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Comunidade "Noiva do Cordeiro": mídia e mediações

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Academic year: 2021

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Dissertação apresentada à Universidade de Trás-os- Montes e Alto Douro, como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Ciências da Cultura sob a orientação da Professora Doutora Orquídea Ribeiro

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AGRADECIMENTOS

Agradeço:

A Deus, pela benção e proteção.

A todos que me acompanharam, apoiaram e tornaram possível a realização deste trabalho.

À Diretora Edna Roriz, por acreditar em mim e em meu crescimento. Por idealizar e proporcionar que esse projeto se cumprisse.

À Professora Doutora Orquídea Maria Moreira Ribeiro, pelas orientações necessárias para que o trabalho decorresse bem.

Aos professores, com os quais convivi no decorrer da etapa do cumprimento dos créditos solicitados pelo Programa.

Aos colegas de mestrado, pelos compartilhamentos.

Aos moradores da Comunidade Noiva do Cordeiro e Belo Vale que aceitaram participar deste estudo, pela generosidade e confiança, e às instituições e pessoas que possibilitaram nossos encontros.

Aos meus pais, pelo carinho e atenção de sempre.

Aos meus irmãos e sobrinhos por terem entendido a minha “ausência”.

Ao Carlos e à Bárbara, amores da minha vida, por compartilhar comigo alegria, sonhos, dificuldades, dores, conquistas e, sobretudo, pela total presença em minha vida.

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RESUMO

Esta dissertação desenvolve uma reflexão sobre a comunidade rural Noiva do Cordeiro localizada a cem quilômetros de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, no município de Belo Vale; questionando-se como foi possível uma comunidade viver isolada durante um século, num processo de exclusão e preconceito. O isolamento só foi quebrado no final do século XX, devido a uma série de fatores que vão desde a vontade da comunidade até às mudanças ocorridas na sociedade, em consequência do impacto da globalização, projetos de inclusão digital, projetos de inclusão econômica, dentre outros.

Para entender e analisar essa comunidade, foi necessário trabalhar com um vasto campo conceitual incluindo cultura, diversidade cultural, multiculturalidade, identidade cultural, diálogo intercultural, gênero, exclusão e inclusão, inclusão digital, associação comunitária, cooperativa, indústria criativa, mídia, comunicação e mediação.

A história das Noivas do Cordeiro, comunidade localizada a cem quilômetros de Belo Horizonte, no município de Belo Vale Minas Gerais, Brasil; demonstra como os valores e os padrões culturais de uma determinada sociedade promoveram e determinaram a vida de uma família alargada durante um século.

Palavras-chave: Noiva do Cordeiro, Exclusão, Gênero, Indústria Criativa, Mídia, Mediação.

ABSTRACT

This dissertation develops a reflection about the rural community “Noiva do Cordeiro”, located 100 Km from Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil. People wonder how it is possible that a community remained isolated for a century, in a process of exclusion and prejudice. This isolation ended only at the end of the 20th century due to numerous factors which range from the desire of the community to the changes that happened in the society due to the impact of globalization, projects of digital inclusion, projects of economical inclusion, among others.

In order to understand and analyze this community, it was necessary to deal with a wide range of conceptual fields including culture, cultural diversity, multiculturalism, cultural identity, intercultural dialogue, gender, inclusion and exclusion, digital

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inclusion, community association, cooperative, creative industry, media, communication and mediation.

The story of “ Noivas do Cordeiro shows how the values and cultural standards of a certain society promoted and determined the life of a family over a century.

Key words: “Noiva do Cordeiro”, Exclusion, Gender, Creative Industry, Media, Mediation

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LISTA DE SIGLAS

ACNC – Associação Comunitária Noivas do Cordeiro ALMG – Assembleia Legislativa de Minas Gerais

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CCCS – Center of Contemporary Cultural Studies

CIDEC – Centro de Informática e Desenvolvimento da Educação Comunitária CDI – Democratização da Informática

DCMS – Departamento de Cultura, Mídia e Esportes EMEREC – emissor e receptor

ESF – Estratégia Saúde da Família

GIFE – Grupo de Institutos, Fundações e Empresas IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário OIT – Organização Internacional do Trabalho ONU – Organização das Nações Unidas

PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PIB – Produto Interno Bruto

PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PNCF – Programa Nacional de Crédito Fundiário

STEP – Programa Global Estratégias e Técnicas contra a Exclusão Social e a Pobreza; TIC – Tecnologias de Informação e Comunicação

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Mapa das Mediações Comunicativas da Cultura ... 29

Figura 2 – Velhas e novas lógicas de desigualdade. ... 54

Figura 3 – Localização de Belo Vale em Minas Gerais. ... 77

LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Sociedades Civis Sem Fins Lucrativos. ... 74

Tabela 2 – Análise de questionário. ... 95

LISTA DE FOTOS Foto 1: Centro de Inclusão Digital ... 82

Foto 2: Colheita na Comunidade ... 92

Foto 3: Colheita na Comunidade ... 92

Foto 4: Problema da água resolvido ... 93

Foto 5: Sala de estudos ... 94

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INDÍCE

Introdução ... 8

Capítulo 1_ Considerações Metodológicas ... 11

Capítulo 2 _Estudos Culturais, Mídias, Cultura, Construção do Sujeito, Exclusão e Gênero 2.1 Estudos Culturais ... 17

2.2 Comunicação e mediação ... 19

2.3 Uma Abordagem Sobre a Tecnologia ... 29

2.4 Cultura e Multiculturalismo ... 39

2.5 O Processo de Construção do Sujeito ... 48

2.6 Exclusão ... 50

2.7 A Questão de Gênero ... 63

Capítulo 3_ Artesanato e Indústria Criativa ... 68

Capítulo 4 _A Comunidade Noiva do Cordeiro 4.1 O Município de Belo Vale ... 74

4.2 História da Comunidade Noiva do Cordeiro ... 75

4.3 Análise da Comunidade Noiva do Cordeiro ... 81

Capítulo 5_ Apresentação e Análise de Dados ... 95

Considerações Finais ... 97

Referências ... 100

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INTRODUÇÃO

Esta dissertação apresenta uma reflexão sobre a comunidade rural Noiva do Cordeiro; questionando-se como foi possível uma comunidade viver isolada durante um século, num processo de exclusão e preconceito. O isolamento só foi quebrado no final do século XX, devido a uma série de fatores que vão desde o desejo da comunidade até às mudanças ocorridas na sociedade, em consequência do impacto da globalização, projetos de inclusão digital e de inclusão econômica, entre outros.

Para entender e analisar esta comunidade, foi necessário trabalhar com um vasto campo conceitual incluindo cultura, diversidade cultural, multiculturalidade, identidade cultural, diálogo intercultural, gênero, exclusão e inclusão, inclusão digital, associação comunitária, cooperativa, indústria criativa, mídia, comunicação e mediação.

A história das Noivas do Cordeiro, comunidade localizada a cem quilômetros de Belo Horizonte, no município de Belo Vale, Minas Gerais, Brasil, demonstra como os valores e os padrões culturais de uma determinada sociedade promoveram e determinaram a vida de uma família alargada durante um século. A história mistura exclusão, preconceito, religião, rupturas, reconstrução, liderança e gestão, e tem início no final do século XIX, em 1890, quando Maria Senhoria de Lima, moradora de Roças Novas, povoado do município de Belo Vale, por imposição de seu pai se casou com Arthur Pierre. Insatisfeita com seu casamento começou a se relacionar com Chico Fernandes, tendo posteriormente abandonado o marido e indo morar com o seu amante, no local onde foi criada a comunidade. O casal constituiu família e tiveram nove filhos.

A atitude de Maria Senhoria escandalizou a população da região que a considerava prostituta e pecadora, pois, de acordo com o padrão moral da época, as mulheres não poderiam abrir mão do casamento em nome do amor.

Numa região católica e machista, a Igreja Católica excomungou o casal e estendeu a excomungação a quatro gerações futuras da família, considerada uma verdadeira maldição para a época. Ninguém conversava ou tinha contato com os membros da família. Com o passar dos anos, o isolamento foi aumentando, assim como o preconceito.

