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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP

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Academic year: 2021

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP

Rodrigo Perrone

A Liberdade Sindical no Brasil e sua importância para a Formação da Identidade Coletiva do Movimento Sindical

MESTRADO EM DIREITO

SÃO PAULO 2020

(2)

Rodrigo Perrone

A Liberdade Sindical no Brasil e sua importância para a Formação da Identidade Coletiva do Movimento Sindical

MESTRADO EM DIREITO

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Direito – área de concentração:

Efetividade do Direito, subárea: Direito do Trabalho, sob a orientação do Professor Doutor Adalberto Martins.

SÃO PAULO 2020

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Autorizo exclusivamente para fins acadêmicos e científicos a reprodução total ou parcial desta Dissertação de mestrado por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos.

Assinatura: _____________________________________________________

Data: 10/04/2020

E-mail: rod_perrone@hotmail.com

P459

Perrone, Rodrigo

A Liberdade Sindical no Brasil e sua importância para a Formação da Identidade Coletiva do Movimento Social. – São Paulo: [s.n.], 2020.

101 f. ; 30 cm.

Dissertação (Mestrado em Direito) -- Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Programa de Estudos Pós-graduados em Direito, 2020.

Orientador: Prof. Dr. Adalberto Martins.

1. Liberdade sindical. 2. Unicidade sindical. 3. Movimento sindical brasileiro. 4. Declaração Universal dos Direitos Humanos. I. Martins, Adalberto. II. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Programa de Estudos Pós-graduados em Direito. III. Título.

CDD 340

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Rodrigo Perrone

A Liberdade Sindical no Brasil e sua importância para a Formação da Identidade Coletiva do Movimento Sindical

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Direito – área de concentração:

Efetividade do Direito, subárea: Direito do Trabalho, sob a orientação do Professor Doutor Adalberto Martins.

Aprovado em / /

BANCA EXAMINADORA

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Aos meus pais que, graças aos seus esforços, carinho e dedicação, possibilitaram minha formação acadêmica e profissional permitindo a concretização do sonho de cursar a pós-graduação.

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AGRADECIMENTOS

À minha família que esteve ao meu lado nesta jornada. Ao professor Doutor Adalberto Martins pelas valiosas lições durante as aulas de pós-graduação e o estágio docente. A todos os colegas e professores do curso do mestrado da PUC-

SP que durante este período de convivência proporcionaram diversas discussões que contribuíram para o desenvolvimento desta dissertação.

(7)

Perrone, Rodrigo. A Liberdade Sindical no Brasil e sua importância para a Formação da Identidade Coletiva do Movimento Sindical. 2020. 101 f.

Dissertação (Mestrado em Direito). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2020.

RESUMO

Esta dissertação analisa a importância da liberdade sindical para a sociedade moderna e seus efeitos nas relações de trabalho. Neste contexto, será abordada, no presente estudo, sua origem, arcabouço legal, com enfoque nos diversos tratados internacionais, em especial nas disposições da Declaração Universal dos Direitos Humanos e Convenções nº 87 e 98 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), bem como seu conceito, traçando-se um panorama geral a respeito da matéria.

Posteriormente, será discutida a recepção da liberdade sindical e da Convenção nº 87 no Brasil, através de uma digressão histórica, o sistema sindical adotado em nosso país e suas consequências, os conceitos de unicidade, pluralidade e unidade sindical, estabelecendo-se, assim, as fundações necessárias para o estudo da liberdade sindical e sua relação com a democracia sindical e formação da identidade coletiva do movimento sindical brasileiro.

Palavras-chave: liberdade sindical; Declaração Universal dos Direitos Humanos;

Convenção nº 87 e 98 da OIT; Constituição de 1988; unicidade sindical; democracia sindical; formação da identidade coletiva do movimento sindical brasileiro.

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Perrone, Rodrigo. Freedom of Association in Brazil and its importance for the Formation of Collective Identify of the Union Movement. 2020. 101 f. Dissertation (Master’s Degree in Law). Pontifical Catholic University of São Paulo, São Paulo, 2020.

ABSTRACT

This dissertation analyzes the importance of freedom of association for modern society and its effects on labor relations. In this context, the present study will address its origin, legal framework, focusing on the various international treaties, in particular the provisions of the Universal Declaration of Human Rights and Conventions n° 87 and 98 of the International Labor Organization, as well as their concept. An overview of the subject is given. Afterwards, it will be discussed the reception of freedom of association and Convention nº 87 in Brazil, through a historical tour, the union system adopted in our country and its consequences, the concepts of oneness, plurality and union unity, thus establishing necessary foundations for the study of freedom of association and its relation with the union democracy and formation of the collective identity of the Brazilian union movement.

Keywords: union freedom; Universal Declaration of Human Rights; ILO Convention nº 87 and 98; 1988 Constitution; union oneness; union democracy; formation of the collective identity of the Brazilian trade union movement.

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ABREVIATURAS E SIGLAS

Art. artigo Arts. artigos

CF/88 Constituição Federal de 1988 CLT Consolidação das Leis do Trabalho C.C Código Civil

CNOS Conselho Nacional de Organização Sindical CUT Central Única dos Trabalhadores

CGT Central Geral dos Trabalhadores FTN Fórum Nacional do Trabalho

GAET Grupo de Altos Estudos do Trabalho OIT Organização Internacional do Trabalho ONU Organização das Nações Unidas EUA Estados Unidos da América

ECOSOC Conselho Econômico e Social da ONU PEC Prosposta de Emenda à Constituição

PIDCP Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos

PIDESC Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais RIT Regulamento de Inspeção do Trabalho

USI União Sindical Independente

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 11

CAPÍTULO 1 - DIREITO À LIBERDADE ... 14

1.1 Liberdade como Direito Fundamental dos Seres Humanos ... 14

1.2 Liberdade Individual – Uma Visão Filosófica-Jurídica ... 21

1.3 Liberdade Coletiva ... 25

CAPÍTULO 2 - LIBERDADE SINDICAL ... 28

2.1 Relação entre a Liberdade Sindical e a Declaração Universal dos Direitos Humanos ... 28

2.2 Convenção n. 87 da OIT e Tratados Internacionais – Consagração da Liberdade Sindical... 30

2.3 Comitê de Liberdade Sindical e Comissão de Investigação e de Conciliação em Matéria de Liberdade Sindical – Fiscalização das Convenções nº 87 e 98 da OIT ... 38

