MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA
NOVA MEDICAL SCHOOL | FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA
RELATÓRIO FINAL ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE
6° ANO – 2015/2016
Índice
1. Introdução ... 2
2. Corpo de Trabalho ... 3
2.1. Pediatria (29/07/2015-21/08/2015) ... 3
2.2. Medicina Interna (24/08/2015-16/10/2015) ... 3
2.3. Cirurgia (26/10/2015-04/12/2015) ... 4
2.4. Ginecologia e Obstetrícia (29/02/2016-18/03/2016) ... 4
2.5. Saúde Mental (21/03/2016-15/04/2016) ... 5
2.6. Medicina Geral e Familiar (26/04/2016-20/05/2016) ... 5
3. Reflexão Crítica ... 6
1. Introdução
O 6º ano do Mestrado Integrado em Medicina (MIM) da Nova Medical School |
Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa (NMS|FCM-UNL)
corresponde ao ano final da nossa formação como alunos, tendo como objetivo geral
preparar-nos para a componente prática da nossa atividade como médicos. Tomei a
decisão de fazer a maioria dos estágios clínicos deste ano fora de Portugal, por sentir
que tinha pouquíssima experiência prática e por ter a grande necessidade de ter um
papel mais ativo antes de iniciar a minha carreira profissional. Escolhi como local de
estágio o Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC), localizado na cidade de Florianópolis, Brasil. Esta escolha foi baseada em
testemunhos de colegas portugueses de Medicina que fizeram estágios nesse local,
e de colegas brasileiros de Medicina que me informaram do alto nível de ensino nesta
instituição e do papel assumido pelo aluno nas várias especialidades.
Para este ano defini os seguintes objetivos: ganhar o máximo de experiência prática
possível; fazer o máximo de procedimentos que possam ser realizados por alunos;
colmatar falhas que existam no meu conhecimento a nível de tratamento terapêutico
e nas especialidades de Cirurgia e Ginecologia e Obstetrícia; e melhorar a minha
abordagem e raciocínio clínico em relação a doentes com várias comorbilidades.
Neste relatório vou abordar as diversas atividades exercidas em cada estágio clínico
parcelar e fazer uma reflexão crítica sobre cada um deles, que será também feito em
acordo com os objetivos acima estabelecidos. Será também feita uma crítica geral às
componentes do 6º ano e à importância do mesmo para a minha formação. Em anexo
irei colocar um quadro resumindo as atividades realizadas neste ano, os trabalhos que
2. Corpo de Trabalho
2.1. Pediatria (29/07/2015-21/08/2015)
O estágio parcelar de Pediatria, com duração global de 4 semanas, foi realizado no
Serviço de Pediatria do HU-UFSC, sob a orientação do Dr. João Xikota. As 2 semanas
iniciais foram passadas na Enfermaria, onde acompanhei 1 a 2 doentes por dia, e nas
2 semanas seguintes fiquei na área de Ambulatório e na Urgência Pediátrica. Tinha a
responsabilidade de recolher a história clínica, fazer o exame objetivo, preencher o
diário clínico e discutir cada caso com o médico responsável. Neste estágio tive
também a oportunidade de assistir a apresentações de casos clínicos feitas pelos
alunos de 5º ano e também a aulas dadas pelos médicos desta especialidade. Fiz um
trabalho sobre o tema “Infeção do Trato Urinário em Pediatria” juntamente com as
minhas colegas Noessa Assano e Monike Rosa.
2.2. Medicina Interna (24/08/2015-16/10/2015)
O estágio parcelar de Medicina Interna (MI), com duração global de 8 semanas, foi
realizado no Serviço de Clínica Médica do HU-UFSC, sob a orientação da Dra. Simone
Lee. Nas primeiras 4 semanas fiquei na Enfermaria de Clínica Médica 1 durante o
período matutino, onde eram internados doentes de Cuidados Paliativos e/ou
infetados com agentes multirresistentes. Acompanhei 4 a 5 doentes por dia,
permitindo-me ver a sua evolução clínica ao longo do tempo, fazer o exame objetivo,
escrever no diário clínico, discutir a continuação de tratamento com os médicos
responsáveis e falar com os familiares dos doentes. No período vespertino assisti a
apresentações realizadas pelos internos da especialidade, aulas dadas por médicos
da especialidade e participei nas consultas do serviço de Ambulatório, onde podia agir
autonomamente. Tive também a oportunidade de assistir às apresentações de casos
Serviço de Urgência tendo a possibilidade de atender doentes com completa
autonomia, com o apoio da equipa médica para decisão do tratamento ou para a
abordagem de situações mais graves. Apresentei juntamente com as minhas colegas
Marina Guzman e Natália Minatti um trabalho sobre o tema “Sépsis”.