A partir da década de 1990, a situação da comunidade começou a mudar, graças à determinação de seus habitantes de quebrar o ciclo de pobreza e marginalização. Por

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iniciativa das costureiras da comunidade, uma pequena fábrica de tapetes e lingerie foi criada. O caminho transformador da realidade, encontrado para superar a pobreza e o isolamento, aconteceu através de uma ação articulada da comunidade, do governo e de empresas.

O objetivo geral desta dissertação é identificar e caracterizar os fatores que promoveram a inclusão da Comunidade Noiva do Cordeiro na sociedade, analisar o processo de transformação promovido pela tecnologia da informação e comunicação na Comunidade, bem como o desenvolvimento da visibilidade da Comunidade por meio da mídia e sua potencialidade como forma de inclusão, deslocando o eixo de comunicação para fora dos meios, principalmente relacionada com o estudo da recepção. Será analisada a ação da tecnologia aliada ao desenvolvimento de um projeto de economia criativa, promovendo a inclusão da comunidade Noiva do Cordeiro.

As transformações ocorridas desde as últimas duas décadas do século XX, capitaneadas pelo extraordinário desenvolvimento e difusão das tecnologias de informação e comunicação (TIC), a convergência tecnológica e econômica das diversas mídias, permitida pela digitalização da informação em suas diferentes formas, – dados, imagem/vídeo, texto e voz – e sua crescente interatividade, tornam possíveis a provisão e o acesso a uma cada vez mais variada gama de serviços e conteúdos – novas formas e canais de participação, mobilização e ativismo político, ou seja, de ampliação da cidadania.

Vivemos em um mundo em que a mídia se alastra em todos os níveis de processos sociais. Os processos de comunicação são “fenômenos de produção de identidade, de reconstituição de sujeitos, de atores sociais” (Martín-Barbero 1995: 71) e os meios de comunicação “não são um puro fenômeno comercial, não são um puro fenômeno de manipulação ideológica, são um fenômeno cultural através do qual a pessoa ou muitas pessoas (...) vivem a constituição do sentido de sua vida” (Martin-Barbero 1995: 71). Os estudos da recepção partem do princípio que o receptor não é um mero depositário de mensagens produzidas pelos meios de comunicação, mas é também um produtor de significados. Os sujeitos sociais atuam como sujeitos de múltiplas experiências, a comunicação se dá por meio de trocas entre as partes envolvidas no jogo midiático. Há uma valorização da experiência e da competência comunicativa dos receptores (Martín-Barbero 1989: 25).

É nesse cenário que movimentos sociais, como o da Comunidade Noiva do Cordeiro, promovem as suas lutas e as resistências das suas identidades culturais. Nesse sentido, busca-se investigar a mediação e a recepção que os vários comentários sobre a

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Comunidade operam na sociedade. Esta dissertação se ancora na teoria das mediações formulada por Martín-Barbero.

O modo de viver e o discurso dos membros da Comunidade potenciam a ideia de pertencimento e de coesão social. A história de Dona Senhorinha emerge como uma herança que dá sentido ao grupo. A mídia e a exteriorização do grupo se mostram importantes para que as pessoas, não somente conheçam a história, mas também promovam uma reflexão sobre o processo de exclusão. O reconhecimento externo fez com que a Comunidade reafirmasse o seu orgulho, e, consequentemente, fez com que a sociedade os respeitasse e admirasse.

Os programas televisivos produzem diferentes interpretações, conforme os vínculos que atores sociais têm diante dos contextos culturais em que vivem e interatuam. A recepção é um espaço de interação e de negociação de sentidos e os receptores das mensagens são sujeitos ativos e atuam como sujeitos de múltiplas experiências, sendo que a comunicação se dá por meio de trocas entre as partes envolvidas no jogo midiático. Há uma valorização da experiência e da competência comunicativa dos receptores (Martín-Barbero 1989: 25).

Outros objetivos adjacentes foram contemplados no desenvolvimento do trabalho, como a análise da questão do universalismo e da homogeneização cultural, a relação entre o processo de globalização, a homogeneização cultural, o desenvolvimento de uma sociedade baseada na exclusão e a questão da identidade e do reconhecimento da diferença.

As tecnologias de informação e comunicação, aliadas ao desenvolvimento de um projeto de economia criativa, deram um novo patamar à Comunidade Noiva do Cordeiro, permitindo a sua inclusão depois de um século de exclusão.

A dissertação será composta por cinco capítulos. No primeiro capítulo, procurar-se-á contextualizar os procedimentos metodológicos e a caracterização da pesquisa. O segundo capítulo de natureza teórica abordará considerações sobre os Estudos Culturais, seguindo de discussões sobre exclusão, inclusão, gênero, mídias, mediações, cultura, multiculturalismo, impacto e influência da inclusão tecnológica. O terceiro capítulo discorrerá sobre a importância da economia criativa como forma de inclusão. No quarto capítulo será abordada a questão da formação da comunidade Noiva do Cordeiro e as suas problemáticas, nomeadamente no que diz respeito ao seu processo de exclusão e de reintegração à sociedade, bem como a questão do não reconhecimento, do reconhecimento e as políticas de reconhecimento das diferenças culturais. O quinto capítulo desenvolverá a análise da pesquisa qualitativa.

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CAPÍTULO 1

CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS

Este trabalho de investigação foi realizado no Brasil, no município de Belo Vale-Minas Gerais, e teve como objetivo identificar e caracterizar os fatores que promoveram a inclusão da Comunidade Noiva do Cordeiro na sociedade, analisar o processo de transformação promovida pelas tecnologias de informação e comunicação na Comunidade, bem como o desenvolvimento da visibilidade da Comunidade por meio da mídia e a sua potencialidade como forma de inclusão, deslocando o eixo de comunicação para fora dos meios, principalmente relacionada com o estudo da recepção, pois, como afirma Martín-Barbero (1995:39), “a recepção não é apenas uma etapa do processo de comunicação. É um lugar novo, de onde devemos repensar os estudos e as pesquisas de comunicação” (1995:39). Este autor discorre sobre a necessidade de um novo olhar dos meios como aparato técnico, observando, assim, a comunicação como prática social, utilizando o conceito de mediação como categoria que liga a comunicação à cultura.

Esta dissertação alinha-se às teorias desenvolvidas pelos Estudos Culturais que consideram que a “pesquisa de comunicação não é a que focaliza estritamente os meios, mas a que se dá no espaço de um circuito de consumo da cultura midiática” (Jacks e Escoteguy 2005: 39).

Por se tratar de uma pesquisa no campo da cultura, além da revisão bibliográfica e análise documental, foram utilizados como instrumentos de coletas de dados, questionários e entrevistas semiestruturadas.

Segundo Gil, o questionário pode ser definido “como a técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc” (1999:128).

Para Gil o questionário apresenta vantagens sobre as demais técnicas de coleta de dados:

a) possibilita atingir grande número de pessoas, mesmo que estejam dispersas numa área geográfica muito extensa, já que o questionário pode ser enviado pelo correio; b) implica menores gastos com pessoal, posto que o questionário não exige o treinamento dos pesquisadores;

c) garante o anonimato das respostas;

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12 e) não expõe os pesquisadores à influência das opiniões e do aspecto pessoal do

entrevistado.

Lado outro, ele aponta pontos negativos da técnica em análise:

a) exclui as pessoas que não sabem ler e escrever, o que, em certas circunstâncias, conduz a graves deformações nos resultados da investigação;

b) impede o auxílio ao informante quando este não entende corretamente as instruções ou perguntas;

c) impede o conhecimento das circunstâncias em que foi respondido, o que pode ser importante na avaliação da qualidade das respostas;

d) não oferece a garantia que a maioria das pessoas devolvam devidamente preenchido, o que pode implicar a significativa diminuição da representatividade da amostra; e) envolve, geralmente, número relativamente pequeno de perguntas, porque é sabido que questionários muito extensos apresentam alta probabilidade de não serem respondidos;

f) proporciona resultados críticos em relação à objetividade, pois os itens podem ter significados diferentes para cada sujeito pesquisado(1999: 128-129).

