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Português. Leia com atenção o texto abaixo. Depois, responda às perguntas a seguir.

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Academic year: 2021

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Texto

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Leia com atenção o texto abaixo. Depois, res- ponda às perguntas a seguir.

Um cachorro de maus bofes acusou uma pobre ovelhinha de lhe haver furtado um osso.

— Para que furtaria eu esse osso – ela – se sou herbívora e um osso para mim vale tanto quanto um pedaço de pau?

— Não quero saber de nada. Você furtou o osso e vou levá-la aos tribunais.

E assim fez.

Queixou-se ao gavião-de-penacho e pediu-lhe jus- tiça. O gavião reuniu o tribunal para julgar a causa, sor- teando para isso doze urubus de papo vazio.

Comparece a ovelha. Fala. Defende-se de forma cabal, com razões muito irmãs das do cordeirinho que o lobo em tempos comeu.

Mas o júri, composto de carnívoros gulosos, não quis saber de nada e deu a sentença:

— Ou entrega o osso já e já, ou condenamos você à morte!

A ré tremeu: não havia escapatória!... Osso não tinha e não podia, portanto, restituir; mas tinha vida e ia entregá-la em pagamento do que não furtara.

Assim aconteceu. O cachorro sangrou-a, espos- tejou-a, reservou para si um quarto e dividiu o restan- te com os juízes famintos, a título de custas...

(Monteiro Lobato. Fábulas e Histórias Diversas)

Questões de 1 a 10, baseadas no texto.

O que significa de maus bofes, na primeira linha do texto?

Resolução

De maus bofes significa “de má indole”, “de mau caráter”, “de mau humor”.

a) Dê o superlativo absoluto sintético de pobre, em suas duas formas possíveis.

b) Numa dessas formas, o superlativo absoluto sintéti- co de pobre assume característica latina. Ofereça dois outros exemplos em que, de acordo com a norma culta, isso ocorra.

Resolução

a) O superlativo absoluto sintético de pobre, em sua forma erudita, é paupérrimo e, em sua forma popu- lar, é pobríssimo.

b) Outros exemplos de superlativo absoluto sintético de feição erudita prescritos pela norma culta: nigér- rimo(de negro), celebérrimo (de célebre), amaríssi- mo(de amargo), crudelíssimo (de cruel).

Notar que, diferentemente do que se possa pensar a partir deste quesito, as “características latinas”

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desses superlativos não se devem necessaria- mente aos sufixos empregados, mas à forma dos radicais, apesar de -érrimo ser sufixo exclu- sivamente erudito.

Ao gado formado de vacas, chamamos vacum. Aponte cada um dos adjetivos utilizados para designar o gado formado de:

a) cabras;

b) ovelhas.

Resolução

a) Caprino (variantes inusuais: cabrum e caprum);

b) Ovino (variante inusual: ovelhum).

Do texto, transcreva quatro palavras nas quais ocorram diferentes dígrafos.

Resolução

Dígrafo é um conjunto de duas letras que representam um único fonema ou som. Exemplos: cachorro, pobre, ovelhinha, osso, quero etc.

No texto, encontramos o seguinte período: “— Para que furtaria eu esse osso – ela – se sou herbívora e um osso para mim vale tanto quanto um pedaço de pau?”

Nesse período, teria sido possível escrever Por que em vez de Para que. Isso teria provocado sentido dife- rente à frase? Explique.

Resolução

Para queé uma locução conjuntiva final; por que, cau- sal. Portanto a pergunta formulada diz respeito à finali- dade do hipotético furto, enquanto a pergunta com por quediria respeito a uma possível causa, o que não está em questão.

O argumento contido na indagação retórica da ovelha patenteia que a acusação contra ela é improcedente, pois o furto de um osso seria um ato desprovido de qualquer finalidade para um herbívoro.

Observe o período “Para que furtaria eu esse osso – ela – se sou herbívora e um osso para mim vale tanto quanto um pedaço de pau?”. A respeito dele, pede-se:

a) O segmento para mim está próximo da palavra osso. Pelo sentido, porém, percebe-se que sua rela- ção imediata não se faz com essa palavra, mas com outra. Diga com qual palavra ela se relaciona e expli- que.

b) Explique a função da palavra ela.

