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Volume 3, Número 2, 2017

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Volume 3, Número 2, 2017

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v. 3, n. 2 - (jul./dez. 2017) Ourinhos, SP - Brasil - 2017 - semestral

1. Medicina Veterinária - 2. Zootecnia - 3. Saúde Animal - 4. Periódico/Científico

Faculdades Integradas de Ourinhos - Curso de Medicina Veterinária Rodovia BR-153, Km 338+420m - Água do Cateto, CEP: 19909-100

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Oliveira ML, Ferreira CYMR, Ignácio FS. Avaliação da eficiência da reutilização do implante auricular de progesterona (crestar®) no recrutamento folicular de vacas e novilhas cíclicas. Alm. Med. Vet. Zoo. 2017 nov 3 (2): 1-17.

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DA REUTILIZAÇÃO DO IMPLANTE AURICULAR DE PROGESTERONA (CRESTAR®) NO RECRUTAMENTO FOLICULAR DE

VACAS E NOVILHAS CÍCLICAS

EVALUATION OF THE EFFICIENCY OF PROGESTERONE HEALTH IMPLANTS (CRESTAR®) REUSING IN THE FOLLICULAR RECRUITMENT OF CYCLICAL

COWS AND FROGS

Mayara Lima de Oliveira* Claudia Yumi Matsubara Rodrigues Ferreira Fernanda Saules Ignácio

RESUMO

A pecuária leiteira apresenta-se em constante crescimento, e cada vez mais os produtores procuram maneiras de melhorar a produção do rebanho. Umas das alternativas mais procuradas é a inseminação artificial em tempo fixo (IATF), que consiste na utilização de hormônios em dias específicos, descartando a necessidade de observação de estro. Um dos progestágenos utilizados na IATF é o Crestar®, este consiste em um implante auricular de material silástico, contendo 3 mg de norgestomet associado a aplicação intramuscular (IM) de 3 mg de norgestomet e 5 mg de valerato de estradiol (VE) no momento da colocação do implante, é retirado após oito a nove dias. Objetivou-se neste estudo avaliar a eficiência da reutilização do Crestar® no recrutamento folicular em vacas e novilhas cíclicas. Foram utilizados 3 grupos de animais, com Crestar®, sendo o grupo 1 composto por cinco vacas e duas novilhas com o implante auricular de primeiro uso, o grupo 2 por sete vacas e sete novilhas com implante auricular de segundo uso e o grupo 3 por sete novilhas com implante auricular de terceiro uso. O Crestar® quando utilizado no primeiro e segundo uso em vacas e novilhas demonstraram eficiência, porém na utilização de terceiro uso em novilhas não foi obtido resultados esperados, pois 57,1% dos animais apresentaram estro durante o protocolo, sugerindo que a concentração de progesterona (P4) presente no implante não foi suficiente para o protocolo. Conclui-se que a partir dos dados obtidos não se deve utilizar o Crestar®

pela terceira vez.

Palavra chave: Implante auricular de progesterona; Terceiro uso; IATF

ABSTRACT

Dairy farming has been showing a constant growth, and more and more the producers are looking for ways of improving milk production. For this purpose, Artificial Insemination in a Fixed Time (IATF) is one of the chosen techniques, which consists in the usage of hormones in specific days, avoiding the need of oestrus observation. Crestar®, an ear-piece implant made of a silastic material, is a progestin commonly used in IATF protocols and contains 3 mg of Norgestomet that may be associated to a intramuscular application (IM) of 3 mg of Norgestomet and 5 mg of estradiol of valerate (E2) at the day the implant is placed. The implant is removed eight to nine days after placement. This study aims to analyze the efficiency of Crestar® reuse in the follicular recruitment of cows and cyclic heifers. Cows and heifers were randomly assigned into three groups: in Group 1 (n = 7, 5 cows and 2 heifers) first use Crestar® was used; in Group 2 (n = 14, 7 cows and 7 heifers) second use

* Discente do Curso de Medicina Veterinária das Faculdades Integradas de Ourinhos - FIO

Docente do Curso de Medicina Veterinária das Faculdades Integradas de Ourinhos - FIO

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Oliveira ML, Ferreira CYMR, Ignácio FS. Avaliação da eficiência da reutilização do implante auricular de progesterona (crestar®) no recrutamento folicular de vacas e novilhas cíclicas. Alm. Med. Vet. Zoo. 2017 nov 3 (2): 1-17.

Crestar® was used; and in Group 3 (n = 7 heifers) third use Crestar® was used. First and second use Crestar® used in cows and heifers were efficient, however, the third use in heifers did not obtain expected results, as 57.1% of the animals presented estrus during the protocol, which suggests that implant Progesterone (P4) levels probably were not high enough to suppress estrous. It is concluded that the third use Crestar® should not be used.

Key words: Progesterone headset implant; Third use; IATF

INTRODUÇÃO

A pecuária leiteira é uma das atividades mais tradicionais do meio brasileiro e de acordo com o censo agropecuário (1) existem no Brasil aproximadamente 5,2 milhões de estabelecimentos rurais dos quais 25% produzem leite, envolvendo cerca de 5 milhões de pessoas.

A boa rentabilidade leiteira, se consegue com a eficiência reprodutiva, que deve ser a principal meta dos produtores para assim conseguir alta produtividade e retorno econômico.

Dentro do manejo do rebanho a idade do primeiro parto deve ser o mais precoce possível, normalmente entre 24 e 30 meses. Para alcançar este parâmetro é necessário um adequado manejo das bezerras que serão as futuras matrizes do rebanho (2).

O balanço energético negativo é considerado a principal causa na falha no retorno da ciclicidade em fêmeas bovinas na lactação, onde cerca de aproximadamente 20% na perda de peso vivo afeta a fertilidade. O balanço energético negativo acontece principalmente no início da lactação ou na fase que o bezerro mais necessita de leite para se nutrir, ocasionando assim ausência de ovulação (3).

