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Características físico-químicas e aceitação sensorial de tomates secos adicionados de pimenta doce / Physicochemical characteristics and sensory acceptance of dried tomatoes added from sweet pepper

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Academic year: 2020

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Características físico-químicas e aceitação sensorial de tomates secos

adicionados de pimenta doce

Physicochemical characteristics and sensory acceptance of dried tomatoes

added from sweet pepper

DOI:10.34117/bjdv6n2-247

Recebimento dos originais: 30/12/2019 Aceitação para publicação: 21/02/2020

Heloísa Costa dos Santos

discente no curso Técnico em Agroindústria pelo Instituto Federal do Paraná – Campus Paranavaí, E-mail: helocostast@gmail.com

Thifani Germani de Sousa

discente no curso Técnico em Agroindústria pelo Instituto Federal do Paraná – Campus Paranavaí, E-mail: thifanigermani@gmail.com

Tieles Carina de Oliveira Delani

doutoranda em Ciências de Alimentos pela Universidade Estadual de Maringá – UEM, tielesfar@yahoo.com.br

Hâmara Milaneze de Souza

doutoranda em Ciências de Alimentos pela Universidade Estadual de Maringá – UEM, hmilaneze@hotmail.com

Marília Gimenez Nascimento

mestranda em Ciências de Alimentos pela Universidade Estadual de Maringá – UEM, marilia_gimenez@hotmail.com

Beatriz Fernanda da Silva Pittarelli

mestranda em Biologia Comparada pela Universidade Estadual de Maringá – UEM, bia.pittarelli@gmail.com

Carlos Eduardo Barão

Doutor em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá, Instituição: Instituto Federal do Paraná. Endereço: Avenida Jose Felipe Tequinha, 1400, Jardim das Nações, Paranavaí –

PR, Brasil.

E-mail: carlos.barao@ifpr.edu.br Vanessa Aparecida Marcolino

Doutora em Ciências de Alimentos pela Universidade Estadual de Campinas, Instituição: Instituto Federal do Paraná. Endereço: Avenida Jose Felipe Tequinha, 1400, Jardim das Nações, Paranavaí –

PR, Brasil.

E-mail: vanessa.marcolinol@ifpr.edu.br RESUMO

A produção de tomate seco resulta num produto de boa aparência, sabor agradável e conserva seu alto valor nutritivo. Não há estudos que avaliem a aplicação de pimenta doce a tomates secos. O presente trabalho objetivou avaliar o efeito da adição de pimenta doce nas características

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físico-químicas e sensoriais deste produto. Os tomates utilizados foram selecionados, sanitizados e desidratados. Elaborou-se três conservas, uma contendo apenas tomate, uma com tomate e pimenta doce na concentração de 25g/Kg e outra na concentração de 150g/Kg. Além das análises físico-químicas e sensoriais realizou-se também a quantificação do licopeno presente nas amostras por espectrofotometria. Os dados foram submetidos à análise estatística. As formulações apresentaram menor teor de umidade e maiores valores de fibras, lipídios e carboidratos quando comparadas com o tomate in natura. Manteve-se a concentração de proteínas e em apenas uma formulação foi observado aumento no teor de cinzas. A adição de pimenta doce não causou interferência nos parâmetros de cor, aceitação sensorial e concentração de licopeno, sendo que neste último, ambas as formulações apresentaram teores próximos a 350 mg/kg. A adição de pimenta doce, nas dosagens analisadas, não proporciona diferença significativa nos atributos avaliados e confere boa aceitação ao produto.

Palavras-chave: Solanum lycopersicum 'Roma'; Capsicum Annuum; tomate seco; aceitabilidade ABSTRACT

The production of dried tomatoes results in a product with good appearance, pleasant taste and maintains the high nutritional value. There are no studies that evaluate the application of sweet pepper to dried tomatoes. The present study aimed to evaluate the effect of sweet pepper addition on the physicochemical and sensory characteristics of this product. The tomatoes were selected, sanitized, and dehydrated. Three formulations were prepared, one containing only tomato, one with tomato and sweet pepper in the concentration of 25g/kg and the other in the concentration of 150g/kg. In addition to the physicochemical and sensory analyzes, the quantification of the lycopene present in the samples was also performed by spectrophotometry. The data were submitted to statistical analysis. The formulations had lower moisture content and higher values of fiber, lipids and carbohydrates when compared to the raw tomato. Protein concentration was maintained and, in only one formulation an increase in ash content was observed. The addition of sweet pepper did not interfere with the parameters of color, sensory acceptance and lycopene concentration. Both formulations had levels of lycopene close to 350 mg / kg. The addition of sweet pepper, in the analyzed dosages, does not provide significant differences to the evaluated attributes and results in products with good acceptance.