Tendo em consideração o exposto por Gil, o questionário foi respondido por vinte moradores de Belo Vale para verificar se o uso do meio televisivo contribuiu para a construção de novos significados e visibilidade da Comunidade Noiva do Cordeiro, no município.

Os avanços tecnológicos pelos quais passa a sociedade geram reflexos no sistema de recepção dos meios televisivos. Existe à disposição uma diversidade de recursos que podem ser usados a favor do processo de construção de novos significados dos produtos sociais. Assim, a pesquisa sobre a recepção da mídia no processo de análise da Comunidade Noiva do Cordeiro se faz necessária.

Martin-Barbero (2009), ao estudar a recepção por meio das recepções, destaca a autonomia relativa do receptor, sem deixar de reconhecer o poder da recepção. A escolha dos moradores do município de Belo Vale para o desenvolvimento da pesquisa se faz coerente, na medida em que a proposta da análise parte do princípio que, ao tratar a recepção como um espaço de interação e de negociação de sentidos, a mediação desenvolvida pelos moradores da região onde a Comunidade se instalou torna-se uma fonte de análise de ampla contribuição para a pesquisa, que busca uma conexão entre a mídia, recepção, discursos de inclusão e mediação. Como esses elementos articulam as dimensões de resistência e subordinação dos grupos sociais envolvidos o questionário torna-se relevante. Nas palavras de Thompson:

Dizer que a apropriação das mensagens da mídia se tornou um meio de autoformação no mundo moderno não é dizer que é o único meio: claramente não é. Há muitas outras formas de interação social, como a existentes entre pais e filhos, entre professores e alunos, entre pares, que continuarão a desempenhar um papel fundamental na formação pessoal e social. Os primeiros processos de socialização na família e na escola são, de muitas maneiras, decisivos para o subsequente desenvolvimento do indivíduo e de sua autoconsciência (1998: 46).

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As entrevistas foram realizadas com os responsáveis e com alguns moradores desta Comunidade. Os depoimentos foram recolhidos na própria Comunidade. O trabalho de pesquisa empírica foi desenvolvido por meio de entrevista agendada à Comunidade e foram também recolhidos depoimentos informais. O material fotográfico e midiático foi retirado de páginas da internet, pois no momento em que a pesquisa se desenvolveu, a Comunidade tinha um contrato de exclusividade com uma emissora de televisão norte-americana, impedindo a recolha de imagens.

O método utilizado foi o qualitativo, em que foram analisados os processos de exclusão e o de inclusão da Comunidade. O que interessa não é o número de indivíduos que estarão diretamente prestando informações, mas o significado que a população de Belo Vale e dos moradores da Comunidade Noiva do Cordeiro possuem de acordo com o que se procura com a investigação.

Quanto aos meios de pesquisa, foi investigado o máximo de referencial teórico existente em publicações e estudos realizados sobre o tema. Foi realizado um levantamento documental em que foram analisados os documentos existentes sobre o assunto a ser tratado neste trabalho: leis, portarias, decretos, estatísticas, resultados de pesquisas, entre outros.

Segundo a análise de Triviños (1987), a pesquisa qualitativa permite ao pesquisador uma liberdade metodológica para realizar seu estudo. Por esse posicionamento teórico, o ser humano é visto como integral e participativo e constrói sentido em contato com outras pessoas, ressaltando que, o objeto de estudo das ciências humanas são as pessoas e suas atividades. Portanto, os procedimentos metodológicos devem ser do tipo etnográfico, por meio de entrevistas, das histórias de vida, vídeos, fotos, dentre outros. O pesquisador faz o trabalho de campo para perceber o objeto de estudo dentro da perspectiva dos indivíduos neles envolvidos. Os dados são retirados e depois analisados para um melhor entendimento da dinâmica do processo.

A entrevista teve uma preparação prévia que foi o seu eixo orientador, combinando perguntas abertas e fechadas. Foi realizado um contato com a Comunidade por telefone para pedir autorização para visitar e fazer entrevistas com membros da comunidade. A partir daí, os contatos foram realizados por email. Teve que se aguardar a resposta, pois, devido a um contrato de exclusividade realizado com a Discovery Chanel de imagem e entrevistas, a Comunidade precisa de pedir autorização para as entrevistas deste trabalho. Como o trabalho era para fins acadêmicos, foi dada a autorização para as entrevistas.

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Uma das vantagens da entrevista semiestruturada é que produz uma melhor amostra da população pesquisada, o que permite uma cobertura mais profunda sobre determinados assuntos, pois podem surgir questões inesperadas que poderão ser de grande valor para a pesquisa. Recursos visuais como fotos, cartões, cartas permitem complementar a entrevista e permitir, assim, a lembrança de fatos importantes.

Foi elaborado um guião para as entrevistas, respeitando uma baixa direção na condução da conversa para que os entrevistados expressassem livremente suas práticas, concepções e vivências.

A coleta de dados na Comunidade foi realizada após agendamento prévio. A recepção foi feita por dois moradores, Aroni Fernandes Pereira, filho de Delina e Anísio e Eliene Leite Fernandes, que acompanharam os trabalhos até o final da estadia. Os dois moradores receberam a investigadora com um café da manhã e apresentaram-na a Rosale, que orientou a visita e quem iria ser entrevistado. As entrevistas decorreram de maneira descontraída, permitindo, dessa forma, espaço para que os membros da Comunidade se expressassem livremente em relação às suas vivências, práticas e concepções.

Outra fonte importante da pesquisa realizada foi o estudo de documentos. O exame de materiais de natureza diversa permitiu uma complementação da pesquisa realizada. É importante entender o termo “documento” de forma ampla, pois inclui jornais, revistas, cartas, diários, obras científicas e técnicas, iconografia. Cabe salientar que muitos documentos não são produzidos com o objetivo de promover uma investigação social, possibilitando assim, vários vieses.

Segundo Godoy (1995: 23), em relação à “pesquisa documental, três aspectos devem merecer atenção especial por parte do investigador: a escolha dos documentos, o acesso a eles e a sua análise.” A escolha do documento não é aleatória, ela está vinculada aos propósitos, hipóteses e ideias a serem pesquisadas. Após a escolha dos documentos o pesquisador deverá se preocupar com a análise do conteúdo. Foi realizada a transcrição integral das entrevistas e dos registros de observação, após a leitura e análise dos registros.

Os dados pesquisados devem ser vistos e interpretados dentro do contexto em que o fenômeno está inserido. A forma como os informantes vivenciam e transmitem a sua experiência de vida é única, pois dependem dos pressupostos culturais próprios de cada sujeito social.

É importante salientar que o processo de análise foi desenvolvido indutivamente através dos dados da realidade observada, como observam Bogdan e Bikln: “não se trata de montar um quebra-cabeça cuja forma final conhecemos de antemão. Está-se a construir um

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quadro que vai ganhando forma à medida que se recolhem e examinam as partes” (1994: 50). Não partiu, portanto, de uma grelha pré-existente A transcrição da entrevista bem como os registros de observação foi precedida de sua leitura e análise, observando-se os principais significativos do discurso. Após esse processo, foi possível desenvolver mais efetivamente uma Grelha de Análise de Conteúdo. Segundo Bardin (1977), é possível dividir a análise de conteúdos em três fases. A primeira é a pré-análise, “a fase de organização propriamente dita” (1977: 95), é o momento em que se organiza o material e se sistematiza, dentro do quadro de referencial teórico, as informações coletadas na entrevista. Nesta fase será realizada:

a) Leitura flutuante: é o primeiro contato com os documentos da coleta de dados, é o momento de conhecer o texto, no caso a entrevista (Bardin 1977: 95);

b) Escolha dos documentos: consiste na escolha de documentos que forneça informações sobre o problema levantado (Bardin 1977: 96);

c) Formulação das hipóteses e objetivos: a partir da leitura inicial dos dados (Bardin 1977: 98);

d) Referenciação dos índices e elaboração de indicadores: a fim de interpretar o material coletado (Bardin 1977: 99).

