percentual de matéria orgânica - 51,4%, segundo dados do

Ministério do Meio Ambiente (MMA 2012)2 -, as experiências de

com-postagem no país são ainda incipientes. O resíduo orgânico, por não ser coletado separadamente, acaba sendo encaminhado para disposição

final (em lixões, aterros controlados ou aterros sanitários).

A versão preliminar do Planares (BRASIL, 2012b) propõe a implantação

de novas unidades de compostagem, que devem vir acompanhadas de:

• ฀Adequação dos critérios técnicos para obtenção do licencia -mento ambiental do empreendi-mento, por meio, por exemplo, do estabelecimento de diferentes níveis de exigências em fun-ção da quantidade de resíduo orgânico a ser tratado por meio

da compostagem;

• Campanhas de educação ambiental para conscientizar e

sensi-bilizar a população na separação da fração orgânica dos

resídu-os geradresídu-os na fonte;

• Coleta seletiva dos resíduos orgânicos, uma vez que a

qualida-de final do composto é diretamente proporcional à eficiência na

separação.

3.2.2 RECUPERAÇÃO ENERGÉTICA

O tratamento dos RSU por processos de recuperação energéti-ca é aceito pela legislação brasileira, sendo previsto na Lei Federal n°

12.305/2010, em seu art. 9°, §1°, conforme segue:

“Poderão ser utilizadas tecnologias visando à recuperação ener-gética dos resíduos sólidos urbanos, desde que tenha sido com -provada sua viabilidade técnica ambiental e com a implantação de programa de monitoramento de emissão de gases tóxicos aprovados pelo órgão ambiental (BRASIL, 2010a).”

(16)

Os principais produtos energéticos que podem ser obtidos através

do aproveitamento dos RSU são: o biogás (gerado em aterros sanitários ou na digestão anaeróbia); a eletricidade (gerada a partir do biogás ou do tratamento térmico); e o calor (produzido juntamente com a eletri -cidade, em processo de cogeração). Além da geração de energia, que pode ser comercializada, o tratamento com recuperação energética traz outra vantagem, que é a redução do volume de rejeitos a serem

enca-minhados para disposição final, contribuindo para a diminuição de área

necessária para aterros sanitários (EPE, 2014), bem como o prolonga-mento de sua vida útil.

3.2.2.1 - TRATAMENTO TÉRMICO

Um dos processos mais conhecidos e utilizados no mundo para a recuperação energética é a incineração, que consiste no tratamento tér-mico, com consequente redução do volume dos resíduos. A energia re-cuperada pode ser utilizada para produção de calor e geração de ener-gia elétrica (BNDES, 2014).

A incineração dos RSU produz gases de combustão, os quais são fonte de energia térmica graças à geração de vapor superaquecido em caldeiras de recuperação de calor. Após trocarem calor dentro da caldei-ra, esses gases são tratados com o objetivo de abatimento de poluentes (entre eles NOx, SOx, HCl, etc.), de acordo com os limites exigidos pelas legislações vigentes. O monitoramento e o controle das emissões dos poluentes são efetuados por meio de sistemas de análise contínuos, instalados na chaminé (ABRELPE, 2012b).

Algumas vantagens desse processo, além daquelas já mencionadas anteriormente, estão relacionadas à geração de energia limpa e descen-tralizada e à mitigação da geração de gases de efeito estufa e redução da dependência de combustíveis fósseis (SOUSA, 2012). No Quadro 16 são elencadas as principais vantagens e desvantagens relacionadas à incineração de resíduos com geração de energia.

3.2.2.2 - GÁS DE ATERRO SANITÁRIO

Tecnologia

Incineração

Vantagens Desvantagens

Aplicável a diversos tipos de resíduos.

Aumento da vida útil dos locais para disposição final.

Requer uma entrada constante de resíduos com alto poder

calorífico. Alto custo de implantação.

Geração de rejeitos, que devem ser corretamente dispostos de acordo com

a sua composição.

Demanda por sistema de tratamento dos gases. Degradação completa dos

resíduos e quebra das moléculas dos componentes

perigosos.

Possibilidade de instalação em áreas próximas a centros urbanos, reduzindo custos de

coleta e transporte.

QUADRO 16 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA INCINERAÇÃO

Fonte: ABRELPE (b), 2012; ICLEI, 2011. Elaboração GO Associados.

