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ANÁLISE. Conselheiro Relator Jarbas José Valente

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ANÁLISE

Conselheiro Relator Jarbas José Valente

Número e Origem:

202/2012-GCJV

Data:

04/05/2012

1. ASSUNTO

Recurso Administrativo, com pedido de efeito suspensivo, interposto pela EMPRESA BRASILEIRA DE TELECOMUNICAÇÕES S/A - EMBRATEL, CNPJ/MF n. 33.530.486/0001-29, concessionária do Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC) na Região IV do Plano Geral de Outorgas (PGO), em face da decisão do Superintendente de Serviços Públicos, exarada por meio do Despacho n. 7.898/2011-PBQID/PBQI/SPB, de 20/09/2011, que reviu sua decisão anterior e alterou o montante da multa antes aplicada para o valor total de R$ 114.751,66 (cento e quatorze mil, setecentos e cinquenta e um reais e sessenta e seis centavos) em razão de descumprimento ao art. 18 do Regulamento Geral de Interconexão (RGI), aprovado pela Resolução n. 410, de 11/07/2005.

2. REFERÊNCIA

2.1 Processo n. 53569.002237/2010, no qual constam, dentre outros, os seguintes

documentos:

2.1.2 Despacho n. 3.465/2011-PBQID/PBQI/SPB, de 28/04/2011 (fl. 96);

2.1.3 Despacho n. 7.898/2011-PBQID/PBQI/SPB, de 20/09/2011 (fl. 131);

2.1.4 Informe n. 520/2011-PBQID/PBQI (fl. 149-152);

2.1.5 Matéria para Apreciação do Conselho Diretor (MACD) n. 233/2011-PBQID/SPB,

de 15/12/2011 (fl. 153).

3. LEGISLAÇÃO E REGULAMENTAÇÃO APLICÁVEIS

3.1 A legislação/regulamentação pertinente utilizada na análise deste processo é

encontrada nos seguintes instrumentos legais:

3.1.1 Lei n. 9.472, de 16/07/1997 - Lei Geral de Telecomunicações (LGT);

3.1.2 Lei n.º 9.784, de 29 de janeiro de 1999 (Lei Federal de Processo Administrativo);

3.1.3 Regimento Interno da Anatel, aprovado pela Resolução n. 270, de 19 de julho de

2001, alterado pela Resolução n. 489, de 5 de dezembro de 2007.

3.1.4 Regulamento de Sanções Administrativas (RASA), aprovado pela Resolução n.

344, de 18 de julho de 2003;

3.1.5 Regulamento do Serviço Telefônico Fixo Comutado, aprovado pela Resolução n.

426, de 09/12/2005;

3.1.6 Regulamento Geral de Interconexão (RGI), aprovado pela Resolução n. 410, de

11/07/2005;

3.1.7 Regulamento dos Serviços de Telecomunicações, aprovado pela Resolução n. 73,

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4 RELATÓRIO

4.1 DOS FATOS

4.1.1 No dia 23/03/2010, das 13h26min às 17h25min, foi registrada interrupção

sistêmica na rede da EMBRATEL, no estado do Pará, devido ao duplo rompimento de cabos de fibras ópticas, que foram causados, segundo a prestadora, por duas retroescavadeiras: uma a serviço do proprietário da Fazenda Cruzeiro e outra a serviço da Companhia de Água e Esgoto do Ceará.

4.1.2 Em razão das inúmeras reclamações registradas no Sistema FOCUS/Anatel, foi

solicitada ação de fiscalização com o objetivo de averiguar as responsabilidades e possíveis descumprimentos de obrigações legais, regulamentares e contratuais, relacionados à interrupção em questão, que afetou 100% (cem por cento) dos acessos nas localidades/municípios de: Almeirim, Ananindeua, Barcarena, Belém, Benevides, Castanhal, Icoaraci, Ipixuna do Pará, Marabá, Marituba, Monte Dourado, Paragominas, Parauapebas, Porto Trombetas, Redenção, Santa Isabel do Pará e Santarém, todos no estado do Pará.

4.1.3 O resultado da ação foi consubstanciado no Relatório de Fiscalização n.

0063/2010/ER10FS (fls. 3-12) e as infrações foram registradas no Auto de Infração do Serviço Telefônico Fixo Comutado – Concessionárias n. 0002PA20100040 que originou o presente Procedimento para Apuração de Descumprimento de Obrigações (PADO), em desfavor da EMBRATEL.

