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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP

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Academic year: 2019

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Luciana Regina de Oliveira

Análise acústica comparativa das vogais orais entre

respiradores orais e nasais

Mestrado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem

(2)

Luciana Regina de Oliveira

Análise acústica comparativa das vogais orais entre

respiradores orais e nasais

MESTRADO EM LINGUÍSTICA APLICADA E ESTUDOS DA LINGUAGEM

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem sob a orientação da Profa. Doutora Zuleica Camargo.

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ii

Banca Examinadora

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iii AUTORIZAÇÃO

Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos. Luciana Regina de Oliveira _________________________________

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iv

Dedico este trabalho

À minha família, meu maior tesouro.

Meu marido, meus filhos, meus pais, meus irmãos e meu sobrinho Bruno.

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v

Agradecimentos

À minha orientadora Profa Dra Zuleica Camargo, hoje amiga, pela confiança e tão carinhosa acolhida, pelo exemplo de profissional que é, por me fazer apaixonar por esta ciência tão nova para mim, que é a fonética acústico-articulatória. Sua enorme bagagem científica foi fundamental para minha formação acadêmica. Sempre presente, alegre, paciente, com sábias palavras e disponível para as orientações e ensinamentos. Tenho por você grande admiração. É com emoção que digo: “Querida Zuleica, MUITO OBRIGADA por tudo”.

À Profa Dra Irene Queiroz Marchesan, minha mestre e minha amiga que nestes últimos dez anos de convivência me fez crescer imensamente, incentivando-me a superar tantos limites. Exemplo de determinação para seguir sempre em frente em busca de novas conquistas. Obrigada pelas sugestões e valiosas contribuições no exame de qualificação e por participar da banca examinadora. Obrigada por sua disponibilidade e, principalmente, por ser uma pessoa tão especial, que tem seu próprio brilho, mas que faz com que todos ao seu redor brilhem também. Sem dúvida, minha eterna gratidão.

À Profa Dra Sandra Madureira, meiga e amorosa, agradeço por suas aulas e ensinamentos. Admiro sua paixão e extrema dedicação em tudo o que faz. Você transmite imensa satisfação ao ensinar. Foi uma honra ser sua aluna. Obrigada pelo auxílio e discussão deste trabalho nas diversas etapas.

Ao Dr Emilio Ciccone e Dra Cândida do Hospital Municipal Menino Jesus, Centro de Atendimento ao Respirador Oral (CARO) que, ao abrirem as portas para mim, permitiram que esta pesquisa fosse desenvolvida.

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vi

À Fabiana Gregio, que desde nosso primeiro trabalho para o congresso tinha certeza de que nos tornaríamos grandes amigas. Por você tenho profunda admiração. Obrigada pelas contribuições tão valiosas na banca de qualificação, obrigada pelas revisões dos textos.

À minha amiga Lílian Kuhn, por ter passado um dia inteiro me ajudando a extrair as medidas para a banca de qualificação. Pela disponibilidade na correção dos meus textos. Pela revisão das referências bibliográficas e por sua doce amizade.

À Maria Augusta, pelas mensagens de incentivo profissional e pessoal, pela presença na qualificação, pelos atendimentos dos meus pacientes, pela revisão das referências bibliográficas, pelos risos e choros, enfim por sua amizade.

À Aline, pelos artigos enviados, pela disponibilidade em cooperar, pela atenção e carinho.

À Fabiana Bonfim, pelo carinho com que me recebeu no grupo desde o início, pelo auxílio durante as aulas e durante a realização deste trabalho.

À Renata pela parceria nas disciplinas complementares, pelas conversas nas caronas de volta para casa.

À Alice pela revisão do inglês.

Aos meus colegas do grupo LIAAC, em especial a, Roberta, Andréa Sacco, Cris, Vanessa, agradeço o carinho e apoio.

À querida Fátima Albuquerque, pelo seu carinho e por estar sempre disposta a ajudar e por torcer pelas conquistas do grupo.

Ao Prof Dr. Joaquim Llisterri, da Universidade de Barcelona, pelas preciosas sugestões e contribuições a minha pesquisa.

(8)

vii

À minha querida amiga Malu, obrigada por assumir muitas das minhas tarefas no Instituto CEFAC, por torcer e incentivar tanto, por chorar e rir comigo, por aguentar meu mau humor. É amiga, nesta história toda sobrou muita coisa para você. Obrigada de coração por tudo.

Às amigas Márcia Toledo e Rina Lamboglia, pelo imenso carinho, pela torcida a favor e apoio constantes.

À querida Nívea, pela torcida, pelos conselhos, pelo carinho, por estar sempre muito presente.

À Marilene e Gorete, agradeço todo carinho e apoio.

Ao meu amado filho Guilherme, que no auge de sua adolescência soube compreender também minha ansiedade, angustia e meus questionamentos. Obrigada pelo seu imenso carinho.

Ao meu amado filho Henrique, obrigada pelo carinho e por seus muitos beijos surpresas toda vez que ia ao meu encontro no meu canto de estudos.

Ao Mário, meu grande amigo e companheiro que me apoiou tanto. Meu amor por você só cresce imensamente.

Aos meus pais, Luiz Alfredo e Maria Rita, exemplos de determinação e conquistas, que sempre orientaram seus três filhos da melhor forma possível, sempre fizeram e continuam a fazer o melhor por nós. Obrigada pela pessoa que nos tornamos hoje. Vocês sempre acreditaram e incentivaram nossos sonhos e planos. Amo vocês.

Aos meus queridos irmãos Luís Ricardo e Lílian, por compartilharem das minhas aflições, desafios e conquistas, por estarem sempre por perto.

Aos Amigos, por compreenderem minha ausência, pelo carinho e torcida.

(9)

viii

Ao CNPq, pelo apoio financeiro a esta pesquisa.

A Deus, por todas as oportunidades que foram colocadas em minha vida.

Quem disse que seria fácil? Mas depois de tudo isso não tem como não ficar fascinada por este mundo

(10)

ix

Sumário

Dedicatória ... iv Agradecimentos ... v Listas ...

x

Resumo ... Abstract...

xiv xv 1. INTRODUÇÃO... 1 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA... 5 2.1.Classificação articulatória das vogais orais do português brasileiro... 5 2.2.Teoria acústica da produção da fala: o modelo fonte-filtro para produção das vogais ... 7 3. REVISÃO DA LITERATURA... 13 4. MÉTODOS...

18 5. RESULTADOS...

35

(11)

x

Lista de Figuras

Figura 1 - Trapézio vocálico...

7

Figura 2 - Aparelho fonador e trapézio vocálico... 7 Figura 3 - Ilustração dos achados anatômicos e musculares mais frequentes no

respirador oral... 14 Figura 4 - Forma da onda e espectrograma em janelamento de banda larga...

29 Figura 5 - Forma da onda e espectrograma em janelamento de banda larga:

seleção de um ponto estacionário... 29 Figura 6 - Identificação da trajetória dos formantes no espectrograma de banda

larga da vogal [a] em posição tônica de falante RO...

30

Figura 7 - Forma da onda e espectrograma de banda estreita da vogal [a] de

falante RO... 30 Figura 8 - Forma da onda e espectrograma de banda larga: extração do espectro a

partir da opção view spectral slice...

31 Figura 9 - Geração do espectro FFT a partir do espectrograma de banda estreita e

inspeção do traçadoda vogal [a] de falante RO... ... 31 Figura 10 - Configuração da marcação automática de formantes: considerar o

número de formantes previsto para o intervalo de frequências conforme valores de frequência fundamental (população masculina, feminina ou infantil) ... 32 Figura 11 - Inspeção do traçado do espectro de LPC suavizado sobreposto ao

traçado do espectro FFT... ... 32 Figura 12 - Ilustração da extração de medidas de frequência (F1 em Hz- sinalizado

em azul) e de intensidade (I1 em dB- sinalizado em verde) dos formantes da vogal [a] de falante RO... ... 33 Figura 13 - Distribuição das medidas de F1 e F2 das vogais orais do PB dos falantes

RO (respiradores orais)... 40 Figura 14 - Distribuição das medidas de F1 e F2 das vogais orais do PB dos falantes

(12)

xi

Figura 15 - Médias de medidas de F1 e F2 para as vogais orais do PB dos falantes

RO e RN... 41 Figura 16 - Distribuição das medidas de intensidade dos três primeiros formantes

(I1, I2, I3) das vogais orais produzidas por falantes dos grupos RO... 43 Figura 17 - Distribuição das medidas de intensidade dos três primeiros formantes

(I1, I2, I3) para as vogais orais produzidas por falantes dos grupos RN... 43 Figura 18 - Distribuição das medidas bandas de formantes (Hz) das 07 vogais orais

do PB do grupo RO... ...