A segunda fase é a fase de exploração do material, esta fase consiste essencialmente de operações de codificação, desconto ou enumeração, em função das regras previamente formuladas (Bardin 1977: 101).

A terceira fase está relacionada ao tratamento dos resultados obtidos e interpretação, os resultados são tratados de maneira serem significativos e válidos, pode-se então propor inferências e interpretar conforme os objetivos previstos ou que relatem descobertas inesperadas

As mediações trabalhadas na pesquisa têm o foco nos estudos desenvolvidos por Martín-Barbero, pois, segundo o autor, “O eixo do debate deve se deslocar dos meios para as mediações, isto é, para as articulações entre práticas de comunicação e movimentos sociais, para as diferentes temporalidades e para a pluralidade de matrizes culturais” (2003: 270). Partir das mediações para se operar a análise significa partir “dos lugares dos quais provêm as construções que delimitam e configuram a materialidade social e a expressividade cultural ” (2003: 304).

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16 É como mestiçagem e não como superação – continuidades na descontinuidade,

conciliações entre ritmos que se excluem – que estão se tornando pensáveis as formas e os sentidos que a vigência cultural das diferentes identidades vem adquirindo o indígena no rural, o rural no urbano, o folclore no popular e o popular no massivo. Não como forma de esconder as contradições, mas sim para extraídos esquemas de modo a podermos observa-las enquanto se fazem e se desfazem: brechas na situação e situações na brecha (2001: 271).

O enquadramento teórico desta dissertação foi construído progressivamente, a partir de uma série de leituras pertinentes e que foram fornecendo diferentes abordagens aos temas relacionados. Foi, então, necessário fazer um balanço sobre essas abordagens de forma a dar ao trabalho uma referência em que a discussão dos vários autores pudesse ser analisadas de diferentes perspectivas.

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CAPÍTULO 2

ESTUDOS CULTURAIS, MÍDIAS, CULTURA, CONSTRUÇÃO DO

SUJEITO, EXCLUSÃO E GÊNERO

2.1 – ESTUDOS CULTURAIS

Os Estudos Culturais emergem, de forma organizada, em 1964, quando Richard Hoggart funda na Universidade de Birmingham o Center of Contemporary Cultural Studies (CCCS). Três textos, em meados da década de 1950, estabeleceram as bases dos Estudos Culturais, nomeadamente, O Uso da Literatura (1957) e Cultura e Sociedade (1958) de Raymond Williams e A formação da classe operária inglesa (1963) de Edward B. Thompson contribuíram de forma significativa para uma transformação na maneira como entender e teorizar a cultura no Reino Unido. Esses autores promoveram uma ruptura com o modelo de análise da cultura polarizada em torno da distinção entre alta e baixa cultura. Partindo de uma postura interdisciplinar, os Estudos Culturais promovem uma conexão entre o trabalho intelectual e político. Institucionalmente, o seu início situa-se na criação, em 1964, na Universidade de Birmingham do Center of Contemporary Cultural Studies (CCCS) pelo então professor de Literatura Moderna (de língua inglesa), Richard Hoggart. Na sua origem, o CCCS tinha como objetivo promover a integração e a cooperação das diversas áreas do conhecimento, estimulando uma investigação interdisciplinar. Desde a sua origem, o que caracteriza os Estudos Culturais é a multiplicidade de objetos de investigação; na década de 1970, o desenvolvimento se deu em torno da emergência de elementos culturais em resistência às relações de poder, nos estudos das culturas populares na segunda metade da década de 1970 a ênfase era a importância dos meios de comunicação de massa, como aparelhos ideológicos do Estado. Outra temática desta fase está alinhada com a recepção e a densidade dos consumos midiáticos. Ainda nos anos 1970, a análise de gênero provoca uma ruptura teórica importante como se poderá confirmar pela afirmação de Escosteguy:

Num primeiro momento, o desafio foi examinar as imagens das mulheres nos meios massivos e, a seguir, o debate travou-se em torno da temática do trabalho doméstico. Porém, grande parte da contribuição desse coletivo representava.

De forma mais geral, esse trabalho serviu para demarcar uma área de atuação com especificidade dentro do campo acadêmico e para delinear novos objetos de estudo. É

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18 dessa forma que se estabelece o encontro com a produção feminista. Apesar da

polêmica em torno da forma como tal se efetuou, esse foco de atenção propiciou novos questionamentos em redor de questões referentes à identidade, pois introduziu novas variáveis na sua constituição, deixando-se de ver os processos de construção da identidade unicamente através da cultura de classe e sua transmissão geracional.

Em suma, no período de maior evidência do CCCS acrescenta-se ao seu interesse pelas subculturas às questões de gênero e, logo em seguida, as que envolvem raça e etnia. Além, é claro, como já foi anotado, a atenção sobre os meios de comunicação (2011: 9).

Nas análises do CCCS, a cultura não é vista como algo homogêneo e engessado, recebida e vivenciada de forma pacífica, mas é entendida como significados compartilhados e se manifesta de maneira diferenciada em qualquer formação social ou época histórica. A cultura não é mais explicada dentro das determinações da esfera econômica. Várias forças, econômicas, políticas e culturais, em conflito e competindo entre si compõem a sociedade.

Na década de 1980, dá-se a internacionalização dos Estudos Culturais, despontando nesse momento teóricos franceses como Michel de Certeau, Michel Foucault, Pierre Bourdieu, entre outros. Escoteguy afirma que ocorrem

mutações importantes, decorrentes, principalmente, de uma observação sobre a desestabilização das identidades sociais, ocasionada, sobretudo, pela aceleração do processo de globalização. O foco central passa a ser a reflexão sobre as novas condições de constituição das identidades sociais e sua recomposição numa época em que as solidariedades tradicionais estão debilitadas. Enfim, trata-se de uma ênfase à dimensão subjetiva e à pluralidade dos modos de vida vigentes em novos tempos.Se existiu uma ‘virada’ no início da década dos anos 80, consistiu em prestar uma atenção crescente à recepção dos meios de comunicação social, tratando de operacionalizar modelos como o da codificação-decodificação (2011: 8).

Na década de 1990 ocorre um relaxamento na vinculação política, a preocupação se dá nesse período em recuperar as leituras negociadas dos receptores, valorizando a liberdade individual do mesmo. Para Escoteguy, O leque de investigação ligado à audiência

procura ainda mais enfaticamente capturar a experiência, a capacidade de ação dos mais diversos grupos sociais vistos, principalmente, à luz das relações da identidade com o âmbito global, nacional, local e individual. Questões como raça e etnia, o uso e a integração de novas tecnologias como o vídeo e a TV, assim como seus produtos na constituição de identidades de gênero, de classe, bem como as geracionais e culturais, e as relações de poder nos contextos domésticos de recepção, continuam na agenda, principalmente, das análises de recepção. Destacam-se, como ênfases mais recentes neste tipo de estudo, os recortes étnicos e a incorporação de novas tecnologias. Em relação às estratégias metodológicas, estas continuam calcadas na etnografia e na observação participante embora possam parecer mais diversificadas – (auto) biografias, depoimentos, histórias de vida(Escoteguy2011: 11).

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O tom político que os Estudos Culturais assumem na América Latina está relacionado com o momento de redemocratização da sociedade e pela mobilização dos movimentos sociais, “que levaram adiante lutas contra a repressão e a discriminação, e também mobilizações dos setores populares da sociedade que lutavam pela apropriação de bens e serviços e pressionavam o sistema político a atender suas demandas sociais” (Escosteguy 2010: 51).

2.2 – COMUNICAÇÃO E MEDIAÇÃO

A comunicação está presente na vida humana desde os tempos mais remotos, sendo um fator importante nas relações humanas, uma necessidade do ser humano. Para compreender a evolução da comunicação humana, é preciso analisar a evolução humana e social, assim como as diferentes formas de comunicação a ela associadas. A troca de informações, a necessidade de registro de acontecimentos e fatos, sentimentos, emoções e ideias ao longo dos tempos foi se adaptando e promovendo uma evolução considerável dos meios de comunicação. Os seres humanos, diante das necessidades que surgiam, foram desenvolvendo novas técnicas que, com criatividade, tornaram a comunicação numa experiência magnífica.