4.1.4 Observados os trâmites legais e regulamentares necessários para a decisão do

PADO, o Superintendente de Serviços Públicos (SPB), com base no teor da Nota Técnica n. 134/2010-PBQID (fl. 65-67) e do Informe n. 170/2011-PBQID/PBQI (fl. 85-95), resolveu: aplicar à empresa a sanção de multa, no valor total de R$ 153.002,22 (cento e cinquenta e três mil, dois reais e vinte e dois centavos), pelos fatos: da empresa não ter apresentado comprovação documental de comunicação a todos os prestadores de serviços de telecomunicações que possuíam redes interconectadas à sua rede em falha; e, nem ter emitido comunicado a respeito da interrupção ao público imediatamente após sua ocorrência. Destarte, restou configurada infringência ao disposto no art. 18 do Regulamento Geral de

Interconexão (RGI), aprovado pela Resolução n. 410, de 11/07/20051.

4.1.5 Ressalta-se que esta interrupção foi registrada no Sistema de Informações sobre

Interrupções (SISI). Por isso, para se evitar duplo sancionamento (bis in idem), a

infração ao dever de continuidade (art. 44, §2º do RST2) será apurada em

1

Art. 18 A interrupção do serviço de uma prestadora por falhas de sua rede, de qualquer tipo, que venham a afetar mais de 10% (dez por cento) do total de acessos ou mais de 50.000 (cinquenta mil) acessos da localidade, o que for menor, deve ser informada, em tempo real, a todos as demais prestadoras que possuam redes interconectadas à rede em falha, à Anatel e imediatamente ao público em geral, por meio dos principais veículos de comunicação disponíveis na região afetada.

2

Art. 44. O regime público de prestação dos serviços de telecomunicações caracteriza-se pela imposição de obrigações de universalização e de continuidade às prestadoras.

§2º. Obrigações de continuidade são as que objetivam possibilitar aos usuários dos serviços sua fruição de forma ininterrupta, sem paralisações injustificadas, devendo os serviços estar à disposição dos usuários, em condições adequadas

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procedimento específico, conforme esclareceu a área técnica no Informe n. 170/2011-PBQID/PBQI, de 01/04/2011 (fl. 85/v). Limita-se, pois, o presente PADO, à averiguação do descumprimento ao art. 18 do RGI.

4.1.6 Notificada dessa decisão a EMBRATEL apresentou recurso, a respeito do qual o

SPB, com base nas razões e fundamentos constantes do Informe n. 423/2011-PBQID/PBQI (fls. 124-130), por meio do Despacho n. 7.898/2011-PBQID/PBQI/SPB, de 20/09/2011, resolveu rever sua decisão, alterando o montante da multa aplicada para o valor total de R$ 114.751,66 (cento e quatorze mil e setecentos e cinquenta e um reais e sessenta e seis centavos).

4.1.7 Ressalta-se que a revisão, com consequente redução da multa, ocorreu uma vez

que a área técnica, no cálculo do valor da multa, havia considerado o VB (Valor Base) igual a R$ 1.000,00, considerando a infração de “ausência de comunicação aos assinantes e ao público em geral”. Entretanto, a infração a ser considerada é “comunicação aos assinantes e ao público em geral fora do prazo”, uma vez a comprovação da comunicação ao público feita após 7 dias do evento, cujo VB previsto é R$ 500,00.

4.1.8 Ainda inconformada com essa decisão, a prestadora apresentou novo Recurso

Administrativo, com pedido de efeito suspensivo, o qual foi encaminhado ao Conselho Diretor para análise e deliberação, uma vez que o SPB não reviu sua ultima decisão.

4.2 DA DECISÃO RECORRIDA

4.2.1 Em 20/09/2011 o Superintendente de Serviços Públicos, analisando os termos

do recurso apresentado e com base nos fundamentos contidos no Informe nº

423/2011-

PBQID/PBQI

, de 09/09/2011, expediu o Despacho n.

7.898/2011-PBQID/PBQI/SPB, que alterou o montante da multa antes aplicada para o valor total de R$ 114.751,66 (cento e quatorze mil e setecentos e cinquenta e um reais

e sessenta e seis centavos), em razão da infringência ao disposto no art. 18 do RGI.

4.2.2 Irresignada com a decisão a EMBRATEL interpôs tempestivamente Recurso

Administrativo, com pedido de efeito suspensivo, onde fez um breve histórico dos fatos e alegou, em síntese, que o Despacho n. 7.898/2011-PBQID/PBQI/SPB deve ser julgado nulo uma vez que a metodologia utilizada pela Superintendência de Serviços Públicos, para cálculo da multa, não tem fundamentação legal ou regulamentar.

