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PROTOZOÁRIOS E HELMINTOS EM INTERAÇÃO COM IDOSOS ALBERGADOS EM LARES GERIÁTRICOS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL

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Revista

ISSN 2179-5037

1 Mestre em Bioquímica. Docente do Centro Universitário UNIABEU. Médico dos Lares geriátricos Miguel Pereira, Santa Cruz e Nova Iguaçu. Rio de Janeiro. E-mail:

h.macharetti@yahoo.com.br

2 Doutor em Doenças Parasitárias. Docente do Centro Universitário UNIABEU e Faculdade de Medicina Souza Marques. Rio de Janeiro. E-mail: norberg@uol.com.br

3 Doutora em Enfermagem. Coordenadora e docente do curso de Enfermagem do Centro Universitário UNIABEU. Rio de Janeiro. E-mail: jaquelinedeandrademartins@gmail.com 4 Mestre em Doenças Parasitárias. Docente do Centro Universitário UNIABEU e Instituto Benjamin Constant. Rio de Janeiro. E-mail: jtadeumadeira@yahoo.com.br

5 Mestrando em Medicina da Família. Coordenador e docente do curso de Farmácia do Centro Universitário UNIABEU. Rio de Janeiro. E-mail: uniabeu1farm@uniabeu.edu.br

6 Doutor em Medicina Nuclear. Responsável técnico pelo Serviço de Medicina Nuclear do Hospital Central do Exército – HCEx. Docente do Centro Universitário UNIABEU. Rio de Janeiro. E-mail: carmelindomaliska@gmail.com

7 Doutor em Doenças Parasitárias. Docente do Centro Universitário UNIABEU. Pesquisador titular do Instituto Oswaldo Cruz – IOC/FIOCRUZ. Rio de Janeiro. E-mail: nmsf@ioc.fiocruz.br Revista UNIABEU Belford Roxo V.7 Número 16 maio- agosto de 2014

PROTOZOÁRIOS E HELMINTOS EM INTERAÇÃO COM IDOSOS

ALBERGADOS EM LARES GERIÁTRICOS NO ESTADO DO RIO DE

JANEIRO, BRASIL

Humberto Macharetti1, Antonio Neres Norberg2, Jaqueline Santos Andrade Martins3, José Tadeu Madeira de Oliveira4, Aluizio Antonio de Santa Helena5, Carmelindo

Maliska6, Nicolau Maués Serra Freire7

RESUMO: Idosos albergados em Lares Geriátricos de três municípios no estado do Rio de

Janeiro, com idades entre 60 e 88 anos foram investigados quanto a interações entre helmintos e protozoários do intestino, o sexo e a procedência dos anciãos de Nova Iguaçu, Paty do Alferes e Santa Cruz. Das 62 pessoas que formaram a amostra, 37 eram homens e 25 eram mulheres, indicativo de maior número de homens albergados; destes 27,78% dos homens e 34,62% das mulheres estavam infectados. Cinco espécies de helmintos (Ascaris lumbricoides,

Enterobius vermicularis, Strongyloides stercoralis, Trichuris trichiura, e Hymenolepis nana) e

cinco de protozoários (Cryptosporidium sp., Endolimax nana, Entamoeba coli, Entamoeba

histolytica, Giardia lamblia) foram diagnosticadas, sendo dominante T. trichiura, mas a

dominância foi diferentes entre os homens e as mulheres. Em Nova Iguaçu, a frequência de infecção foi significativamente maior que nos outros dois Lares Geriátricos; os resultados foram encaminhados para o mesmo médico que atende as três instituições e serviram de base para a intervenção.

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ABSTRACT: Aged people living at care homes of three cities in the province of Rio de Janeiro,

aged from 60 to 88 years, were investigated about interactions between helminths and protozoa in the gut, gender and origin of the elders of Nova Iguaçu, Paty do Alferes and Santa Cruz. Of the 62 people who formed the sample, 37 were men and 25 were women, indicative of a higher number of men housed; of these, 27.78% of men and 34.62% of women were infected. Five species of helminths (Ascaris lumbricoides, Enterobius vermicularis, Strongyloides stercoralis,

Trichuris trichiura and Hymenolepis nana) and five of protozoa (Cryptosporidium sp., Endolimax nana, Entamoeba coli, Entamoeba histolytica, Giardia lamblia) were diagnosed, with dominance

of T. trichiura but this dominance was different between men and women. At Nova Iguaçu the frequency of infection was significantly higher than in the other two care homes; the results were sent to the same physician that attends the three institutions and served as the basis for medical intervention.