Segundo Jean Cloutier (2001), a história da comunicação é evolutiva e cumulativa, pois com o passar do tempo, o ser humano vai criando novos meios de comunicação que se uniram a outros anteriormente existentes, sem eliminá-los, aumentando a sua capacidade de comunicação. Jean Cloutier (2001:9) propõe seis episódios para história da comunicação, que se sobrepõem:

Primeiro Episódio – Comunicação interpessoal: É a fase da exteriorização da comunicação interpessoal, em que o homem se expressava apenas através do corpo, do gesto e da palavra. A estrutura educativa familiar corresponde a esse episódio, em que os conhecimentos eram transmitidos de pai para filho, do mais velho para o mais novo. Nessa fase nasceu a cultura oral, cujo primeiro registro baseou-se na memória. É um ensino cumulativo, que evolui com descobertas de novas técnicas, como atividade iconográfica. Essa fase possui três características: A comunicação é realizada através de gestos e sons, evoluindo para a palavra; tem o espaço limitado à capacidade de ouvir e ver e devido a necessidade de se deslocar para vencer essa limitação leva o surgimento do mensageiro, a comunicação limita-se ao momento em que é produzida. Surgem, então, os cantadores, funcionando como a memória do tempo (Cloutier 2001: 11).

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Segundo episódio - Comunicação de elite: É a fase das linguagens de transposição, tais como o desenho, o esquema, o ritmo e a música. A família deixa de ser a única fonte de aprendizagem, e a escola aparece como organização e sistema. A utilização da escrita fonética, torna possível eternizar, no tempo, a comunicação, formando no muro das cavernas a primeira biblioteca (Cloutier 2001:11). Nessa fase ocorre a separação de classes sociais, em que somente algumas tinham acesso à aprendizagem pela escrita. A escrita tornou-se um conhecimento especializado, não disponível a todos, que levou a formação de uma elite que dominava os processos de comunicação. A educação dessa classe social ficava na responsabilidade de especialistas sob poder político e autoridade religiosa. (Cloutier 2001:12)

Terceiro Episódio – Comunicação de massa: A comunicação evoluiu da comunicação de elite a uma comunicação de massa, acessível a todos. Com o nascimento dos mass media, passou a existir a comunicação de massa. Os jornais, livros, rádio e televisão surgiram como veículos de transmissão do conhecimento, deixando a escola de ser a única fonte de saber (Cloutier 2001:15).

Gutemberg, no século XV, aperfeiçoou os tipos móveis criados pelos chineses, este fato é considerado a origem da comunicação de massa, pois permitiu uma maior disseminação de informações e ideias. É por meio da imprensa que o conhecimento sai dos mosteiros e a Igreja deixa de ser a única guardiã da verdade. Esse período atingiu o seu clímax na segunda metade do século XIX, com a comercialização em massa de jornais, que passaram a estar ao alcance de todos. As invenções do telégrafo elétrico, por Samuel Morse em 1837 e do telefone por Graham Bell em 1876, possibilitaram a rapidez e o maior acesso à comunicação, que passou a atingir um número maior de pessoas, deixando de ser um privilégio de uma elite. O rádio passou a ser portátil, com a invenção do transistor. A televisão veio interferir e organizar os hábitos e estilos de vida das pessoas, influenciando-as culturalmente através da disseminação de modismos e ideais.

Quarto Episódio – Comunicação individual: Essa é a fase da comunicação individual, decorrente da possibilidade do acesso às mensagens que estão sempre à disposição e a possibilidade de expressão com os self media. Alguns dos media que fazem parte deste episódio são: a fotografia, os suportes e equipamentos de gravação de som e imagem, a reprografia, o computador e a Internet. Tem-se como principal função destes media a autoeducação (Cloutier 2001:17).

Quinto Episódio – Comunicação Comunitária: Com a evolução da comunicação, tem-se um quinto episódio, que Cloutier (2001:19) denominou de Comunicação Comunitária. A

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evolução das telecomunicações permitiu uma interconexão dos self media, que passaram a ter acessibilidade à distância. Essa evolução dos meios de comunicação promove uma integração de todas as tecnologias, surgindo uma tecnologia mais eficaz, que possibilita um maior volume e rapidez de informações, que podem vir de vários lugares.

A internet é o exemplo da rede de base colaborativa. Ela permite ao homem vencer a barreira do espaço, podendo ele estar em diferentes lugares ao mesmo tempo. Essa possibilidade de acesso do indivíduo ao espaço público difere o ecrã informático do ecrã televisivo. A internet “é o paradigma da rede que tem funcionado como suporte para as relações interpessoais, ajudando a superar o característico individualismo da sociedade de massas” (Silva 2005: 40).

Com o aperfeiçoamento dos microcomputadores, a utilização da fibra óptica e a digitalização da informação, que permitiu tratar a informação como uma série de números (bits), e possibilitou a compatibilidade entre sistemas diferentes, as linguagens passaram a poder ser gravadas, guardadas e divulgadas de uma mesma forma, surgindo assim a rede comunicativa universal, sendo que “a noção de rede é o conceito chave para caracterizar esta configuração comunicativa” (Silva 2005: 39).

Sexto Episódio – Comunicação Universal: Atualmente estamos vivendo o Sexto Episódio, designado de Comunicação Universal (Cloutier 2001: 21), que se baseia na imensa rede estabelecida pela internet, que oferece um mesmo sistema numérico. No âmbito social, a rede permite um universo comunicativo em que tudo está ligado, em que, ao estabelecer uma conexão através da interfacialidade do ecrã, configura-se a comunicação em ambiente virtual, não sendo o virtual oposto ao real, mas sim a forma como o homo communicans visualiza e manipula informações, interagindo com o mundo (Cloutier 2001:21).

Atualmente pode-se verificar a existência de áreas específicas e especializadas no estudo e trabalho com linguagens e tecnologias da comunicação, em que são pesquisados elementos da comunicação visual, buscando o sucesso e a eficácia na comunicação pretendida. Os vários recursos multimídia permitem uma alternância de meios de comunicação, que possibilitam uma mensagem mais atrativa. O desenvolvimento da eletrônica e da informática estão a transformar os meios de comunicação, transformando os formatos analógicos em digitais, melhorando, assim, a qualidade da comunicação.

O desenvolvimento de novos meios de comunicação proporcionou a evolução no campo da comunicação, assim como na prática das culturas. Essa evolução comunicativa refletiu-se nas vivências sociais do homem, modificando-o.

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22 A integração social se realiza através da comunicação, no domínio da vida onde se

transmitem valores e conhecimentos culturais. A comunicação forma os canais para o percurso dos fluxos que reúnem as áreas de vida, a economia e o Estado. São teias que integram os grupos e permitem a constituição da coesão social, que se realiza através de um processo civilizatório que emancipa do espaço individual para o coletivo. (2002: 2)

Um conceito teórico importante para analisar a importância da mídia como forma de visibilidade da Comunidade é o conceito de recepção, termo que passou por um processo de ressignificação, dando prioridade às mediações. Os meios de comunicação têm o seu papel reposicionado, priorizando as vinculações entre comunicação e cultura, Martín-Barbero afirma que

Pensar os processos de comunicação a partir da cultura implica deixar de pensá-los desde as disciplinas e os meios. Implica a ruptura com aquela compulsiva necessidade de definir a ‘disciplina própria’ e com ela a segurança que proporcionava a redução da problemática da comunicação à dos meios. (...) Por outra parte, não se trata de perder de vista os meios, senão de abrir sua análise às mediações, isto é, às instituições, às organizações e aos sujeitos, às diversas temporalidades sociais e à multiplicidade de matrizes culturais a partir das quais os meios-tecnologias se constituem (Martín-Barbero 1985: 10).

