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FACE-FUMEC FACULDADE DE CIÊNCIAS EMPRESARIAIS MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

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Academic year: 2019

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FACE-FUMEC

FACULDADE DE CIÊNCIAS EMPRESARIAIS

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

Área de concentração

GESTÃO ESTRATÉGICA DE ORGANIZAÇÕES

Linha de pesquisa

ESTRATÉGIA EM ORGANIZAÇÕES E COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL

FATORES DE PRESSÃO NO TRABALHO, ESTRESSE E ESTILO DE

VIDA: um estudo com educadores físicos do estado de Minas Gerais.

GUSTAVO DE PAIVA FRAGA DAMASCENO

BELO HORIZONTE

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GUSTAVO DE PAIVA FRAGA DAMASCENO

FATORES DE PRESSÃO NO TRABALHO, ESTRESSE E ESTILO DE

VIDA: um estudo com educadores físicos do estado de Minas Gerais.

BELO HORIZONTE

2014

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Administração da FACE-FUMEC, como requisito para obtenção do Título de Mestre em Administração.

Área de Concentração: Gestão estratégica de organizações.

Linha de pesquisa: Estratégia em Organizações e Comportamento Organizacional.

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer inicialmente aos meus pais sempre presentes e incentivadores dos meus projetos de vida: sem eles eu nem mesmo existiria.

À professora Dra. Zélia Miranda Kilimnik pela sua enorme paciência e colaboração para que esse projeto se concretizasse. Não havia dúvida em convidá-la para conduzir a orientação, pois estava certo de que ela desenvolveria com brilho e excelência tal papel.

Aos meus colegas, amigos e participantes do estudo por estarem sempre ao meu lado, mesmo não sendo meus conhecidos. Profissionais que se disponibilizaram a responder meus questionários, elemento essencial para esse resultado.

Ao meu amigo e colega Professor Mestre Alexander Oelse por todo o apoio.

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RESUMO

O trabalho exerce um papel muito importante na vida dos indivíduos que, somado ao estilo de vida dos mesmos podem ser uma possível fonte de estresse, e talvez por isso, um tema muito pesquisado nas últimas décadas. Segundo Nahas (2013), o processo de promoção da saúde envolve, necessariamente, políticas públicas que apoiem seus pressupostos. A partir daí, contribuem a educação, a criação de oportunidades, além de redução de barreiras na vida das pessoas e comunidade. Em particular, os benefícios potenciais da atividade física estão razoavelmente estabelecidos e são do conhecimento da maioria das pessoas. Uma das responsabilidades dos profissionais da saúde, principalmente os educadores físicos, deveria consistir não só informar as pessoas sobre atividade física, saúde, alimentação e hábitos saudáveis, mas sim praticá-los no seu dia-a-dia profissional e pessoal. O presente trabalho teve como objetivo avaliar os fatores de pressão e o estresse no trabalho, assim como estilo de vida de educadores físicos do estado de Minas Gerais com base no modelo adaptado de Cooper, Sloan e Williams (1988) e a base conceitual de estilo de vida de indivíduos e grupos de Nahas, Barros e Francalacci (2000). Foi realizada uma pesquisa quantitativa com 117 profissionais atuantes nesta

área e os questionários foram aplicados por meio de survey eletrônico. Em relação ao objetivo

geral da pesquisa, constatou-se que levar trabalho para a casa, longas jornadas de trabalho, discriminação e favoritismo, assim como ser subvalorizado são fatores de pressão no trabalho. O mesmo ocorrendo com os seguintes fatores: demanda que o trabalho faz da vida particular, carga de trabalho, inter-relacionamentos e responsabilidade social. Observou-se, também, que a maioria dos entrevistados apresenta um alto e muito alto nível de pressão no trabalho e de estresse ocupacional. Os profissionais pesquisados obtiveram índices positivos para hábitos nutricionais, atividade física, comportamento preventivo e comportamento social. Em relação, contudo, aos componentes que medem a contribuição feita para a qualidade de vida dos indivíduos no controle do estresse, observa-se mais da metade com índice negativo. No geral, porém, o índice de estilo de vida permaneceu positivo, indicando que o estilo de vida desses profissionais pode estar atuando como um fator moderador em relação às possíveis consequências do elevado nível de estresse e dos altos níveis de pressão detectados na pesquisa, o que deve, contudo, ser objeto de estudos mais aprofundados.

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ABSTRACT

Work plays a very important role in the lives of individuals, plus the lifestyle of the same may be a possible source of stress, and so maybe, a topic studied in the last decades. According Nahas (2013), the process of health promotion involves, necessarily, public policies that support their assumptions. From there, contribute to education, creating opportunities, and reducing barriers in people's lives and community. In particular, the potential benefits of physical activity are fairly established and are known to the most people. One of the responsibilities of health professionals, especially the physical education teachers, should consist not only inform people about physical activity, health, nutrition and healthy habits, but practice them in their day-to-day professional and personal. This study aimed to evaluate the factors of pressure and stress at work, as well as lifestyle of physical educators in the state of Minas Gerais based on the adapted model of Cooper, Sloan and Williams (1988) and the conceptual basis of style of life of individuals and groups of Nahas, Barros and Francalacci (2000). A quantitative survey was conducted with 117 professionals working in this area and interviews were conducted through electronic survey. In relation to the general objective of the research, it was found that taking work home, long working hours, discrimination and favoritism, as well as being undervalued are push factors at work. The same occurred with the following factors: demand that the work is of particular life, workload, inter-relationships and social responsibility. It was observed also that the majority of respondents has a high and very high level of pressure at work and occupational stress. The professionals surveyed had positive results for dietary habits, physical activity, preventive behavior and social behavior. With respect, however, the components which measure the contribution made to the quality of life of individuals in the control of stress is observed in more than half negative index. Overall, though, the lifestyle index remained positive, indicating that the lifestyle of these professionals may be acting as a moderating factor in relation to the possible consequences of the high level of stress and high pressure levels detected in the research, it must

however, be subject to further study.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Carga de trabalho... 72

Tabela 2 - Inter-relacionamentos... 73

Tabela 3 - Equilíbrio entre a vida pessoal... 73

Tabela 4 - Papel gerencial... 74

Tabela 5 - Reponsabilidade social... 74

Tabela 6 - Manter-se atualizado... 75

Tabela 7 - Falta de possibilidade de crescimento... 76

Tabela 8 - Ambiente e clima organizacional... 76

Tabela 9 - Pressão no trabalho... 76

Tabela 10 - A forma como você se comporta e como vê e interpreta os eventos à sua volta 78 Tabela 11 - Nível de paciência... 79

Tabela 12 - Nível de competitividade... 80

Tabela 13 - Nível sobre influência sobre eventos... 80

Tabela 14 - Nível de propensão ao estresse... 81

Tabela 15 – Bem-estar – Estilo de vida... 83

Tabela 16 - Componente nutrição... 85

Tabela 17 - Ambiente e clima organizacional... 86

Tabela 18 - Componente atividade física... 86

Tabela 19 - Componente preventivo ... 86

Tabela 20 - Relacionamento social... geral... 87 Tabela 21 - Componente geral... 85

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Tabela 24 - Escores nível de pressão no trabalho X competitividade... 90

Tabela 25 - Qui quadrado para a variável competitividade... 90

Tabela 26 - Escores propensão de estresse X nível de pressão no trabalho... 91

Tabela 27 - Cruzamento entre gênero e o fator pressão inter-relacionamento... 91

Tabela 28 - Cruzamento entre faixa etária e o fator propensão ao estresse... 92

Tabela 29 - Cruzamento entre estado civil e relacionamento social... 92

Tabela 30 - Cruzamento entre número de filhos e o nível de influência sobre os eventos.... 93

Tabela 31 - Cruzamento entre escolaridade e carga de trabalho... 93

Tabela 32 - Cruzamento entre tempo de trabalho desde que se graduou e o estilo de vida relacionado ao bem-estar individual... 94 Tabela 33 - Cruzamento entre vínculo profissional e nível de paciência/impaciência... 94 Tabela 34 - Cruzamento entre cargos e função e nível de competitividade... 95

