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A arquitetura no processo de ensino e aprendizagem: o itinerário arquitetônico como possibilidade de Preservação e de metodologia ativa / Architecture in the teaching and learning process: the architectural itinerary as a possibility of Preservation and a

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Academic year: 2020

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 56988-57001 aug. 2020. ISSN 2525-8761

A arquitetura no processo de ensino e aprendizagem: o itinerário arquitetônico

como possibilidade de

Preservação e de metodologia ativa

Architecture in the teaching and learning process: the architectural itinerary

as a possibility of

Preservation and active methodology

DOI:10.34117/bjdv6n8-199

Recebimento dos originais:08/07/2020 Aceitação para publicação:14/08/2020

Tarcisio Dorn de Oliveira

Pós-Doutorando em Arquitetura e Urbanismo – IMED Doutor em Educação nas Ciências – UNIJUÍ

Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ Rua Lulu Ilgenfritz, nº 480, Bairro São Geraldo – Ijuí/RS – Brasil

E-mail: tarcisio_dorn@hotmail.com

Andréa Quadrado Mussi

Pós-Doutora em Avaliação da Aprendizagem e Tecnologia Educacional – Laspau/Harvard Doutora em Doutora em Arquitetura – UFRGS

Faculdade Meridional – IMED

Rua Gen. Prestes Guimarães, nº 304, Vila Rodrigues – Passo Fundo/RS – Brasil E-mail: andrea.mussi@imed.edu.br

RESUMO

As concepções atuais de ensino e aprendizagem devem extrapolar o espaço físico das salas de aulas, pois elas, encaram o estudante com maior protagonismo no processo, ou seja, a centralidade está no estudante. O artigo possui o intuito de aproximar discussões entre a arquitetura e o processo de ensino e de aprendizagem em Cursos de Arquitetura e Urbanismo, afim de, evidenciar o itinerário arquitetônico como uma possibilidade de ferramenta inovadora e de preservação ambiental. A pesquisa estrutura-se por um campo conceitual obtido mediante uma pesquisa documental e bibliográfica. Observa-se que com o uso das novas tecnologias o estudante de Arquitetura e Urbanismo envolve-se de forma ativa e atuante em seu processo de aprendizagem e o professor assume um papel de orientador e de mediador da discussão sobre a solução dos problemas expostos – o estudante de Arquitetura e Urbanismo deve ser estimulado a construir o conhecimento ao invés de recebê-lo de forma passiva.

Palavras-chave: Arquitetura, Patrimônio, Itinerário, Ensino, Aprendizagem. ABSTRACT

The current conceptions of teaching and learning must go beyond the physical space of the classrooms, as they face the student with greater protagonism in the process, that is, the centrality is in the student. The article aims to bring discussions between architecture and the teaching and learning process in Architecture and Urbanism Courses, in order to highlight the architectural itinerary as a possibility of an innovative tool and environmental preservation. The research is structured by a conceptual field obtained through a documentary and bibliographic. It is observed

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that with the use of new technologies, the student of Architecture and Urbanism becomes actively and actively involved in his learning process and the teacher assumes a role of advisor and mediator in the discussion on the solution of the exposed problems - the Architecture and Urbanism students should be encouraged to build knowledge instead of passively receiving it.

Keywords: Architecture, Patrimony, Itinerary, Teaching, Learning.

1 INTRODUÇÃO

A arquitetura, vista como um grande acervo material, é o registro dos acontecimentos da história de um lugar. Assim, a preservação do patrimônio arquitetônico reflete na manutenção do caráter identitário do cenário construído, permitindo a conservação ou formação de lugares. Nesse sentido, Schneider (2005) salienta que a tendência de valorização e salvaguarda das edificações patrimoniais propõe uma visão extremamente complexa sobre a arquitetura e o urbano. Agrega-se a ideia de patrimônio à noção de ambiente, que parte da relação entre natureza e cultura, em que a produção deste ambiente artificial é um espaço imerso na cultura do homem.