2.3. Cirurgia (26/10/2015-04/12/2015)
O estágio parcelar de Cirurgia, com duração global de 6 semanas, foi realizado no
Serviço de Cirurgia Geral do HU-UFSC, sob a orientação do Dr. Wilmar Gerent.
Durante este período tive a oportunidade de passar pela Enfermaria, Cirurgia
Ambulatorial, Bloco Operatório e Urgência. Na Enfermaria era responsável por 3
doentes, tendo de avaliá-los diariamente e apresentar os seus casos aquando das
visitas. No serviço de Cirurgia Ambulatorial os alunos tinham autonomia total, sendo
que geralmente éramos distribuídos aos pares para tratar cada doente. No Bloco
Operatório tinha papel de observadora, sendo que por vezes me era permitido fazer
as suturas finais. No Serviço de Urgência estava acompanhada de um cirurgião,
sendo que o atendimento e tratamento era feito em conjunto. Ocorreram também
algumas aulas dadas pelo Dr. Wilmar Gerent, onde eram feitas revisões de
fisiopatologia, semiologia clínica e tipos de cirurgia existentes para resolução de certos
quadros.
2.4. Ginecologia e Obstetrícia (29/02/2016-18/03/2016)
O estágio parcelar de Ginecologia e Obstetrícia (G&O), com duração global de 3
semanas, foi realizado no Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HU-UFSC, sob a
orientação da Profa. Roxana Knobel. Nas duas primeiras semanas fiquei no Centro
Obstétrico (CO) e Triagem, onde tive a função de verificar quais grávidas tinham
critérios para serem internadas e fazer o acompanhamento das mesmas até ao parto.
duração das contrações uterinas, e nos casos de indução farmacológica administrei
os fármacos. Assisti a 4 cesarianas e a no mínimo um parto eutócico por dia. Na última
semana estive no Ambulatório de Ginecologia e Obstetrícia, onde fiz consultas de
Gravidez de Alto Risco, Cirurgia, Patologia Cervical e Senologia, sempre com
aconselhamento final do médico da especialidade.
2.5. Saúde Mental (21/03/2016-15/04/2016)
O estágio parcelar de Saúde Mental, com duração global de 4 semanas, foi realizado
no serviço de Ambulatório de Psiquiatria do HU-UFSC, sob orientação da Dra. Ana
Michels. Durante este período tive a oportunidade de assistir a várias consultas
psiquiátricas, que eram realizadas pelos internos da especialidade e posteriormente
discutidas com os médicos responsáveis. Neste estágio tive também a possibilidade
de assistir a um grupo de terapia de doentes com esquizofrenia, o que me permitiu
ver o potencial da terapia de grupo e a dinâmica do mesmo. Assisti também a aulas
sobre Pedopsiquiatria, dadas por especialistas na área, terapêutica em Psiquiatria e
apresentações de casos clínicos.
2.6. Medicina Geral e Familiar (26/04/2016-20/05/2016)
O estágio parcelar de Medicina Geral e Familiar (MGF), com duração global de 4
semanas, foi realizado na Unidade de Saúde Familiar (USF) Vale do Sorraia, em
Coruche, sob orientação da Dra. Teresa Vale. Neste estágio assisti a consultas de
Saúde de Adultos, Hipertensão, Diabetes, Rastreio Oncológico, Planeamento
Familiar, Saúde Materna, Saúde Infantil e Urgência. Foi-me dada autonomia, com a
possibilidade de iniciar as consultas e fazer o exame objetivo sozinha, sendo que
posteriormente passava o caso à minha tutora e fazíamos a decisão terapêutica em
em que esta patologia deve ser considerada. No fim deste estágio escrevi o “Diário de
Exercício Orientado” (DEO), que foi usado como base na avaliação oral do estágio.