Keywords: Solanum lycopersicum 'Rome'; Capsicum Annuum; dry tomato; acceptability 1 INTRODUÇÃO

O tomate é um dos frutos mais consumidos, sendo que em 2015 o Brasil produziu mais de 3 milhões de toneladas (SECRETARIA DE ESTADO DE AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO DE MINAS GERAIS, 2015). Seu consumo é recomendado pelos nutricionistas por ser um alimento com baixa caloria e rico em vitaminas (A, C e E) e minerais (cálcio, potássio, ferro e fósforo). Além disso, apresenta em sua composição o licopeno, um carotenoide com função antioxidante. Estudos epidemiológicos têm apontado uma associação entre o consumo de tomate e seus produtos e a redução do risco de câncer, principalmente de próstata e pulmão(GOMES, 2007; ABREU, 2013; CHOI et al., 2014).

O tomate é um fruto climatérico altamente perecível e as técnicas de conservação na pós-colheita podem contribuir para minimizar suas perdas e lhe agregar valor (CAMARGO et al., 2007).

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No Brasil, a produção de tomate seco vem crescendo e contribuindo para aumentar a lucratividade, agregar valor ao produto e disponibilizar alimento com alto potencial nutritivo e de sabor agradável (ABREU et al., 2013). O tomate seco é comercializado imerso em óleo vegetal e temperado com sal, alho, orégano e outros condimentos (SANJINEZ-ARGANDOÑA et al., 2011).

Para a produção do tomate seco os frutos são submetidos à secagem, que consiste na remoção de umidade contida no interior de um produto, o que diminui sua massa total e reduz a sua atividade de água, prolongando a vida útil. O método amplamente utilizado é a secagem convectiva, por meio da aplicação de ar quente. Os defeitos mais comuns apresentados por produtos alimentícios submetidos ao processo de secagem convencional são a dureza excessiva, a dificuldade de re-hidratação, o surgimento de rugosidade na superfície do produto que denigre a sua aparência, bem como a degradação da cor, aroma e sabor (RAUPP et al., 2009). Além disso, há degradação dos pigmentos, especialmente carotenoides (licopeno), reação de Maillard e oxidação do ácido ascórbico (HEREDIA et al., 2007).

A desidratação osmótica tem sido utilizada como um pré-tratamento à secagem convectiva com a finalidade de minimizar os danos causados pelo calor na cor, textura e sabor dos produtos e reduzir a perda de compostos de interesse, como o licopeno e a vitamina C, retendo estes nutrientes após o processamento. Consiste na remoção parcial de água pela pressão ocasionada quando se coloca o produto em contato com uma solução hipertônica de solutos (açúcar ou sal), diminuindo assim a atividade de água e aumentando a sua estabilidade (GOMES et al., 2007). Devido à diferença de concentração entre o agente osmótico (açúcar ou sal) e a fruta, são criados dois fluxos simultâneos em contra corrente através das paredes celulares: um da água que sai da fruta para a solução (o mais importante do ponto de vista da desidratação) e outro de soluto (sal ou açúcar) da solução para a fruta, resultando em um produto com maior estabilidade (TONON et al., 2007).

As pimentas são plantas condimentares utilizadas pelos índios e por civilizações antigas para tornar os alimentos mais agradáveis ao paladar. Atualmente, também são utilizadas como conservantes em alimentos e são fontes de antioxidantes naturais como a vitamina E, vitamina C e carotenoides (REIFSCHNEIDER, 2000). A pimenta da espécie Capsicum annuum, chamada comumente de pimenta verde ou americana, não possui o alcaloide capsaicina, sendo de pungência doce e aroma suave (STARK, 2008). No Brasil é cultivada praticamente em todas as regiões, principalmente pela agricultura familiar por meio da integração do pequeno agricultor à agroindústria (REIFSCHNEIDER & RIBEIRO, 2004), e pode trazer sabores e cores especiais a produtos alimentícios.