Pode ocorrer o crescimento folicular seguido de atresia em casos onde os animais possuem deficiência na ingestão de matéria seca (4).

Em um estudo realizado por Ginther et al. (5) o crescimento de duas ondas foliculares acorreram em 83% das novilhas leiteiras e três ondas em 17% delas. Já Sirois (6) observaram que o crescimento de duas ondas foliculares ocorreu em 20% das novilhas leiteiras. A ocorrência de uma onda, (7) quatro ondas (7, 8) e cinco ondas (8) raramente ocorrem (6, 7).

Em sistemas leiteiros podem ocorrer falhas na detecção do estro, principalmente em vacas de alta produção leiteira, naturalmente a manifestação do estro já é baixa e pode diminuir devido a alguns fatores como o estresse térmico, que pode diminuir o número de montas e duração do estro (9), vacas confinadas em pisos de concreto que também diminui a intensidade do estro (10), outro fator limitante é a observação do estro pela pessoa responsável, se não for bem observado leva ao aumento do intervalo entre partos do rebanho e a baixa na fertilidade causada pela má nutrição (11).

Entretanto, os farmácos utilizados para promover tais eventos fisiológicos em programas de IATF devem oferecer uma vantajosa relação entre custo e beneficio (12).

Ao utilizar-se a IATF a taxa de serviço pode chegar a 100% (13), pois todas as vacas disponíveis para inseminação artificial (IA) podem ser inseminadas, a menos que haja problemas sanitários, reprodutivos e nutricionais (14). Segundo Torres et al. (15) a taxa de prenhez pode chegar em torno de 50%.

A indução de estros e a sincronização da ovulação para o uso da IATF são alternativas descritas para a busca de aumento da produtividade em sistemas de produção de bovinos (16).

Segundo estudos (17, 18, 19), o uso da IATF em rebanhos de vacas de cria possibilita que as vacas sejam inseminadas e se tornem gestantes rapidamente, diminuindo com isto o período de serviço e aumentando a eficiência reprodutiva do rebanho.

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Uma das vantagens na utilização da IA é a possibilidade de uso de sêmen de touros com superioridade genética, sendo este touro comprovado geneticamente (20), outra vantagem é a redução no período entre partos (21, 22, 23).

O controle farmacológico em um programa de IATF consiste na utilização de hormônios de acordo com a fisiologia reprodutiva da espécie bovina (Bos taurus taurus e Bos taurus indicus) (8). Sendo assim o conhecimento deste conceito reprodutivo é de grande importância para entender em qual fase do protocolo é importante usar cada hormônio e quais suas funções na fisiologia reprodutiva do animal.

Baruselli (18) e Penteado (24), demonstraram que tratamentos com P4 e progestágenos foram eficientes em induzir a ciclicidade em vacas lactantes. A utilização de progestágenos para a manipulação do ciclo estral de bovinos é conhecida desde a metade do século passado (25).

A eficiência do protocolo Crestar® para a sincronização dos ciclos estrais e ovulações em vacas já é conhecida, ele tem a finalidade da realização de IATF, porém é necessário mais pesquisas científicas para melhorar as taxas de prenhez das vacas e reduzir o custo do produtor, através do aumento do número de usos de implante auricular de progesterona (26).

O objetivo dessa pesquisa foi avaliar a eficiência da reutilização do implante auricular de P4 (Crestar®) de segundo e terceiro uso, no recrutamento folicular de vacas e novilhas cíclicas, reduzindo assim o custo do protocolo de IATF.

REVISÃO DE LITERATURA

Em fêmeas bovinas a utilização da técnica da IA pode ser facilitada pelo emprego de protocolos que promovam a sincronização da emergência das ondas foliculares, dos estros e da ovulação. O emprego de tais protocolos dispensa a observação de estros e possibilita a realização da IATF (12).

Ciclo estral e regulação das ondas de crescimento folicular

Ciclo estral é definido como o período onde acontecem modificações cíclicas na fisiologia e morfologia dos órgãos reprodutivos das fêmeas, relacionados a alterações hormonais (27).

Ciclo estral é o período que acontece o crescimento dos folículos ovarianos, a duração varia de 18 a 24 dias, tendo a média de 21 dias (4), o ciclo é dividido em quatro fases: pró- estro (dois a três dias), estro (12 a 18 horas), metaestro (dois a três dias) e diestro (13 a 15 dias) (28, 29). O crescimento folicular é precedido por um aumento na concentração plasmática de FSH de um a dois dias antes da emergência da onda folicular (30).

Segundo Binelli (31), um ciclo estral tem duas a três emergências de ondas de crescimento folicular. Uma onda de folículos emerge em torno de um a três dias após o estro, com 10 a 50 folículos de dois a três mm cada, destes cerca de dois a cinco continuam crescendo e os outros regridem, dos que continuaram crescendo, um torna-se dominante com aproximadamente 8,5 mm, período denominado divergência folicular (32, 33).

Regulação endócrina do ciclo estral

A dinâmica folicular está relacionada aos níveis de LH e FSH (33). Estes níveis são regulados por mecanismos endócrinos e neuroendócrinos, principalmente pelos hormônios hipotalâmicos (GnRH), as gonadotrofinas (FSH e LH) e os esteróides (P4 e E2) secretados pelos ovários. O folículo que não sofre atresia é denominado de folículo dominante (FD), este

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é responsável por secretar níveis crescentes de E2, que é um indutor nas mudanças de comportamento associado ao estro, induzindo também o pico de LH (31).

O GnRH tem um aumento na frequência e liberação, sua liberação é estimulada por um feedback positivo do E2 ao hipotálamo, sem a presença da P4, refletirá no aumento da frequência e na diminuição da amplitude dos pulsos de LH, ocorrendo assim a luteinização das células da teca e granulosa e posterior ovulação do FD (34), dando origem a uma estrutura denominada de CL (31). Este CL formado é responsável pela liberação de P4, que é o hormônio responsável pela manutenção da gestação, se não houver gestação ele permanecerá funcional do 14º ao 16º dia do ciclo estral, por onde involuirá caso tenha uma onda folicular com um outro FD apto à uma nova ovulação (26).