A educação passa por inúmeras transformações e, tais transformações, também devem ser observadas no âmbito dos modelos curriculares dos Cursos de Arquitetura e Urbanismo, focando na efetiva aprendizagem dos estudantes, individual ou em grupo, através de mudanças suaves ou de mudanças profundas. Para introduzir as reflexões desejadas é oportuno lembrar um provérbio chinês dito pelo filósofo Confúcio que tem relação direta com a aprendizagem e o ensino: o que eu ouço – eu esqueço; o que eu vejo – eu lembro; o que eu faço – eu compreendo.

Fica evidente que hoje existe um momento diferenciado no ponto de vista do ensinar e do aprender que, para Beier et. al (2017), tais formas ampliaram-se de várias formas (redes, sozinhos, intercâmbios), na medida em que, a liberdade de tempo e de espaço nos processos de ensino e de aprendizagem configuram-se em um novo cenário educacional.

A preservação da arquitetura e sua interlocução com a educação no ensino superior torna-se fundamental no que diz respeito ao desenvolvimento cultural de um povo, uma vez que reflete em sua formação sociocultural. Rocha (2012) observa que tal herança cultural adquirida pode fornecer informações significativas acerca da história de uma cidade e do passado de uma sociedade. Esse papel acaba por contribuir na formação da identidade e também na formação de grupos, nas categorias sociais e no resgate à memória, desencadeando, assim, uma ligação entre o cidadão e suas raízes.

Não há como pensar a educação, nos Cursos de Arquitetura e Urbanismo, sem vinculá-la a ideia de personalização, troca, coletividade e criação. As metodologias ativas possibilitam configurar espaços de aprendizagem, nos quais o conhecimento é construído coletivamente através

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da interatividade. Assim, a interação e a integração surgem como papeis centrais na educação, haja vista, que cada vez mais, torna-se fundamental trazer o mundo real e vivido para dentro da sala de aula.

A aprendizagem ativa é uma estratégia de ensino muito eficaz, independentemente do assunto, quando comparada com os métodos de ensino tradicionais. Silberman (1996) entende que os princípios das metodologias ativas propiciam aos estudantes o desenvolvimento das atividades de escutar, enxergar, indagar, debater, criar e ensinar. Logo, a associação da aprendizagem por problemas, provocações, instigações, incitações é fundamental para que os estudantes de Arquitetura e Urbanismo aprendam compondo, criando, concebendo, gerando, constituindo, produzindo, aprendendo, realizando, exercendo, executando, praticando, aprendam unidos, ligados, reunidos, agrupados –todos juntos e no coletivo.

A arquitetura e a educação devem ser pensadas como suporte do imaginário e da memória social de uma cidade. Menezes (1984) lembra que, se não houver memória, a mudança será sempre fator de alienação e desagregação, pois inexistiria uma plataforma de referência e cada ato seria uma reação mecânica, uma resposta nova e solitária a cada momento, um mergulho do passado esvaziado para o vazio do futuro. Segundo o autor, é a memória que funciona como instrumento de identidade, de conservação e de desenvolvimento, e que torna legível os acontecimentos.

O presente artigo1 possui o intuito de aproximar discussões entre a arquitetura e o processo de ensino e de aprendizagem em Cursos de Arquitetura e Urbanismo, afim de, evidenciar o itinerário arquitetônico como uma possibilidade de ferramenta inovadora no processo educacional instigando, também, nas estudantes questões de preservação do patrimônio arquitetônico.

2 METODOLOGIA

Na elaboração deste ensaio teórico observou-se o estudo exploratório, em que tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito. Assim, foi realizado um levantamento bibliográfico desenvolvido com base em material já elaborado, constituído de livros e artigos científicos, que a partir dos dados obtidos, realizou-se a análise e interpretação das informações, mesclando-as de maneira a conseguir uma maior compreensão sobre o tema abordado.

