GABRIELA
CAMPOS
DIDONÉ
CARCINOMA
DE
TIREÓIDE
NA
INFÂNCIA.
RELATO
DE
5
CASOS.
Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, para a conclusão do Curso de Graduação
em
MedicinaÁ \
¬ \
~.\,“ \_
CARCINOMA
DE
TIREOIDE
NA
INFÂNCIA.
RELATO
DE
5
CASOS.
Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, para a conclusão do Curso
de Graduação
em
MedicinaCoordenador
do
Curso:
Prof. Dr.Edson
JoséCardoso
Orientador:
Prof.Dra.
Marilza Leal
Nascimento
Co-Orientador:
Prof. Dr.Paulo
César
Alves
da
SilvaF
LORIAN
ÓPOLIS-SANTA
CATARINA
47 p.
Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, para a
conclusão do Curso de Graduação em Medicina-UFSC.
Título em Inglês: Thyroid Carcinoma in Childhood. Report of 5 cases. l.Carcinoma 2.Tireóide 3.Criança
À
minha
orientadora, Dra. Marilza LealNascimento
-
pelo interesse e fundamental importância neste trabalho.Ao
meu
co-orientador, Dr. Paulo CésarAlves
da Silva-
por todas as oportunidades oferecidas e por todo o apoiona
elaboração deste trabalho.À
Dra.Maria
Heloíza Canalli pela dedicação e apoio.Ao
meu
pai ,Antônio
Didoné
-
peloexemplo
de honestidade ecompetência
e por todo o seu incentivo, tornando
meus
sonhos possíveis.À
minha
mãe,
Dra.Marize
Campos
Didoné
- pela amizade, paciência e porser a
minha
eterna companheira.Aos
meus
irmãos Felipe e Frederico-
por fazerem parte daminha
vida e atomarem
mais
alegre.Ao meu
namorado
Dr.Marcelo
Ostrowski-
pela infinita paciência e porestar
sempre
aomeu
lado.À
minha
dupla de internatoMariana
-
pelaamizade
e ajuda nosmomentos
mais difícieis.1.
Introdução
... .. 2.Literatura
.... .. ø o Q u o o u ø ¢ o n o u n n u n n o n o o on o o o n Q n u Q . n n ¢ Q ou 3.Objetivos
... .. 4.Relato
de
casos
5.Discussão
... .. 6.Referências
u o n o o o u u o u o 1 o ou o o n n ø u u o u n o o u euNormas
adotadas
... ..Resumo
... ..Summary
... .. Q n Q u u n o Q u u ø onoO
carcinoma
de tireóide na infânciatem
sido descritocomo
uma
doença
rara, constituindo 0,6 a
1,6%
de todos os tumores malignosem
homens
emulheres, respectivamente"2'3'4.
É
osegundo tumor
maiscomum
de cabeça epescoço
em
crianças representando5,1%
destes tumores3”5'6. Estima-seque
10%
dos carcinomas diferenciados de tireóide
ocorrem
em
pacientesmenores
de20
anos de idade'”2.
A
idade de apresentação mais freqüente se situa entre 10 e 14anos,
com
uma
distribuição por sexoque
variaconforme
a faixa etárial”3'7”8.A
relação entrecarcinoma
de tireóidecom
outras anormalidades tireoidianas pré-existentesnão
está plenamente estabelecida”.Os
dadosde
históriasugestivos de malignidade são a radioterapia prévia
em
região de cabeça epescoço ou
existência de casos familiares de câncer de ti1'eóide5”6'7'8'9'l0”'U2.Há
um
predomínio
dos tipos histológicosbem
diferenciados,com
maior
prevalência de carcinomas papilíferos
ou
mistos (mais de70%),
seguido pelocarcinoma
folicular (15 a20%)
e raramentetumores
anaplásicos.O
carcinoma
medular, originário das células parafoliculares corresponde a
menos
de5%
dos casosem
crianças,podendo
estar associado à neoplasia endócrina múltipla tipo2A
e2B
transmitido por herança autossômicadominante
ou
esporadicamente8°l3. Clinicamente, o carcinoma de tireóidena
infância se apresentacomo
oachado
acidental deum
nóduloou
aumento
devolume
na região anteriordo
pescoço,
ou
a presença de linfonodomegalia cervicalem
um
pacienteeutireoídeo.
Ao
exame
físico, odado
mais importante é a verificaçãoda
unicidade
do
nódulo à palpação, afixação
às estruturas adjacentes, a falta de mobilidadedo
mesmo
a deglutição e extensãoda doença
aos linfonodosO
diagnóstico baseia-se na clínica, auxiliado porexames
complementares
como
a ultra-sonografia(USG),
cintilografia de tireóide,punção
aspirativacom
agulha fina
(PAAF),
calcitonina sérica e testes funcionaisda
tireóide,como
adosagem
de triiodotironina (T3), tiroxina (T4), ehormônio
estimulanteda
tireóide(TSH)
pormétodos
ultra-sensíveis3'8*“.Mais
de50%
dos casos apresentam envolvimento de linfonodos cervicaisou
mediastinais ao diagnóstico.
O
sítio maiscomum
de metástase a distância é opulmão,
acometendo
20%
dos casos”.O
prognóstico está diretamente relacionadocom
a descoberta precoce daslesões malignas,
nunca
devendo-se descartar esta possibilidade,mesmo
que o
carcinoma
de tireóide sejauma
raridade na infância3.O
principaldesafio
deum
médico no
manejo
deum
nódulo solitárioda
tireóide é descartar a presença de malignidadel.
O
objetivo deuma
adequada
avaliação de nódulos tireoidianosna
infância, visa o diagnóstico precocedo carcinoma
de tireóide e terapêutica apropriada, afim
de reduzir a disseminação metastática, a recorrência econseqüentemente
a mortalidadena
infância devido às neoplasias malignas.2.
LITERATURA
O
carcinoma
de tireóidena
infância foi inicialmente descrito por Ehrhardt4em
1902, eem
1948
somente 62
casosforam
descritosna
literaturamédica
mundiall.
Hom4 em
1951 descreveu ocarcinoma medular
e relatou a possibilidadedo
caráter familiarda
doença.Josephson
eWohlló estimaram
uma
incidência nos EstadosUnidos
deaproximadamente
5novos
casos por milhão de crianças por ano. Winshiplrelata
uma
distribuição por sexodo carcinoma
de tireóide na criança,com
predomínio
no
sexo feminino na proporção 1,5: 1em
menores
de 15 anos e 3: 1entre 15 e
20
anos.O
carcinoma
de tireóidetem
sido descritoem
todas as idades, inclusivepodendo
já existir àépoca do
nascimento.Os
fatores descritos na etiologiado
câncer de tireóide são a exposição à radiaçãoem
região de cabeça e pescoço, níveis elevados deTSH,
tireoidite deHashimoto, doença
deBasedow-Graves
e predisposiçãocongênitok
fam¡¡¡ar3,s,ó,11,17,1s_
A
relação de radiação de cabeça e pescoçocom
o aparecimentodo
carcinoma
de tireóide estábem
estabelecida"5°6”9”'°'lU2”.