44

Figura 19 - Médias de medidas de F1 e F2 (em Hz) para as vogais orais do PB dos

falantes RO e RN de 7 a 10 anos... 45 Figura 20 - Médias de medidas de F1 e F2 (em Hz) das vogais orais do PB dos

falantes RO e RN de 10 anos e 01 mês a 12 anos ... 46 Figura 21 - Médias de medidas de F1 e F2 (em Hz) das vogais orais do PB dos

falantes RO de 7 a 10 anos e RO de 10 anos e 01 mês a 12 anos ... 47 Figura 22 - Médias de medidas de F1 e F2 (em Hz) das vogais orais do PB dos

(13)

xii

Lista de Tabelas

Tabela 1 - Valores de médias e desvio-padrão dos três primeiros formantes: frequência (F1, F2, F3), intensidade (I1, I2, I3) e banda (B1) da vogal [a] dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal)... 35 Tabela 2 - Valores de médias e desvio-padrão dos três primeiros formantes: frequência

(F1, F2, F3), intensidade (I1, I2, I3) e banda (B1) da vogal [ɛ]dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal)... 36 Tabela 3 - Valores de médias e desvio-padrão dos três primeiros formantes: frequência

(F1, F2, F3), intensidade (I1, I2, I3) e banda (B1) da vogal [e] dos falantes

dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal)... 36 Tabela 4 - Valores de médias e desvio-padrão dos três primeiros formantes: frequência

(F1, F2 e F3), intensidade (I1,I2,I3) e banda (B1) da vogal [i] dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal)... 37 Tabela 5 - Valores de médias e desvio-padrão dos três primeiros formantes: frequência

(F1, F2, F3), intensidade (I1, I2, I3) e banda (B1) da vogal [o] dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal)...

37

Tabela 6 - Valores de médias e desvio-padrão dos três primeiros formantes: frequência (F1, F2, F3), intensidade (I1,I2,I3) e banda (B1) da vogal [ɔ]dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal)... 38 Tabela 7 - Valores de médias e desvio-padrão dos três primeiros formantes: frequência

(F1, F2, F3), intensidade (I1,I2,I3) e banda (B1) davogal [u] dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal)...

38

Tabela 8- Valores de médias (ME) e desvio-padrão (DP) dos três primeiros formantes F1, F2 e F3 das 7 vogais orais do PB dos falantes dos grupos RO e RN

39 Tabela 9- Valores de médias (ME) e desvio-padrão (DP) da intensidade (I1,I2,I3 em

dB) dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador

nasal)... 42 Tabela 10- Valores de médias (ME) e desvio-padrão (DP) da banda do primeiro

(14)

xiii

Lista de Quadros

Quadro 1- Características dos sujeitos com Respiração Oral (RO) baseadas no Protocolo MBGR... 21 Quadro 2- Características dos sujeitos com Respiração Nasal (RN) baseadas

no Protocolo MBGR... 22 Quadro 3- Informações referentes ao perfil de qualidade vocal dos falantes avaliados

no grupo RO ... 26 Quadro 4- Informações referentes ao perfil de qualidade vocal dos falantes avaliados

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xiv

Resumo

Introdução: a ocorrência de respiração oral (RO) interfere negativamente no posicionamento da língua, podendo causar alterações persistentes de fala, mastigação e deglutição por várias etapas da vida. Estudos mostram que o instrumental acústico propicia a condição de inferir o posicionamento do dorso da língua durante a produção de fala, o que poderia auxiliar os processos diagnóstico e terapêutico da RO. Objetivo:

apresentar dados acústicos comparativosdo padrão de formantes (frequência, intensidade dos três primeiros formantes – F1, F2 e F3 e banda do primeiro formante) das vogais orais do português brasileiro (PB) de amostras de fala de indivíduos com diagnóstico de respiração oral (RO), em comparação a indivíduos sem alterações respiratórias (RN).

Metodologia: 8 falantes com respiração oral e 8 sem alterações respiratórias com idades entre 07 a 10 anos e 10 anos e 01 mês a 12 anos foram submetidos à sessão de gravação de amostras de fala contendo trechos de fala semi-espontânea e sentenças-veículo com as sete vogais orais do PB inseridas. As gravações foram analisadas por meio do software

de livre acesso Praat, para extração de medidas acústicas referentes à freqüência,

intensidade e banda de formantes. As medidas acústicas foram submetidas à análise

estatística por meio do teste T. Resultados: A caracterização do padrão formântico das vogais orais do grupo RO em relação ao RN revelou diferenças estatísticas em termos dos parâmetros de frequência e intensidade. No caso da frequência, F1 revelou-se rebaixado nas vogais abertas e semi abertas do grupo RO, enquanto F2 revelou-se rebaixado nas vogais anteriores do grupo RO. Tais dados sugerem diminuição da movimentação de língua (no eixo da altura e do deslocamento ântero-posterior) e da abertura da mandíbula. Quando foram comparadas as subfaixas etárias (07 a 10 anos e 10 anos e 01 mês a 12 anos) para cada um dos grupos (RO e RN) detectou-se aumento de todas as freqüências formânticas (F1, F2 e F3) na primeira subfaixa etária, revelando que houve ampliação da extensão total do trato vocal na etapa seguinte, provavelmente pelo processo de crescimento craniofacial e laríngeo. As medidas de intensidades formânticas (I1, I2 e I3) apresentaram-se aumentadas no grupo RO em relação ao RN. Tal achado foi relacionado a efeitos de ajustes de tensão laríngea (hiperfunção) e de modificações na dimensão da cavidade oral consequentes ao quadro de respiração oral, tais como palato duro alto e estreitado. Conclusão: os falantes respiradores orais apresentaram alterações na estrutura formântica das vogais orais do PB, em comparação aos dados de falantes sem alteração da respiração, com destaque para as medidas de freqüência (F1, F2 e F3) e de intensidade (I1, I2 e I3).

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xv

Abstract

Introduction: oral breathing (RO) can influence tongue movements patterns and this can cause persistent alterations in speech, chewing and swallowing throughout life. Studies show that the use of acoustic analysis allows us to infer tongue position during the production of speech. This can be helpful in the processes of diagnosis and speech therapy. Objectives: to present acoustic data of the formant patterns (frequency and intensity of the first three formants – F1, F2 and F3, and the bandwidth of the first formant – F1) of Brazilian Portuguese (PB) oral vowels as produced by individuals diagnosed with mouth breathing (RO) and individuals presenting no respiratory alterations (RN).

Methodology: the corpus consisted of words, inserted in carrier sentences, containing all of the seven oral vowels in stressed position and semi-spontaneous speech. It was recorded by two groups of subjects (RO and RN). These two groups were further divided into two age groups (7-10 years and 10 years and one month to 12 years). Results:

statistical differences between RO’s and RN’s vowel formants (frequency and intensity) have been found. The comparison between the vowel formant structures revealed that the F1 frequencies of the open vowels produced by the RO group were lower than those produced by the RN group, but the F2 frequencies were found to be lower in anterior vowels. These data can be interpreted as related to diminished tongue movement and jaw openness. The comparison among age groups (7 years -10 years and 10 years and 1 month – 12 years) within RO and RN groups showed that all formant frequencies (F1, F2 and F3) of the vowels produced by the 7 -10 age group were higher than the older group. This finding can be interpreted as correlated to laryngeal and craniofacial growth. The intensity values of the vowels produced by the RO group were found to be higher than the ones produced by the RN group. This finding can to be correlated with the higher degrees of laryngeal tension (hyperfunction) which characterized RO’s voice qualities and characteristics of oral cavity size due to high and narrowed palate area. Conclusion:

comparison between the formant structures of the vowels produced by the RO and the RN groups were found to differ in terms of formant frequency (F1, F2 and F3) and intensity (I1, I2 e I3).