Keywords: Parasitism in the elderly; intestinal nematodes; cestoide in intestine.

INTRODUÇÃO

Os parasitos intestinais são patógenos frequentemente encontrados em seres humanos. Apresentam-se como helmintos e protozoários que colonizam o intestino de vertebrados e constituem um dos grandes problemas de saúde pública mundial. As parasitoses ocorrem em todas as faixas etárias, porém são mais frequentes em crianças. Este fato está relacionado à imunidade de cada indivíduo (Rey1, 2008; Muchiutti et al.2, 2013), o que também acontece com idosos (Ely et al.3, 2011).

As doenças parasitárias são de ampla distribuição geográfica, tanto nas zonas rurais como nas urbanas, com intensidade variável dependendo do ambiente e da espécie do parasita envolvida. Nas áreas endêmicas, a morbidade destas enfermidades está associada com a intensidade e a cronicidade da infecção. Geralmente têm estreita relação com os fatores sócio-demográficos e de ambiente, como: problemas de infraestrutura de saneamento básico, deficiente ou ausente, dificuldade de obtenção de água potável, precárias condições socioeconômicas, estado nutricional deficiente ou desequilibrado, entre outros (Cooper4 et al., 2006; Beninelo5 et al., 2011; Firmo-Oliveira & Amor6, 2012).

As doenças parasitárias são mais frequentes em crianças, idosos e adultos jovens, podendo interferir no estado nutricional e no crescimento dos infectados, levando a prejuízos quanto à diminuição da intelectualidade com reflexo no baixo índice de aproveitamento escolar (Pollitt7, 1999; Coura8, 2005; Oliveira & Chiunchetta9, 2010). Os enteroparasitos podem progredir assintomaticamente, ou induzir variadas manifestações clínicas com sintomas característicos, sendo preocupantes as infecções parasitárias nos pacientes imunocomprometidos (Veronesi & Focaccia10, 2009).

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Quando os enteroparasitos infectam isoladamente o indivíduo, geralmente não provocam alta letalidade, porém algumas infecções isoladas ou associadas podem afetar o equilíbrio nutricional, induzir sangramento intestinal e má absorção de nutrientes, além de competir pela absorção de micronutrientes, reduzir a ingestão alimentar, originar complicações cirúrgicas como o do prolapso retal, obstrução e abscesso intestinal, agindo através de vários mecanismos, entre eles a ação espoliadora e alergizante. Como resultado da ação espoliadora, pode ocorrer um quadro de anemia por deficiência de ferro, que, em adultos, pode ocasionar diminuição da capacidade reprodutiva (Marquez11 et al., 2002).

Uma ideia do problema que assola a população mundial pode ser evidenciada pelas cifras divulgadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que, em 1999, estimou existir no mundo 1,38x109 pessoas parasitadas por Ascaris lumbricoides, dos quais 250x106 estavam doentes; 1,25x109 pessoas parasitadas por ancilostomídeos, com 151x106 doentes; 45,5x106 casos de tricurose; 1,7x106 casos de oncocercose, etc. Rey1 (2008).

Do ponto de vista médico e social, esses parasitas representam importantes problemas de saúde pública, que, além de ameaçarem constantemente a vida e o bem-estar de grande parte da população, causam consideráveis perdas econômicas com a assistência de saúde, redução da reprodutividade ou incapacitação para o trabalho. As gastrenterites induzidas por Entamoeba histolytica se constituem em grave problema de saúde pública, como citou a OMS, para o ano de 1997, 48 milhões de casos com cerca de 70 mil óbitos. A partir de 1980, com a epidemia da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA), a amebíase, a toxoplasmose, outras protozooses, bacterioses e viroses se tornaram em causas de mortes de pacientes para os portadores de HIV (Rey1, 2008).

Na literatura científica existem poucos relatos de investigações sobre enteroparasitoses em idosos albergados em lares geriátricos, o que motivou o desenvolvimento do projeto de investigação sobre indicadores das relações tróficas entre protozoários e helmintos no intestino de gerontes albergados em três lares geriátricos de três cidades no estado do Rio de Janeiro.

