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O ENSINO DAS VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA INGLESA

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O ENSINO DAS VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS DA

LÍNGUA INGLESA

Daniela Silva de Amorim – daniela.s.amorim@hotmail.com1 Letícia Soares Calvi – leticiascalvi@hotmail.com2

Sandra Regina Ferreira Cancella Lamonato – sandralamonato@gmail.com3 Curso de Graduação em Letras/Inglês

Cachoeiro de Itapemirim – Espírito Santo – 2014

Resumo

O presente artigo reflete sobre a importância do ensino da Língua Inglesa através das Variações Linguísticas, e os benefícios que esse tipo de ensino diferenciado trará, tanto para o aluno quanto para o professor. Um dos principais temas abordados durante este artigo é fator motivacional, que influenciará no desenvolvimento social e profissional do aluno. Outro tema presente neste artigo é como os professores de Língua Inglesa devem aproveitar o conhecimento linguístico dos alunos para que eles possam ter sucesso durante o processo de ensino-aprendizagem. Um importante objeto de estudo deste artigo é a metodologia que algumas escolas e professores adotaram, mas, que não condizem com um ensino de sucesso.

Palavras-chave: Motivação. Variações Linguísticas. Metodologia Abstract

This article reflects on the importance of teaching the English Language through Linguistic Variation and the benefits that this type of differentiated instruction will bring for both student and teacher. One of the main topics discussed during this article is motivational factor, which will influence both social and professional development of the student. Another theme presented in this article is how the English Language teachers should take advantage of the linguistic knowledge students have so they can succeed in the process of teaching and learning. An important object of this article is the methodology that some schools and teachers have adopted, but are not suited to a successful process of teaching.

Keywords: Motivation. Linguistic Variations.Methodology.

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¹, 2 Acadêmicos do curso de Letras/Inglês do Centro Universitário São Camilo.3 Professora orientadora: Graduada em Letras – Português/Inglês, Especialista em Leitura e Produção Textual – Língua

Portuguesa, Especialista em Estudos Linguísticos – Língua Inglesa. Centro Universitário São Camilo-ES, Cachoeiro de Itapemirim – ES, 2014.

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Introdução

Este trabalho busca aperfeiçoar o entendimento por variações linguísticas na Língua Inglesa e enfatizar a importância de se ensiná-las dentro do contexto gramatical. Como objeto de estudo, a língua em si é a expressão que o ser humano criou para ser ouvido e compreendido. Ela não é de domínio individual, mas sim, produto de uma sociedade, na qual ela é inserida por diferentes falantes e contendo inumeráveis interpretações. Segundo Possenti (1997), a variedade linguística nada mais é do que o reflexo da sociedade, onde, a mesma possui uma variedade social caracterizando o papel dos indivíduos e dividindo-os em grupos, classes. Sendo assim, podemos afirmar que o Brasil promove divisão de classes sociais porque a renda é desigual, e isso reflete diretamente na aquisição da língua.

“Por meio do estudo direto da língua em seu contexto social, o montante de dados disponíveis se expande enormemente e nos oferece formas e meios de decidir qual das várias análises possíveis está correta.” (LABOV,2008, p.237).

Assim como em qualquer outra língua, a aquisição das regras gramaticais e das expressões idiomáticas da Língua Inglesa é fundamental para o sucesso de seu aprendiz. As variações linguísticas existem porque elas são formas linguísticas faladas que não existem de um modo homogêneo por todos os seus falantes, porque seu uso varia de acordo com a época, região, classe social, e assim por diante. Individualmente, dependendo da situação, uma pessoa pode usar diferentes variedades de uma só forma da língua.

Partindo do conceito acima, um conceito geral é estabelecido para o que são variações linguísticas, possibilitando afirmar que é válido dizer que em sua essência linguística, as variações se encontram nas principais marcas linguísticas de um povo, ao mesmo tempo em que a sua cultura é enraizada assim que a prática dessas variações se efetua. Entretanto, também é justo dizer que quando se trata de uma outra língua, as escolas tendem a não levar em consideração a importância de se ensinar uma língua estrangeira, devido a precária disponibilidade de professores capacitados e até mesmo de materiais didáticos apropriados.