Tabela 35 - Cruzamento entre região de moradia e relacionamento social... 96

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Modelo de Occupacional Stress Indicator...43

Figura 2 - Dimensões de Conteúdo de Trabalho e Potenciais Fatores de Pressão...45

Figura 3 - Qualidade de Vida do Trabalhador...48

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Gênero...62

Gráfico 2 - Faixa etária...63

Gráfico 3 - Estado civil...63

Gráfico 4 - Estado civil/número de filhos...64

Gráfico 5 - Número médio semanal de horas trabalhadas...65

Gráfico 6 - Costumam trabalhar sábados, domingos e feriados...65

Gráfico 7 - Frequência com que trabalha aos sábados, domingos e feriados...66

Gráfico 8 - Histograma para o número de empregos...66

Gráfico 9 - Escolaridade...67

Gráfico 10 - Vínculo profissional...68

Gráfico 11 - Cargo/Função exercida...68

Gráfico 12 - Mora e trabalha no mesmo município...69

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

QVT Qualidade de Vida no Trabalho

QV Qualidade de Vida

CID Classificação Internacional de Doenças

SBAFS Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 26

1.1 Formulação do problema... 31

1.2 Objetivos... 31

1.2.1 Objetivo Geral... 31

1.2.2 Objetivo Específico... 32

1.3 Justificativa... 32

2 REFERENCIAL TEÓRICO 36 2.1 Conceito de estresse... 36

2.2 Estresse e doenças... 38

2.3 As fases do estresse... 41

2.4 Estresse ocupacional e OSI... 41

2.4.1 Fatores de pressão e estresse no trabalho... 44

2.5 Qualidade de vida e qualidade de vida no trabalho... 46

2.6 Estilo de vida... 50

2.6.1 O pentáculo do bem-estar... 51

2.6.1.1 Fator 1 - Características nutricionais (fator nutrição)... 52

2.6.1.2 Fator 2 - Controle do estresse... 52

2.6.1.3 Fator 3 - Níveis de atividade física habitual... 53

2.6.1.4 Fator 4 - Comportamento preventivo... 55

2.6.1.5 Relacionamentos... 55

3 METODOLOGIA DO ESTUDO 57 3.1 Tipo de pesquisa... 57

3.1.1 Quanto à abordagem... 57

3.1.2 Quanto aos fins... 57

3.1.3 Quanto aos meios... 58

3.2 Universo e amostra... 58

3.3 Profissionais a serem estudados... 59

3.4 Coleta e análise dos dados... 59

3.5 Análise dos dados... 61

4 RESULTADOS E ANÁLISES 62 4.1 Perfil dos pesquisados... 62

4.2 Fontes de pressão no trabalho... 71

4.3 Estresse no trabalho... 75

4.3.1Propensão ao estresse... 79

4.4 Estilo de vida... 81

4.4.1Componentes do estilo de vida... 84

4.5 Relação entre o estilo de vida, fatores de pressão no trabalho e estresse no trabalho estresse... 88

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4.5.2 Dimensões de estilo de vida x propensão ao estresse (Estresse no trabalho)... 89 4.5.3 Nível de pressão no trabalho x competitividade... 89 4.5.4 Cruzamentos mais relevantes quanto à variável demográfica e funcionais... 91 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 Limitações da pesquisa... 99

100 REFERÊNCIAS... 102

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1 INTRODUÇÃO

Vivemos agora a “era da qualidade”, do cliente sendo o foco das atenções, do marketing agressivo diante de consumidores cada dia mais exigentes. A estrutura organizacional valoriza a competência voltada aos resultados e, no centro desse desafio, a qualidade de vida no trabalho (QVT) desponta como um grande fator motivacional do desempenho humano no trabalho (WACHOWICZ, 2012).

Esta estrutura organizacional sugere transformações. Essas transformações observadas nas últimas décadas provocaram mudanças sociais e na saúde, individual e coletiva, jamais imaginadas. Nesse contexto, a promoção de estilo de vida saudável tem sido cada vez mais valorizada e colocada como uma das prioridades da Organização Mundial da Saúde (NAHAS, 2013).

Essas questões relativas ao estilo de vida ganharam destaque tanto na área da saúde e lazer como na sustentabilidade do planeta. As razões quantitativas para isso foram o crescimento populacional, o aumento da expectativa de vida e aumento da população nas áreas urbanizadas. Esses aspectos resultaram em um mundo mais superpovoado e com crescente número de idosos. Ainda mais significativo, a extensão da expectativa profissional, a ponto de ultrapassar o tempo de vida da empresa, isto é, enquanto o trabalhador precisa de trinta e cinco anos para se aposentar, poucas empresas ultrapassam trinta anos de existência – num mundo extremamente competitivo, globalizado e em constante transformação. A rapidez e intensidade nas mudanças sociais e tecnológicas marcaram a segunda metade do século XX (NAHAS, 2013:183).

Ducker (2001) também destacou mudanças de ordem qualitativa no último século. As transformações são relativas à força de trabalho, passando de uma essência manual e não qualificada para atividades intelectuais, a começar por países desenvolvidos e estendendo-se aos emergentes de forma progressiva, tornando a proporção cada vez maior dos chamados

trabalhadores do conhecimento.

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Na busca da produtividade e qualidade do produto, para um mercado extremamente competitivo, os atributos exigidos do trabalhador do conhecimento moderno passam a ser formidáveis: saúde “perfeita”, competência, qualificação, polivalência, criatividade e disciplina, tornando a dedicação permanente ao trabalho um empecilho ao lazer e ao convívio com os filhos, familiares e amigos (BARRETO, 2001).

O desenvolvimento, citado por Ducker, também influenciou no avanço tecnológico, da automação, da microeletrônica e da robótica modificaram o processo e organização do trabalho nas últimas décadas. O mercado cada vez mais globalizado demandou novos postos de trabalho, desaparecendo com outros e propondo novas propostas de gestão visando produtividade e qualidade dos produtos. O ritmo de produção intensificou-se juntamente com a cobrança crescente por qualidade e aumentos das jornadas de trabalho aumentando assim o tempo semanal dedicado ao trabalho e redução do tempo livre (NAHAS, 2013).

O funcionário típico dos anos sessenta e setenta, comparecia ao trabalho de segunda a sexta-feira para cumprir uma jornada de trabalho de oito a nove horas por dia. O local de trabalho bem como os horários eram claramente especificados. O que não mais acontece nos dias atuais com grande parte da força de trabalho. Trabalhadores queixam de uma linha divisória entre períodos dedicados ao trabalho e à vida pessoal se tornou obscura, provocando conflitos pessoais e estresse (ROBBINS, 20051).

O trabalho tem um grande significado para o indivíduo e representa muito em sua vida. Para Assunção (2003), Vasconcelos, (2001), tanto academicamente quanto nas áreas estratégicas das empresas, os temas saúde, bem estar e qualidade de vida no contexto do trabalho vêm ganhando

cada vez mais espaço. Sem deixar de priorizar a produtividade, isso acontece por seu valor no contexto social geral, como também porque as pessoas, concomitantemente, começam a trabalhar cada vez mais cedo e se mantêm por mais tempo no mercado de trabalho. Esse fenômeno tem estimulado estudos de diferentes áreas como saúde, ecologia, ergonomia, psicologia, sociologia, economia, administração e engenharia.

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O trabalho também tem uma importância essencial na vida de um indivíduo por isso investe-se grande parte da existência na preparação (estudos, estágios) e na dedicação do mesmo. Subtraindo a fase preliminar de instrução e instrumentação, tem-se que, de forma geral, despendem-se ao menos 8 horas diárias, isto é, mais de 1/3 do dia, durante 30, 35 anos ou mais, sem computar-se o tempo utilizado com locomoção.