1 A reflexão integra os estudos de Pós-doutoramento em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade Meridional (IMED),

no contexto do Projeto – Arquitetura e Cidade: o itinerário arquitetônico como possibilidade de preservação e metodologia ativa para o ensino e aprendizagem nos Cursos de Arquitetura e Urbanismo.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 A IMPORTÂNCIA DE METODOLOGIAS ATIVAS NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NOS CURSOS DE ARQUITETURA E URBANISMO

Percebe-se que a aula tradicional (somente a em sala de aula) será cada vez mais dispensada, haja visto, que a disponibilidade do conhecimento está e deve estar ao alcance de todos em todos os momentos. Logo um dos maiores desafios dos docentes dos Cursos de Arquitetura e Urbanismo está em abarcar ações pedagógicas inovadoras assumindo um novo papel diante do processo de ensinar e aprender, reconhecendo as demandas e os requerimentos que determinam o modo de ser e agir dos estudantes. Freire (2003) constata que não é possível fazer reflexões acerca da educação sem refletir sobre o próprio homem, que busca inovações, que se reconhece como um ser inacabado e por isso se educa na busca constante de ser mais e melhor adaptando-se ao meio – isto é a raiz da educação. Observa-se que nos últimos tempos o perfil do estudante mudou severamente e a universidade também mudou propiciando ao estudante uma desenvoltura e segurança em um mundo cada vez mais dinâmico, complexo e repleto de novidades. Como destaca Delors (1999) a educação deve organizar-se à volta de quatro aprendizagens fundamentais que, ao longo de toda a vida, serão de algum modo, para cada indivíduo, os quatro pilares do conhecimento: aprender a conhecer, isto é, adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a conviver, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas e, finalmente, aprender a ser, via essencial que integra os três precedentes.

A educação contemporânea, baseada na personalização nos processos de ensino e aprendizagem, deve implicar aos estudantes um sentimento de proatividade capaz de autogerenciar e/ou autogovernar seu processo na formação de arquiteto e urbanista. Para Ribeiro (2005) os estudantes que vivenciam esse método adquirem mais confiança em suas decisões e na aplicação do conhecimento em situações práticas; melhoram o relacionamento com os colegas, aprendem a se expressar melhor oralmente e por escrito, adquirem gosto para resolver problemas e vivenciam situações que requerem tomar decisões por conta própria, reforçando a autonomia no pensar e no atuar. Assim:

Percebe-se que o uso das metodologias ativas estimula o processo de ensino e aprendizagem crítico-reflexivos, no qual o discente participa e se compromete com o seu aprendizado, desta forma, [...] propõem a elaboração de situações de ensino que promovem uma aproximação crítica do aluno com a realidade, reflexão e gerando curiosidade e conhecimento (ZALUSKI; OLIVEIRA, 2019, p. 238).

As metodologias ativas personalizam os processos de ensino e aprendizagem pois instigam nos estudantes de Arquitetura e Urbanismo processos avançados de reflexão, integração e

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(re)elaboração de novas práticas. Para Beier, et. al (2017) as metodologias ativas vêm como uma concepção educacional que coloca os estudantes como principais agentes de seu aprendizado; através dela, percebe-se o estímulo à crítica e à reflexão, incentivadas pelo professor que conduz a aula. Então, o próprio estudante é o centro desse processo, pois através da aplicação de uma metodologia ativa é possível trabalhar o aprendizado de uma maneira mais participativa, uma vez que a colaboração dos estudantes como sujeitos ativos trazem fluidez e essência de tal possibilidade educativa em sala de aula.

As mudanças no perfil dos estudantes e a busca por novas possibilidades de ensino e aprendizagem direcionam à novos métodos de instrução pois, como considera Morin (2001), o homem como um ser político que está sempre em processo adaptativo, faz das mudanças parte de seu cotidiano, no qual o conhecimento é uma destas mudanças, considerando-se que a busca pelo conhecimento é uma aventura incerta que representa riscos de ilusão e de erro. Então, o professor de Arquitetura e Urbanismo deve, em princípio, está (ou deveria estar) em uma posição personalizada e ativa ao ensinar, selecionando informação, explicando de forma diferenciada e, acima de tudo, fazendo relações, comparações e analogias com o entorno do seu estudante, ou seja, com o mundo real e vivido.