Controle farmacológico do ciclo estral

A utilização fármacos para a regulação do ciclo estral em bovinos é conhecida desde a metade do século passado (35). Na literatura nacional e internacional existem uma grande variedade de métodos farmacológicos que são usados através de protocolos para a sincronização do estro e na ovulação de bovinos (18, 36). A associação de progestágenos ao ésteres de E2 estão sendo usados com frequência em protocolos para sincronizar as ondas foliculares e em tratamentos de vacas em anestro durante um longo período pós-parto (37).

Progestágenos

Progestágenos é o nome utilizado para a substância farmacológica que possui efeitos equivalentes a P4. A P4 é secretada pelas células luteínicas do CL, pela placenta e pelas glândulas adrenais, ela é transportada no sangue por uma globulina carreadora (andrógenos e estrógenos), e a sua secreção é estimulada principalmente pelo LH (26).

Esse dispositivo possui como função: preparar o endométrio para a implantação e manutenção da gestação, age sinergicamente com o E2 para induzir o comportamento estral (sinergicamente P4 e E2 agem juntos para dar início a nova onda folicular), desenvolve o tecido secretor (alvéolos) das glândulas mamárias e P4 em altos níveis inibe o estro e a onda pulsátil de LH (28). Ela foi a primeira droga a ser utilizada para controlar o ciclo estral dos ruminantes (38).

A P4 natural é um hormônio de rápida metabolização, o que dificulta a sua administração por meios que não sejam dispositivos de liberação controlada (39).

Um progestágeno que vem demonstrando ser ativo biologicamente é o Norgestomet (17 α acetoxy-11 β-metil-19-norpreg-ene-20, dione) que é o resultado da modificação do 19- norprogesterone (40). Estas substâncias modificadas são administradas por via auricular subcutânea, por um período de oito a nove dias, tendo o intuito de suprir a liberação endógena do LH, simulando a fase luteínica do ciclo estral. Com a aplicação de valerato de E2 no início do tratamento ou na aplicação de PGF2α no momento da remoção do implante causará a regressão luteínica (18).

Em estudos realizados por Baruselli (18); Odde (41), o implante de norgestomet em bovinos demonstrou que mais de 90% dos animais manifestaram os sinais de estro após a retirada do implante, com taxas de concepção variando de 33% a 68%. Os animais que apresentavam-se em anestro antes do tratamento também manifestaram estro, porém obtiveram uma menor taxa de fertilidade em comparação aos animais cíclicos (41).

Estas substâncias foram utilizadas na sincronização do ciclo estral de bovinos na década de 60. Em tratamentos realizados com progestágenos durante um período longo obteve a sincronização do estro, porém as IA após o estro resultou em baixas taxas de prenhez (38).

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Oliveira ML, Ferreira CYMR, Ignácio FS. Avaliação da eficiência da reutilização do implante auricular de progesterona (crestar®) no recrutamento folicular de vacas e novilhas cíclicas. Alm. Med. Vet. Zoo. 2017 nov 3 (2): 1-17.

Segundo Odde (41), os progestágenos são utilizados para inibir a ovulação. Se o implante de progestágeno for colocado na ausência do CL resultara na formação de um FD, porém quando este ovula produzirá um ovócito de baixa qualidade (42). Este fenômeno se deve à alteração do padrão secretório de LH (alta frequência e baixa amplitude), característico da fase folicular (43), sendo que o fenômeno característico do diestro seria um padrão de alta amplitude e baixa frequência, provocando assim uma manutenção prolongada do FD, interrompendo o padrão usual de crescimento folicular em ondas (44).

Tratamentos com P4 e progestágenos são apontados como indutores da retomada da ciclicidade no pós parto (45), estes protocolos associados com uma suplementação energética e redução no número de mamadas aceleram o retorno a ciclicidade no pós parto, aumentando assim os pulsos de LH (46).

Estrógenos

O E2 é um hormônio esteróide, carreado na circulação sanguínea por proteínas (47), distribuído por todo o organismo, fica acumulado no tecido adiposo e sua eliminação ocorre através do metabolismo hepático. O E2 é o estrógeno biologicamente ativo produzido pelo ovário (26). Com a administração IM associada a soluções oleosas o E2 é absorvido mais rapidamente e a sua absorção pode permanecer por vários dias após a aplicação (48).

O cipionato de E2 (CE), VE e benzoato de E2 (BE) são estrógenos esterificados utilizados na reprodução animal (48), sendo o CEcom o efeito mais prolongado, o BE com ação mais curta e o VEcom ação imediata (47, 48).

Os hormônios esteróides possuem uma maior variação de funções fisiológicas, dentre elas as que podem ser descritas são: efeitos no desenvolvimento, ações neuroendócrinas relacionadas ao controle da ovulação, preparação cíclica do trato reprodutor para fertilização e implantação do óvulo, ações no metabolismo mineral e dos lipídeos (47).

Ele é utilizado para induzir o estro em vacas no pós-parto pelo seu efeito de

“feedback” positivo no LH e FSH, por agir na estimulação do GnRH (26). Um pico de LH pré-ovulatório pode ser induzido após a retirada do implante de progestágenos com a aplicação de 0,75 ou 1,00 mg de BE 24h após a retirada (49; 50). Em vacas leiteiras em anestro a utilização do E2 associado a progestágenos provoca a indução e detecção do estro além da precisão da ovulação. Com a administração de BE 48h após a remoção do implante o resultado obtido no estudo foi de 70% de concepção na primeira IA após a detecção do estro (51).

A associação do E2 a P4 torna o CL mais susceptível à luteólise (40), consequentemente após quatro a três dias da aplicação ocorre a emergência de uma nova onda de crescimento folicular (52). Esta associação não é capaz apenas de regredir o CL, mas também de regredir os folículos presentes no ovário (32, 53).