Segundo Feinmesser
et al.2° a irradiação aparenta ser mais carcinogênicaem
crianças queem
adultos, eeste fato é especialmente verdadeiro para tireóide.
Acredita-se
que
a exposição à radiação de cabeça e pescoço,mesmo em
baixas doses (50 a500
rad), particularmenteem
crianças, é o fator etiológicomais importante. Considerada
um
fator de risco para doenças benignas emalignas
da
tireóide.O
tecido tireoidiano éum
dos tecidosmais
radiosensíveise a indução
do
câncer, através de baixa dose de radioterapia extema, é presumível ocorrer pelas alteraçõescromossomiais
(ativação degenomas
oncogênicoscom
translocações e deleções) apóspassagem ou
impacto departículas radioativas de alta energia.
Quando
odano
radioativo é baixo, as célulaspodem
sobreviver,porém
algumas
conseqüênciasna
configuraçãoda
informação genética resultam
do
dano. Desta forma, o efeito a longo prazoda
radiação ionizante
pode
produzir alteração genética (desrepressão degenomas
oncogênicos), a qual se segue a neoplasia5'9°'°”'2"3'17'21.
Segal et als
em
uma
análise de 58 criançascom
carcinoma
de tireóiderelataram
que
17%
possuíam
uma
história prévia de irradiação decabeça
epescoço.
O
intervalo detempo
entre a irradiação e o descobrimentodo
tumor
variou de 5 a 10 anos. Pioner et al.3
em
sua revisão bibliográficadescreveram
que dos casos descritos
em
literatura,75%
apresentam história de irradiação cervical na infância,com
um
intervalo entre a exposição às irradiações e o aparecimentoda
neoplasiaem
média
de 8,7 anos (3,6 a 14 anos),sendo que
4%
dos pacientes submetidos à irradiação
em
cabeça e pescoço /na infânciadesenvolvem carcinoma
de tireóide.Clarkm
relatouque
o intervalo entre irradiação e o aparecimentodo
carcinoma
de tireóidepode
variar de 3 a40
anos.A
radiação ionizante,quando
em
baixas doses,também
ocasiona disfunçãocelular tireoidiana, elevando os níveis de
TSH
no
soro,gerando
uma
estimulação crônica
da
atividade mitogênica sobre oparênquima
tireoidiano, a qual pela presença de receptores,promove
a proliferação de célulaspotencialmente transformadas. Estas
mudanças
ocorrem
gradualmente duranteum
período demeses
a anosl°'I7.Gharib e Mazzaferrizl relatam
que
a freqüênciacom
que
os nódulos detireóide se
desenvolvem depende da
idadedo
paciente naépoca
da
terapia radioativa, da doseda
radiação, da duraçãodo
seguimento, fatores genéticos e ingesta de iodo.Desde
que a irradiação terapêuticaem
cabeça epescoço
paradoenças não
malignas (acne, hiperplasia
ou
hipertrofia de timo, tonsilas e adenóides)têm
sido descontinuada, o
carcinoma
de tireóidena
infânciatem
diminuído”.Hung”
relataque
a deficiência de iodo altera a patologiado carcinoma
de tireóide,aumentando
a incidência relativa decarcinoma
folicular e anaplásico, enquantoque
em
áreascom
iodo suficiente apercentagem
decarcinoma
papilarda
tireóide é maior.O
carcinoma papilífero mostra-seem
estreita relaçãocom
outras lesõestireoidianas.
Segundo
Oliveira”no
casoda doença
deBasedow-Graves
ou
da
tireoidite de Hashimoto,
fica
a dúvida tratar-se demera
coincidênciaou
legítima predisposição.Há
evidênciasno
entantoque
adoença
deBasedow-Graves
(hipertireoidismo secundário a estimulação tireoidiana por auto anticorpos) possa influenciar o desenvolvimento e
comportamento do carcinoma
de tireóide.Segundo
Winship
e Rosvolll ocarcinoma
de tireóide ocorrecom
maior
freqüência
em
pacientescom
doença
deBasedow-Graves,
especialmente nosque
têm
nódulos palpáveis, etendem
a ser mais agressivosque
em
outrospacientes. Isto
pode
ocorrer pelo fatodo
TSH
ou
anticorpos tireo-estimuladoresmanterem
o crescimento efuncionamento
do
tumor.A
tireoidite deHashimoto
éuma
inflamação
crônicada
tireóidecom
o desenvolvimento de auto anticorpos contra a tireoglobulina.Freqüentemente
leva à
formação
de bócio e hipotireoidismo.A
associação entre tireoidite deHashimoto
em
pacientescom
carcinoma
de tireóide ébem
descritana
literatura.Alguns
estudossugerem que
a tireoidite deHashimoto
éuma
condição pré-maligna, outros
sugerem que pode
seruma
resposta ao câncer de tireóide.A
coexistência de
carcinoma da
glândula tireóide e tireoidite deHashimoto
é relatadacom
freqüência variável na literatura de l a 23%4”l8'24.Dailey et al.'8, os primeiros a
documentar
a associação, encontraram17,7%
de incidência de carcinoma
em
glândulascom
tireoidite deHashimoto
eacreditaram
que
carcinomas originavam-se de proliferação epitelial.Segundo
Desjardins et al.4 a incidência de
carcinoma
de tireóideem
pacientescom
tireoidite de
Hashimoto
é entre3%
a 8,7%. Flannery et al.” referemque
em
estudos
envolvendo
crianças e adultos, mais de32%
dos casos de tireoiditede
Hashimoto
são associadoscom
câncer de tireóide.Kamma
et al.25demonstraram
histopatologicamente eimunocitoquimicamente, a infiltração linfocítica
em
tecidos imediatamente adjacentes a cânceresda
tireóideem
7 de 9 casos decarcinoma
de tireóide juvenil. Desjardins et al.4em
um
estudo realizadocom
23 criançascom
carcinoma
de tireóide, 5 dos 15 pacientes(33%)
com
carcinoma
bem
diferenciado de tireóide
tinham
tireoidite deHashimoto,
e apenas 3 pacientes já referiam ser portadores de tireoidite deHashimoto.
A
variabilidadena
incidênciapode
ser explicada por diferençasna
interpretação histopatológica de tireoidite deHashimoto
ecarcinoma
de tireóideem
populações de pacientes etambém como
resultado daforma
em
que o
material é relatadols.