Outro método disponível para fins de recuperação energética dos

resíduos é a captação de biogás em aterros sanitários, para geração de energia. Nesse tipo de empreendimento há uma rede coletora dos gases gerados no processo de decomposição anaeróbia dos resíduos aterrados que os encaminha, por meio de drenos verticais e horizontais, para uma unidade de geração de energia (BNDES, 2014).

Segundo estudo do Ministério de Minas e Energia, a tecnologia de aproveitamento do biogás produzido nos aterros sanitários é o uso ener-gético mais simples dos resíduos sólidos urbanos, uma alternativa que pode ser instalada na maioria das unidades já existentes (EPE, 2014).

(17)

de Resíduos Sólidos (ABRELPE, 2013b), há no Brasil 23 projetos reporta-dos que consideram a captura e o aproveitamento energético do biogás, o que representa cerca de 50% dos projetos de Mecanismos de Desen-volvimento Limpo (MDL)3 do país no setor de resíduos sólidos e aterros.

A maior parte dos projetos está situada na região Sudeste (16 ao todo).

Estima-se que até 2018, a captura e o aproveitamento energético do biogás em aterros no Brasil possam chegar a mais de 180.000 tonela-das de CO2 equivalente (tCO2e). A média anual estimada é de 155.112 tCO2e (ABRELPE, 2013b).

A utilização do biogás como combustível para geração de energia elétrica ou para conversão em combustível e calor não apenas aproveita de forma sustentável os subprodutos da disposição dos resíduos sólidos em aterros sanitários, como também evita que o gás metano nele contido seja emitido para a atmosfera (ARCADIS, 2010). Assim, defende-se que deva haver incentivos públicos para a elaboração e execução de projetos de recuperação e aproveitamento de biogás, considerando-se os benefí-cios que esses projetos podem trazer.

Tecnologia

Captura de biogás em aterros sanitários

Vantagens Desvantagens

Eliminação da emissão de metano oriundo da decomposição da matéria

orgânica.

Geração de energia para consumo próprio do aterro

sanitário e venda do excedente.

Demanda por operação e sistema de captação de gás

com alta eficiência. Processo menos eficiente que

outros de recuperação energética.

Irregularidade de sua geração ao longo da vida útil do aterro. Geração de créditos do

carbono.

QUADRO 17 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA CAPTAÇÃO DE BIOGÁS EM ATERROS SANITÁRIOS

Fonte: PARO et al., 2008. Elaboração GO Associados.

3 De acordo com o Protocolo de Quioto (que fixa metas de redução voluntária de gases do efeito estufa - GEEs), a captação do biogás em aterros sanitários para geração de energia é considerada um MDL, podendo gerar créditos de carbono para países em desenvolvimento, uma vez que contribui para a redução do efeito estufa. Com o MDL, qualquer país sem teto de emissões de GEEs pode desenvolver projetos de redução de emissões e receber créditos por isso, podendo vender tais créditos no mercado de carbono.

O Quadro 17 apresenta as principais vantagens e desvantagens da captação de biogás em aterros sanitários.

Para o presente Estudo, foi considerado que a captação de biogás em aterros sanitários utilize motores recíprocos de combustão interna (CI). Segundo o Atlas Brasileiro de Emissões de GEE e Potencial Energé-tico na Destinação de Resíduos Sólidos (ABRELPE, 2013b), trata-se da tecnologia de conversão mais comumente utilizada nas aplicações de gás de aterro. As vantagens da opção escolhida são o baixo custo de

capital, a confiabilidade no processo, os menores requisitos para pro -cessamento de combustível se comparados às turbinas, e a adequação de porte para aterros de dimensões moderadas.

A reciclagem é o processo de transformação de resíduos sólidos que envolve a alteração de propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à transformação em insumos ou novos produtos

(BRASIL, 2010a). Em outras palavras, consiste no beneficiamento e rea -proveitamento de materiais.

Deve-se considerar que a reciclagem permite a substituição de in-sumos para cuja produção há, normalmente, grande consumo de ener-gia. Por aliviar pressões de demanda de matérias-primas e de energia, a reciclagem se constitui, em princípio, em uma forma ambientalmente

eficiente de aproveitamento energético dos RSU (EPE, 2014).