Morán (2015) destaca que as metodologias na educação precisam acompanhar os objetivos pretendidos. Para que os alunos sejam proativos, é necessário adotar metodologias em que os alunos se envolvam em atividades cada vez mais complexas, em que tenham que tomar decisões e avaliar os resultados, com apoio de materiais relevantes. Ainda o autor enfatiza que os desafios e atividades podem ser dosados, planejados e acompanhados e avaliados com apoio das tecnologias. Logo, desafios bem delineados colaboram para mobilizar as competências desejadas, intelectuais, emocionais, pessoais e comunicacionais. Demandam pesquisar, avaliar situações, pontos de vista diferentes, fazer escolhas, assumir alguns riscos, aprender pela descoberta, caminhar do primário para o complicado.

O ato de aprender deve ser, portanto, como observa Demo (2000), um processo reconstrutivo, que permita o estabelecimento de diferentes tipos de relações entre fatos e objetos, desencadeando ressignificações/reconstruções e contribuindo para a sua utilização em diferentes situações. Mitre et. al (2008) reforçam que ações direcionadas para que o discente aprofunde e amplie os significados elaborados mediante sua participação, enquanto requer do docente o exercício permanente do trabalho reflexivo, da disponibilidade para o acompanhamento, da pesquisa e do cuidado, que pressupõe a emergência de situações imprevistas e desconhecidas. Nesse viés:

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Variadas perspectivas devem guiar o futuro da educação e dos métodos de ensino ao longo do século XXI. Certamente mudanças profundas serão necessárias na organização e funções dos ambientes de ensino, pois diversas reflexões emergirão na relação: alunos, professores e sociedade. Os fundamentos da educação deverão calcar-se nas práticas de solução de problemas, estímulo à imaginação, inovação e capacitação do aluno para aprendizagem ao longo da vida (ZALUSKI; OLIVEIRA, 2019, p. 346).

A personalização da educação por meio das metodologias ativas nos Cursos de Arquitetura e Urbanismo torna-se uma grande tendência por respeitar e compreender as necessidades dos estudantes e instigar formatos personalizados de ensino e aprendizagem, por meio de atividades misturadas e híbridas, combinando vários espaços, tempos e lugares. Bonwell e Eison (1991) e Silberman (1996) salientam que para o aluno se envolver ativamente no processo de aprendizagem, deve ler, escrever, perguntar, discutir ou estar ocupado em resolver problemas e desenvolver projetos. O aluno deve realizar tarefas mentais de alto nível, como análise, síntese e avaliação.

Um dos grandes desafios da educação superior contemporânea é atender aos anseios dos estudantes que ainda chegam aos Cursos de Arquitetura e Urbanismo com um modo transmissivo de conhecimento, totalmente tradicional e centrado na figura do professor. A diferença principal de um ambiente de aprendizagem ativa está centrado na premissa de uma atitude ativa da inteligência, através da coletividade e da interatividade, em contraposição à atitude passiva geralmente associada aos métodos tradicionais de ensino. Nesse sentido, as estratégias que promovem aprendizagem ativa podem ser definidas como atividades que ocupam o estudante em fazer alguma coisa e, ao mesmo tempo, o leva a pensar sobre as coisas que está fazendo.

3.2 O PORQUÊ PRESERVAR A ARQUITETURA: O ITINERÁRIO ARQUITETÔNICO COMO UMA METODOLOGIA EFICAZ

A perda com as demolições relaciona-se principalmente com a perda da memória da evolução urbana e com o empobrecimento do cenário que poderia ser mais diverso e rico. Nesse sentido, Callai (2005) destaca que a cultura de cada povo, de cada sociedade, apresenta suas marcas e tem ligações com a possibilidade de os sujeitos concretos dessas sociedades possuírem uma identidade em relação ao pertencimento ao lugar; uma identidade que se dá entre os próprios homens e com o lugar – o território em que estão.