2.4 Conceito de Liberdade Sindical... 47

CAPÍTULO 3 - A LIBERDADE SINDICAL NO BRASIL ... 53

3.1 Evolução do Sindicalismo no Brasil e a não Ratificação da Convenção nº 87 da OIT ... 53

3.2 Liberdade Sindical – O Problema da Unicidade ... 62

3.3 Pluralidade Sindical e a Democracia nas Relações Sindicais ... 68

3.4 Unidade Sindical - Proposta para alteração do sistema sindical brasileiro ... 74

3.5 Democracia Sindical no Brasil e a identidade coletiva do movimento sindical . 78 3.6 Liberdade Sindical e sua importância para formação da identidade coletiva movimento sindical ... 83

CONCLUSÃO ... 87

REFERÊNCIAS ... 92

ANEXOS ... 97

Anexo 1: Disposições a respeito da liberdade sindical estendidas à Declaração Universal dos Direitos Humanos (Art. 23, 4º), aos Pactos Internacionais dos Direitos Civis e Políticos (Art. 22), dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Art.8º) e à Convenção Americana dos Direitos Humanos (Art.16). ... 97

Anexo 2: PEC nº 369/2005 ... 99

Anexo 3: Processo nº 126600-88.2010.5.16.0020 ... 100

Anexo 4: PEC nº 161/2019 ... 101

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INTRODUÇÃO

O século XXI trouxe diversas mudanças nas relações de trabalho, com a introdução de novas modalidades econômicas baseadas na inteligência artificial, plataformas digitais, robotização, dentre outras tecnologias que modificaram a estrutura e a cultura da sociedade moderna.

Esses novos modelos econômicos trouxeram consigo a flexibilização das relações trabalhistas em âmbito mundial e regional, culminando, no Brasil, com a vigência da Lei nº 13.467/2017, a qual alterou profundamente o ordenamento jurídico trabalhista, sendo a espinha dorsal dessa norma a prevalência do negociado sobre o legislado, nos termos do Art. 611-A da CLT.

Referido dispositivo limita a atuação do Poder Judiciário na análise da validade das Convenções e Acordos Coletivos que somente poderão ser anuladas no caso de descumprimento dos elementos essenciais da validade do negócio jurídico, previstos no Art. 104 do C.C, pois prevalece o princípio da intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva, conforme consta na redação do Art. 8º, § 3º, da CLT.

Diante da vigência dessa nova legislação, as discussões sobre a liberdade sindical foram reacendidas em nosso país, tendo em vista que esta tem por objetivo garantir a autonomia dos sindicatos por meio do fortalecimento da representatividade, apresentando o tema, portanto, de grande relevância no cenário nacional, em razão da prevalência das negociações coletivas em detrimento das disposições legais.

Importante pontuar, neste momento, que quando nos referimos aos sindicatos, incluem-se, nesse termo, as organizações patronais e obreiras, razão pela qual deve-se levar em consideração essa situação durante a leitura do presente estudo.

Realizada essa ressalva, observa-se que a liberdade sindical é corolário das relações coletivas de trabalho, posto que assegura aos sindicatos a livre associação, organização, administração, exercício das funções, bem como garante aos representados liberdade de filiação.

Essas garantias são essenciais para a existência dos sindicatos, os quais são responsáveis pelas discussões envolvendo capital e trabalho, razão pela qual a

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liberdade sindical encontra-se inserida na Constituição da OIT, entidade responsável por reger as relações trabalhistas em âmbito internacional, na Convenção nº 87, complementada pela Convenção nº 98, ambas da OIT, assim como na Declaração Universal de Direitos Humanos, portanto, é evidente a importância da matéria discutida.

Ora, se a liberdade é fundamental para os indivíduos, dado que é considerada um dos principais direitos da sociedade moderna, obtida por meio de diversos sacrifícios e revoluções, o que se dirá da liberdade coletiva? Direito este inerente aos entes de personalidade jurídica própria, como é o caso dos sindicatos.

Por meio da liberdade coletiva, os sindicatos se espelham na liberdade individual e buscam estabelecer sua autonomia perante o Estado e terceiros, se utilizando da liberdade sindical para afastar quaisquer formas de interferências em sua organização.

Ante a relevância da matéria, esta dissertação pretende aprofundar-se na análise da liberdade como direito fundamental dos seres humanos, razão pela qual encontra-se inserida nos ordenamentos jurídicos de diversos países; bem como apresentar as definições desse tema no âmbito individual e coletivo.

Somente após a compreensão desses pontos, será possível construir os alicerces para o estudo da liberdade sindical no Brasil, porém, para tanto, revela-se ainda essencial estabelecer a relação entre essa liberdade e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a fim de descobrir sua origem e os motivos pelos quais encontra-se inserida em diversos tratados internacionais.

Desse modo, será apresentado, neste estudo, o arcabouço jurídico que assegura a existência da liberdade sindical, no caso, a Convenção nº 87 complementada pela Convenção nº 98 da OIT.

Exposta essa normatização, será introduzido o conceito de liberdade sindical, bem como os órgãos internacionais responsáveis pela fiscalização dos Estados-membros da OIT que ratificaram este tratado, com o escopo de assegurar o seu efetivo cumprimento.

Após essas introduções, o estudo procurará destrinchar as características da liberdade sindical no Brasil, estando essa matéria interligada com a evolução do sindicalismo em nosso país, marcado por diversos atos intervencionistas do Estado, situação que veio a se modificar a partir da Constituição de 1988.

(13)

O citado diploma manteve o modelo da unicidade sindical em seu Art. 8º, II, sendo certo que essa opção gerou diversas consequências na estrutura sindical brasileira, bem como efeitos na liberdade sindical.

Ao mergulhar nas características da unicidade sindical, o estudo irá expor os motivos pelos quais o legislador adotou esse sistema e oferecerá uma visão política e sindical sobre essa questão. Ainda será apresentada a atual situação do movimento sindical brasileiro e da liberdade sindical em nosso país.

Posteriormente, serão discutidas as características dos modelos sindicais internacionais, tecendo-se comentários a respeito da pluralidade sindical e unidade sindical, apontando as principais vantagens de ambos.

Todo esse caminho percorrido irá desembocar no ponto chave do estudo, ou seja, a liberdade sindical como meio para se atingir a democracia sindical e, consequentemente, a identidade coletiva do movimento sindical.

Nesse sentido, será demonstrado como a liberdade sindical possui estreita relação com a formação da identidade coletiva do movimento sindical, razão pela qual o tema em análise mostra-se pertinente para o momento atual brasileiro, em que as relações trabalhistas estão se modificando em decorrência dos novos modelos econômicos trazidos pela 4ª Revolução Industrial.

Conforme se verifica, a liberdade sindical é um tema complexo, que envolve questões fundamentais para a sobrevivência dos sindicatos e o futuro das relações trabalhistas, possuindo importantes desdobramentos práticos na vida das empresas e dos trabalhadores, pelo que espera-se que este estudo estimule a discussão sobre essa matéria e incentive o surgimento de novas ideias que contribuam para seu desenvolvimento em nosso ordenamento jurídico.