“De certa forma, com a quantidade significativa de escolas e centros de línguas mundo afora, poder-se-ia facilmente afirmar que o acesso ao Inglês está mais que

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democratizado. Infelizmente, não é essa realidade com que nos deparamos, principalmente nos países ditos subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. Aprender Inglês continua privilégio de poucos e embora já existam alguns programas que enxergam o acesso ao Inglês como um direito, uma política crucial para o exercício da cidadania, estamos ainda muito distantes de uma democratização plena de tal carga de conhecimentos.” (SCHEYERL ; SIQUEIRA, 2006, p.59).

É importante destacar os motivos pelos quais as variações linguísticas da Língua Inglesa foram construídas, polidas e modificadas ao longo do tempo. A finalidade do seu estudo determina que ao compartilhar do conhecimento das variações linguísticas, o aluno certamente terá uma facilidade maior na compreensão da Língua Inglesa. Seu senso gramatical estará mais aguçado ao entrar em contato com estruturas menos tradicionais das presentes na gramática padrão. E, o desenvolvimento de sua fala terá uma base mais sólida, visto que as variações vão além do meio linguístico. É uma questão cultural e como tal, elas podem ter diversas formas e contextos de acordo com o ambiente em que se encontram.

1. Dificuldades das aulas de Língua Estrangeira

Motivação é um fator que que contrubui para um resultado, o que leva a satisfação do indivíduo por ter conseguido sucesso ao alcançar um objetivo. Esse termo também está relacionado à Psicologia, porque sua atuação está relacionada as ações relacionadas ao cognitivo. Motivação vem do latim “Movere”, de acordo com o dicionário Aurélio (2009), o que leva a palavra em Português “mover”, que significa dar movimento a alguma coisa.Conclui-se, então, que motivação é aquilo que move o indivíduo, o leva a persistir a alcançar seus objetivos.

Uma das dificuldades encontradas nas aulas de Língua Inglesa observadas no Estágio Curricular Obrigatório foi a falta de interesse dos alunos em aprender essa língua estrangeira devido, de acordo com os achados de Vygotski, à falta de uma metodologia Sociointeracionista,que consiste, para Moreira (2009), na teoria do pesquisador Vygotsky, que propõe que o desenvolvimento do cognitivo de uma pessoa acontece por meio da interação social, quando há trocas de experiências e ideias, o que, consequentemente

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gera novos conhecimentos.

Considerando que, quando uma pessoa está envolvida no processo de aprendizagem ela deve ser motivada a aprender, e, para que o aluno seja motivado, ele deve perceber o objetivo, a importância e os benefícios que o aprendizado dessa matéria trará para ele, principalmente, se ele perceber relações da matéria com o seu dia a dia e a sua interdisciplinaridade. Quando um discente consegue fazer essas inferências, essas relações entre o aprendizado e o seu dia a dia, será um sinal de que o docente e o alunoestão se entendendo, levando a um bom ambiente de aprendizado.

Outradificuldade foi encontrada foi a falta de preparo por parte dos professores para motivar seus alunos. O ensino das variações linguísticas deve ser adotado como um dos caminhos para persuadir e motivar os alunos a estudarem a Língua Inglesa. Quando o educador utiliza a matéria que ele leciona em conjunto com o dia a dia do aluno, como: a linguagem, pessoas que convivem com ele, objetos, etc., ele conhece os seus alunos e toda a diversidade cultural que os acompanha.

“Discutir questões interculturais em sala de aula não significa a mera transmissão de informações culturais estanques. Significa adotar a perspectiva do intercultural como processo de diálogo, comunicação entre pessoas ou grupos pertencentes a culturas diferentes que promove a integração e o respeito à diversidade e permite ao educando encontrar-se com a cultura do outro sem deixar de lado a sua própria, ou seja, incentiva o respeito a outras culturas, a superação de preconceitos culturais e do etnocentrismo”. (WALESCO, 2006 p.28).