O espaço urbano contemporâneo, destituído de várias edificações e conjuntos arquitetônicos, transforma-se em um espaço heterogêneo que, muitas vezes, não valoriza os edifícios históricos remanescentes. Callai (2005) reconhece, ainda, que a identidade e o pertencimento são fundamentais para qualquer um entender-se como sujeito que pode ter, em suas mãos, a definição dos caminhos

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da sua vida, percebendo os limites que lhe são postos pelo mundo e as possibilidades de produzir as condições para sua vida.

Estes fatores corroboram para o futuro desaparecimento da arquitetura patrimonial e indicam a necessidade imediata da preservação do que há, de ações de educação patrimonial e da conscientização da população quanto ao significado e importância dos prédios existentes como fator de identidade e pertencimento do cidadão com o seu local de origem. Assim, Callai (2005) adverte que se torna interessante investigar qual é a identidade desses lugares a partir dos interesses das pessoas que ali vivem e reconhecer os valores, as crenças, as tradições e investigar os significados que têm para esses sujeitos.

A arquitetura tem sua relevância no que diz respeito ao vínculo direto com o passado, visto serem materialidades produzidas pela humanidade que ainda são perceptíveis e palpáveis em um singelo passeio pelas ruas da cidade. Conhecer a evolução urbana por meio do processo constitutivo é saber que cada sujeito faz parte deste processo como ser ativo, sendo este conhecimento a premissa básica para a criação de uma identidade e pertencimento local.

A consciência em preservar a cidade e a arquitetura patrimonial, ainda presente nos espaços urbanizados, contribui para que todos possam usufruir desta herança e, por meio destes testemunhos do passado, possam compreender o processo de desenvolvimento da identidade desse espaço e da própria produção de suas vidas. Nessa perspectiva, Schneider (2005), tomando como premissa a importância do patrimônio arquitetônico como parte integrante da ação cristalizada em determinado tempo e espaço, observa que a evidência material e o espaço construído pelo homem dá suporte a todas as suas atividades e a sua existência.

A Carta de Itinerários Culturais possibilita um avanço e abre novas perspectivas no campo da preservação, tendo em vista que pode se inserir em um contexto natural e/ou cultural. Permite, assim, uma leitura dinâmica do processo interativo que ocorre entre o homem e o meio ambiente, revelando, especialmente, quais valores são atribuídos aos bens patrimoniais existentes ao longo de um determinado caminho (ICOMOS, 2008).

O itinerário arquitetônico deve ser considerado um mecanismo de preservação capaz de articular o desenvolvimento social, ambiental e econômico das cidades, por aproximar os três campos ligados à ideia da sustentabilidade: do conhecimento, da força de lei e dos agentes, e, assim, reforça o envolvimento das comunidades. Cardoso e Castriota (2012) entendem o itinerário como um instrumento com potencial de valorização da diversidade cultural e dos direitos humanos, que pode ser utilizado como um veículo de promoção e acesso à cultura. A seguir encontra-se o Itinerário Arquitetônico Urbano de Ijuí/RS desenvolvido por Oliveira (2019).

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Croqui de localização – Itinerário Arquitetônico Urbano de Ijuí/RS

Fonte: Oliveira (2019).

P-01: Igreja Matriz Nossa Senhora da Natividade P-02: Igreja Evangélica de Confissão Luterana de Ijuí P-03: Prédio do Extinto Tiro de Guerra nº 337

P-04: Escola Estadual de Ensino Fundamental Rui Barbosa P-05: Clube Ijuí

P-06: Prefeitura de Ijuí

P-07: Prédio da Extinta Comissão de Terras e Colonização

A proposta do Itinerário Arquitetônico Urbano de Ijuí/RS vem no sentido de reforçar que os itinerários não são simples vias históricas de comunicação que possuem elementos patrimoninais, mas, sim, um espaço composto por um conjunto de bens arquitetônicos de um determinado tempo que, por intermédio de uma associação de elementos com características comuns, servem como ligação entre si e com os sujeitos que se identificam e sentem-se pertencentes à cidade de Ijuí/RS. Diante do exposto, faz-se necessário conhecer o local de estudo no que respeita aos aspectos quanto a sua formação e organização socioterritorial. Para um melhor entendimento dos prédios que compõem o Itinerário Arquitetônico Urbano de Ijuí/RS segue fichamento individualizado, evidenciando as particularidades e especificidades das sete edificações.