A
causada
relação entre tireoidite deHashimoto
ecarcinoma
não
é clara, o câncer estimularia a tireóide a produziruma
reação linfocítica. Estudoshistopatológicos
sugerem que
ocarcinoma
numa
glândulacom
tireoidite deHashimoto
provavelmente origina-seda
proliferação epitelialda
doençalg.Brandão
et al.” explicando a possibilidadedo
desenvolvimento deneoplasia; secundária aos efeitos
da
tireoidite deHashimoto
sobre células foliculares tireoidianas, ressaltam altas concentrações deTSH
circulantes,desenvolvendo
padrões neoplásicos clinicamente detectáveis.De
outromodo,
há
relatos deque
tireoidite focal é freqüentemente encontrada adjacente à neoplasia, notando-se infiltração linfocítica adjacente à tecido neoplásico maligno,podendo
ser consideradauma
reação aocarcinoma”.
Um
seguimento contínuo e cuidadoso nestes pacientes é mandatório, pesquisando o desenvolvimento de nódulos, especialmenteem
pacientes recebendo levo-tiroxina4.Jhiang e Mazzaferrizs relatam
que
entre as diversas alterações moleculares encontradas nos carcinomas da tireóide, ooncogene
RET/PTC
(carcinomapapilífero de tireóide),
uma
forma
ativadado
proto-oncogeneRET
(geneque
codifica o receptor
da
tirosina-quinase)tem
sido visto exclusivamenteem
carcinomasdo
subtipo papilífero,numa
porcentagem
variável de casos (de11%
a33%,
na
dependênciado
estudo).Feinmesser
et al.2° relatamque
a exata sequência dos eventos envolvidos na transformação, e o papeldo oncogene
RET
não
estão claros, necessitando maiores investigações.Os
tumores malignosda
tireóide são raros etêm
como
origem
três tipos diferentes de células, as foliculares, as parafoliculares e as deorigem não
tireoidiana.O
tipo histológico dos tumores malignospode
ser classificadoconforme
a OrganizaçãoMundial
de Saúdesem
papilífero, folicular, células de Hürthle, medular, anaplásico, linfomas e outros (hemangioendoteliomas, teratomas).O
tipo histológico papilífero possue 5 subtipos: papilífero e folicular, papilífero
puro, oculto (micro) carcinoma, variante folicular
do
papilífero e variante difusaesclerosante.
Segal et al.5 relatam
que
a maioria dos cânceres de tireóide sãodo
tipo papilar,com uma
incidência de mais de90%
na
faixa pediátrica.Segundo
Tielens et al.26 os carcinomas
bem
diferenciadosda
glândula tireóide são tradicionalmente classificadoscomo
carcinoma
papilarou
folicular,baseado no
Segundo
Oliveira”, ocarcinoma
papilíferotem
definidos
critériosmorfológicos.
O
quadro microscópico édominado
pelas papilas revestidaspredominantemente
porcamada
única de células cúbicas,com
disposiçãoem
paliçada, sustentada por eixo conjuntivo ricamente vascularizado, o qual
com
frequência projeta-seem
espaços císticos.Os
núcleos são redondos, decostume
maiores
do
que os das células foliculares, sendo a cromatina dispersaem
grãos finos.As
mitoses sãoextremamente
raras.O
estroma distribui-seem
forma
arborescente e
acompanha
as formações papilíferas.A
observação de que neoplasiascom
características nucleares decarcinoma
papilarpodem
ser organizadaem
uma
arquitetura folicular predominante,sendo
estabelecido a variante folicular
como
um
subtipodo carcinoma
papilar,que
geralmente é clinicamente indistinguível dos tumores
com
arquiteturapredominantemente
papilar.Porém
Tielens et al.26dizem que
alguns relatossugerem que
as metástasespulmonares
são maiscomuns
no carcinoma
papilarvariante folicular
que
no carcinoma
papilarem
geral .Porém,
Rosa
et al.”sugerem que
a presença de elementos papilíferosverdadeiros
em
quaisquer quantidades leva o paciente a evoluir demaneira
semelhante ao papilífero puro.
Oliveira” refere que virtualmente todos os cânceres papilíferos
contêm
alguns elementos foliculares, relata
também
que o carcinoma
papilífero oculto apresenta cursoyindolente e baixo grau de malignidade.Apesar
disso,podem
ocorrer durante a sua evolução, infiltração vascular e metástases ganglionares.
Admite-se que
ocarcinoma
papilífero ocultonão
significa estado precoceda
evolução
do carcinoma
papilífero manifesto.A
forma
variante difusa esclerosante é principalmenteachada
nas crianças eadultos jovens.
Há
aumento
difusoda
tireóide,ambos
os lobos firmes.As
papilas são associadas
com
metaplasia escamosa, corpúsculospsamomatosos
tumor
é usualmente grande àépoca do
diagnóstico,além
deserem não
~
capsulados e invasivos. Metástases para linfonodos sao encontradas
em
quase100%
dos casos e metástases à distância são fieqüenteslms.Harach
eWilliams”
referemque
o prognóstico da variante difusaesclerosante é
menos
favorávelcomparado
aocarcinoma
papilar clássico,mas
a resposta ao tratamento é na maioria das vezes excelente.O
carcinoma
folicular é raroem
crianças.Winship
e Rosvoll'acharam
17%
de seus casos
como
carcinoma
folicular. Crilelz descreveum
caso decarcinoma
folicular
em
uma
série de 18 criançascom
carcinoma
de tireóide.O
carcinoma
medular, derivado das células parafoliculares, é responsável por5%
dostumores
tireoidianos.Cerca
de70%
destes tumores são deorigem
esporádica, enquanto
que
20%
a30%
fazem
parte de doenças familiarestransmitidas de
modo
autossômico dominante,com
alta penetrância e expressão variávelg.A
forma
familiar maiscomum
é a neoplasia endócrina múltipla tipo2A
(MEN-2A),
resultado deum
traçodominante que dá
100%
de penetrância decarcinoma
medular,50%
defeocromocitoma
e25%
de hiperparatireoidismo.A
forma
tipo2B (MEN-2B)
éuma
doença
menos
freqüente,na
qual os pacientestêm
uma
forma mais
agressiva e mais precoce decarcinoma
medular; estespacientes
também
apresentamfeocromocitoma
eneuromas
múltiplos,acompanhados
de ganglioneuromas7'8”“'l2.O
carcinoma
de células de Hürthle e ocarcinoma
anaplásico sãoextremamente
rarosem
crianças7.O
linfoma ocasionalmentepode
se apresentarcomo
um
nódulo tireoidianosolitário. Este
tumor
se origina dos linfócitosB
e raramente das células T.Segundo
Yokozawazg
a maioria dos casosocorrem
em
associaçãocom
tireoidite de Hashimoto.A
apresentação usualdo carcinoma
de tireóide é o deuma
massa
única assintomática da glândula tireóide, descoberto pelo pacienteou
pelomédico
durante
o
exame
físico.Pode
sermacio
ou firme,
usualmente móvel,mas
algumas
vezes duro, irregularou
fixado a tecidos adjacentes"3°5'7'8'l L23.Mais
raramente, o pacientepode
apresentarcomo
sinal inicial a presença de metástases à distância, taiscomo
linfonodos cervicais,massas
no pulmão,
fraturas patológicasem
ossos longos, paralisia dosmembros
inferiorescausada
por lesões na coluna lombar,
ou
até hipertireoidismo pela presença de lesões metastáticas funcionantess.Segal et al.5
em
um
estudocom
58 pacientesmenores de 20
anoscom
carcinoma
de tireóidemostraram que
o sintoma inicial foi de nódulo solitárioem
27
pacientes (46%), linfonodomegalia cervicalem
25
pacientes (43%),nódulo
elinfonodomegalia concomitante
em
5 pacientes (8,6%) e 1 paciente(1,7%)
com
quadro neurológico conseqüente a metástase cerebral.