No Quadro 18 são elencadas as vantagens e desvantagens deste tipo de destinação de resíduos.

(18)

Tecnologia

Reciclagem

Vantagens Desvantagens

Diminuição de materiais a serem coletados e dispostos,

aumentando a vida útil dos aterros sanitários.

Economia no consumo de energia.

Necessidade de participação ativa da população. Custo de uma coleta

diferenciada.

Alteração do processo tecnológico para o beneficiamento, quando da reutilização de materiais no

processo industrial. Geração de emprego e renda.

Preservação de recursos naturais e insumos.

QUADRO 18 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA RECICLAGEM

Fonte: ICLEI, 2011. Elaboração GO Associados.

A atividade de reciclagem envolve diversas etapas e processos e não representa uma atividade de baixo custo. Por isso, é importante que, junto com sua implementação, seja incentivada a formação de um

mercado de material reciclado, de forma a tornar o processo mais efi -ciente e rentável (SOUSA, 2012). A transformação de resíduos em novos insumos e matéria prima é uma atividade econômica integrante de um sistema industrializado, portanto, realizada por empresas privadas que

devem contar com infraestrutura física, técnica e econômico-fiscal para

poderem contribuir efetivamente com o reaproveitamento dos mate-riais e conservação dos recursos naturais.

3.2.4 - DISPOSIÇÃO FINAL AMBIENTALMENTE

ADEQUADA: ATERRO SANITÁRIO

Os aterros sanitários, conforme visto anteriormente, são

considera-dos pela PNRS como a forma de disposição final ambientalmente ade -quada dos rejeitos. A aprovação do marco regulatório para o setor de re-síduos, na forma da PNRS, reforça a tendência de eliminação dos lixões e aterros controlados existentes e a implantação de aterros sanitários.

O aterro sanitário é a forma correta de dispor os rejeitos no solo. Seu projeto de engenharia é baseado em critérios e normas

operacio-nais específicas: os resíduos dispostos são cobertos com material iner -te, com o objetivo de controlar a entrada de ar e água, controlar a saída de gás do aterro, reduzir o odor e de outros inconvenientes e facilitar a recomposição da paisagem, dentre outros fatores (CATAPRETA, 2008).

Quando há a necessidade de uma nova área para depósito de resí-duos sólidos, uma série de critérios deve ser considerada para a implan-tação desta instalação. A decisão pode ser auxiliada por meio de

mode-lagem e deve levar em consideração tanto a eficiência ecológica quanto

a econômica. Para tal, devem ser analisados os custos de distribuição e de transporte, as externalidades negativas e controle de poluição, ten-do como objetivos a preservação ten-do meio ambiente, a minimização de custos e geração de padrões de distribuição dos resíduos (GANDELINI, 2002).

Devido à crescente urbanização, as áreas ambiental e

economica-mente adequadas para disposição final dos RSU tornam-se cada vez

menos disponíveis. Isso porque para dispor resíduos no solo, deve-se levar em consideração uma série de fatores sobre o local, tais como

a topografia, as características do solo, os corpos d’água e a distância

do centro gerador. Devido às características necessárias para a área da

disposição final e aos impactos que ela receberá, não é simples deter -miná-la e encontrá-la (SOUSA, 2012).

Os aterros têm em média 42 anos de ciclo de vida, sendo que é possível que eles recebam resíduos somente nos primeiros 20 anos (Quadro 19).

No Quadro 20 são elencadas as principais vantagens e

(19)

Etapas do ciclo de vida dos aterros sanitários (42 anos)

Investimento

• Estudos e projetos • Terreno Investimento • Instalações • Equipamentos Custos • Depreciação • Amortização Custos • Encerramento • Pós encerramento

Ano 1

(Pré implementação)

• Estudo de viabilidade • Aquisição de terreno • Projeto • Licenciamento Ano 2 (Implementação)

• Infraestrutura Geral • Sist. Tratamento líquidos e percolatos • Sist de Drenagem • Áreas verdes • Apoio • Administração

Anos 3 a 22

(operação)

• Disposição • Disposição de resíduos • Trat. percolados e gases • Equipe operação • Outros

Ano 23

(Encerramento)

• Obras de encerramento

Anos 24 a 42

(Pós-encerramento)

• Trat. percolados • Monitoramento

QUADRO 19 – CICLO DE VIDA DE ATERROS SANITÁRIOS

Fonte: DEL BEL, 2012.