(17)

1 INTRODUÇÃO

A respiração oral (RO), em oposição à respiração nasal (RN), é um quadro frequente na infância e adolescência. O número de respiradores orais aumenta significativamente em função da vida moderna: desenvolvimento urbano e industrial, poluição ambiental (MARCHESAN, 1998; 2003; SILVA et al., 2002). Assim, muitos pacientes buscam atendimento fonoaudiológico encaminhados por vários profissionais da área da saúde como dentistas, otorrinolaringologistas, alergistas, pediatras, pneumologistas, fisioterapeutas e psicólogos (MIRANDA et al., 2002; PAROLO e BIANCHINI, 2000).

Há um consenso da necessidade de uma equipe interdisciplinar para a eficiência no tratamento devido a sua complexidade. Além disso, os profissionais que atuam nesta área estão melhor preparados para reconhecer a amplitude do problema a fim de buscar soluções para a problemática em questão (MIRANDA, 2002; MARCHESAN, 2003).

Do conjunto de alterações previstas no quadro de RO, aquelas referentes à fala ganham destaque especialmente em termos da produção de consoantes como plosivas ([t] [d]), fricativas [s] [z], alveolares (MARCHESAN, 2005, 2011).

Além disso, é frequente a menção à alteração do posicionamento da língua na cavidade oral durante a produção da fala, o que resultaria clinicamente numa característica descrita como imprecisão. Tal referência clínica geralmente guarda relação com a qualidade das vogais, em que a alteração do posicionamento dos articuladores (palato mole, língua, lábios e mandíbula) modifica a resposta de ressonância característica do som das vogais, levando, muitas vezes, em conjunto com as alterações nas consoantes e alterações da inteligibilidade da fala.

(18)

formânticas das vogais, especialmente do primeiro formante - F1 (GREGIO et al., 2005; GREGIO et al., 2006), sinalizando postura de dorso de língua elevado.

Com o intuito de corresponder os achados clínicos dos respiradores orais com as particularidades da produção dos sons consonantais e vocálicos, destaca-se a contribuição da tecnologia de fala. Informações disponibilizadas por meio de imagens do trato vocal (ressonância magnética e ultrassonografia), além da eletromiografia de superfície, da articulografia e da análise acústica da fala, ganharam destaque nos estudos da fala com e sem alteração (MARCHESAN, 2008).

A análise acústica caracteriza-se como técnica não invasiva de avaliação do aparelho fonador na produção da fala e que permite estabelecer relação com a esfera da percepção dos sons da fala.

Com respaldo da Fonética Acústica, a análise acústica propicia a inferência a respeito dos movimentos que resultaram no sinal sonoro analisado. Dessa forma, a decomposição do sinal sonoro permite o detalhamento dos mecanismos que levaram à sua produção e as características que afetam sua percepção.

Neste contexto, o estudo das características acústicas das vogais poderia propiciar a reflexão sobre aspectos relevantes da mobilização dos articuladores na situação de RO; que tenham maior ou menor impacto nas alterações de fala, há muito referidas em termos de atuação clínica fonoaudiológica.

(19)

Além disso, o estudo evidenciou que crianças com respiração oral apresentam baixos escores de qualidade de vida (questionários) em relação às crianças saudáveis. Tais achados são decorrentes de valores baixos nas respostas aos domínios de: percepção geral da saúde, limitações sociais, comportamentos e impacto em relação aos pais, fatores estes considerados tanto do ponto de vista emocional quanto em relação ao tempo despendido com a doença (DI FRANCESCO, 2003).

Diante do exposto, pretendo aprofundar a investigação dos aspectos de posicionamento da língua na produção das vogais orais dos falantes respiradores orais, a partir da descrição acústica das vogais, de forma a refletir sobre as seguintes questões:

 De que forma a respiração oral compromete o posicionamento da língua durante a produção do sinal de fala?

 Há uma tendência de mobilização dos articuladores e de compensações para a fala no caso das alterações de movimentação dos articuladores refletidas na produção das vogais na respiração oral em comparação à respiração nasal?

 Outros parâmetros acústicos relacionados às ressonâncias do trato vocal podem sinalizar particularidades do grupo de RO?

O respaldo teórico das Ciências da Fala, na leitura de dados advindos da clínica fonoaudiológica, particularmente da Fonética Acústica, justifica-se pela possibilidade de se aprofundar na interface entre a produção e a percepção do sinal de fala, permitindo em muitas situações, abordagens terapêuticas refinadas e diferenciadas para a manifestação em questão (GREGIO, 2006; CAMARGO e MADUREIRA, 2009).

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- Frequência (F1, F2 e F3 em Hz); - Intensidade (I1, I2, I3 em dB); - Banda (B1 em Hz).

(21)

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

No campo da fonética, tal como se pratica hoje, é imprescindível o trabalho interdisciplinar que congrega as diversas disciplinas das Ciências da Fala, tais como a Linguistica, a Neurociências, a Engenharia, as Ciências da Computação as Ciências Médicas entre outras, a fim de compreender a complexidade dos processos envolvidos entre a produção e a percepção do sinal de fala e permitir obter avanços em nossos conhecimentos (LLISTERRI, 1991).

Neste capítulo, destinado à fundamentação teórica, abordo aspectos relacionados à classificação articulatória das sete vogais orais do português brasileiro e ao Modelo Fonte-Filtro para a produção das vogais, integrante da Teoria Acústica da Produção da Fala, proposta por FANT (1970).

Estudos sobre os sons vocálicos são pertinentes para a compreensão dos seus mecanismos de produção e percepção (GREGIO, 2006) uma vez que são segmentos relevantes para inteligibilidade da fala por veicularem o acento e a entoação.

A exploração das propriedades articulatórias e acústicas das vogais dos achados na fala de crianças RO e RN é subsidiada, neste estudo, pelas Ciências Fonéticas.

2.1 A classificação articulatória das vogais orais do português brasileiro

Do ponto de vista articulatório, as vogais são classificadas quanto à conformação dos espaços supraglóticos, uma vez que as pregas vocais sempre vibram no momento de sua produção e não ocorre obstrução total ou parcial da corrente de ar em sua produção (CAMARGO e NAVAS, 2009).

(22)

 posicionamento da língua

o altura: representa a dimensão vertical ocupada pela língua dentro da

cavidade oral, considerando-se vogal alta, média (alta e baixa) ou baixa;

o deslocamento ântero-posterior da língua: representa a dimensão

horizontal, considerando-se vogal anterior, central ou posterior;

 arredondamento dos lábios: considera a presença ou ausência de arredondamento, considerando-se vogal arredondada ou não-arredondada;

 grau de abertura da cavidade oral, considerando-se vogal aberta, fechada ou intermediária (semi-aberta e semifechada);

 posicionamento do palato mole: considerando-se vogal oral, quando se encontrar elevado ou vogal nasal, quando abaixado.

Deste modo, na posição tônica do PB, é descrita a ocorrência de sete vogais orais (CAMARGO e NAVAS, 2009):

[i]: vogal oral, alta, anterior, não-arredondada, fechada;

[e]: vogal oral, média-alta, anterior, não-arredondada, fechada; [ɛ]: vogal oral, média-baixa, anterior, não-arredondada, aberta; [a]: vogal oral, baixa, central, não-arredondada, aberta;

[ɔ]: vogal oral, média-baixa, posterior, arredondada, aberta; [o]: vogal oral, média-alta, posterior, arredondada, fechada; [u]: vogal oral, alta, posterior, arredondada, fechada.

(23)

Figura 1. Trapézio vocálico1 Figura 2. Aparelho fonador e trapézio vocálico2

Fonte: IPA International Phonetic Association

A configuração do trato vocal durante a produção das vogais orais e nasais do PB foi estudada por meio de imagens radiográficas (PINHO et al., 1988; MASTER, 1991) e de ressonância magnética (IRM) (GREGIO, 2006) no cenário nacional.

2.2. Teoria Acústica da produção da fala: o Modelo Fonte-Filtro

Dentre os modelos teóricos que podem colaborar para a leitura clínica de dados de distúrbios de fala, a Teoria Acústica da Produção da Fala, especialmente o Modelo Fonte-Filtro para a produção das vogais proposto por FANT (1970), destaca-se pela possibilidade de permitir a integração a dados da percepção e da fisiologia do sinal de fala.