Não há estudos que avaliem a aplicação de pimenta doce a tomates secos. Desta forma, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito da adição de pimenta doce nas características

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físico-químicas e na aceitação sensorial de tomate seco obtido por meio de desidratação osmótica seguida de secagem.

2 MATERIAL E MÉTODOS 2.1 MATERIAL

Tomate (tipo italiano, Solanum lycopersicum 'Roma'), pimenta doce, açúcar, azeite, óleo de girassol, orégano, manjericão, alho e sal foram utilizados no experimento e adquiridos no comércio local.

2.2 PROCESSAMENTO DOS TOMATES SECOS

Os tomates foram adquiridos na forma in natura, sendo selecionados quanto aos atributos de qualidade (tamanho, cor e ausência de defeitos), lavados em água corrente e sanitizados em solução de hipoclorito de sódio a l00 ppm durante 15 minutos (ROMANO et al., 2013).

Os tomates foram cortados em quatro partes, no sentido longitudinal, retirando as sementes, e imersos em solução a 5% (p/v) de NaCl e 2,5% (p/v) de sacarose, na proporção tomate: salmoura 1:3 por 60 minutos. Após, foram acondicionados em bandejas com a pele voltada para baixo e submetidos à desidratação em estufa com temperatura de 80°C por 9 horas, sendo virados a cada 2 horas.

Foram empregados como condimento para a conserva uma mistura de azeite de oliva e óleo de girassol na proporção 1:4, além de orégano, alho e manjericão, aquecidos a uma temperatura de 90 °C por 1 minuto.

Os tomates desidratados (3 a 4 metades) foram acondicionados em potes de vidro esterilizados. O condimento foi acrescentado quente até completar a capacidade dos frascos que foram fechados e armazenados ao abrigo de luz à temperatura ambiente de 27±2ºC até o momento das análises.

Foram preparadas três formulações (Tabela 1), que diferiam na quantidade de pimenta doce adicionada: sem adição (Formulação Padrão), com 25g/Kg (pimenta/tomate) (Formulação A) e com 150g/Kg (Formulação B). As quantidades dos ingredientes utilizadas foram padronizadas em testes preliminares.

Tabela 1 – Formulação das amostras.

2.3 ANÁLISES QUÍMICAS E FÍSICO-QUÍMICAS

As análises químicas e físico-químicas foram realizadas em triplicata no tomate in natura e em conserva no primeiro dia de armazenamento. As determinações de umidade, proteína, lipídios, cinzas, fibra bruta e carboidratos foram realizadas de acordo com a AOAC (2004). O teor de sólidos

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solúveis foi determinado utilizando-se refratômetro ABBE, e expresso em oBrix. O pH foi determinado de acordo com a AOAC (2004) com um potenciômetro digital, previamente calibrado com soluções tampão de pH 4,0 e 7,0.

2.4 DETERMINAÇÃO DA COR

Os tomates secos produzidos foram avaliados com relação à cor por meio da utilização de um colorímetro Minolta (CR-400) utilizando o iluminante D65 e espaço de cor L a* b*. Fatias de tomate foram colocadas em uma placa de petri com 5 cm de diâmetro até cobrir todo o fundo e, então, foi realizada a leitura. O procedimento foi repetido 12 vezes para cada formulação.

2.5 PREPARAÇÃO DA CURVA PADRÃO DE LICOPENO

Inicialmente foram pesados 500mg de licopeno e o composto foi diluído sequencialmente com hexano até atingir níveis entre 2,0-50mg/L, medidos por determinação da absorbância a 503nm. Depois da correta calibração do equipamento com hexano, foi construída uma curva padrão de calibração utilizando-se absorbância versus concentração de licopeno (mg/L).