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Fichamento das edificações – Itinerário Arquitetônico Urbano de Ijuí/RS Prédio 01

Denominação Original

Igreja Matriz Nossa Senhora da Natividade Endereço/Localização

Rua Ernesto Alves, 260 – Centro Período de Construção

Década de 1920 Uso Original/Uso Atual Institucional religioso Propriedade

Privada

Área Total do Lote 1.899,00 m²

Área Total da Edificação 496,90 m²

Proteção Existente Não

Prédio 02

Denominação Original

IECLB - Igreja Evangélica de Confissão Luterana de Ijuí Endereço/Localização

Rua Floriano Peixoto, 214 – Centro Período de Construção

Décadas de 1900 e 1910 Uso Original/Uso Atual Institucional religioso Propriedade

Privada

Área Total do Lote 1.406,96 m²

Área Total da Edificação 266,48 m²

Proteção Existente Não

Prédio 03

Denominação Original

Prédio do Extinto Tiro de Guerra nº 337 Endereço/Localização

Rua Álvaro Chaves, 254 – Centro Período de Construção

Década de 1910 Uso Original/Uso Atual

Institucional militar – Institucional administrativo Propriedade

Pública

Área Total do Lote 1.010,00 m²

Área Total da Edificação 409,58 m²

Proteção Existente

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Prédio 04

Denominação Original

Escola Estadual de Ensino Fundamental Rui Barbosa Endereço/Localização

Rua Benjamin Constant, 650 – Centro Período de Construção

Décadas de 1920 e 1930 Uso Original/Uso Atual Institucional educativo Propriedade

Pública

Área Total do Lote 10.000,00 m²

Área Total da Edificação 2.230,30 m² Proteção Existente Não Prédio 05 Denominação Original Clube Ijuí Endereço/Localização

Rua Benjamin Constant 463 – Centro Período de Construção

Década de 1920 Uso Original/Uso Atual Institucional social Propriedade Privada

Área Total do Lote 1.042,00 m²

Área Total da Edificação 784,00 m² Proteção Existente Não Prédio 06 Denominação Original Prefeitura de Ijuí Endereço/Localização

Rua Benjamin Constant, 429 – Centro Período de Construção

Décadas de 1920 e 1930 Uso Original/Uso Atual Institucional administrativo Propriedade

Pública

Área Total do Lote

1.875,00 m² (Lote em conjunto com o Prédio da Extinta Comissão de Terras e Colonização)

Área Total da Edificação 755,00 m²

Proteção Existente Não

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Prédio 07

Denominação Original

Prédio da Extinta Comissão de Terras e Colonização Endereço/Localização

Rua Benjamin Constant, 429 – Centro Período de Construção

Década de 1900 Uso Original/Uso Atual Institucional administrativo Propriedade

Pública

Área Total do Lote

1.875,00 m² (Lote em conjunto com a Prefeitura de Ijuí) Área Total da Edificação

519,80 m²

Proteção Existente Não

Fonte: Oliveira (2019).

Salvaguardar a cidade do passado importa, sobretudo, fixar imagens e discursos que possam conferir uma certa identidade urbana e um conjunto de sentidos e de formas de reconhecimento que a individualizem na História. Nesse viés, Figueiredo (2013) chama a atenção para um fator condicionante em relação à identificação de uma determinada porção do espaço enquanto lugar que diz respeito ao processo de identificação e de reconhecimento que a população possui quanto aos espaços de sociabilidade e vivência cultural. Este sentimento de pertença identifica o apreço ou apego ao lugar, que se internaliza nos indivíduos à medida que, ao se apropriarem do espaço, inserindo-o em seu cotidiano, reconhecem nele a própria extensão de sua vida.