Tecnologia

Aterro Sanitário

Vantagens Desvantagens

Baixo custo operacional

Tecnologia amplamente

conhecida Necessidade de grandes áreas para o empreendimento Geração de odores

característicos

Exige captura e tratamento do “chorume”

Após a capacidade esgotada, ainda exige cuidados e manutenção, por anos. Possibilidade de

aproveitamento do biogás, que pode ser aproveitado para geração de produtos como energia elétrica,

calor e metano

Fonte: PARO et al., 2008; ICLEI, 2011. Elaboração GO Associados.

QUADRO 20 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA DISPOSIÇÃO FINAL EM ATERROS SANITÁRIOS

4 - CONJUNTURA DO TRATAMENTO

DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL

4.1 - COMPOSIÇÃO DOS RSU

O objetivo desta Seção é apontar para a urgência de mais investi-mentos no setor de resíduos sólidos, por meio de dados que contribu-am para a compreensão de sua conjuntura.

Conforme dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2013, foram geradas 76,4 milhões de toneladas de RSU no ano em referência, das quais 69,1 milhões de toneladas foram coletadas. Desse montante coletado, 40,3 milhões de toneladas foram encaminhadas para

disposi-ção final em aterros sanitários, e 28,8 milhões de toneladas foram en -viadas para lixões ou aterros controlados, que são formas de disposição

final ambientalmente inadequadas (Quadro 21).

Quadro 21. Síntese dos dados do Panorama 2013

Geração total Coleta total Aterros Sanitários Lixões/Aterros controlados Quantidade

(milhões ton/ano) 76,4 69,1 40,3 28,8

Dentro do grupo de RSU, destacam-se alguns subconjuntos dos

principais materiais: i) metais, ii) plástico, iii) matéria orgânica, iv) papel,

(20)

13.5% 13.1% 2.9%

2.9% 16.7%

51.4%

Metais

Papel, Papelão e TetraPak Plástico

Vidro

Matéria Orgânica

Outros

QUADRO 22- PARTICIPAÇÃO DOS PRINCIPAIS MATERIAIS NO TOTAL DE RSU COLETADO NO BRASIL EM 2012*

Fonte: (ABRELPE, 2013a). Elaboração GO Associados.

* Consideram-se os dados de 2012, uma vez que no Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil mais recente (de 2013) não foram apresentadas estas informações.

4.2 - COLETA REGULAR

A coleta regular de RSU está presente em todas as regiões

brasilei-ras. Pela análise de sua evolução até 2013 (Quadro 23), verifica-se que

a porcentagem nacional de resíduo coletado aumentou no decorrer dos anos, atingindo 90,4%. No entanto, a região Norte chama atenção por ter apresentado uma queda na porcentagem de resíduos coletados nos últimos anos (de 88% em 2002 para 80% em 2013), sendo que nas demais regiões brasileiras, a coleta de resíduos sólidos aumentou em até 13% no decorrer desses anos.

100%

90%

80%

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%

2002 2003

Nordeste Norte Centro-Oeste Sul Sudeste BRASIL

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

QUADRO 23 – EVOLUÇÃO DA COLETA DE RSU (% DE RESÍDUOS COLETADOS POR ANO)

Fonte: ABRELPE, 2014. Elaboração GO Associados.

4.3 - COLETA SELETIVA

Apesar dos avanços nas últimas décadas, com o ritmo atual de ex-pansão da coleta, ou seja, sem considerar um avanço nos investimentos e nos esforços, a universalização desse serviço no país tardará mais do que o estipulado pelo Planares.

O conceito de destinação final ambientalmente adequada também

possui direta relação com a prática de coleta seletiva, que distingue os resíduos secos dos resíduos úmidos (orgânicos). A quantidade de muni-cípios que contam com iniciativas de coleta separada dos resíduos se-cos no Brasil chegou a pouco a mais de 62% do total (ABRELPE, 2014). Nesta estimativa, são considerados não somente a coleta porta-a-porta, mas também a existência de pontos de entrega voluntária (PEV) ou con-vênios com cooperativas e/ou organização de catadores.

