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PRÁTICAS EDUCATIVAS EM ASSENTAMENTOS RURAIS: ASSENTAMENTO PRIMEIRO DE JANEIRO-TO

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Academic year: 2021

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11 a 14 de dezembro de 2012 – Campus de Palmas

PRÁTICAS EDUCATIVAS EM ASSENTAMENTOS RURAIS:

ASSENTAMENTO PRIMEIRO DE JANEIRO-TO

Mariane Emanuelle da Silva Lucena 1; Rejane C. Medeiros de Almeida. 2.

1

Aluna do Curso de Ciências Sociais ; Campus de Tocantinópolis-TO; e-mail:Mary.anne19@hotmail.com “ PIBIC/UFT ”

2 Orientador (a) do Curso de Ciências Socias ; Campus de Tocantinópolis-To; e-mail: rejmedeiros@yahoo.com.br rejmedeiros@uft.edu.br

RESUMO

A pesquisa PIBIC, compreendeu um conjunto de atividades que se estruturaram em dois eixos principais: a pesquisa bibliográfica e a pesquisa empírica junto à organização dos movimentos sociais em especial: VIA CAMPESINA (MST/MAB) e sua atuação na Região do Bico do Papagaio. O projeto foi realizado buscando estudar as práticas educativas gestadas a partir das experiências da luta pela terra. Teve como metodologia a pesquisa participante e como coleta de dados entrevistas semi estruturada. O resultado da pesquisa apontou que o MST, nesse momento histórico, cumpre com o papel de protagonista da construção de alternativas que possibilite a contra hegemonia a este projeto em curso, qual seja o da sociedade capitalista. Sistematizar o processo das relações de apropriação de saberes produzidos na luta de ocupação da terra, pode gestar

um novo sujeito pedagógico que esta mesma luta proporciona e constituir novas

experiências como práticas educativas para os envolvidos no espaço de socialização política

INTRODUÇAO

Trata-se de uma pesquisa sobre as práticas educativas gestadas na organização política dos movimentos sociais que pode contribuir para reflexão em torna da temática. Tendo como enfoque as implicações que essas ações têm na construção de práticas educativas desenvolvidas por meio das ações coletivas. Procura-se compreender nessa constituição a cultura política, buscando apreender como se efetiva a discussão nesse campo e os seus desdobramentos na consolidação de espaços públicos como fator primordial dos processos políticos.

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MATERIAL E MÉTODOS

Foram realizadas leituras e análise das obras sobre Hannah Arendt( 2007), a condição humana, que desenvolve estudos sobre espaços públicos, com Maria Glória Gohn (2007) teorias dos movimentos sociais, a longa caminhada do campesinato, história da luta pela terra e o MST. Formação e Territorialização do MST no Brasil.(FERNANDES,1996): 1.Resenha de artigos científicos atinentes ao problema epistemológico ao longo de 2011. Os artigos cobriram temas como: movimentos sociais e práticas educativas; educação e práticas políticas, esfera pública e ações coletivas. 2. Revisão bibliográfica e definição de novas obras e artigos diretamente relacionados ao tema da pesquisa. 3. Entrevistas semi-estruturadas realizadas com 10 assentados que participaram da ocupação da terra e com observação participante no inicio de 2012, na perspectiva da realidade dos assentados.

RESULTADO DA DISCUSSÃO

O acampamento Primeiro de Janeiro originou-se em 1998, sendo um momento significativo de organização do MST no Tocantins. A ocupação ocorreu a partir de um latifúndio improdutivo as margens da rodovia Belém Brasília. A ocupação fazia parte de uma estratégia para o deslocamento e acesso dos camponeses a moradia e escoamento de produção. Lideranças do movimento Sem Terra junto com a comunidade decidiram organizar as famílias Sem Terra no Município de Araguaína, Tocantinópolis, Arguianópolis, Santa Tereza, Wanderlândia, Araguanã, Angico, Ananás, Palmeiras do Tocantins e Estreito no Maranhão. As 420 famílias ocuparam no dia Primeiro de Janeiro de 1998, os imóveis improdutivos denominado de Bom Sucesso, Olho d’água e Mucambo, com área total de 6.262 hectares, segundos dados cartoriais. Essa mobilização fez com que forças políticas locais intervissem na tentativa de conflitos para o impedimento da ocupação, gerando perseguições políticas num clima de tensão. A fala de um Trabalhador Sem Terra mostra como foi a ocupação.

