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EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA BÁSICA: PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES ACERCA DO MEIO AMBIENTE

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA BÁSICA: PERCEPÇÃO DOS

PROFESSORES ACERCA DO MEIO AMBIENTE

LUIZ GUSTAVO MARQUES SILVA

NATAL 2017

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LUIZ GUSTAVO MARQUES SILVA

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA BÁSICA: PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES ACERCA DO MEIO AMBIENTE

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Graduação em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte -UFRN, Centro de Biociências.

Orientador: Profa. Dra. Rosangela Gondim D’Oliveira

Natal 2017

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LUIZ GUSTAVO MARQUES SILVA

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA BÁSICA: PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES ACERCA DO MEIO AMBIENTE

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Graduação em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte -UFRN, Centro de Biociências.

Data de Aprovação: 29/11/2017

Banca Examinadora

Profa. Dra. Rosangela Gondim D’Oliveira UFRN - Departamento de Botânica e Zoologia

Orientador

Profa. Dra. Adriana Carvalho UFRN - Departamento de Ecologia

Membro da Banca

Prof. Me. Yuri Marques Macedo UFRN - Departamento de Geografia

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Dedico aos meus pais, especialmente minha mãe e minhas tias Socorro e Joana, pelas oportunida-des que me foram dadas e ao meu irmão Edu-ardo, pelo apoio quando necessário.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a toda a família pelo apoio, em especial minha mãe Maria do Rosário e minhas tias Maria do Socorro e Joana D’Arc. Agradeço ao meu irmão Luiz Eduardo pela ajuda e apoio durante a graduação. Aos amigos integrantes dos grupos “Mizerinhas” e “Parzzas” que contribuí-ram em momentos de descontração. Aos colegas e amigos de curso que estivecontribuí-ram comigo em algum momento da graduação e foram importantes nesta caminhada, Fábio Henrique, Gabriela Ribeiro, Pedro Grilo e Ubiratan Junior. A minha orientadora, Prof. Dra. Rosangela Gondim, por acreditar na ideia do meu projeto e no meu potencial. Além dela, a Prof. Dra. Adriana Carvalho e sua orientanda Júlia Tovar pela enorme ajuda durante o processo de elaboração deste trabalho. Agradeço também a todos os professores do curso de Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte pelo conhecimento passado durante os anos de graduação.

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RESUMO

Aspectos relacionados a temas ambientais vêm se tornando assuntos comuns na sociedade devido à crise ambiental. Neste sentido, a educação ambiental surge como ferramenta para a formação de pensamentos baseados em princípios de sustentabilidade e, assim, tentar minimizar os problemas ambientais. As concepções de meio ambiente estão ligadas a educação ambiental pois podem indicar a postura do professor em relação as aulas. Deste modo, o objetivo desta pesquisa foi analisar a percepção dos professores do ensino básico acerca do meio ambiente. Os resultados indicam que há diferentes percepções, porém, existe predominância da visão globalizante, esta aborda a relação homem-natureza numa perspectiva de reciprocidade. O resultado indica um avanço em relação à preocupação dos professores sobre as temáticas ambientais, porém, existem algumas barreiras que dificultam a inserção destes temas na rede básica de ensino.

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ABSTRACT

Aspects related to environmental issues have become common in society, mainly due to climate change. Thus, environmental education appears as a tool for formation of thoughts based on sustainability principles and therefore a environmental problems minimization. Conceptions and interpretations of concepts involving the environment are directly linked to environmental education, indicating teachers’ attitude towards their classes. This way, the objective of this research is to analyze the perception of teachers of basic education about the environment. The results indicate that there are different understandings, however, there is a predominance of the globalizing view, which approaches the relation man-nature in a perspective of reciprocity. The results also indicate that teachers are more concerned about environmental themes, and that there are, however, some barriers that make it difficult to insert these themes in elementary education. Keywords: Environmental Perception, Sustainability, Education.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Diferença de visões, segundo REIGOTA (1995), entre escolas públicas e privadas . . . 17 Figura 2 – Professores vs. componentes curriculares e percepção do meio ambiente . . 18 Figura 3 – Temáticas mais trabalhadas em sala. (O tamanho da fonte é equivalente a