Segundo o autor, os processos de comunicação “não são um puro fenômeno comercial, não são um puro fenômeno de manipulação ideológica, são um fenômeno cultural através do qual a pessoa ou muitas pessoas (...) vivem a constituição do sentido de sua vida” (Martín-Barbero 1995: 71).

Martin-Barbero propôs o deslocamento dos meios às mediações, enfatizando o que denomina de “uso social dos meios”, e irá revisar o processo da comunicação “desde o seu outro lado, o da recepção, o das resistências que aí tem seu lugar, o da apropriação desde os usos” (Martin-Barbero 2009: 28); para tanto, necessita-se contemplar o estudo das instituições, organizações e sujeitos, das diversas temporalidades sociais e multiplicidades de matrizes culturais, logo, investigar o processo comunicativo “a partir das articulações entre as práticas de comunicação e os movimentos sociais” (Martín-Barbero 2009: 29).

Vivemos em um mundo em que a mídia se alastra a todos os de processos sociais. Os processos de comunicação são “fenômenos de produção de identidade, de reconstituição de sujeitos, de atores sociais” e os meios de comunicação “não são um puro fenômeno comercial, não são um puro fenômeno de manipulação ideológica, são um fenômeno cultural através do qual a pessoa ou muitas pessoas (...) vivem a constituição do sentido de sua vida” (Martin-Barbero 1995: 71). Os estudos da recepção partem do princípio que o

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receptor não é um mero depositário de mensagens produzidas pelos meios de comunicação, mas que é também um produtor de significados os sujeitos sociais atuam como sujeitos de múltiplas experiências, sendo que a comunicação se dá por meio de trocas entre as partes envolvidas no jogo midiático. Há uma valorização da experiência e da competência comunicativa dos receptores (Martín-Barbero 1989: 25).

Segundo Martín-Barbero, a recepção não é um espaço consensual, já que os conflitos estão sempre presentes na recepção. Segundo o autor, a recepção é um espaço de interação e de negociação de sentidos e os receptores das mensagens são sujeitos ativos, portanto seria essencial estudar não somente como os meios de comunição interferem nas pessoas, mas como as pessoas estabelecem relação com as mensagens recebidas pelos meios de comunicação.

Também esta nova concepção da recepção implica em estudar os conflitos. O espaço da recepção é um espaço de conflito entre o hegemônico e o subalterno, as modernidades e as tradições, entre as imposições e as apropriações. Quando falamos de recepção nesse sentido, não estamos falando de uma recepção individual, senão da recepção como fenômeno coletivo, da sociedade da recepção. (...) É dizer, estudar a recepção é estudar este novo mundo de fragmentações dos consumos e dos públicos, essa liberação das diferenças, essa transformação das sensibilidades que encontram um campo especial na reorganização das relações entre o privado e o público (1992: 310-311).

Para Martín-Barbero, mediações são os lugares de onde “provêm as constrições que delimitam e configuram a materialidade social e a expressividade cultural da televisão” (1997: 292). As interações entre o receptor e o produtor podem ser compreendidas através das mediações, constituindo-se estas no lugar que propicia o consumo diferenciado aos diversos receptores dos bens simbólicos, de forma que produzem e reproduzem os significados sociais, assumindo a comunicação sentido de práticas sociais.

Martín-Barbero sugere três tipos de mediações: a cotidianidade familiar, a temporalidade social e a competência cultural. É na cotidianidade familiar que os indivíduos manifestam as suas inquietações e seus anseios, a família acaba por representar um espaço de conflitos e tensões, reproduzindo as manifestações de poder na sociedade.Se a televisão, na América Latina, ainda tem a família como “unidade básica de audiência” é porque representa para a maioria das pessoas a “situação de reconhecimento” (2009: 295).

A temporalidade social remete para a especificidade do tempo do cotidiano em oposição do tempo produtivo,“Enquanto na sociedade, o tempo produtivo, valorizado pelo capital, é o tempo que “transcorre” e é medido, o outro tempo que constitui a cotidianidade

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é repetitivo, feito “não de unidades contáveis, mas sim de fragmentos” (Martin-Barbero 2009: 297).

Entende-se, então, que o processo de mediação estrutura a percepção de toda a realidade social, não somente da recepção de produtos das indústrias culturais. Sem dúvida, a identidade cultural integra as mediações. Só que a mídia possui um importante papel na constituição das identidades culturais. Então, pode-se dizer que os meios também compõem as mediações, o que contribui para dificultar tentativas de análises isoladas. Mais um motivo para reafirmar-se que, apesar do receptor também ser ativo, os meios inegavelmente possuem um papel de destaque no processo. Os produtos televisivos passam a conferir visibilidade a discursos presentes na sociedade.

Martín-Barbero deixa claro em sua proposta que é necessário “ultrapassar o meio”, deixando de focar a pesquisa em comunicação nos estudos dos meios de comunicação de massa para ser realizada a partir da recepção, do campo das experiências do receptor (2009: 239)

É importante salientar que a pesquisa de recepção no Brasil estabelece uma diferenciação entre pesquisa de recepção e pesquisa de audiência. Enquanto que a pesquisa de recepção é designada para os estudos acadêmicos, a pesquisa de audiência desenvolvida na década de 1950 e 1960 promove uma investigação voltada para o mercado. Jack & Escosteguy salientam que

a maioria das pesquisas nessa fase era implementada através de métodos quantitativos, configurando-se exclusivamente como pesquisa voltada para o mercado publicitário, tratando o individuo como consumidor, isto é, do ponto de vista do poder aquisitivo e de suas práticas e hábitos de consumo (2005: 80).

Martín-Barbero nomeia a competência cultural como mais uma mediação que integra o processo de recepção

fala também da competência cultural dos diversos grupos, que atravessa as classes, pela via da educação formal em suas distintas modalidades, mas sobretudo os que configuram as etnias, as culturas regionais, os ‘dialetos’ locais e as distintas mestiçagens urbanas com base naqueles. Competência que vive da memória - narrativa, gestual, auditiva - e também dos imaginários que alimentam o sujeito social ... (2009: 299).

No processo de recepção, a competência cultural apresenta uma mediação fundamental, pois representa a bagagem cultural que o indivíduo adquiriu, não se referindo apenas à cultura formal, mas abrange também a cultura dos bairros, das cidades, das tribos urbanas colaborando decisivamente para que os receptores consumam diferentemente os

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produtos culturais. É uma marcação cultural viabilizada por meio da vivência, da audição e da leitura.

A partir desses lugares da mediação é que o sujeito, como parte ativa dos processos sociais, faz usos diferenciados dos produtos com os quais interage. A partir daí a comunicação passa a ser vista como parte da cultura, contextualizada dentro da história, valorizando o cotidiano e envolvendo pessoas que pensam, a partir de variados fatores.

O conceito gramsciano de hegemonia segundo Martin-Barbero é um ponto de partida no entendimento de que o sentido não é imposto, mas negociado:

Está, em primeiro lugar, o conceito de hegemonia elaborado por Gramsci, fazendo possível pensar o processo de dominação social já não como imposição desde um

exterior e sem sujeitos, senão como um processo em que uma classe hegemoniza na

medida em que representa interesses que também reconhecem de alguma maneira como seus as classes subalternas. E ‘na medida’ significa aqui que não há hegemonia, senão que ela se faz e desfaz permanentemente em um ‘processo vivido’, feito não só de força, senão também de sentido, de apropriação do sentido pelo poder, de sedução e de cumplicidade(2009: 112).

A cultura se desloca do âmbito da ideologia, isto é, da reprodução, para o “campo dos processos constitutivos, e, portanto transformadores do social” (Martin-Barbero 2009: 117). Dessa maneira, o processo de dominação social em que uma classe hegemoniza ocorre na medida em que representa interesses que são reconhecidos como seus, de alguma forma, pelas classes subalternas. E “na medida” significa aqui que “não há hegemonia, senão que ela se faz e desfaz, se refaz permanentemente” em um “processo vivido”, feito não somente de força, mas também de sentido, de apropriação do sentido pelo poder, de sedução e de cumplicidade (Martin-Barbero 2009: 112).