4.2.3 Ao final a prestadora requer a nulidade deste PADO e seu respectivo

arquivamento, com a consequente revogação do Despacho n. 7.898/2011-PBQID/PBQI/SPB, em virtude da ilegalidade da metodologia de cálculo da multa; ou, alternativamente, caso não seja declarada a ilegalidade da metodologia de cálculo da multa, seja a mesma recalculada face aos atenuantes demonstrados ao longo da instrução processual, de modo que a multa aplicada seja revista e atenuada, em respeito aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade.

de uso.

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4.2.4 Em análise recursal a área técnica, por intermédio do Informe nº 520/2011-PBQID/PBQI, de 15/12/2011, refutou os argumentos apresentados pela empresa. Ao final, sugeriu a manutenção da decisão, que foi acatada pelo Superintendente, com o conseqüente encaminhamento dos autos ao Conselho Diretor desta Agência.

4.3 DAS MINHAS CONSIDERAÇÕES

4.3.1 Por oportuno, cumpre frisar que a instrução do presente Processo obedeceu

rigorosamente às disposições contidas no Regimento Interno da Anatel (RIA), aprovado pela Resolução nº 270/2001, atendendo à sua finalidade, com observância aos princípios do devido processo legal, contraditório e da ampla defesa, conforme dispõem: os §§ 1º e 2º do artigo 50 da Lei n.º 9.784/99 – Lei de Processo Administrativo (LPA), assim como o inciso II do artigo 54 do RIA.

4.3.2 Quanto à admissibilidade do Recurso Administrativo em tela, é certo que ele

atende aos requisitos: de tempestividade, já que interposto dentro do prazo regimental de 10 (dez) dias; de legitimidade, posto ter sido a peça recursal assinada por representante legal devidamente habilitado (procuração à fl. 143); e, por fim, de interesse em recorrer, uma vez que a entidade é parte sucumbente nos presentes autos, haja vista ter sofrido aplicação da sanção ora discutida. Proponho, portanto, o seu conhecimento.

4.3.3 A certidão acostada pela área técnica à fl. 123 certifica que foi atribuído efeito

suspensivo automático ao presente Recurso, nos termos do Ato nº

1.878/2011-PR, de 30/03/20113.

4.3.4 Em primeiro lugar, friso que não existe a menor dúvida quanto à infração ao art.

18 do RGI, uma vez que a prestadora não apresentou comprovação documental de comunicação aos prestadores de serviços de telecomunicações que possuíam redes interconectadas à sua rede em falha e nem emitiu comunicado ao público imediatamente após a ocorrência da interrupção sistêmica ocorrida.

4.3.5 Dessa forma os usuários, além de prejudicados devido à interrupção dos serviços,

não dispuseram de quaisquer informações, de maneira imediata, com relação aos motivos e prazos para recuperação do sistema. Comprova-se, pelos autos, que o comunicado ao público foi feito somente uma semana após o ocorrido. Pior, comprova-se que os prestadores de serviços de telecomunicações que possuíam redes interconectadas à sua rede em falha sequer foram avisados.

4.3.6 Portanto, não há que se falar em inexistência de culpa, uma vez que o

descumprimento regulamentar/contratual está claramente comprovado.

3

O Ato nº 1.878/2011-PR, do Presidente do Conselho Diretor da ANATEL (publicado no DOU de 31.03.2011), decidiu:

“Art.1o Suspender a exigibilidade das sanções de multa e de advertência aplicadas em Procedimento de Apuração de

Descumprimento de Obrigação – PADO, em razão da interposição de recurso administrativo ou de pedido de reconsideração, cuja competência para apreciação seja do Conselho Diretor da Anatel.”

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4.3.7 Entretanto, a prestadora não tenta se eximir da culpa que lhe foi imputada. No Recurso Administrativo interposto, ora em análise, a EMBRATEL limita-se a

afirmar a ilegalidade/subjetividade da metodologia utilizada pela

Superintendência de Serviços Públicos no cálculo do valor da multa aplicada. Declara que a própria Superintendência assumiu que tal metodologia não foi objeto de norma específica e conclui, por isso, que tal metodologia se torna ilegal,

descumprindo os art. 7º4 e 255 do Regulamento de Aplicação de Sanções

Administrativas e art. 1766 da Lei n. 9.472/1997.