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Municípios, endereços e níveis ensinados na escola . . . 13

Tabela 2 – Faixa etária dos professores investigados . . . 15

Tabela 3 – Caracterização dos entrevistados quanto ao nível que leciona . . . 15

Tabela 4 – Disciplinas lecionadas pelos entrevistados . . . 16

Tabela 5 – Concepções acerca do tema meio ambiente pelos docentes entrevistados . . 17

Tabela 6 – Temas mais citados nas respostas dos professores quando perguntado “Quais temas frequentemente trabalhados em sala de aula?” . . . 19

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO . . . 11 2 MATERIAL E MÉTODOS . . . 13 2.1 ÁREA DE ESTUDO . . . 13 2.2 METODOLOGIA . . . 13 2.2.1 SUJEITOS DA PESQUISA . . . 13 2.2.2 COLETA DE DADOS . . . 14 2.2.3 ANÁLISE DE DADOS . . . 14 3 RESULTADOS . . . 15

3.1 PERFIL SOCIAL DOS PROFESSORES . . . 15

3.2 CONCEPÇÃO AMBIENTAL . . . 16

3.3 DESAFIOS NA IMPLEMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL . . . 19

4 DISCUSSÃO . . . 20

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . 23

REFERÊNCIAS . . . 24

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1 INTRODUÇÃO

Aspectos relacionados a temas ambientais vêm se tornando assuntos comuns entre a sociedade devido à crise ambiental global. Podemos aliar isso a crise que vivemos em relação a valores, bem como percepções, que são resultado da forma que grupos sociais enxergam sua relação com a natureza (MORIN et al., 2014). Neste sentido, a Educação Ambiental (EA) surge como ferramenta na construção de pensamentos baseados em princípios da sustentabilidade (CARVALHO, 2004). Segundo a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999) é uma educação que visa:

“O desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais,

econômicos, científicos, culturais e éticos”. (BRASIL, 1999) Nesta mesma lei, em seu artigo 3o, inciso II, é determinado a promoção da educação

am-biental pelas instituições educativas de maneira integrada aos programas educacionais (BRASIL, 1999). Além deste documento que aponta caminhos para inclusão da educação ambiental, exis-tem algumas outras diretrizes (Constituição Federal 1988, Política Nacional do Meio Ambiente – Lei. 6938, Parâmetros Curriculares Nacionais, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei. 9494) que amparam legalmente a inserção em todos os níveis de ensino, tanto na rede de ensino pública e privada.

Porém, a educação ambiental é tratada não como componente curricular, mas como tema transversal que deve ser levado em discussão a partir da iniciativa das escolas, incluindo os docentes em seus respectivos componentes curriculares (BRASIL, 1999). Então, a forma como são trabalhados os temas transversais, neste caso o tema meio ambiente, está diretamente ligada com a percepção que se tem sobre tal tema. Como destaca Reigota (1994), as representações de meio ambiente definem qual será a conduta em EA pelos professores.

O termo percepção pode ser entendido como processo de entendimento das informações ou estímulos presentes no ambiente (SOUSA et al., 2017). Ou seja, uma ideia que é concebida ao mundo ou alguma coisa. No caso da percepção ambiental, pode ser entendida como o comportamento de cada indivíduo em agir e responder a ações no meio e sobre o meio, destaca Nishijima e Xavier (2010). Neste sentido, é importante conhecer a percepção do professor para saber como é a sua atuação na EA, como também ressalta Sato e Carvalho (2009).

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As representações acerca do meio ambiente são categorizadas em 3 tipos (REIGOTA, 1999). A primeira, antropocêntrica, evidencia a utilidade dos recursos naturais para a sobrevi-vência do homem; a segunda, naturalista, relaciona o meio ambiente diretamente aos aspectos naturais, o meio ambiente como sinônimo de natureza intocável; a terceira, globalizante, enxerga a relação homem-natureza de forma recíproca, onde existe, sobretudo, respeito a natureza.

