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RELATÓRIO DE PESQUISA SUPLEMENTAÇÃO DE VACAS LEITEIRAS COM BACTÉRIAS RUMINAIS, INESTINAIS E LEVEDURA OBJETIVOS MATERIAIS E MÉTODOS

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Academic year: 2021

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RELATÓRIO DE PESQUISA

SUPLEMENTAÇÃO DE VACAS LEITEIRAS COM BACTÉRIAS RUMINAIS, INESTINAIS E LEVEDURA

Marcos Neves Pereira (Professor Associado UFLA) Ronaldo Braga Reis (Professor Associado UFMG) Arthur Henrique C. Patrus Bello (Mestrando UFMG) Ozana de Fátima Zacaroni (Doutoranda UFLA)

OBJETIVOS

Avaliar o desempenho e a digestibilidade de vacas leiteiras suplementadas com probióticos à base de bactérias ruminais, intestinais e levedura viva Saccharomyces cerevisiae.

MATERIAIS E MÉTODOS

Quinze vacas Holandês, com 156±53 dias em lactação, fomaram cinco grupos de três animais com base na ordem de parto e produção diária de leite. Dentro de cada grupo, os animais foram simultaneamente alocados a uma seqüência de dois tratamentos, em delineamento do tipo Quadrado Latino, com períodos de 35 dias. Os tratamentos foram: 10g de PROBIÓTICO DBR SACCH composto por Ruminobacter amylophilum, Ruminobacter succinogenes, Succinovibro dextrinosolvens, Bacillus cereus, Lactobacillus acidophilus, Enterococcus faecium e Saccharomyces cerevisiae em veículo carbonato de cálcio (Indústria de Medicamentos Veterinários S/A, Jaboticabal, SP) ou 10g de carbonato de cálcio. Os tratamentos foram ofertados a cada vaca em cápsulas por ingestão forçada duas vezes por dia.

As vacas foram mantidas em confinamento total com camas de areia e foram alimentadas e ordenhadas duas vezes por dia. A mistura dos ingredientes dietéticos foi realizada em vagão misturador e as Dietas Completas foram fornecidas em quantidade suficiente para prover no mínimo 5% do oferecido como sobra diária. A proporção de silagens nas dietas foi ajustada semanalmente pela variação no teor de matéria seca (MS), determinado por secagem em aparelho Koster (Koster Moisture Tester, Medina, EUA) por 60min.

Entre os dias 28 e 32, uma amostra das sobras alimentares por animal e de cada alimento foi obtida diariamente e congelada. Uma amostra composta das sobras e dos alimentos foi formada por período, por mistura de quantidades idênticas de matéria natural das amostras diárias. Os compostos por período foram pré-secos em estufa ventilada por 72h a 55oC,

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triturados em peneira com crivo de 1 mm em moinho do tipo Thomas-Willey, e sub-amostras foram desidratadas a 100ºC por 24h para determinação do teor de MS. A PB foi analisada por um destilador a vapor do tipo Microkjeldhal (A.O.A.C., 1975), o EE segundo o A.O.A.C. (1990), e as Cinzas por incineração da amostra a 550°C por 8h. O teor de FDN foi analisado por um determinador de fibra TE-149 (Tecnal Equipamentos para Laboratórios, Piracicaba, SP), utilizando sulfito de sódio e amilase. A composição das dietas consumidas é relatada na Tabela 1.

TABELA 1: Composição das dietas oferecidas em ingredientes e das consumidas em nutrientes, nos tratamentos Controle e Bactérias+Levedura.

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Premix=15% calcário calcítico, 4% NaCl e 8% mineral comercial (18,5% Ca; 15,0% P; 3,0% Mg; 3,0% S; 240ppm Co; 3.000ppm Cu; 8.000ppm Mn; 12.000ppm Zn; 90ppm Se; 180ppm I; 8.000.000 UI/kg Vit.A; 2.000.000 UI/kg Vit.D; 50.000 UI/kgVit.E). 2CNF=100 – (Proteína bruta + Extrato etéreo + FDN + Cinzas).