Fazendo uma breve retrospectiva, foi com a Revolução Industrial e a sistematização dos métodos de produção, nos séculos XVIII e XIX, que as condições de trabalho e sua influência sobre a produção e o moral dos trabalhadores passaram a ser estudadas de forma científica

(SANTA’ANA; KILIMNIK; MORAES, 2013).

Sob uma perspectiva eminentemente econômica, podem-se encontrar, já nos trabalhos de pensadores da chamada era da teoria do liberalismo econômico 2, as primeiras exposições de teorias acerca de questões concernentes à satisfação do trabalhador e sua produtividade. Adam Smith, por exemplo, em um dos trechos de Ariqueza das nações (1776) já destaca a influência da

remuneração sobre a satisfação dos trabalhadores e, consequentemente, sobre o aumento da produtividade. É com o advento da Administração Científica, no entanto, que o estudo do trabalho humano, de suas potencialidades e de seu relacionamento com o ambiente ganha uma nova dimensão. O trabalho é, então, detalhadamente estudado, buscando os melhores resultados dos esforços dos trabalhadores. Ao promover uma excessiva fragmentação do trabalho e transformar o ser humano numa mera peça de engrenagem do sistema de produção, os métodos tayloristas não tardam a provocar uma série de reações explícitas de descontentamento como o aumento dos níveis de absenteísmo, aumento das sabotagens, greves e conflitos dos mais diversos.

E diante deste fato, pesquisadores passaram a se dedicar ao maior entendimento de indivíduo-organização e foram em busca de alternativas para os métodos da Administração Científica (SANT’ANNA; KILIMNIK; MORAES, 2011:5).

Mais recentemente, as organizações têm revelado maior atenção quanto à significação e à repercussão do trabalho sobre o trabalhador, assim como os efeitos desta relação na organização.

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Estudos demonstram que o equilíbrio na saúde do profissional traz consequências na qualidade dos serviços prestados. Os lucros também são afetados na medida em que os custos se incrementam em absenteísmo, auxílio-doença, reposição de funcionário, transferências, novas contratações e treinamento. Devido a essas e outras consequências, tem crescido a perspectiva de se investigar e se investir na qualidade de vida do trabalhador (PEREIRA, 2010).

O crescimento profissional compreende momentos distintos na carreira, em que os valores, as crenças e ações são alterados e influenciam as esferas pessoal e profissional dos professores. Enquanto a esfera pessoal compreende a experiência de vida, a família, as crises pessoais e os momentos de descanso, a profissional é composta por regulamentos das escolas, estilo da direção, crédito do público para o trabalho desempenhado, expectativas da sociedade e pela organização profissional (BURDEM, 1990 apud BOTH et al., 20133).

Estudos com profissionais de educação física têm revelado baixa satisfação profissional, principalmente nos assuntos que dizem respeito ao reconhecimento do trabalho, à integração social com a comunidade escola e à relação equalizada do tempo dedicado ao lazer e o trabalho (SMYTH, 20054; FEJGIN; TALMOR; ERLICH, 20055; SANTINI; MOLINA NETO, 2005 6apud BOTH et al., 2013). Por outro lado, alguns componentes relacionados ao Estilo de Vida,

como a atividade física, a alimentação saudável e o controle do estresse, têm sido apontados como importantes fatores de preocupação entre estudiosos da área de educação física (ALMOHANNADI; CAPEL, 20077; LEMOS, 2007 8apud BOTH et al., 2013).

De acordo com Wachowicz (2012), as conquistas obtidas com as leis trabalhistas são de extrema importância para o bem-estar e para a saúde dos trabalhadores. As primeiras indústrias eram

3 BURDEN, Paul. Teacher development. In: HOUSTON, Robert; HABERMAN, Martin; SIKULA, John. (Org.). Handbook of research on teacher education. New York: Macmillian, 1990. p. 311-328.

4 SMYTH, Donna. First-year physical education teachers’ perceptions of their workplace. Journal of Teaching in Physical Education, Champaign, v. 14, p. 198-214, 1995.

5 FEJGIN, Naomi; TALMOR, Rachel; ERLICH, Ilana. Inclusion and burnout in physical education. European Physical Education Review, Chester, v.11, n.1, p. 29-50, 2005.

6 SANTINI, Joarez; MOLINA NETO, Vicente. A síndrome do esgotamento profissional em professores de educação física: um estudo na rede municipal de ensino de Porto Alegre. Revista Brasileira de Educação Física e Esportes, São Paulo, v. 19, n. 3, p. 209-222, 2005.

7 AL-MOHANNADI, Ahmad; CAPEL, Susan. Stress in physical education teachers in Qatar. Social Psychology of Education, Secausus, v.10, p. 55-75, 2007.

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grandes galpões, ou velhos armazéns fétidos e insalubres, com pouca iluminação e ventilação, muito lixo e sujeira, decorrente do próprio processo fabril. Não havia refeitório, pois os operários comiam ao lado das máquinas para não perder tempo de trabalho. Além disso, quando um operário adoecia, os demais também ficavam doentes, tamanha a falta de circulação de ar nos ambientes. Levar em consideração as características de um ambiente de trabalho é fundamental, pois elas refletem de maneira expressiva as qualidades da administração da empresa. Qualquer trabalhador precisa encontrar neste ambiente, condições que proporcionam satisfação e proteção.

De acordo com os dados do Ministério da Previdência Social, em 2012, o acompanhamento mensal dos benefícios auxílios-doença previdenciários concedidos segundo os códigos da CID-10 9 de Janeiro a Dezembro de 2012 somaram 2.344.884 casos por afastamento, já em 2013 este

número chegou a 2.273.104 casos. Dentre as principais doenças registradas ressalta-se a doenças infecciosas intestinais, tuberculose, doenças bacterianas, infecções de transmissão predominantemente sexual e doenças pelo vírus HIV entre outras.

O profissional de educação física, apesar de estar envolvido em um meio muitas vezes saudável relacionado a atividades físicas, padece de longas jornadas diárias de trabalho, inter-relações pessoais muito intensas e necessidade de integração entre aspectos intelectuais e manuais, com potencial de causar desgastes. É de notório saber que essa profissão envolve longas jornadas de trabalho, uma vez que os horários de maior demanda são ao amanhecer e após o horário comercial rotineiro da maioria das pessoas. Características que podem estar relacionadas com o conceito de estresse a partir do momento que podem alterar o estado de equilíbrio do indivíduo de uma forma real, imaginária, boa ou ruins.

Torna-se relevante, então, estudar as questões relativas à qualidade de vida no trabalho e o seu significado para profissionais da área da saúde, mais especificamente, analisar quais são os fatores de pressão no trabalho do educador físico e qual a sua relação com o estresse e seu estilo de vida.

Para tal, foram escolhidos instrumentos validados e adaptados por autores renomados da área a fim de contribuir como o objetivo. O Occupacional Stress Indicator (OSI) adaptado por Cooper

Sloan & Williams e o Pentáculo do Bem-estar adaptado por Moraes, Kilimnik e Ladeira (1994).

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1.1 Formulação do problema

Conforme citado anteriormente, profissionais de educação física têm revelado baixa satisfação com a carreira, principalmente nos assuntos que dizem respeito à remuneração, à integração social com a comunidade escola e à relação equalizada do tempo dedicado ao lazer e o trabalho. É importante destacar a elevada carga de trabalho desse profissional e a notória exigência de esforço físico inerente às suas atividades laborais. Por outro lado, é de se esperar que o estilo de vida mais saudável desses profissionais possa contrabalançar os efeitos negativos das pressões inerentes ao seu trabalho.

Estas considerações trazem à tona algumas questões: quais as relações entre fatores de pressão, estresse no trabalho e estilo de vida do educador físico?

O grupo de profissionais no qual esses fenômenos serão estudados é o dos educadores físicos que atuam no estado de Minas Gerais, incluindo os que trabalham em academias, centros esportivos, clubes, estúdios, condomínios, empresas e profissionais autônomos devidamente reconhecidos pelo seu devido Conselho Regional.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

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1.2.2 Objetivos específicos

 Caracterizar o educador físico pesquisado no que se refere a dados demográficos e ocupacionais, tais como gênero, faixa etária, estado civil, estado civil e número de filhos, número médio semanal de horas trabalhadas, tempo de trabalho que se graduou, costumam trabalhar sábados, domingos e feriados, a frequência em que trabalha nestes dias, histograma para o número de empregos, escolaridade, vínculo profissional, cargo/função, mora e trabalha no mesmo município e região de moradia.