O modelo referido pressupõe que a onda de fala seja considerada como a resposta dos sistemas de filtro do trato vocal a uma ou mais fontes sonoras (fonte de voz, fonte de ruído continuo, fonte de ruído transiente) (CAMARGO, 1999). Assim, os sons vocálicos

1 Disponível em http: //www.langsci.ucl.ac.Uk/ipa/vowels.html, acesso em 28 out 2011

2

(24)

seriam resultantes da excitação no trato vocal da energia produzida inicialmente pela atividade glótica, de vibração das pregas vocais (fonte de voz).

Do ponto de vista fonético, o som vocálico possui fonte de voz (sonoridade) e trato vocal supraglótico sem obstrução à passagem de ar (CAMARGO et al., 2000; CAMARGO e MADUREIRA, 2009; GREGIO, 2006). Este sinal periódico gerado pela fonte laríngea sofre a função de transferência do trato vocal em que as frequências do sinal glótico são reforçadas pelo trato vocal supraglótico. Este fenômeno depende do comprimento da extensão total e do diâmetro do trato vocal supraglótico (SILVA, 1997; CAMARGO et al., 2003; MAGRI et al., 2007; MAGRI et al., 2009).

Neste modelo, a fonte sonora atua como um transdutor de energia aerodinâmica (fluxo de ar) em acústica (sonoridade) e o filtro reforçam algumas freqüências produzidas pelas pregas vocais, caracterizando assim o efeito de ressonância do trato vocal (CAMARGO et al., 2003; MAGRI et al.,2007). Tal efeito pode ser descrito por meio das medidas de formantes, entendidos como as ressonâncias do trato vocal supraglótico e identificados pelas frequências do sinal glótico amplificadas pelo trato vocal supraglótico (CAMARGO et al., 2003; MAGRI et al.,2007).

Os formantes são então caracterizados por sua frequência central, sua intensidade e sua largura de banda (MENDES, 2003), de maneira que qualquer mudança nas propriedades da ressonância altera a qualidade das vogais.

O número de formantes identificados numa vogal é teoricamente infinito. Na análise acústica, entretanto, os três primeiros são os que recebem maior atenção dos pesquisadores, por permitirem a distinção entre as vogais, conferindo a sua identidade fonética (FANT, 1973; SILVA, 1997; CAMARGO et al., 2003; GREGIO, 2006; MAGRI et al., 2007).

(25)

o palato e está relacionado à altura da língua e à abertura de boca. O segundo (F2) é influenciado pela cavidade oral (anterior) e está relacionado com a posição da língua no sentido ântero-posterior (eixo horizontal). O terceiro formante (F3) coincide com o grau de constrição na passagem da corrente de ar.

Assim, os ajustes supraglóticos capazes de modificar a frequência de F1 estão relacionados principalmente às modificações na altura da língua e no grau de abertura da mandíbula (abertura da boca). O aumento do valor da frequência de F1é proporcional ao aumento desta última abertura referida (BEHLAU et al., 1998). O movimento de elevação da língua mantém relação direta com o aumento da dimensão da cavidade posterior (faríngea) e o abaixamento com a diminuição da dimensão desta cavidade. O aumento da cavidade posterior leva a uma redução no valor da frequência de F1 e vice-versa (FANT, 1970; LADEFOGED, 1973; PINHO e CAMARGO, 2001; MAGRI et al., 2007, 2009).

A frequência do F2 relaciona-se às variações do movimento da região da língua no sentido ântero-posterior. A anteriorização do dorso da língua promove o aumento de sua frequência, pois diminui a cavidade anterior, formada à frente do ponto no qual o corpo da língua mais se aproxima do palato (duro ou mole). Contrariamente, a língua em uma posição mais retraída faz com que a cavidade anterior aumente em dimensão e, consequentemente, reduza a frequência de F2 (FANT, 1970; LADEFOGED, 1973 CAMARGO, 1999; PINHO e CAMARGO, 2001; MAGRI et al., 2007,2009).

A frequência de F3 guarda relação com as duas cavidades formadas pela posição da língua, ou seja, uma cavidade atrás e outra à frente do ponto de maior aproximação da língua ao palato (FANT, 1970; 1973, CAMARGO, 1999; LIMA et al., 2007). O F3 é, portanto, influenciado por constrição ântero-posterior (BORDEN et al.,1994).

(26)

Ao investigar acusticamente as vogais, é importante analisar as medidas de frequências formânticas, bem como sua relação com os demais parâmetros de intensidade e largura de banda, enquanto descrição do padrão de formantes (CAMARGO, 1999).

A magnitude do pico espectral é praticamente equivalente à razão entre a frequência e a largura de banda de determinado formante: Fn/Bn. A amplitude geral de uma vogal para um determinado espectro da fonte glótica, é determinada pela amplitude do primeiro pico espectral (STEVENS, 2000).

A intensidade intrínseca depende da realização articulatória: quanto maior for o canal de passagem da corrente de ar, maior é a quantidade de ar que o atravessa e, por conseguinte, maior a intensidade. Desta forma, as vogais fechadas ou altas, articuladas com maior elevação da língua em relação ao palato duro ou mole, serão menos intensas em comparação às vogais abertas ou baixas (MARTINS, 1988).

A largura de banda dos formantes representa a faixa de frequência efetiva de resposta do ressoador, ou seja, a extensão de frequência em torno da qual um ressoador responde a um estímulo glótico (LADEFOGED, 1996; STEVENS, 2000; CAMARGO et al., 2003). Geralmente é determinada pelas perdas acústicas no trato vocal, advindas de várias fontes, como as paredes do trato, viscosidade, condução de calor e radiação, sendo que cada um desses mecanismos influencia regiões de frequências específicas (STEVENS, 2000; MENDES, 2003).

Para efeitos de extração da medida, a largura de banda do pico de cada formante representa o intervalo de frequências situado na extensão compreendida em até 3 dB abaixo do pico (frequência central). Representa as frequências anteriores e posteriores ao pico que indicam ganho de intensidade de até 3 dB abaixo da intensidade da frequência central do formante (LADEFOGED, 1996; STEVENS, 2000; CAMARGO et al., 2003).

(27)

Em termos da percepção do sinal de fala e, especificamente das vogais, cabe mencionar STEVENS (2000), quanto às não linearidades propostas para explicar o “salto quântico” na percepção, em que as variações articulatórias da fala não resultariam

(proporcionalmente) em conseqüências auditivas. Nesta concepção, existiriam regiões do aparelho fonador consideradas invariantes, de maneira que, mesmo uma grande variação na articulação poderia resultar na ausência de efeito auditivo. Por outro lado, variações de menor proporção na trajetória do movimento de articuladores numa área de maior variação poderiam resultar num efeito de maiores dimensões na percepção, o referido

“salto quântico”. Neste aspecto, extensa e aprofundada revisão de literatura sobre a acústica e percepção de vogais pode ser encontrada em MENDES (2003).

Na literatura, a busca por detalhamento das alterações de produções vocálicas tem sido conduzida por poucos grupos. Neste campo, destacam-se BALL e GIBBON (2002), em organização de volume dedicado às alterações clínicas que envolvem a percepção e a produção de vogais e as consequências de tais distúrbios.

MENDES (2003) realizou estudo que analisou a relação entre produção e percepção das sete vogais orais do PB por um sujeito deficiente auditivo e um sujeito ouvinte. A análise acústica compreendeu medidas de frequência em Hz e transformação em BARK dos três primeiros formantes e da frequência fundamental, além da medida de duração das vogais em contexto de consoantes plosivas não vozeadas. Os resultados mostraram o trapézio acústico mais disperso e com sobreposição nas vogais posteriores, indicando menor controle e precisão dos movimentos articulatórios na fala do deficiente auditivo.

(28)

abertura excessiva da mandíbula. Além disso, a relação entre F1 e F2 das vogais em posição átona revelou alterações na qualidade da vogal.

Estudo acústico das vogais também foi conduzido por ANDRADE DAN (2009), que selecionou segmentos das sete vogais orais do PB em posição tônica de falantes saudáveis de 4 a 8 anos para o levantamento de estimativa das medidas de frequência fundamental (f0), frequências dos formantes (F1, F2 e F3) e a largura de banda de F1da vogal [i]. Os achados mostraram decréscimo na frequência fundamental e nas frequências dos formantes com o aumento da idade.

LIMA-GREGIO (2010) investigou frequências de F1, F2, F3, formante nasal (FN) e anti-formante para as vogais [a] e [ã] na presença de aberturas feitas no bulbo de réplicas da prótese de palato de uma paciente com insuficiência velofaríngea. Foram observadas mudanças significativas nos valores espectrais estudados de acordo com alterações no tamanho da abertura velofaríngea.

