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Uma Abordagem Sobre a Tecnologia

Capítulo 2 _Estudos Culturais, Mídias, Cultura, Construção do Sujeito, Exclusão e

2.3 Uma Abordagem Sobre a Tecnologia

Sobre a questão da inclusão digital no Brasil, alguns dados se mostram importantes: a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgada em setembro de 2014, mostra que a proporção de pessoas que utilizam a internet passou de 34% em 2008 para 50,1 em 2014. Esses valores colocam o país como a quinta nação do mundo com o maior número de usuários e também mostra que o acesso à rede tem se democratizado de forma acelerada no Brasil.

De acordo com os dados do PNAD, brasileiros com idade variando entre 15 e 24 anos, em grupos etários específicos definidos pelo IBGE, estão conectados na mesma proporção que americanos, japoneses e europeus de diversos países.

Ainda, segundo o IBGE, cerca de 10% das cidades brasileiras ainda não desenvolviam, em 2012, qualquer plano de inclusão digital, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE 2013). Ao todo,

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90,5% dos municípios, o equivalente a 5.034 cidades têm alguma política nesse sentido. Em 2006, o número de cidades que se enquadravam nessa característica era bem menor. Apenas 2.944 cidades, o que representava 52,9% do total, tinham algum tipo de plano de inclusão digital.

A inclusão digital requer acesso às tecnologias digitais, e para que essa inclusão se efetive, é necessário que o indivíduo tenha renda para contratar serviços de telecomunicação, bem como formação e qualificação para seu uso.

Em 2003, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou um mecanismo de financiamento com o objetivo de aumentar o número de computadores em países de baixa renda, denominado “Fundo de Solidariedade Digital”. Os recursos seriam captados por meio de doações da iniciativa privada e pública vinculadas ao uso da tecnologia de comunicação e informação, 1% do valor de contratos realizados por essas instituições seriam destinados ao projeto. As empresas envolvidas no projeto poderiam utilizar o selo “Solidariedade Digital”. Os primeiros países doadores foram Argélia, Nigéria e França.

A globalização é um processo que se intensificou, nas últimas décadas, na esteira da evolução de um sistema de comunicação e de transportes que permitiu ao homem uma mobilidade mais rápida e muito mais frequente. Esse processo criou, principalmente, a possibilidade de se obter a informação em tempo real, o que, de uma forma ou de outra, provoca algum impacto sobre o cotidiano dos indivíduos e das economias nacionais. Essas transformações levaram à intensificação dos contatos entre os grupos, o que contribuiu para enriquecer a diversidade cultural das populações e, de certa maneira, desmistificar o “outro”.

O século XXI trouxe um conjunto de mudanças vitais para a vida dos homens. Para João Maria André (2012), há três fenômenos que marcaram o cenário político, econômico e cultural nas últimas décadas: “a erosão do Estado Nação”, a “globalização” e o “desenvolvimento da sociedade em rede” (2012: 9).

Ainda segundo André, o espaço já não pode mais ser pensado como o território que nos circunda, com padrões culturais, língua e costumes, consolidados por um passado histórico. A partir da segunda metade do século XX, percebe-se a formação de Estados poliétnicos, devido ao processo migratório. Uma série de situações promoveu esse processo: “guerras, conflitos, movimentos migratórios massivos, unificações forçadas de comunidades autônomas, colonização e pós-colonização” (2012:18). Esse processo migratório vem se intensificando com a globalização. Para Ortiz,

31 na sociedade global, a distância não é mais obstáculo para a comunicação ou produção.

(...) A diluição das fronteiras não significa que o mundo tenha se tornado melhor (...). No contexto de uma sociedade que se planetariza, novos tipos de comunicação são possíveis, mas também emergem novas formas de poder (1994: 13).

A disseminação do uso da tecnologia acabou por promover o aparecimento de uma economia eletrônica global. O fluxo de capitais pode ser redirecionado de um local para o outro em uma questão de minutos. Esta questão acaba por alterar a relação entre economia e política. Antes desse processo, o Estado-Nação constituía o centro de decisões políticas. Observa-se nos dias atuais que uma rede mundial de investidores comanda os fluxos de capitais sem que o Estado possa neles intervir de modo incisivo.