As oito ordenhas dos dias 28 a 31 foram amostradas para determinação de teores de proteína, gordura, lactose e nitrogênio uréico no leite. As amostras foram coletadas em frascos contendo o conservante 2-bromo-2-nitropropano-1-3-diol e foram analisadas no Laboratório Centralizado da Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (APCBRH, Curitiba, PR). A secreção diária de energia no leite foi calculada pela equação (NRC, 2001): [(0,0929 x % gordura) + (0,0547 x % de proteína) + (0,0395 x % de lactose)] x kg de leite. A produção de leite corrigida para energia (Leite E) foi calculada pela equação: Leite E= EnLeite/0,70, assumindo que o conteúdo de energia em leite com 3,7% de gordura, 3,2% de proteína e 4,6% de lactose é 0,70 Mcal/kg. A produção de leite corrigida para 4% de gordura foi calculada pela equação: Leite 4%=(0,4 + 15 x % de gordura/100) x kg de leite. As eficiências alimentares foram calculadas: Eficiência 1 pela relação entre a produção de leite e o consumo de

Controle Bactérias+Levedura % da matéria seca Silagem de milho (58,9 % de FDN) 27,7 27,7 Silagem de sorgo (60,7% de FDN) 18,2 18,2 Silagem de tifton (61,7% de FDN) 3,3 3,3 Farelo de soja (53,2% de PB) 20,2 20,2

Milho re-hidratado e ensilado (66,2% de MS) 9,3 9,3

Milho moído fino 9,2 9,2

Polpa de citros 8,2 8,2

Minerais e vitaminas1 4,0 4,0

Proteína bruta 18,2 18,1

Fibra em detergente neutro (FDN) 33,7 34,1

FDN oriundo de forragem 27,3 27,6

Extrato etéreo 3,8 3,8

Cinzas 5,0 5,1

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matéria seca (CMS) e a Eficiência 2 pela relação entre Leite E e o CMS. No dia 34, o peso vivo dos animais foi mensurado após a ordenha da manha para descrever as unidades experimentais.

A digestibilidade aparente no trato digestivo total da matéria seca, da matéria orgânica (MO), da FDN e da MO não-FDN foi determinada por coleta total de fezes realizada por oito horas ininterruptas nos dias 31 a 33. A coleta de fezes em cada dia foi iniciada com oito horas de atraso com relação ao dia anterior, visando obter uma amostragem representativa das 24 horas do dia sem causar distúrbio no consumo de alimentos e na produção de leite dos animais. As fezes foram continuamente congeladas durante o período de coleta e uma amostra composta foi formada para cada vaca por período. As amostras compostas de fezes foram desidratadas e o teor de FDN e Cinzas determinado. O consumo diário de matéria orgânica digestível (CMOD) foi calculado para estimar o consumo de energia.

Simultaneamente à coleta de fezes, foi realizada coleta total de urina para mensuração da excreção diária de alantoína, para representar a síntese relativa de proteína microbiana no rúmen. Ao volume de urina coletado foram imediatamente adicionados 10% de acido sulfúrico a 20% e a amostra foi armazenada a 4°C. Uma amostra composta foi formada para cada vaca por período. As amostras compostas foram diluídas com solução de 4% de ácido sulfúrico na proporção 1:3 entre urina e solução e congeladas a -20°C até a realização das análises. O teor de alantoína foi mensurado segundo Chen & Gomes (1992).

Simultaneamente à coleta de fezes e urina, foi avaliada a atividade mastigatória por observação visual da atividade bucal de cada animal a cada cinco minutos. As atividades bucais consideradas foram de ingestão de alimento, ingestão de água, ruminação e ócio. O tempo de mastigação em minutos por dia foi definido como a soma dos tempos de ingestão de alimento e de ruminação. Os tempos de mastigação, ingestão e ruminação por CMS foram calculados utilizando-se o consumo mensurado nos dias da avaliação.