A
presença deum
nódulo solitárioda
tireóide éincomum, mas
éum
achado
importante
na
prática clínica pediátrical”23.Com
uma
prevalênciaem
crianças estimada de 1,8%3 1.Ward”
encontrou7%
de malignidadeem
nódulostireoidianos
em
todas as idadesda
série estudadamas
47%
dos nódulostireoidianos
em
pacientesmenores
de 15 anosforam
carcinomas.O
relatoda
frequência das doenças específicas que
acometem
estes nódulos são conflitantes,com
taxas de malignidadeque variam
de 2 a50%
em
nódulos solitários”.Raab
et al.”em
um
estudo realizadocom
57 crianças portadoras de nódulos de tireóide evidenciaramuma
taxa de18%
(10) de malignidade.Hung”
analisou 93 crianças (74 mulheres e 19
homens)
com
nódulo solitário de tireóide,sem
história de irradiação préviaem
região de cabeça e pescoço, destes pacientes16%
(15)possuíam
lesões malignas e84%
(78)possuíam
lesões benignas.Na
avaliação deum
nódulo solitário é necessáriouma
investigação apropriada para distinguir as causas benignas;mais comuns,
das causas malignas mais raras”.O
diagnóstico diferencial inclui tireoidite deHashimoto,
tireoiditenão
supurativa subaguda, disgenesias
da
tireóide, cistos de tireóide,adenoma
benigno ecarcinoma
da tireóide6°8”lmsm.
A
história e oexame
físicocontinuam sendo
a mais importante fonte de informações.A
história específica de exposição à irradiação de cabeça epescoço
e história familiar de desordens tireoidianasou tumores
endócrinosdevem
ser incluídos. Sinais e sintomas de hipoou
hipertireoidismodevem
serpesquisados”.
No
exame
fisico, a palpaçãodo
nódulopode
indicar a sua natureza.Um
nódulo
macio
àcompressão
não parece sermaligno
esim provavelmente
um
cisto
adenomatoso ou
colóide.A
maciez
sugereum
processo inflamatórioou
hemorrágico na glândula.
A
malignidade deve ser suspeitadaem
um
nódulo
duro,fixado
às estruturas adjacentes,quando há
paralisia de cordas vocaisou
linfonodos cervicais palpáveis1'6'23.
Newman
et al.”em
um
estudo realizadocom
329
pacientesmenores
de 21anos
com
carcinoma
de tireóide diferenciado,confirmado
histologicamente,mostraram que
25%
dos pacientespossuíam
metástases à distância, sendoque
destes
93%
possuíam
metástasessomente
em
pulmões,5%
em
pulmões
e ossos, e2%
metástases cerebrais.A
glândula tireóide, tendoem
vista sua posição superficial na região anteriordo
pescoço, é acessível aoexame
clínico, a citologia aspirativa e a diversos procedimentos deimagem
quepermitem
aomédico
estabelecer o diagnóstico' 1.As
dosagens deT4
livre(T4L)
eTSH
ultra-sensível,além
damedida
dosanticorpos anti-tireoidianos (anti-peroxidase e anti-tireoglobulina)
devem
ser requisitadas, apesar de estarem normais na maioria dos casos; entretanto,utilizando estes testes pode-se detectar casos de hipertireoidismo devido a nódulo tóxico
ou
hipotireoidismo secundário à tireoidite deHashimoto
deforma
nOdular¡,1,s,|1,2'/,33,34_
A
presença de altos níveis de anticorpos anti-tireoidianossugerem
fortemente a presença de tireoidite de
Hashimoto”.
A
dosagem
de calcitonina sérica, basal, estimulada é importante para aconfirmação
de suspeitado carcinoma
medular,devendo
ser solicitadaquando
há
história familiar positiva para sugerircarcinoma
medular
de tireóideou
neoplasia endócrina múltipla” '”'5”27.
A
medida da
tireoglobulinatem
pouco
valorna
detecção pré-operatória de malignidade,não
tendo indicaçãono
diagnóstico dostumores
tireoidianos,uma
vez
que
é inespecíflca, pois diversas outras doençastambém
ocasionam
o seuaumentos”.
Hung”
recomenda que
após a realização das provas laboratoriais,uma
USG
de tireóide seja obtida.A
USG
de tireóide proporcionaimagens
de alta resolução,devendo
serconsiderada
como
uma
extensãodo
ato palpatóriodo
médico.É
um
método
seguro e
não
invasivo,que
pode
distinguir lesões sólidas de císticas na tireóidecom
acurácia de90
%,
avaliarvolume
etamanho
do
nódulo,confirmar
um
nódulo de palpação duvidosa, detectarprecocemente
lesões ocultasem
pacientes submetidos à irradiação prévia, verificar as característicasdo nódulo
(sólido, cístico, calcificado, contomo), observar linfonodos, avaliar
o
tecidotireoidiano ectópico, diagnosticar
um
bócio multinodularmais acuradamente
que pelo
exame
físico eque
facilita aPAAF
como
guiaem
nódulos de difícil pa¡paçãO7,s.15.19_Yokozawa”
refereque
o diagnóstico citológico é mais precisoquando
oA
USG
irá descartar a presença de anomalias, confirmarque
onódulo
clinicamente detectável é realmente
um
nódulo solitário e determinar se o nódulo é císticoou
sólidol°23.Com
a melhoria técnica dos últimos anos, utilizando transdutoresmais
sensíveis,tem
se evidenciadoque
quasenunca
os nódulos sãopuramente
císticos, contendo
no
seu interior material sólidoou
sangue antigoacumulado,
atributosdo
adenoma ou
carcinoma
folicular ou, atémesmo,
do
carcinoma
papilífero, assim, alguns grupos
têm
demonstrado
prevalência de 12 a33%
de câncerem
nódulos císticosg.Desta
maneira, a simples diferenciação entre sólido e císticonão
define
odiagnóstico, pois a presença de
um
componente
císticonão
excluemalignidade8'23'27.
Segundo
Flamiery et al.24,uma
USG
de tireóide deve ser obtida nos casosem
que
a distinção entreuma
massa
sólida e cística é incerta, caso contrário,deve-se proceder imediatamente
uma
biópsia para todos os nódulos sólidossolitários
ou
bócios associados à linfonodomegaliaem
crianças, adolescentes eadultos jovens.