2.6 EXTRAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE LICOPENO NAS AMOSTRAS PREPARADA

Depois da obtenção da curva de calibração foram realizadas extrações de licopeno nas amostras preparadas. Para cada amostra (Formulação Padrão, Formulação A e Formulação B) foram feitas 3 extrações em triplicata de acordo com Fish et al., onde cerca de 0,5g de cada amostra foi pesado e acrescido de 5mL de solução de BHT diluído em acetona na proporção de 0,05% (p/v), 5mL de etanol e 10mL de hexano e submetido em banho de gelo com agitação magnética por 15 min. Após este processo foram acrescentados 3mL de agua deionizada e agitados por mais 5 min em banho de gelo. As amostras foram deixadas a temperatura ambiente por 5 min. para a separação de fases. Os teores de licopeno foram medidos espectrofotometricamente a 503nm após extração.

2.7 ANÁLISE SENSORIAL

O teste de aceitação de atributos (cor, aroma, sabor, textura e global), utilizando escala hedônica híbrida de 5 pontos (1 = desgostei muitíssimo; 5 = gostei muitíssimo); (VILLANUEVA, PETENATE & DA SILVA, 2005) foi realizado por uma equipe de 52 julgadores não treinados no primeiro dia de armazenamento dos produtos.

Os julgadores avaliaram as três formulações em uma sessão de avaliação, sendo servidos 50 g de cada produto juntamente com um pão de forma. As amostras foram servidas codificadas com número de três dígitos aleatórios em ordem aleatorizada. Água mineral a temperatura ambiente foi servida para que os provadores pudessem efetuar a limpeza do palato entre uma amostra e outra.

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2.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA

O experimento seguiu o delineamento inteiramente casualizado e foi repetido duas vezes. Os dados foram submetidos à Análise de Variância (ANOVA) e Teste de comparação de médias de Tukey (α=5%), usando o programa Statistical Analysis System (SAS) 9.1.3.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS

Na Tabela 2 estão apresentadas as características físico-químicas dos tomates in natura e das formulações de tomate seco.

Tabela 2 – Características físico-químicas de tomate in natura e das formulações de tomate seco.

O tomate in natura apresentou como composição (g/100g): umidade (85,89); proteínas (3,15); cinzas (2,27), lipídios (0,38), fibras (1,77) e carboidratos (8,31); sendo consistente com as apresentadas por outros autores (TACO, 2011). Já as formulações de tomate seco apresentaram composição nas seguintes faixas (g/100g): umidade (16,15-21,56); proteínas (3,87-6,62); cinzas (1,68-2,03), lipídios (16,39-26,07), fibras (5,06-12,32) e carboidratos (46,4-61,4).

As formulações de tomate seco apresentaram menor teor de umidade e maiores valores de fibras, lipídios e carboidratos (p ≤ 0,05) quando comparadas com o tomate in natura, resultado do processamento tecnológico de desidratação osmótica seguida de secagem. A concentração de proteínas foi mantida (p > 0,05) nos tomates secos adicionados de pimenta, enquanto um aumento no teor de cinzas foi observado apenas na Formulação A (p ≤ 0,05). De fato, segundo Silva e Giordano (2000), as proteínas, lipídeos, carboidratos solúveis e constituintes da fibra alimentar, que no tomate fresco representam no máximo de 5 a 7% de seu peso, são aumentados no tomate seco em função do abaixamento da umidade residual do tomate desidratado. Segundo Abreu et al. (2013), o nutriente que mais sofre elevação é o lipídio, principalmente porque os produtos são envasados em óleos vegetais, acarretando transferência de lipídios aos tomates. Os mesmos autores relatam que a sacarose utilizada na solução de desidratação osmótica contribui no aumento do conteúdo de carboidratos.

O teor de umidade dos tomates secos preparados foi baixo quando comparado ao reportado por outros autores (39,2-60,3 g/100g; ABREU et al., 2013). O teor final de umidade do tomate após a secagem influencia sua composição química, sabor, textura e aparência, podendo ser determinante para a escolha do consumidor. Para Fagundes et al. (2005), produtos com teores de umidade de 55 a 65% apresentam textura mais apreciada pelos consumidores. No entanto, segundo Raupp et al., (2009), os tomates secos podem ser comercializados apresentando umidade residual variando entre

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menos de 10% até um máximo de 70%, o que direciona sua posterior aplicação. Desta forma, é preciso avaliar se o baixo teor de umidade dos tomates secos do presente estudo teria influência na aceitação dos produtos pelos consumidores.