4.3.8 Comprova-se, pelos autos, que tal argumento já foi apresentado anteriormente

pela prestadora, tendo sido devidamente refutado pela área técnica por meio do Informe n. 423/2011-PBQID/PBQI, itens 5.5 a 5.15. Frisa-se que esse Informe salientou:

“...que a multa aplicada no presente caso foi aferida por meio

de metodologia consagrada por esta SPB e ratificada várias vezes pelo Conselho Diretor em outros Pados, apesar de não ter sido objeto de norma específica. Assim, reitera-se que estão atendidos os parâmetros explicitados no Regulamento de Sanções, na LGT e nos instrumentos contratuais. Portanto,

observa-se que os argumentos da prestadora são

improcedentes, visto que a metodologia de sanções utilizada encontra respaldo legal e regulamentar.

4.3.9 Entretanto, a prestadora não aceita as considerações que foram apresentadas e

reafirma que a metodologia utilizada no cálculo da multa é subjetiva (cada Superintendência da Anatel faz a sua), aleatória (feita para o caso concreto) e ilegal (não respaldada em lei).

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Art. 7º Na aplicação das sanções e na fixação das multas, devem ser consideradas as seguintes circunstâncias: I - a natureza e a gravidade da infração;

II - os danos resultantes da infração para o serviço e para os usuários; III - a vantagem auferida em virtude da infração;

IV - as circunstâncias gerais agravantes e atenuantes; V - os antecedentes do infrator;

VI - a reincidência específica;

VII - a proporcionalidade entre a gravidade da falta e a intensidade da sanção, inclusive quanto ao número de usuários atingidos;

VIII - a participação do infrator no mercado dentro de sua área geográfica de prestação do serviço; e

IX - a situação econômica e financeira do infrator, em especial sua capacidade de geração de receitas e seu patrimônio. Parágrafo único. A falta que caracteriza a reincidência específica deve ser considerada como antecedente, após decorrido o período de dois anos da data da publicação do ato de imposição da sanção.

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Art. 25. Devem ser objeto de normas específicas, elaboradas de acordo com os parâmetros e critérios previstos neste Regulamento, as gradações e sanções das infrações relativas:

I - à prestação de serviços de telecomunicações, incluindo, no que tange aos aspectos técnicos, os serviços de radiodifusão; II - ao direito de exploração de satélite;

III - ao uso de radiofrequência; e

IV - aos demais regulamentos e normas, no que couber.

6 Art. 176. Na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração, os danos dela

resultantes para o serviço e para os usuários, a vantagem auferida pelo infrator, as circunstâncias agravantes, os antecedentes do infrator e a reincidência específica.

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4.3.10 Insta salientar que a área técnica, no Informe n. 520/2011-PBQID/PBQI, reitera os argumentos já expostos nos itens 5.5 a 5.15 do Informe n. 423/2011-PBQID/PBQI e, adicionalmente, acrescenta:

“5.8. Complementando o acima exposto, há de se destacar, conforme leitura do artigo 7º acima mencionado, que a fórmula baseada na multiplicação dos fatores “VB”, “IF” e “PM” tem sustentação legal, uma vez que cada um dos componentes busca representar, objetivamente, os critérios estabelecidos na regulamentação.

5.9. Como ressaltado na metodologia, o valor base é

definido conforme “a natureza e a gravidade da infração” (art. 7º, inciso I, da Resolução n° 344/03). Os critérios basilares que devem ser utilizados na identificação da natureza da infração encontram-se estabelecidos na Cláusula 26.1 do Contrato de Concessão. Nestas Cláusulas, observa-se uma categorização dos tipos infracionais em que foram definidos valores máximos para as multas eventualmente aplicadas para cada infração. Acompanhando o mesmo raciocínio, tem-se que o valor base assumirá quantitativos diferenciados para cada um dos tipos infracionais em comento, respeitando-se, inclusive, casos particulares que possam demandar uma melhor adequação do valor com

fundamento nos princípios da razoabilidade e da

proporcionalidade.

5.10. O índice da infração (IF) é representado por fatores que revelam as principais características de cada tipo infracional. Busca-se, por meio deste índice, espelhar na aplicação das sanções “os danos resultantes da infração para

o serviço e para os usuários”, assim como “a

proporcionalidade entre a gravidade da falta e a intensidade da sanção, inclusive quanto ao número de usuários atingidos” (art. 7º, incisos II e VII, da Resolução n° 344/03). 5.11. Por último, o “PM” é o fator que tem como finalidade expressar “a participação do infrator no mercado dentro de sua área geográfica de prestação do serviço” e “a situação econômica e financeira do infrator, em especial sua capacidade de geração de receitas e seu patrimônio” (art. 7º, incisos VIII e IX, da Resolução n° 344/03).