Das
várias características ultra-sonográficas estudadasem
detalhe pelaliteratura até agora, para a obtenção de
um
possível sinal característico de malignidade, apenas a extensãoda
massa
para as regiões extratireoidianas éque
tem
indicado malignidadeda
lesãog.Enquanto
aUSG
fornece informações anatômicas,o
estudocom
radioisótopos
fomece
informações fisiológicas.A
cintilografiacom
iodo radioativoou
tecnécio, durante muitos anos o principal instrumento para diagnóstico diferencial dos nódulos, é hoje suplantada pela PAAF"8'“”'5_A
cintilografiatem
como
objetivo o estudoda
morfologia tireoidiana utilizando-se a radiação emitida por isótopos radioativos captados pela glândula, especialmente o iodo.Além
do
iodo, o pertecnetato de tecnécio (99mTc)também
pode
serempregado
na
cintilografia, pois éum
íon ativamente concentrado pelatireóide.
A
radioatividadeacumulada
pela tireóide é entãomedida
através deum
contador de raiosgama
colocadona
região cervicall 1.O
emprego
da
cintilografiano
diagnóstico diferencial dos nódulos decorreuda
observação de que a maioria dos cânceres de tireóide,quando comparados
aotecido normal,
não
tem
amesma
capacidade deacumular
e organificar quantidades suficientes de iodo radioativoou
tecnécio; assim, sua aparência é a deum
nódulo não
funcionanteou
frio à cintilografias.Tem
sido relatado entretantouma
freqüência de câncer nos nódulos friosna
populaçãocomo
um
todo, de apenas 10 a20%,
tendoem
vista queuma
grandeparte dos nódulos frios é causada por lesões benignas (cistos, nódulos colóides,
adenomas
benignos degenerados e tireoidite de Hashimoto)8.Hung”
em
um
estudo realizadocom
93 criançascom
nódulo solitário detireóide
(sem
história de irradiação préviaem
região de cabeça epescoço ou
tórax); a cintilografia
com
99mTc foi realizadaem
todos os pacientes, revelando a presença de nódulos friosem
77 casos, nódulos quentesem
13 e nódulosmomos
em
3 dos pacientes estudados.Dos
77
pacientescom
nódulos frios,27
possuíam
cistoou
componente
císticono
seu nódulo aUSG,
e19,9%
(15) dos nódulos frioseram
malignos.De
todos os pacientes estudados todoscom
lesões malignastinham nódulo
sólido frio.Outras técnicas de
imagem
têm
sido testadasno
diagnóstico diferencial dos nódulos(tomografia
computadorizada, ressonância nuclear magnética, cintilografiacom
tálio 201ou
gálio67
e termografia),mas
nenhuma
até agoratem
sido usada rotineiramentes.O
raiox
simplesem
posição póstero-anteriorpode
nos mostrar desvios compressivos das vias aéreas, penetraçãono
tórax e calcificaçoesSegundo Maciel”
atomografia não
tem
oferecidomelhor
resoluçãoque
a conseguida pelaUSG,
além
de ser mais onerosa epromover
maior
radiaçãona
glândula;
pode
ser útilno
estudo de lesões retroestemais ena
verificaçãoda
presença e extensão de metástases nos linfonodos cervicais.
A
ressonância magnética apresenta resolução semelhante àUSG
e à tomografia, customais
elevado e indicações semelhantes às da tomografia.
A
PAAF
é o teste disponívelcom
maior
acurácia e deve serum
procedimento inicial
na
avaliação diagnóstica deum
nódulo da tireóide.É
um
método
seguro, eficiente e relativamente atraumático, utilizado não apenas paraafastar câncer,
mas
para o diagnóstico de diversas doenças tireoidianas8”l5”3l”36.Gharib36 relata
que o
principal objetivo daPAAF
é distinguir lesões benignas de malignas, evitando cirurgias desnecessárias.Os
dados
de literatura dosgmpos
mais experientesem
PAAF
demonstram
valores de sensibilidade e especificidade superiores a
95%,
com
uma
acuráciapreditiva pré-operatória de mais de
90%;
sendo de grande utilidadeno
manejo
de nódulos de tireóide
em
crianças e considerado odado mais
importante para o diagnósticodo
nódulo tireoidiano3'8”l5'3 1.A
PAAF
permite o diagnóstico de doenças tireoidianas,como
tireoiditede
Hashimoto,
bócio colóide, linfoma e carcinomas papilífero,medular
eanaplásico.
A
dificuldade de diferenciação entreadenoma
ecarcinoma
folicular,pela impossibilidade técnica de se observar invasões de cápsula
ou
vasos aoexame
citológico,não
éum
problema na
infância,uma
vez que osadenomas
incidem
em
grupos etários mais elevadoss.O
diagnóstico pelaPAAF
é classificado nos seguintes grupos: insuficiente,benigno, suspeito e maligno. Estas categorias
ajudam
a separar clinicamentelesões
que
precisam ser re-aspiradas (insuficientes),acompanhadas
clinicamente (benignas)ou
excisionadas (malignasou
suspeitas).Todas
as doençasque não
requerem
cirurgia (nódulo benigno, cisto, tireoidite linfocítica, hiperplasia eabcesso) são classificadas
como
benignas.O
diagnósticoda
PAAF
que não
édefinitivamente
maligno
nem
benigno é classificadocomo
suspeito. Inclue-se nesta categoria o diagnóstico de neoplasia folicular3 l.Raab
et al.”em
um
estudo realizadocom
64
PAAF
de nódulos tireoidianosem
crianças revelaramque
77%
dos nóduloseram
benignos,6%
malignos,12%
suspeitos e
em
5%
o material foi insuficiente.Demonstrando
que
a maioria dos nódulos tireoidianosem
pacientes pediátricos são benignos e que a cirurgia énecessária
somente
em
um
seletonúmero
de pacientes.AL-Shaikh
et al.”em
uma
análisecom
41 crianças portadoras de nódulos de tireóide, aPAAF
foi benignaem
30
pacientes, malignaem
2, suspeitaem
6 einsuficiente
em
3 pacientes.As
limitaçõesdo
exame
citológico são os resultadosnão
diagnósticos eneoplasias foliculares36.
A
maioria dos citopatologistas concordaque
as neoplasias de células folicularesou
células de Hurthlenão
podem
ser classificadasem
subtipos benignosou
malignos baseadossomente na
citologia36.A
biópsia aspirativafieqüentemente
causauma
leve dor e ocasionalmentepode
ocorrerum
pequeno hematoma.