O ônibus passou as duas horas da manhã. Esse acampamento foi num curral. “Eita movimento bom”. Era hora de assembleia, eu nunca tinha visto isso. Eu perguntei o que era assembleia? Então me responderam: É uma reunião, uma prosa sobre a organização do movimento. Fiquei na turma dos mais sabidos e

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aprendi muita coisa. A linguagem das pessoas e o significado daquilo. Viver em grupo era a minha primeira vez. Aquilo me trazia curiosidade eu era participativo. A palavra solidariedade era nova e tinha dificuldade de falar. Aprendi a falar, entendi o significado do debate. Fui participar dos estudos: o que significava os princípios dos movimentos, como se dava a organização. Eu estudava os livros. Você tem uma arma poderosa que é a informação (Entrevistado, 43 anos, assentamento Primeiro de Janeiro, 2012).

Entre as famílias existiam grupos de trabalhadores ligados aos sindicatos de Trabalhadores Rurais de Palmeiras, Tocantinópolis e Araguaína, a CPT e todo o apoio das famílias acampadas. A organização das famílias era em grupos onde realizavam trabalhos artesanais e de horta. Também participavam de atividades políticas, debates, reuniões, palestras e cursos, contribuindo assim de forma efetiva com o processo político organizativo do acampamento. A participação das mulheres foi fundamental para não ocorrer à desistência na luta pela terra, organizando a escola, o atendimento a saúde como também, realizando trabalhos produtivos para manter a sobrevivência.

Os camponeses, na expectativa de conquistar a terra para produzir o seu sustento e da sua família demonstram a existência de sujeitos sociais que lutam, atuam e media este processo.

Construímos duas salas, os professores (voluntários do próprio acampamento construíram uma escola com palhas de coqueiro, foram buscar carteiras para o acampamento). Nos grupos de família era discutido quem poderia dar aula para as crianças. E quem tinha mais conhecimento dava aula no inicio do acampamento. A prefeitura não nos recebia, mais insistíamos e ai conseguimos dois professores de Palmeiras do município. Setor de saúde, educação, produção, formação. Fizemos mobilização no INCRA (Araguaína), caminhada a pé de Wanderlândia até Araguaína com o Sindicato dos Trabalhadores rurais do Tocantins, MST e CPT, dias e dias na porta do INCRA em Palmas, dormimos no chão, muitas dificuldades. Vivemos no sofrimento até 2000. Até sair toda documentação do INCRA (Entrevistada, Assentamento Primeiro de Janeiro, 53 anos, 2012).

Na fala de uma trabalhadora camponesa é possível perceber como as práticas políticas podem contribuir para formar homens e mulheres como sujeitos sociais.

As experiências que me move até hoje é o movimento Sem Terra: acordei, aprendi no acampamento buscar o mundo, as místicas mexiam muito comigo, me fez despertar o sentimento para poesia, contos, a história do meu povo. Eu estava adormecida e acordei, a partir do movimento. Para pode construir outra formação humana. Convivi com pessoas fabulosas, me ensinaram a ser gente. Ensinei para os meus filhos o sentido da organização política. Eles hoje não estão na militância do movimento mais são homens

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bem formados e sabem dos seus direitos (Entrevistada, Assentamento Primeiro de Janeiro, 53 anos, 2012).

As famílias de trabalhadores rurais Sem Terra foram de alguma maneira na sua trajetória de vida, exploradas pelos latifundiários e expropriadas de suas terras e das condições de produção, que mobilizadas pelo MST integraram o processo de luta pela reforma agrária, se constituindo em uma base orgânica do MST- Tocantins.

