• Nenhum resultado encontrado

O PRÉ-SAL E A ATIVAÇÃO DE UM COMANDO CONJUNTO NA AMAZÔNIA AZUL

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O PRÉ-SAL E A ATIVAÇÃO DE UM COMANDO CONJUNTO NA AMAZÔNIA AZUL"

Copied!
20
0
0

Texto

(1)

O PRÉ-SAL E A AtIVAÇÃO DE UM COMANDO CONJUNtO NA AMAZÔNIA AZUL José Augusto Abreu de Moura*

Luciano Ponce Carvalho Judice** RESUMO

O objeto deste trabalho consiste na proposta de ativação de um Comando Operacional Conjunto na Amazônia Azul brasileira, a fim de viabilizar a proatividade na defesa das plataformas petrolíferas offshore. Tal defesa constitui um dos quatro objetivos estratégicos a cargo da Marinha do Brasil, e deve ser priorizada, considerando a dependência da matriz energética nacional de insumos hidrocarboníferos provenientes do mar. A vulnerabilidade de tais estruturas decorre de serem objetos estáticos e muito afastados da costa, e sua importância vem aumentando com as descobertas no polígono do Pré- Sal, área estratégica prevista em Lei. A Estratégia Nacional de Defesa orienta-nos ainda para a reorganização das Forças Armadas sobre o trinômio monitoramento e controle, mobilidade e presença, o que induz a visualização de uma estrutura integrada de defesa da Amazônia Azul. Tal estrutura deve favorecer a capacidade de resposta efetiva, frente às ameaças de qualquer matiz, maximizando, assim, a dissuasão de eventuais agressões. Visualiza-se que tal trinômio orientador pressuponha a interoperabilidade, capaz de integrar esforços das Forças Armadas e de outros órgãos do Estado, combinando versatilidade e mobilidade em um Comando Operacional Conjunto, com base na experiência do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro, permanentemente ativado. Indo mais longe, tal Comando Conjunto permanente, além de se dedicar à área estratégica do Pré-Sal, em vias de tornar-se um “Calcanhar de Aquiles”, poderá ser o precursor de um futuro Comando Operacional do Atlântico Sul.

Palavras-chave: Comando Conjunto. Amazônia Azul. Pré-Sal. ____________________

* Bacharel em Ciências Navais pela Escola Naval (1968), Mestre e Doutor, também em Ciências Navais, pela Escola de Guerra Naval (1983 e 1993). É especialista em História Militar pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (2005) e Doutor em Ciência Política pela Universidade Federal Fluminense (2012). Instrutor da Escola de Guerra Naval desde 1994, tendo atuado principalmente em Estratégia Naval. É professor do Programa de Pós-Graduação em Estudos Marítimos (PPGEM) da Escola de Guerra Naval a partir de 2014. Contato:<jose.augusto@egn.mar.mil.br>.

** Bacharel em Ciências Navais pela Escola Naval (1993) e em Direito pela Universidade Federal Fluminense (2011). Mestre e Doutor em Ciências Navais (2010) e Professor do Mestrado em Estudos Marítimos (2015) pela Escola de Guerra Naval (PPGEM/EGN), onde exerce atualmente a função de encarregado do Centro de Jogos de Guerra. Contato: <ponce@egn.mar.mil.br>.

(2)

THE PRE-SALT AND THE ACTIVATION OF A JOINT COMMAND IN THE BLUE AMAZON

ABStRACt

The object of this work is the proposal to activate a Joint Operational Command in the Brazilian Blue Amazon in order to enable the proactive defense of offshore oilrigs. This defense is one of the four strategic Brazilian Navy objectives and the one that must be prioritized, considering the dependence of the national energy matrix hydrocarbonaceous inputsfrom the sea. The vulnerability of such structures is due to being stationary objects and located very far from the coast, and its importance is increasing since the important discoveries in the pre-salt polygon, strategic area as stated in law. The National Defense Strategy also directs us to the organization of the Armed Forces based on the triad monitoring and control, mobility, and presence, which induces the visualization of an integrated defense structure of the Blue Amazon, promoting the ability of effective response in the face of threats of any sort, thus maximizing the deterrence of potential aggression. Such guiding triad also requires interoperability, able to integrate efforts of the Armed Forces and other State bodies, combining versatility and mobility in a Joint Operational Command, taking advantage of the Brazilian Aerospace Defense’s Command experience, permanently activated. Going further, this Command permanently set, as well as working on strategic pre-salt area, about to become an “Achilles heel”, could be the precursor to a future South AtlanticOperational Command.

Keywords: JointCommand. Blue Amazon. Pre-Salt.

EL PRÉ-SAL Y LA ACTIVACIÓN DE UN COMANDO CONJUNTO EN LA AMAZONÍA AZUL

RESUMEN

Este artículo tiene por objeto la propuesta de activación de un Comando Operacional Conjunto en la Amazonia Azur brasileña a fin de hacer factible la pro-acividad em la defensa de las plataformas petrolíferas offshore. Tal defensa constituje uno de los cuatro objetivos estratégicos a cargo de la Marina del Brasil, y debe ser priorizada, considerando la dependência de la matriz energética nacional de productos hidrocarboníferos provenientes del mar. Tales estructuras son vulnerables porque son objetos estáticos e muy alejados de la cuesta, y su importancia está aumentando com las importantes descubiertas en el polígono del Pre-sal, área estratégica establecida em Ley. La Estrategia Nacional de Defensa nos orienta aún para la reorganización de las Fuerzas Armadas bajo el trinômio monitorio/control, movilidad y presencia, lo que induce la visualización de uma estructura integrada de la Amazonia Azur, que favorezca la capacidad de respuesta efectiva a las amenazas de cualquier matiz, maximizando así la disuasión de eventuales agresiones. Visualizase que tal trinomio orientador presupone la interoperabilidad, capaz de integrar esfuerzos de La Fuerzas Armadas y de otros órganos del estado, combinando movilidad y versatilidad em

(3)

um Comando Operacional Conjunto, aprovechandose la experiência del Comando de Defesa Aeroespacial Brasileño, permanientemente activado. Indo más lejos, tal Comando Conjunto permaniente, además de se dedicar a la área estratégica del Pré-sal, em vias de tornarse um “talón de Aquiles”, podrá ser el precursor de um futuro Comando Operacional del Atlántico Sur.

Palabras clave: Comando Conjunto. Pré-Sal. Amazonía Azul. 1 INTRODUÇÃO

A Segunda Revolução Industrial e as evoluções tecnológicas subsequentes possibilitaram a exploração dos fundos marinhos nos tempos modernos, sendo atualmente a produção de petróleo offshore a principal atividade exploratória no mar (MORAIS, 2013, p.99).1 Descortina-se ainda, neste início de século, uma

perspectiva de crescente “fome” energética mundial e, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), os combustíveis fósseis continuarão a satisfazer uma parte predominante de nossa demanda por um longo período (INTERNATIONAL, 2013, p. 2). Nesse sentido, análises estatísticas da British Petroleum, emitidas em junho de 2016, evidenciam que há um longo caminho a ser percorrido para a substituição de tais combustíveis, já que, no ano de 2015, 87% da energia mundial provieram de insumos como o carvão, petróleo e gás natural2.