A
maioria dos pacientes, particularmente maiores de 10 anos, enfrentao
procedimentosem
dificuldades31'36.Gharib36 realizou
um
estudo durante 12 anos e revelouque
das12000
biópsias realizadas,
em
nenhuma
ocorreu sérias complicações.Hung”
recomenda
biópsia cirúrgicasem
realização dePAAF
sehá
história a exposição de radiação ionizante, história familiar de câncerda
tireóide,ou
sehá
achados clínicos suspeitos de malignidade,
como
crescimento rápido deum
nódulofirme
ou
seum
grande nódulo (maiorque
1,5cm)
estiver presente.O
tratamento inclui demodo
geral , cirurgia; seguida da ablaçãodo
tecidoremanescentes
ou
metástases diferenciadascom
iodo 131 (13 II) e terapêuticaA
extensãoda
ressecção cirúrgica paracarcinoma
diferenciadoda
glândulatireóide
permanece
controversa, especialmenteem
crianças,em
virtudeda
variedade de
comportamento
biológico dos diversos tipos detumores
e das complicações dependentes de cirurgiasmais
radicais7”8'22.A
tireoidectomia total consistena
retirada totalda
glândulasem
danificar as paratireóidesou
os nervos recorrentes e a tireoidectomia subtotal é a lobectomiado
mesmo
ladodo tumor
associada à istmectomia8'22'38.Segal et al.5
dizem que
a tireoidectomia totalcom
dissecção cervical peritireoidiana deve ser realizadaem
pacientescom
disseminação linfática e a tireoidectomia quase total é o tratamento de escolha para criançascom
doença
limitada à glândula.
Segundo
Walsh,Watkinson
e Franklynls osargumentos
para tireoidectomiasubtotal são:
menos
complicações, evita a indução cirúrgica de hipotiroidismo ehipoparatireoidismo, possue excelente prognóstico
em
grupos selecionados, mais barata, eque
50%
das recorrências locaispodem
ser curadascom
cirurgia,além
de darpouca
significância clínica à multicentricidade.Kuhel
eWard”
defendem
a tireoidectomia total pois assegura aremoção
multifocal clinicamente inaparente da doença,
que
ocorreem
aproximadamente
40%
dos casos, facilitao
uso de radioiodono
diagnóstico pós-operatório etratamento de
doença
regionalou
metastática microscópica,além
de facilitar o uso demedidas
dos níveis de tireoglobulina para detectardoença
recorrenteou
persistente _
Walsh,
Watkinson
e Franklynlsargumentam
que
as taxas de recon'ênciana
tireoidectomia total são menores, as taxas de complicações (hipoparatireoidismo
e lesão
do
nervo laríngeo recorrente)em
mãos
experientes não são maioresque
a hemitireoidectomia e
o
procedimento elimina o risco de1%
do carcinoma
deA
terapêuticacom
ml
é possível graças à capacidade da célula tireoidiana ede suas metástases diferenciadas de captar iodo.
Por
este motivo dosesmais
altas de
ml
podem
serempregadas não
só para a ablação de restos(queima
de tecido remanescente, supostamentenormal da
loja tireoidiana)como também
para tratamento de recorrência local
ou
de metástases iodo captantes,complementando
o tratamento cirúrgico,sem
provocar lesões nas estruturas vizinhas. Este procedimentotambém
échamado
de radioterapia intema8'27'34.Maciels relata
que
a terapêutica ablativacom
iodo radioativo influencia demaneira
significativao
tratamentodo carcinoma
papilífero, reduzindo arecorrência.
As
doses deml
variamem
geral de30
a 100mCi
para ablação derestos e de 100 a
200
mCi
para tratamento de metástases.A
resposta das metástases ao tratamentodepende do
seu grau de captação etambém
da
localização dasmesmas, havendo melhor
resposta para metástases ganglionares seguida depulmão
e ossoss.Segundo
Donoso
et al.34 as metástases de tumores tireoidianosem
tecidosmoles ou
ossos,não
concentrantes de 13 ll,
não
são passíveis de tratamento iodoterápico.As
metástases iodo concentrantes,z › 131
ao contrario,
devem
ser tratadascom
I.A
indicaçãodo
tratamento radioterápico é a presença de captação residualno
leito tireoidiano. Rotineiramente é indicada
quando
a captação pelos restos tireoidianos se encontraacima
de1%.
Não
estando indicada a administração de13 II
em
doses ablativas caso a captação seja
mínima
(menor que
l a 2%)
ou
casoesteja alta (maior que 15%). Neste último caso se o tecido estiver localizado e
não
espalhado,podemos
retirá-lo cirurgicamentegm.Macielg
recomenda que
para aquelas criançascom
tumores cuja lesãoprimária tiver tido
um
diâmetromenor
que
1,5cm, não
há necessidadedo
iodoradioativo.
O
uso pós cirúrgico deml
terapêutico é indicado pela maioria dos autores,boa
captação, essencial para resposta terapêutica aoml,
é necessária a suspensãoda
reposiçãohormonal
do
paciente tireoidectomizado,devendo
alcançar níveis deTSH
acima
de30
mUI/ml.
A
suspensãopode
se feita por 2 a 6semanas
(respectivamente paraT3
e T4), evitando-setambém
outras fontes de iodonão
radioativo, quetêm
efeito decompetição
3"4.Pacientes e familiares
devem
ser orientados quanto aos cuidados de radioproteção,em
especial quanto à eliminação urináriado
iodo radioativo,sendo
que
em
dosesacima
de30
mCi
é obrigatória a internaçãodo
pacientes.A
ablação de restos tireoidianos facilita oacompanhamento
dos pacientesatravés de cintilografia de corpo inteiro
ou dosagem
de tireoglobulinamz.Após
dose terapêutica, pode-se realizarnova
cintilografia de corpo inteiro.A
cintilografia de corpo inteiro para pesquisa de metástases
com
ml
consistena
aquisição de
imagens
24
a72
horas após a ingestãodo
radioisótopo.As
metástasesdo carcinoma
bem
diferenciado de tireóide são identificadascomo
áreas de hiperconcentração
do
13 II.Porém
com
a presença
da
glândula tireóideou
demassas
significativas, todo iodo radioativo ministrado para a realizaçãodo
exame
irá se concentrar nessa glândula,impedindo
a detecção de metástases.Se
na
captação de24
horashouver
valor até5%
da
dose ministrada, a tireoidectomia poderá ser consideradacomo
total”.Segundo
Maciels a pesquisa de corpo inteiro utilizando sestamibimarcado
com
99'“Tcno
lugardo
13II, é
uma
altemativacom
alta sensibilidade paradetecção de metástases, sendo a captação determinada pelo
aumento
defluxo
eatividade celular.