(21)

100% 90% 80% 70%

60% 50% 40% 30%

20%

10% 0% 6000

2008 2012 2016 2020 2024 2028 2032 2036 2040 2044 5000

4000

3000

2000 1000

0

Absoluto Relativo

universalização da coleta seletiva ocorreria próximo ao ano 2044, coe-teris paribus4. Neste sentido, o Quadro 24 apresenta uma projeção para

que todos os municípios do Brasil apresentem alguma iniciativa de co-leta seletiva.

QUADRO 24 – UNIVERSALIZAÇÃO DE COLETA SELETIVA: MUNICÍPIOS COM INICIATIVAS DE COLETA SELETIVA

Fonte: Panorama ABRELPE (histórico de 2008 a 2013). Elaboração GO Associados.

O serviço de coleta seletiva pode não atender a todas as residências e estabelecimentos de um município, conforme se conclui a partir das informações do Quadro 25. Nele são apresentadas informações sobre a cobertura da coleta seletiva de resíduos secos para cada região brasi-leira, segundo dados de 2008. De acordo com as informações expostas, na maioria dos municípios brasileiros a coleta seletiva não atinge a to-talidade dos domicílios.

4 Tudo o mais constante, ou seja, considerando que todas as outras variáveis não serão alteradas ao longo do tempo analisado.

Região Proporção de municípios que são

atendidos em toda sua extensão

Norte

4,8%

Nordeste

37,5%

Sudeste

32,4%

Sul

46,0%

Centro-Oeste

16,1%

Brasil

37,9%

QUADRO 25 - MUNICÍPIOS COM SERVIÇO DE COLETA SELETIVA - ÁREA DE ABRANGÊNCIA

Fonte: IBGE, 2008 (tabela 105). Elaboração GO associados.

Como parcela significativa de resíduos é coletada por catadores,

cooperativados ou não, e por outras iniciativas locais, as estimativas quanto à abrangência da coleta seletiva no Brasil são precárias e ba-seadas em auto declarações das prefeituras ou pesquisas de campo. Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil (ABRELPE, 2014), dos 5.570 municípios do país, 3.459 têm iniciativas de coleta seletiva, ou seja, 62,1%. Não há, entretanto, contextualização ou detalhamento sobre tais iniciativas.

4.4 - DISPOSIÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Um dos princípios básicos da Política Nacional de Resíduos Sólidos

é a obediência à seguinte ordem de prioridades de ações: não gera -ção, redu-ção, reutiliza-ção, reciclagem e tratamento dos resíduos

(22)

24.3%

17.4%

58.3%

Aterros sanitários

Aterros controlados

Lixões

QUADRO 26- DISPOSIÇÃO DOS RSU COLETADOS NO BRASIL (TON/DIA)

Fonte: ABRELPE, 2014. Elaboração GO Associados.

Os lixões a céu aberto representam uma forma de disposição final

inadequada em que os resíduos sólidos são depositados indiscrimina-damente no solo, sem qualquer tipo de cuidado ou tratamento. Eles apresentam grande potencial contaminante e prejudicial para o ambien-te e são nocivos à saúde humana (SOUSA, 2012). Os aambien-terros controlados pouco se diferenciam dos lixões, uma vez que também não possuem os conjuntos de sistemas e medidas necessários para a proteção do meio ambiente a danos e degradações (ABRELPE, 2012a).

Apesar disso, por meio do Quadro 26 pode-se observar que aproxi-madamente 41,7% de todo os resíduos sólidos coletados no Brasil se-guem para um destes dois destinos (aterro controlado e lixão), ou seja,

não têm uma disposição final ambientalmente adequada, conforme determina a Lei Federal n° 12.305/2010. A disposição final em aterros

sanitários, considerada ambientalmente adequada, recebe em torno de 58,3% dos RSU gerados no país.

A maioria dos municípios brasileiros precisa adequar-se à Lei, no

que diz respeito à disposição final. Em 2013, cerca de 60% dos mu -nicípios brasileiros destinavam seus resíduos a aterros controlados ou

lixões (ABRELPE, 2014). Isso significa que, dos 5.570 municípios do país,

3.344 ainda dispõe seus resíduos de forma inadequada.