Além da percepção ambiental ser tratada como ponto importante na implementação da EA, existem alguns entraves que dificultam a inclusão desta nos currículos escolares. Alguns destes entraves estão relacionados com as formas tradicionais de ensino, a fragmentação do conhecimento em componentes curriculares separados, déficit na busca de atualização do conhe-cimento dos docentes e por ser considerado muitas vezes como tema restrito aos componentes curriculares de ciências e biologia (REIGOTA, 1999).

Este estudo teve como objetivo analisar a percepção ambiental dos docentes da rede básica de ensino, de acordo com as representações apontadas por Reigota (1999) e identificar as dificuldades dos professores na implementação da EA nas práticas escolares.

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2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 ÁREA DE ESTUDO

As escolas selecionadas para este estudo estão localizadas nos municípios de Natal e Parnamirim, estado do Rio Grande do Norte, Brasil (Tabela 1). Os dois municípios fazem parte da região metropolitana de Natal (RMN). Esta região abrange 14 municípios do estado. Parnamirim e Natal cobrem, respectivamente, 120 km e 167 km do estado e, segundo estimativa do IBGE, em 2016, a população nestes dois municípios era de 1.126.285 habitantes (BRASIL, 1999).

Tabela 1 – Municípios, endereços e níveis ensinados na escola

Escola Município Endereço

(Rua/número/bairro)

Níveis de ensino Escola Municipal Maria

Francinete G. Maia

Parnamirim Avenida Gandhi, número 1416 – Nova Parnamirim

Fundamental I e II Centro Educacional

Te-resa de Lisieux

Parnamirim Rua Nísia Floresta, número 149 – Capim Macio

Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II, Ensino Médio Escola Municipal

Dou-tor Sadi Mendes

Parnamirim Avenida Santa Luzia, sem número – Nova Parnami-rim

Ensino Fundamental I e II

Escola Estadual Lour-des Guilhermes

Natal Avenida São Miguel dos Caribés, sem número -Neópolis

Ensino Fundamental I e II, Ensino Médio Escola Estadual

Masca-renhas Homem

Natal Avenida Prudente de Mo-rais, sem número – Lagoa Seca

Ensino Fundamental I e II, Ensino Médio Escola Estadual

Tira-dentes

Natal Rua desembargador Re-gulo Tinoco, sem número – Tirol

Ensino Fundamental I e II, Ensino Médio Escola Dom Marcolino

Dantas

Natal Rua Jaguarari, número 1678 – Alecrim

Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II, Ensino Médio 2.2 METODOLOGIA

2.2.1 SUJEITOS DA PESQUISA

Os sujeitos do estudo foram os professores dos níveis inseridos na educação básica. No Brasil, a educação básica compreende a educação infantil, o ensino fundamental um e dois, e ensino médio. Segundo INEP (2017), o Brasil possui dois milhões e duzentos mil docentes atuando nestes níveis de ensino. Normalmente os professores atuam em apenas uma escola (1.718.685 nesta condição). Além disso, 75,6% dos professores atuam exclusivamente na rede

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pública, 20,6% em rede privada e 3,8% atuam na rede pública e privada; 77,5% dos docentes atuantes na educação básica possuem nível superior completo.

A seleção dos professores entrevistados foi baseada somente na disposição dos mesmos em responder os questionários, independente do componente curricular e especialidade. A pesquisa foi realizada durante o momento que os professores estavam livres de outras atribuições, sendo alguns destes momentos as reuniões de planejamento da escola. No total, 54 professores foram entrevistados entre junho e setembro de 2017.

2.2.2 COLETA DE DADOS

Inicialmente foi realizado um contato prévio com a direção ou com a coordenção pe-dagógica. Após a aceitação e permissão da instituição, foi agendada a data para entrega dos questionários. Após duas semanas, em média voltamos para recebermos os questionários.

O questionário com 13 perguntas abordou questões relativas a informações pessoais (gênero, faixa etária, grau de escolaridade, componente curricular lecionado e nível de ensino), questões abertas acerca da percepção ambiental como “o que é meio ambiente para você?”, “Quais temáticas ambientais você frequentemente trabalha em sala de aula”, “Assinale assuntos ambientais que você tem interesse em discutir”. Dentre os obstáculos em desenvolver a educação ambiental na escola, foram feitos questionamentos como “As metodologias em educação ambi-ental aliam teoria e prática?”, “Você dialoga com outros professores sobre questões ambientais?”, “Os professores são incentivados a participar de projetos ambientais na escola?” “Quais as dificuldades em inserir temas ambientais na instituição?”, “De que forma você prefere trabalhar os temas ambientais em sala?”.