Trabalhos anteriores de BEHLAU et al. (1988), SOUZA (1994) e ARAÚJO (2000) sobre análise das vogais do PB também são encontrados na literatura, com estimativas de medidas de frequências de formantes para vários grupos de falantes (crianças, adolescentes, adultos do sexo masculino e feminino).

No campo das descrições de distúrbios de fala, as vogais não ganham o mesmo destaque conferido às consoantes. Os estudos de aquisição fonológica em língua materna dedicaram muito mais espaço para a cronologia de desenvolvimento de consoantes e conjuntos de padrões normais de substituição de consoantes em relação às vogais (BALL e GIBBON, 2002).

(29)

3 REVISÃO DA LITERATURA

Este tópico é destinado à caracterização dos falantes respiradores orais e as possíveis manifestações de alterações de fala.

A respiração oral é tida por fonoaudiólogos, médicos e dentistas como uma das causas das alterações do tônus3 das estruturas da boca e da face, assim como das alterações das funções de mastigação, deglutição e, especialmente da produção articulatória da fala (MARCHESAN, 2005).

Em geral, a respiração oral é consequência de um processo obstrutivo do nariz ou da faringe. Sendo assim, deve ser considerada uma adaptação patológica uma vez que pode desencadear uma série de distúrbios para o indivíduo e não deve ser considerada como uma adaptação alternativa (fisiológica) à dificuldade de respirar pelo nariz (DI FRANCESCO, 2003).

Entretanto, há ainda a respiração oral por hábito, quando não se encontra mais a doença obstrutiva. A investigação da causa da obstrução é relevante para compreensão do problema e determinação da conduta terapêutica nos casos dos distúrbios orofaciais (MARCHESAN e DI FRANCESCO, 2011).

TSUJI e CHUNG (2003) indicam como causas mais comuns de obstrução nasal: fatores anatômicos: desvio septal, hipertrofia das tonsilas faríngeas ou palatinas, hipertrofia de cornetos inferiores;

fatores inflamatórios (rinopatias): rinite alérgica (teste cutâneo positivo) , rinite não alérgica (teste cutâneo negativo), rinite vasomotora, rinite medicamentosa, rinite atrófica;

infecções: resfriado comum, rinossinusite bacteriana;

malformações congênitas: atresia coanal, cisto dermóide; neoplasias; doenças sistêmicas;

3Neste trabalho utilizarei o termo hipotonia e/ou hipertonia para referir a diminuição ou aumento do tônus de

(30)

outras causas: mucocele, papiloma, perfuração, septal.

De acordo com Principato, citado por (MARCHESAN, 2011) o indivíduo respirador oral pode apresentar um crescimento desarmônico da face, o que resultaria em características faciais típicas, como maxila atrésica, protrusão de incisivos superiores, mordidas aberta e/ou cruzada, eversão de lábio inferior, lábio superior hipodesenvolvido, narinas estreitas e hipotonia da musculatura perioral.

A Figura 3 apresenta ilustrações das alterações anatômicas e musculares mais frequentes no respirador oral, com base em levantamento do registro fotográfico do grupo de falantes RO participante deste estudo.

a. b. c.

d. e.

Figura 3 - Ilustração dos achados anatômicos e musculares mais frequentes no respirador oral:

a.hipertonia do músculo mentual ao tentar fechar os lábios; b. palato duroprofundidade aumentada e largura reduzida; c. lábio superior cobre menos de um terço dos dentes superiores; d. lábios ressecados e inferior evertido; e. narinas estreitas

(31)

comportamentais presentes em respiradores orais, a diminuição do tônus dos órgãos fonoarticulatórios, com destaque para a hipotonia funcional da língua, é evidenciada na grande maioria dos casos (DI FRANCESCO, 2004). Tal achado é fator desencadeante de distúrbios na produção dos sons da fala.

No atendimento clínico, na atividade junto ao respirador oral observamos que, independente da causa, o paciente tende a apresentar a língua rebaixada ou posicionada no assoalho da boca, com parte do dorso elevado, além de possíveis alterações musculares, oclusais e ósseas.

Na produção da fala, o respirador oral tende a apresentar ocorrências descritas clinicamente como distorções de [s] e [z] (ex. ceceio anterior ou “lateral”), ou imprecisão

articulatória (MARCHESAN, 1995, 2005; PIEROTTI, 2003). Tais alterações podem ocorrer pela diminuição do tônus dos órgãos fonoarticulatórios e também pelo acúmulo da saliva na boca (MARCHESAN, 1995, 2005, 2011). Nas manifestações mais intensas, a língua assume formato alargado e a musculatura supra-hióidea apresenta o tônus diminuído. Normalmente, nesses falantes, os sons referidos como mais comprometidos são as consoantes dentais [t] e [d], produzidos com projeção do terço anterior da língua (alteração do ponto articulatório da consoante).

A presença de alteração de fala tem sido mencionada como parte do quadro do (RO), mas sua investigação é ainda limitada quando se considera o vasto panorama de pesquisas sobre os distúrbios de fala.

Recentemente, em levantamento bibliográfico sobre o perfil da fala do respirador oral, GIMENEZ e NISHIMURA (2010) constataram que o tema na literatura nacional é escasso, e os poucos artigos existentes abordam as alterações de fala indiretamente.

(32)

dentais [t], [d], que são produzidos com projeção do terço anterior da língua. A modificação do ponto de articulação, por menor que seja, associada ao enfraquecimento na produção dos mesmos, pelo fato de o tônus de lábios e língua estarem diminuídos, tende a conferir um aspecto de imprecisão na produção da fala como um todo.

Além de alterações da fala, encontramos também na literatura pesquisas que citaram a associação entre obstrução nasal e o desenvolvimento de patologias laríngeas. Pacientes respiradores orais poderiam apresentar modificações na estrutura das pregas vocais provocadas pelo hábito da respiração alterada, uma vez que a respiração oral pode ressecar os tecidos da laringe e prejudicar a vibração das pregas vocais (PINHO, 1998; MARTINS e TRINDADE, 2003).

Os efeitos dos processos alérgicos na qualidade vocal vão além das alterações de ressonância. HERSAN (2003) observa relação entre o quadro alérgico e presença de nódulos em crianças.

BAKER et al. (1982) realizou estudo com crianças com diagnóstico de alergias e encontrou anormalidades na qualidade vocal e na articulação dos sons em 50% das amostras.

TAVARES e SILVA (2008) apresentam uma revisão na literatura sobre a relação entre respiração oral e disfonia, analisando a influência das alterações causadas pela respiração oral na qualidade e/ou comportamento vocal. Concluem que poucos autores relatam a possível correlação entre esses dois parâmetros (respiração oral e disfonia). Porém, reconhecem que a respiração oral promove uma série de alterações estruturais significativas que refletem nas funções estomatognáticas, interferindo também na fonação.

(33)

estatisticamente significantes na f0 das vogais [i] e [u] e na F1 da vogal [u]. A partir destes achados concluiu que a f0 consiste em um parâmetro vocal capaz de diferenciar respiradores orais de crianças saudáveis, contribuindo, desta forma para um sistema de classificação do respirador oral.

O trabalho de DENUNCI (2003) descreveu a qualidade vocal do ponto de vista perceptivo nas alterações miofuncionais e posturais relacionadas às obstruções das vias aéreas superiores, em população infantil, por meio da descrição da atividade laríngea e dos parâmetros perceptivo-auditivos vocais através do modelo VPAS proposto por LAVER (1980) e adaptado por CAMARGO (2002). Participaram deste estudo crianças com obstrução de vias aéreas superiores decorrente de hipertrofia de tonsilas palatinas (grupo GT) e outro grupo composto de crianças com hipertrofia de tonsilas faríngeas (grupo GA). Foram encontradas diferenças significativas entre os grupos GA e GT no que se refere aos ajustes de denasalidade e voz áspera e tendências para ajuste articulatório de labiodentalização e nasalidade em relação ao grupo GT.

(34)

4 MÉTODOS

A descrição da metodologia é apresentada enquanto tópicos relativos aos sujeitos; local de realização da pesquisa e procedimentos de coleta e de edição de análise dos dados.