5.12. Assim, é demonstrado que os fatores de cálculo evidenciados na metodologia respeitam aspectos como “a natureza e a gravidade da infração”, “os danos resultantes da infração para o serviço e para os usuários”, “as

circunstâncias gerais agravantes e atenuantes”, “os

antecedentes do infrator”, “a reincidência específica”, “a proporcionalidade entre a gravidade da falta e a intensidade da sanção, inclusive quanto ao número de usuários

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atingidos”, assim como, de certa forma, “a participação do infrator no mercado dentro de sua área geográfica de prestação do serviço” e “a situação econômica e financeira do infrator, em especial sua capacidade de geração de receitas e seu patrimônio”, conforme muito bem detalhado nas fls. 87 a 94. A metodologia adotada respeita, portanto, integralmente os critérios definidos nos arts. 7º e 8º do Regulamento de Aplicação de Sanções Administrativas e nos arts. 176 e 179 da LGT, ao estabelecer o valor das multas impostas à Prestadora do STFC.

5.13. Destaca-se ainda que a metodologia constante no Anexo I (fls.87-94) vem sendo utilizada pela PBQID para sancionar as infrações apuradas a partir de 2005, respeitando-se, com isso, situações pretéritas que foram decididas com base em metodologias anteriores. Observa-se, ainda, que o Conselho Diretor da Anatel já decidiu diversos casos semelhantes, sancionados com base na mesma metodologia, e não entendeu, em nenhuma oportunidade, que haveria qualquer ilegalidade nos critérios utilizados para a definição das multas.

5.14. Diante dessas considerações, resta evidente que os critérios adotados na metodologia em questão se encontram aderentes às normas legais e regulamentares, atendendo aos parâmetros explicitados no Regulamento de Sanções e nos instrumentos contratuais, não existindo arbitrariedade na escolha dos valores para a composição dos cálculos, motivo pelo qual entende-se que as razões recursais da Prestadora são totalmente improcedentes, não devendo haver reforma da

decisão exarada no Despacho n°

7898/2011-PBQID/PBQI/SPB.”

4.3.11 Vale ainda mencionar que a Procuradoria Federal Especializada da Anatel já foi

questionada anteriormente sobre a questão em comento e exarou entendimento de que a metodologia utilizada possui alicerce legal sólido. Tal entendimento foi expresso por meio do Parecer nº 260/2010/DFT/PGE/PFE-Anatel, de

12/03/20107, do qual extraio os seguintes trechos:

“Quanto à metodologia adotada pela área técnica da Anatel, vale mencionar que ela está alicerçada em base legal sólida. Nesse contexto, observa-se que a aplicação da penalidade de multa está em plena consonância com os dispositivos da Lei Geral de Telecomunicações – LGT, com as cláusulas do Contrato de Concessão, e com as disposições do Regulamento de Aplicação de Sanções Administrativas.

Não paira qualquer dúvida quanto à competência da Anatel para a definição de processos incluindo metodologias,

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critérios e parâmetros para apuração de infrações e para aplicação de sanções na exploração de serviços de telecomunicações.

No que toca à aplicação de penalidades, em sede de procedimentos administrativos, cumpre destacar que tal atribuição encontra-se inserida no âmbito do poder discricionário conferido ao administrador. Nessa ordem de idéias, uma vez apurada a infração cometida pela Concessionária, cabe ao administrador analisar a sua gravidade e, de acordo com os critérios indicados na

legislação, aplicar-lhe a sanção cabível. Em sendo assim,

resta unicamente a esta Procuradoria analisar se o administrador, no exercício de seu poder discricionário, transcendeu as diretrizes legais estabelecidas para a sua atuação, o que, in casu não ocorreu.

(...)

O estabelecimento de um método sistemático e objetivo de cálculo de multa, apresentado no caso concreto, permite à interessada o pleno exercício de seus direitos, caracterizando

estrita observância aos princípios constitucionais e

administrativos aplicáveis. Aliás, a fixação da metodologia permite que a parte conheça os critérios nos quais estão assentados os cálculos não havendo em tal ato qualquer ilegalidade, ao contrário do que afirma a Concessionária em

seu recurso. Vale destacar que todas as indagações ou

afirmações negativas articuladas pela Recorrente encontram resposta na própria metodologia. Basta que a Concessionária se dedique à leitura da metodologia em conjunto com o Regulamento de Sanções para encontrar os fundamentos que ela alega inexistentes.”

