• Nenhum resultado encontrado

REGULAMENTAÇÃO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO VERSUS ENGENHARIA DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "REGULAMENTAÇÃO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO VERSUS ENGENHARIA DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO"

Copied!
12
0
0

Texto

(1)

33

REGULAMENTAÇÃO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO VERSUS ENGENHARIA DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO

Emanuel N. Ferreira Mestre SCIE SRPC - Madeira Portugal

João P. Rodrigues* Professor

UC - Coimbra Portugal

António L. Coelho Investigador LNEC - Lisboa Portugal

SUMÁRIO

Os modelos de simulação de evolução de temperaturas e propagação de fumo, como os abordados neste artigo, permitem aferir parâmetros que apoiam os projectistas nas suas tomadas de decisão no que se refere à segurança contra incêndio de edifícios e recintos. Pretende-se mostrar que, apesar de regulamentarmente exigida, a implementação de uma rede de sprinklers não é viável dado ao volume da fossa de resíduos e às temperaturas aí atingidas.

Palavras-chave: Risco, incêndio, modelos, campo, zona.

1. INTRODUÇÃO

Durante muitos anos no nosso País a regulamentação sobre segurança contra incêndio manteve-se dispersa e por vezes contraditória, sob a forma de vários diplomas, decretos-lei e portarias. No final do ano de 2008, com a publicação a 12 de Novembro do Decreto-Lei n.º 220/2008 [1], que estabelece o regime jurídico (RJ-SCIE) e, posteriormente, a 29 de Dezembro a Portaria 1532/2008 [2], relativa às condições técnicas (RT-SCIE), permitiu reduzir essa dispersão. O actual regulamento técnico, com os 7 primeiros títulos comuns às diferentes utilizações-tipo (UT) e o Título VIII relativo às condições específicas das diferentes utilizações tipo, é de natureza prescritiva como no passado, com soluções por vezes discutíveis, não só nos novos empreendimentos mas principalmente nas remodelações dos edifícios existentes. Face ao estado actual da arte do nosso País, o carácter eminentemente prescritivo porventura tem a sua razão de ser. No entanto a referida regulamentação, nomeadamente o Decreto-Lei n.º 220/2008, no seu artigo 14.º abre uma porta para a engenharia de segurança contra incêndio. Neste artigo vamos analisar algumas condições de segurança e o risco de incêndio numa instalação de tratamento de resíduos sólidos urbanos, nomeadamente ao nível da sua fossa de deposição de resíduos. A análise baseia-se nas simulações do desenvolvimento do incêndio usando um modelo de duas zonas, o Consolidated Model of Fire and Smoke Transport (CFAST) e um modelo de campo, o Fire Dynamics Simulator and Smokeview (FDS-SMV), ambos do National Institute of Standards and Technology (NIST), sendo os resultados analisados, discutidos e relacionados com as actuais exigências regulamentares no que respeita a sistemas fixos de extinção automática

*Autor correspondente Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Rua Luís Reis Santos. Polo II da Universidade. 3030- 788 Coimbra. PORTUGAL. Telef.: +351 239 797237 Fax: +351 239 797242. e-mail: jpaulocr@dec.uc.pt

(2)

A Estação de tratamento de resíduos sólidos da Meia Serra na Ilha da Madeira teve o seu início na década de 80, e actualmente engloba um sistema integrado de tratamento de resíduos sólidos urbanos, nomeadamente uma instalação de incineração de resíduos sólidos urbanos (IIRSU) com produção de energia, uma instalação de incineração de resíduos hospitalares e de matadouro, compostagem, trituração de pneus, compactação de sucata resultante da incineração, estação de tratamento de águas residuais, aterros sanitários, etc.