Quando o educador utiliza a diversidade cultural em conjunto com o ensino, ele deve, de acordo com Walesco (2006, p.28), promover a interação e o diálogo entre essas diferentes culturas para que, durante as aulas, os alunos possam conhecer as diversas culturas existentes entre eles, sendo assim, os discentes irão aprender sobre essas diversidades através da interação, ou seja, da troca comunicativa, e, quando o conhecimento sobre essas culturas linguísticas for apreendido, o discente pode superar preconceitos culturais, e, consequentemente, linguísticos.

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2. O ENSINO DAS VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS DA LINGUA INGLESA 2.1 O que se entende por variações linguísticas e seu papel no ensino da Língua Inglesa

As variações linguísticas são modificações que a língua/linguagem de um povo sofre por causa das estratificações sociais, das variedades culturais que existem em uma determinada comunidade. Com essa grande mistura, mais conhecida em Inglês por melting pot (expressão criada por Israel Zangwill nos meados de 1780 ao se referir a assimilação dos imigrantes nos Estados Unidos e de suas diferentes culturas), é inevitável que palavras, algumas expressões e, em alguns casos o sotaque, se misturem e, como consequência, um novo complexo de linguagem se formará e de acordo com a sociedade e seus grupos sociais, as variações irão surgir.

“À luz da Sociolinguística, entende-se a língua como um complexo heterogêneo, inacabado, dinâmico, fluido e multifacetado. Além disso, considera-se que a língua é reflexo da sociedade (ALKMIN, 2001; CAMACHO, 2001; MARCUSCHI, 2008; entre outros). Diante de tal circunstância, é acertado afirmar que toda língua apresenta variações. Sob essa perspectiva, acredita-se que, quanto mais estratificações sociais houver em uma determinada comunidade, mais variações linguísticas ocorrerão (REMENCHE, 2003). Assim, o contexto é fator primordial para que a variação linguística ocorra” (CASTILHO, 2002).

As variações linguísticas determinam a identidade do povo que as utiliza, porque são determinadas de acordo com o sexo, idade, contexto social, que é diversificado no dia a dia das pessoas, porque as pessoas interagem umas com as outras. Sabendo-se que cada uma dessas pessoas usa as diferentes formas da língua, como por exemplo os jovens, que usam gírias que podem variar de região para região, as diferentes expressões e sotaques que existem no Brasil e que variam de sociedade em sociedade, de região para região, e são essas mesmas pessoas sempre terão que adequar suas falas ao se dirigirem a certos tipos de pessoas; como por exemplo o chefe do trabalho, colegas de trabalho e amigos.

"Nenhuma língua permanece a mesma em todo o seu domínio e, ainda num só local, apresenta um sem-número de diferenciações. (...) Mas essas variedades de ordem geográfica, de ordem social e até individual, pois cada um procura utilizar o sistema idiomático da forma que melhor lhe exprime o gosto e o pensamento, não prejudicam a unidade superior da língua, nem a consciência que têm os que a falam diversamente de

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se servirem de um mesmo instrumento de comunicação, de manifestação e de emoção." (CUNHA, 1975, p. 38).

Considerando a citação acima, é possível afirmarque as variações

linguísticas existem, apesar da existência de uma unidade superior de uma língua, então, que as variações linguísticas, que advêm das misturas culturais, devem ser ensinadas com o intuito de fazer com que os discentes consigam usem essas variações durante as aulas, mas sem anular a diversidade cultural de seus alunos, deixando-os usar a linguagem que se adeque a sua realidade.

“A verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema abstrato de formas lingüísticas, nem pela enunciação monológica isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo fenômeno social da interação verbal realizada através da enunciação ou das enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade fundamental da língua. ” (BAKHTIN, 2002, p. 123).

O aluno que aprende os tipos de discurso apropriados em conjunto com a sua linguagem sociocultural, algo ao qual ele já está acostumado a usar, passa a ser um indivíduo motivado a aprender, porque, se o professor souber trabalhar os diferentes tipos de discursos de uma maneira Sociointeracionista, ou seja, aulas quepregam a interação com o conteúdo, assim, os alunos poderão interagir com diferentes linguagens culturais, aprender sobre cada uma delas e respeitá-las. Esse método é muito interessante visto que durante uma aula os alunos podem usar a linguagem a qual eles já se sentem mais confortáveis e poderão dialogar com seus colegas, fazendo trocas comunicativas e culturais.