4.3.12 Considerando, conforme já dito, que a infração está devidamente caracterizada

nos autos, a sanção de multa é cabível. Revela-se, pois, totalmente despropositado o pedido da prestadora de nulidade deste PADO e seu respectivo arquivamento. Quanto ao argumento de ilegalidade da metodologia de multa aplicada, não o considero hábil a revogar a decisão do SPB, nos termos dos Informes da PBQID/PBQI n. 423 e 510/2011, os quais ora adoto tornando-se, para fins de motivação, parte integrante desta análise.

4.3.13 Concluo, portanto, que na valoração da multa aplicada o Superintendente de

Serviços Públicos adotou as medidas necessárias para o atendimento do interesse público, atuando com independência, imparcialidade, legalidade e impessoalidade, dentro do princípio da razoabilidade, tudo em conformidade, inclusive, com os parâmetros previstos no Regulamento de Sanções.

(9)

4.3.14 Por fim, quanto à solicitação de recálculo do valor da multa levando em consideração os atenuantes demonstrados ao longo da instrução processual, entendo que tais circunstâncias atenuantes, caso existam, foram consideradas pela Superintendência de Serviços públicos no cálculo da sanção. Portanto, não há que se falar em recálculo da multa aplicada.

4.3.15 Diante de todo o exposto, não vislumbro razões para reformar a decisão do

Superintendente de Serviços Públicos, exarada por meio do Despacho nº 7.898/2011-PBQID/PBQI/SPB, de 20/09/2011, o qual reviu sua decisão anterior e alterou o valor da multa aplicada para R$ 114.751,66 (cento e quatorze mil, setecentos e cinquenta e um reais e sessenta e seis centavos), em virtude do descumprimento ao art. 18 do Regulamento Geral de Interconexão (RGI), aprovado pela Resolução n. 410, de 11/07/2005. Proponho, pois, que seja mantida, na íntegra, a decisão ora recorrida.

5 CONCLUSÃO

5.1 À vista do exposto, proponho:

5.1.1 Conhecer do Recurso Administrativo com pedido de efeito suspensivo interposto

pela EMPRESA BRASILEIRA DE TELECOMUNICAÇÕES S/A - EMBRATEL, CNPJ/MF n. 33.530.486/0001-29, concessionária do Serviço Telefônico Fixo Comutado na Região IV do Plano Geral de Outorgas, nos autos do Procedimento para Apuração de Descumprimento de Obrigações n. 53569.002237/2010, para, no mérito, negar a ele provimento, mantendo-se integralmente a decisão recorrida;

5.1.2 Expedir Despacho deste Conselho Diretor, conforme minuta anexa à presente

Análise.

JARBAS JOSÉ VALENTE Conselheiro Relator

SICAP: 201290079635

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MINUTA DE DESPACHO

AGÊNCIA NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES CONSELHO DIRETOR

DESPACHO N.º /2012-CD

Em de maio de 2012

Ref.: Processo n. 53569.002237/2010

O CONSELHO DIRETOR DA AGÊNCIA NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES, no uso de suas atribuições legais, regulamentares e regimentais, examinando o Recurso Administrativo interposto pela EMPRESA BRASILEIRA DE TELECOMUNICAÇÕES S/A - EMBRATEL, CNPJ/MF n. 33.530.486/0001-29, Concessionária do Serviço Telefônico Fixo Comutado destinado ao Uso do Público em Geral (STFC) na Região IV do Plano Geral de Outorgas (PGO), contra decisão proferida pelo Superintendente de Serviços Públicos, por meio do Despacho n. 7.898/2011-PBQID/PBQI/SPB, de 20/09/2011, nos autos do processo em epígrafe, que tem por objeto a averiguação de descumprimento ao art. 18 do Regulamento Geral de Interconexão, aprovado pela Resolução n. 410, de 11/07/2005, decidiu, em sua Reunião n. 650, realizada em 17 de maio de 2012, conhecer do Recurso Administrativo e, no mérito, negar-lhe provimento, mantendo-se integralmente os termos da decisão recorrida, pelas razões e justificativas constantes da Análise n.º 202/2012-GCJV, de 04/05/2012.

JOÃO BATISTA DE REZENDE Presidente do Conselho

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