A carga de incêndio existente na fossa da IIRSU da Meia Serra, na Ilha da Madeira, são os próprios resíduos para incineração e são compostos por materiais de embalagens, materiais de consumo, restos de cozinha e outros materiais que são típicos no uso doméstico. O modo de armazenamento dos resíduos na fossa tem uma influência predominante na possibilidade de incêndio. Em fossas profundas, os resíduos podem ser depositados originando uma superfície horizontal dificultando a propagação do incêndio. Na maioria dos casos o empilhamento torna-se inevitável, originando flancos verticais ou “paredes” que facilitam a propagação/desenvolvimento de um incêndio. As poeiras representam um perigo adicional pelo que as correntes de ar ou trabalhos com ar comprimido originam o levantamento de partículas inflamáveis. Estas poeiras, quando misturadas com o ar em determinadas concentrações e composição podem, devido a eventuais faíscas de impacto (acoplamento de mangueira de ar comprimido, ao bater de portas, a batentes da ponte rolante ou a faíscas de origem eléctrica) dar origem a um incêndio na fossa de resíduos.

O incêndio também pode acontecer por auto-ignição do material existente na fossa, sem qualquer influência exterior. Para surgir uma auto-ignição terá que existir matéria inflamável e uma fonte de energia para o efeito. As matérias inflamáveis surgem nos resíduos fornecidos em estado sólido, líquido ou gasoso. Neste contexto torna- se importante a formação de gás, ou seja, a libertação de gás proveniente destes resíduos, provocada por evaporação de solventes, gases propulsores e combustíveis provenientes de recipientes fornecidos (cargas residuais) e produtos de reacções químicas dos componentes dos resíduos fornecidos. A fonte de energia para originar a auto-ignição poderá ter origem nas faíscas provenientes de impactos ou fricção de matérias duras existentes nos resíduos, no aquecimento dos resíduos por fermentação, aquecimento dos resíduos por reacções químicas na fossa (por ex. por metais, nomeadamente dos 3 grupos principais e secundários da tabela periódica, especialmente o alumínio, magnésio e as suas ligas como também aparas de ferro) em reacção com água ou ácidos diluídos.

2. DESCRIÇÃO DA FOSSA DE RESÍDUOS E CAIS DE DESCARGA

A nave Norte do edifício industrial é constituída pela fossa de resíduos e cais de descarga. A fossa apresenta 27,0 m de cumprimento, 12,5 m de largura e 24,5 m de altura e volume de armazenamento de 2880 m3 tendo a função de recolher os resíduos, servir de stock de alimentação para a incineração e permitir a homogeneização por mistura dos resíduos através de uma das duas garras de manuseamento. O cais de descarga permite a transferência dos resíduos dos camiões de recolha para a fossa através de uma das seis comportas de descarga existentes. A nave apresenta essencialmente três níveis distintos: o cais de descarga, o fundo da fossa e o nível das tremonhas de alimentação da instalação de incineração (Fig. 1).

O edifício é de construção mista, sendo os pisos em betão armado com algumas paredes em alvenaria pintadas a tinta de água, ficando a restante estrutura suportada por pilares e vigas metálicas sem protecção ao fogo, as paredes exteriores e cobertura revestidas com chapa ondulada sendo que alguns dos pilares metálicos arrancam da cota de soleira do edifício. Quer a fossa, quer o cais de descarga, possuem cada um na cobertura seis exutores para desenfumagem. Cada exutor possui uma área de 1,7 m2, sendo a abertura manual e simultânea para a fossa e/ou cais de descarga. A cabine da ponte rolante é estanque ao fumo, possui painéis de vidro EI 90 varridos por cortina de água e sistema de desenfumagem mecânico no seu interior. A fossa é protegida por dois monitores de extinção posicionados ao nível das tremonhas de alimentação, um em cada extremidade da fossa.

A operação dos monitores de água/espumífero é controlada na cabina da ponte rolante da fossa ou a partir de um segundo posto de combate ao incêndio no exterior da cabine com controlo remoto. Cada uma das duas

(3)

35

tremonhas de alimentação possui para a sua própria segurança e para a segurança das áreas vizinhas um sistema de extinção de espuma de média densidade.