 Identificar os principais fatores de pressão no trabalho do educador físico, mediante a aplicação do questionário de Cooper, Sloan & Williams (1988).

 Analisar a propensão ao estresse desse profissional, dimensão essa considerada nesse estudo como indicadora de estresse no trabalho, por meio da aplicação desse mesmo instrumento.

 Analisar as dimensões do estilo de vida dos pesquisados, com base no Pentáculo do bem-estar de Nahas, Barros e Francalacci (2000).

 Relacionar os fatores de pressão no trabalho, estresse no trabalho e estilo de vida com os dados demográficos e ocupacionais.

1.3 Justificativa

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Segundo Nahas (2013), na década de noventa ocorreu a consolidação da área referida como

atividade física e saúde no Brasil, com a criação de grupos de pesquisa, a inclusão de disciplinas

no ensino superior, a criação de cursos de pós-graduação com esta área de concentração e a publicação crescente de livros e revistas especializadas. Marcaram também essa trajetória a realização do I Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde, promovido pelo Núcleo de Pesquisa em Atividade Física e Saúde da UFSC, em 1997 e, dez anos depois, a criação da Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde (SBAFS).

A educação física é relativamente uma profissão recente, com data comemorativa ao dia do profissional de educação física em primeiro de setembro que corresponde à data da Lei Lei nº 9696 de 1998 que regulamentou a profissão em nosso país. Esta lei estabeleceu como prerrogativa do profissional de educação física a orientação, prescrição e dinamização das atividades físicas, desportivas e similares.

Em um momento de se avaliar as efetivas condições de vida no trabalho, ainda é raro encontrar-se nas práticas gerenciais a administrativas, decisões e ações que envolvam melhorias dos padrões de preservação de saúde física e mental e das tecnologias que priorizem a adaptação do trabalho que priorizem a adaptação do trabalho a esse novo profissional (LIMONGI; ASSIS, 1995).

O profissional de educação física tem, nos dias atuais, um amplo campo de atuação em todas as áreas de atividades cotidianas e laborais. Além de indivíduos atletas, ou mesmo, dos que buscam qualidade de vida, o profissional de educação física oferece orientação para os grupos de pessoas portadoras de necessidades especiais - deficientes físicos e mentais, idosos, diabéticos, cardiopatas, hipertensos, obesos. E a outros que também necessitam e devem receber orientações para a prática de atividades físicas independente de suas condições.

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comportamento, relacionamento e verifica sua relação com o controle do estresse desses profissionais.

Conforme dito anteriormente, alguns estudos com profissionais de educação física têm revelado baixa satisfação profissional, principalmente nos assuntos que dizem respeito à remuneração, à integração social com a comunidade escola e à relação equalizada do tempo dedicado ao lazer e o trabalho (SMYTH, 200510; FEJGIN; TALMOR; ERLICH, 200511; SANTINI; MOLINA NETO, 2005 12apud BOTH et al. 2013).

No Brasil, na área da saúde, os professores de academias de ginástica, apresentam condições de trabalho desfavoráveis à Qualidade de Vida (QV), uma vez que são submetidos a atividades extenuantes, baixo salário, jornada excessiva de trabalho, noites mal dormidas e hábitos alimentares inadequados (ESPÍRITO-SANTO; MOURÃO, 2006). Segundo Silva e Nunez (2009), esses fatores exercem grande influência no estado emocional dos professores.

Por outro lado, alguns componentes relacionados ao estilo de vida, como a atividade física, a alimentação adequada e o controle do estresse, têm sido apontados como importantes fatores de preocupação entre os profissionais de educação física (ALMOHANNADI; CAPEL, 200713; LEMOS, 200714 apud BOTH et al. 2013).

O presente projeto pretende contribuir, então, para o avanço dos estudos sobre estresse e fatores pressão no trabalho do educador físico, assim como no que se refere ao estilo de vida desse profissional. Conhecer melhor o perfil do profissional de educação física atuante nos dias atuais, identificando contrastes sociais pelos dados demográficos e ocupacionais, identificar os principais fatores de pressão no trabalho desses profissionais à propensão de estresse e relacioná-los.

10 SMYTH, Donna. First-year physical education teachers’ perceptions of their workplace. Journal of Teaching in Physical Education, Champaign, v. 14, p. 198-214, 1995.

11 FEJGIN, Naomi; TALMOR, Rachel; ERLICH, Ilana. Inclusion and burnout in physical education. European Physical Education Review, Chester, v.11, n.1, p. 29-50, 2005.

12 SANTINI, Joarez; MOLINA NETO, Vicente. A síndrome do esgotamento profissional em professores de educação física: um estudo na rede municipal de ensino de Porto Alegre. Revista Brasileira de Educação Física e Esportes, São Paulo, v. 19, n. 3, p. 209-222, 2005.

13 AL-MOHANNADI, Ahmad; CAPEL, Susan. Stress in physical education teachers in Qatar. Social Psychology of Education, Secausus, v.10, p. 55-75, 2007.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Concepções sobre estresse

Segundo Nahas, Barros, Franciacci, (2000), vive-se um tempo em que o ritmo de vida é extremamente rápido e muitos fatores da vida moderna contribuem para isso: o trabalho exigente e o próprio risco de perdê-lo, as ações do governo, a violência urbana, a degradação do meio-ambiente, a intolerância entre pessoas, o futuro de nossos filhos, entre outros.

De uma forma ou de outra, esse conjunto de agentes tem afetado as sociedades de forma generalizada, fazendo do estresse um mal que não respeita fronteiras geográficas nem demográficas.

O termo estresse (ou stress) origina-se do latim stringere. No século XVII era empregado na Inglaterra como o sentido de adversidade ou aflição. No campo da Física, estresse significa o grau de deformação que uma estrutura sofre quando é submetida a uma determinada força (NAHAS, 2013: 245).

O fisiologista canadense Hans Seyle15, utilizou, em 1936, o termo estresse pela primeira vez com a intenção que se conhece hoje em dia: estresse é a maneira como o organismo responde a qualquer estímulo – bom, ruim, real ou imaginário – que se altere seu estado de equilíbrio (NAHAS, 2013).

Para entender melhor o que é estresse, é preciso que se entenda o significado de homeostase –o

estado de equilíbrio dos vários sistemas do organismo entre si e do organismo como um todo com o meio-ambiente.

Com certa frequência esse estado de equilíbrio é alterado por agentes estressores, como um susto, a alegria de reencontrar alguém, o fracasso numa competição, a dor, o frio, o calor, ou o esforço físico. Apesar de serem distintos em muitos aspectos, estes estímulos provocam respostas orgânicas num padrão similar, com alterações nervosas e bioquímicas que visam adaptar o

(27)

organismo à situação de desequilíbrio funcional e alcançar uma condição denominada de

homeostase dinâmica (NAHAS, 2013).

Hans Seyle16, apud Nahas (2013) referia-se ao estresse sendo:

Um processo de resposta do organismo ao ser submetido a estímulos que exigem adaptação, buscando recuperar a homeostase. Este equilíbrio se mantém graças ao efeito regulador dos sistemas hormonal e nervoso, que identificam qualquer alteração e comandam uma verdadeira bateria de respostas para estabelecer a harmonia no organismo (Nahas, 2013:246).

O estresse é considerado em um contexto moderno como um processo biopsicosocial, pela forma como se manifesta, dependente de características individuais, mas interagindo com o ambiente social.

Os estímulos internos ou do meio-ambiente capazes de alterar a homeostase representam as fontes de estresse, referidas como agudas, quando ocorrem num certo momento, e crônicas, quando atuam sobre o organismo por um tempo prolongado, de forma contínua ou repetitiva. Os agentes estressantes também podem ser classificados como físicos ou psicossociais.