A disposição final ambientalmente adequada vem aumentando nos

últimos anos em ritmo lento. Em 2008, 55% do total de resíduos gera-dos no país eram encaminhagera-dos para aterros sanitários e, em 2013, este número passou para mais de 58% (ABRELPE, 2014). Com a publicação

da PNRS, o fim do prazo para o fechamento dos lixões e a pressão da

(23)

5 - MODELAGEM DE CUSTOS

Esta Seção descreve a modelagem de custos criada para estimar os investimentos necessários para universalização do tratamento de resí-duos sólidos urbanos em todo o país.

Na Subseção 5.1, são descritas as metas propostas pelo Plano Na-cional de Resíduos Sólidos, as quais foram consideradas fundamentais para se estimar a universalização do tratamento de resíduos sólidos. Na Subseção 5.2, é descrita a metodologia adotada para o cálculo dos custos totais associados à universalização do tratamento de resíduos sólidos e os resultados encontrados.

Por fim, na Subseção 5.3, são descritos os tipos de tratamento dis -poníveis considerados mais adequados à realidade brasileira. Nessa Subseção, são levantados os custos associados a esses tratamentos, de acordo com dados públicos disponíveis.

5.1 - METAS DO PLANARES

No Plano Nacional de Resíduos Sólidos, em seu capítulo V, foram estipuladas metas a serem atingidas para o tratamento de resíduos sóli-dos, tomando por base as disposições da Lei Federal n° 12.305/2010 e as diretrizes e estratégias contidas no capítulo IV do Plano.

O alcance dos objetivos não depende apenas do cenário macroe-conômico, mas também do envolvimento das três esferas de governo, além do modo efetivo como as outras medidas do Plano devem impac-tar a sociedade e o setor privado. Nesse sentido, o Planares chama a atenção não só para a elaboração dos planos estaduais, intermunicipais e, quando aplicável, municipais, mas também para a conclusão dos

es-tudos de regionalização. Isso elevaria os ganhos de escala e propiciaria o atendimento às metas propostas com maior facilidade,

principalmen-te no que se refere à erradicação de lixões e disposição final ambiental -mente adequada.

As metas, assim como o diagnóstico do Plano, foram separadas para cada tipo de resíduo de modo que, para cada um deles, deveriam ser atendidas em períodos de tempo distintos. Cada meta, por sua vez, dife-re em dife-relação ao ano em que será cumprida. No Quadro 27 explicitam--se as metas e o ano de cumprimento total de cada uma delas para os resíduos sólidos urbanos, foco do presente Estudo.

O objetivo da modelagem de custos apresentada neste Estudo foi estimar os investimentos necessários para a universalização da destina-ção adequada de resíduos sólidos no Brasil, nos termos do que deter-mina a PNRS.

Meta (nº)

Descrição da meta

Ano de

atingimento

da meta

1

Eliminação total dos lixões

2014

2

Reabilitação de lixões

Após 2031

3

Redução dos resíduos recicláveis se-

cos dispostos em aterros sanitários.

Após 2031

4

Redução do percentual dos resíduos

úmidos dispostos em aterros.

Após 2031

5

Recuperação de gases

de aterros sanitários.

300 MW/h

em 2031

6

Inclusão e organização de 600.000

catadores.

2031

QUADRO 27 – METAS PARA RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

(24)

5.1.1 - ELIMINAÇÃO DE LIXÕES

Para tanto, foram consideradas quatro das seis metas do Planares

propostas para os RSU: i) Eliminação de lixões; ii) Redução dos resíduos secos dispostos em aterros sanitários; iii) Redução de resíduos úmidos dispostos em aterros; e iv) Recuperação de gases de aterros sanitários.

Essas metas serão descritas nas próximas Subseções.

A meta do Planares segue o que consta expressamente na PNRS e determina que todos os lixões deveriam ter sido eliminados até agos-to de 2014 e que agos-todo rejeiagos-to seja disposagos-to de forma ambientalmente adequada, ou seja, em aterros sanitários. O Plano determina que, para tanto, deve haver a elaboração de projetos de engenharia, de viabilida-de econômica e ambiental, a implementação viabilida-de aterros sanitários e o aporte de recursos visando o encerramento de lixões.

Vale ressaltar que durante o período analisado, os aterros sanitários construídos ainda estarão operando dentro de sua vida útil, de forma que, até 2031, não ocorrerá o encerramento de nenhum desses novos aterros, devido ao esgotamento de capacidade.