MATERIAL E MÉTODO

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Com delineamento observacional, individualizado e transversal, a pesquisa foi realizada com amostras de idosos albergados em lares geriátricos das cidades do Rio de Janeiro, Nova Iguaçu, e Miguel Pereira, estado do Rio de Janeiro. A amostragem dos idosos não descriminou sexo ou faixa etária para a população com idade variando entre 60 e 88 anos. A amostra ficou composta por 62 idosos, sendo 37 do gênero masculino, e 25 do gênero feminino, caracterizando uma amostra universal daquelas comunidades.

Amostra de material para exame parasitológico das fezes

A solicitação das coproscopias e a orientação quanto à coleta das amostras fecais foi realizada pelo mesmo médico que presta assistência àqueles lares geriátricos. Alíquotas de fezes de cada indivíduo foram obtidas por doação voluntária, conservadas em solução de Merthiolate-iodo-formol (MIF), e encaminhadas ao Laboratório de Pesquisas em Doenças Parasitárias do Centro Universitário UNIABEU. O exame parasitológico das fezes foi processado pelo método coproscópico de Hoffman12 et al. (1934). Para o diagnóstico e para calcular a frequência de cistos de protozoários, ovos e larvas de helmintos por observação microscópica, foram utilizadas duas preparações do sedimento entre lâmina e lamínula para as fezes de cada indivíduo. Os resultados foram trabalhados por estatística descritiva e cálculos de indicadores de saúde, e teste do Qui-quadrado para independência com significância de 5% (Serra-Freire13, 2002).

RESULTADOS

O índice de masculinidade (IM) para a amostra trabalhada foi de 14 homens para cada 10 mulheres, e nas três instituições que albergam os idosos investigados quanto à possível parasitose intestinal, os IM calculados foram de 13 homens para 11 mulheres em Nova Iguaçu (IM = 1,18), 15 homens para sete mulheres em Paty do Alferes (IM = 2,10), e de um para um em Santa Cruz (IM = 1,00). Quando se comparou os índices de masculinidade entre os idosos encontrados com infecção intestinal por protozoários e/ou helmintos, os IM foram menos desiguais, com IM = 1,2 para Nova Iguaçu, IM = 1,1 para Paty do Alferes e para Santa Cruz.

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O coeficiente de prevalência (CP) para a amostra trabalhada foi de 30,65%. Considerando os coeficientes para cada município, foram CP = 45,83% para Nova Iguaçu, CP = 18,18% para Paty do Alferes, e CP = 25,00% para Santa Cruz. Considerando os 62 examinados dos dois sexos, a prevalência foi de CP = 27,78% para os homens, e de CP = 34,62% para as mulheres. A avaliação por sexo segundo a procedência da unidade amostral revelou diferenças marcantes (Tab. 1).

Tabela 1. Indicadores de infecção intestinal por protozoários e helmintos em idosos albergados em Lares Geriátricos de três instituições no estado do Rio de Janeiro, avaliados em 2014.

Procedência Idoso

Lar Geriátrico no município de

Nova Iguaçu Paty do Alferes Santa Cruz T o t a l

Homem 46,45%aA 13,33%cA 25,00%bA 27,78%A

Mulher 45,45%aA 28,57%bB 25,00%bA 34,62%B

Homem e Mulher 45,83%a 18,18%b 25,00%b 30,65

Obs.: Expoentes com letras minúsculas iguais na mesma linha indicam diferença não significativa (p>0,05) para o erro do tipo I; letras minúsculas desiguais indicam diferença significativa (p<0,05). Expoentes com letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam diferença não significativa (p>0,05) para o erro do tipo I; letras maiúsculas desiguais indicam diferença significativa (p<0,05).

A diversidade de cinco espécies de helmintos, e cinco de protozoários encontrados nos exames de fezes dos idosos evidencia o risco a que os mesmos estão expostos (Tab. 2). Entre os 19 idosos com infecção comprovada, em sete aconteciam duas espécies simultaneamente, e em um homem idoso, em Nova Iguaçu, ocorriam três espécies. As simultaneidades aconteceram só em um hospedeiro, com exceção de uma, e a espécie que maior número de vezes teve intercurso com outra foi T. trichiura, cinco vezes, seguida por E. coli, três vezes. As associações foram: T. trichiura e A. lumbricoides, T. trichiura e E. coli, T. trichiura e E. histolytica, T. trichiura e H. mana esta duas vezes; E. coli e S. stercoralis, T. trichiura + H. mana e E. coli. A frequência com que cada espécie aconteceu variou entre homens e mulheres (Tab. 3).

Tabela 2. Diversidade de espécies de protozoários e helmintos em infecção intestinal em idosos

albergados em Lares Geriátricos de três instituições no estado do Rio de Janeiro, avaliados em 2014.