A globalização não se limita apenas a fatores econômicos, mas está diretamente ligada às questões culturais. Por cultura compreende-se, segundo o espírito de consenso consagrado pela “Declaração da Cidade do México sobre Políticas Culturais” da UNESCO (1982), “um conjunto dos traços distintivos, espirituais e materiais, intelectuais e afetivos que caracterizam uma sociedade ou um grupo social e que abarca, para além das artes e das letras, os modos de vida, os direitos fundamentais do ser humano, os sistemas de valores, as tradições e as crenças”.

A globalização traz influências importantes para a cultura, podendo tanto igualar os padrões culturais, quanto estabelecer a diferença.

A diversidade cultural num planeta que se globaliza ainda que a erosão cultural se tenha convertido em questão cada vez mais preocupante no plano internacional, devido à percepção dos paradigmas ocidentais transmitidos por via da tecnologia, frequentemente exagera a relação da globalização com a uniformização e a homogeneização cultural. As trocas comerciais e as transferências culturais invariavelmente pressupõem processos de adaptação e, normalmente, num ambiente internacional cada vez mais complexo e interativo, não são unilaterais. Para além disso, as raízes culturais são profundas e, em muitos casos, estão fora do alcance de influências exógenas. Assim, a globalização entende-se melhor como um processo multidirecional com muitas facetas, que compreende a circulação, cada vez mais rápida e de maior volume, de praticamente tudo, desde capitais a pessoas, passando por mercadorias, informação, ideias e crenças, por meio de eixos que se modificam constantemente (UNESCO 2009: 6).

Para Patrício,

A globalização torna o outro mais presente. Mas dar conta da presença do outro e conhecer melhor o outro não é o mesmo que tornar-se o outro, ser absorvido por ele. Ao relacionarmo-nos com o outro, neste caso com o outro cultural, algo recebemos dele que passa a integrar quem somos, com o que enriquecemos e «outramos» o nosso «eu». Mas o nosso «eu» não desaparece, não se dissolve necessariamente no «eu» do outro. Outramos o nosso «eu» e egoizamos o «eu» do outro. O que vemos, neste tempo que já levamos de globalização, é que o «eu cultural» resiste à absorção pelo «eu global», ao mesmo tempo que este algo absorve do «eu cultural» particular. Algo dele (do «eu global») integra no seu «eu», que com isso algo muda, mas sem per - der a sua

32 identidade, sem deixar de continuar a dizer «eu» e a sentir-se o mesmo, na e após a

mudança (2008: 441-442).

Outro fator que determina a imagem sociocultural do mundo contemporâneo é o desenvolvimento da sociedade em rede, tendo com principal elemento de representação a internet. A internet surgiu dentro do contexto de guerra fria, destinada a interligar laboratórios de pesquisa ao Departamento de Defesa norte-americano. Em 1987, foi aberto o uso comercial da internet, rompendo, assim, fronteiras físicas e culturais, permitindo a milhões de pessoas, em todo mundo, interagir e trocar informações em frações de segundos.

Alguns autores veem essa nova configuração como a nova forma da pólis, que não se baseia mais em “recintos territoriais, com um interior, com fronteiras e com seu exterior, mas em redes abertas de interconexões, que cobrem o planeta e preenchem mesmo os espaços siderais” (André 2012: 23).

Stuart Hall (2006) chama a atenção para o fato de que a globalização tida como fenômeno mundial é, na verdade, um fenômeno ocidental e que a crença na “homogeneização cultural”, por aqueles que acreditam na ameaça que a globalização representa no sentido de “solapar as identidades e a ‘unidades’ das culturas nacionais” (2006: 83), constitui-se numa visão “simplista e unilateral” porque apesar da “homogeneização global”, existe “uma fascinação com a diferença e com a mercantilização da etnia e da ‘alteridade’ provocando um novo interesse pelo local”.

Segundo Hall, a identidade está em crise:

a noção do sujeito sociológico refletia a crescente complexidade do mundo moderno e a consciência de que este núcleo interior do sujeito não era autônomo nem suficiente, mas formado no processo de socialização. De acordo com essa visão, que se tornou a concepção sociológica clássica (...), a identidade é formada na interação entre o eu e a sociedade. O sujeito ainda tem um núcleo ou essência interior que é o eu real (...) formado e modificado (2006: 12).