Conforme dados do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plan-sab) e da ABRELPE, tem-se que entre 2000 e 2013 houve uma redução de aproximadamente 18% na quantidade de RSU com destinação ina-dequada (Quadro 28). Porém, tal redução só foi observada de fato para as regiões Sul e Sudeste. Nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, observa-se um aumento na quantidade absoluta de resíduos e rejeitos que não são encaminhados para aterros sanitários. Vale destacar que no Centro-Oeste a quantidade diária de resíduos e rejeitos encaminhados para disposição inadequada quase dobrou (variação de 92%).

QUADRO 28- QUANTIDADE DE RESÍDUOS E REJEITOS ENCAMINHADOS PARA DISPOSIÇÃO FINAL INADEQUADA (TONELADAS/DIA)

Fonte: PNSB, 2000; ABRELPE, 2014. Elaboração GO Associados.

Região

2000

2013

Variação

Norte

6.790

7880

16%

Nordeste

18.660

27.116

45%

Centro-Oeste

5.635

10.834

92%

Sudeste

57.696

27.475

-52%

Sul

7.521

6.094

-19%

Brasil

96.302

79.399

-18%

Segundo dados da ABRELPE (2014), entre 2012 e 2013, aumentou em 13 o número de municípios que dispõem seus resíduos adequa-damente em aterros sanitários, mesmo com a proximidade do encerra-mento do prazo dado pela lei para isso.

No Quadro 29, são apresentados os números de municípios para

cada tipo de destinação final, nas diferentes regiões do país, em 2013.

Observa-se que menos da metade dos municípios destinam seus resí-duos aos aterros sanitários, como determina a Lei.

Destinação

Final

Região

Brasil

Norte Nordeste

Centro-

Oeste

deste

Su-

Sul

Aterro

Sanitário

92

453

161

817

703

2.226

Aterro

Controlado

111

504

148

645

367

1.775

Lixão

247

837

158

206

121

1569

Total

450

1.794

467

1.668 1.191 5.570

ABRELPE, 2014.

(25)

A maioria dos municípios das regiões Sul e Sudeste apresenta desti-nação ambientalmente correta de seus resíduos, enquanto que no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste, uma minoria encaminha os resíduos aos aterros sanitários.

Para calcular os custos relacionados à eliminação dos lixões, foi con-siderado que os resíduos sólidos dispostos em lixões ou aterros controla-dos seriam encaminhacontrola-dos para aterros sanitários já existentes, ou a serem construídos, depois de esgotadas as outras formas de tratamento, como a reciclagem e a compostagem.

Um município, isoladamente, pode não ser capaz de cumprir todas as

metas definidas pela Lei, como, por exemplo, a construção de aterro sani -tário para a disposição ambientalmente adequada dos resíduos sólidos. Contudo, consorciado a outros, é possível que a escala obtida garanta via-bilidade econômica e até mesmo técnica, necessária para a provisão dos serviços de manejo de resíduos (OLIVEIRA & GALVÃO, 2014).

Segundo esses mesmos, a regionalização dos serviços pode propor-cionar custos mais baixos em comparação à solução individualizada e, em alguns casos, poderia até possibilitar empreendimentos cuja viabilidade técnica e econômica passa por uma escala mínima de atendimento.

Pre-vendo as possíveis dificuldades econômicas e técnicas de municípios de

menor porte, a PNRS não somente permite, mas também incentiva a arti-culação entre entes federados, visando à formação de consórcios inter-municipais ou microrregionais. Deve-se destacar, entretanto, que a forma-ção de consórcios precisa, entre outros fatores, se basear nas distâncias entre as localidades.

Partindo-se dessas premissas, considerou-se que o fechamento de li-xões e a implantação de aterros sanitários somente seriam possíveis por meio da formação de consórcios entre municípios brasileiros próximos. Para o presente Estudo, os referidos consórcios seriam formados pelos municípios que compõem cada microrregião brasileira, de acordo com a

classificação do IBGE. No total, os municípios brasileiros foram distribuí -dos em 558 microrregiões.