No plano nacional, o setor petrolífero contribuiu recentemente com a descoberta de grandes reservas do Pré-Sal. Tais reservas, segundo as previsões da AIE, se mantidos os níveis de investimento previstos até 2013, levariam o Brasil a triplicar sua atual produção petrolífera, que atingiria 6 milhões barris/dia em 2035, elevação que corresponderia a um terço do crescimento da produção de petróleo mundial (INTERNATIONAL, 2013, p. 6). É digno de nota que os baixos preços de petróleo praticados no mercado mundial após o final de 2014 foram contrabalanceados pelos ganhos de produtividade e redução de tempos de perfuração nos poços do Pré-Sal, o que têm contribuído significativamente para a redução dos custos de extração e, consequentemente, para suas vantagens comparativas em relação a outras áreas de produção não convencionais no mundo. Não por acaso a PETROBRAS foi a empresa premiada na Offshore Technology

Conference em maio de 2015, ocorrida em Houston, Texas, conforme indicativo

mantido na língua original.

1 A Segunda Revolução Industrial ocorreu na segunda metade do século XIX e o poço de petróleo que iniciou as atividades de produção offshore teria sido perfurado em Caddo Lake, Louisiana, Golfo do México, em 1911. De todo modo, tal atividade só assumiu um grau de maritimidade considerável a partir de 1947, quando a Kermac 16 foi instalada a 16 km da costa da Louisiana, sobre uma lâmina d’água de seis metros.

2 Disponível em: <http://www.bp.com/en/global/corporate/energy-economics/statistical-review-of-world-energy .html>. Acesso em: 11 jun.2016.

(4)

Recognizing Petrobras’ pre-salt development for their successful implementation of ultra-deepwater solutions and setting new water depth records. Petrobras increased their efforts in technology development to exploit this hard-to-access resource, in waters up to 2,200 m (7,200 ft). By the end of 2014, Petrobras was producing more than 700,000 bpd of oil in the pre-salt layer of the Campos and Santos basins. The oil and gas production in this challenging environment demanded the development of different riser systems, which were successfully applied and are now available for the industry. Additionally, Petrobras achieved a significant reduction in the drilling and completion time for wells. 3

Nessa nova realidade, não é difícil visualizar as unidades estacionárias de produção (UEP)4 como importantes objetivos de defesa. Assim, a Estratégia Nacional

de Defesa (END) guindou a defesa proativa5 das plataformas petrolíferas marítimas

a objetivo estratégico (BRASIl, 2013, p.10), em adição aos objetivos navais de defesa clássicos, representados pelas forças navais oponentes, posições geográficas insulares e portuárias, bem como a manutenção das Linhas de Comunicação Marítimas (LCM).

Em busca de proatividade em tal defesa, numa abordagem estrutural, este trabalho tem, por conseguinte, o objetivo de propor a integração de esforços por meio da ativação permanente de um Comando Operacional Conjunto Brasil,

3 Reconhecer o desenvolvimento do pré-sal da Petrobras para implementar soluções bem-sucedidas em águas ultraprofundas e definir novos registros de profundidade de água. A Petrobras intensificou seus esforços no desenvolvimento de tecnologia para explorar esse recurso de difícil acesso, em águas de até 2.200 m (7.200 pés). No final de 2014, a Petrobras estava produzindo mais de 700 mil bpd de petróleo na camada pré-sal das bacias de Campos e Santos. A produção de petróleo e de gás nesse ambiente desafiador exigiu o desenvolvimento de diferentes sistemas de elevação, que foram aplicados com sucesso e encontram-se atualmente disponíveis para a indústria. Adicionalmente, a Petrobras obteve uma redução significativa no tempo de perfuração e de conclusão dos poços. Disponível em: <http://www.otcnet.org/ Content/OTC-Distinguished-Achievement-Awards-for-Companies-Organizations-and-Institutions>. Acesso em: 07 set. 2016.

4 No Brasil, a empresa PETRÓLEO BRASILEIRO SA (PETROBRAS) designa como Unidade Estacionária de Produção qualquer tipo de plataforma dedicada à produção no mar (MORAIS, 2013, p. 102). 5 De forma simplificada, uma defesa proativa representa o conjunto de ações de caráter

essencialmente militar que antecipem, desencorajem e neutralizem qualquer agressão a um objetivo estratégico apontado pela END. Numa definição operacional de caráter científico, tal conceito corresponderia ao sistema defensivo “[...] que dispõe de consciência situacional e agilidade decisória para conjugar tempestivamente meios com capacidade móvel e/ou predispostos na área a ser protegida, de forma a aumentar as possibilidades de dissuadir ameaças e rechaçar agressões de qualquer natureza a objeti vos estratégicos pré-definidos.” (JUDICE; PIÑON, 2016, p115).

(5)

(BRASIL, 2008)6 na Amazônia Azul7, dedicado ao Pré- Sal e a outras futuras áreas

estratégicas que possam ser estabelecidas no Atlântico Sul. 2 O PRÉ-SAL: CALCANHAR DE AQUILES DA DEFESA NACIONAL

Sob o prisma da defesa marítima, o Ministério da Defesa (MD) e a Marinha do Brasil (MB) têm se empenhado para difundir na nossa sociedade o conceito de “Amazônia Azul”, uma imensa área, cujas dimensões equivalem à Amazônia terrestre e se estende desde a linha de costa, ultrapassa a Zona Econômica Exclusiva (ZEE) (BRASIL, 1995), e abrange ainda a Plataforma Continental (PC) além dela8. Durante esse processo de conscientização marítima nacional, ocorre

um fenômeno na costa brasileira: a expansão da fronteira petrolífera no mar, liderada pela PETROBRAS, que avança suas atividades para águas cada vez mais profundas e distantes da costa.

Esse processo teve um marco histórico neste século: a descoberta do Pré-Sal, conjunto de grandes acumulações de petróleo e gás em uma camada profunda do subsolo da PC. Tal camada geológica pode ter até 2 km de espessura e atingir mais de 7000 metros abaixo do nível do mar. Essas jazidas já contribuíram para a duplicação das reservas nacionais, que ultrapassaram 30,0 bilhões de barris no final de 2012. (AGÊNCIA..., 2013).

Registre-se ainda que tais reservas estão dispostas na ZEE, ao longo de centenas de milhas, entre os Estados brasileiros do sudeste e Santa Catarina, conforme ilustrado na figura 1, exibida mais adiante. Além disso, contêm óleo de alta qualidade9, proporcionando assim um aumento considerável no potencial de

riquezas da Amazônia Azul. Considerando que a produção petrolífera recente no Pré-Sal atingiu o recorde de um milhão de barris de petróleo diários10, de um total

de pouco mais de dois milhões produzidos no Brasil, observa-se uma tendência crescente de sua participação na matriz energética nacional, até porque as jazidas

6 Comando Operacional (COp) estruturado com meios ponderáveis de mais de uma Força Armada. É o mesmo que Comando Conjunto (CCj).