Essa sociedade está em crise, pois “o sujeito está se tornando fragmentado, formando não por uma única, mas por várias identidades, algumas vezes contraditórias ou não resolvidas.” Na pós-modernidade, todos assumem “identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que não são unificadas em torno de um coerente” (Hall 2006: 13).

É importante salientar que a identidade está estreitamente relacionada com a questão cultural e, segundo Boaventura Sousa Santos (1997), as identidades culturais não são rígidas nem imutáveis porque são sempre resultados transitórios de processos de

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identificações e em constante processo de transformação; “identidade são, pois, identificações em curso”. (1997: 31)

Segundo o Relatório Mundial da UNESCO,

À medida que o mundo se transforma lentamente numa “aldeia global”, a paisagem constituída pela imprensa, os livros, o rádio, a televisão, o cinema, a internet, para além de um amplo conjunto de dispositivos digitais, contribui para aumentar a visibilidade da diversidade cultural e para formar os nossos gostos, os nossos valores e a nossa concepção do mundo. Não obstante, convém analisar em que medida essas expressões traduzem a realidade, a complexidade e a dinâmica da diversidade cultural, pois se é verdade que não restam dúvidas de que os novos meios de comunicação facilitam o acesso à diversidade cultural, multiplicando as oportunidades de criar um diálogo intercultural e permitir a expressão de vozes diferentes, também se verifica que as assimetrias correspondentes à exclusão digital continuam a restringir as possibilidades de um verdadeiro intercâmbio cultural. Além disso, a própria multiplicidade de opções, assim como os novos desafios culturais que estas implicam, podem dar lugar a diversas formas de isolamento cultural (2009: 20).

A ciência e a tecnologia, por estarem ligadas ao capital, não são democráticas; portanto, como os benefícios não se democratizam, acabam por se transformar em um instrumento de reprodução das desigualdades sociais, não garantido, assim, a emancipação do ser humano. Dentro dessa lógica, a tecnologia se desenvolve como um instrumento privilegiado de dominação. Saliente-se que o conceito de tecnologia está em oposição à técnica, pois esta existe em todos os processos históricos, consistindo em instrumentos que o homem inventa para a sua sobrevivência, produzidos para simplesmente serem usados, como arado e enxada, não sofrendo grandes mudanças ao longo do século. Já a tecnologia é especifica do sistema capitalista, a grande parte dos produtos tecnológicos são, na realidade, destinados ao consumo e não à manutenção da vida.

É importante aqui analisar as discussões sobre a cultura de massa e sobre a indústria cultural. No início da década de 1970, dois conceitos, de forma dicotômica, marcaram as discussões sobre o tema. Umberto Eco salienta duas concepções importantes para a discussão apocalípticos e integrados.

Segundo o autor, os apocalípticos viam a cultura de massa como a anticultura que se contrapõe à cultura em um sentido aristocrático, sendo, portanto, um sinal de decadência; e de outro os que viam nesse fenômeno um alargamento da área cultural com a circulação de uma arte e de uma cultura popular consumidas por todas as camadas sociais (Eco 1993: 8- 9).

34 Na face interna, as redes de computadores carregam uma grande quantidade de

tecnologias intelectuais que aumentam e modificam a maioria das nossas capacidades cognitivas: memória (bando de dados, hiperdocumentos), raciocínio (modelização digital, inteligência artificial), capacidade de representação mental (simulações gráficas interativas de fenômenos complexos) e percepção (síntese de imagens especialmente a partir de dados digitais). O domínio dessas tecnologias intelectuais dá uma vantagem considerável aos grupos e aos contextos humanos que as utilizam de maneira adequada. (Lévy 2003: 203).

Para este autor a interconexão com os computadores não leva à passividade, a internet seria uma ferramenta a serviço da coletividade:

Um aparelho de televisão é um receptor passivo, uma extremidade da rede, uma periferia. Um computador é um instrumento de troca, de produção e de estocagem de informações. Ao canalizar e entrelaçar múltiplos fluxos torna-se um centro virtual, instrumento de poder (Levy 2003: 204).