4.1 Sujeitos

A coleta inicial de dados foi realizada com 38 sujeitos, sendo que foram excluídos aqueles da coleta piloto, com alterações de qualidade vocal graus 3 e 4 de acordo com aplicação do roteiro VPAS (CAMARGO e MADUREIRA, 2008), e de fala (contraste de sonoridade), com dificuldades em realizar a coleta (deslocamento do acento silábico e dificuldade em diferenciar a produção dos sons vocálicos [o] e [ɔ] , [e] e [ɛ] na forma da escrita). Estes critérios são detalhadamente expostos abaixo.

Do grupo inicial de 38 sujeitos, foram selecionados 16 falantes, sendo 8 com diagnóstico otorrinolaringológico e fonoaudiológico de respiração oral (RO) e 8 sem alterações respiratórias (RN) (grupo referência), com idades entre 07 a 12 anos, por corresponder à faixa etária atendida pelo programa CARO (Centro de Atendimento do Respirador Oral) do Hospital Municipal Infantil Menino Jesus. Além disso, o limite inferior da faixa etária representa o período final de aquisição dos sons do PB (WERTZNER, 1995) enquanto o limite superior representa período anterior a muda vocal (PINHO, 1998).

(35)

Pelos estudos de GENEROSO et al. (2003) há correlação direta entre idade cronológica com a maturação das vértebras cervicais, e ainda sem diferenças estatísticas entre os sexos masculino e feminino até os 12 anos de idade.

Ainda neste estudo a variação do índice de maturação das vértebras cervicais na faixa de 7 a 10 anos ocorreu estágio de maturação semelhante, sendo que na faixa acima, de 10 anos a variação foi maior.

A partir destas considerações, os sujeitos do presente estudo, foram divididos em dois subgrupos: 07 a 10 anos e 10 anos e 01 mês a 12 anos.

Considerando os tópicos elencados, os critérios de inclusão dos sujeitos participantes da pesquisa para o grupo com alteração respiratória (RO) foram: apresentar alterações no Exame Miofuncional Orofacial – MBGR (Protocolo MBGR) 4 proposto por MARCHESAN et al. (2011) e aplicado para avaliação da respiração. Para o grupo sem queixa e sinais de alteração de respiração (RN), foi considerado o histórico negativo em questionário (anexo 1) para os pais e ausência de alterações clínica em um breve exame clínico adaptado do protocolo MBGR para descartar alterações respiratórias (anexo 2).

Os critérios de exclusão para o grupo RO foram: presença de deformidades craniofaciais não relacionadas ao quadro de respiração oral, deficiência auditiva, comprometimentos neurológicos, alterações de qualidade vocal de natureza fonatória em graus maiores que 2.

Os critérios de exclusão para o grupo RN foram: presença de deformidades craniofaciais, deficiência auditiva, comprometimentos neurológicos, alterações no Protocolo MBGR (MARCHESAN et al., 2011) para respiração, e alterações sistemáticas da fala.

4Disponível em http: //dx.doi.org/10.1590/S1516-18462009000200009

(36)

Conforme preceitos éticos, os responsáveis pelos sujeitos participantes foram informados sobre os procedimentos e objetivos da pesquisa, e convidados de modo a expressarem consentimento por meio do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) no uso das informações para fins estritamente científicos e de inclusão das amostras coletadas ao banco de dados do Instituto CEFAC e do LIAAC (Laboratório Integrado de Análise Acústica e Cognição, PUC SP) (anexo 3).

O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa do CEFAC e aprovado sob o número 051 /10 (anexos 4 e 5).

(37)

S* gen idade Respiratória Saúde Postura e forma de lábios Lingua posição habitual Palato duro Profundidade largura Tonsilas

palatinas Oclusão e mordida Tônus Fala

S1 F 10.11

adenoidectomia aos 7 anos

rinite

entreabertos inferior com

eversão

não

observável aumentada reduzida observáveis não mordida aberta Classe I diminuído lábios distorção do [s] [z] [x] [j]

S2 M 9.7 adenoamidalectomia aos 7 anos

entreabertos inferior com

eversão acentuada

interdental aumentada reduzida removidas mordida de topo Classe I

mentual aumentado bochecha esquerda diminuído imprecisão

S3 M 9.5 rinite alérgica sinusite

ronco aberto ao dormir

não

observável aumentada reduzida observáveis não Classe I

sem alterações imprecisão assitemática

S4 M 12.2

rinite alérgica ronco

baba

ora abertos ora fechados

eversão discreta rebaixada

aumentada

reduzida presentes

Classe I a direita Classe III a

esquerda mordida aberta anterior lábio inferior diminuído mentual aumentado língua diminuído imprecisão distorção [s] [z] [x] [j] [t] [d]

[l] interposição

lingual

S5 F 7.9 rinite alérgica hipertrofia de tonsilas palatinas

abertos asa de gaivota

inferior com eversão acentuada

rebaixada aumentada reduzida hipertrofia mordida aberta Classe III anterior

lábios diminuído

língua diminuído

distorção do [s] [z]

S6 F 8.7 rinite alérgica inferior com leve entreabertos

eversão assoalho

aumentada não

observáveis sobressaliência

lábios

diminuídos sem alteração

S7

F 10.11 rinite alérgica

entreabertos asa de gaivota

inferior com eversão discreta

não

observável adequado observáveis não

mordida aberta posterior a esquerda lábio inferior diminuído mentual aumentado alteração de ressonância

S8 M 7.4 rinite alérgica entreabertos no assoalho aumentada reduzida presentes cruzada canino língua diminuído

ceceio anterior acúmulo de saliva

imprecisão

Quadro 01- Características dos sujeitos com Respiração Oral (RO) baseadas no Protocolo MBGR

(38)

S* gen idade respiratória Saúde Postura de lábios

Língua posição habitual

Palato duro Profundidad

e largura

Tonsilas palatinas

Oclusão e mordida

Tônus Fala

S9 F 11 sem alterações fechados observável não aumentadareduzida observáveis não adequada alterações sem alterações sem

S10 M 10 sem alterações fechados observável aumentada não observáveis não adequada alterações sem alterações sem

S11 F 9.3 sem alterações fechados observável não adequado observáveis não adequada alterações sem alterações sem

S12 F 9.4 sem alterações fechados observável não adequado observáveis não adequada alterações sem alterações sem

S13 F 7.0 sem alterações fechados observável não adequado observáveis não adequada alterações sem alterações sem

S14 F 9.1 amigdalectomia adeno

aos 4 anos fechados

não observável

aumentada

reduzida ausente adequada alterações sem distorção [s] assistemático

S15 M 8.11 amigdalectomia adeno

aos 2 anos fechados

não

observável adequado ausente adequada alterações sem alterações sem

S16 M 10.1 adenoidectomia aos 3 anos fechados observável não aumentadareduzida observáveis não adequada sem alterações

sem alterações

Quadro 02- Características dos sujeitos com Respiração Nasal (RN) baseadas no Protocolo MBGR

(39)

4.2 Local de realização da Pesquisa

A coleta de dados foi realizada no departamento de Motricidade Orofacial (MO) e Laboratório de Fala do Instituto CEFAC5. Os falantes RO foram registrados ao iniciarem a avaliação fonoaudiológica na referida instituição, no setor de Motricidade Orofacial. Os falantes RN (grupo controle), sem queixas para avaliação no setor de motricidade orofacial, foram triados no momento de acompanhamento da consulta de familiares na instituição ou atendimento no setor de linguagem escrita, a fim de garantirmos o perfil sócio econômico semelhante.

5

(40)

4.3 Procedimentos de coleta de dados

A composição do corpus envolveu trechos de emissão semi-espontânea (a partir de solicitações do examinador, tais como “conte um passeio que você fez e gostou”) e leitura (ou repetição, para os que apresentaram dificuldade em ler) de sentenças-veículo contendo todas as vogais orais do PB em contexto tônico; sendo o intervalo preenchido com os vocábulos paroxítonos garantindo-se que as vogais analisadas estavam num mesmo contexto fonético.

“Diga______________ agora”

Papa [a] Pépe [ɛ]

Pêpe [e] Pipi [i] Pópo [ɔ]

Pôpo [o] Pupu [u]

As sentenças-veículo foram digitadas em fonte arial tamanho 36 apresentadas individualmente, em forma de fichas, em ordem aleatorizada para cinco repetições de cada sentença.