Os estímulos físicos são provenientes do meio ambiente como luz, calor, frio, som, odor, fumaça, drogas em geral, agentes infecciosos (bactérias, vírus), lesões corporais, radiação e esforços físicos. Já os estímulos psicossociais incluem todos os eventos que podem alterar o curso de nossas vidas para o lado positivo ou negativo. A morte de parente próximo, a separação, o encarceramento, o casamento, a aposentadoria, os problemas do trabalho, a perda do emprego, as provas escolares, as férias ou mudanças de hábitos em geral são exemplos de situações de estresse de origem psicossocial (NAHAS, 2013).

Conforme salienta Lipp (1996), depois da Segunda Guerra Mundial, os estudos sobre estresse se proliferaram, passando de uma referência biológica para o biopsicológica, quando se notou que os transtornos apresentados pelos soldados não deviam somente às condições físicas a que foram submetidos, mas também às pressões psicológicas.

Atualmente, os estudos e as publicações sobre stress e seus efeitos abrangem não só as consequências do stress no corpo e na mente humana, mas também suas implicações para a qualidade de vida da humanidade (Lipp, 1996: 19)

(28)

Portanto, o estresse é um processo temporário de adaptação que compreende modificações físicas e mentais. A palavra estresse obteve uma grande difusão, que acabou por se transformar quase em um sinônimo de qualquer tipo de alteração, sentida pelo indivíduo e em geral negativa. É comum se ouvir um “não me estresse” nos casos em que a pessoa se sinta pressionada ou entristecida. O menor sentimento de ansiedade ou tensão se atribui ao estresse, e no emprego cotidiano (e por vexes até mesmo no meio científico) observa-se uma confusão, pois o estresse é encarado tanto como elemento desencadeante como o resultado da evolução (LIPP, 1996).

Portanto, de acordo com Nahas (2013) o estresse é um aspecto natural da própria vida. Enfrentamos, a cada momento, conflitos, situações que existem decisões, responsabilidade e obrigações que não se pode simplesmente ignorar. Porém, o estresse não é algo que deva ser evitado. Ele pode ser uma ameaça à saúde, mas pode, também, ser o estímulo necessário para adaptações positivas no nosso organismo. Alguns arriscam afirmar que o estresse é “o tempero da vida”. A ausência de estresse é, pois, a própria morte e de fato, em doses adequadas, é o estresse que nos mantém vivos e em constante adaptação. Existem dois tipos de estresse: o eustresse (o “bom” estresse), como acontece quando se está apaixonado ou quando se exercita o corpo moderadamente; e o distresse, que representa uma situação prejudicial ao organismo. O distresse pode ser agudo ou crônico.

Para Nahas (2013), os nossos ancestrais valiam-se das reações orgânicas próprias do estresse para se defender ou fugir de uma situação de perigo iminente. Eram situações de estresse agudo, que tendiam a desaparecer em poucos minutos. Nas sociedades modernas, enfrentamos as situações de estresse agudo com maior frequência e passamos a conviver com uma forma de estresse que não era comum entre nossos antepassados: o estresse crônico, responsável por graves problemas associados à vida nas sociedades urbanas contemporâneas.

2.2 Estresse e doenças

(29)

custo estimado do tratamento de doenças decorrentes do estresse no trabalho nos Estados Unidos é de 150 bilhões de dólares por ano.

Sabemos que o estresse não é algo que, necessariamente, se deve evitar e que estímulos do meio em que vivemos são imprescindíveis para a manutenção e aprimoramento de nossas vidas. Entretanto, apesar de sermos construídos para conviver constantemente com o estresse, doses excessivas (intensas ou prolongadas) podem trazer sérios problemas psicológicos e físicos. As situações de estresse, quando fora de controle, podem interferir em nossas atividades diárias, resultando em perda de produtividade e afetando nossos relacionamentos. Sob estresse, problemas estomacais, irregularidade menstrual, ansiedade, insônia e depressão podem surgir ou ser agravadas seriamente. O sistema imunológico, responsável pelas ações de defesa do sistema do organismo contra infecções, é o mais afetado nas situações de estresse. A liberação de substâncias do grupo denominado glucocorticóides, em situação de estresse crônico, está

associada a uma diminuição da capacidade e defesa do sistema imunológico, aumentando assim o risco de infecções. Este conhecimento compõe uma área recente da ciência, denominada psiconeuroimunologia, cujos estudos mais significativos iniciaram em 1991, com o Dr. Sheldon Cohen, um pioneiro nas investigações da relação do estresse com o sistema imunológico.

Segundo Nahas 2013, os sintomas associados ao estresse são:

 Dor de cabeça;

 Dores musculares e articulares;  Insônia;

 Ansiedade;  Irritabilidade;  Cansaço constante;

 Sensação de incapacidade;  Perda de memória;

 Mau humor.

(30)

decorrente do estresse, situações de agressividade e frustração, tristeza e sensação de impotência, que podem acabar somatizadas na forma de diversas doenças, como listadas por Nahas (2013):

 Hipertensão arterial;

 Infartos agudos do miocárdio;  Derrames cerebrais;

 Câncer;  Úlceras;

 Depressão/Distúrbios nervosos;  Artrite;

 Alergias;

 Dores de cabeça.

Sendo assim, vale ressaltar que cada pessoa responde às situações de estresse de forma específica: o que representa um grande problema para uns, pode ser gerenciado com tranquilidade por outros. Hans Seyle, citado por Nahas (2013:51) acreditava que:

Cada pessoa traz consigo certa capacidade de resistir ao estresse. A essa capacidade ele chamou energia de adaptação e, segundo esse pesquisador, pode-se treinar o organismo e desenvolver tal energia para melhor enfrentar as situações de estresse. É importante que se conheça o grau de tolerância ou resistência pessoal em situações de estresse.

Este conjunto de sintomas pode ocorrer devido à dificuldade do profissional em fazer face às exigências que lhes são colocadas pela sua profissão, excedendo a sua capacidade de resposta. São os resultados de um processo em que se podem distinguir três etapas: primeiro, as exigências profissionais excedem os recursos adaptativos do professor, provocando estresse; segundo, o

professor tenta corresponder a essas exigências, aumentando o seu esforço; por fim aparecem os sintomas que caracterizam o mal-estar propriamente dito. Nesse sentido, o mal-estar constitui a última fase de um processo de confronto com exigências profissionais que ultrapassam os recursos adaptativos do professor (DUNHAM, 1992; STEPHENSON, 1990; VILA17, 1988 apud JESUS, 1998).

(31)

2.3 As fases do estresse

Hans Selye (1959), dividiu a reação de estresse em três estágios: a reação de alarme, a fase de adaptação e a fase de esgotamento.

Na chamada Reação de Alarme, o organismo reconhece o agente estressor, sendo ativado o eixo hipotalâmico-hipofisário, que leva a várias alterações endócrinas, destacando-se as glândulas supra-renais, cujo córtex produz o principal hormônio do estresse, ou seja, o Cortisol. O objetivo de todas essas mudanças metabólicas é deixar o organismo pronto para agir frente ao agente estressor, permitindo sua sobrevivência. Na próxima fase, o estresse ocorre quando a agressão promovida pelo agente estressor permanece por um período mais longo de tempo, sendo chamada Fase de Adaptação ou Resistência, na qual ocorre um acúmulo de tensão. Essa fase é caracterizada pela adaptação do organismo aos estímulos causadores do estresse de forma a suportar as reações do estado de estresse por maior período de tempo. Nessa fase, a reação de estresse pode ser canalizada para um órgão ou sistema específico, como a pele, o sistema muscular ou sistema cardiovascular. É importante destacar que a manutenção desse estado adaptativo é desgasta o organismo e, dessa forma, quando a influência do agente estressor persiste por um tempo ainda maior, a Síndrome do estresse pode chegar à sua terceira fase, denominada Fase de Esgotamento, onde haverá uma queda acentuada dessa capacidade adaptativa.