2.2.3 ANÁLISE DE DADOS

A análise do material foi feita pela técnica de análise de conteúdo. Segundo Ruiz et al. (1989), com esta técnica é possível ler e interpretar o conteúdo do texto, possibilitando conhecer aspectos relacionados a vida social. Cada sujeito foi caracterizado segundo as representações de REIGOTA (1995). Na análise dos dados foram identificados termos-chave nas repostas, o que possibilitou a colocação dos professores nas respectivas categorias.

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3 RESULTADOS

3.1 PERFIL SOCIAL DOS PROFESSORES

Cinquenta e seis por cento (56%) dos entrevistados eram mulheres, 41% homens e 3% não responderam à pergunta. A categoria que apresentou maior número dos entrevistados tinha, na época do estudo, mais de 41 anos (35%) (Tabela 2) e 98% dos entrevistados possuíam nível superior completo. Dentre os 54 professores entrevistados, 23 foram de escolas privadas e 31 de públicas.

Tabela 2 – Faixa etária dos professores investigados Idade Node professores % 18 – 25 1 2 26 – 30 15 28 31 – 35 7 13 36 – 40 9 17 41 + 19 35 Não respondeu 3 5 Total 54 100

Fonte: Dados do autor.

Predominaram os níveis Educação Fundamental I e ensino médio, ambos, com 35% da amostra (Tabela 3).

Tabela 3 – Caracterização dos entrevistados quanto ao nível que leciona Nível de ensino Node professores %

Educação Infantil 5 9

Ensino Fundamental I 19 35

Ensino Fundamental II 11 21

Ensino médio 19 35

Total 54 100

Fonte: Dados do autor.

A polivalência foi o mais encontrado (33,3%) (Tabela 4), o que significa que a maioria dos professores entrevistados lecionam mais de um componente curricular na escola.

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Tabela 4 – Disciplinas lecionadas pelos entrevistados

Disciplina lecionada Número de professores % de professores

Polivalência 18 33,3 Português 7 13 História 5 9,2 Geografia 4 7,4 Inglês 4 7,4 Matemática 4 7,4 Biologia 4 7,4 Física 3 5,6 Espanhol 2 3,7 Educação física 2 3,7 Artes 1 1,9 Total 54 100

Fonte: Dados do autor.

3.2 CONCEPÇÃO AMBIENTAL

A visão globalizante apresentou maior número e percentual de resposta dos professores, totalizando 43%, seguida pela visão antropocêntrica (30%) e naturalista (27%). A tabela 5 mostra algumas das respostas dos entrevistados em sua respectiva tipologia. A natureza, o homem e o ambiente foram os termos que direcionaram os resultados para as respectivas categorias.

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Tabela 5 – Concepções acerca do tema meio ambiente pelos docentes entrevistados Categoria Citações

“A natureza”

“É tudo aquilo que envolve o ecossistema. A vida”

Naturalista “É um conjunto de unidade biológicas que funcionam como sistema natural. Tais como vegetação, animais, solo, rocha, etc”

“Um sistema natural. Envolve plantas, animais, solos, etc” “A natureza que nos cerca”

“Algo necessário para nossa sobrevivência. Pois é dele que tiramos o que precisamos para viver: água, alimento, ar, solo, etc”

“Sou eu e o espaço que ocupo”

Antropocêntrica “É tudo que nós dependemos para sobreviver” “Aonde o homem se relaciona com a natureza”

“É o sustentáculo da vida. É nesse onde desenvolvemos nossas atividades. É onde vivemos.”

“É um conjunto funcional e natural de unidade ecológicas que incluem fauna e flora, seres bióticos e abióticos, meios químico e físico”

“Para mim, é todo o conjunto de meios naturais com que convivemos no planeta: animais, plantas, solo, atmosfera, etc”

Globalizante “Tudo o que constitui nosso planeta”

“O meio ambiente são todos os seres vivos e não vivos que fazem parte do planeta terra. E que temos que ter a consciência de preservá-lo” “Espaço importante para todos”

Fonte: Dados do autor.