Resolução

a) Para mim é complemento de vale, funcionando como objeto indireto desse verbo.

b) Ela funciona como uma oração intercalada cujo

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verbo, elíptico, seria disse ou respondeu. Portanto, a função de ela, no texto, é indicar o emissor da frase na qual o pronome vem intercalado.

A sentença a que a ovelha é condenada só se concre- tiza realmente no último parágrafo. No entanto, ao longo do texto, o narrador vai, aos poucos, oferecendo indícios de que isso ocorreria. Aponte pelo menos dois desses indícios e explique-os.

Resolução

Entre os indícios que podem ser arrolados como sugestivos da condenação final, citamos, no início, a qualificação da ré como “pobre ovelhinha”, com o adjetivo e o diminutivo enfatizando uma imagem de fragilidade e mansidão. A expressão “Não quero saber de nada” patenteia a intransigência do cachorro. A alu- são à fábula de Fedro, proveniente de Esopo, “O Lobo e o Cordeiro”, estabelece um paralelo entre as situa- ções e faz previsível o desenlace desfavorável à ove- lha. A composição do júri é suspeitíssima, pois os juí- zes são “carnívoros gulosos”.

No início, o narrador utiliza verbos no pretérito perfeito do indicativo. Em certo momento, passa a utilizar o presente do indicativo. Esse recurso produz efeito na narrativa? Explique.

Resolução

O efeito da substituição do perfeito pelo presente é o de dar vivacidade à narrativa. Por meio do presente, os eventos são apresentados de maneira mais próxima, como se estivessem acontecendo no momento da enunciação. Muito expressivo, também, é o contraste entre o perfeito, empregado até a cena do tribunal, e o presente narrativo, introduzido naquela cena central.

O adjetivo referente ao substantivo Espanha assume, por vezes, forma latina que pode ser notada em sua grafia. No texto acima, ocorre fenômeno semelhante com uma palavra. Identifique-a e explique esse fenô- meno.

Resolução

São formas eruditas e, portanto, mais próximas do latim, hispânico e ibérico. A primeira palavra deriva do latim hispanicus, adjetivo de Hispania, outra designa- ção da região também chamada Iberia, nome do qual deriva ibericus, étimo de ibérico. No texto, o adjetivo herbívorotem, em sua composição, a forma latina de erva: herba.

Explique o significado das expressões sublinhadas no seguinte fragmento do texto: “Defende-se de forma

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cabal, com razões muito irmãs das do cordeirinho que o lobo em tempos comeu”.

Resolução

Cabal significa “completo”, “pleno”, “integral”; as

“razões muito irmãs” são “razões muito semelhantes, muito próximas, parecidas”; em “cordeirinho que o lobo em tempos comeu” há uma referência à perso- nagem da fábula clássica , “O Lobo e o Cordeiro”, pro- cedente de Esopo, mas mais famosa na versão de Fedro. Em tempos é o mesmo que “há tempos”,

“antigamente”.

Leia atentamente a seguinte frase extraída do texto:

“Ou entrega o osso já e já, ou condenamos você à morte!”. Poder-se-ia dispensar uma das formas já dessa frase sem alterar-lhe o sentido? Explique.

Resolução

Já e jáé uma expressão fortemente enfática; a forma simples já, embora não tenha sentido diferente, é menos expressiva, porque menos enfática.

Dê o plural de:

a) gavião-de-penacho;

b) espostejou-a.

Resolução

a) gaviões-de-penacho;

b) espostejaram-nas.

O que significa, no texto, a forma verbal espostejou?

Explique o processo de formação desse verbo.

Resolução

Espostejar, no texto, significa “despedaçar, transfor- mar em postas”.

O processo de formação desse verbo é derivação parassintética ou parassíntese. Assim, es- é o prefixo, a raiz é post- e o sufixo é -ejar.