2.4 Estresse ocupacional e OSI (Occupacional Stress Indicator)

(32)

compromissos e aumento de erros por descuido, o que já justifica a sua investigação e seus problemas entre os profissionais de educação física.

De acordo com Cooper, Sloan & Williams (1988) o estresse ocupacional é percebido como uma qualidade negativa, sua percepção varia de acordo com cada indivíduo e que resulta de um mecanismo inadequado de superação das fontes de pressão, trazendo como consequências transtornos físicos e mentais. Embora seus efeitos inicialmente fossem descritos apenas entre executivos, inúmeros estudos demonstram que atingem inúmeras profissões, ocupações e empregos, em todos os níveis hierárquicos.

O Occupational Stress Indicator é um importante instrumento para a abordagem inicial do

estresse ocupacional (COOPER, SLOAN & WLLIAMS, 1988). Ele é um modelo dinâmico que aborda o trabalho de uma forma biopsicossocial, permitindo descrever, analisar e diagnosticar o processo de estresse na organização, possibilitando propor soluções a serem adotadas. Uma de suas vantagens é que não existe pré-requisito de conhecimento ou qualificação para o seu uso.

O modelo de estresse que sustenta o OSI, representado na FIG. 1, é composto de cinco elementos chave: as fontes de estresse, as características individuais do indivíduo que experimenta o estresse, as estratégias de superação e os efeitos individuais e organizacionais do estresse. Ele foi criado com recursos estatísticos e dados de entrevista de um número significativo de participantes. Para operacionalizar o modelo foi criado o instrumento citado (OSI).

(33)

Figura 1 – Modelo de Occupacional Stress Indicator

FONTE: traduzido e adaptado de COOPER, SLOAN & WILLIANS (1988).

Os fatores de pressão e estresse no trabalho, ilustrados na FIG. 1, são divididos em seis grandes grupos:

 Fatores intrínsecos ao trabalho;  O papel do indivíduo na organização;  O inter-relacionamento;

 Fatores ligados ao desenvolvimento e ao progresso do trabalhador em sua carreira;  Clima e estrutura da organização;

 Interface entre casa e trabalho.

(34)

físicos, uma determinada carteira de clientes e/ou variadas modalidades de aulas ministradas de atividades físicas pode representar uma fonte de pressão para alguns, enquanto para outros uma possibilidade de crescimento e reconhecimento profissional e pessoal. A susceptibilidade individual ao estresse é influenciada pelo tipo de personalidade e pelo locus de controle18.

De acordo com o modelo de Cooper, Sloan & Williams (1988), ilustrado na FIG.1, além das várias fontes de estresse particularmente do indivíduo, o surgimento dos efeitos do estresse dependerá do uso efetivo ou não das estratégias de coping pelo indivíduo. Essas estratégias

variam desde o suporte psicológico encontrado em outras pessoas até o modo como se administra a vida em casa e no trabalho.

Como resultado da interação dos fatores acima, surgem consequências do estresse para o indivíduo e para a organização, descritas posteriormente neste trabalho.

2.4.1 Fatores de pressão e estresse no trabalho

Para os animais selvagens o estresse é fundamental para sua sobrevivência em situações de perigo frente a outros animais e a intempéries da natureza, assim como era para o homem primitivo. No homem civilizado, essa função de preservação da vida frente a tais tipos de perigos não é tão proeminente, entretanto surgem outras situações que lhe demandam grande capacidade adaptativa: no contexto macro ambiental pode-se citar a violência crescente nos centros urbanos e a instabilidade sócio-política mundial, enquanto na esfera individual, cita-se o número e velocidade cada vez maiores de informações que devem ser processadas, as tecnologias que se renovam incessantemente, a competitividade no trabalho, o consumismo e as pressões familiares. Dessa forma, esses fatores despontam como importantes fatores de pressão que são potenciais

18

(35)

geradores de estresse, que pode ser considerado como a pandemia da sociedade pós-moderna (OLIVEIRA, 2005).

Como já visto anteriormente nesse estudo, o trabalho exerce um papel importante em nossa sociedade, não só econômico mais também sociocultural, pois é no trabalho que se formam ciclos de amizade com mais probabilidade que outros lugares.

Nesse contexto, o trabalho atua de forma decisiva na dinâmica afetiva das pessoas, o que se reflete em suas atividades laborais e na própria saúde.

A FIG. 2 ilustra a interação das várias dimensões do trabalho, que podem tanto ser fatores de qualidade de vida no trabalho como podem atuar como potenciais agentes agressores, o que consequentemente pode afetar a saúde do indivíduo.

Esses aspectos dão a dimensão da importância do estudo dos fatores de pressão no trabalho sendo, entretanto, necessária uma metodologia que permita o diagnóstico destes fatores.

Figura – Dimensões de conteúdo de trabalho e potenciais fatores de pressão.

(36)

2.5 Qualidade de vida e qualidade de vida no trabalho

Para Walton (1973), a expressão qualidade de vida tem sido usada como crescente frequência para descrever certos valores ambientais e humanos, negligenciados pelas sociedades industriais em favor do avanço tecnológico, da produtividade e do crescimento econômico.

O tema qualidade de vida no trabalho não é uma preocupação somente dos pesquisadores atuais. Na verdade, desde a era primitiva, o homem tem buscado formas de tornar mais amena sua luta pela sobrevivência. A História e a Paleontologia, por exemplo, dão inúmeras provas de que este, desde os tempos mais remotos, tem buscado desenvolver artefatos, ferramentas e métodos que possibilitem minimizar os desgastes decorrentes do trabalho e/ou mesmo torná-lo mais prazeroso

(SANT’ANNA; KILIMNIK; MORAES, 2011).

Rodrigues (2001), analisa as teorias administrativas desenvolvidas por estudiosos do comportamento no intuito de traçar uma espécie de “origem” da QVT. Elton Mayo (1880-1949), psicólogo americano tinha como objetivo demonstrar como aspectos psicológicos e sociais contribuem para a qualidade de vida do trabalhador. Na sequência Rodrigues, associa a hierarquia de satisfação das necessidades de Maslow. Outro autor citado, nessa cronologia de QVT é o psicólogo Frederick Herzberg, que ofereceu uma importante contribuição sobre os fatores higiênicos e motivadores dentro das empresas, indicando os elementos que produzem satisfação no trabalho e outros que causam insatisfação. Rodrigues ainda apresenta uma excelente síntese sobre as definições evolutivas da QVT.

A modernização das empresas por meio da informatização, da reengenharia, das células de produção, da logística, da participação nos resultados, das estruturas matriciais e do gerenciamento de projetos levou ao estabelecimento de parâmetros de aceitação, liderança e inovação, associando a missão e a visão organizacional na busca da excelência dos produtos e dos serviços (WACHOWICZ, 2012).

(37)

uma maneira de pensar a respeito das pessoas, do trabalho e da organização, tendo em vista o impacto do trabalho sobre os indivíduos e a eficácia organizacional.

Particularmente na segunda metade deste século tem-se assistido a uma transformação sem precedentes no padrão de vida das sociedades humanas. A mecanização, os avanços tecnológicos, a informatização e a presença cada vez mais frequentes dos chamados labor saving devices

(mecanismos que poupam esforço físico); tem conduzido à diminuição progressiva da atividade física no trabalho, no lar e no lazer. Isso tem acontecido paralelamente às mudanças significativas nos padrões alimentares para pior e, acima de tudo, acompanhado pelo estresse – elemento natural da vida humana, mas que tomou proporções inéditas e desastrosas neste século (EATON et al., 1988 19apud NAHAS, 2000).