7 7 A Amazônia Azul® é a região que compreende a superfície do mar, águas sobrejacentes ao leito do mar, solo e subsolo marinhos contidos na extensão atlântica que se projeta a partir da costa até o limite exterior da PC brasileira (BRASIL, 2014, p. 1-3).

8 Segundo a CNUDM III, o país lindeiro tem direito à exploração econômica do solo e do subsolo no trecho de sua plataforma continental que ultrapassa a ZEE (200 milhas) até o limite de 350 milhas da costa.

9 Vide Declarações de Comercialidade das áreas da Cessão Onerosa Franco e Sul de Tupi, no Pré-Sal brasileiro.

Disponível em: <http://www.petrobras.com.br/pt/noticias/declaracoes-de-comercialidade-de-areas-no-pre-sal-brasileiro/>. Acesso em: 29 jan. 2014.

10 Disponível em: < http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2016-06/producao-no-pre-sal-ultrapassa-1milhao-de-barrisdia-e-e-novo-recorde>. Acesso em: 08 set. 2016.

(6)

de petróleo, como as do pós-sal, incluindo a bacia de Campos, são depletivas, ou seja, têm a sua vida produtiva finita (MORAIS, 2013)11.

Em face das reservas do Pré-Sal, nos próximos anos, serão investidos recursos em pesquisa, desenvolvimento e inovação na área de petróleo e gás nunca antes realizados. Destaca-se, além disso, o Plano Decenal de Expansão de Energia – PDE 202412, que prevê investimentos globais dos setores público e privado na matriz

energética do Brasil:

Neste PDE 2024 estão previstos investimentos globais da ordem de R$ 1,4 trilhão, dos quais 26,7% correspondem ao segmento de energia elétrica; 70,6% ao de petróleo e gás natural; e 2,6%, ao de biocombustíveis líquidos. Dentre os principais parâmetros físicos, haverá ampliação entre o verificado em 2014 e 2024: da oferta da capacidade instalada para atendimento à carga de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional, de 132,9 GW para 206,4 GW, não incluída a autoprodução; da produção de petróleo, de 2,3 milhões de barris/dia para 5,1 milhões de barris/dia; da produção de gás natural, de 87,4 milhões de m3 /

dia para 171,7 milhões de m3 /dia; e da produção de etanol, de

28,5 milhões de m3 para 43,9 milhões de m3.

Em reconhecimento à importância dessas perspectivas, foi promulgada a Lei 12.351/10, que instituiu o novo regime misto de partilha na exploração de combustíveis fósseis, para aumentar os ganhos obtidos pelo Estado Brasileiro com tal exploração. Em especial, registre-se o teor do inciso V do art. 2 da Lei em pauta, que define área estratégica de interesse nacional e, como tal, o denominado “Polígono do Pré-Sal”, conforme coordenadas geográficas anexadas ao texto da Lei:

Art. 2o Para os fins desta Lei, são estabelecidas as seguintes

definições: [...]

IV - área do pré-sal: região do subsolo formada por um prisma vertical de profundidade indeterminada, com superfície poligonal definida pelas coordenadas geográficas de seus vértices estabelecidas no Anexo desta Lei, bem como outras 11 A partir da Declaração de Comercialidade, a fase de produção planejada no caso dos campos

marítimos dura em média 27 anos, e a exploração petrolífera na Bacia de Campos foi iniciada logo após as descobertas de petróleo em 1974. Ou seja, em que pese o esforço tecnológico, novas reservas tem de ser exploradas em face do decréscimo produtivo dos campos mais antigos.

12 Os Planos Decenais elaborados no setor elétrico constituem um dos principais instrumentos de planejamento da expansão “eletroenergética” do país. A partir de 2007 esses planos ampliaram a abrangência dos seus estudos, incorporando uma visão integrada da expansão da demanda e da oferta de diversos energéticos, além da energia elétrica. Disponível em: < www.epe.gov.br/PDEE/ Relatório%20Final%20do%20PDE%202024.pdf>. Acesso em: 8 set.2016.

(7)

regiões que venham a ser delimitadas em ato do Poder Executivo, de acordo com a evolução do conhecimento geológico;

V - área estratégica: região de interesse para o desenvolvimento nacional, delimitada em ato do Poder Executivo, caracterizada pelo baixo risco exploratório e elevado potencial de produção de petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos fluidos [...]. (BRASIL, 2010b).

A lei ainda dispõe (art. 4 e 20, e a alínea c do inciso III do art. 10) que a PETROBRAS seria a operadora exclusiva de todos os blocos, cabendo-lhe a participação mínima de 30% nos consórcios efetivamente celebrados entres ela e outras operadoras. Vale ressaltar que, mesmo que no futuro tal percentual seja alterado, a relevância estratégica do Pré-Sal para o Brasil não deixaria de existir.

Consoante os ditames da citada lei, realizou-se o leilão no Campo de Libra sob o regime de partilha, que tem previsão de plena operação para o ano de 2020. Como nesse regime são devidos mais recursos à União do que no regime de concessão, em função do baixo risco exploratório, tal fato reforça ainda mais o desafio defensivo que se apresenta, com somas bilionárias envolvidas, e a participação do Estado brasileiro, de empresas europeias e chinesas13.

Considerando que, já no final de 2012, 94% de nossas reservas totais provadas de petróleo se encontravam no mar (AGÊNCIA..., 2013)14, bem como 84% das

reservas de gás natural (AGÊNCIA..., 2013).15, a nossa vulnerabilidade estratégica

em relação à produção offshore, com o desenvolvimento da exploração no Pré-Sal, tende a se acentuar. Neste sentido, a atual versão da END, aprovada em 2013, (BRASIL, 2013) manteve a defesa proativa das plataformas petrolíferas como um dos quatro objetivos estratégicos de defesa a cargo da MB, o que é coerente com os recursos e esforços tecnológicos envolvidos e previstos no desenvolvimento do Pré-Sal, bem como a dependência da economia brasileira de combustíveis fósseis.

Tal defesa constitui um complexo problema militar, por ter como objetivo estruturas numerosas, de grande porte, estáticas, espalhadas em uma extensa área

13 Somente em 2014, o consórcio formado pela Petrobras (40%), Shell (20%), Total (20%), CNPC (10%) e CNOOC (10%) previa gastar entre US$ 400 e US$ 500 milhões na exploração do campo de Libra em 2014. O campo de Libra é o primeiro do Pré-sal a ser explorado sob o contrato de partilha, em que a União é sócia do empreendimento. As reservas foram estimadas entre 8 e 12 bilhões de barris, e os testes exploratórios já indicam haver mais petróleo no referido campo do que o inicialmente estimado, ampliando sobremaneira as reservas do Brasil. Disponível em: < http://agenciabrasil. ebc. com.br/ economia/ noticia/2014-01/consorcio-vai-gastar-r-1-bilhao-na-exploracao-de-libra-neste-ano>. Acesso em: 8 set.2016.