(14)

CAPÍTULO 1 - DIREITO À LIBERDADE

Este primeiro capítulo trata da liberdade como direito fundamental dos seres humanos. Apresenta ainda a liberdade individual por meio da visão filosófico- jurídica, assim como examina a liberdade coletiva e sua importância para as empresas e sindicatos.

1.1 Liberdade como Direito Fundamental dos Seres Humanos

Antes de discutir o tema central da dissertação, temos que, primeiramente, entender o significado do direito à liberdade para os seres humanos, pois somente compreendendo sua essência, será possível analisar sua importância para a formação da identidade coletiva do movimento sindical brasileiro.

De acordo com José Afonso da Silva, a liberdade é um direito fundamental1, inserindo-se em um conjunto de normas que afastam a interferência do Estado, através de obrigações de não fazer e de não intervir na vida pessoal, portanto, é indispensável para os seres humanos2.

Esses direitos fundamentais são escolhidos a partir de valores de cada sociedade em um dado momento histórico, como exemplo, há a exigência de proteção aos idosos e ao meio ambiente, a qual foi alçada como indispensável para a sociedade contemporânea, posição esta que difere das prioridades das antigas sociedades patriarcais que consideravam o direito à propriedade como fundamental3, sendo este o entendimento de Norberto Bobbio4 a respeito desta matéria, conforme se verifica no trecho a seguir transcrito:

1 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 15. ed. Brasil: Malheiros Editores, 1998. p. 180.

2 MENDES, Gilmar Ferreira.; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet Curso de Direito Constitucional. 10.

ed. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 138.

3 BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. p. 37.

4 Ibid. p. 24.

(15)

E, dado que é sempre uma questão de opinião estabelecer qual o ponto em que um termina e o outro começa, a delimitação do âmbito de um direito fundamental do homem é extremamente variável e não pode ser estabelecida de uma vez por todas. Alguns artigos da Convenção Europeia dos Direitos do Homem são, como se sabe, divididos em dois parágrafos, o primeiro dos quais enuncia o direito, enquanto o outro enumera as restrições, frequentemente numerosas.

Além disso, há situações em que até mesmo um direito que alguns grupos consideram fundamental não consegue fazer-se reconhecer, pois continua a predominar o direito fundamental que lhe é contraposto, como é o caso da objeção de consciência. O que é mais fundamental: o direito de não matar ou o direito da coletividade em seu conjunto de ser defendida contra uma agressão externa? Com base em que critério de valor uma tal questão pode ser resolvida?

Minha consciência, o sistema de valores do grupo a que pertenço, ou a consciência moral da humanidade num dado momento histórico? E quem não percebe que cada um desses critérios é extremamente vago, demasiado vago para a concretização daquele princípio de certeza de que parece ter necessidade um sistema jurídico para poder distribuir imparcialmente a razão e a não razão?

Comentando as lições de Norberto Bobbio, Paulo Gustavo Gonet Branco observa que um direito, para ser fundamental, deve considerar um concurso de condições sociais e históricas favoráveis para que seja alçado a esta categoria, não podendo fixar-se somente no campo filosófico5.

Posto isso, à luz dos valores da sociedade moderna, o direito à liberdade é fundamental, tanto que “todas as declarações recentes dos direitos do homem compreendem, além dos direitos individuais tradicionais, que consistem em liberdades, também os chamados direitos sociais, que consistem em poderes”6.

A importância desse direito é inegável, razão pela qual encontra-se inserido no Art. 3º da Declaração Universal de Direitos Humanos, de 19487, a qual dispõe que “todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal”

(ONU, 1948).

5 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet Curso de Direito Constitucional. 10.

ed. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 139.

6 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradução Carlos Nelson Coutinho. 7. ed. Rio de Janeiro:

Elsevier, 2004. p. 14.

7 Norberto Bobbio sobre a Declaração Universal dispõe que “é fato hoje inquestionável que a Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 10 de dezembro de 1948, colocou as premissas para transformar também os indivíduos singulares, e não mais apenas os Estados, em sujeitos jurídicos do direito internacional, tendo assim, por conseguinte, iniciado a passagem para uma nova fase do direito internacional, a que torna esse direito não apenas o direito de todas as gentes, mas o direito de todos os indivíduos” (Ibid. p. 60).

(16)

Segundo José Afonso da Silva8, a Declaração “contém trinta artigos, precedidos de um Preâmbulo com sete considerandos, em que reconhece solenemente: a dignidade da pessoa humana, como base da liberdade, da justiça e da paz”.

Importante destacar que antes de a Declaração Universal de Direitos Humanos alçar a liberdade como direito inerente da humanidade, a Carta Magna da Inglaterra, assinada em 1215, já resguardava este direito, tornando-se este documento um símbolo das liberdades públicas, conforme ensina José Afonso da Silva9.

Como se não bastasse, a Declaração da Virgínia (EUA), de 1776, inspirada nos ensinamentos de John Locke, Jean Jacques Rousseau e Montesquieu10, previa o direito à liberdade, como a base dos direitos dos homens.

De acordo com José Afonso da Silva11, a Declaração da Virgínia influenciou a Declaração de Independência dos Estados Unidos, sendo a liberdade ali descrita como um direito inalienável concedido por Deus.

Motivados pelos ideais da Declaração da Virgínia, os americanos promulgaram, em 17 de setembro de 1787, sua Constituição, e em seu preâmbulo estão inseridos os deveres do Estado de promover a justiça, assegurar a tranquilidade interna, prover a defesa comum, o bem-estar geral e garantir os benefícios da liberdade12.

Esse direito à liberdade encontra-se previsto também na 1ª Emenda da Constituição Americana, dispositivo este que assegura a “liberdade de religião e culto, de palavra, de imprensa, de reunião pacífica e direito de petição”13.

8 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 15. ed. Brasil: Malheiros Editores, 1998. p. 167.

9 Ibid. p. 156.

10 José Afonso da Silva dispõe que “a primeira declaração dos direitos fundamentais, em sentido moderno, foi a Declaração de Direitos do Bom Povo de Virgínia, que era uma das treze colônias inglesas na América. Essa declaração é de 12.1.1776, anterior, portanto, à Declaração de Independência dos EUA. Ambas, contudo inspiradas nas teorias de Locke, Rosseau e Montesquieu, versadas especialmente nos escritos de Jefferson e Adams, e postas em prática por James Madison, Jorge Madison e tantos outros”. (SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo.

15. ed. Brasil: Malheiros Editores, 1998. p. 157).