“Ora, a linguagem é, eminentemente, um fato social. Tem-se, frequentemente, repetido que as línguas não existem fora dos sujeitos que as falam, e, em consequência disto, não há razões para lhes atribuir uma existência autônoma, um ser particular. Esta é uma condição óbvia, mas sem força, como a maior parte das proposições evidentes. Pois, se a realidade de uma língua não é algo de substancial, isto não significa que não seja real.Esta realidade é, ao mesmo tempo, linguística e social.” (apud Alkmim, 2001, p. 24).

Como foi afirmado acima, as línguas existentes no mundo não podem existir fora dos sujeitos que as falam por serem fatos sociais, o que consequentemente, nos leva a questão presente neste artigo: o porquêdo ensino das variações linguísticas na área da Língua Inglesa ser considerado fundamental.

Quando um professor trabalha na área de Línguas, principalmente o educador de línguas estrangeiras, deve estar atento aos seus métodos de

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ensino. O educador de língua inglesa deve analisar a bagagem linguística e como seus alunos interagem com a língua, porque, assim, de acordo com Rodrigues:

“[...] entendemos a Sociolinguística como um ramo da Linguística, de caráter interdisciplinar, que concentra seus estudos na língua enquanto entidade concreta, heterogênea, na sua relação com seus usuários no contexto geográfico, social e interacional. Além disso, a Sociolinguística se interessa em analisar as atitudes dos usuários em relação às formas da língua.” (RODRIGUES, 2005, p. 17).

Os educadores devem conhecer o comportamentodos alunos em seu meio social e na área que diz respeito ao conhecimento e cultura linguística de cada um, porque, assim, os professores de Língua Inglesa poderão trabalhar com atividades dinâmicas, despertando interesse para o aprendizado dessa língua. Assim, a disciplina começa a ter caráter interdisciplinar, ou seja, os alunos aplicam os novos conhecimentos linguísticos no dia a dia e em outras disciplinas; como resultadoexercido por este tipo de ensino seria a evolução profissional dos alunos e, consequentemente, social.

2.2 A importância do ensino das variações linguísticas

As variações linguísticas têm o objetivo de fazer com que as pessoas possam se expressar, se manifestar de acordo com as variações existentes dentro do seu grupo social. Por isso, o ensino das variações linguísticas da Língua Inglesa deveria ser obrigatório nas escolas, uma vez que no momento da aprendizagem de uma língua estrangeira, se tem o objetivo de aprender suas regras e vocabulário para se expressar nessa língua; assim, quando uma situação comunicativa entre um aprendiz e um nativo surgir, como afirma Bagno (2011), (...) tudo vai depender de “quem diz o quê, a quem, como, quando, onde, por que e visando que efeito”. É necessário que os professores se conscientizem que, por existirem diferenças culturais e linguísticas, os alunos devem ter um amplo conhecimento de palavras e expressões para que ele consiga se comunicar com sucesso e sem nenhuma “gafe”, visando os vários contextos interacionais e comunicativos que surgirãona convivência ou diálogos com pessoas estrangeiras.

No PCN de Inglês consta que alunos de Língua Estrangeira devem “saber distinguir entre as variantes linguísticas” (BRASIL, 2000), considerando

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que quando o aluno consegue distinguir as variantes linguísticas, classificadas como regionais, por idade, etc., ele conseguirá produzir o discurso que, como foi afirmado por Bagno, está carregado de informações importantes para a transmissão da mensagem. Ao produzir o discurso no contexto certo, o discente demonstra que aprendeu e entendeua existência de um “balanço linguístico” dentro da sociedade.