Em um estudo realizado por Bó et al. (53), com a administração de E2 nos dias um, três ou seis do ciclo estral (D0= ovulação), foi observado a capacidade de suprir o crescimento folicular e promoveu o surgimento de uma nova onda e quando administrado no início da fase de crescimento folicular foi capaz de suprir o crescimento do FD, e a nova onda folicular subsequentemente emergiu mais precocemente.

Prostaglandinas

Os estudos relacionados as PGF começaram a mais de três décadas, onde foi isolado do líquido seminal de carneiros, provavelmente secretados pela próstata, por este motivo a origem do seu nome (41, 54). Quase todos os tecido orgânicos são secretadores da PGF, são derivados do ácido araquidônico e possuem curta ação (28).

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Não se enquadram na definição de hormônios porque não se localizam em nenhum tecido em particular e não atuam localmente onde são produzidas (28).

Cloprostenol, dinoprost, entre outros são análagos sintéticos considerados mais potentes do que as PGFnaturais. Eles agem como luteolíticos em CL funcional de vacas e novilhas, promovendo a queda do E2, desenvolvimento folicular, pico de LH após três dias (41, 54), é responsável pela eliminação de uma gestação indesejável, contração da musculatura lisa do trato reprodutivo e gastrointestinal, na ereção, ejaculação, transporte espermático, ovulação, parto e ejeção do leite (26).

Segundo Pursley (55), a PGFnão é capaz de agir no crescimento folicular, apenas na regressão do CL. O estágio que se encontra o FD e o CL no momento da aplicação é responsável pelo tempo em que a vaca e novilha vai entrar em estro. A vaca ou novilha ovula mais rápido quando o FD estiver em fase final de desenvolvimento e se estiver em fase inicial o tempo para entrar em estro e ovulação é mais demorado.

Quando a administração é realizada com o FD com diâmetro acima de 8,5 mm a ovulação ocorre de dois a três dias após, e se a aplicação for antes do desvio a seleção e maturação de um novo folículo ocorre após quatro a cinco dias (6).

Seu uso nos protocolos de IATF tem como função a regressão do CL presente no momento da retirada do implante, fazendo com que ocorra a diminuição dos níveis de P4

circulante e aumento do LH, aumentando a precisão da ovulação (26, 56).

Crestar®

O Crestar® (Akzo Nobel Ltda- Divisão Intervet, Brasil), consiste em um implante auricular de material silástico, contendo 3 mg de norgestomet associado a aplicação IM de 3 mg de norgestomet e 5 mg de VE no momento da colocação do implante, este é retirado após oito a nove dias. O material deste sistema promove uma liberação do norgestomet linear (57).

O norgestomet é um progestágeno ativo biologicamente, sendo utilizado com o intuito de inibir a ovulação no final do ciclo estral. A taxa de animais no estro é em torno de 77- 100%, porém a taxa de concepção varia em torno de 33 a 68% (41).

Em vacas nelore vazias com bezerro ao pé e com ciclos irregulares a taxa de prenhez teve um resultado satisfatório, alcançando 61% (4). Em outro estudo realizado por Barufi (58), em vacas de corte com bezerro ao pé a taxa de prenhez foi de 67,8%, afirmando a eficiência da sincronização do estro. Um outro resultado foi obtido por Murta (59), em vacas solteiras nelore com uma única IATF, obtiveram 67% de prenhezes.

Biernaski (17), avaliou a eficiência da reutilização do implante Crestar® em vacas e obteve resultados mais satisfatórios em comparação com a utilização do sistema CIDR B®, resultando numa taxa de prenhez de 57,7%, sendo 5% a mais que o outro sistema.

Segundo o estudo realizado por Maluf (26), a reutilização do implante Crestar® em vacas de corte resultou em 40%, afirmando que a reutilização dos implantes não afeta os resultados da taxa de prenhez.

Kesler (40); Machado (60), verificaram que para suprir a manifestação de estro em fêmeas tratadas com norgestomet é necessário doses diárias de 137 a 138 mg. Kesler (40), ainda relata que os implantes auriculares contendo de 6 a 8 mg de norgestomet por 16 dias em vacas de corte, a concentração foi reduzida para 3,04 e 3,76 mg ao término do tratamento, aproximadamente 50% da concentração inicial. Assim com a utilização do implante auricular contendo 3 mg de norgestomet por oito dias a concentração inicial é reduzida para 25% no final do protocolo. Sendo que 138 mg diárias é o suficiente para suprir o estro de vacas de corte, os implantes contendo 3 mg podem ser reutilizados uma segunda vez, possibilitando uma ótima alternativa na redução dos custos nos protocolos de IATF.

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Oliveira ML, Ferreira CYMR, Ignácio FS. Avaliação da eficiência da reutilização do implante auricular de progesterona (crestar®) no recrutamento folicular de vacas e novilhas cíclicas. Alm. Med. Vet. Zoo. 2017 nov 3 (2): 1-17.

Inseminação artificial em tempo fixo (IATF)

Devido algumas dificuldades para a realização da IA convencional como a falha na detecção do estro e falta de profissionalização de mão de obra, vem se estudando maneiras de aumentar o índice da IA, com a utilização da IATF (26).

O desenvolvimento dos tratamentos hormonais que são capazes de regular o crescimento folicular e o momento da ovulação foram possíveis através do conhecimento detalhado da dinâmica folicular, assim foi possível desenvolver a técnica de IATF (61).

Esta técnica permite a precisão do dia e hora que os animais serão inseminados (vacas/novilhas), levando em consideração o estado corporal e reprodutivo. Com a utilização desta técnica algumas vantagens podem ser observadas, como: mais animais inseminados no intervalo de 45 a 60 dias de pós parto, aumenta o número de animais inseminados por diminuir as falhas de observação do estro (17), redução do período de parição (21, 23) e manejo com mais de um animal por vez em dias e horários pre estabelecidos. Seu uso além de facilitar a IA também pode ser usado em transferências de embriões, contribuindo para o melhoramento genético do rebanho (17).