11 Ibid. p. 158-159.

12“Nós, o povo dos Estados Unidos, a fim de formar uma União mais perfeita, estabelecer a justiça, assegurar a tranquilidade interna, prover a defesa comum, promover o bem-estar geral, e garantir para nós e para os nossos descendentes os benefícios da Liberdade, promulgamos e estabelecemos esta Constituição para os Estados Unidos da América” (ESTADOS UNIDOS, 1776).

13 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 15. ed. Brasil: Malheiros Editores, 1998. p. 159.

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Ainda, há de se ressaltar a 13ª Emenda, na qual consta “a proibição da escravatura e servidão involuntária”14.

Prosseguindo, em 1789, a Declaração de Direitos dos Homens e do Cidadão da Assembleia Nacional da França considerou o direito à liberdade como fundamental e universal, dispondo o Art. 2º que “a finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão”15.

Outrossim, seu Art. 4º prevê que a liberdade não possui limites, desde que resguardados os direitos dos demais membros da sociedade, sendo estes estabelecidos apenas pela lei16.

Norberto Bobbio17 afirma que a Declaração de Direitos foi um divisor histórico, iniciando uma nova era, na qual a liberdade, a igualdade e a soberania popular se transformaram nos fundamentos norteadores da humanidade.

Analisando esse documento, José Afonso da Silva18 observa que este possui três elementos fundamentais: o intelectualismo, por ser um instrumento de ideias; o mundialismo, pelos princípios assegurados possuírem valores universais e o individualismo, por garantir a liberdade individual.

Interessante notar que os ideais pregados pela Declaração de Direitos dos Homens e do Cidadão foram fortemente combatidos pelo Papa Pio VI (1717- 1799), o qual considerou a liberdade de pensamento um “direito monstruoso”, sendo esta posteriormente defendida pelo Papa João Paulo II (1920-2005), o que demonstra a evolução do significado da liberdade no pensamento cristão como direito fundamental dos seres humanos19.

14 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 15. ed. Brasil: Malheiros Editores, 1998. p. 160.

15 FRANÇA. Declaração dos Direitos dos Homens e do Cidadão. 26 agosto 1789. Disponível em:

http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-anteriores-%C3%A0-

cria%C3%A7%C3%A3o-da-Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/declaracao- de-direitos-do-homem-e-do-cidadao-1789.html. Acesso em 06 out. 2019.

16 A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próximo. Assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão aqueles que asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes limites apenas podem ser determinados pela lei (FRANÇA, 1789, Art. 4º).

17 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradução Carlos Nelson Coutinho. 7. ed. Rio de Janeiro:

Elsevier, 2004. p. 40.

18 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 15. ed. Brasil: Malheiros Editores, 1998. p. 162.

19 BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. p. 56.

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Importante destacar que, antes de 1948, houve apenas a garantia formal da liberdade20, pois os movimentos revolucionários foram desencadeados pela burguesia, a qual buscava a liberdade política e não econômica.

Assim, não foi assegurada a liberdade de fato, mas a formal, situação que se tornou evidente com a Revolução Industrial, época em que se difundiu a pobreza e a exploração da classe trabalhadora que se encontrava em estado de semiescravidão, devido aos abusos cometidos pelos empregadores, sem direito a qualquer espécie de liberdade real.

A liberdade de fato começou a ser efetivamente garantida por meio das Constituições Mexicana (1917) e de Weimar (1919), as quais buscaram conceder direitos sociais com o intuito de garantir a independência econômica de seus cidadãos e, deste modo, surgiram os primeiros estímulos para assegurar o gozo da real liberdade pela população, pois somente será livre aquele que não está dependente economicamente de outro indivíduo.

Realizadas as devidas considerações a respeito da liberdade formal e de fato, verifica-se que, na América Latina, a defesa da liberdade como direito fundamental foi objeto da Convenção Americana de Direitos Humanos de 1969, conhecida também como o Pacto de San José da Costa Rica e esta foi ratificada por diversos países, inclusive o Brasil, dispondo em seu Art. 7º que “toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais”21.

Importante destacar que o Pacto de San José da Costa Rica entrou em vigência no Brasil por meio do Decreto nº 678, de novembro de 1992 22, porém, o direito à liberdade já se encontrava assegurado desde a Constituição Imperial de

20 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 15. ed. Brasil: Malheiros Editores, 1998. p. 162.

21 OEA. Convenção Americana sobre Direitos Humanos. 22 novembro 1969. Disponível em:

http://www.cidh.oas.org/basicos/portugues/c.convencao_americana.htm. Acesso em 06 out. 2019.

22 Art. 1º- A Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), celebrada em São José da Costa Rica, em 22 de novembro de 1969, apensa por cópia ao presente decreto, deverá ser cumprida tão inteiramente como nela se contém. Art. 2°- Ao depositar a carta de adesão a esse ato internacional, em 25 de setembro de 1992, o Governo brasileiro fez a seguinte declaração interpretativa: "O Governo do Brasil entende que os arts. 43 e 48, alínea d, não incluem o direito automático de visitas e inspeções in loco da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, as quais dependerão da anuência expressa do Estado". Art. 3°- O presente decreto entra em vigor na data de sua publicação. (BRASIL, 1992).

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1824, a qual em seu Art. 17923 preservava a inviolabilidade dos direitos civis e políticos dos cidadãos, com base na liberdade.

Sobre essa norma, observa José Afonso da Silva24 que “no art. 179, a Constituição trazia uma declaração de direitos individuais e garantias que, nos seus fundamentos, permaneceu nas constituições anteriores”.

Tal assertiva mostra-se verdadeira, posto que as Constituições de 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e sua Emenda Constitucional nº 125 asseguraram o direito à liberdade, em que pese algumas terem sido elaboradas durante as ditaduras do Estado Novo e a Militar.

O direito à liberdade previsto nas constituições brasileiras possui relação direta com períodos democráticos e autoritários vividos em nosso país, isto porque apesar dessa matéria estar assegurada constitucionalmente, na prática, foi constantemente violada em períodos turbulentos.

Neste contexto, não há como se falar em garantia da liberdade de fato na Constituição de 1937, pois esta vigorou em um período extremamente autoritário, no qual as liberdades individuais foram suprimidas pelo Estado, conforme explica José Afonso da Silva26:

O país já se encontrava sob impacto das ideologias que grassavam no mundo do após-guerra de 1918. Os partidos políticos assumiam posições em face da problemática ideológica vigente: surge um partido fascista, barulhento e virulento – a Ação Integralista Brasileira, cujo chefe, Plínio Salgado, como Mussolini e Hitler, se preparava para empolgar o poder; reorganiza-se o partido comunista, aguerrido e disciplinado, cujo chefe, Luís Carlos Prestes, também

23 A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Políticos dos Cidadãos Brazileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, é garantida pela Constituição do Imperio, pela maneira seguinte [sic] (BRASIL, 1824, Art.179).