Bagno (2011) afirma que deve haver equilíbrio entre aceitação e adequação quando é usado uma língua,pois os alunos devem compreender que existe a formalidade e a informalidade no discurso. O equilíbrio entre a aceitação e adequação linguística deve ser ensinado para os alunos, e não somente o como usar esse equilíbrio na língua materna, mas sim, a utilização de expressões, a linguagem informal e formal através da língua estrangeira também. Na possibilidade de uma viajem para o exterior ou a mudança definitiva para outro paíso indivíduo deve estar preparado para qualquer situação comunicativa que possa surgir, como por exemplo, uma entrevista de emprego. Faraco (2004) afirma que:

“Cabe ao ensino ampliar a mobilidade sociolingüística do falante (garantir-lhe umtrânsito amplo e autônomo pela heterogeneidade lingüística em que vive) e não concentrar-se apenas no estudo de um objeto autônomo e despregado das práticas socioverbais (o estrutural em si). ” Faraco (2004, p. 02)

As instituições escolares que, com algumas exceções, ainda priorizam o ensino que não utiliza as práticas sociais, ou seja, das estruturas gramaticais que os alunos usam em seu dia a dia, sugere a existência de um professor queleciona através da metodologia Tradicional, que acreditam que o ensino da gramática faz com que o aluno seja um bom escritor e falante. Antunes afirma que:

“o conhecimento da gramática é suficiente para se conseguir ler e escrever com2sucesso os mais diferentes gêneros de texto, conforme as exigências da escrita formal e socialmente privilegiada” (ANTUNES, 2009, p. 53).

Essa afirmação não se aplica ao ensino de língua inglesa, uma vez que aulas deste idioma devem focar as habilidades linguísticas dos discentes. Aprender a parte gramatical para falar de acordo com o padrão e em situações que requerem uma fala formal torna-se importante, mas o foco deve ser a construção dos discursos através dos conhecimentos que os discentes têm de

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sua língua materna. Então, os discursos construídos nas aulas de língua estrangeira devem estar de acordo com as possíveis situações de uso destes discursos, para que os alunos entendam que o aprendizado de uma língua estrangeira, principalmente da língua inglesa, que é uma língua global, é muito importante para sua formação social e profissional.

“Preconceito e discriminação são mecanismos poderosos de desqualificação do outro na linguística moderna – aquele que pensamos ser portador de uma doença social” (ALKMIM, 2002).

É possível afirmar, de acordo com Alkmin, queexistem meios poderosos de desqualificação de um sujeito, como o preconceito e a discriminação, sendo que, nesse contexto, a discriminação linguística não se diferencia dos outros tipos de discriminação, como racial, social, então, aquele que não consegue usar os discursos nas situações corretas, é visto pela sociedade como “portador de uma doença social”, ou seja, essa pessoa será excluída das atividades coletivas da sociedade. Logo, é fundamental o exercício de construção de“bons discursos” edo como lidar com a língua de acordo com os parâmetros exigidos pela sociedade.

O grande desafio enfrentado pelos educadores é conseguir balancear o ensino da gramática e o ensino dos discursos, porque muitos educadores pensam que o ensino da gramática é fundamental e outros pensam que o mais fácil é reger uma aula onde os alunos leiam as regras e as decorem. Alguns professores utilizam-se de uma metodologia Tradicional, mesmo que a escola proponha uma metodologia que explora as dimensões que existem no complexo das línguas materna e estrangeira.

“Dessa forma, tal postura linguística influencia diretamente a escola, especialmente nas aulas de línguas. A escola tem priorizado o ensino da gramática normativa, ou seja, a norma culta é a única a ter espaço nas aulas (CAMACHO, 1983). Portanto, o ensino de línguas no contexto brasileiro tem um caráter reducionista, ao não explorar as dimensões existentes no complexo linguístico (SUASSUNA, 2005).” (FRANCESCON, SENEFONTE).

O educador que não explora as dimensões, como sotaques, gírias, expressões que variam de região para região, por idade, que existem no complexo linguístico não consegue obter muito sucesso durante o aprendizado, porque ele reduz o aluno, suprime sua cultura linguística e acaba o desmotivando. Por isso o ensino da Língua Inglesa deve ser feito também através das variações

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linguísticas, para que o aluno tenha confiança e motivação durante todo o processo de aprendizagem. Os educadores e as escolas devem estudar maneiras de explorar a cultura linguística do aluno e, identificar os benefícios que tanto o educador e o educando terão durante o progresso da aprendizagem.