3. Reflexão Crítica
Neste último ano de curso, considero que tive um aproveitamento positivo de todas as
experiências que os vários estágios parcelares me proporcionaram, e acredito ter
cumprido todos os objetivos com que me comprometi anteriormente, sendo que
alguns deles ultrapassaram largamente as minhas expetativas iniciais.
A nível de experiência prática: este foi sem dúvida o parâmetro em que consegui sentir
uma maior evolução, e grande parte deve-se ao tipo de ensino de Medicina adotado
pela UFSC, que me deu a oportunidade de, como diz a famosa expressão popular,
“pôr as mãos na massa”. Nesta instituição o aluno tem um papel crucial e é
completamente integrado em todas as equipas médicas, de modo a que consiga
exercer todas as funções para as quais está destinado. Era prática comum os alunos
terem sempre doentes a seu cargo, e eu não fui exceção. Como tal, observava
diariamente os doentes que me tinham sido destinados, fazia o exame objetivo de
modo a ver a sua evolução, escrevia nos diários clínicos, passava o caso aos médicos
responsáveis para decidir o plano terapêutico, fazer pedidos de exames ou avaliações
por parte de outras especialidades, e quando necessário falava com os familiares dos
mesmos. O único estágio em que os alunos não tinham esta liberdade era no de
Saúde Mental, que na minha opinião é compreensível e adequado, devido à
inexperiência em abordar este tipo de doentes. No estágio de MGF também assumi
um papel ativo, sempre com o apoio da Dra. Teresa Vale, podendo fazer consultas
autonomamente e familiarizar-me com os sistemas informáticos SClínico, Prescrição
Relativamente à execução de procedimentos: também vejo como um objetivo
cumprido pelo motivo referido anteriormente. O papel do aluno de Medicina na UFSC
deu-me a liberdade de ter um maior plano de atuação, fazendo com que tivesse a
possibilidade de realizar paracenteses, pequenas cirurgias, suturas, citologias,
administração de fármacos por via intra-vaginal, toques vaginais e até mesmo um
parto eutócico, acompanhada por um interno de G&O. No estágio de MGF também
tive a oportunidade de realizar algumas citologias esfoliativas.
Em relação ao meu conhecimento sobre tratamento terapêutico: esta foi uma questão
que considerei urgente melhorar durante este ano, devido à dificuldade sentida nos
anos anteriores. Apesar de ter sido assustador ao início ter um papel tão ativo e
independente ao atender doentes, creio que foi um passo fundamental para assumir
uma posição de maior responsabilidade e de maior interesse por entender os tipos de
tratamento possíveis aplicáveis a cada caso. Esta responsabilidade motivou-me a
recordar conhecimentos que não estavam tão presentes, quer por estudo individual,
quer por discussão com colegas mais experientes.
A nível dos meus conhecimentos nas especialidades de Cirurgia e Ginecologia e
Obstetrícia: apesar de ter aprendido novos conceitos e de ter tido uma grande parte
de componente prática, continuo a sentir que tenho um conhecimento muito
generalista de ambas as especialidades, o que se deve basicamente à minha falta de
experiência. Por serem áreas tão vastas e tão ricas a nível de conteúdo, é impossível
dominá-las em tão pouco tempo de contato, e por isso espero trabalhar mais esta
questão no futuro.
Relativamente ao raciocínio clínico em doentes com várias comorbilidades: a minha
MGF, onde era enfrentada diariamente com casos de doentes polimedicados e com
múltiplas comorbilidades, principalmente doentes idosos. São sempre situações
delicadas, em que é preciso fazer uma revisão das várias patologias existentes, dos
fármacos utilizados e da sua eficácia em cada caso individual, de modo a garantir que
estão a fazer o tratamento mais adequado possível. Foi também a este nível que pude
verificar a grande importância de um dos princípios fundamentais da Medicina,
Primum non nocere, assegurando que todos os tratamentos eram necessários e
benéficos para os pacientes.