24 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 15. ed. Brasil: Malheiros Editores, 1998. p. 77.

25 A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no paiz a inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à segurança individual e à propriedade, nos termos seguintes [sic]

(BRASIL, 1891, Art. 72); Nós, os representantes do povo brasileiro, pondo a nossa confiança em Deus, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para organizar um regime democrático, que assegure à Nação a unidade, a liberdade, a justiça e o bem-estar social e econômico, decretamos e promulgamos a seguinte [sic] (BRASIL, 1934, Preâmbulo); A Constituição assegura aos brasileiros e estrangeiros residentes no País o direito à liberdade, à segurança individual e à propriedade, nos termos seguintes (BRASIL, 1936, Art. 122); A Constituição assegura aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, a segurança individual e à propriedade, nos termos seguintes (BRASIL, 1946, Art. 141); A Constituição assegura aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes [sic] (BRASIL, 1967, Art. 150); A Constituição assegura aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade, nos têrmos seguintes [sic] (BRASIL, 1969, Art. 153).

26 SILVA, José Afonso da, 1998, op. cit., p. 84-85.

(20)

queria o poder. Getúlio Vargas, no poder, eleito que fora pela Assembléia [sic] Constituinte para o quadriênio constitucional, à maneira de Deodoro, como este, dissolve a Câmera e o Senado, revoga a constituição de 1934, e promulga a Carta Constitucional de 10.11.37. [...] A carta de 1937 não teve, porém, aplicação regular.

Muitos de seus dispositivos permaneceram letra morta. Houve ditadura pura e simples, com todo o Poder Executivo e Legislativo concentrado nas mãos do Presidente da República, que legislava por via de decretos-leis que ele próprio aplicava, como órgão Executivo.

No mesmo sentido, verifica-se a ausência da liberdade de fato na Constituição de 1967 e sua Emenda Constitucional nº 1, as quais foram promulgadas após a queda de um regime democrático, suspendendo-se direitos e garantias individuais.

A garantia da liberdade como direito fundamental do Estado Brasileiro ocorreu efetivamente após 21 anos de Ditadura Militar (1964-1985), sendo assim alçada pela Carta Magna de 1988 como contraposto ao autoritarismo que permeava o regime anterior, o qual tolheu diversos direitos individuais.

Esse documento ficou conhecido como a Constituição Cidadã, em razão da ampla participação popular e preservação das garantias fundamentais dos brasileiros.

Ao analisar a Constituição de 1988, observa-se que o constituinte considerou a liberdade como pilar do Estado Brasileiro, visto que seu preâmbulo prevê que este está “destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça [...]27”.

Como se não bastasse, o Art. 3º da CF/88 ainda dispõe que um dos objetivos do Estado Brasileiro é construir uma sociedade livre28, estando, assim, a liberdade prevista como um dos direitos essenciais, senão o mais importante da República Federativa do Brasil.

27 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, Brasília, DF, out. 1988, Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 06 out.

2019.

28 A constituição consigna, como objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, vale dizer, do Estado brasileiro: construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização, reduzir as desigualdades sociais e regionais; e promove o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e de outras formas de discriminação (art. 3º). É a primeira vez que uma Constituição assinala, especificamente, os objetivos do Estado brasileiro, não todos, que seria despropositado, mas os fundamentais, e, entre eles, uns que valem como base das prestações positivas que venham a concretizar a democracia econômica, social e cultural, a fim de se efetivar na prática a dignidade da pessoa humana (SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 15. ed. Brasil: Malheiros Editores, 1998. p. 109-110).

(21)

Diante do exposto, não restam dúvidas de que a liberdade é considerada um direito fundamental inerente aos seres humanos, motivo pelo qual encontra-se inserida nas Constituições de diversos países, influenciando o cotidiano da sociedade moderna e surtindo efeitos nas relações sindicais, as quais deverão se pautar em suas disposições.

1.2 Liberdade Individual – Uma Visão Filosófica-Jurídica

Diante dos fatos expostos, a liberdade é considerada um direito fundamental inerente aos seres humanos, razão pela qual o tema é relevante para diversas sociedades, transformando-se em um verdadeiro estilo de vida como ocorre, por exemplo, nos Estados Unidos, nação esta que adotou a liberdade como o ideal de seus costumes e originou o famoso “american way of life” (estilo de vida americano)29.

De acordo com o dicionário Michaelis, a liberdade pode ser descrita como o “poder de agir livremente, dentro de uma sociedade organizada, de acordo com os limites impostos pela lei; faculdade que tem o indivíduo de decidir pelo que mais lhe convém; condição do indivíduo livre”30.

Essa descrição revela-se simplista, sendo necessário analisar a liberdade por meio de um olhar filosófico-jurídico, o qual é proporcionado por Montesquieu, John Locke, Thomas Hobbes, Immanuel Kant, Georg Wilhelm Friedrich Hegel, Isaiah Berlin e juristas contemporâneos como Norberto Bobbio e José Afonso da Silva.

29 Cabe, então, retomar a perspectiva da ideia de nação norte-americana, ou melhor, de sua estruturação, construção e disseminação enquanto padrão modelar [...]. O modelo, em questão, parte inicialmente de um olhar interno – o ser americano – que pode contar com os fundamentos do modelo de vida daquele país: a fundamentação religiosa, o desejo e a vivência da felicidade, os direitos civis e a liberdade, o trabalho, os grupos sociais, a vitalidade, a competitividade e a privacidade (CUNHA, Paulo Roberto Ferreira da. American way of life: representação e consumo de estilo de vida modelar americana no cinema norte-americano dos anos 1950. 2017. 249 f. Tese (Doutorado em Comunicação e Práticas de Consumo) – Escola Superior de Propaganda e Marketing, São Paulo, 2017. p. 60).

30 MICHAELIS. Dicionário online de Língua Portuguesa. Disponível em:

https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/liberdade/. Acesso em 06 out. 2019.

(22)

O conceito de liberdade remonta à Grécia antiga e foi compreendido como a participação dos homens nas decisões políticas 31, razão pela qual a maior parte dos antigos não eram livres, pois a liberdade era exclusiva dos cidadãos, assim denominados os indivíduos que participavam das decisões políticas das cidades, segundo dispõe Miguel Reale32:

Havia escravos e homens livres. A idéia [sic] mesmo de liberdade civil, que nos parece conatural ao homem, pelo simples fato de ser homem, tinha um valor secundário resultante de uma situação política. O grego ou o romano não eram livres por serem homens, mas sim, por serem cidadãos de Atenas ou de Roma. O status libertatis era uma decorrência do status civitatis. O ateniense e o romano deviam, em primeiro lugar, satisfazer a certos requisitos de pertinência à sua cidade politicamente organizada, ou seja, à polis ou a civitas romana. O elemento fundamental, que dava a um indivíduo a sua qualidade de pessoa, era o elemento "grupalista", ou seja, o elemento político. Somente aquele que tinha poderes para deliberar numa assembleia votando e resolvendo em nome da polis, é que podia exercer direitos na ordem privada.