Fig. 1 - Corte transversal da nave Norte do edifício industrial, cais de descarga e fossa de resíduos (ACE ETRS Meia Serra, 2004).

3. ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DE TEMPERATURAS E PROPAGAÇÃO DE INCÊNDIO NA FOSSA DE RESÍDUOS

Para a análise da evolução de temperaturas e propagação de fumo na fossa de resíduos da IIRSU recorreu-se a dois programas de simulação, o modelo de duas zonas Consolidated Model of Fire and Smoke Transport (CFAST) e o modelo de campo Fire Dynamics Simulator and Smokeview (FDS-SMV), ambos do National Institute of Standards and Technology (NIST). Além da temperatura superior e inferior da camada de fumo e respectiva altura, na fossa de resíduos em frente à cabine da ponte rolante, por questões de visibilidade por parte do operador, determinaram-se as temperaturas na face exterior do vidro da cabine e nos monitores de extinção, com vista a verificar a sua integridade durante a ocorrência de um incêndio.

(4)

4. CENÁRIOS DE INCÊNDIO

Os incêndios que surgem na fossa de resíduos na maioria das vezes são detectados precocemente pelos operadores. Com a ajuda das garras, estes incêndios têm que ser apanhados e colocados na tremonha de alimentação, ou seja, devem ser transferidos para a câmara de combustão. Ao mesmo tempo que se tenta colocar estes incêndios na câmara de combustão devem ser accionados os monitores de água/espuma.

4.1 Cenário de incêndio 1 (C1)

Este cenário é caracterizado por um foco de incêndio na fossa de resíduos e passados dois minutos o operador é alertado pelo fumo, transferindo os resíduos com o foco de incêndio com a ajuda da garra para a tremonha de alimentação 1, que é a que se encontra menos cheia. O incêndio na fossa continua, por não terem sido apanhados todos os materiais inflamados. As seis comportas de descarga que até então se encontravam abertas, são fechadas pelo alerta do operador para evitar a propagação de fumo para o cais de descarga. O fecho das comportas ocorre três minutos após o operador detectar o fumo.

4.2 Cenário de incêndio 2 (C2)

Idêntico ao C1, mas com os seis exutores de 1,70 m2 da fossa, abertos ao fim de cinco minutos após a detecção do fumo.

4.3 Cenário de incêndio 3 (C3)

Idêntico ao C2, mas com a comporta de descarga 1 na posição de aberta desde o início do incêndio.

Pretende-se saber também se os resíduos existentes na tremonha 2, que se encontra afastada de 3,7 m da tremonha 1, ganham energia suficiente para se inflamarem. Vamos assumir que não foram realizadas quaisquer operações de extinção do incêndio durante o decorrer da simulação (1800 s).

5. MODELAÇÃO COM O CFAST

Como estamos perante um grande volume, cerca de 18500 m3, houve necessidade de modelar vários sub- compartimentos de modo a não serem ultrapassados 1000 m3 em cada um [3]. As paredes fronteira em contacto com os vários sub-compartimentos foram então consideradas fictícias de modo a formar o volume de controlo em estudo. O resultado é o indicado na (Fig. 2), onde se encontram também referenciados os vários componentes da fossa de resíduos. Para definição da carga de incêndio foi estabelecido um incêndio numa estação de trabalho incluída por defeito na biblioteca do programa CFAST, e que se indica na (Fig. 3).

(5)

37

Fig. 2 - Discretização da fossa de resíduos no programa CFAST (NIST) [3]

Fig. 3 - Carga de incêndio no programa CFAST (NIST)

6. MODELAÇÃO COM O FDS

O problema da sub-compartimentação já não se coloca na modelação da fossa com o FDS, exigindo apenas algum critério na definição da malha nomeadamente no alinhamento e dimensão [4]. Na (Fig. 4) indica-se a modelação com a criação de cinco malhas devidamente alinhadas. Para definição da carga de incêndio foi admitido que os resíduos existentes na fossa e nas tremonhas de alimentação são constituídos por papel/cartão (40%), espuma (20%), vidro (7%), plásticos (15%), metais (3%) e madeiras (15%).