A gravação do referido corpus ocorreu em cabina acústica, com uso de mesa de

som, a partir do softwareSound Forge Edit (versão 7.0), em frequência de amostragem de

(41)

4.4 Procedimentos de edição e análise de dados de fala

Os trechos de fala semi-espontânea dos dois grupos foram avaliados a partir do roteiro VPAS-PB (CAMARGO e MADUREIRA, 2008) por um juiz com experiência há 12 anos na aplicação do roteiro. Tal avaliação permitiu compor o perfil de qualidade e dinâmica vocal a fim de excluir alterações de qualidade vocal de natureza fonatória detectadas em graus maiores que 2, devido à sua possível interferência na identificação dos formantes, tais como descontinuidades, impostas pela aperiodicidade do sinal de fala, que dificultam a extração de medidas acústicas.

(42)

S* Perfil de qualidade vocal

Ajustes supralaríngeos Ajustes laríngeos Ajustes de tensão S1 lábios estirados 2 (i)

diminuição da extensão de lábios 2 e mandíbula 3 corpo de língua elevado 4denasal 1

voz áspera 1 (i) hiperfunção de laringe 2

S2 ponta de língua avançada 1 diminuição da extensão de corpo de língua 3 e mandíbula 2 corpo de língua abaixado 2

denasal 1

escape de ar 1

voz crepitante 1 hiperfunção de laringe 1

S3 denasal 2

corpo de língua abaixado 2 diminuição da extensão de mandíbula 2

voz crepitante 1 (i)

S4 diminuição da extensão de corpo de língua 2 e lábios 2

corpo de língua abaixado 2 denasal 2 labiodentalização 1

voz áspera 1 hiperfunção de laringe 1

S5 denasal 1

diminuição da extensão de corpo de língua 2 e lábios 3

corpo de língua elevado 4 labios estirados 2

voz áspera 1

escapear 1

hiperfunção de laringe 1

S6 ponta de língua avançada 1 voz áspera 1 hiperfunção de laringe 2 S7 denasal 3

corpo de língua avançado 2

voz áspera 1 escapear

1

voz crepitante 1 (i) S8 corpo e ponta de língua avançado

1

(43)

S* Perfil de qualidade vocal

Ajustes supralaríngeos Ajustes laríngeos Ajustes de tensão S9 ponta de língua avançada 2 voz áspera 1

escape ar 1 hiperfunção de laringe 1 S10 ponta de língua avançada 1 voz áspera 1 escape ar 1

voz crepitante 1 hiperfunção de laringe 2 S11 diminuição da extensão de corpo de

língua 2 corpo de língua abaixado 1 ponta de língua avançada 1

diminuição da extensão de mandíbula 2

voz áspera 2 escape ar 1 hiperfunção de laringe 1

S12 corpo de língua avançado 2 ponta de língua avançada 2 diminuição da extensão de mandíbula 1

voz soprosa 2 hiperfunção de laringe 2

S13 corpo de língua elevado 2 diminuição da extensão de mandíbula 1

voz áspera 1 escape ar 1 voz crepitante 1 (i) S14 corpo de língua avançado 3

ponta de língua avançada 2 diminuição da extensão de mandíbula 2 e lábios 2

escape ar 1 voz crepitante 1

S15 denasal 2

corpo de língua avançado 1 extensão aumentada de mandíbula 1 e lábios 1

voz crepitante 1 hiperfunção de laringe 1

S16 diminuição da extensão de corpo de língua 2

e mandíbula 2

(44)

As sentenças-veículo foram segmentadas e etiquetadas em termos dos segmentos vocálicos e consonantais para extração das medidas acústicas das vogais orais em posição tônica em vocábulo p_p_.

As emissões de vogais em contexto da sílaba tônica foram analisadas por meio de

software de livre acesso Praat versão 5144 (BOERSMA e WEENINK, 2002) com extração

manual das medidas de frequência (Hz), intensidade (dB) e banda (HZ) a partir dos algoritmos FFT (Fast Fourier Transform) e LPC (Linear Predictive Code) para a

caracterização do padrão de formantes. O detalhamento de tal procedimento é descrito a

seguir.

No espectrograma de banda larga foi selecionado um ponto no período estacionário da vogal. A partir deste ponto foram gerados o espectrograma de banda estreita e traçado o FFT e, em seguida, o espectro LPC suavizado. Os picos gerados em ambos algoritmos foram confrontados, sendo que o valor de frequência dos formantes, intensidade e banda foram obtidos a partir do espectro LPC suavizado. Como última etapa de checagem dos valores obtidos, o espectrograma de banda larga e marcação automática de formantes foi consultado. Os espectros por LPC suavizado foram gerados de acordo com os seguintes parâmetros: draw frequency spectrum, range 0 a 5000Hz, LPC suavizado com delimitação

de 8 a 12 picos formânticos.

(45)

Figura 4 – Etapa 1: forma da onda (janela superior) e espectrograma em janelamento de banda larga (janela inferior)

(46)

Figura 6 Etapa 3: identificação da trajetória dos formantes (flechas) no espectrograma de banda larga da vogal [a] em posição tônica de falante RO

(47)

Figura 8- Etapa 5: forma da onda (janela superior) e espectrograma de banda larga (janela inferior): extração do espectro a partir da opção view spectral slice

(48)

Figura 10- Etapa 7: configuração da marcação automática de formantes: considerar o número de formantes previsto para o intervalo de frequências conforme valores de frequência fundamental (população masculina, feminina ou infantil)

Figura 11 Etapa 8:inspeção do traçado do espectro de LPC suavizado (azul) sobreposto ao traçado do espectro FFT (preto)

(49)

Figura 12- Etapa 9: ilustração da extração de medidas de frequência (F1 em Hz- sinalizado em azul) e de intensidade (I1 em dB- sinalizado em verde) dos formantes da vogal [a] de falante RO

As medidas de frequência (F1, F2 e F3), intensidade (I1, I2 e I3) e banda de formantes (B1) foram submetidas à análise estatística por meio do teste T para comparação das amostras independentes, com uso do programa SPSS. 17.

As etapas de análise estatística constaram das seguintes comparações:

 Medidas (F1, F2 e F3, I1, I2 e I3, B1) de cada vogal oral do PB entre grupos RO e RN

 Medidas (F1, F2 e F3, I1, I2 e I3, B1) de cada vogal oral do PB comparadas por subgrupos por faixas etárias entre grupos RO e RN (grupo RO X grupo RN faixa etária de 07 a 10 anos, grupo RO X grupo RN faixa etária 10 anos e 1 mês a 12 anos)

(50)

O grupo RN compôs o banco de dados de medidas de formantes presumíveis para as referidas faixas etárias na ausência de RO, uma vez que não há uma exploração deste na faixa etária para falantes do PB.

Estudo de ANDRADE FLA (2009) explorou as medidas formânticas na faixa etária de 04 a 08 anos de um grupo de RN.

As medidas de frequência formântica (F1, F2 e F3) foram analisadas por meio do

script CartaFormantesLog.praat para gerar o trapézio das vogais orais do PB autorizado

pelo autor6.

6

Script: CartaFormantesLog.praat

(51)

5 RESULTADOS

Os resultados referentes às medidas acústicas características do padrão de formantes (frequência – F1, F2, F3; intensidade – I1, I2, I3; e banda – B1) das vogais orais do PB são apresentados de forma diferenciada por vogal com todas as medidas e por grupos de falantes (RO e RN) e subgrupos por faixa etária.

Nas Tabelas de 1 a 7 são apresentados os valores de médias, desvio padrão e p-valor de todas as medidas do padrão de formantes diferenciadas por vogal.