Segundo Vasconcelos et al. (62), o protocolo para a IATF deve ser escolhido através do menor custo/beneficio e a melhor taxa de concepção do rebanho.

Alguns produtos estão disponíveis no mercado para a sincronização do estro, entre eles estão alguns já relatados anteriormente, como: Sincro-Mate®, Crestar®, CIDR® e PRID®. Esses produtos são formados por P4, Sincro-Mate® e Crestar® são inseridos subcutaneamente na orelha e CIDR® e PRID® são colocados intravaginalmente, todos eles ficam por alguns dias no animal, esses produtos devem ser associados a aplicação IM no dia da colocação do implante de progestágeno mais E2 (26). As taxas de concepção podem variar de 33 a 68%, segundo um estudo realizado por Odde (41).

Um dos progestágenos muito utilizados nos protocolos de IATF é o norgestomet que é um implante auricular de silicone impregnado com P4, sua liberação ocorre diariamente, resultando em concentrações séricas de P4 que impede o pico pré-ovulatório de LH e que ocorra outro estro durante o protocolo (37, 63).

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado na Fazenda Experimental das Faculdades Integradas de Ourinhos - FIO, no período de dezembro de 2015 a maio de 2016.

Animais

Foram utilizados para o estudo 14 fêmeas bovinas, da raça pardo suíça e cruzamentos da raça, sendo sete vacas e sete novilhas. Os animais foram utilizados para compor os três grupos de estudo, e foram organizadas da seguinte forma:

• G1: cinco vacas e duas novilhas cíclicas que receberam implante auricular de P4

de primeiro uso com acompanhamento ultrassonográfico nos dias D0, D1, D2, D3, D4, D7 e D8 (Gráfico 1);

• G2: sete vacas e sete novilhas cíclicas que receberam implante auricular de P4 de segundo uso com acompanhamento ultrassonográfico nos dias D0, D1, D2, D3, D4, D5, D6, D7 e D8 (Gráfico 2);

• G3: sete novilhas cíclicas receberam implante auricular de P4 de terceiro uso com acompanhamento ultrassonográfico nos dias D0, D1, D2, D3, D4, D6, D7 e D8 (Gráfico 3).

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Oliveira ML, Ferreira CYMR, Ignácio FS. Avaliação da eficiência da reutilização do implante auricular de progesterona (crestar®) no recrutamento folicular de vacas e novilhas cíclicas. Alm. Med. Vet. Zoo. 2017 nov 3 (2): 1-17.

Colocação do implante e acompanhamento ultrassonográfico

O protocolo utilizado foi seguindo Kastelic (57) no qual o implante auricular de P4

(Crestar®) foi inserido no subcutâneo com o auxílio de um aplicador próprio, juntamente com aplicação IM de BE, durante o período de oito dias houve acompanhamento por ultrassonografia para avaliação da eficiência da reutilização do implante no recrutamento folicular nos três grupos utilizados na pesquisa, após oito dias da colocação os implantes foram retirados.

Grupo 1

Neste grupo foram utilizados cinco vacas e duas novilhas cíclicas com a utilização do implante auricular de P4 de primeiro uso, juntamente com a aplicação IM de BE. No D0 (dia da colocação do implante) os ovários foram avaliados com auxílio de ultrassom (HS- 101V/HONDA) e coletadas amostras sanguíneas da veia caudal com auxílio de tubos tipo vacutainer e agulhas próprias, estas foram centrifugadas e o soro foi armazenado dentro de eppendorfs e congelados a – 70Cº. No D1, D2, D3 e D7 foram realizados os acompanhamentos ultrassonográficos, e no D4 e D8 além da avaliação dos ovários, foram realizadas coletas de sangue. No D8 foi retirado o implante de P4 e realizado PGFe BE (Gráfico 1).

Grupo 2

Neste grupo foram utilizados sete vacas e sete novilhas cíclicas com a utilização do implante auricular de P4 de segundo uso. No D0, D4 e D8 além da avaliação ultrassonográfica, foram coletadas amostras sanguíneas de todos os animais do experimento, nos dias D1, D2, D3, D5, D6 e D7 apenas foram avaliados os ovários com o ultrassom. Sendo colocado o implante auricular no D0, juntamente com uma aplicação IM de BE realizada a retirada do implante no D8 (Gráfico 2).

Grupo 3

Neste grupo foram utilizados sete novilhas cíclicas com a utilização do implante auricular de P4 de terceiro uso. No D0, D4 e D8 além da avaliação ultrassonográfica, foram coletadas amostras sanguíneas de todos os animais no experimento, nos dias D1, D2, D3, D6 e D7 apenas foram avaliados os ovários com o ultrassom. Sendo colocado o implante auricular no D0, juntamente com uma aplicação de BE realizado a retirada do implante no D8 (Gráfico 3).

ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados foram inicialmente submetidos ao teste de normalidade de Shapiro-Wilk. As análises de diâmetro folicular foram realizadas por meio de estatística descritiva devido à grande disparidade entre os grupos e presença de algumas parcelas perdidas. Já os dados de tamanho ovariano foram comparados por meio de teste de Friedman seguido de comparações múltiplas de Dunn (Quadro 1 e 2). Todas as análises foram realizadas considerando-se 5% de significância.

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Oliveira ML, Ferreira CYMR, Ignácio FS. Avaliação da eficiência da reutilização do implante auricular de progesterona (crestar®) no recrutamento folicular de vacas e novilhas cíclicas. Alm. Med. Vet. Zoo. 2017 nov 3 (2): 1-17.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta pesquisa o Crestar® foi inserido nos animais no D0 juntamente com a aplicação de BE. No D8 foi retirado o implante, segundo o protocolo do Kastelic (57) utilizado para o experimento.

O norgestomet é um progestágeno ativo biologicamente, sendo utilizado com o intuito de inibir a ovulação e iniciar nova onda de crescimento folicular.