5.1.2 - REDUÇÃO DOS RESÍDUOS RECICLÁVEIS

SECOS DISPOSTOS EM ATERROS SANITÁRIOS

A versão preliminar do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2012) determina a redução de 34% dos resíduos sólidos urbanos secos dispostos em aterros sanitários até 2023 e de 45% até 2031, com base na caracterização nacional em 2013, destinando-os à reciclagem. Para cada região brasileira, as metas são diferentes, conforme observado no Quadro 30.

Meta

Região

Plano de Metas

2015 2019 2023 2027 2031

Redução de resíduos recicláveis secos

dispostos em aterro, com base na caracterização nacional em 2013

Norte 10 13 15 17 20

Nordeste 12 16 19 22 25

Sul 43 50 53 58 60

Sudeste 30 37 42 45 50

Centro-

Oeste 13 15 18 21 25

Brasil 22 28 34 40 45

QUADRO 30 – METAS DE REDUÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS SECOS DISPOSTOS EM ATERROS SANITÁRIOS (%)

Fonte: BRASIL, 2012.

No presente Estudo, considerou-se tanto a meta de redução geral de RSU secos dispostos em aterros sanitários, quanto a meta de redu-ção para cada região brasileira, individualmente.

(26)

5Áreas rurais mais próximas às áreas urbanas.

Nesse sentido, a atuação do CORI contribui para que tais metas se-jam atingidas. Em setembro de 2014, o Comitê publicou deliberação (n° 9/2014) que adota meta para o sistema de logística reversa de embala-gens em geral. O objetivo é recolher ao menos 3.815 toneladas por dia,

em média, de embalagens, até o final de 2015. Essa deliberação, como

consequência, auxilia na redução de resíduos sólidos secos em aterros sanitários.

O Plano Nacional de Resíduos Sólidos destaca que a implantação da coleta seletiva deve ocorrer em todos os municípios brasileiros, priori-zando-se inicialmente os de maior porte, ou aqueles que integram Regi-ões Metropolitanas, RegiRegi-ões Integradas de Desenvolvimento Econômi-co (RIDE) ou Aglomerações Urbanas (BRASIL, 2010b). No Plano, também é prevista a implantação da coleta seletiva de resíduos secos nos cin-turões verdes5.

Vale lembrar que, de acordo com os dados da ABRELPE de 2012, 31,6% dos RSU coletados no Brasil compõem a fração seca. Entretanto, nem todos os resíduos secos descartados podem ser efetivamente re-ciclados, por uma série de fatores. Estima-se que um terço dos resíduos secos não seja passível de reciclagem, por conta de contaminação por

outros materiais, deficiências na logística e ausência de plantas para sua

transformação.

5.1.3 - REDUÇÃO DOS RESÍDUOS ÚMIDOS

DISPOS-TOS EM ATERROS SANITÁRIOS

A redução do percentual de resíduos úmidos dispostos em aterro sanitário diz respeito ao tratamento diferenciado da matéria orgânica. Pelo Plano Nacional de Resíduos Sólidos, tem-se que, para atendimento desta meta, deve-se introduzir a compostagem dos RSU e aproveitar os gases provenientes da digestão anaeróbia da fração orgânica e

daque-les gerados em aterros sanitários. O desenvolvimento de outras tecno-logias visando à geração de energia a partir da parcela úmida de RSU também deve ser incentivado.

O Planares propõe que, no total em todo o país, seja reduzido em 38% o percentual de resíduos úmidos dispostos em aterros sanitários até 2023 e em 53% até 2031, com base na caracterização nacional de 2013. Para cada região brasileira, as metas são diferentes, conforme observado no Quadro 31.

Meta

Região

Plano de Metas

2015 2019 2023 2027 2031

Redução do percentual de resíduos úmidos

dispostos em aterros, com base na caracterização nacional em 2013

Norte

10

20

30

40

50

Nordeste

15

20

30

40

50

Sul

30

40

50

55

60

Sudeste

25

35

45

50

55

Centro-

Oeste

15

25

35

45

50

Brasil 19 28 38 46 53

QUADRO 31 - METAS DE REDUÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ÚMIDOS DISPOSTOS EM ATERROS SANITÁRIOS (%)

Fonte: BRASIL, 2012.

No presente Estudo, considerou-se tanto a meta de redução geral de RSU úmidos dispostos em aterros sanitários, quanto a meta de redu-ção para cada região brasileira, individualmente.

Referências

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