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Espécie Homem Mulher Homem Mulher Homem Mulher Homem Mulher

Ascaris lumbricoides 1 0 0 0 0 0 1 0 Enterobius vermicularis 1 1 0 0 0 0 1 1 Hymenolepis nana 0 2 2 0 0 0 2 2 Strongyloides stercoralis 2 0 0 0 0 0 2 0 Trichuris trichiura 4 2 1 0 0 0 5 2 Cryptosporidium sp. 0 0 0 0 1 0 1 0 Endolimax nana 1 0 0 0 0 1 1 1 Entamoeba coli 2 2 0 2 0 1 2 5 Entamoeba histolytica 0 1 0 0 0 0 0 1 Giardia lamblia 0 0 0 0 2 0 2 0 Total 11 8 3 2 3 2 17 12

Tabela 3. Prevalência de espécies de protozoários e helmintos em infecção intestinal em idosos

albergados em Lares Geriátricos de três instituições no estado do Rio de Janeiro, avaliados em 2014.

Espécies Homem Mulher Frequência geral

No % No % Ascaris lumbricoides 1 5,88 0 0 3,45 Enterobius vermicularis 1 5,88 1 8,33 6,89 Hymenolepis nana 2 11,76 2 16,67 13,79 Strongyloides stercoralis 2 11,76 0 0 6,89 Trichuris trichiura 5 29,44 2 16,67 24,15 Cryptosporidium sp. 1 5,88 0 0 3,45 Endolimax nana 1 5,88 1 8,330 6,89 Entamoeba coli 2 11,76 5 41,67 24,15 Entamoeba histolytica 0 0 1 8,33 3,45 Giardia lamblia 2 11,76 0 0 6,89 Total 17 100,00 12 100,00 100,00 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

Mesmo considerando o grande avanço científico e tecnológico, as parasitoses continuam constituindo um importante objeto de estudo e preocupação, principalmente nos países em desenvolvimento, nos quais são observadas precárias condições

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higiênico-sanitárias associadas com a insatisfatória qualidade de vida da população (Alves14 et al., 1998; Araújo & Fernandes15, 2005; Sales-Barbosa & Teixeira16, 2011; Ponciano17 et al., 2012; Silva18 et al., 2012). No Brasil, as doenças parasitárias estão incluídas entre os principais problemas de saúde pública; são doenças cujos agentes etiológicos são favorecidos pelas condições do ambiente, especialmente as climáticas, acometendo praticamente todas as faixas etárias dos humanos e animais. A disseminação e dispersão dos agentes das parasitoses no Brasil ainda são aumentadas pelas condições socioeconômicas, agravadas pelo insuficiente nível de instrução e desconhecimento dos bons hábitos sanitários. Na população infantil, alguns agentes parasitários podem constituir fatores agravantes da subnutrição, baixos rendimento de aprendizagem entre escolares, assim como pode ocorrer fraco desempenho laboral entre operários como consequência da indisposição natural advinda da infecção por agentes de doenças parasitárias (Cooper4 et al., 2006; Benielo5et al., 2001; Firmo-Oliveira & Amor6, 2012). Entre os anciãos albergados em Lares Geriátricos em três municípios do estado do Rio de Janeiro, a prevalência está alta com CP = 30,65% (Tab. 1), caracterizando que, embora as instituições contem com tratadores e cuidadores, as parasitoses são risco permanente à saúde dos idosos.

Ponciano17 et al. (2012) e Rey1 (2008) consideraram que o exame parasitológico de fezes, na prática, é um recurso de fundamental importância para o diagnóstico das enteroparasitoses, e deve ser solicitado na rotina dos serviços de saúde, considerando que as parasitoses intestinais são frequentes na população. Distintos métodos devem ser usados para evidenciar ovos e larvas de helmintos, assim como cistos de protozoários parasitos intestinais. Esses autores consideram que alguns métodos são mais usados na rotina, pois são capazes de evidenciar maior número de formas parasitárias, além de execução fácil e baixo custo. Corroborando com tais afirmações, sugerimos, ainda, que as coproscopias negativas sejam repetidas, pois a positividade em alguns casos depende da dinâmica de estádios detectáveis, outras características fisiológicas e de técnicas especiais para evidenciar certos organismos parasitários, como é o caso da infecção por Enterobius vermicularis, Strongyloides stercoralis, Giardia lamblia e Cryptosporidium sp., como foi encontrado entre os idosos de Nova Iguaçu, Paty do Alferes e Santa Cruz (Tab. 2).