Como se pode deduzir do texto, a palavra urubu não tem acento gráfico. A palavra baú, também terminada em u, tem acento agudo. Explique a razão dessa dife- rença.

Resolução

As palavras oxítonas terminadas em u não se acen- tuam, como é o caso de urubu.

Os hiatos cujo segundo elemento seja i ou u tônicos acentuam-se, desde que o i ou u não sejam seguidos de l, m, n, r ou z que travem a sílaba (como em Raul, raiz) e também que não sejam seguidos de sílaba ini- ciada por nh.

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Por que, no texto, o narrador usa o pretérito mais-que- perfeito do indicativo furtara?

Resolução

Porque o mais-que-perfeito indica uma ação ocorrida antes dos outros pretéritos constantes do trecho — perfeito tremeu e os imperfeitos tinha e podia.

INSTRUÇÕES

Esta prova é constituída de apenas um texto.

Com base nele:

Dê um título sugestivo à sua redação.

Redija um texto a partir das idéias apresentadas.

Defenda os seus pontos de vista utilizando-se de argumentação lógica.

Na avaliação da sua redação, serão ponderados,

A correta expressão em língua portuguesa.

A clareza, a concisão e a coerência na exposição do pensamento.

Sua capacidade de argumentar logicamente em defesa de seus pontos de vista.

Seu nível de atualização e informação.

A originalidade na abordagem do tema.

A Banca aceitará qualquer posicionamento ideo- lógico do examinando.

Evite “fazer rascunho” e “passar a limpo” para não perder tempo.

A redação pode ser escrita a lápis.

Atenção para escrever com letra bem legível.

TEMA

“Pobre nem sempre tem fome. Mas geralmente tem medo. A vulnerabilidade é “a companheira cons- tante da privação material e humana”, diz esta sema- na o Banco Mundial, em seu último relatório sobre o desenvolvimento do planeta. “Os pobres vivem em aglomerações urbanas superpovoadas onde chuvas fortes podem levar embora suas casas. Têm empre- gos precários, no setor formal ou informal. Estão sob maior risco de doenças como malária e tuberculose. E sob ameaça de prisão arbitrária ou maus tratos pelas autoridades locais. E eles - principalmente as mulheres - estão sempre sob o perigo de serem vítimas de vio-

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Redação

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lência ou de crime”.

A definição é muito convincente. Sobretudo num dia que começou com a conversa entre dois garis, ouvida por acaso nas ruas do Rio de Janeiro. “Tem horas?” perguntou um deles. “Não. Desisti de relógio.

Cada vez que eu compro um, vem o cara de revólver e leva”, o outro respondeu, sem parar de varrer, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Ele não sabia, mas era personagem de Criando Instituições para o Mercado, o recado dos economistas para 2002. Em seus estudos preliminares eles já recomendavam no ano passado que “redes de segurança fossem conce- bidas para proteger a acumulação de bens” pelas pes- soas mais pobres”.

O problema era político – Marcos de Sá Corrêa – no.com.br – 24/09/2001

Comentário

“Pobre nem sempre tem fome. Mas geralmente tem medo”. A associação entre pobreza e medo cons- tituiu o tema sobre o qual a Banca Examinadora solici- tou que o candidato dissertasse. Para tanto, forneceu como subsídio um texto, extraído da internet, em que o autor, Marcos de Sá Corrêa, transcreve fragmento de relatório assinado pelo Banco Mundial sobre o desen- volvimento do planeta. Não bastassem as privações a que os pobres dia a dia são submetidos, ainda são for- çados a manter-se em constante alerta: a chuva forte;

o emprego instável; a doença grave; a prisão injustifi- cada; a violência…

Caberia, a partir daí, refletir sobre a ausência de direitos elementares dos cidadãos, como a proteção por parte do Estado, o que lhes garantiria, ao menos, a possibilidade de preservar os bens que eventualmente viessem a adquirir, sem o risco iminente de perdê-los;

outros direitos relativos à cidadania passariam certa- mente pela diminuição da pobreza, só possível com distribuição de renda mais justa.

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Referências

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