Segundo Odde (41) a taxa de animais que apresentam estro após a retirada do implante auricular de progesterona, varia de 77-100%, porém a taxa de concepção em torno de 33 a 68%. Considerando a presença de muco e animais aceitando monta, como um sinal de estro, é possível afirmar que com a reutilização do Crestar® houve perda da eficiência do dispositivo, pois a porcentagem de animais apresentando estro no meio do protocolo durante o primeiro uso foi de 0%, no segundo uso de 28,6% e no terceiro uso de 57,1%.

Nesta pesquisa, foi observado que quatro novilhas apresentaram estro durante o protocolo do grupo 3 (Gráfico 3).

Sendo assim, pode-se observar que três animais manifestaram estro após a retirada do implante, confirmando a pesquisa de Odde (41).

Gráfico 1: Dados obtidos através da média folicular do folículo de maior diâmetro das cinco vacas e das duas novilhas do grupo 1, com a utilização do implante auricular de primeiro uso.

Gráfico 2: Dados obtidos através da média folicular do folículo de maior diâmetro das sete vacas e das sete novilhas juntas, do grupo 2, com a utilização do implante auricular de segundo uso.

0 5 10 15

D0 D1 D2 D3 D4 D7 D8

Diâmetro folicular (mm)

0 10 20 30

D0 D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8

Diâmetro folicular (mm)

(12)

Oliveira ML, Ferreira CYMR, Ignácio FS. Avaliação da eficiência da reutilização do implante auricular de progesterona (crestar®) no recrutamento folicular de vacas e novilhas cíclicas. Alm. Med. Vet. Zoo. 2017 nov 3 (2): 1-17.

Gráfico 3: Dados obtidos através da média folicular do folículo de maior diâmetro das sete novilhas do grupo 3, com a utilização do implante auricular de terceiro uso.

Quadro 1: Mediana (mínimo-máximo) do escore de tamanho ovariano de vacas e novilhas submetidas a implante em primeiro (G1), segundo (G2) e terceiro (G3) uso em dois momentos de avaliação (dia 0 e dia 8).

DIA GRUPO

G1 G2 G3

0 7 (5-9) 6 (3-9) 2 (2-4)*

8 7 (5-9) 6 (1-9) 2 (2-4)*

*Difere significativamente de G1 e G3 segundo teste de Dunn (p<0,05). Escore 1=

feijão - ; 2= feijão; 3= feijão +; 4= azeitona - ; 5= azeitona; 6= azeitona +; 7= avelã;

8= avelã +; 9= noz.

Quadro 2: Mediana (mínimo-máximo) do escore de tamanho ovariano de novilhas submetidas a implante em segundo (G2) e terceiro (G3) uso em dois momentos de avaliação (dia 0 e dia 8).

DIA GRUPO

G2 G3

0 5 (3-6) 2 (2-4)

8 5 (1-6)* 2 (2-4)

*Difere significativamente de G2 e G3 segundo teste de Dunn (p<0,05). Escore 1=

feijão - ; 2= feijão; 3= feijão +; 4= azeitona - ; 5= azeitona; 6= azeitona +; 7= avelã;

8= avelã +; 9= noz.

Pode-se sugerir observando os Gráficos 1, 2 e 3, que houve diferenças entre os grupos no padrão de recrutamento e desenvolvimento folicular, contudo não é possível afirmar pelo teste estatístico de normalidade devido a disparidade entre os grupos e presença de algumas parcelas perdidas.

Ao avaliar a mediana pelo teste de Dunn do escore de tamanho ovariano (Quadro 1 e 2), verifica-se que houve diferença estatística entre o Grupo 3 (Quadro 1) dos demais grupos,

0 2 4 6 8 10 12 14

D0 D1 D2 D3 D4 D6 D7 D8

Diâmetro folicular (mm)

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Oliveira ML, Ferreira CYMR, Ignácio FS. Avaliação da eficiência da reutilização do implante auricular de progesterona (crestar®) no recrutamento folicular de vacas e novilhas cíclicas. Alm. Med. Vet. Zoo. 2017 nov 3 (2): 1-17.

o qual apresentou um menor escore ovariano. Esse resultado é esperado devido ao Grupo 3 ser composto por novilhas.

No Quadro 2, avalia-se a mediana para segundo e terceiro uso do Crestar®, também nota-se diferença estatística entre o Grupo 2 e o Grupo 3. Observando a variação do escore de tamanho ovariano, após a utilização do Crestar®.

Diferentemente bons resultados foram encontrados por Maluf (26), reutilizando o implante Crestar® em vacas de corte, no qual obteve 40% de gestação, afirmando que a reutilização (segundo uso) dos implantes não afeta os resultados da taxa de prenhez.

Quando Biernaski (17), avaliou a eficiência da reutilização do implante Crestar® de segundo uso em vacas, obteve resultados mais satisfatórios em comparação com a utilização do sistema CIDR B®, resultando numa taxa de prenhez de 57,7%, sendo 5% a mais que o outro sistema.

Kesler (40), verificou que para suprir a manisfestação de estro em fêmeas tratadas com norgestomet é necessário doses diárias de 137 a 138 mg. Sugere-se que neste experimento as concentrações de P4 não tenham sido suficientes para suprimir a onda de LH, desencadeando o estro nas novilhas de terceiro uso (Grupo 3).

Kesler (40), ainda relata que os implantes auriculares contendo de 6 a 8 mg de norgestomet por 16 dias em vacas de corte, reduz a concentração para 3,04 3,76 mg ao término do tratamento, aproximadamente 50% da concentração inicial. Assim se compararmos com a utilização do implante auricular contendo 3 mg de norgestomet por oito dias a concentração incial é reduziu 25% no final do protocolo.

Sugere-se que os implantes contendo 3mg podem ser reutilizados uma segunda vez, possibilitando uma ótima alternativa na redução dos custos nos protocolos de IATF, o que não foi observado com a terceira utilização.