(6)

Fig. 4 - Discretização da fossa de resíduos no programa FDS (NIST) (Thunderhead Engineering, 2008) [5]

7. RESULTADOS DOS PROGRAMAS DE SIMULAÇÃO

Na (Fig. 5) e para o C1 no CFAST visualizamos o incêndio aos 120 s e na (Fig. 6) aos 660 s. Na (Fig. 7) e para o C1 no FDS visualizamos o incêndio aos 120 s e na (Fig. 8) aos 1700 s [6]. Os valores resultantes das simulações para os vários cenários e para os dois programas encontram-se esquematizados nas (Fig. 9) a (Fig. 15).

Fig. 5 - CFAST/SMV, C1 aos 120 s [6]

88,7 ºC

(7)

39

Fig. 6 - CFAST/SMV, C1 aos 660 s [6]

Fig. 7 - FDS/SMV, C1 aos 120 s [6]

88,7 ºC

100 ºC

(8)

Fig. 8 - FDS/SMV, C1 aos 1700 s [6]

Da (fig. 9) verificamos que no CFAST os três cenários apresentam o mesmo comportamento até cerca dos 7 min, que a abertura dos exutores por si só não impede que todo o volume fique enfumado e que a comporta 1 na posição de aberta desde o início, conjuntamente com a abertura dos exutores na cobertura, permite um varrimento que auxilia a desenfumagem diminuindo assim a altura da camada de fumo.

No FDS verificamos que a camada enfumada começa a descer aos 4 min, que permanece uma camada com cerca de 3 m junto aos resíduos sem fumo, e que a abertura da comporta 1 faz diminuir a camada de fumo mas de modo menos pronunciado do que no CFAST.

Fig. 9 - Altura da camada livre de fumo em frente da cabine Altura da camada

0 5 10 15 20 25 30 35 40

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 tempo (min)

altura (m)..

FDS-CN1-altura camada FDS-CN2-altura camada FDS-CN3-altura camada CFAST-CN1-altura camada CFAST-CN2-altura camada CFAST-CN3-altura camada

100 ºC

(9)

41

Da Figura 10 podemos observar que no CFAST existe um pico de subida de temperatura aos 12 min., mantendo- se depois a temperatura estável a partir dos 18 min. No FDS o aumento da temperatura é gradual e ascendente a partir dos 5 min, atingindo um máximo de 40 ºC para o C1 e C2 e estabiliza nos 33 ºC para o C3. O pico de temperatura verificado nos três cenários na simulação do CFAST não deixa de ser surpreendente, não se encontrando uma razão específica para tal acontecimento.

Fig. 10 - Temperatura da camada superior de fumo

Da Figura 11 verificamos que no CFAST a temperatura da camada inferior anda muito próximo da temperatura ambiente enquanto no FDS no C1 e C2 chegam aos 32 ºC e no C3 aproxima-se dos 25 ºC.

Fig. 11 - Temperatura da camada inferior de fumo Temperatura camada superior

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 tempo (min)

temperatura (ºC)..

FDS-CN1-temp. camada sup.

FDS-CN2-temp. camada sup.

FDS-CN3-temp. camada sup.

CFAST-CN1-temp. camada sup.

CFAST-CN2-temp. camada sup.

CFAST-CN3-temp. camada sup.

Temperatura camada inferior

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 tempo (min)

temperatura (ºC)..

FDS-CN1-temp. camada inf.

FDS-CN2-temp. camada inf.

FDS-CN3-temp. camada inf.

CFAST-CN1-temp. camada inf.

CFAST-CN2-temp. camada inf.

CFAST-CN3-temp. camada inf.