No dia 35 foram obtidas amostras de fluído ruminal através de sonda flexível oro-gástrica com auxílio de uma bomba de sucção a vácuo acoplada a um Kitassato. As amostras foram obtidas 11,6±0,3 horas após o fornecimento matinal de alimentos e ao acaso dentro de quadrado. O pH ruminal foi mensurado imediatamente.

As variáveis foram analisadas pelo procedimento GLM do SAS com o seguinte modelo: Yijklm= + Qi + Vj(i) + Pk + Tl + eijkl. Onde:  = média geral, Qi=efeito de quadrado (i=1 a 5),

Vj(i)=efeito de vaca dentro de quadrado (j=1 a 15), Pk=efeito de período (k=1 a 3), Tl=efeito de

tratamento (l=Controle, Bactéria+Levedura), eijkl=erro residual, assumido independente e

identicamente distribuído em uma distribuição normal com média zero e variância 2. Valores de probabilidade abaixo de 0,05 foram considerados como significativos, abaixo de 0,10 como tendência e abaixo de 0,15 como tendência fraca.

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RESULTADOS

A suplementação com Bactérias + Levedura induziu aumento numérico de 0,9L/d na produção diária de leite, entretanto a diferença não obteve suporte estatístico (P=0,39) (Tabela 2). Baseado na meta-análise de Desnoyer et al. (2009. J. Dairy Sci. 92: 1620), esta é uma resposta de magnitude plausível à suplementação com levedura viva. Estes autores quantificaram, com base na análise de 110 trabalhos envolvendo 157 experimentos com bovinos, ovinos, caprinos e búfalas em lactação, que a resposta esperada à suplementação com levedura viva seria ao redor de +1,2g de leite/kg de peso vivo. Nestas vacas com peso médio de 665kg (Tabela 2), o ganho esperado em produção de leite por vaca seria de 798g/d, similar à resposta observada experimentalmente. Vale ressaltar que a resposta animal à suplementação com levedura depende da dose suplementada (Gomide et al., 2012. J. Anim. Sci. 90 (Suppl. 3)/J. Dairy Sci. 95 (Suppl. 2): 619). Neste experimento, a dose mensurada de levedura viva foi de 6x1010 UFC/d. Salvati et al. (2012. Proceedings of CLANA. México) detectou aumento de 25,4 para 26,7 kg/d na produção de leite de vacas suplementadas com 25 x 1010 UFC/d de levedura viva. Aumento na dose de levedura no DBR SACCH poderia induzir ganho mais significativo no desempenho animal.

Similarmente ao observado por Oliveira et al. (2010. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec. 62: 1174), houve tendência (P=0,14) de queda na CCS do leite no tratamento bactérias + levedura (Tabela 2), sugerindo que houve efeito do probiótico sobre a imunidade. Bactérias intestinais podem inibir o crescimento de bactérias enteropatogênicas nos intestinos, estimular células do sistema imunológico e desencadear resposta de defesa em outras mucosas do corpo, além daquelas em que ocorreu o estímulo inicial. Esse mecanismo de migração de células para outros tecidos é conhecido como sistema imune comum de mucosas. É interessante constatar o curto intervalo de tempo entre o início da suplementação e a detecção da resposta, coerente com o relatado por outros autores.

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TABELA 2: Desempenho e consumo de vacas leiteiras nos tratamentos Controle e Bactérias + Levedura.

Controle Bactéria+ Levedura EPM1 PTrat2 P C22 Kg/dia CMS3 20,5 20,7 0,37 0,61 0,75 Leite 31,1 32,0 0,70 0,66 0,39 Leite 4%4 28,7 29,5 0,736 0,70 0,46 Leite E5 30,5 31,3 0,796 0,77 0,53 Kg/dia Gordura 1,084 1,112 0,0335 0,75 0,55 Proteína 1,030 1,042 0,0260 0,95 0,75 Lactose 1,439 1,482 0,0352 0,64 0,40 Sólidos totais 3,861 3,952 0,0961 0,75 0,51 % Gordura 3,49 3,48 0,073 0,98 0,89 Proteína 3,32 3,28 0,027 0,34 0,35 Lactose 4,61 4,61 0,018 0,69 0,82 Sólidos totais 12,41 12,35 0,100 0,87 0,66 CCS Linear6 4,21 3,71 0,023 0,29 0,14 Mg/dL NUL7 16,6 16,1 0,26 0,01 0,12 Kg/Kg Efic 18 1,52 1,55 0,040 0,89 0,72 Efic 29 1,49 1,51 0,041 0,92 0,79 Kg Peso vivo 662 670 4,5 0,37 0,22 1