Os autores defensores da tecnologia alegam que, além de ampliar os vínculos sociais, a tecnologia se torna em um elemento de ativismo para os movimentos sociais. As redes sociais se transformaram no principal instrumento de organização e articulação de vários movimentos sociais, possibilitando o fortalecimento das demandas e a ampliação do alcance de suas ações.

Para Lévy, a internet é uma ferramenta ao serviço da coletividade, um espaço livre e comunitário de comunicação interativa. Segundo o autor, “a finalidade da inteligência coletiva é colocar os recursos das grandes coletividades a serviço das pessoas e dos pequenos grupos” (1999: 201).

Para Pierre Lévy, a questão da exclusão é crucial com o crescente desenvolvimento da cibercultura. O autor acredita que a questão do acesso pela perspectiva tecnológica ou financeira não é o principal ou o único fator da inclusão, afirmando que,

Acesso para todos sim! Mas não se deve entender por isso um, acesso ao equipamento. a simples conexão técnica que, em pouco tempo, estará de toda forma muito barata (...). Devemos antes entender um acesso de todos aos processos de inteligência coletiva, quer dizer, ao ciberespaço como sistema aberto de autocartografia dinâmica do real, de expressão das singularidades, de elaboração dos problemas, de confecção do laço social pela aprendizagem recíproca, e de livre navegação nos saberes (1999: 196).

Segundo Lemos,

Podemos definir exclusão digital como a falta de capacidade técnica, social, cultural, intelectual e econômica de acesso às novas tecnologias e aos desafios da sociedade da informação. Essa incapacidade não deve ser vista de forma meramente técnica ou econômica, mas também cognitiva e social (2007: 42).

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Um importante conceito apresentado por Lévy é o conceito de ciberespaço:

O ciberespaço (que também chamarei de “rede”) é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial de computadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os serres humanos que navegam e alimentam esse universo. Quanto ao neologismo “cibercultura”, especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o ciberespaço (Levy 1999: 17).

Os apocalípticos, representados inicialmente pela Escola de Frankfurt, traçam uma crítica da racionalidade moderna, denunciando a nova servidão à qual a técnica submeteu os homens:

O preço que os homens pagam pelo aumento de seu poder é a alienação daquilo sobre o que exercem o poder. O esclarecimento comporta-se com as coisas como o ditador se comporta com os homens. Este conhece-os na medida em que pode manipulá-los. O homem da ciência conhece as coisas na medida em que pode fazê-las. É assim que seu em-si torna para-ele. Nessa metamorfose, a essência das coisas revela-se como sempre a mesma, como substrato da dominação (Adorno e Horkheimer 1985: 18).

Adorno salienta: “O que nos propuséramos era, de fato, nada menos do que descobrir por que a humanidade, em vez de entrar em um estado verdadeiramente humano, está se afundando em uma nova espécie de barbárie” (Adorno e Horkheimer 1985: 11).

A indústria cultural é eficiente em transformar tudo em negócio, em produto de bens de consumo, invadindo todos os setores da sociedade (música, futebol, jornalismo, etc.). Nada escapa à sua visão mercantilista. Nem mesmo a fé ou religiosidade escapam das suas artimanhas. Aproveitando da devoção dos fieis, a indústria cultural não hesita em investir nesse mercado consumidor.

Postman debruça-se sobre o alcance da tecnologia:

Em que extensão a tecnologia do computador tem sido uma vantagem para as massas? Para os operários siderúrgicos, proprietários de quitandas, professores, mecânicos de carro, músicos, pedreiros, dentistas e a maioria das pessoas cujas vidas o computador está invadindo agora? Seus assuntos particulares foram tornados mais acessíveis para instituições poderosas. Eles são seguidos e controlados com mais facilidade; são submetidos a mais exames; são mistificados cada vez mais pelas decisões tomadas sobre eles; muitas vezes são reduzidos a meros objetos numéricos. São inundados por correspondência inútil. São alvos fáceis de agências de publicidade e de organizações políticas. As escolas ensinam seus filhos a operar sistemas computadorizados, em vez de ensinar coisas mais valiosas para crianças. Resumindo, para os perdedores não acontece quase nada do que precisam (1992: 20).