O comparativo entre escolas da rede pública e da rede privada consiste em 43% dos professores sendo da rede privada e 57% da rede pública. Como foco principal as concepções de meio ambiente, a única categoria que apresentou diferença foi a naturalista (Figura 1).

Figura 1 – Diferença de visões, segundo REIGOTA (1995), entre escolas públicas e privadas

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Comparando, ainda, as concepções dos professores com os respectivos componentes curri-culares, os dados mostraram uma relação relevante dos professores polivalentes que apresentaram na sua maioria concepção globalizante (Figura 2).

Figura 2 – Professores vs. componentes curriculares e percepção do meio ambiente

Fonte: Dados do autor.

Na análise foi observado que os temas mais trabalhados na sala de aula foram Preservação e Poluição (Figura 3). Aquecimento, lixo, desmatamento são temas também abordados. Embora a dengue seja um grande problema socioambiental não é um tema tão explorado.

Figura 3 – Temáticas mais trabalhadas em sala. (O tamanho da fonte é equivalente a frequência citada nas respostas)

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Observando as temáticas e o tipo de visão do professor não foi observada diferenças entre as três categorias (Tabela 6). O tema “preservação” predominou em todas as categorias.

Tabela 6 – Temas mais citados nas respostas dos professores quando perguntado “Quais temas frequentemente trabalhados em sala de aula?”

Visão Tema citado % de citações nas respostas

Lixo 14 Antropocêntrica Reciclagem 14 Preservação 11 Poluição 19 Globalizante Reciclagem 15 Preservação 13 Preservação 17 Naturalista Poluição 14 Água 11

Fonte: Dados do autor.

3.3 DESAFIOS NA IMPLEMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Quando perguntado aos professores se estes dialogam com outros docentes sobre proble-mas ambientais, 82% responderam que sim. Também foi observado que 76% dos entrevistados responderam que aliam na sua prática pedagógica as questões ambientais de modo teórico e prático embora quando comparado, 96% dos professores da rede privada e 61% da rede pública afirmaram que seguem este procedimento.

Com relação quais as dificuldades em realizar atividades educativas ambientais a maioria dos entrevistados (61%) não respondeu à pergunta. Dentre aqueles que responderam à questão, as únicas dificuldades mencionadas foram: recursos financeiros insuficientes, “atitudes” e capacita-ção. Por outro lado a maioria (69%), afirmou que recebem incentivo dos gestores escolares, tanto os que atuam na rede pública quanto na privada. Sobre as formas de discutir assuntos ambientais com os alunos, vídeos (38%) e palestras (30%) são as estratégias preferidas no ambiente escolar.

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4 DISCUSSÃO

Os resultados obtidos acerca do perfil dos entrevistados demonstram que a amostra está em acordo com o padrão geral dos docentes no Brasil, baseado no Censo Escolar (IBGE, 2015), tendo em vista que a maioria dos entrevistados possui ensino superior completo, são mulheres e estão na faixa de idade maior que 41 anos.

A visão globalizante da maioria dos docentes (43%) pode estar relacionada a um avanço com relação a uma maior preocupação com as questões ambientais, uma vez que esta visão remete a relação recíproca entre meio ambiente e ser humano (REIGOTA, 1995). Assim, isso indica que os professores, em sua maioria, compreendem o homem como parte do meio ambiente, enquanto ser social vivendo em comunidades.

Esta visão globalizante pode indicar que a maior parte dos professores que são formadores de opiniões públicas possui a ideia de meio ambiente como um sistema onde nós, seres humanos, estamos inseridos. Assim, considera-se uma visão que integra, ao meio ambiente, tudo ao redor, inclusive o próprio homem, reconhecendo a necessidade de proteger o meio ambiente (SOUSA et al., 2017).

Considerando que cada ação pode desenvolver uma reação em alguém ou no meio (SCHALL, 1994), desenvolver uma visão globalizante nos alunos que, cidadãos que estão em processo de formação quanto as questões sociais, econômicas, ambientais, políticas e culturais. Portanto é fundamental para se tentar alcançar o desenvolvimento sustentável, bem como para guiar ações práticas reflexivas e críticas, sobretudo em relação ao meio ambiente, visando uma mudança no modo em que vive a sociedade como um todo.