2.3 Motivações do estudo da Língua Inglesa através das variações linguísticas

A Psicologia e a Filosofia enquanto ciências humanas definem o termo motivação como condição do organismo que influencia a direção do comportamento. A motivação é aquilo que é suscetível de mover o indivíduo, de levá-lo a agir para atingir algo e de lhe produzir um comportamento orientado, sendo assim, motivação é um impulso que leva a ação.

As variações linguísticas dentro de uma língua estrangeira devem ser ensinadas não só através de regras gramaticais, mas através da construção de situações de diálogo dentro da sala de aula, quando os alunos poderão praticar o Inglês coloquial dos nativos, mais conhecido como “Inglês de rua”. O “Inglês de rua” é quando um nativo utiliza a língua alvo sem grandes preocupações com a formalidade das regras estabelecidas para o idioma, sendo assim considerada uma linguagem informal. Para que essas situações de diálogo sejam efetivas, o professor deverá usar exemplos aos quais os alunos possam vivenciar situações cotidianas, que sejam comuns a eles;e através dessa coloquialidade, os alunos terão motivação para aprender, e esse aprendizado será lembrado sempre.

Conforme Bortoni-Ricardo (2006) que afirma que o professor e a escola, enquanto instituição, devem fazer o necessário para o desenvolvimento de uma pedagogia que possa equilibrar as diferenças sociolinguísticas e culturais dos alunos. Como os professores de Inglês não têm recursos disponíveis para levar os alunos para conversar com nativos e conhecer a cultura deles pessoalmente, os educadores devem encontrar formas de motivar e efetivar o aprendizado das variações linguísticas nas escolas.

“Primeiramente, o indivíduo motivado esforça-se para aprender a língua, ou seja, há uma tentativa persistente e consistente em aprender o material, fazendo as tarefas,

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procurando oportunidades para aprender mais, fazendo atividades extras etc. Em segundo lugar, o indivíduo motivado quer atingir um objetivo (...). Em terceiro lugar, o indivíduo motivado irá apreciar a tarefa de aprender uma língua”. (GARDNER, 2001, p. 8)

Para que isso aconteça, os professores devem propiciar “uma atividade social, um trabalho coletivo, empreendido por todos os seus falantes, cada vez que eles se põem a interagir por meio da fala ou da escrita” (BAGNO, 2010, p. 36). Dentro da sala de aula, os educadores podem estimular o aprendizado dos alunos com diálogos, inserindo exemplos de variações quando forem explicar outros conteúdos, com produções textuais como cartazes, cartas, no envio demensagens uns aos outros, ao interagirem durante as aulas, com o estudo denovas expressões, através de músicas, filmes, seriados, entre outros.

Outra possível atividade seria o uso da literatura estrangeira, para que os discentes entendam a importância do aprendizado das variações linguísticas e da formalidade e informalidade, porque assim, eles teriam acesso também a linguagem culta, formal para certos contextos interacionais. Outra aquisição importante seria o aprendizado de outra cultura, além do conhecimento sobre artes, obras literárias e os autores de maior expressão.

“Se é verdade que o padrão lingüístico será sempre um ideal, inatingível na prática em sua totalidade, também é verdade que a escola deveria se esforçar para que esse padrão absorvesse uma série de usos linguísticos novos, perfeitamente assimilados pelos falantes cultos, e já consagrados até na literatura dos melhores escritores. Isso reduziria o abismo que existe entre o padrão lingüístico e o uso real da língua por parte dos falantes cultos. Além disso, é preciso também que, dentro da escola, haja espaço para o máximo possível de variedades lingüísticas: urbanas, rurais, cultas, não-cultas, faladas, escritas, antigas, modernas... Para que as pessoas se conscientizem de que a língua não é um bloco compacto, homogêneo, parado no tempo e no espaço, mas sim um universo complexo, rico, dinâmico e heterogêneo...” (BAGNO, 2003a, pp. 173-4).