14 Tabela 2.4 – Reservas provadas de petróleo, por localização (terra e mar), segundo unidades da Federação – 2003-2012 (AGÊNCIA..., 2013).

15 Tabela 2.6 – Reservas provadas de gás natural, por localização (terra e mar), segundo unidades da Federação – 2003-2012 (AGÊNCIA..., 2013).

(8)

e ainda a distância da costa – o campo “Lula”, em operação comercial atualmente (setembro de 2016), situa-se a cerca de 160 milhas (300 km) (PRÉ-SAL, 2010). Ressalta-se, além disso, que, com a contínua prospecção, observa-se um distanciamento cada vez maior da dos campos descobertos, o que tende a aumentar essa dificuldade no futuro, realçando uma importante vulnerabilidade estratégica, conforme ilustra a apresentação cartográfica constante da figura 1.

Figura 1- Polígono do Pré-Sal representado no Sistema de Simulação de Guerra Naval (SSGN)16

Fonte: ESCOLA DE GUERRA NAVAL, 2016.

O termo “vulnerabilidade estratégica” alude ao fato de, além das chamadas “novas ameaças”, principalmente o terrorismo, figurarem com destaque na agenda atual, os enfrentamentos armados entre Estados não foram suprimidos do repertório

16 Observa-se nesta figura que as principais Bacias petrolíferas do Brasil, o pós-sal da Bacia de Campos e o Pré-Sal (Espírito Santo, Campos e Santos), coincidem geograficamente.

(9)

das Relações Internacionais e, em tal situação, aqueles objetivos seriam certamente buscados por um oponente por sua importância para o Brasil e pela facilidade de engajamento.

Mesmo não tratando de hostilidades abertas, cabe lembrar que, na eventualidade de crises político-estratégicas (que têm início em tempo de paz, mas podem evoluir para conflitos armados), a mesma vulnerabilidade faz com que tais estruturas constituam objetos convidativos para coerção velada ou ostensiva, buscando forçar atitudes indesejadas ao Brasil por meio da passagem ou permanência ameaçadora de forças navais em suas proximidades, em conjunto com ações diplomáticas.

Cabe notar que tais crises podem ocorrer até entre países tradicionalmente amigos e por motivações bem pouco consistentes, como a chamada “Guerra da Lagosta” (1963), crise provocada por questões envolvendo a pesca desse crustáceo entre o Brasil e a França, o que acarretou o posicionamento das forças navais na área de conflito, o nordeste brasileiro17.

A eventual redução da capacidade de uma plataforma teria consequências econômicas que poderiam ser importantes, já alguns tipos de avaria ou a destruição de uma delas acarretaria também danos ambientais de grandes proporções, como foi evidenciado pela explosão, no caso acidental, da Plataforma Deep water Horizon, no Golfo do México, em 20 de abril de 2010, e seu afundamento ocorrido dois dias depois18.

Como é de se supor, tal preocupação já está presente: a Marinha do Brasil foi acionada na noite de sábado, 30 de novembro de 2013, para atender a uma ocorrência de suspeita de bomba na plataforma Frade, da Chevron, localizada na Bacia de Campos, a cerca de 230 quilômetros da costa de Macaé (RJ). As atividades na plataforma tiveram de ser interrompidas por um dia, e um inquérito foi aberto, na ocasião, para investigar o episódio19.

Cabe, por fim, considerar também que, observando o atual balanço energético brasileiro, verifica-se que os hidrocarbonetos fósseis provenientes do mar são insumos críticos para a vida da nação, sem substituto na porção continental, de onde provém apenas uma pequena parte.

Os aspectos acima mencionados justificam o estabelecimento pela END da defesa das plataformas como primeiro objetivo estratégico da Marinha, e o requisito de tal defesa ser proativa, entendendo-se daí que mesmo o primeiro possível dano

17 Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/a-lagosta-e-nossa-24v9shy 09i5lw3 gg5 83pln8em > Acesso em: 27 ago. 2016.

18 Disponível em: <http://www.ecodesenvolvimento.org/noticias/golfo-do-mexico-e-palco-de-um-dos-piores-desastres> Acesso em: 08 set. 2016.

19 Disponível em: <https://noticias.terra.com.br/brasil/marinha-abre-inquerito-para-investigar-suspeita-de-bomba-em-plataforma,9e5f7f0d54fa2410VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html >. Acesso em: 08 set.2016.

(10)

deve ser impedido, à semelhança do preconizado para a defesa de instalações navais, portuárias e ilhas oceânicas, e ao contrário do disposto no mesmo item para a proteção do tráfego marítimo, cuja defesa preconizada é reativa (BRASIL, 2013, p.10, item 1 alíneas a, b e c).20.

Este último ponto implica uma diretriz para o reexame das capacidades defensivas atualmente existentes e motivou o presente estudo, que concluiu pela conveniência de um comando operacional conjunto para a defesa, pelo menos das plataformas mais importantes, as situadas no Pré-Sal, assunto do próximo item. 3 UM COMANDO CONJUNTO NA AMAZÔNIA AZUL

Há um aspecto do Direito Internacional que dificulta sobremaneira a defesa das plataformas: pela Convenção das Nações Unidas para o Direito do Mar (CNUDM), um Estado só tem soberania plena sobre seu Mar Territorial (MT), que se estende até 12 milhas da costa, podendo aí restringir áreas à passagem de navios de guerra ou mercantes como bem lhe aprouver. O mesmo não acontece dessa faixa para fora, no restante da ZEE nem nas extensões da PC, onde possui direitos de exploração econômica, mas só pode restringir a passagem de navios nas proximidades de suas instalações fixas aí situadas até o limite de 500 metros delas (BRASIL, 1995. art. 60, alínea b, item 5). - distância que um navio a 12 nós, velocidade relativamente baixa, percorre em 1,5 minutos - claramente insuficiente para a adequada proteção das plataformas.

Como a maioria das plataformas brasileiras está situada além do MT, a alternativa lógica para buscar a proatividade de sua defesa consiste em manter a melhor vigilância possível de uma vasta área marítima circundante, a fim de detectar vetores marítimos ou aeroespaciais com posições ou movimentos que indiquem possível perigo àquelas unidades, estabelecer protocolos para alertá-los previamente ou neutralizá-alertá-los pela força, se for o caso, e manter a cadeia de comando e controle devidamente informada para permitir as melhores condições de tomar as decisões necessárias, que poderão causar uma grave crise internacional ou imensos prejuízos econômicos e ambientais.

Acredita-se que a melhor concretização de tal alternativa passa pela existência de um comando operacional específico, permanentemente ativado e guarnecido para a defesa, pelo menos, das plataformas do Pré-Sal, por serem estas as responsáveis pela maior parte da produção nacional21. A necessidade de

emprego de meios aéreos de esclarecimento e ataque da Força Aérea Brasileira

20 Tal argumentação foi realçada por Judice e Pinon, (2016), já que é mais difícil isolar um interesse estratégico em relação ao tráfego marítimo devido ao caráter transnacional da referida atividade no tempo presente, realçado pela desnacionalização do setor ocorrida no Brasil.