A
dose de radiaçãocom
este radioisótopo émenor
e independentedo
estímulo porTSH,
não
sendo, portanto, necessária a interrupçãoda
reposiçãohormonal
epodendo
também
apresentar concentraçãoem
tumores
menos
diferenciados (quenão concentram
o iodo).Porém,
devidosestamibi
marcado
com
99mTc é inferior àda
cintilografiacom
ml, sendo
concentradoem
outros tumores e processos hipewascularizados.Quando
é realizado a retirada completada
glândula tireóidecomo
tratamentomínimo
paracarcinoma
diferenciado,unicamente
à custa da tireoidectomia totalou complementada
com
ml,
é evidente a necessidadeda
reposiçãopermanente
de
hormônio
tireoidiano a fim demanter
o paciente eumetabólico.Além
disso,há
evidências deque
ocarcinoma
diferenciadoda
tireóide éTSH
dependente.Assim
sendo, a administração dehormônio
tireoidiano pós tireoidectomia totaltem
dupla finalidade: reposiçãohormonal
e inibiçãodo
TSH“°'3°l4`27.Atualmente
se utiliza rotineiramente a levo-tiroxina sódica.A
criançadeve
começar
com uma
dose única diária pelamanhã
de 150mcg
de levo-tiroxina emedir
oTSH
cerca de quatrosemanas
depois, se estadosagem
suprimir oTSH,
deve ser mantida, senão,recomenda-se
eleva-la até200
mcg
ao dia8`27.Para seguimento, Segal et al.5
recomendam exame
físico minucioso,dosagem
sérica dos valores de tireoglobulina eTSH,
USG
de região cervical eradiografia de tórax anualmente durante 5 anos e após a cada 2 anos.
Maciels refere
que
adosagem
de tireoglobulina é o teste principalno
seguimento dos pacientes operados, a
fim
de detectar metástases.Segundo
a SociedadeAmericana
de Endocrinologia Clínica”, após a eliminaçãodo
tecidotireoidiano por tireoidectomia total
ou
pelacombinação
de tratamento cirúrgico e ablação de tecido remanescentecom
radioiodo,o
aumento
dos níveis detireoglobulina
podem
ser indicadores úteisda
presença decarcinoma
derivado de célula folicular metastático,uma
vez que, níveis subnormaisou
indetectáveisde tireoglobulina quase certamente indicam a ausência de
envolvimento
metastático.As
medidas
de tireoglobulinaem
pacientes querecebem
terapiasupressiva tireoidiana,
levam
auma
interpretação corretado
estadoda doença
Como
a presença de auto anticorpos anti-tireoglobulina invalidam o valorda
tireoglobulina, todas as amostrasdevem
ser rotineiramente triadas para a sua presença, e o laboratório responsáveldeve
alertar o clínico se os anticorpos anti-tireoglobulina estiverem presentes
em
concentrações suficientes para daruma
medida
dos níveis de tireoglobulina falsamente altosou
baixos.É
interessanteque
os títulos de auto anticorpos anti-tireoglobulina freqüentementediminuem
com
o tempo, e apósmeses
ou
anos, a interferência substancialpode
desaparecer.
A
presença de anticorpos anti-tireoglobulinaem uma
ou
mais
ocasião
não
implicaque
os níveis de tireoglobulinanão
possam
ser úteisem
um
paciente
com
carcinoma
derivado de célula folicular”.A
dosagem
de calcitonina constituio
principalexame
no seguimento do
carcinoma
medular”.De uma
maneira geral, os portadores de carcinomas diferenciados(foliculares e papilíferos),
quando
operados precoce eadequadamente,
podem
sobreviver inúmeros anoscom
excelente qualidade de vida, isto ocorre principalmenteem
adolescentes e jovens,mesmo com
metástases regionaisou
àdistância,
como
porexemplo
nospulmões”. Segundo
Segal et al.5 ocomportamento
biológicodo tumor
é mais benignoque
em
adultos.Buchwalter,
Thomas
eFreeman4
relatamnão
haver diferença entreexpectativa de vida
em
crianças tratadas paracarcinoma
papilar de tireóide e a populaçãoem
geralda
mesma
idade.3.
OBJETIVOS
Relatar cinco casos de carcinoma de tireóide
em
pacientesmenores
de 18 anos e fazeruma
revisão atual da literatura.4.
RELATO
DE
CAsos
CASO
1;D.Z.G., 17 anos, feminina, branca, natural e procedente de
Rio
do
Sul (SantaCatarina).
Há
lmês
inicioucom
quadro de perda de peso, nervosismo, tremorese presença de bócio.
Não
havia história de irradiação préviaem
região decabeça
epescoço
enem
história familiar de neoplasiada
tireóide.Foi diagnosticado
doença
deBasedow-Graves
e instituído tratamentocom
antitireoídeo (propiltiouracil) durante 6 meses,
sem
melhora
clínica importante.Sendo
indicadauma
tireoidectomia subtotal para tratamento dadoença
deBasedow-Graves.
Não
houve
intercorrênciasna
cirurgia e o laudoanátomo
patológico revelou
carcinoma
papilífero de tireóide.Com
este diagnóstico a paciente foiencaminhada
ao Hospital InfantilJoana
de
Gusmão
(HIJG)
e submetida àuma
nova
cirurgia para retirada totaldo
restante
da
glândula (tireoidectomia total).Após
a cirurgia foi indicada pesquisa de metástasecom
13 II (corpo inteiro),realizado
24
horas após a administração deuma
dose oral de2000 uCi
deml,
que revelou a presença de múltiplas áreas de captaçãodo
radioiodoem
regiãocervical anterior,
com
captação de24
horas igual18,5%
(normal até5%
para tireoidectomizados), concluindo a presença de linfonodos metastáticos (Figura1).
A
tireoglobulina se encontravaem
32,8 ng/ml (nonnal:menor
que
5ng/ml
Figura l:Pesquisa de metástase com 13 'I
Foi feito tratamento radioterápico
com
13 II (200mCi)
para tratamentoda
metástase.
A
pesquisa de metástase para controle foi negativa nas áreasanalisadas (cabeça, pescoço e tórax).
A
tireoglobulina nesta ocasião se encontravaem
23 ng/ml
(normal:menor
que
5ng/ml
para tireoidectomizados)4°.Após
um
ano nova
pesquisa de metástasecom
sestamibimarcado
com
20
mCi
de 99'“Tc (Figura 2) foi realizada e evidenciou concentraçãoanormal do
radiofármacoem
região cervical bilateral de padrão difuso e heterogêneo principalmente à esquerda e vários focosem
basede
pulmão
direito, compatívelFigura 2: pesquisa de metástase com sestamibi
Foi realizado
novo
tratamento radioterápicocom
ml,
e atualmente a pesquisa de metástasecom
sestamibimarcado
com
20
mCi
de 99'“Tc evidencioumelhora
significativada
captaçãoem
regiãopulmonar
e cervical.Porém
persistecom
leve captaçãoanômala
em
região cervical à direita.O
raiox
de tórax seencontra dentro dos parâmetros da normalidade.
A
tireoglobulina atual é de 7,0ng/ml (normal:
menor
que
5 ng/ml para tireoidectomizados)4°.A
paciente se encontra assintomática, eutireoidiana,em
uso de200
mcg
deCASO
2:K.O.B,
16 anos, branca, feminina, natural e procedente de Florianópolis (Santa Catarina).Há
15 dias inicioucom
aumento
devolume
da tireóide,sem
sinais clínicos de hipoou
hipertireoidismo,nem
linfonodomegalia cervical palpável.Não
havia história prévia de irradiação de cabeça epescoço
nem
história familiar de doenças tireoidianas.