O autor afirma que o campo de luta pela hegemonia ocorre através do cultural e a comunicação seria o espaço estratégico de se pensar a sociedade. Assim sendo, Martin-Barbero considera a comunicação como espaço estratégico, no qual devem ser pensadas as sociedades, recolocadas as relações entre comunicação e cultura, evidenciando a natureza negociada da comunicação e redimensionando o papel do receptor como sujeito ativo no processo de recepção. Segundo o autor

O resgate dos modos de réplica do dominado desloca o processo de decodificação do campo da comunicação, com seus canais, seus meios, suas mensagens, para o campo da cultura, ou melhor, dos conflitos entre a cultura e a hegemonia. Aceitar isso é também algo completamente diferente de ‘relativizar o poder das mídias’. O problema de fundo coloca-se agora em outro nível: já não no nível das mídias, mas sim dos mediadores e dos modelos culturais (Martin-Barbero 2004: 127).

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Pode-se conceber as identidades na relação com o outro, a partir daí moldam-se com aquilo que não é, com o exterior. Nesse processo há um jogo de poder e exclusão, negação e aceitação, que vai promover uma estruturação identitária, pois as identidades são as posições que o sujeito é obrigado a assumir, embora “sabendo”, sempre, que são representações, que a representação é sempre construída ao longo de uma “falta”, ao longo de uma divisão, a partir do lugar do Outro e que, assim, não podem, nunca, ser ajustadas (...) aos processos de sujeito que são nela investidos (Hall 2000: 112).

É importante salientar, segundo Hall, que a enunciação midiática codifica a realidade, construindo narrativas a partir de certos mapas culturais, que “contêm ‘inscritos’ toda uma série de significados sociais, práticas e usos, poder e interesse” (2008: 396). Mas ao mesmo tempo salienta que as suas múltiplas narrativas também promovem alterações de entendimentos, já que estão inseridas na vida social e a linguagem acaba por incorporar uma série de visões da realidade.

Os Estudos Culturais latino-americanos assumem um tom político ligado ao processo de redemocratização da década de 80 e ao desenvolvimento dos movimentos sociais “que levaram adiante lutas contra a repressão e a discriminação, e também mobilizações dos setores populares da sociedade que lutavam pela apropriação de bens e serviços e pressionavam o sistema político a atender suas demandas sociais” (Escosteguy 2010: 51). Do ponto de vista comunicacional, Escosteguy afirma ainda que

a proposta teórica latino-americana, que entende a comunicação como uma questão de cultura, surge como tentativa de resposta a crise dos paradigmas existentes e, essencialmente, contra o olhar que reduz a comunicação a explicações causais e funcionais. O clima propício para esta mudança se da na passagem dos anos 70 para os 80. Na década de 80, tais posicionamentos disputam espaços e vão se afirmando como uma proposta viável para compreender o papel dos meios, do Estado, e da cultura popular na sociedade; a relação de todos esses elementos e o processo de constituição da identidade, assim como sua articulação com as forcas de globalização e desterritorialização (Escosteguy 2010: 57).

Segundo Orozco, para investigar as relações entre cultura e mídia, é necessário interpretar as mediações múltiplas na recepção

Assumir o telespectador como sujeito – e não só como objeto – frente à TV supõe, em primeiro lugar, entendê-lo como um ente em situação e, portanto, condicionado individual e coletivamente, que “se vai constituindo” como tal de muitas maneiras e se vai também diferenciando como resultado da sua particular interação com a TV e, sobretudo, das diferentes mediações que entram em jogo no processo de recepção (2005: 28).

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Segundo o autor, as categorias de mediações no processo midiático são definidas como individuais, provenientes das experiências de cada um como sujeito, situações situacionais, referenciais e videotecnológicas. As mediações individuais são por ele subdivididas em cognitiva e estrutural. A mediação cognitiva está relacionada com a aquisição de conhecimentos (informações, valores, crenças, emoções, etc) e a estrutural, ligada à idade, sexo, religião, escolaridade, estrato socioeconômico, etnia, etc (Orozco 2005: 29).

A mediação situacional identifica como o emissor encontra o receptor. O estado de espírito do emissor, o emissor está sozinho ou acompanhado, está focado ou disperso, no espaço social ou na intimidade do lar, etc (Orozco 2005: 30).

As mediações institucionais são provenientes das relações e participações do sujeito com as instituições em que participa como a escola, a empresa, a família, a igreja, o sindicato, o partido, etc (Orozco 2005: 31).

As mediações referenciais estão ligadas com o contexto social do sujeito receptor, tomando como referência a faixa etária, o grau de escolaridade, a classe socioeconômica, o gênero (Orozco 2005: 33)

A mediação videotecnológica, a televisão como meio técnico de informações, possui um grau elevado de representabilidade e verissomilhança, podendo provocar reações racionais e emotivas, conforme o manejo que os produtores e as emissoras fazem da representação (Orozco 2005: 36).

Jack & Escoteguy debruçam-se sobre a questão da recepção:

A recepção é um processo, resultante da interação receptor/televisão/mediações, em que as últimas entram no jogo continuo do ato de ver tv, mas que ao mesmo tempo o extrapolam.

A TV, nesse sentido, também é uma mediação, como instituição social produtora de significados que ganham ou não legitimidade frente a sua audiência. Além de ser um meio tecnológico de reprodução da realidade, também a produz, provocando reações racionais e emocionais nos receptores.

O receptor, por sua vez, também realiza mediações, de caráter psicológico, determinadas pelas de caráter sociocultural, em um processo constante e dialético (2005: 70).

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Após a análise sobre a frequência e a intensidade de uso da televisão, a pesquisa focou no que a população costuma a assistir. Foi elaborada uma lista de 20 programas e telejornais mais citados pelos telespectadores. Segundo a pesquisa de segunda a sexta predomina os programas jornalísticos ou de noticias com 80% de citações, em segundo lugar as telenovelas se destacam com 48%. Nos finais de semana, o primeiro lugar é ocupado pelos programas de auditório, com 79% das citações, seguido pelos programas de cunho jornalístico 35% e pelos programas esportivos 27%.

A pesquisa também analisou a cobertura de TV por assinatura e a posse de antenas parabólicas. Segundo os dados apresentados, 31% dos lares brasileiros possuem TV por assinatura. É importante ressaltar que a TV aberta, representa 91% dos domicílios brasileiros. A relação entre renda e acesso a TV paga se mostram previsíveis.

61% dos entrevistados, com renda superior a cinco salários mínimos possuem acesso a TV paga. Com relação à antena parabólica, está presente em 37% dos lares brasileiros, de forma mais significativa em municípios com até 20 mil habitantes 65% dos entrevistados e apenas 17% em municípios com mais de 500 mil habitantes.

Conhecer os hábitos de consumo de mídia da população brasileira torna-se, portanto, imprescindível para analisarmos o processo de mediação estabelecido pela sociedade. A mídia televisiva está inserida em toda a sociedade e como tal, é um fenômeno cultural através do qual as pessoas incorporam certa visão de realidade.

2.3 – UMA ABORDAGEM SOBRE A TECNOLOGIA

Sobre a questão da inclusão digital no Brasil, alguns dados se mostram importantes: a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgada em setembro de 2014, mostra que a proporção de pessoas que utilizam a internet passou de 34% em 2008 para 50,1 em 2014. Esses valores colocam o país como a quinta nação do mundo com o maior número de usuários e também mostra que o acesso à rede tem se democratizado de forma acelerada no Brasil.

De acordo com os dados do PNAD, brasileiros com idade variando entre 15 e 24 anos, em grupos etários específicos definidos pelo IBGE, estão conectados na mesma proporção que americanos, japoneses e europeus de diversos países.

Ainda, segundo o IBGE, cerca de 10% das cidades brasileiras ainda não desenvolviam, em 2012, qualquer plano de inclusão digital, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE 2013). Ao todo,

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90,5% dos municípios, o equivalente a 5.034 cidades têm alguma política nesse sentido. Em 2006, o número de cidades que se enquadravam nessa característica era bem menor. Apenas 2.944 cidades, o que representava 52,9% do total, tinham algum tipo de plano de inclusão digital.