Segundo Nahas (2013):

O conceito de qualidade de vida é diferente de pessoa para pessoa e tende a mudar ao longo da vida de cada um. Existe, porém, consenso em torno da ideia de que são múltiplos os fatores que determinam a qualidade de vida de pessoas ou comunidades. A combinação desses fatores que moldam e diferenciam o cotidiano do ser humano, resulta numa rede de fenômenos e situações que, abstratamente, pode ser chamada de qualidade de vida. Em geral, associam-se a essa expressão fatores como: estado de saúde, longevidade, satisfação no trabalho, salário, lazer, relações familiares, disposição, prazer a até espiritualidade. Num sentido mais amplo, qualidade de vida pode ser uma medida da própria dignidade humana, pois pressupõe o atendimento das necessidades humanas fundamentais (Nahas, 2013:15).

Intuitivamente é fácil entender esse conceito, mas é difícil de forma objetiva. Holisticamente, Nahas (2013), considera qualidade de vida como sendo a percepção de bem-estar resultante de um conjunto de parâmetros individuais e socioambientais, modificáveis ou não, que caracterizam as condições em que vive o ser humano.

(38)

Figura 3 - Qualidade de vida do trabalhador

Estilo de Vida Ambiente e Condições de Trabalho

 Alimentação  Ambiente físico

 Atividade física  Ambiente social

 Controle do Estresse  Desenvolvimento e realização profissional

 Relacionamentos  Remuneração e benefícios

 Comportamento preventivo  Relevância social do trabalho Fonte: Nahas, 2013

A qualidade de vida pode ser considerada tanto na perspectiva individual quanto coletiva. Para grupos sociais, geralmente utiliza-se indicadores estatísticos que caracterizam o grau de qualidade de vida ou desenvolvimento humano. São exemplos desses indicadores: a expectativa de vida, os índices de mortalidade e morbidade, os níveis de escolaridade e alfabetização dos adultos, a renda per capita, o nível de desemprego, a desnutrição e a obesidade (NAHAS, 2013).

A qualidade de vida no trabalho tem sido definida por diferentes autores de diferentes formas. No entanto, todas as definições possuem entre si, como ponto comum, o entendimento da QVT (Qualidade de Vida no Trabalho) como um movimento de reação ao rigor dos métodos tayloristas e, consequentemente, como um instrumento que tem por objetivo propiciar uma maior humanização do trabalho, o aumento do bem-estar dos trabalhadores e uma maior participação dos mesmos nas decisões e problemas do trabalho (SANT’ANNA; KILIMNIK; MORAES, 2011).

Sob esse prisma, para Wesley (1979:46) 20apud Sant’Anna; Kilimnik (2011:9):

As melhorias voltadas para a qualidade de vida no trabalho decorrem dos esforços voltados para a humanização do trabalho, que buscam solucionar problemas gerados pela própria natureza das organizações existentes na sociedade industrial.

20

(39)

Corrêa (1993), entende a QVT como um fenômeno que vem sendo desvendado lentamente. Tendo isso em mente, a autora classifica o movimento em torno da qualidade de vida no trabalho segundo quatro estágios, os quais, em sua opinião, são resultantes dos avanços nas conquistas sociais, da evolução das teorias administrativas e do grau de desenvolvimento econômico das sociedades.

O primeiro estágio abrange as condições de subsistência, como salário compatível com a função, segurança, prevenção de acidentes, seguridade social e aposentadoria. Esse contexto data de meados do século XIX e seus pressupostos são baseados no marxismo a nas políticas trabalhistas e sociais. O segundo refere-se aos incentivos salariais, à participação nos lucros e à eficiência administrativa. Já o terceiro estágio, iniciando com os trabalhos da Escola de Relações Humanas (1930), destaca como dimensões básicas da qualidade de vida do trabalhado: o reconhecimento social, a liderança democrática, o treinamento, a participação e o moral de grupo. O último estágio - auto realização – emerge por volta de 1960 com as teorias comportamentais e o movimento de qualidade e o movimento de qualidade de vida no trabalho, e produziu teses de autodesenvolvimento, criatividade, flexibilidade no horário de trabalho, constituição de pequenos grupos e preocupação com o meio ambiente (SANT’ANNA; KILIMNIK; MORAES, 2011).

A falta da QVT abre um imenso precedente para o adoecimento físico, mental e até mesmo emocional dos trabalhadores. Guimarães e Grubits (1999)21 apud Wachowicz (2012), ressaltam a necessidade de introdução de políticas que visem à QVT, sensibilizando os empregadores e as instituições para o impacto econômico dos problemas decorrentes da sua falta ou de sua pouca valorização e que são refletidos na redução da performance, nos altos índices de absenteísmo, na rotatividade no trabalho (turnover), nos acidentes e, em contexto geral, no adoecimento do

trabalhador.

(40)

2.6 Estilo de vida

O estilo de vida representa o conjunto de ações cotidianas que reflete as atitudes e valores das pessoas. Esses hábitos e ações conscientes estão associados à percepção de qualidade de vida que o indivíduo traz consigo. Os componentes do estilo de vida podem mudar ao longo dos anos, mas isso só acontece se a pessoa enxergar algum valor em algum comportamento que deva incluir ou excluir, além de perceber-se como capaz de realizar as mudanças almejadas (SALLIS & OWEN 199922 apud NAHAS; BARROS; FRANCALACCI, 2000).

Vive-se, atualmente a chamada era do estilo de vida, uma vez que as principais doenças e causas

de morte nesta virada de milênio estão prioritariamente associadas à maneira como vivemos (BLAIR, 199323; BOUCHARD et al., 199424 apud NAHAS; BARROS; FRANCALACCI, 2000).

Atualmente, as pessoas têm muitas vantagens sobre as gerações passadas, pois nunca houve tanta e tão sólida evidência dos efeitos do comportamento individual sobre a saúde. Paralelo a isso, os recursos da medicina e as condições de vida em geral são muito superiores às de um século passado. Vive-se mais e, geralmente, com mais saúde, porém longe de sermos tão saudáveis quanto poderíamos ser. Além de estilos de vida que põem em risco a saúde – seja pelo estresse, pela alimentação inadequada ou pelo sedentarismo – ainda existem diferenças gritantes no padrão de vida de regiões maios desenvolvidas e daquelas mais pobres. Não são poucas as pessoas que ainda vivem em condições desumanas, onde a luta pela sobrevivência impede que as questões hierarquicamente mais significativas em termos de qualidade de vida, como o lazer e a cultura, possam ser consideradas. De fato, a verdadeira escala de qualidade de vida começa quando as barreiras da sobrevivência são ultrapassadas (NAHAS, 2013).

Nahas (2013), definiu com base nesses fatos, o estilo de vida como sendo um conjunto de ações habituais que refletem as atitudes, os valores e as oportunidades na vida das pessoas.

22

SALLIS, J. F.; OWEN, N. Physical Activity & Behavioral Medicine. Thousand Oak’s: Sage Publications, 1999. 23 BLAIR, S. N. C. H. McCloy research lecture physical activity, physical fitness and health.

Research Quaterly for exercise an sports, 64 (4), 365-376,1993.

(41)

Tradicionalmente, faz-se referência a três características principais do estilo de vida associadas (ou determinantes) da saúde individual: o nível de stress, as características nutricionais e a atividade física habitual (DEVRIES, 197825 apud NAHAS, 2000).

2.6.1 O Pentáculo do Bem-estar

Segundo Nahas (2013):

O Pentáculo do bem-estar é um instrumento simples, autoadministrado, que inclui cinco aspectos fundamentais do estilo de vida das pessoas e que, sabiamente, afetam a saúde geral e estão associadas ao bem-estar psicológico e às doenças crônico degenerativas, como o infarto do miocárdio, o derrame cerebral, o diabetes, a hipertensão, a obesidade e a osteoporose (NAHAS, 2013: 29).

A abordagem do Pentáculo do bem-estar é proposta por Nahas (2013), com os componentes (fatores) representados na figura abaixo e que passam a ser descritos a seguir.