Os tomates secos apresentaram concentração de fibras significativa. A presença de fibra alimentar nos alimentos é de grande interesse na área da saúde, já que têm sido relatados numerosos estudos que relacionam seu papel com a redução do risco de enfermidades como diverticulite, câncer de cólon, obesidade, problemas cardiovasculares e diabetes (GOMES, FERREIRA & PIMENTEL, 2016). Pelos resultados obtidos é possível afirmar que os tomates secos poderiam contribuir para aumentar a ingestão de fibras na dieta humana, pois, uma porção de 40g forneceria, em média, 8 a 19,7% da ingestão diária recomendada, que é de 25g.

Com base no resultado da composição química dos tomates secos foi possível determinar o valor calórico total. No presente estudo, foram obtidos tomates secos com alto valor calórico, de 355 a 412 calorias por 100g de produto. Estes valores justificam-se pela concentração de nutrientes do processo, mas grande parte deve-se a incorporação de substância lipídica aos produtos. Assim, observa-se que estes produtos se mostram apropriados para serem consumidos como iguarias ou utilizados como ingredientes de formulações, tais como pizzas, massas diversas, saladas, etc (ROMANO et al., 2013).

O teor de sólidos solúveis constitui parâmetro envolvendo o grau de doçura dos frutos, sendo o principal componente responsável pelo sabor do tomate (CHITARRA & CHITARRA, 2005). Os tomates in natura apresentaram teor de sólidos solúveis de 3,6 oBrix, enquanto os tomates secos apresentaram valores entre 60,3 e 62,4 oBrix, não havendo influência da adição de pimenta doce (p > 0,05) neste parâmetro. Segundo Venskeet al. (2004), valores próximos de 4,0 ºBrix para os sólidos solúveis são comumente encontrados para tomate frescos de maturação completa, no entanto algumas variedades podem apresentar valores mais altos, próximos a 6,0 ºBrix. Desta forma, os valores de 3,5 ºBrix encontrados no tomate in natura tipo italiano usado no presente trabalho se apresentam dentro do recomendado. Valores semelhantes de teor de sólidos solúveis para tomate seco foram relatados por outros autores (MUNHOZ et al., 2011).

O objetivo do pré-tratamento osmótico é reduzir a umidade inicial do alimento. Além disso, há incorporação de sólidos solúveis no tomate, justificando o aumento nos valores obtidos em ºBrix. Segundo Silvaet al. (2010), as substâncias solúveis que constituem o alimento podem migrar para a solução osmótica e ocasionar uma redução quantitativa de íons na solução, o que explica os resultados obtidos.

Quanto ao pH, tanto o tomate in natura quanto as formulações de tomate seco apresentaram pH próximo a 4, não havendo influência do processamento tecnológico nem da adição de pimenta

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doce neste parâmetro (p > 0,05). Segundo Venskeet al. (2004), após a secagem o pH deve ficar abaixo do limite máximo de 4,5 para impedir a proliferação de microrganismos patogênicos e inibir os deteriorantes. Silva et al. (2010) relatam que o pH influencia no sabor do produto, sendo desejável que seja inferior a 4,5. Portanto, todas as formulações de tomate seco desenvolvidas no presente estudo apresentaram pH dentro dos valores recomendados.

A porcentagem de redução de peso dos tomates secos esteve entre 4,39 e 7,05 %, sendo que a adição de pimenta doce resultou em diminuição deste parâmetro. Segundo Queji & Pessoa(2011) quando se utiliza o processo de desidratação osmótica em tomates em média é obtida uma diferença no peso inicial de 20%, o que demonstra que a perda de peso foi significativamente menor no presente estudo.