A inclusão digital requer acesso às tecnologias digitais, e para que essa inclusão se efetive, é necessário que o indivíduo tenha renda para contratar serviços de telecomunicação, bem como formação e qualificação para seu uso.

Em 2003, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou um mecanismo de financiamento com o objetivo de aumentar o número de computadores em países de baixa renda, denominado “Fundo de Solidariedade Digital”. Os recursos seriam captados por meio de doações da iniciativa privada e pública vinculadas ao uso da tecnologia de comunicação e informação, 1% do valor de contratos realizados por essas instituições seriam destinados ao projeto. As empresas envolvidas no projeto poderiam utilizar o selo “Solidariedade Digital”. Os primeiros países doadores foram Argélia, Nigéria e França.

A globalização é um processo que se intensificou, nas últimas décadas, na esteira da evolução de um sistema de comunicação e de transportes que permitiu ao homem uma mobilidade mais rápida e muito mais frequente. Esse processo criou, principalmente, a possibilidade de se obter a informação em tempo real, o que, de uma forma ou de outra, provoca algum impacto sobre o cotidiano dos indivíduos e das economias nacionais. Essas transformações levaram à intensificação dos contatos entre os grupos, o que contribuiu para enriquecer a diversidade cultural das populações e, de certa maneira, desmistificar o “outro”.

O século XXI trouxe um conjunto de mudanças vitais para a vida dos homens. Para João Maria André (2012), há três fenômenos que marcaram o cenário político, econômico e cultural nas últimas décadas: “a erosão do Estado Nação”, a “globalização” e o “desenvolvimento da sociedade em rede” (2012: 9).

Ainda segundo André, o espaço já não pode mais ser pensado como o território que nos circunda, com padrões culturais, língua e costumes, consolidados por um passado histórico. A partir da segunda metade do século XX, percebe-se a formação de Estados poliétnicos, devido ao processo migratório. Uma série de situações promoveu esse processo: “guerras, conflitos, movimentos migratórios massivos, unificações forçadas de comunidades autônomas, colonização e pós-colonização” (2012:18). Esse processo migratório vem se intensificando com a globalização. Para Ortiz,

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31 na sociedade global, a distância não é mais obstáculo para a comunicação ou produção.

(...) A diluição das fronteiras não significa que o mundo tenha se tornado melhor (...). No contexto de uma sociedade que se planetariza, novos tipos de comunicação são possíveis, mas também emergem novas formas de poder (1994: 13).

A disseminação do uso da tecnologia acabou por promover o aparecimento de uma economia eletrônica global. O fluxo de capitais pode ser redirecionado de um local para o outro em uma questão de minutos. Esta questão acaba por alterar a relação entre economia e política. Antes desse processo, o Estado-Nação constituía o centro de decisões políticas. Observa-se nos dias atuais que uma rede mundial de investidores comanda os fluxos de capitais sem que o Estado possa neles intervir de modo incisivo.

A globalização não se limita apenas a fatores econômicos, mas está diretamente ligada às questões culturais. Por cultura compreende-se, segundo o espírito de consenso consagrado pela “Declaração da Cidade do México sobre Políticas Culturais” da UNESCO (1982), “um conjunto dos traços distintivos, espirituais e materiais, intelectuais e afetivos que caracterizam uma sociedade ou um grupo social e que abarca, para além das artes e das letras, os modos de vida, os direitos fundamentais do ser humano, os sistemas de valores, as tradições e as crenças”.

A globalização traz influências importantes para a cultura, podendo tanto igualar os padrões culturais, quanto estabelecer a diferença.

A diversidade cultural num planeta que se globaliza ainda que a erosão cultural se tenha convertido em questão cada vez mais preocupante no plano internacional, devido à percepção dos paradigmas ocidentais transmitidos por via da tecnologia, frequentemente exagera a relação da globalização com a uniformização e a homogeneização cultural. As trocas comerciais e as transferências culturais invariavelmente pressupõem processos de adaptação e, normalmente, num ambiente internacional cada vez mais complexo e interativo, não são unilaterais. Para além disso, as raízes culturais são profundas e, em muitos casos, estão fora do alcance de influências exógenas. Assim, a globalização entende-se melhor como um processo multidirecional com muitas facetas, que compreende a circulação, cada vez mais rápida e de maior volume, de praticamente tudo, desde capitais a pessoas, passando por mercadorias, informação, ideias e crenças, por meio de eixos que se modificam constantemente (UNESCO 2009: 6).

Para Patrício,

A globalização torna o outro mais presente. Mas dar conta da presença do outro e conhecer melhor o outro não é o mesmo que tornar-se o outro, ser absorvido por ele. Ao relacionarmo-nos com o outro, neste caso com o outro cultural, algo recebemos dele que passa a integrar quem somos, com o que enriquecemos e «outramos» o nosso «eu». Mas o nosso «eu» não desaparece, não se dissolve necessariamente no «eu» do outro. Outramos o nosso «eu» e egoizamos o «eu» do outro. O que vemos, neste tempo que já levamos de globalização, é que o «eu cultural» resiste à absorção pelo «eu global», ao mesmo tempo que este algo absorve do «eu cultural» particular. Algo dele (do «eu global») integra no seu «eu», que com isso algo muda, mas sem per - der a sua

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32 identidade, sem deixar de continuar a dizer «eu» e a sentir-se o mesmo, na e após a

mudança (2008: 441-442).

Outro fator que determina a imagem sociocultural do mundo contemporâneo é o desenvolvimento da sociedade em rede, tendo com principal elemento de representação a internet. A internet surgiu dentro do contexto de guerra fria, destinada a interligar laboratórios de pesquisa ao Departamento de Defesa norte-americano. Em 1987, foi aberto o uso comercial da internet, rompendo, assim, fronteiras físicas e culturais, permitindo a milhões de pessoas, em todo mundo, interagir e trocar informações em frações de segundos.

Alguns autores veem essa nova configuração como a nova forma da pólis, que não se baseia mais em “recintos territoriais, com um interior, com fronteiras e com seu exterior, mas em redes abertas de interconexões, que cobrem o planeta e preenchem mesmo os espaços siderais” (André 2012: 23).

Stuart Hall (2006) chama a atenção para o fato de que a globalização tida como fenômeno mundial é, na verdade, um fenômeno ocidental e que a crença na “homogeneização cultural”, por aqueles que acreditam na ameaça que a globalização representa no sentido de “solapar as identidades e a ‘unidades’ das culturas nacionais” (2006: 83), constitui-se numa visão “simplista e unilateral” porque apesar da “homogeneização global”, existe “uma fascinação com a diferença e com a mercantilização da etnia e da ‘alteridade’ provocando um novo interesse pelo local”.

Segundo Hall, a identidade está em crise:

a noção do sujeito sociológico refletia a crescente complexidade do mundo moderno e a consciência de que este núcleo interior do sujeito não era autônomo nem suficiente, mas formado no processo de socialização. De acordo com essa visão, que se tornou a concepção sociológica clássica (...), a identidade é formada na interação entre o eu e a sociedade. O sujeito ainda tem um núcleo ou essência interior que é o eu real (...) formado e modificado (2006: 12).

Essa sociedade está em crise, pois “o sujeito está se tornando fragmentado, formando não por uma única, mas por várias identidades, algumas vezes contraditórias ou não resolvidas.” Na pós-modernidade, todos assumem “identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que não são unificadas em torno de um coerente” (Hall 2006: 13).

É importante salientar que a identidade está estreitamente relacionada com a questão cultural e, segundo Boaventura Sousa Santos (1997), as identidades culturais não são rígidas nem imutáveis porque são sempre resultados transitórios de processos de

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Tabela 1 Sociedades Civis Sem Fins Lucrativos.
Foto 2: A colheita é realizada todas as terças, quintas e domingos.
Foto 4: Mais um problema da Noiva resolvido. Água de alta qualidade (19 de setembro de 2014)  Fonte: Facebook da Comunidade Noiva do Cordeiro
Foto 5: Sala de Estudos
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