Ao considerar a presença de muco como um sinal de estro, pode-se afirmar que houve diferença entre o terceiro e os demais grupos, sendo a porcentagem de animais em estro, durante o protocolo de primeiro uso foi de 0%, no segundo de 7,1% e terceiro uso de 42,9%, podendo novamente sugerir que as baixas concentrações de P4 não foram suficientes para inibir a frequência e a amplitude do LH (17).

Em um estudo realizado por Barufi (58), em vacas de corte com bezerro ao pé a taxa de prenhez foi de 67,8%, afirmando a eficiência da sincronização do estro. Neste trabalho os animais apresentaram muco nos dias D1, D2 e D3 com o implante auricular de terceiro uso.

Neste presente experimento, não foi realizado a IA, pois o objetivo era apenas observar o recrutamento folicular, por isso a taxa de prenhez não foi avaliada.

CONCLUSÃO

O Crestar® quando utilizado no primeiro e segundo uso em vacas e novilhas demonstraram eficiência, porém na utilização de terceiro uso em novilhas não foi obtido resultados esperados, pois 57,1% dos animais apresentaram estro durante o protocolo, sugerindo que a concentração de P4 presente no implante não foi suficiente para o protocolo.

Conclui-se que a partir dos dados obtidos não se deve utilizar o Crestar® pela terceira vez.

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Recebido em29 de março de 2017 Aceito em 30 de maio de 2017

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HEMANGIOSSARCOMA ESPLÊNICO EM CÃO - RELATO DE CASO

HEMANGIOSSARCOMA SPLENIC IN DOG - CASE REPORT

Camila Gasparotto Fernandes*, Lanna de Aquino Diniz*, Francielli Elaine Sampaio*, Guilherme Coutinho Vieira, Nazilton Reis Filho

RESUMO

O baço é um órgão que possuí função de estocagem e maturação de células sanguíneas, fagocitose de leucócitos, plaquetas e eritrócitos, hematopoiese extra medular, e é alvo de diversas patologias, como doenças inflamatórias, hematopoéticas, distúrbios circulatórios e neoplasias. A patologia esplênica com maior incidência são as neoplasias, sejam elas primárias ou metastáticas, que causam alterações, como nódulos e esplenomegalia. A neoplasia que ocorre com maior frequência é o hemangiossarcoma. O hemangiossarcoma é uma neoplasia maligna que se origina do endotélio vascular. Sua ocorrência é maior em cães que geralmente apresentam idade entre oito e treze anos e os sinais clínicos apresentados pelos animais acometidos são geralmente inespecíficos. A realização de exames mais específicos, como a ultrassonografia, se faz necessário. A retirada cirúrgica (esplenectomia) acaba se tornando a intervenção mais viável e comum em termos curativos e de qualidade de vida. O objetivo do trabalho é relatar um caso de hemangiossarcoma esplênico primário em cão atendido no Hospital Veterinário “Roque Quagliato” das Faculdades Integradas de Ourinhos, demonstrando assim a importância de um diagnóstico precoce.

Palavras-chave: Baço, hemangiossarcoma, cão, neoplasia.

ABSTRACT

The spleen is an organ that has the function of storage and maturation of blood cells, leukocyte, platelet and erythrocyte phagocytosis, extra medullary hematopoiesis, and is the target of several pathologies, such as inflammatory, hematopoietic, circulatory disorders and neoplasms. The most prevalent splenic pathology is neoplasms, whether primary or metastatic, that abstain from changes such as nodules and splenomegaly. The neoplasm that occurs most frequently is hemangiosarcoma. Hemangiosarcoma is a malignant neoplasm that originates from the vascular endothelium. Its occurrence is higher in dogs that are usually between the ages of eight and thirteen and the clinical signs presented by the affected animals are usually non-specific. Performing more specific tests, such as ultrasound, is necessary.

Surgical removal (splenectomy) ends up becoming the most viable and common intervention in curative and quality of life terms. The objective of this study is to report a case of primary splenic hemangiosarcoma in a dog attended at the Roque Quagliato Veterinary Hospital of the Faculdades Integradas de Ourinhos, thus demonstrating the importance of an early diagnosis Keywords: Spleen, hemangiosarcoma, dog, cancer.

INTRODUÇÃO

O hemangiossarcoma é uma neoplasia maligna proveniente do crescimento maligno de células endoteliais, cujo principal sítio primário é o baço (1, 2). Além do baço, ocorre

* Discentes do Curso de Medicina Veterinária. Faculdades Integradas de Ourinhos - FIO, Ourinhos, São Paulo, Brasil. E-mail: gasparottocamila52@gmail.com

Aprimorando em Clínica Cirurgica. Faculdades Integradas de Ourinhos - FIO, Ourinhos, São Paulo, Brasil.

Docente das Faculdades Integradas de Ourinhos - FIO, Ourinhos, São Paulo, Brasil.

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Fernandes CG, Diniz LA, Sampaio FE, Vieira GC, Reis-Filho N. Hemangiossarcoma esplênico em cão - relato de caso. Alm. Med. Vet. Zoo. 2017 nov 3 (2): 16-23.

incidências primárias em átrio direito, tecido subcutâneo, pele e fígado (3). Ocorre com maior freqüência nos cães, quando comparado com as demais espécies. Acomete principalmente indivíduos com idade variando entre oito e treze anos, e possui alto índice metastático (4). É observado em cerca de 0,3 a 2,0% de todas as necropsias de cães, e dentre os tumores malignos possui incidência de 5,0% (5). Em geral, o comportamento biológico do hemangiossarcoma é altamente agressivo, tanto com relação à infiltração, quanto metástases, que ocorrem precocemente (6). Os sinais clínicos são inespecíficos e variam de acordo com o local do tumor primário (7). Pode ser observado fraqueza, abdômen distendido, pulso e respiração aumentados, mucosas pálidas, perda de peso e ascite. Hemorragias espontâneas, trombocitopenia e coagulação intravascular disseminada (CID) podem ocorrer. A hemorragia pode causar anemia regenerativa normocítica normocrômica caracterizada por policromasia, anisocitose, hipocromasia, reticulocitose e presença de hemácias nucleadas no sangue periférico. A manifestação mais grave é a morte súbita, devido a ocorrência de hemorragias severas na cavidade torácica ou abdominal, decorrente da ruptura do tumor (1). O tratamento de eleição para o hemagiossarcoma é a excisão do tumor através de procedimento cirúrgico, que se baseia na esplenectomia total no caso de hemangiossarcoma esplênico, seguido de quimioterapia utilizando Doxorrubicina (5).