(10)

Da Figura 13 verificamos que no CFAST a subida da temperatura no vidro da cabine começa aos 10 min. não ultrapassando os 31 ºC enquanto no FDS a subida é progressiva e chega aos 40 ºC no C1 e C2. No C3 a temperatura máxima no vidro é inferior sendo de 32 ºC.

Fig. 12 - Temperatura na face exterior do vidro da cabine

Da Figura 13 verificamos que a temperatura no monitor esquerdo é mais baixa no CFAST, começando a subir aos 10 min. atingindo o seu máximo de 29 ºC no C1. No FDS as temperaturas são semelhantes para o C1 e C2 atingindo um máximo de 42 ºC.

Fig. 13 - Temperatura no monitor de extinção esquerdo Temperatura vidro da cabine

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 tempo (min)

temperatura (ºC)..

FDS-CN1-temp. vidro cabine

FDS-CN2-temp. vidro cabine

FDS-CN3-temp. vidro cabine

CFAST-CN1-temp. vidro cabine

CFAST-CN2-temp. vidro cabine

CFAST-CN3-temp. vidro cabine

Temperatura monitor esquerdo

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 tempo (min)

temperatura (ºC)..

FDS-CN1-temp. monitor esq.

FDS-CN2-temp. monitor esq.

FDS-CN3-temp. monitor esq.

CFAST-CN1-temp. monitor esq.

CFAST-CN2-temp. monitor esq.

CFAST-CN3-temp. monitor esq.

(11)

43

Da análise dos resultados verificamos que as temperaturas no monitor direito são ligeiramente superiores às verificadas no monitor esquerdo, visto o primeiro se encontrar mais próximo do incêndio. O desenvolvimento das temperaturas é semelhante ao verificado no monitor esquerdo.

Da (fig. 14) verificamos que o desenvolvimento e o registo das temperaturas na tremonha 2 são semelhantes à dos monitores atingindo o valor máximo na simulação com o FDS para o C2.

Fig. 14 - Temperatura na tremonha de alimentação 2

8. CONCLUSÕES

Das figuras anteriores podemos afirmar que as temperaturas na fossa são baixas, mesmo com dois focos de incêndio, por se tratar de um grande volume onde é fácil a dissipação da energia calorífica. Por norma as temperaturas verificadas no FDS são ligeiramente superiores às obtidas no CFAST. As temperaturas máximas registadas foram no C1, sendo de 100 ºC no FDS e 88,7 ºC no CFAST. As temperaturas verificadas nos monitores de extinção de incêndio da fossa não serão suficientes para lhes provocar danos que impeçam o seu normal funcionamento em caso de incêndio. As temperaturas verificadas na zona da tremonha de alimentação 2 não serão suficientes para provocar a inflamação dos seus resíduos quer por radiação do incêndio na tremonha de alimentação 1, quer por radiação proveniente da camada de fumo. Em termos de visibilidade verificamos que a saída de fumo por meios naturais só é eficaz se houver entrada de ar fresco com a saída do fumo na fossa, claramente evidenciado nos valores obtidos no C3, ver (Fig.9), pelo que o operador da cabine da ponte rolante terá alguns problemas de visibilidade se forem reunidas as condições dos C1 e C2 aquando de um incêndio real.

Aplicando o Despacho n.º 2074/2009 de 15 de Janeiro [7], ao edifício industrial, nomeadamente à fossa de resíduos, obtemos uma UT XII da 2ª categoria de risco (CR) [8]. A 2ª CR neste tipo de UT, de acordo com a alínea d) do n.º 1 do artigo 173.º do RT-SCIE, implica a instalação de um sistema fixo de extinção automática de incêndio (sprinklers). Da análise efectuada neste artigo, verificamos que estamos perante um incêndio de baixa intensidade, onde a temperatura mais elevada não ultrapassa os 100 ºC [8]. A aplicação de sprinklers junto à cobertura ou logo acima da área de operação das pontes rolantes, proporciona um pé direito elevado, dando origem a uma detecção tardia pelo sprinkler, pelo que não será a solução mais eficaz a adoptar nesta situação, contrariamente ao que preconiza “cegamente” o RT-SCIE. A detecção de fumo pelo operador (turnos 24 horas) e a existência de monitores de água/espuma nas laterais da fossa de resíduos, comandados por este, são certamente uma solução mais ajustada.