A noção moderna de liberdade tem origem com Montesquieu, e ele a divide em filosófica e política. Entende que a liberdade filosófica “consiste no exercício de sua vontade, ou pelo menos, se devemos falar em todos os sistemas na opinião que se tem de que exerce a sua vontade”33.

A respeito da liberdade política, afirma que esta “consiste na segurança, ou, pelo menos na opinião que se tem de sua segurança”34.

Verifica-se que a liberdade filosófica de Montesquieu depende da vontade das pessoas, portanto, encontra-se no plano do “querer”, ou seja, uma abstração criada pelos filósofos que não pode ser colocada em prática, ao contrário da liberdade política, que está submetida à lei, sendo permitido fazer tudo aquilo que a norma não proíbe, e isto concede segurança às pessoas, por meio da garantia de

31 A respeito dessa liberdade, Bernardo Gonçalves Fernandes afirma que “diferentemente, a compreensão da liberdade como liberdade positiva, no plano político, significa a participação nas discussões públicas que levam à formação da vontade coletiva (razão pública). Esta é a noção de liberdade que imperava na antiguidade, fazendo que, por exemplo, somente fosse considerado cidadão grego aquele que de fato se juntasse e participasse das discussões realizadas na ágora, discussões estas que comprometiam e definiam toda a vida em sociedade”. (FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 9. ed. Salvador: JusPODIVM, 2017. p. 425).

32 REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2001. p. 213.

33 MONTESQUIEU, Charles de Secondat. O espírito das leis. Tradução de Cristina Murachco. 2. ed.

São Paulo: Martins Fontes, 2000. p. 198.

34 Ibid.

(23)

que a liberdade não seja tolhida ao bel prazer da vontade de terceiros, consoante ensina Maria Beatriz Nizza da Silva35:

O primeiro passo na análise do conceito de liberdade política, tal como ele se nos apresenta em De l'esprit des lois, deverá assinalar uma diferença, fundamental para Montesquieu, entre "liberdade filosófica" e "liberdade política". A primeira consiste no "exercício da vontade", mas a pura atividade volitiva nada tem a ver com a liberdade política, sendo apenas uma abstração dos filósofos. A liberdade política não consiste em fazer o que se quer, mas sim "em poder fazer o que se deve querer e em não ser constrangido a fazer o que se não deve querer" (E. L., liv. XI, cap. III). Entre o querer e o fazer interpõe-se o dever, ou seja, a lei. A liberdade política só existe em sociedades regidas por leis, uma vez que "a liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem", e assim, para Montesquieu, a liberdade filosófica assemelha-se à independência do estado de natureza na medida em que ambas pressupõem a inexistência de quaisquer peias à vontade humana. Temos, portanto, delimitada a área da liberdade política: as sociedades regidas por leis, em que os homens renunciaram à sua independência natural para viverem sob leis políticas.

Em sentido contrário, a liberdade, para John Locke, não poderia estar submetida à lei dos homens e cada indivíduo tem o direito de agir como bem entender, de acordo com a liberdade natural, a qual consiste em não estar sujeito a qualquer espécie de restrição36.

Entendimento semelhante foi compartilhado por Thomas Hobbes para quem a “liberdade significa, em sentido próprio, a ausência de oposição”37.

Ambos os pensadores defendem o conceito de liberdade negativa, fundamentada na ausência de intervenção e constrangimento, estabelecendo uma limitação no poder discricionário do Estado na sociedade38.

Immanuel Kant39 afirma que a liberdade não está submetida às leis naturais, mas sim à razão, considerando toda ação justa, desde que realizada por vontade própria do indivíduo e sem interferência na liberdade do outro.

35 SILVA, Maria Beatriz Nizza da. O conceito de Liberdade Política em Montesquieu. Revista de História-USP, São Paulo, v. 38, n. 78, p. 415, 1969.

36 STÜRMER, Gilberto. A Liberdade Sindical na Constituição da República Federativa de 1988 e sua relação com a Convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho. 1. ed. Porto Alegre:

Livraria do Advogado Editora, 2007. p. 38.

37 HOBBES, Thomas. Leviatã ou matéria, forma e poder de um Estado eclesiástica e civil.

Tradução João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Editora Nova Cultural Ltda., 1999. p. 171.

38 FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 9. ed. Salvador:

JusPODIVM, 2017. p. 425.

(24)

Para esse filósofo, a liberdade é considerada o principal direito do ser humano, pois caracteriza-se pela capacidade de o indivíduo dirigir sua vida e escolhas a partir da razão, concluindo que a lei, ao impedir uma ação, interfere na liberdade e causa injustiças.

Para Georg Wilhelm Friedrich Hegel, a liberdade é mediada pelo Estado, não é absoluta e possui limites, pois, trata-se de um processo histórico, no qual o indivíduo deve conquistá-la40.

Isaiah Berlin41 divide a liberdade em duas formas, ora como ausência de constrangimento, ora como autonomia do indivíduo.

Norberto Bobbio separa a liberdade em negativa e positiva42. A negativa pode ser compreendida como “a situação na qual um sujeito tem a possibilidade de agir sem ser impedido, ou de não agir sem ser obrigado, por outros sujeitos”43.

A liberdade positiva, por outro lado, pode ser compreendida como “a situação na qual um sujeito tem a possibilidade de orientar seu próprio querer no sentido de uma finalidade, de tomar decisões, sem ser determinado pelo querer de outros”44.

Por fim, anota-se que, para José Afonso da Silva45, “o conceito de liberdade humana deve ser expresso no sentido de um poder de atuação do homem em busca de sua realização pessoal, de sua felicidade”.

39 KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Tradução Paulo Quintela. 1. ed.

Lisboa: Edições 70 Ltda., 2007. p. 111.

40 PEREIRA, Luiza Andriolo da Rocha Tavares. A liberdade em Hegel e seus desafios. 2012. 133 f.

Dissertação (Mestrado em Filosofia) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012. p. 21.

41 FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 9. ed. Salvador:

JusPODIVM, 2017. p. 424.

42Segundo Norberto Bobbio “a primeira forma de liberdade é negativa porque designa, sobretudo, a ausência de algo (já foi observado que, na linguagem comum, livre em face de é freqüentemente [sic]

sinônimo de sem que, tanto que o mais comum de explicar o que significa que eu agi livremente é dizer que agi sem que ...); a segunda é positiva porque indica, ao contrário, a presença de algo, ou seja, de um atributo específico do meu querer, que é precisamente a capacidade de se mover para uma finalidade sem ser movido”. (BOBBIO, Norberto. Igualdade e Liberdade. Tradução Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Ediouro, 1996. p. 51).