3.2 CARACTERÍSTICAS DE COR

A tabela 3 apresenta os resultados para cor dos tomates secos. Os tomates apresentaram coloração amarelo avermelhada (b* entre 12,59 a 16,13 e a* entre 11,45 a 14,05) e com luminosidade na faixa de 37 a 40. É possível observar que não foi encontrada diferenças significativas na cor das diferentes formulações. Assim, a adição da pimenta doce não foi capaz de alterar a cor do produto, independente do teor adicionado, sendo que a utilização da mesma pode trazer acréscimos nutricionais ao produto sem alteração da percepção visual do mesmo.

Tabela 3 – Parâmetros de cor das formulações de tomate seco.

Raupp et al (2009) secaram diferentes cultivares de tomate e o da variedade italiana apresentou coloração vermelho bordô, de acordo com a avaliação sensorial. Já, Da Cruz, Braga e Grandi (2012) avaliaram a cor de tomates desidratados em diferentes temperaturas, entre elas, 75 e 80 °C. Para estas condições de secagem, o valor médio de a* encontrado foi próximo a 28 para polpa e casca, o que indica que os tomates eram mais vermelhos que os do presente estudo, possivelmente devido ao grau de maturação inicial dos frutos. Já os valores de L variaram de 5,16 a 9,51. Considerando os valores de L encontrados no presente estudo, com temperatura de secagem de 80 °C, o escurecimento decorrente da desidratação foi inferior ao encontrado por Da Cruz, Braga e Grandi (2012), apresentando maior luminosidade. No entanto, a manutenção da cor de tomates desidratados é melhor quando este processo ocorre em baixas temperaturas (Shi et al, 1999).

3.3 PREPARAÇÃO DO PADRÃO DE LICOPENO

Após as diluições e leituras das absorbâncias a 503nm foi possível construir uma curva padrão onde a equação da reta foi usada como base de cálculo para a quantificação da concentração das amostras analisadas (Figura 1).

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Figura 1. Curva Padrão.

3.4 EXTRAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE LICOPENO NAS AMOSTRAS PREPARADAS As formulações de tomate seco apresentaram teores de licopeno próximos a 350 mg/kg e não houve influência da adição de pimenta doce neste parâmetro (p > 0,05). Em estudos realizados por Abreu et al (2011) verificou-se que a remoção de água pelo sistema osmo-convectivo seguidos pelos processos de secagem por convecção levaram a um aumento do nível de licopeno nos tomates secos e os níveis de concentração encontrados pelos autores vem de encontro com os dados conseguidos neste ensaio.

De acordo com o Khan et al., (2008), cozinhar e processar os tomates (como no processo de enlatamento) e com a adição de óleo na sua formulação, aumenta muito a assimilação de licopeno do trato digestivo, para a corrente sanguínea. O licopeno é solúvel em gordura, assim o óleo ajuda na sua absorção (Khan, et al., 2008).

Figura 2. Concentração de Licopeno nas formulações.

Segundo Silaste et al., (2007), uma dieta rica em licopeno reduziu o risco de câncer de próstata em 45%. O licopeno também é conhecido por diminuir o risco de câncer colorretal, câncer de estômago e também inibe o crescimento de outros tipos de células cancerosas.

Segundo Casso et al, 2000 e Waliszewski et al 2010 o licopeno é um carotenoide encontrado em grande quantidades no soro humano (21-43%) aparecendo também nos diferente tipos de tecidos (fígado, rins, glândulas suprarrenais, testículos, ovários e próstata), sendo que sua concentração sérica depende da ingestão alimentar, mas a mesma sofre pouca variação diária devido a vida média do licopeno no plasma que varia de 12 a 33 dias.

Outros pesquisadores investigaram os efeitos da suplementação com licopeno em 40 homens idosos com diagnóstico de hiperplasia prostática benigna que receberiam licopeno na dose de 15 mg/dia ou placebo por 6 meses. O desfecho primário do estudo foi à inibição ou a redução do nível sérico de PSA. A elevação da próstata ocorreu mais no grupo placebo em relação ao grupo licopeno, sem significância estatística (Schwarz et al. 2008).

Baseando-se neste estudo e nas quantidades obtidas no tomate produzido, verifica-se que ingerindo aproximadamente 43g de tomate seco diariamente atinge-se o nível sérico de 15mg/dia de licopeno que auxiliaria na prevenção de doenças correlacionadas.