A educação está intrínseca à arquitetura patrimonial, e esta possui uma expressão espaço-temporal cultural constituída em sua própria história e identidade. Figueiredo (2013) salienta que o desenvolvimento humano não é compreensível sem o reconhecimento do verdadeiro papel da criação cultural, em estreita ligação com a educação, a formação, a investigação e a ciência. A cultura humana é que define e distingue o desenvolvimento, o atraso, a qualidade e a exigência, ou seja, a capacidade de aprender. O autor complementa, ainda, que é a partir deste entendimento que a dimensão geográfica da cultura deve abranger a compreensão do passado, presente e futuro, de modo que a memória seja revivida e respeitada, assumindo a relação que se estabelece entre as pessoas, a sociedade e a herança que recebem e que projetam no futuro.

Para Pelegrini (2006), a identidade constrói-se com a memória individual e coletiva, quando, a partir do momento em que a sociedade se dispõe a preservar e divulgar os seus bens culturais, dá-se início ao processo denominado construção do ethos cultural e de sua cidadania. Ainda, Alberti (2004) destaca que o passado somente permanece vivo por intermédio de trabalhos de síntese da

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memória, que nos dão a oportunidade de revivê-lo a partir do momento em que o indivíduo passa a compartilhar suas experiências, tornando, com isso, a memória viva.

Ter consciência da história não é se informar das coisas outrora acontecidas, mas perceber o universo social como algo submetido a um processo ininterrupto e direcionado de formação e reorganização. Preservar a arquitetura patrimonial não é somente guardar recordações dos velhos tempos; é possibilitar que outras gerações possam estudá-la, observá-la e tirar suas conclusões sobre a evolução que ali ocorreu, além de se encantarem com suas formas e, principalmente, ter uma prova concreta de que aquilo que foi dito/falado realmente existiu.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A arquitetura e a cidade mostram-se como expressão humana privilegiada para os processos de ensino e aprendizagem, pois valem-se do patrimônio e do espaço como ponto de partida para a atividade pedagógica, observando, questionando e explorando todos os seus aspectos, que podem ser traduzidos em conceitos e conhecimentos. A importância de entrelaçar situações de ensino e aprendizagem através de tecnologias ativas é de suma importância, haja vista que a noção de preservação do patrimônio surge junto a movimentos sociais que buscam a autonomia e a valorização da cultura e do patrimônio local, regional e nacional. A conservação dos bens históricos e culturais resgata parte do que é o passado de uma sociedade, permitindo assim possibilidades de se compreender o presente, e de ações no futuro.

Não dá mais para evitar as novas formas e possibilidades de ensino em sala de aula. As novas tendências na educação do século XXI exigem a inovação pedagógica em vários aspectos, haja vista, que a aprendizagem ativa ocorre quando o estudante de Arquitetura e Urbanismo relaciona-se intimamente com o assunto em estudo – entendendo-o, compreendendo-o, indagando-o, debatendo-o, argumentando-debatendo-o, enfim, ensinando-o. Através de novas práticas pedagógicas os ateliers de Arquitetura e Urbanismo largam-se e fundem-se com muitos outros ambientes, tornando possível que o mundo esteja presente em sala de aula e que, qualquer lugar seja um lugar de ensinar e de aprender e que, em qualquer tempo seja tempo de aprender e ensinar.

Não há como imaginar a educação nos Cursos de Arquitetura e Urbanismo sem inovação no fazer docente, sem vinculá-la a ideia de troca, de participação e de criação. As metodologias ativas proporcionam formar espaços de aprendizagem, nos quais, o conhecimento é construído coletivamente através da personalização dos processos de ensino e aprendizagem. É fundamental ultrapassar a educação tradicional e focar na aprendizagem em profundidade dos estudantes – cercando-os, induzindo-os e dialogando com eles, pois é primordial que os estudantes de Arquitetura

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e Urbanismo sejam criativos. Mas, para isso, eles devem experimentar e experenciar inúmeras e infinitas novas possibilidades em sua formação.

REFERÊNCIAS

BEIER, A. A. V. et al. Metodologias ativas: um desafio para as áreas de ciências aplicadas e engenharias. In: Seminário Internacional de Educação, II., 2017, Cruz Alta / RS. Anais Seminário

Internacional de Educação... Cruz Alta / RS: UERGS, 2017. p. 349-350.

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Referências

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