EPM=Erro padrão das médias. 2P=Valor de probabilidade para os efeitos de tratamento, C2=Controle vs. Bactéria+Levedura. 3Consumo de matéria seca. 4Leite ajustado para 4% de gordura. 5Leite ajustado para energia. 6Contagem de células somáticas linear. 7Nitrogênio uréico do leite. 8Eficiência 1=Produção de leite/CMS. 9Eficiência 2=Leite E/CMS.

A associação de bactérias com levedura reduziu o teor de NUL (P=0,12). A levedura pode ter fornecido fatores de crescimento para os microrganismos ruminais, aumentando a eficiência de síntese microbiana e a incorporação de amônia na proteína microbiana, o que é desejável nutricionalmente e ambientalmente.

A suplementação com bactérias + levedura aumentou o tempo diário de mastigação (P=0,02) e a mastigação por unidade de CMS (P=0,06) (Tabela 3). A resposta em atividade de mastigação foi induzida por aumento no tempo de ingestão, sendo a resposta em ruminação menos evidente. Apesar da ausência de suporte estatístico, o CMS foi numericamente maior no tratamento Bactérias + Levedura (Tabela 2), o que é coerente ao aumento observado na

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atividade mastigatória neste tratamento. Resposta positiva em consumo é uma resposta plausível à suplementação com leveduras (Desnoyer et al., 2009).

TABELA 3: Atividade mastigatória e pH ruminal nos tratamentos Controle e Bactérias + Levedura. Controle Bactéria+ Levedura EPM 1 P Trat2 P C2 2 min/dia Ingestão 345 376 15,2 0,36 0,15 Ruminação 461 490 15,9 0,12 0,21 Mastigação4 806 866 16,6 0,02 0,02 min/KgCMS Ingestão 17,1 18,4 0,77 0,49 0,24 Ruminação 22,8 24,0 0,83 0,29 0,35 Mastigação4 39,9 42,3 0,88 0,11 0,06 pH ruminal 5,50 5,46 0,062 0,17 0,68 1

EPM=Erro padrão das médias. 2P=Valor de probabilidade para os efeitos de tratamento e C2=Controle vs. Bactéria+Levedura.

Houve tendência (P=0,08) de queda no pH ruminal no tratamento Bactérias + Levedura (Tabela 3). Esta resposta é coerente à presença neste tratamento de bactérias produtoras de ácido lático (Bach et al., 2007. Anim. Feed Sci. Technol. 136: 146). A suplementação de vacas leiteiras com bactérias láticas tem sido proposta como estratégia para o controle de acidose ruminal (Oetzel at al., 2007. J. Dairy Sci. 90: 2058). O uso destes probióticos em torno do parto pode estimular o crescimento de bactérias ruminais utilizadoras de ácido lático, auxiliando no controle do pH. O uso do DBR SACCH antes do parto pode ser uma estratégia promissora.

CONCLUSÕES

Apesar da ausência de suporte estatístico, a suplementação com DBR SACCH induziu ganho numérico na produção leiteira em torno de 3% (0,900 Litro). Aumento na dose suplementada pode induzir resposta mais detectável em desempenho animal.

Em relação a contagem de células somáticas (CCS), o uso do DBR SACCH proporcionou uma redução numérica de 12%.

A suplementação de vacas em lactação com DBR SACCH tendeu a reduzir o pH ruminal. O uso do DBR SACCH imediatamente antes do parto, como estratégia de controle de acidose ruminal pode ser interessante.

Referências

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