Quando o professor aplica atividades focando a variação linguística, ele está ajudando o aprendiz a construir competência sociolinguística que, somada à competência linguística, discursiva e estratégica em conjunto com as quatro habilidades: ler, escrever, ouvir, falar, compõem a competência comunicativa (Canale e Swain, apud Neves, 1998, p. 73). Os alunos devem ser competentes em pelo menos duas ou três dessas quatro habilidades, sabendo que, compreender somente o vocabulário não será suficiente, pois utilizando apenas palavras soltas, a comunicação não será bem sucedida porque não haverá

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discurso, e sem troca comunicativa, não haverá comunicação. Moita Lopes enfatiza:

“É essencial [...] que o aluno-professor trabalhe com um modelo da linguagem em uso que considere aspectos de sua natureza social, já que, em última análise, o que o professor deseja é que o aluno aprenda a se engajar e a envolver outros em práticas discursivas, tanto na modalidade escrita (literária e não-literária) quanto na oral, para poder participar da construção social do significado (...). Ensinar a usar uma língua é ensinar a se engajar na construção social do significado e, portanto, na construção das identidades sociais dos alunos. ” (1996, p. 181-2).

O aprendizado das variações linguísticas contribui para o crescimento social e profissional dos discentes. A língua é a identidade de um povoque aliadaas variações linguísticas, que, como explicado anteriormente, advêm de uma mistura de cultura e grupos sociais, que são separados por idade, sexo e status social. Quando se tem conhecimento de outra língua e sua cultura, o indivíduo passa a ser valorizado na sociedade, seu status social muda juntamente como o seu grupo social e todo o seu envolvimento e comportamento para com a sociedade. Todas essas mudanças acontecem devido à competência do professor em conseguir fazer com que seus alunos se envolvam nas práticas discursivas e escritas, pois assim, poderão ser bem sucedidos na comunicação e na construção social de suas identidades.

Considerações finais

Para as questões levantadas no decorrer deste trabalho, como os problemas encontrados nas aulas da disciplina de Língua Inglesa, o que se entende por variações linguísticas e seu papel na língua Inglesa, a importância do ensino de variações linguísticas e as motivações do estudo da língua Inglesa, foram propostas cabíveis soluções para tais questões.

Ressalta-se a importância e o papel das variações linguísticas durante o processo de ensino-aprendizagemde Língua Inglesa. Os professores devem, por meio da sociolinguística, ensinar, de acordo com Bortoni-Ricardo (2005, p.15), as variedades que a língua Inglesa apresenta e as variedades linguísticas que seus alunos apresentam em conjunto, para que o discente sinta-se confiante, motivado, consiga realizar uma troca comunicativa e aplicar o discurso adequado nas situações as quais são exigidos, tendo seu lugar e

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sua voz ouvida na sociedade e consiga persuadir o seu ouvinte.

Outra questão abordada neste artigo e por Bortoni-Ricardo seria as desvantagens do processo de ensino-aprendizagem da Língua Inglesa não ser realizado através das variações linguísticas a saber: a falta de um lugar, de um papel a ser exercido na sociedade, gerando uma imagem negativa para o ser social, que é o discente, o que contribui para a falta de oportunidades sociais e profissionais. Sem a interação social, por falta de conhecimento do padrão comunicativo da sociedade, há a exclusão das atividades coletivas da sociedade.

Os educadores devem propiciar um ensino no qual os alunos consigam perceber a necessidadeda disciplina de Língua Inglesa para a vida deles. Vive-se em um mundo globalizado, e a Língua Inglesa é a mais falada neste contexto. Assim, os docentes que trabalham as variações linguísticas para o ensino do Inglês, conseguem motivar seus alunos, porque eles relacionam a disciplina com o mundo cultural e social dos seus educandos. De acordo com Marangon (2002), o aluno irá aprender melhor quando a interdisciplinaridade e a relação do conteúdo e o dia a dia dos alunos existir e essa relação for entendida.

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Referências

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