Quanto a visão globalizante dos professores polivalentes é importante resaltar que são profissionais com múltiplos saberes, capazes de transitar em áreas diversas com propriedade (LIMA, 2007). Isto é um aspecto interessante de levar em consideração, uma vez que interdis-ciplinaridade é inerente da EA (REIGOTA, 1994). Ainda, segundo Bursztyn (2004), do ponto de vista da sustentabilidade, as questões ambientais apontam para uma essencial abordagem interdisciplinar.

Não existindo componente curricular específico para EA é necessário incorporar as questões ambientais de modo transversal em todas as áreas de conhecimento (BOMFIM et al., 2013).Em contraposição , os resultados obtidos acerca das temáticas trabalhadas nas escolas de-monstraram que as questões ambientais são abordadas de modo pontual e restrito a determinados temas.O fato de ter em comum o tema “preservação” em todos os tipos de concepções como

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um dos mais trabalhados, evidencia que para muitos professores educar para o meio ambiente diz respeito apenas a preservação da natureza, deixando de lado questões sociais, econômicas, culturais, históricas e políticas (OLIVEIRA et al., 2007).

Temas como dengue e saneamento são citados nas respostas, porém, com pouco destaque. Temas desta natureza também deveriam incorporar a EA, uma vez que a saúde está diretamente ligada ao meio ambiente, pois ambos tratam de direitos humanos básicos, como relata Franco e Vaz (2009).

A partir do momento que o professor não trata de questões socioeconômicas relacionadas ao meio ambiente, deixa à margem a ideia de desenvolvimento sustentável que, segundo Summit (1992), é definida como:

“Um desenvolvimento econômico e socialmente responsável e ao mesmo tempo proteger a base de recursos e o meio ambiente”. Segundo FREIRE (2000), ensinar requer disponibilidade para diálogos, logo, o primeiro passo a dar, em vista a romper as barreiras de aplicação da EA formal, é articular-se com outros professores ou coordenadores sobre o que ou quando debater com os alunos em sala de aula. Neste sentido, foi observado que a grande maioria dos professores respondeu “sim” à pergunta: “Você dialoga com outros professores sobre problemas ambientais? ” o que pode ser considerado um avanço em busca da transversalidade na vivencia da EA. Além disso, os professores procuram abordar alguns temas ambientais e são incentivados pelas instituições.

Porém a falta de atitude a que os professores se referem possivelmente está ligada as dificuldades em implementar EA nas escolas, como a falta de integração e capacitação do corpo docente (REIS et al., 2012), bem como a dificuldade em vencer a barreira da estrutura curricular em termos de conteúdos mínimos, carga horária de trabalho e avaliações (OLIVEIRA et al., 2007). Com prazos a cumprir os professores acabam deixando de lado alguns temas de fundamental importância no que se refere a educação para sustentabilidade.

Aliar o conteudo teórico e prático constituem ferramentas importantes no ensino porque fazem despertar curiosidades, pensar em perguntas e situações investigadoras (PIVELLI, 2006). Porém, nas escolas privadas parece acontecer com maior frequência.A dificuldade relacionada a isso deve ser a falta de recursos, principalmente por parte de instituições públicas.

O que geralmente ocorre nas atividades que envolvem questões ambientais, são eventos esporádicos como a semana do meio ambiente, o dia da árvore e o dia da água, por exemplo. Como é ressaltado por Brügger (1999), no Brasil, as atividades relacionadas a EA normalmente

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recebem caráter naturalista, realizando atividades como estas citadas anteriormente. Atividades quando acontecem desta forma pouco contribuem para a formação de alunos críticos, segundo Prochnow e Farias (2016), distanciando-os ainda mais da realidade e da necessidade de mudança de comportamento frente as problemáticas ambientais.Por isso é necessário estimular uma participação ativa por meio de atividades que ocorram em espaços socioambientais fora da sala de aula, possibilitando que o sujeito seja agente de interpretação e análise da realidade (SANTOS, 2005).