Os
exames
laboratoriais(TSH,
T3,T4L) eram
normais”
e os anticorpos anti- peroxidase e anti-tireoglobulina negativos.A
USG
evidenciavanódulo
mistodominante
em
todo lobo direito (3x
2,4x
1,9cm)
e aPAAF
positiva para malignidade.A
conduta realizada foi a tireoidectomia total, e oexame
anátomo
patológico reveloucarcinoma
papilar de tireóide, variante folicular(bem
diferenciado)com
metástase para 4 dos 9 linfonodos isolados.O
pós-operatório seguiusem
intercorrências. Foi realizada pesquisa de metástase após a dose de2000
uci deml
via oral,que
evidenciou área decaptação
do
radioiodoem
região cervical anterior cujo laudo interrogou restosde tecidos
ou
linfonodos metastáticos, compatívelcom
área nodular percebida peloUSG.
Foi indicado terapia supressivacom
levo-tiroxina sódica (175 mcg/dia) eem
3meses houve
regressãoda
área nodular.Foi feito controle
com
tireoglobulina,TSH
eT4L
e estudo de corpo inteirocom
sestamibi.Atualmente
a tireoglobulina se encontra indetectável,TSH
suprimido eT4L
normal4°, o estudo
com
sestamibi mostra ausência cintilográficada
glândulatireóide e negatividade para metástases (Figura 3).
CASO
3:F
.C., 14 anos, branca, feminina, natural e procedente de Florianópolis (SantaCatarina).
Há
1semana
inicioucom
aumento
devolume
da
glândula tireóideobservado pelo pediatra geral.
Ao
exame
físico foi observado a presença de nódulo sólidoem
lobo direitoda
tireóide de maisou menos
2cm
no
sentidohorizontal.
O
restantedo
exame
físico era normal.Não
havia sinais clínicos de hipoou
hipertireoidismonem
linfonodos cervicais palpáveis.Não
havia históriaprévia de irradiação
em
região de cabeça epescoço
nem
história familiar para neoplasia de tireóide.O
exame
ultrassonográfico revelavanódulo
sólido de 2,4x
1,3cm
em
lobo direitoda
tireóide e a cintilografia de tireóide revelava glândula detamanho
normal
com
nódulo
hipocaptantecom
2,0x
2,0cm
no
um
terço superiordo
lobodireito, e a captação de iodo nas
24
horas de23,6%
( normal: 15 a45%)4°.
Os
exames
laboratoriaismostravam:
TSH,
T3
eT4L
normais, anticorpos anti-peroxidase tireoideana igual a 198UI/ml
(normal até36
UI/ml) e anticorpoanti-tireoglobulina igual a 96, 2
UI/ml
(nonnal até40
UI
/ml)4°.A
PAAF
revelou lesão oxifílica,com
anisocitose, colóide viscoso, inclusõesintranucleares e células foliculares
em
papilas, sendo considerada positiva para malignidade.A
paciente foi submetida à tireoidectomia total, cuja anatomia patológicadiagnosticou
carcinoma
papilífero variante folicular localizado no lobo direito da tireóide,medindo
1,7cm
no maior
diâmetro, parcialmente encapsulado ecom
ausência de invasão vascular aparente,
com
foco de invasão neoplásica para gordura peritireoidiana e presença de paratireóide(uma)
sem
infiltraçãoneoplásica.
Não
foi evidenciado tecido neoplásicoem
um
linfonodo isolado,no
lobo esquerdo e
nem
em
um
segmento
de timo.O
pós-operatório seguiusem
Após
a cirurgia foi realizada pesquisa de metástase24
horas após a ingestãovia oral de
2000
uci deml
(corpo inteiro)que
evidenciou a presença de 2 áreas de concentraçãodo
radioiodo sendouma
em
região cervical e outraem
mediastino euma
captação de24
horas de6,6%
(normal até5%
paratireoidectomizados)4°, cujo laudo interrogou restos de tecido
ou
linfonodos.Após
15 dias foi realizadonova
pesquisa de corpo inteiro 9 dias após a administração de dose terapêutica de 100mci
de 13 'I que revelou a presençade 2
áreas de acentuado
aumento
de captaçãodo
radiofármaco na região cervical(uma
no
leito tireoideanona
linha cervical anterior entre a fúrcula estemal e acicatriz cirúrgica e outra na cadeia ganglionar cervical anterior direita,
coincidindo
com
pequeno
linfonodo palpável nesta região).O
laudo foi deneoplasia metastática de tireóide,
com
comprometimento
ganglionar regional.Foi prescrito 175 mcg/dia de levo-tiroxina sódica, planejado o controle de
tireoglobulina a cada
30
dias eum
estudo de corpo inteirocom
sestamibi acada
6
meses
durante 3 anos.Os
exames
nestaépoca revelavam
T4L:
1,3 ng/dl (normal: 0,8 a 2,3 ng/dl) tireoglobulina: 21,9ng/ml
( normal:menor
que
5ng/ml
para tireoidectomizados),
T3
eTSH
normais”
.O
estudo de corpo inteirocom
sestamibi revelou ausência cintilográficada
glândula tireóide e estudo cintilográfica negativo para metástases nas áreas analisadas (projeções anterior e posterior de tórax e
abdome,
laterais de crânio,membros
superiores e inferiores e região cervical anterior).Os
exames
nestaépoca
revelavamT4L:
2,2 ng/dl (normal: 0,8 a 2,3 ng/dl),TSH
suprimido e tireoglobulina indetectável4°.Atualmente
a paciente se encontra assintomática, eutireoidiana eusando
150 mcg/dia de levo-tiroxina sódica.CASO
4:D.A.F., 15 anos, masculino, branco, natural e procedente de Florianópolis (Santa Catarina).
Há
15 dias foi observadoum
nódulo de tireóide elinfonodomegalia cervical pelo clínico geral.
Ao
exame
físico o paciente apresentava nóduloem
lobo superior direito e linfonodo palpávelem
basedo
pescoço à direita.
Não
havia sinais clínicos de hipoou
hipertireoidismo enem
história de irradiação préviaou
familiarescom
neoplasia tireoidiana.Os
exames
laboratoriais solicitadosna
ocasião (T4L,TSH,
T3)
eram
normais40,
com
anticorpos anti-microssomal e anti-tireoglobulina negativos.A
PAAF
foi positiva para malignidade e o paciente foisubmetido
à tireoidectomiatotal, cujo
anátomo
patológico reveloucarcinoma
papilar de tireóidecom
metástase ganglionar.
Após
a cirurgia foi realizada pesquisa de metástase (corpo inteiro)com
13 'I sendo negativa.Foi feita reposição
com
levo-tiroxina sódicana
dose de 150mcg,
amedida
de tireoglobulina
na
ocasião era de 0,78 ng/ml (normal:menor
que 5ng/ml
paratireoidectomizados)4°, o paciente realizou
nova
pesquisa de metástase 1ano
apósa cirurgia