43 Observa Norberto Bobbio, que “dado que os limites às nossas ações em sociedade são geralmente postos por normas (sejam consuetudinárias ou legislativas, sejam sociais, jurídicas ou morais), pode- se também dizer, como foi dito, por uma longa e autorizada tradição, que a liberdade nesse sentido – ou seja, a liberdade que um uso cada vez mais difundido e freqüente [sic] chama de liberdade negativa – consiste em fazer (ou não fazer) tudo o que as leis, entendidas em sentido lato e não em sentido técnico-jurídico, permitem ou não proíbem (e, enquanto tal, permitem não fazer)”. (Ibid. p. 48).

44 Ibid. p. 51.

45 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 15. ed. Brasil: Malheiros Editores, 1998. p. 236.

(25)

Aprofundando as digressões sobre o tema, afirma o jurista que a

“liberdade consiste na possibilidade de coordenação consciente dos meios necessários à realização da felicidade pessoal”46.

De acordo com seus estudos47, esse conceito abrange elementos objetivos e subjetivos essenciais e mostra-se certo que tudo aquilo que impedir essa coordenação consciente, transforma-se em um empecilho para a liberdade.

Apesar de o conceito de liberdade ser amplo, analisando as ideias dos autores citados acima, verifica-se que todos partem de um pressuposto comum, qual seja, a liberdade como um direito inerente ao ser humano, isto é, um elemento fundamental para a sua existência, razão pela qual deve ser assegurada pelos Estados mediante todos os meios cabíveis, inclusive nas relações sindicais.

1.3 Liberdade Coletiva

Quando falamos em liberdade, pensamos imediatamente que esta se limita apenas à seara individual, entendimento este equivocado, dado que a liberdade possui também uma extensão coletiva, muitas vezes esquecida por envolver atos e escolhas individuais relacionados à “vida pessoal, familiar, comunitária e cívica, nos limites do respeito à liberdade dos outros e dos demais mandamentos explicitados pela ordem jurídica”48.

O pensamento individualista sobre a liberdade decorre das características dos direitos fundamentais de primeira geração, assim considerados aqueles associados aos direitos civis e políticos que asseguram a liberdade, considerando o homem individualmente como titular desse direito.

Devido ao pensamento individualista que permeou a sociedade contemporânea, o direito à liberdade, por muito tempo, limitou-se a assegurar apenas a liberdade de consciência, reunião e inviolabilidade de domicílio, ou seja, a autonomia individual sem se importar com questões sociais, sendo este, inclusive, o

46 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 15. ed. Brasil: Malheiros Editores, 1998. p. 236.

47 Ibid.

48 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 17. ed. São Paulo: LTr, 2018. p.

1547.

(26)

motivo pelo qual a liberdade sindical foi rechaçada pelo Estado Liberal que a considerava como um fator desarticulador do livre encontro dos indivíduos, como cita Paulo Gustavo Gonet Branco49:

Outra perspectiva histórica situa a evolução dos direitos fundamentais em três gerações. A primeira delas abrange os direitos referidos nas Revoluções americana e francesa. São os primeiros a ser positivados, daí serem ditos de primeira geração. Pretendia-se, sobretudo, fixar uma esfera de autonomia pessoal refratária às expansões do Poder. Daí esses direitos traduzirem-se em postulados de abstenção dos governantes, criando obrigações de não fazer, de não intervir sobre aspectos da vida pessoal de cada indivíduo. São considerados indispensáveis a todos os homens, ostentando, pois, pretensão universalista. Referem-se a liberdades individuais, como a de consciência, de reunião, e à inviolabilidade de domicílio. São direitos em que não desponta a preocupação com desigualdades sociais. O paradigma de titular desses direitos é o homem individualmente considerado. Por isso, a liberdade sindical e o direito de greve - considerados, então, fatores desarticuladores do livre encontro de indivíduos autônomos – não eram tolerados no Estado de Direito liberal. A preocupação em manter a propriedade servia de parâmetro e de limite para a identificação dos direitos fundamentais, notando-se pouca tolerância para as pretensões que lhe fossem colidentes.

Karl Marx, afastando esta ideia individualista da liberdade, ensinava que a liberdade coletiva deve superar as características concorrenciais dos indivíduos, a fim de estabelecer relações comunitárias, as quais seriam a chave para a libertação do homem do estado de necessidade e causalidade em que se encontra, como expõe José Carlos Arouca50:

Para Marx, a liberdade coletiva exige a superação das relações antagônicas e concorrenciais entre os indivíduos, a favor de um modo de relação do tipo comunitário e cooperativo. Ainda mais, na concepção de Marx, a liberdade coletiva é a associação capaz de dar lugar a uma vontade substancial autônoma e cooperante que demanda o objetivo racional de libertação de todos os homens das correntes da necessidade e da causalidade, onde eles possam encontrar a satisfação reciproca do cumprimento de atividades com o fim em si mesmas.

49 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 10.

ed. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 138.

50 AROUCA, José Carlos. Curso básico de direito sindical: da CLT à reforma trabalhista de 2017 (Lei n. 13.467). 6. ed. São Paulo: LTr, 2018. p. 71.

(27)

Embora sua noção de liberdade coletiva não seja a mesma defendida nas relações sindicais, esta demonstra que existem outras dimensões de liberdade, além da individual.

Posto isso, não há como se desconsiderar a liberdade coletiva na seara sindical, sendo que esta é inerente às empresas e sindicatos que, por possuírem personalidade jurídica, se aproveitam da noção de liberdade individual para seu próprio benefício51.

Essa liberdade é essencial para a existência dessas organizações, pois lhes é concedida a autonomia necessária para gerir seus objetivos, interesses e desejos e garante, assim, a independência necessária para o desenvolvimento das atividades para as quais essas entidades foram criadas.

Nas relações sindicais, a liberdade coletiva ganha maior expressão por meio da liberdade sindical, a qual afasta qualquer espécie de intervenção dos Estados e terceiros nos sindicatos, assegurando a independência dessas organizações para defender os interesses de seus representados.

Neste contexto, não há como ignorar a existência da liberdade coletiva, devendo esta ser protegida, a fim de se preservar o desenvolvimento das relações entre as empresas e sindicatos, pois as primeiras asseguram a subsistência dos empregados, diante de sua função social e os sindicatos preservam direitos essenciais para a manutenção do patamar mínimo civilizatório.

Dessa forma, a liberdade não se limita ao indivíduo, razão pela qual é dever dos Estados protegerem também a sua dimensão coletiva para que tanto as empresas como os sindicatos possam atuar em conjunto com a sociedade, com a finalidade de se garantir o mínimo necessário para a sobrevivência dos seres humanos.