21 Recorda-se que o pós-sal da Bacia de Campos está contido no Polígono do Pré-sal, e há uma rápida tendência dessa camada mais profunda do subsolo marítimo assumir a vanguarda na produção energética do Brasil.

(11)

(FAB) e de meios navais implicaria que esse comando fosse conjunto, sob a liderança da Marinha do Brasil, análogo ao Comando de Defesa aeroespacial Brasileiro (COMDABRA)22, comando conjunto sob a liderança da FAB, que tem o propósito de

assegurar a soberania e o controle do espaço aéreo brasileiro.

Cabe observar que o COMDABRA é o único comando operacional permanentemente ativado constante da Estrutura Militar de Defesa atual. Tal condição se justifica pela necessidade de curto tempo de reação23 para se opor à

ameaça de vetores aeroespaciais ao território nacional mesmo em tempo de paz, o que poderia caracterizar um início de conflito.

Principalmente no que toca à necessidade de curto tempo de reação, no caso, não necessariamente para engajamento, mas também para início de acompanhamento, existe grande analogia do comando conjunto ora proposto com o COMDABRA, porque o Atlântico Sul encerra aspectos geoestratégicos desfavoráveis à defesa marítima, tanto dos ativos litorâneos quanto do próprio território brasileiro.

Enquanto em outros países, como a China, os acessos por mar são restritos por diversos acidentes geográficos a distâncias não muito grandes, ensejando linhas de aproximação ou possibilidades de obstrução definidas em cadeias de ilhas e estreitos, o oceano que banha o Brasil não tem qualquer obstrução utilizável para tais fins. Nessa situação, um eventual agressor tem acesso amplo, total e irrestrito a qualquer objetivo litorâneo ou territorial, beneficiando-se da iniciativa e das linhas exteriores, enquanto a defesa deve ser tempestiva, manobrando por linhas interiores, o que amplifica a necessidade de eficazes sistemas de vigilância sobre grandes áreas e meios de reação de grande mobilidade e discrição, como aeronaves e submarinos nucleares de ataque.

A propósito, o COMDABRA é o operador do Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA) que tem por finalidade cumprir o primeiro objetivo estratégico atribuído à FAB pela END – “Exercer a vigilância do espaço aéreo, sobre o território nacional e as águas jurisdicionais brasileiras, com a assistência dos meios espaciais, aéreos, terrestres e marítimos”.

Pelo Glossário das Forças Armadas, as “águas jurisdicionais” constituem o “Espaço jurisdicional marítimo que compreende as águas interiores, o mar territorial, a zona contígua e a zona econômica exclusiva de um país, onde é exercida pelo Estado costeiro a jurisdição para fazer cumprir suas leis e onde dispõe do poder de punir quem as infrinja” (BRASIL, 2013, p. 16, item 1).

Pela CNUDM, a ZEE estende-se desde a linha da costa até 200 milhas,

22 A recém anunciada mudança na estrutura organizacional da FAB, pela qual o COMDABRA passaria a ser denominado Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), não invalida as argumentações subsequentes.

(12)

abrangendo, portanto, o Mar Territorial, que vai da linha da costa até 12 milhas e a “Zona Contígua”, que compreende a faixa subsequente, de 12 a 24 milhas da costa (BRASIL, 1995, art. 56, 33, 3).

Ainda pela Convenção, a faixa em que “o Estado costeiro tem jurisdição para fazer cumprir suas leis e onde dispõe do poder de punir quem as infrinja” se estende até a “Zona Contígua”, não abrangendo o restante da ZEE, onde o Estado teria um poder de polícia mais restrito ao direito exclusivo de exploração econômica da massa líquida, do solo e do subsolo. Além disso, o Glossário não faz menção às extensões da PC, que ocorrem em vários trechos da ZEE, desde seu limite externo até 350 milhas da costa (BRASIL, 1995, ART.77, ITEM 4), onde o Estado tem direito exclusivo de exploração do fundo e do subsolo marinhos, e até onde vai o conceito de “Amazônia Azul”.

Fica-se, assim, na dúvida sobre se o SISDABRA vai até o limite externo da ZEE (200 milhas), cobrindo todas as plataformas atualmente existentes e não cobrindo outras que, no futuro, venham a ser instaladas mais além, nas extensões da PC, ou se só vai até a Zona Contígua (24 milhas), deixando fora de sua cobertura grande parte da produção marítima de petróleo e gás, que seria relegada a um sistema defensivo de superfície marítima.

De qualquer forma, o COMDABRA é focado nas eventuais violações do espaço aéreo e carece da especificidade necessária à proteção do Pré-Sal, podendo, porém, constituir uma “força amiga”, alocando meios acionáveis pelo Comando Conjunto aqui proposto.

Neste ponto, é importante registrar a necessidade de atualização na atual edição da Doutrina Básica da Marinha (DBM), em que a defesa das plataformas não figura mais como uma operação de guerra específica. Além disso, onde essa publicação discorre sobre as ações de defesa aeroespacial, é informado que isso seria “aplicável tanto a uma força naval ou de fuzileiros navais como a uma organização militar de terra”, sem menção às plataformas, o que, na edição anterior, era objeto de solicitação ao COMDABRA.

No que toca à FAB, note-se também que os meios de maior capacidade de esclarecimento (BRASIL, 2014, p. 3-20) e autonomia atualmente disponíveis, as aeronaves recentemente adquiridas P-3 AM, agora estão sob o controle operacional do COMDABRA. Acrescente-se que tais meios estão sediadas na Base Aérea de Salvador (BASV), cuja distância ao Pré-Sal não favoreceria a contribuição permanente para a proatividade de sua defesa24, como preconizado na END. Dessa forma,

seu controle operacional (BRASIL, 2014, p. 2-5), bem como alternativas de apoio

24 Considerando o acionamento das aeronaves P-3AM sediadas em Salvador, temos um tempo de deslocamento superior a uma hora e meia para atingir a porção principal do Pré-Sal, em latitudes próxima às do Estado do Rio de Janeiro, consoante dados do fabricante analisados no Sistema de Simulação de Guerra Naval (SSGN). Ressalta-se ainda que a autonomia dessas aeronaves fica reduzida sensivelmente quando elas operam a partir de 1000 milhas da base, para realizar alguma ação no Pré-Sal.

(13)

logístico, são aspectos a serem reavaliados à luz das diretrizes de interoperabilidade preconizadas nesse documento, para fins da defesa do Pré-Sal.

Em apoio à presente proposta, registre-se que a diretriz de número 8 da END preconiza a existência de estados-maiores conjuntos regionais “para realizar e atualizar, desde o tempo de paz, os planejamentos operacionais da área”, a partir da coincidência das jurisdições dos Distritos Navais com as dos comandos de área das demais Forças, “ressalvados impedimentos decorrentes de circunstâncias locais ou específicas”. Um comando conjunto destinado a proteger ativos no polígono do Pré-Sal estaria alinhado com a primeira afirmativa, embora buscasse atender uma necessidade estratégica tão importante e específica que ultrapassaria em muito a pura e simples coincidência de jurisdições, pois, apenas no que toca à MB, a área em lide abrangeria a jurisdição de três distritos navais. Dessa forma, sua constituição e organização exigiriam estudos provavelmente inéditos.