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

De uma forma breve, concluímos que os professores apresentam uma visão importante, pois aborda as questões ambientais que considera o homem como parte do meio. Além disso, a maior parte dos professores entrevistados é polivalente, o que implica em um profissional com múltiplos saberes facilitando a inserção de temas ambientais no currículo escolar.

Em relação as dificuldades encontradas, as questões ambientais na sala de aula são tratadas de forma pontual , levando em consideração poucos aspectos socioambientais , com foco apenas nos aspectos relacionados a visão naturalista, como a preservação.

Ainda sobre as complexidades em inserir a EA na escola, podem ser reflexo da falta de tempo para inserir conteúdo que não é entendido como tema importante, ou também porque os mesmos não dominem a complexidade das questões socioambientais.

Aspectos financeiros deveriam ser entendido como um desafio a ser quebrado pelos professores, no sentido de encaixar atividades práticas com o recurso disponível. É possível fazer atividades com pouco recurso e de fácil acesso, como afirma PENTEADO e KOVALICZN (2008), como por exemplo explorar o pátio da escola ou mesmo a praça do bairro, levando assim a compreensão que o meio ambiente está muito próximo.

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REFERÊNCIAS

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ANEXO A – Questionário

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN Centro de Biociências - CB

Departamento de Ecologia – DECOL Gênero: ( ) Masculino ( ) Feminino

Faixa etária: ( ) 18-25 ( ) 26-30 ( ) 31-35 ( ) 36-40 ( ) 41+ Grau de escolaridade:

( ) Ensino médio completo ( ) Superior incompleto ( ) Superior completo ( ) Mestrado incompleto ( ) Mestrado completo ( ) Doutorado incompleto ( ) Doutorado completo

Qual (is) disciplina você leciona?

____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ Para qual (is) nível (is) você ensina?

Educação Infantil ( ) Fundamental I ( ) Fundamental II ( ) Ensino Médio ( )

1. O que é o meio ambiente para você?

____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 2. Os problemas ambientais são, cada vez mais, bastante discutidos na sociedade. O que você acha em relação a isso?

(27)

27

3. Quais temáticas ambientais você frequentemente trabalha em sala de aula? ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 4. Assinale assuntos ambientais que você tem interesse em discutir.

4.1 Animais em extinção ( ) 4.2 Aquecimento global ( ) 4.3 Água ( )

4.4 Esgoto ( ) 4.5 Ar ( )

4.6 Restauração de áreas degradadas ( ) 4.7 Lixo ( )

4.8 Outro:

____________________________________________________________________ 5. Segundo a organização das nações unidas (ONU), o uso da água cresceu duas vezes mais que a população, no século 20. Você faz algo para economizar a água? ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 6. Você tem alguma atitude para melhorar as condições do meio ambiente? Não ( ) Sim ( )

Qual (is):

____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 7. Se próximo a sua casa tem um riacho e este se encontra cheio de lixo jogado pelas pessoas do seu bairro. O que você faria? (Marque apenas uma alternativa) 7.2. Dialogar com os moradores do bairro para não continuar a jogar lixo ( )

7.3. Entrar em contato com algum órgão público para remover o lixo ( ) 7.4. Como todos os moradores jogam, também irei jogar ( )

7.5. Não importa, não interfere na minha vida ( )

8. Você dialoga com outros professores sobre problemas ambientais? ( ) Sim ( ) Não

(28)

28

9. As ações de educação ambiental na escola aliam teoria e prática? 9.1 ( ) Somente teoria

9.2 ( ) Somente prática 9.3 ( ) Teoria e prática 9.4 ( ) Não sei informar

10. Se existe prática, você já desenvolveu com os alunos alguma atividade ou projeto de Educação Ambiental? Quais?

____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 11. Se não existe prática, quais as dificuldades em aplicar este tipo de atividade? ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 12. Os professores são incentivados a participar de projetos ambientais?

Sim ( ) Não ( )

13. De que maneira você prefere discutir sobre questões ambientais em sala de aula?

Palestras ( ) Vídeos ( )

Pesquisa via internet ( ) Outro (s):

____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________

Referências

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