O cálculo de 3,5% como coeficiente de prevalência de parasitoses intestinais entre 37 idosos internados no asilo do município de Cruz das Almas, estado do Rio

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Grande do Sul, revelou a intercorrência de helmintoses e protozooses (Estivalett & Speroto19, 2007). Para esses autores, mesmo com adequadas condições de saneamento no asilo, o parasitismo intestinal acontecia, ainda que em baixa frequência. Por isso consideraram que, nos idosos, o processo biológico normal do envelhecimento altera de alguma forma as reservas funcionais do organismo associadas a fatores imunológicos mais baixos, pois frequentemente acontecem infecções parasitárias e, como consequência, há diminuição da qualidade de vida dos idosos. Seguindo este raciocínio, deve ser admitido que, possivelmente, as condições de saneamento dos Lares Geriátricos investigados têm falhas, principalmente porque a diferença de prevalência é muito significativa (Tab. 1).

Araújo20 et al. (1994) realizaram inquérito epidemiológico sobre parasitoses intestinais em idosos atendidos no Núcleo de Saúde da cidade de João Pessoa, estado da Paraíba, e detectaram 39,65% de positividade. Entre as espécies diagnosticadas assinalaram ancilostomídeos, Ascaris lumbricoides, Schistosoma mansoni e Entamoeba histolytica, com dominância de mono parasitismo, correspondendo a 56,52% dos casos. Esses resultados são similares aos encontrados agora no Rio de Janeiro, diferindo na diversidade dos parasitas, inclusive porque aqui não se encontrou casos de esquistossomose (Tab. 2).

De acordo com Nuñez-Gil21 et al. (1994), a prevalência de parasitoses intestinais em 46 anciões maiores de 65 anos, de ambos os sexos, atendidos no Centro Gerontológico do município de Maracaíbo, estado de Zulia, Venezuela foi calculada em 60,87%, com domínio de protozoários (92,85%) e com poliparasitismo (57,14%). As espécies mais frequentes eram E. coli (32,60%), E. nana (26,08%) e G. lamblia (6,52%), frequências maiores do que as calculadas para os Lares Geriátricos no Rio de Janeiro (Tab. 3). Os autores destacaram que os idosos não permanecem em regime de internato no centro gerontológico; aparentemente são saudáveis, porém não dispõem de recursos econômicos para maior atenção à saúde e alimentação, comparecendo diariamente ao centro gerontológico; esta talvez possa ser uma explicação para a diferença dos resultados, já que no Rio de Janeiro os idosos estão albergados (Tab. 3).

O coeficiente de masculinidade calculado para cada uma das instituições pesquisadas indica que está sendo mais comum a internação de homens idosos nestas instituições. Porém quando se comparou os índices de masculinidade entre os idosos encontrados com infecção intestinal por protozoários e/ou helmintos, os IM foram

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menos desiguais, sugerindo que dentro dos Lares Geriátricos homens e mulheres estão submetidos a riscos similares para o parasitismo intestinal, sinalizando cuidados e tratamentos semelhantes para os dois sexos.

A comparação entre os resultados dos três Lares Geriátricos, considerando os sexos dos idosos, e sem distinção do gênero, revelou que em Nova Iguaçu o parasitismo é maior (Tab. 1), sendo as mulheres as que estão mais parasitadas. A comparação entre os resultados dos homens e das mulheres por Lar Geriátrico, revelou que somente em Paty do Alferes a frequência de infecção intestinal por protozoários e helmintos foi significativa (p<0,05), com mulheres mais infectadas. Sendo o médico assistente o mesmo nas três instituições, é de se pensar que a diferença corre por conta do ambiente, e/ou dos cuidadores, fato que precisa ser investigado.

Os resultados específicos para cada instituição foram entregues ao serviço médico dos três Lares Geriátricos, assim a pesquisa contribuiu para que fosse conhecida a etiologia parasitária incidente entre os anciões dos três municípios investigados, e os resultados serviram de base para a orientação e intervenção antiparasitária mais específica.

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Recebido em 27/06/2014. Aceito em 09/08/2014.

Imagem

Tabela  3.  Prevalência  de  espécies  de  protozoários  e  helmintos  em  infecção  intestinal  em  idosos  albergados em Lares Geriátricos de três instituições no estado do Rio de Janeiro, avaliados em 2014

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