Além de todos os parâmetros acima mencionados, dois fatores que considero terem
sido muito relevantes para a minha aprendizagem como médica, mas numa vertente
mais humana, foram o fato de ter feito parte do estágio de MI numa enfermaria mais
dedicada a Cuidados Paliativos e parte do estágio de G&O num Centro Obstétrico que
é referência para Parto Humanizado. Nunca tinha tido contato com uma unidade de
Cuidados Paliativos, o que me fez ver quão importante é tratar o ser humano com
dignidade, mesmo em situações clínicas sem solução, e a relevância da terapêutica
da dor e sedação, de modo a que os doentes não estejam em sofrimento. Também
foi muito interessante ver o papel da família nesta fase terminal da doença e a
influência que a mesma pode ter no doente, mostrando a importância de um bom
suporte familiar. O Parto Humanizado foca-se no bem-estar e conforto da mãe, tendo
o acesso a uma equipa médica e de enfermagem especializada neste tipo de
cuidados. São ensinadas técnicas para reduzir a dor, respiração, posições mais
confortáveis, e a mãe tem direito a escolher o/a acompanhante e se quer usar
analgesia, tornando-a no foco de todo o acontecimento. Isto faz com que o parto tenha
Em conclusão, todas as unidades por onde passei neste ano fizeram-me crescer,
tanto a nível profissional como pessoal. Apesar de ter tido um início atribulado, por
insegurança e diferenças linguísticas e culturais, demorou pouco tempo até que me
sentisse em pé de igualdade com os meus colegas brasileiros. Todos eles me
aceitaram e facilitaram a minha integração nas equipas médicas, sendo que o meu
sucesso também se deve a eles. Mas apesar de tudo, o que mais me fascinou foi a
confiança que os doentes depositavam em mim com tanta facilidade. Vivi ambos os
extremos da vida, o nascimento e a morte, e o impacto que estas situações traziam
aos doentes e respetivos familiares, e independentemente do resultado final a atitude
para connosco era maioritariamente de agradecimento, por estarmos a cumprir o
nosso papel e a ajudar o máximo possível. Existem certamente situações que nunca
irei esquecer: a minha primeira doente paliativa, a primeira vez em que tive de dar
más notícias a uma família, a primeira vez em que vi um doente falecer, a primeira
vez em que um doente brigou comigo, mas também momentos bons como o primeiro
parto que fiz e a primeira vez que uma doente pediu exclusivamente que fosse eu a
ajudá-la durante o trabalho de parto. Foi fascinante ver que um bom atendimento não
passa só por uma boa recolha de história clínica, exame objetivo e prescrição de
medicamentos ou exames, mas que o simples acto de prestarmos atenção e ouvirmos
o outro por vezes é suficiente para que os doentes fiquem mais satisfeitos e que se
crie uma relação de confiança. Assim sendo, sei que tomei uma ótima decisão ao
escolher fazer estes estágios no Brasil, por me permitirem ter contato com uma outra
realidade, e não tenho dúvidas de que todas estas experiências moldaram a minha
maneira de pensar e agir e que me prepararam um pouco mais para a etapa seguinte,
4. Anexos
Anexo I : Cronograma do ano letivo 2015/2016
Unidade Curricular Duraçao Orientador Local
Pediatria 4 semanas
29/07/2015 a 21/08/2015 Dr. João Xikota HU-UFSC
Medicina Interna 8 semanas
24/08/2015 a 16/10/2015 Dra. Simone Lee HU-UFSC
Cirurgia 6 semanas
26/10/2015 a 04/12/2015
Dr. Wilmar
Gerent HU-UFSC
Ginecologia e Obstetrícia
3 semanas
29/02/2016 a 18/03/2016
Profa. Roxana
Knobel HU-USFC
Saúde Mental 4 semanas
21/03/2016 a 15/04/2016 Dra. Ana Michels HU-UFSC
Medicina Geral e Familiar
4 semanas
26/04/2016 a 20/05/2016 Dra. Teresa Vale
USF Vale do
Sorraia Medicina de
Emergência e Catástrofe
2 semanas
23/05/2016 a 06/06/2016
Regente: Prof.
Dr. Rui Moreno FCM-UNL
Anexo II :Trabalhos realizados no âmbito do estágio profissionalizante
Estágio Tema e Autores
Pediatria
“Infeção do Trato Urinário em Pediatria”
Ana Caldeira, Monike Rosa, Noessa
Assano
Medicina Interna
“Sépsis”
Ana Caldeira, Marina Guzman, Natalia
Minatti
Anexo III: Atividades extra-curriculares relevantes
- Participação no programa de mobilidade Erasmus no ano letivo 2013/2014, na