Se for considerada a dupla natureza de um Teatro de Operações25 (TO), que

corresponde tanto a um escalão de comando, quanto a um espaço geográfico (MAGALHÃES, 2004.), os espaços marítimos apresentam-se naturalmente para a disposição de um TO desde o tempo de paz. Logo, os Estados que têm consciência de suas vulnerabilidades e oportunidades estratégicas, como o Brasil, poderiam dispor seus meios navais e aéreos em áreas a serem designadas a um CCj, haja vista a liberdade de movimentação nos espaços marítimos internacionais. Se o Brasil já estabelece em tempo de paz TO nas fronteiras terrestres com o fito de combate à criminalidade, como nas operações Ágata26, por que não pensar no estabelecimento

de um TO nas áreas marítimas adjacentes de maior relevância estratégica?

Em face do exposto, ao se proceder a análise da defesa aeroespacial das plataformas petrolíferas em nossas águas jurisdicionais, verifica-se a necessidade de um CCj que se debruce mais sobre o assunto. Não se pode, neste sentido, prescindir de esclarecimento, e mais detalhadamente, de patrulha em posição na área a defender, quer seja naval ou aérea, para cogitar-se em algum grau de proatividade, tal como estabelece a END.

Enfim, além da exiguidade de meios, nota-se um hiato doutrinário e estratégico para a defesa aeroespacial das plataformas petrolíferas offshore, no nível de doutrina militar conjunta. Ademais, o distanciamento cada vez maior da exploração do Pré-Sal brasileiro em relação à costa evidencia a necessidade de aprimoramentos no ambiente marítimo, de natureza tridimensional, que “afeta

25 Parte do teatro de guerra necessária à condução de operações militares de grande vulto, para o cumprimento de determinada missão e para o consequente apoio logístico (BRASIL, 2015). Não se vislumbram óbices em se ativar TO sem conflitos efetivos, em face das vulnerabilidades ressaltadas neste estudo, nos instáveis tempo de crise, e tais ativações já ocorrem em operações de Garantia da Lei e da Ordem.

26 Disponível em <http://www.defesa.gov.br/index.php/noticias/17208-agata-10-aldo-rebelo-visita-o-teatro-de-operacoes-da-amazonia-oriental> . Acesso em: 08 set. 2016.

(14)

a guerra naval em todas as suas facetas: o esclarecimento, a classificação e o lançamento das armas” (BRASIL, 2014, p.1-3).

Ao seu turno, quando mencionamos operações antissubmarino, o grau de dificuldade aumenta ainda mais devido à característica de ocultação da arma, associada à vulnerabilidade das estruturas petrolíferas marítimas a ataques desses meios, que podem se materializar por torpedos, mísseis ou incursões de forças especiais.

Em face do exposto, propõe-se como conveniente e oportuno ativar-se permanentemente um CCj na Amazônia Azul, ao qual deveriam ser adjudicadas forças prontas, ação consoante à diretriz de número 7 da END que aduz: “Unificar e desenvolver as operações conjuntas das três Forças, muito além dos limites impostos pelos protocolos de exercícios conjuntos.” (BRASIL, 2016).

Visualiza-se ainda, nesse documento, que o trinômio orientador descrito acima também pressupõe a interoperabilidade, que consiste na:

1. Capacidade de forças militares nacionais ou aliadas operarem, efetivamente, de acordo com a estrutura de comando estabelecida, na execução de uma missão de natureza estratégica ou tática, de combate ou logística, em adestramento ou instrução. O desenvolvimento da interoperabilidade busca otimizar o emprego dos recursos humanos e materiais, assim como aprimorar a doutrina de emprego das Forças Armadas. A consecução de um alto grau de interoperabilidade está ligada diretamente ao maior ou menor nível de padronização de doutrina, procedimentos, documentação e de material das Forças Armadas. São os seguintes níveis de padronização: compatibilidade, intercambialidade e comunialidade. 2. Capacidade dos sistemas, unidades ou forças de intercambiarem serviços ou informações ou aceitá-los de outros sistemas, unidades ou forças e, também, de empregar esses serviços ou informações, sem o comprometimento de suas funcionalidades. (BRASIL, 2015, p. 151).

Buscando a interoperabilidade, como o espaço aéreo sobrejacente é essencial para a defesa do Pré-Sal, meios do Poder Naval e do Poder Aeroespacial poderiam integrar-se e serem adjudicados a um CCj, combinando versatilidade e mobilidade, aproveitando-se a experiência do COMDABRA, permanentemente ativado para a defesa aeroespacial do território nacional.

A implementação da interoperabilidade pela ativação de um CCj também poderia abranger outros órgãos do Estado com atuação jurisdicional no mar, como a Polícia Federal e o Instituto Brasileiro do Meio Ambientes e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Nesse sentido, já existem estudos nos quais foi vislumbrada

(15)

a possibilidade da criação de um Centro de Operações Marítimas (COpeMar), sob responsabilidade da MB, e que congregaria agentes estatais com competências concorrentes para a atividade fiscalizatória da legislação nacional marítima e demais institutos de Direito Internacional dos quais o Brasil é signatário. Considerando a argumentação desenvolvida neste artigo, um COpeMar dedicado especificamente às importantes atividades subsidiárias da MB poderia fazer parte do futuro CCj, a ser ativado oportunamente.

Em síntese, a ativação de um CCj na Amazônia Azul, com atuação na área estratégica do Pré-sal, além de atender às orientações da END, contribuiria para a integração das Forças Armadas e promoveria também um efeito sinérgico derivado da atuação integrada dos demais órgãos fiscalizatórios do Estado e o Poder Militar, otimizando-se assim recursos materiais e humanos.

Cabe destacar que tal CCj também contribuiria para a defesa das bacias sedimentares já exploradas do pós-sal27, bem como de novos objetivos, pois

novas áreas estratégicas poderão ser visualizadas na Amazônia Azul e no Atlântico Sul. Cita-se como exemplo a perspectiva de exploração propiciada a partir da autorização recente concedida ao Brasil, pela Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISBA)28, para exploração mineral de uma área de 3 mil km² localizada em

águas internacionais do Atlântico Sul, numa região conhecida como Elevado do Rio Grande.

A ativação de tal comando consistiria numa resposta do sistema de Defesa Nacional ao desafio representado pela importância da dádiva, algo repentina, que o Pré-Sal representou para o Brasil, e é lícito supor que essa seria a leitura feita pelo Sistema Internacional que está sempre atento, pois é esperado que os Estados resguardem com firmeza os benefícios recebidos, principalmente recursos naturais desse porte, que alteram até mesmo o quadro energético do Atlântico Sul. A inação pode ser lida como desleixo nacional, e isso contrastaria com os recados transmitidos por outros Estados. Foi sintomático o fato de, pouco depois do anúncio pelo Brasil da descoberta dessa província petrolífera, os EUA reativaram sua quarta esquadra.