O acampamento torna-se assim, palco do aprendizado político e social destes sem terra, no qual, desenvolvem práticas de solidariedade, companheirismo e participam do processo de construção da sua conscientização política. No entender de CRUZ “(...) o caráter educativo dos movimentos sociais que os institui como inovação sociopolítica e como redes de produção e circulação do saber social”(.2004, p.181) são práticas educativas que possibilitam o enfrentamento aos problemas que surgem no decorrer da luta pela terra no estágio do acampamento.

O processo educativo é complexo e adverso, se constituindo como elemento essencial para a vida em sociedade, possibilitando a socialização dos sujeitos sociais. A socialização representa a continuidade da vida social e sua reprodução. É nesse processo de convivência social que ocorrem vários aprendizados, no qual a sociabilidade se evidencia. Para Mascarenhas:

“A Educação é aprendizado, vivência, criação e recriação movimento e interação. Sob esta perspectiva, a organização de grupos sociais que se consolidam por meio de uma ação conjunta, criando suas representações e se inserindo ativamente na realidade social, representa um processo educacional rico e diversificado.” (2011, p.18).

A luta dos sem-terra, no acampamento se transforma em exercício de aprendizados, produzidos na luta coletiva no seu processo educativo. É no acampamento que os sem-terra organizados em grupos de famílias discutem os seus problemas e conflitos e buscam soluções para enfrentar o latifúndio, a fome, o frio, o calor da lona preta, a violência, a educação, o despejo e buscam possibilidades e alternativas para solucionarem problemas de saúde educação e escassez de alimentos. Concordando com Mascarenhas:

“Os atores coletivos são criados no curso das atividades, eles se constituem a partir dos atributos que escolhem e incorporam como os melhores paradefinir suas ações. O ator individual transforma-se em membro de um

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ator coletivo no processo de ação coletiva, ganha identidade nova, que não é só sua mas ganha existência como parte do coletivo. (2011, p. 20).

O ato de ocupar constitui um momento impar nessa tentativa da emancipação humana. LOUREIRO(1998. p.82) compreende que: “A prática educativa existe sempre em uma sociedade concreta; faz parte de sua estrutura e de sua dinâmica”.O momento educativo dos camponeses veio a fortalecer a articulação das lutas, a formação política da base e a formação de militantes. O MST no Tocantins foi se estruturando e compondo suas instâncias deliberativas, construindo assim, uma autonomia referente à sua organicidade, realizando atividades formativas e prática fortalecendo o trabalho da militância em processo de aprendizagem. “o principio pedagógico dos movimentos sociais, ou seja, sua própria ação pedagógica constrói-se de várias formas, em vários planos e dimensões que se articulam e não determinam nenhum grau de prioridade” (CRUZ, 1999. P. 180).

Baseado na experiência histórica de luta da classe trabalhadora pode-se afirmar que o campo é um espaço expressivo das disputas políticas de um projeto de desenvolvimento para o Brasil. Situado entre a luta dos trabalhadores do campo, que visa a conquista de direitos, terra, créditos, um projeto de desenvolvimento sustentável. Entretanto, essas transformações dependem da reação dos camponeses ao processo de exploração e as contradições geradas pela ação do capital no campo brasileiro.

LITERATURAS CITADAS

CRUZ, José Adelson. Movimentos Sociais e Práticas Educativas. Inter-Ação. Revista da Faculdade de Educação da UFG, 29(2): 175-185. Jul/Dez. 2004.

LOUREIRO, Walderês Nunes. O aspecto Educativo da prática política. Goiânia: Editora Associada á ABEU, 1988.

MASCARENHAS, Ângela Cristina Belém. A Educação para além da escola: O caráter educativo dos movimentos sociais. Goiânia: Editora Associada á. ABEU, 2004.

AGRADECIMENTOS

Referências

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