Temperatura tremonha 2

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 tempo (min)

temperatura (ºC)..

FDS-CN1-temp. tremonha 2 FDS-CN2-temp. tremonha 2 FDS-CN3-temp. tremonha 2 CFAST-CN1-temp.

tremonha 2 CFAST-CN2-temp.

tremonha 2 CFAST-CN3-temp.

tremonha 2

(12)

AGRADECIMENTOS

Um agradecimento ao Centro de Ciência e Tecnologia da Madeira (CITMA) pela bolsa de estudo que concedeu ao autor, para a elaboração da tese de mestrado intitulada “Avaliação do Risco de Incêndio em Estações de Tratamento de Resíduos Sólidos – O Caso da Estação da Meia Serra na Ilha da Madeira”.

REFERÊNCIAS

[1] Decreto-Lei n.º 220/2008 de 12 de Novembro, “Regime Jurídico da Segurança Contra Incêndio em Edifícios”, Republica Portuguesa.

[2] Portaria n.º 1532/2008 de 29 de Dezembro, “Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio em Edifícios”, República Portuguesa.

[3] Peacock, R. D. et al (2005), “CFAST – Consolidated Model of Fire Growth and Smoke Transport”, Version 6, , NIST Special Publication 1041, December.

[4] Kevin, M. e al. (2008), “User`s Guide – Fire Dynamics Simulator (Version 5)”, NIST Special Publication 1019- 5, 11/12/2008.

[5] Thunderhead Engineering (2008), “Pyrosim User Manual – A model construction tool for Fire Dynamics Simulator”.

[6] Glenn, P. F. (2008), “User`s Guide for Smokview Version 5 – A Tool for Visualizing Fire Dynamics Simulation Data”, NIST Special Publication 1017-1, July.

[7] Despacho n.º 2074/2009 de 15 de Janeiro, “Critérios Técnicos para determinação da Densidade de Carga de Incêndio Modificada”, República Portuguesa.

[8] Ferreira, E.N. – “Avaliação do Risco de Incêndio em Estações de Tratamento de Resíduos Sólidos – O Caso da Estação da Meia Serra na Ilha da Madeira”, Tese de Mestrado, Universidade de Coimbra, 2010.

Referências

Documentos relacionados

Além da multiplicidade genotípica de Campylobacter spp., outro fator que pode desencadear resistência à desinfecção é a ineficiência dos processos de limpeza em si,

Caso seja necessário interromper o procedimento de coloração, as lâminas podem ser conservadas em banho de tampão após a incubação do anticorpo primário (fase 2) até durante

Realizar a manipulação, o armazenamento e o processamento dessa massa enorme de dados utilizando os bancos de dados relacionais se mostrou ineficiente, pois o

NO(A)EC - Concentração máxima que não éobservado nenhum efeito (adverso); NO(A)EL - Nivel máximo que não é observado nenhum efeito (adverso); NOELR - Taxa

passivo não for acolhida na primeira instância, ele poderá recorrer para a segunda instância. ● O prazo para interposição do recurso é de trinta dias, contados da

No Estado do Pará as seguintes potencialidades são observadas a partir do processo de descentralização da gestão florestal: i desenvolvimento da política florestal estadual; ii

O mecanismo de competição atribuído aos antagonistas como responsável pelo controle da doença faz com que meios que promovam restrições de elementos essenciais ao desenvolvimento

Com base nos pressupostos teóricos, chegamos as seguintes conclusões, a maioria dos atletas praticantes de jiu-jitsu entrevistados que estavam participando do