Essa organização militar, que havia sido desativada nos anos 1950, tem por área de responsabilidade a América do Sul e seus espaços marítimos adjacentes, e sua reativação coincide com o aumento da importância estratégica do Atlântico Sul, o que, na nossa visão, não se deve exclusivamente às atividades de pirataria, com destaque para o Golfo da Guiné. Essa mesma quarta esquadra auxiliou em muito a MB na Segunda Guerra Mundial, na oposição aos submarinos alemães que

27 Na principal Bacia petrolífera do Brasil, o pós-sal da Bacia de Campos, o Pré-Sal e o pós-sal coincidem geograficamente, conforme se verifica na figura 1.

28 Disponível em: <http://www.cpadnews.com.br/giro-pelo-brasil/23195/brasil-recebe-autorizacao-da-onu-para-explorar-recursos-no-fundo-do-mar.html >. Acesso em: 23 jul.2014.

(16)

causaram forte impacto afundando navios brasileiros a curta distância da costa, mostrando que o Brasil fora surpreendido despreparado para o maior conflito da História que, na época, se desenhava havia mais de uma década.

Tal consideração e outras pertinentes à necessidade de evolução organizacional para uma defesa marítima brasileira de amplo espectro constam de análises mais pormenorizadas no livro A Defesa do Ouro Negro da Amazônia Azul29, lançado no

corrente ano pela Escola de Guerra Naval. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No campo teórico, quando estrategistas navais, como Alfred Thayer Mahan (1840-1914) e Sir Julian Stattford Corbett (1854-1922), desenvolveram teorias de comando ou de controle do espaço marítimo, a CNUDM III não havia sido estatuída, e a exploração econômica direta dos espaços marítimos era ainda incipiente. Atualmente, quando a END sugere um “emprego desigual e conjunto” do controle e da negação do uso do mar, priorizando esta última atitude estratégica, transparece que se deve aprofundar mais sobre o assunto quando o que está em jogo é uma defesa efetiva de um interesse vital para o Estado Brasileiro, os seus ativos petrolíferos offshore. Defender em caráter permanente “o ouro negro” produzido em “cidades industriais” estacionárias em alto-mar, acessíveis aos livres navegadores das “planícies” do Atlântico Sul, é um desafio tecnológico para o paradigma30 do

Poder Naval.

Analisando ainda a principal obra de Corbett (1911), posterior ao clássico de Mahan, observa-se que a arma submarina era muito recente, conforme aquele autor aduziu no trecho: “O valor não comprovado dos submarinos somente aprofunda a névoa que sobressai da guerra naval futura” (CORBETT, 1911, p.234)31. Um século

depois, decorridas duas Grandes Guerras e dezenas de conflitos internacionais, a END aduz:

Para assegurar a tarefa de negação do uso do mar, o Brasil contará com força naval submarina de envergadura, composta de submarinos convencionais e de submarinos de propulsão nuclear. O Brasil manterá e desenvolverá sua capacidade de projetar e de fabricar tanto submarinos de propulsão 29 JUDICE; PIÑON, 2016. Disponível em < https://www. egn.mar.mil .br/arquivos /ADefesa do Ouro

Negro da AmazoniaAzul.pdf.

30 Segundo Kuhn (2006, p. 30), duas características conformam um paradigma: suas realizações foram sem precedentes para atrair um grupo duradouro de partidários, e tais realizações eram suficientemente abertas para deixar toda a espécie de problemas para serem resolvidos pelo grupo redefinido de praticantes da ciência.

31 “The unproved value of submarines only deepens the mist that overhangs the next naval war” (tradução nossa).

(17)

convencional, como de propulsão nuclear. Acelerará os investimentos e as parcerias necessários para executar o projeto do submarino de propulsão nuclear. Armará os submarinos com mísseis e desenvolverá capacitações para projetá-los e fabricá-los. Cuidará de ganhar autonomia nas tecnologias cibernéticas que guiem os submarinos e seus sistemas de armas, e que lhes possibilitem atuar em rede com as outras forças navais, terrestres e aéreas. (BRASIL, 2014, p. 11, grifo nosso)

Tal orientação, em adição às teorias do Poder Aéreo, que acrescentaram uma terceira dimensão à guerra no mar32, remete-nos ao fato de que não se pode olvidar

atualmente também da guerra cibernética e espacial. Enfim, a tecnologia tornou o ambiente marinho multidimensional.

Diante do exposto, sob a égide do trinômio monitoramento/controle, mobilidade e presença, a defesa proativa da região do Pré-Sal, num ambiente multidimensional, passa pelo desenvolvimento da interoperabilidade, que “é fator de extrema importância para o sucesso das operações conjuntas, combinadas, interagências e multinacionais” (BRASIL, 2013, p. 2-4).

Enfim, alerta-se que a sociedade internacional permanecerá por muito tempo dependente dos derivados de petróleo e que a “fome” energética mundial só faz crescer, destacando-se as demandas crescentes das economias da China e da Índia (IEA, 2013), para não falar só no Brasil. Vale notar que um recente estudo técnico-científico realizado pelos pesquisado res Cleveland Jones e Hernani Chaves, do Instituto Nacional de Óleo e Gás da Univer sidade do Estado do Rio de Janeiro, aponta para a existência de pelo menos 176 bilhões de barris de recursos não descobertos e recuperáveis de petróleo e gás na área do Pré -Sal, além dos 30 bilhões já mapeados e registrados na ANP33.

Nesse contexto, a análise da proposta estruturante de ativação permanente de um CCj, que inicialmente visaria à proteção de campos petrolíferos “supergigantes”34 do Pré-sal, riqueza efetiva da Amazônia Azul, não pode mais

tardar, na nossa visão.

A multiplicação das plataformas petrolíferas offshore foi provocada pela demanda crescente de hidrocarbonetos decorrente da onda de crescimento

32 Tais teorias também não tinham se desenvolvido ainda na época de Corbett, devido à tecnologia de voo ser ainda muito recente quando da publicação de sua obra clássica.

33 Tal estudo, divulgado no segundo semestre de 2015 para a imprensa, corresponde à tese de doutorado do primeiro autor citado, sob a orientação do segundo, com emprego do Método de Monte Carlo e software de prospecção desenvolvido pela empresa Statoil, tendo sido recentemente apresentado em palestra realizada na Escola de Guerra Naval.

34 Classificação adotada no setor petrolífero para os campos com mais de 5 bilhões de barris de óleo equivalente (boe), como o de “Lula” (MORAIS, 2013).

(18)

econômico mundial iniciada após o fim da Segunda Guerra Mundial (MORAIS 2013). As crises do petróleo dos anos 1970 evidenciaram que tais produtos constituem insumos críticos, e as convulsões político-estratégicas que assolam atualmente as regiões em que se situam suas fontes onshore aumentam sua importância, aceleram sua multiplicação e realçam a vantagem competitiva do Brasil nesse setor. Por outro lado, em face desses mesmos motivos, pode-se especular que uma eventual agressão contra uma UEP do Pré-sal teria um impacto econômico, político e social superior ao provocado pelo afundamento de mercantes brasileiros por submarinos alemães no conflito acima citado.