Ao contrário do que teoriza Lévy, que a tecnologia acabaria por beneficiar os pequenos produtores e os consumidores, devido à transparência do cibermercado e o fim

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do intermediários econômicos, o que se verificou foi o oposto, a globalização econômica acabou por fortalecer as organizações financeiras mundiais, levando à redução do poder do estado-nação. Na realidade, o discurso de democratização promovido pelos defensores das mídias desenvolve o favorecimento à ação dos conglomerados articulados na rede.

As chamadas tecnologias da informação passam por um processo profundo de transformação na contemporaneidade. Os modelos tradicionais de comunicação, baseados no envio de mensagens para uma determinada audiência, estão sendo superados por um novo sistema que abrange e integra todas as formas de expressão, valores, interesses, imaginações, permitindo um amplo alcance, integrando todos os meios em uma rede. Para Castells, isso provocará “o fim da audiência massiva e o surgimento da comunicação mediada pelo computador, marcada pela interatividade e pela individualização/personalização do consumo de informação” (1999: 78).

Em sua análise, Castells insere o desenvolvimento tecnológico no atual no processo histórico de desenvolvimento das forças produtivas. Para o autor, a revolução tecnológica originou um momento da história de reestruturação global do capitalismo para o qual foi uma ferramenta básica. A base teórica que fundamenta a leitura de Castells postula que “as sociedades são organizadas em processos estruturados por relações historicamente determinadas de produção, experiência e poder” (1999: 35).

Segundo André Lemos, existem duas formas de inclusão digital, uma espontânea e outra induzida, como mostra a matriz de análise de projetos de inclusão digital:

Digital Espontânea - Formas de acesso e uso das TICs em que os cidadãos estão imersos com a entrada da sociedade na era da informação, tendo ou não formação para tal uso. A simples vivência em metrópoles coloca o indivíduo em meio a novos processos e produtos em que ele terá que desenvolver capacidades de uso das TICs. Como exemplo, podemos citar: uso de caixas eletrônicos de bancos, cartões de crédito com chips, smart cards, telefones celulares, dentre outros.

Induzida- Projetos induzidos de inclusão às tecnologias eletrônicas e às redes de computadores, executados por empresas privadas, instituições governamentais e/ou não governamentais. São três as categorias de Inclusão Digital Induzida:

• Técnica - Destreza no manuseio do computador, dos principais softwares e no acesso à internet. Estímulo do capital técnico.

• Cognitiva- autonomia e independência no uso complexo das TICs. Visão crítica dos meios, estímulo dos capitais cultural, social e intelectual. Prática social transformadora e consciente. Capacidade de compreender os desafios da sociedade contemporânea.

• Econômica - capacidade financeira em adquirir e manter computadores e custeio para acesso à rede e aos softwares básicos. Reforço dos quatro capitais (técnico, social, cultural, intelectual) (Lemos 2007: 43)

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Para entender a sociedade que surge desse processo ligado à tecnologia da informação, alguns conceitos são necessários. Dentro da perspectiva de Castells a tecnologia da informação compreende

o conjunto convergente de tecnologias em microeletrônica, computação (software e hardware), telecomunicações/radiodifusão, e optoeletrônica. (...), o processo atual de transformação tecnológica expande-se exponencialmente em razão de sua capacidade de criar uma interface entre campos tecnológicos mediante uma linguagem digital comum na qual a informação é gerada, armazenada, recuperada, processada e transmitida (Castells 1999: 67-68).

A importância da análise de Castells é situar a revolução atual no processo histórico de desenvolvimento das forças produtivas. Segundo o autor, a revolução tecnológica tem origem em um processo histórico de reestruturação do capitalismo, sendo essa tecnologia uma ferramenta. Segundo Castells “as sociedades são organizadas em processos estruturados por relações historicamente determinadas de produção, experiência e poder” (1999: 35).

Esse novo modelo de desenvolvimento é denominado por Castells de “informacionalismo”, construído historicamente pela reorganização do capitalismo no final do século XX. Dentro da perspectiva do informacionalismo, as tecnologias de conhecimento e informação tem uma íntima ligação entre cultura e forças produtivas, entre espírito e matéria. Na base desse processo está a comunicação mediada por computadores e pela integração em redes globais. A rede, na visão de Castells, é um espaço de reprodução do capital de abrangência global, dando uma face ao sistema capitalista, promovendo assim uma nova estrutura social a “Sociedade em Rede”. Segundo o autor, Rede é “um conjunto

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