51 DELGADO. Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 17. ed. São Paulo: LTr, 2018. p.

1547.

(28)

CAPÍTULO 2 - LIBERDADE SINDICAL

Neste segundo capítulo, tratamos da relação entre a liberdade sindical e a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Examinamos a liberdade sindical por meio das Convenções nº 87, nº 98 da OIT e tratados internacionais; abordamos os órgãos responsáveis pela fiscalização dessas Convenções e apresentamos o conceito de liberdade sindical.

2.1 Relação entre a Liberdade Sindical e a Declaração Universal dos Direitos Humanos

Observadas as premissas acima, podemos iniciar os estudos sobre a liberdade sindical, que possui relação estreita com a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

As discussões sobre a liberdade sindical têm origem com a criação da Organização Internacional do Trabalho, em 1919, sendo esta matéria inserida no texto de sua Constituição52.

A presença desse tema na Constituição da OIT foi essencial para seu desenvolvimento, posto que as matérias discutidas por essa organização inspiraram o aperfeiçoamento de diversas normas gerais de proteção aos direitos humanos, as quais posteriormente culminaram na Declaração Universal dos Direitos Humanos, segundo Maristela Basso e Fabrício Polido53.

Portanto, não causa surpresa essa Declaração possuir íntima ligação com a liberdade sindical, visto que um de seus objetivos é preservar a autonomia dos seres humanos, bem como afastar atos arbitrários por parte dos Estados, finalidade esta também dos sindicatos que buscam valorizar o trabalho humano sem a intromissão estatal, prestigiando relações trabalhistas harmônicas e independentes.

52 VALTICOS, Nicolas. Uma relação complexa: direito do homem e direitos sindicais. In: TEIXEIRA FILHO, João de Lima (coord.). Relações Coletivas de Trabalho: Estudos em homenagem ao Ministro Arnaldo Süssekind. São Paulo: LTr, 1989. p. 64-65.

53 BASSO, Maristela; POLIDO, Fabrício. A convenção 87 da OIT sobre liberdade sindical de 1948:

recomendações para a adequação do direito interno brasileiro aos princípios e regras internacionais do trabalho. Revista do Tribunal Superior do Trabalho, Brasília, v. 78, n. 3, p. 141, 2012.

(29)

Neste contexto, a Declaração Universal dos Direitos Humanos alçou a liberdade sindical como o direito dos seres humanos de criar sindicatos independentemente da autorização estatal, conforme se extrai da redação do Art.

23, § 4º, o qual dispõe que “todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus interesses”54.

Devido a esse tratado internacional não prever obrigações formais, Nicolas Valticos55 explica que os Estados somente se comprometeram com os ideais propostos neste documento, em 1966, por meio do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (PIDCP) e do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC), ambos prevendo disposições sobre a liberdade sindical.

Apesar das diferenças dos conteúdos abordados nesses pactos, pois um versa sobre obrigações da sociedade com os trabalhadores e o outro sobre as garantias individuais, esta diversidade de matérias não altera a noção de liberdade sindical descrita na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Nesse sentido, as disposições desses tratados devem ser interpretadas conjuntamente com as da Declaração, ou seja, como normas complementares que devem ser observadas pelos Estados na elaboração de seus ordenamentos jurídicos quanto à proteção da liberdade sindical.

Observa-se ainda que a existência da liberdade sindical depende da proteção dada pela Declaração à liberdade individual, visto que a liberdade é indivisível, razão pela qual não há como se garantir o livre exercício sindical em locais que violem as liberdades dos seus cidadãos, como ensina Arnaldo Süssekind56.

De acordo com este jurista57, o desrespeito à Declaração Universal dos Direitos Humanos afeta o livre exercício sindical, mostrando-se evidente a relação entre esse tratado e a liberdade sindical.

Diante do exposto, não há dúvidas de que os direitos sindicais protegidos pela OIT e os civis pela Declaração Universal dos Direitos Humanos são harmônicos, tanto que a Conferência Internacional do Trabalho, de 1970,

54 ONU. Organização das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos Humanos. 10 dezembro 1948. Disponível em: https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2018/10/DUDH.pdf.

Acesso em 06 out. 2019.

55 VALTICOS, Nicolas. Uma relação complexa: direito do homem e direitos sindicais. In: TEIXEIRA FILHO, João de Lima (coord.). Relações Coletivas de Trabalho: Estudos em homenagem ao Ministro Arnaldo Süssekind. São Paulo: LTr, 1989. p. 67-68.

56 SÜSSEKIND, Arnaldo. Direito internacional do trabalho. 3. ed. São Paulo: LTr, 2000. p. 323.

57 Ibid.

(30)

reconheceu tal fato e consagrou como fundamentais para as relações de trabalho os seguintes direitos civis58:

a) o direito à liberdade e à segurança da pessoa, assim como à proteção contra as detenções arbitrárias; b) a liberdade de opinião e de expressão e em particular o direito de não ser incomodado por causa de suas opiniões e ode buscar, receber e propagar, sem consideração de fronteiras, as informações e idéias [sic] por qualquer meio; c) a liberdade de reunião; d) o direito a um julgamento eqüitativo [sic] por um tribunal independente e imparcial; e) o direito à proteção dos bens sindicais.

A posição da OIT reafirma a necessidade de os Estados promoverem regras claras em seus ordenamentos jurídicos internos para a proteção dos direitos civis, tais como a liberdade, a segurança, a proibição de tribunais de exceção e imparciais, dentre outros, garantindo-se, assim, uma proteção mínima a seus cidadãos, condição esta essencial para o desenvolvimento das relações sindicais e implementação da liberdade sindical.

Portanto, a liberdade sindical somente poderá ser adotada se respeitadas as disposições da Declaração Universal dos Direitos Humanos, posto que esta não prevê somente a sua proteção, mas também assegura diversos direitos civis, os quais são essenciais para que a mesma surta efeitos nas relações sindicais, motivo pelo qual não há como se discutir esse tema sem atentar-se a esse tratado internacional.

2.2 Convenção n. 87 da OIT e Tratados Internacionais – Consagração da Liberdade Sindical

Antes de nos aprofundarmos no conteúdo da Convenção nº 87 da OIT, devemos compreender a importância dos tratados instituídos pela Organização Internacional do Trabalho para os ordenamentos jurídicos dos países que adotaram as suas disposições.

58 VALTICOS, Nicolas. Uma relação complexa: direito do homem e direitos sindicais. In: TEIXEIRA FILHO, João de Lima (coord.). Relações Coletivas de Trabalho: Estudos em homenagem ao Ministro Arnaldo Süssekind. São Paulo: LTr, 1989, p. 70.

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