Por causas diversas em que não faltaram crises econômicas, o despreparo foi a tônica do início de nossa participação na Batalha do Atlântico, mas saímos do conflito razoavelmente preparados principalmente para a Guerra Antissubmarino, o aspecto mais importante durante a Guerra Fria, o que era a principal necessidade - a proteção do tráfego marítimo. Atualmente, as circunstâncias mudaram: o tráfego marítimo continua importante porque escoa o grosso do comércio internacional do País, trazendo bens e divisas, mas, para o suprimento de petróleo e gás, sua participação é muito pequena em termos numéricos, e a principal necessidade estratégica no mar é a defesa das plataformas.

Fazendo uma comparação simples, é baixa a probabilidade de se encontrar um vizinho rico que deixe a porta de casa aberta só porque é bem relacionado com a comunidade a que pertence. Logo, da mesma forma, o Brasil não pode assumir uma postura estratégica que dependa tão somente de sua influência política ou econômica para dissuadir ameaças. Também não basta dispor meios, ainda que modernos. Assim, mesmo com diversas tarefas competindo por esforços e recursos, é imperioso que se implante uma organização específica para a defesa do Pré-Sal, e este artigo oferece uma proposta.

REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DO PÉTRÓLEO (Brasil). Anuário estatístico brasileiro do petróleo,

gás natural e biocombustíveis 2013. Brasília, DF, 2013. Disponível em: <http://www.

anp.gov.br/?pg=71777>. Acesso em: 08 set. 2016.

BRASIL. Decreto Legislativo nº 373, de 25 de setembro de 2013. Aprova a Política Nacional de Defesa, a Estratégia Nacional de Defesa e o Livro Branco de Defesa Nacional, encaminhados ao Congresso Nacional pela Mensagem nº 83, de 2012. [Diário Oficial da União], Brasília, DF, 26 set. 2013. Disponíveis em: <http://www. datadez.com.br/normaintegra.asp?id=16239>,<http://ecsbdefesa.com.br/defesa/ fts/PND.pdf> e < http://www.defesa. gov.br/arquivos/2012/ mes07/ end.pdf > Acesso em: 16 jan. 2016.

(19)

______. Decreto nº 1.530, de 22 de junho de 1995. Declara a entrada em vigor da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, concluída em Montego Bay, Jamaica, em 10 de dezembro de 1982. [Diário Oficial da União], Brasília, DF, 22 jun. 1995. Disponível em: <https://www.egn.mar.mil.br/arquivos/cursos/csup/CNUDM. pdf>. Acesso em: 28 jul. 2015.

______. Estado Maior da Armada. Doutrina básica da Marinha. Brasília, DF, 2014. ______. Decreto nº 7.276, de 25 de agosto de 2010. Aprova a estrutura militar de defesa e dá outras providências. [Diário Oficial da União], Brasília, DF, 26 ago. 2010a. ______. Lei nº 12.351, de 22 de dezembro de 2010. Dispõe sobre a exploração e a produção de petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos fluidos, sob o regime de partilha de produção, em áreas do pré-sal e em áreas estratégicas; cria o Fundo Social - FS e dispõe sobre sua estrutura e fontes de recursos; altera dispositivos da Lei no 9.478, de 06 de agosto de 1997; e dá outras providências. [Diário Oficial da União], Brasília, DF, 23 dez. 2010b.

______. Ministério da Defesa. Doutrina militar de defesa. Brasília, DF, 2007. ______. Glossário das Forças Armadas. 5. ed. Brasília, DF, 2015.

______. Manual de abreviaturas, siglas, símbolos e convenções cartográficas das

forças armadas. 3. ed. Brasília, DF, 2008.

CORBETT, Julian Stafford. Principles of maritime strategy. New York: Longmans, Green and Co., 1911.

DUCAN, James; STEWART, Carrol. Ploesti: a história de uma batalha decisiva. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1972.

INTERNATIONAL ENERGY AGENCY. World energy outlook 2013: executive summary. Paris, 2013. Disponível em: <http://www.iea.org/Textbase/npsum/WEO

2013SUM.pdf>. Acesso em: 07 jun. 2014.

JUDICE, Luciano Ponce Carvalho; PIÑON, Charles Pacheco. A defesa do ouro negro da Amazônia Azul. Rio de Janeiro: Escola de Guerra Naval, 2016. Disponível em <https://www.egn.mar.mil.br/arquivos/ADefesadoOuro NegrodaAmazoniaAzul. pdf>. Acesso em: 08 set. 2016.

KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. 9. ed. São Paulo: Perspectiva, 2006.

(20)

MAGALHÃES, Paulo Maurício de Moraes. A coordenação e controle do espaço aéreo

em campanha: um estudo. 2004. 220 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Comando

e Estado-Maior, Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2004.

MEARSHEIMER, John J. The tragedy of great power politics. New York: W.W. Norton

& Company, 2001.

MORAIS, J. M. Petróleo em águas profundas: uma história tecnológica da PETROBRAS na exploração e produção offshore. Brasília, DF: IPEA, 2013. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_ content&view=article&id=18251>. Acesso em: 07 ago. 2014.

PETROBRAS declara comercialidade do Campo de Tupi: área será rebatizada e vai se chamar ‘Lula’. Veja, [S.l.], 29 dez. 2010. Disponível em: <http://veja.abril.com. br/economia/petrobras-declara-comercialidade-do-campo-de-tupi-area-sera-rebatizada-e-vai-se-chamar-lula/>. Acesso em: 16 maio 2014.

ESCOLA DE GUERRA NAVAL. Sistema de simulação de guerra naval: software. Rio de Janeiro, 2013.

Recebido em: 12 set. 2016. Aceito em: 22 nov. 2016.

Imagem

Figura 1- Polígono do Pré-Sal representado no Sistema de Simulação de Guerra  Naval (SSGN) 16

Referências

Documentos relacionados

Assim sendo, no momento de recepção de encomendas é necessário ter em atenção vários aspetos, tais como: verificar se a encomenda é para a farmácia; caso estejam presentes

nesta nossa modesta obra O sonho e os sonhos analisa- mos o sono e sua importância para o corpo e sobretudo para a alma que, nas horas de repouso da matéria, liberta-se parcialmente

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

Conforme a adesão à medicação, para este estudo, considerou-se apenas o consentimento da terapia antirretroviral, visto que a literatura não apresenta nenhum

3.3 o Município tem caminhão da coleta seletiva, sendo orientado a providenciar a contratação direta da associação para o recolhimento dos resíduos recicláveis,

Realizar a manipulação, o armazenamento e o processamento dessa massa enorme de dados utilizando os bancos de dados relacionais se mostrou ineficiente, pois o

Neste estudo foram estipulados os seguintes objec- tivos: (a) identifi car as dimensões do desenvolvimento vocacional (convicção vocacional, cooperação vocacio- nal,

Todas as decisões tomadas durente o decorrer deste trabalho levaram em consideração que o mesmo visa contruir um conjunto de componentes de software que forneçam as funcionalidades