Figura 4 - Pentáculo do bem-estar

FONTE: NAHAS (2013)

(42)

2.6.1.1 O componente nutrição

Segundo Nahas (2000), depois de décadas de dietas “milagrosas”, sabe-se que elas não funcionam a médio e longo prazo. Pretende-se eliminar em semanas a gordura acumulada ao longo de anos. Mais do que isso, as dietas radicais podem ser perigosas para a saúde, nos roubam a energia vital e, com frequência, podem levar as pessoas a desequilíbrios nutricionais e comportamentos sérios. A única coisa que funciona a médio e longo prazo é a modificação no estilo de vida, incluindo mudanças comportamentais definitivas nos hábitos alimentares e de atividade física. Entretanto, isso é uma tarefa difícil, porque as pessoas imaginam que suas vidas precisariam ser totalmente modificadas, deixando os prazeres em troca de sofrimento. Da mesma forma, a maioria das pessoas busca transformações imediatas, a curto prazo, às vezes com metas inatingíveis, dadas as suas características biológicas.

Estudos de Nahas (2013) comprovam que o indivíduo é o que ele come. Os alimentos, sejam eles de origem vegetal ou animal, fornecem ao ser humano os nutrientes necessários ao organismo. Pode-se estimar a necessidade diária de energia (kcal) a ser suprida pela alimentação a partir da necessidade basal (gasto calórico para manter as funções vitais), acrescendo-se o equivalente ao gasto em atividades físicas e o chamado efeito térmico da digestão dos alimentos, que

corresponde aproximadamente a 10% de todo o gasto calórico diário. Uma vez que nenhum alimento isoladamente contém todos os nutrientes necessários, a melhor maneira de assegurar uma dieta saudável é incluir uma ampla variedade de alimentos nas refeições. Uma boa alimentação deve ser agradável aos olhos, ao olfato e, acima de tudo, ao paladar, observando-se o equilíbrio dos aspectos quantitativos e qualitativos.

2.6.1.2 Componente controle do estresse

(43)

a degradação do meio-ambiente, a intolerância entre pessoas, o futuro incerto de nossos filhos, entre muitos outros. De uma forma ou de outra, esse conjunto de agentes tem afetado as

sociedades de forma generalizada (NAHAS, 2013).

Apesar de não se poder evitar todas as situações de estresse, existem várias maneiras de se responder a elas, reduzindo ou modificando seus efeitos. As características do indivíduo e dos agentes estressantes é que determinarão as formas mais apropriadas para lidar com o estresse.

Pesquisadores observaram diferentes respostas a idênticas situações de estresse dependendo de fatores como: hereditariedade, idade, sexo, estilo de vida, estado de saúde, experiências anteriores e tipo de personalidade. Essas pesquisas indicam que as características pessoais podem influenciar a relação estímulo-resposta nas situações de estresse. Uma boa dieta, o amor e o respeito dos familiares e amigos, boas noites de sono, folgas semanais e férias descontraídas e interessantes, e atividades físicas de cunho recreativo, são ingredientes fundamentais para enfrentarmos adequadamente o estresse da vida moderna. Devemos ser realistas em nosso dia a dia, estabelecendo objetivos alcançáveis e mantendo uma atitude positiva diante de pequenos revezes. Para muitos, a falta de organização e planejamento em casa e no trabalho podem ser a principal causa de distresse, pelo mau uso do tempo e a percepção de que nunca se conseguirá cumprir com as tarefas. Além disso, não deixe os problemas se acumularem, converse com os amigos ou com as pessoas envolvidas e tente resolvê-los logo que forem surgindo (Nahas, 2013: 253).

De acordo com Nahas (2000), o pentáculo do bem-estar é um instrumento que pode ajudar as pessoas a identificarem as situações de stress, permitindo que aprendam a reagir de maneira equilibrada e sofrendo menos as consequências desses eventos – comuns na vida de todas as pessoas.

2.6.1.3 Componente atividade física

(44)

Atividade física é definida como movimento corporal que é produzido pela contração do músculo

esquelético e que leva substancialmente o dispêndio de energia. O exercício, um tipo de atividade

física, é definido como movimento corporal planejado, estruturado e repetitivo realizado como intuito de melhorar ou manter um ou mais componentes da aptidão física (ACSM, 2007).

Entende-se por atividade física qualquer movimento corporal com gasto energético acima dos níveis de repouso. Incluem-se as atividades domésticas, as atividades de trabalho, deslocamento e lazer. Há séculos especula-se sobre o papel das atividades físicas na saúde de todas as pessoas, mas somente nas últimas décadas as investigações científicas produziram as reais evidências de associação entre atividade física e saúde (NAHAS, 2013).

De acordo com ACSM (2007), dentre os benefícios da atividade física e/ou dos exercícios regulares podemos destacar melhora na função cardiovascular e respiratória; redução nos fatores de risco para doença coronariana; morbidez e mortalidade reduzidas; redução da ansiedade e da depressão; função física aprimorada e estilo de vida independente em pessoas mais velhas; sensações aumentadas de bem-estar; melhor execução do trabalho e das atividades recreativas e esportivas.

Pesquisas de Nahas (2013), mostram que um estilo de vida ativo pode também reduzir o risco de

morte prematura por todas as causas; reduzir o risco de desenvolver diabetes; reduzir o risco de desenvolver hipertensão; ajudar no controle de pressão arterial em pessoas hipertensas; auxiliar no controle de peso corporal dentre outros vários. Destaca-se fatos sobre a educação física: a atividade regular promove a saúde; a inatividade física é o quarto fator de risco para a mortalidade em todo o planeta; atividade física não é sinônimo de exercício físico ou esporte; atividades físicas moderadas e vigorosas podem trazer benefícios à saúde; realizar alguma atividade física é melhor do que nada, ambientes e comunidades podem favorecer ou dificultar as escolhas para um estilo de vida mais ativo.

De acordo com o American College of Sports Medicine:

(45)

Desde o início do século XX, os estudos da fisiologia têm demonstrado que os exercícios físicos regulares podem modificar a estrutura e o funcionamento orgânico em muitos aspectos. De fato, nenhum outro estímulo pode atuar direta ou indiretamente em tantos órgãos e sistemas – cardiovascular, muscular, ósseo, endócrino e nervoso. Prescrito de forma adequada, o exercício pode melhorar a aptidão física, prevenir e auxiliar no tratamento de diversas doenças, principalmente as de origem cardiovascular (Nahas, 2013).

2.6.1.4 Componente comportamento preventivo

Segundo Nahas (2013), uma vida saudável começa na infância, com a boa alimentação, atividades físicas variadas e regulares, cuidados médicos adequados e um ambiente familiar estimulante, que dê suporte e conforto.

As infecções sexualmente transmissíveis, as drogas, a violência e os acidentes de trânsito representam as principais ameaças à saúde nesta fase da vida (adulto jovem). Em pleno vigor e no ápice do seu desempenho físico, as pessoas nesta idade tendem a se preocupar pouco com aspectos preventivos e geralmente acham que problemas de saúde mais sérios só acontecem com o vizinho mais velho. Nesta idade, comportamentos preventivos relativamente simples podem ser a maneira mais eficaz de preservar a saúde e a própria vida. São recomendações de comportamentos preventivos: usar cinto de segurança, praticar sexo seguro, evitar os ambientes e grupos onde a violência física é motivo de admiração, não fumar, beber com moderação, escolher alimentos de maneira inteligente, proteger pele e os olhos, manter uma vida ativa, mas não exaustiva e realizar check-ups e exames periódicos (Nahas, 2013:268;269).

Não somente os jovens e adultos, o idoso ativo além das prevenções relatadas acima para uma idade, deve vacinar-se contra gripe anualmente, não se isolar, evitar acidentes, realizar exames periódicos e manter-se ativo (NAHAS, 2013).

2.6.1.5 Componente relacionamento social

Imagem

Figura 1  –  Modelo de Occupacional Stress Indicator
Figura  –  Dimensões de conteúdo de trabalho e potenciais fatores de pressão.
Figura 3 - Qualidade de vida do trabalhador
Figura 4 - Pentáculo do bem-estar
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Referências

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Podem-se relatar algumas grandes mudanças, conforme Rossetti e Andrade (2012):.. a) Preocupados com riscos e a segurança da organização, os acionistas ainda têm de