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3.5 ANÁLISE SENSORIAL

A Tabela 4 apresenta os resultados obtidos na análise sensorial.

Tabela 4 – Aceitação de formulações de tomate seco

A adição de pimenta ao tomate seco (Formulações A e B) não interferiu (p > 0,05) na aceitação (cor, aroma, sabor, textura e avaliação global), indicando que, embora essas adições tenham alterado algumas características físico-químicas; não afetaram o quanto os consumidores gostaram dos produtos e o desejo dos mesmos em consumi-los ou comprá-los. Os escores de aceitação para todos os atributos avaliados estiveram próximos a 4 em uma escala hedônica de 5 pontos, indicando que os consumidores gostaram muito dos produtos avaliados.

4 CONCLUSÃO

Conclui-se, portanto, que a adição de pimenta doce à conserva de tomate seco nas dosagens 25 g/Kg e 150 g/Kg de tomate não proporciona diferença significativa nos atributos físico-químicas e sensoriais dos produtos avaliados. Os produtos obtidos apresentaram alta aceitação sensorial, concentração significativa de licopeno e composição química dentro dos padrões para tomates secos.

AGRADECIMENTOS

Ao Instituto Federal do Paraná

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Tabela 1 – Formulação das amostras.

Ingredientes Form. Padrão Form. A Form. B

Tomate (tipo italiano) 4 kg 4 kg 4 kg

Pimenta doce - 100g 600g Óleo girassol 600mL 600 mL 600 mL Azeite 150 mL 150 mL 150 mL Alho 50g 50g 50g Orégano 20g 20g 20g Manjericão 10g 10g 10g

Tabela 2 – Características físico-químicas de tomate in natura e das formulações de tomate seco. Parâmetro In natura Formulação

padrão Formulação A Formulação B Umidade (g/100g) 85,89±0,01* 16,15±0,460 21,56±0,610* 17,51±0,430 Proteína (g/100g) 3,15±0,97 6,62±0,025 3,87±0,053 2,97±0,022 Lipídios (g/100g) 0,38±0,08* 18,51±0,460 26,07±2,30* 16,39±1,830 Cinzas (g/100g) 2,27±0,38 1,74±0,001 2,03±0,000 1,68±0,001 Fibras (g/100g) 1,77±0,72* 5,06±1,340 5,86±0,570 12,32±2,410* Carboidratos (g/100g) 8,310* 56,980 46,470* 61,450 Valor energético (kcal/100g) 42,180 400,750 412,550 355,910 ºBrix 3,56±0,420* 62,44±1,940 60,30±1,210 61,32±1,760 pH 4,5±0,400 4,13±0,200 4,18±0,040 4,27±0,170 Osmose (% redução peso) - 7,05±0,340* 4,39±0,250 4,64±0,230

*significativo a 5% de probabilidade no teste de Tukey.

Tabela 3 – Parâmetros de cor das formulações de tomate seco.

Formulação L a* b*

A 37,78 ± 4,84 11,45± 3,36 12,59± 4,01

B 40,00± 2,49 12,56± 5,43 15,67± 3,12

C 38,17± 2,84 14,05± 3,39 16,13± 5,12

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Figura 1. Curva Padrão.

Figura 2. Concentração de Licopeno nas formulações.

Tabela 4 – Aceitação de formulações de tomate seco

Formulação Cor Aroma Sabor Textura Aceitação Global

Padrão 3,87 3,67 3,81 3,75 3,77

Formul. A 3,50 3,75 3,77 3,60 3,77

Formul. B 3,73 3,77 3,96 3,88 4,02

Não houve diferença significativa a 5% de probabilidade no teste de Tukey.

y = 30.135x - 0.1891 R² = 0.9997 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 Li co p en o (m g/k g) Absorbância (nm) 0 50 100 150 200 250 300 350 400

Sem Pimenta Formulação A Formulação B

L ic o p e n o m g /k g Amostras

Concentração de Licopeno

Imagem

Tabela 2 – Características físico-químicas de tomate in natura e das formulações de tomate seco
Figura 2. Concentração de Licopeno nas formulações.

Referências

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