O objetivo do trabalho é relatar o caso de hemangiossarcoma esplênico primário em cão atendido no Hospital Veterinário “Roque Quagliato” das Faculdades Integradas de Ourinhos, demonstrando assim a importância de um diagnóstico precoce.

RELATO DE CASO

Foi atendido no Hospital Veterinário “Roque Quagliato” das Faculdades Integradas de Ourinhos um cão, fêmea, da raça pitbull, 10 anos, com uma única queixa de abdômen abaulado, percebido pela proprietária há aproximadamente 15 dias.

O animal se encontrava bem, normorexia, normodipsia, normoquesia e normoúria.

Proprietária negou quadros de êmese ou diarréia, tosse, cansaço fácil, síncope ou convulsão.

Vacinação e vermifugação em dia. Durante o exame físico todos os parâmetros se encontravam dentro da normalidade.

Na palpação abdominal foi possível observar a presença de estrutura rígida e circunscrita em região epigástrica/mesogástrica esquerda. Foram realizados os seguintes exames: Ultrassonografia abdominal, radiografia torácica, hemograma completo, perfil renal (creatinina e uréia), perfil hepático (ALT, FA, GGT, proteínas totais) e urinálise por cistocentese. Nos exames laboratoriais, não foram encontradas alterações significativas.

No exame ultrassonográfico observou-se uma massa circunscrita, redonda na borda caudal de baço, com ecotextura grosseira e ecogenicidade mista, medindo aproximadamente 85,7 x 93,5 mm. Não foi possível discernir se a estrutura pertencia ao parênquima esplênico ou fazia parte de cadeia linfática mesentérica. A principal suspeita foi hemangiossarcoma.

Nas imagens radiográficas de tórax em decúbito lateral esquerdo, direito e ventrodorsal não foram identificados sinais compatíveis com doença cardíaca, metástase ou tumor primário.

O animal foi submetido a uma laparotomia exploratória e foi realizado o procedimento cirúrgico esplenectomia.O procedimento se iniciou com tricotomia da região abdominal, seguida pela antissepssia prévia com clorexidine degermante e álcool, e posteriormente a antissepsia definitiva com álcool e clorexidine alcoólico.

A técnica cirúrgica se iniciou com uma incisão de linha média pré-retro-umbilical, incisando pele, subcutâneo e musculatura, sendo explorada a cavidade abdominal fazendo a exteriorização do baço e umedecendo o órgão exposto com compressas úmidas. Foi visualizado a presença de tumor esplênico. Foi feita a ligadura simples dos vasos e uma

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ligadura dupla na artéria esplênica, ambas com fio nylon 2.0. Após as ligaduras, os vasos foram seccionados para a retirada do baço.

Após a esplenectomia foi realizado o procedimento de ovário-histerectomia.

Primeiramente localizou-se o corno uterino direito, identificando o ligamento suspensório e a ponta do pedículo ovariano. Foi rompido o ligamento suspensório para melhor exteriorização do ovário, e em seguida realizado a técnica de hemostasia prévia com três pinças proximais ao ovário, seguida de uma transfixação abaixo da última pinça com fio ácido poliglicólico 2.0 e, por fim, a secção do ovário. A mesma técnica foi repetida no ovário esquerdo. Depois de identificada a cérvix, realizou-se a ligadura das artérias uterinas. Foi feita a técnica de hemostasia prévia com três pinças hemostáticas acima da cérvix, depois foi feita a transfixação abaixo da última pinça com fio ácido poliglicólico 2.0 e a secção do coto. Para sutura da musculatura foi utilizado fio ácido poliglicólico 2.0 com padrão sultan (X), em seguida o subcutâneo foi aproximado com fio ácido poliglicólico 2.0 em padrão cushing, e para sutura de pele foi utilizado fio nylon 2.0 com padrão simples interrompido. Por fim, foi feita a limpeza da ferida e curativo da mesma.

O nódulo foi submetido à biópsia, e na macroscopia apresentou dois fragmentos medindo em média 3,0 X 2,0 X 1,0 cm, possuindo superfícies enegrecidas com focos acastanhados, macia e irregulares (figura 1).

Figura 1: Hemangiossarcoma esplênico retirado após esplenectomia total

Na microscopia pode-se observar fragmentos apresentando áreas de necrose hemorrágica e infarto esplênico, associado a neoplasia maligna caracterizada por formações vasculares de tamanhos variados, delimitados por células fusiformes com moderado pleomorfismo nuclear, núcleo pequeno, vesículoso e mitoses esparsas. E o diagnóstico definitivo foi de hemangiosarcoma esplênico.

O protocolo de quimioterapia indicado foi a realização de sessões com o uso de Doxorrubicina, por via intravenosa, como medida profilática por resquícios de células tumorais que não são eliminadas completamente pela remoção cirúrgica. Foi realizado somente duas sessões de quimioterapia.

DISCUSSÃO

O órgão mais acometido pelo hemangiossarcoma é o baço, o que condiz com o caso relatado, constituindo a principal neoplasia esplênica em cães, porém fígado, coração e pele podem também ser sítios primários desta neoplasia (1).Embora a etiologia seja desconhecida, estudos sugerem que a lesão solar crônica possa ser a causa para o desenvolvimento da variante primária cutânea do hemangiossarcoma (8, 9).

Devido à alta capacidade de disseminação, o hemangiossarcoma deve ser sempre

Referências

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