Tabela 1 - Valores de médias e desvio-padrão dos três primeiros formantes: frequência (F1, F2, F3), intensidade (I1, I2, I3) e banda (B1) da vogal [a] dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal)

Variável Grupo Média Desvio Padrão p- valor

F1 (Hz) RO 897,92 111,631 0,001*

RN 980,98 103,855

F2 (Hz) RO 1615,42 199,634 0,571

RN 1638,53 157,199

F3 (Hz) RO 3153,49 370,195 0,239

RN 3244,60 307,725

I1 (dB) RO 41,6128 6,37574 0,130

RN 39,6179 5,03560

I2 (dB) RO 33,6270 8,60722 0,379

RN 32,0325 7,18019

I3 (dB) RO 18,9103 8,07559 0,218

RN 16,7974 6,90985

B1 (Hz) RO 211,7179 103,92785 0,956

RN 210,4500 99,41958

(52)

Tabela 2 - Valores de médias e desvio-padrão dos três primeiros formantes: frequência (F1, F2, F3), intensidade (I1, I2, I3) e banda (B1) da vogal [ɛ] dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal)

Variável Grupo Média Desvio Padrão p- valor

F1 (Hz) RO 670,31 78,223 0,001*

RN 735,05 93,639

F2 (Hz) RO 2315,56 170,212 0,038*

RN 2394,88 163,682

F3 (Hz) RO 3316,54 324,071 0,137

RN 3412,45 234,996

I1 (dB) RO 43,7923 6,20159 0,034*

RN 40,6075 6,89739

I2 (dB) RO 30,2974 6,92921 0,004*

RN 25,4475 7,66671

I3 (dB) RO 22,5974 7,70039 0,005*

RN 17,5000 8,808975

B1 (Hz) RO 156,6154 73,29810 0,511

RN 144,6500 87,11488

*estatisticamente significante (p<0, 05)

Tabela 3 - Valores de médias e desvio-padrão dos três primeiros formantes: frequência (F1, F2, F3), intensidade (I1, I2, I3) e banda (B1) da vogal [e] dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal)

Variável Grupo Média Desvio Padrão p- valor

F1 (Hz) RO 522,20 38,401 0,469

RN 529,30 48,341

F2 (Hz) RO 2399,23 225,716 0,000*

RN 2611,70 196,126

F3 (Hz) RO 3247,80 307,198 0,005*

RN 3438,18 280,404

I1 (dB) RO 49,4150 6,21762 0,069

RN 46,9550 5,71651

I2 (dB) RO 26,4125 6,76674 0,004*

RN 21,4700 8,24463

I3 (dB) RO 21,5775 7,09859 0,17

RN 17,5500 7,62503

B1 (Hz) RO 67,8250 42,78682 0,976

RN 67,5250 44,84846

(53)

Tabela 4 - Valores de médias e desvio-padrão dos três primeiros formantes: frequência (F1, F2 e F3), intensidade (I1,I2,I3) e banda (B1) davogal [i] dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal)

Variável Grupo Média Desvio Padrão p- valor

F1 (Hz) RO 356,40 53,047 0,197

RN 342,62 40,128

F2 (Hz) RO 2734,60 268,539 0,000*

RN 2949,16 228,075

F3 (Hz) RO 3664,27 372,413 0,368

RN 3736,72 323,972

I1 (dB) RO 45,2450 7,63471 0,002*

RN 40,7385 4,14371

I2 (dB) RO 22,2850 10,36324 0,002*

RN 15,3757 8,59223

I3 (dB) RO 18,3514 9,20705 0,010*

RN 13,3410 7,15441

B1 (Hz) RO 111,1282 60,62359 0,918

RN 109,7949 53,38992

*estatisticamente significante (p<0,05)

Tabela 5 - Valores de médias e desvio-padrão dos três primeiros formantes: frequência (F1, F2, F3), intensidade (I1, I2, I3) e banda (B1) da vogal [o] dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal)

Variável Grupo Média Desvio Padrão p- valor

F1 (Hz) RO 534,15 53,444 0,155

RN 554,92 73,876

F2 (Hz) RO 1062,70 97,499 0,207

RN 1111,64 219,149

F3 (Hz) RO 3133,95 426,294 0,464

RN 3201,16 376,874

I1 (dB) RO 49,8750 6,16203 0,000*

RN 43,8079 5,46519

I2 (dB) RO 36,5250 8,00262 0,005*

RN 30,9590 8,99438

I3 (dB) RO 10,1395 8,19431 0,000*

RN 2,9447 8,71490

B1 (Hz) RO 76,2500 44,76076 0,033*

RN 98,8462 47,68843

(54)

Tabela 6 - Valores de médias e desvio-padrão dos três primeiros formantes: frequência (F1, F2, F3), intensidade (I1,I2,I3) e banda (B1) davogal [ɔ]dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal)

Variável Grupo Média Desvio Padrão p- valor

F1 (Hz) RO 682,38 90,718 0,002*

RN 754,85 110,149

F2 (Hz) RO 1203,62 128,695 0,465

RN 1223,11 94,733

F3 (Hz) RO 3233,57 321,350 0,346

RN 3298,21 272,158

I1 (dB) RO 45,1600 7,54816 0,536

RN 50,7025 55,82353

I2 (dB) RO 36,0641 7,14421 0,066

RN 33,2251 5,76471

I3 (dB) RO 14,4054 21,11834 0,256

RN 10,1846 8,98043

B1 (Hz) RO 134,8250 76,13951 0,084

RN 170,6250 104,43908

*estatisticamente significante (p<0,05)

Tabela 7 - Valores de médias e desvio-padrão dos três primeiros formantes: frequência (F1, F2, F3), intensidade (I1,I2,I3) e banda (B1) da vogal [u] dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal)

Variável Grupo Média Desvio Padrão p- valor

F1 (Hz) RO 428,76 81,821 0,423

RN 415,14 61,682

F2 (Hz) RO 849,31 133,744 0,494

RN 895,69 333,254

F3 (Hz) RO 3096,74 328,498 0,760

RN 3067,17 404,518

I1 (dB) RO 42,3276 5,20847 0,72

RN 38,6378 5,16427

I2 (dB) RO 32,0000 9,16461 0,057*

RN 27,0414 9,87636

I3 (dB) RO - 0,9594 7,72123 0,009*

RN -6,3720 7,21477

B1 (Hz) RO 189,7368 87,78065 0,368

RN 172,1667 78,65640

(55)

Na sequência desta exposição, os dados são apresentados de forma diferenciada por grupos de medidas. Os valores sintetizados de frequências de formantes (F1, F2 e F3) das vogais orais são apresentados na Tabela 8, enquanto valores de média (ME) e desvio-padrão (DP) para os grupos respiradores orais (RO) e respiradores nasais (RN).

Tabela 8 - Valores de médias (ME) e desvio-padrão (DP) dos três primeiros formantes F1, F2 e F3 das 7 vogais orais do PB dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal)

Estímul o (vogal)

Respirador Oral Respirador Nasal F1

ME (±DP)

F2 ME (±DP)

F3 ME (±DP)

F1 ME (±DP)

F2 ME (±DP)

F3 ME (±DP)

[a] 897 (111,63) 1615 (199,63) 3153 (370,19) 980 (103,85) 1638 (157,19) 3244 (307,72)

[ɛ] 670

(78,22) 2315 (170,21) 3316 (324,07) 735 (93,63) 2394 (163,68) 3412 (234,99) [e] 522

(38,40) 2399 (225,71) 3247 (307,19) 529 (48,31) 2611 (196,12) 3438 (280,40) [i] 356

(53,04) 2734 (268,53) 3664 (372,41) 342 (40,12) 2949 (228,07) 3736 (323,97)

[ɔ] 682

(90,71) 1203 (128,69) 3233 (321,35) 754 (110,14) 1223 (94,73) 3298 (272,15) [o] 534

(53,44) 1062 (97,49) 3133 (426,29) 554 (73,87) 1111 (219,14) 3201 (376,87) [u] 428

(56)

Nas figuras 13 a 17 as informações de frequências formânticas (F1 e F2 em Hz) das sete vogais do PB são apresentadas enquanto valores de dispersão na figura do trapézio vocálico.

Figura 13 - Distribuição das medidas de F1 e F2 (em Hz) das vogais orais do PB dos falantes RO Hz

(57)

Figura 14 - Distribuição das medidas de F1 e F2 (em HZ) das vogais orais do PB dos falantes RN

Figura 15 – Médias de medidas de F1 e F2 (em Hz) para as vogais orais do PB dos falantes RO (preto) e RN (azul)

Hz Hz

Imagem

Figura 1. Trapézio vocálico 1                                      Figura 2. Aparelho fonador e trapézio vocálico 2       Fonte: IPA International Phonetic Association
Figura 3 - Ilustração dos achados anatômicos e musculares mais frequentes no respirador oral:
Figura  5  –   Etapa  2:  forma  da  onda  (janela  superior)    e  espectrograma  em  janelamento  de  banda  larga  (janela inferior): seleção de um ponto estacionário
Figura 6  –  Etapa 3: identificação da trajetória  dos formantes (flechas) no espectrograma de banda larga da  vogal [a] em posição tônica de falante RO
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Referências

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