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FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO VENDA NOVA DO IMIGRANTE - ES

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Academic year: 2022

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FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE

SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO

VENDA NOVA DO IMIGRANTE - ES

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SUMÁRIO

1 SOCIOLOGIA: O QUE É? ... 6

1.1 Antecedentes históricos ... 6

2 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL ... 8

2.1 Divisão de classes. ... 8

2.2 As mudanças no mundo do trabalho ... 9

2.3 O sentido do trabalho ... 10

3 HOMEM E NATUREZA ... 12

3.1 Os Séculos XVIII e XIX: Novo caráter do trabalho e suas relações no filme Tempos Modernos ... 13

4 IMAGENS DE INADEQUAÇÃO PARA O TRABALHO NO FILME ... 15

5 O PAPEL POLÍTICO DA GREVE ... 17

5.1 Revolução Francesa ... 19

5.2 Direitos civis ... 20

6 AUGUSTO COMTE: SURGE A CIÊNCIA DA SOCIEDADE... 21

6.1 Positivismo ou cientificismo ... 21

7 O POSITIVISMO ... 23

7.1 A lei dos três estados ... 24

8 A EVOLUÇÃO DA SOCIEDADE ... 25

8.1 Ciência e senso comum ... 26

9 A INFLUÊNCIA DO POSITIVISMO ... 28

10 ENTENDENDO O CONCEITO ... 29

10.1 Como Durkheim concebe a sociedade ... 30

11 SOCIEDADE MECÂNICA E ORGÂNICA ... 31

12 POSITIVISMO E EDUCAÇÃO ... 32

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13 O POSITIVISMO E A ESCOLA ... 33

13.1 A Influência do Positivismo no Brasil ... 35

14 MARX WEBER: O SOCIÓLOGO DA BUROCRACIA E DA RACIONALIDADE... ... 36

15 AÇÃO SOCIAL ... 38

15.1 Outro conceito importante de Weber: Os tipos ideais ... 42

16 RACIONALIZAÇÃO DO MUNDO SOCIAL ... 43

16.1 Karl Marx: A Sociologia da luta de classes ... 44

17 CRÍTICA DE MARX AO CAPITALISMO ... 46

17.1 Continua a crítica de Marx ao capitalismo... 47

17.2 A atividade humana: A prática ... 47

17.3 Atenção no Conceito Importante de Marx ... 48

17.4 O que importava para Marx então? ... 48

17.5 Ideologia para Marx significa de acordo com o sociólogo Michael Lowy: .... 49

18 A LUTA DE CLASSES ... 50

18.1 Propriedade privada dos meios de produção capitalista ... 51

19 A CRÍTICA AO CAPITALISMO NA ARTE ... 52

20 A INFLUÊNCIA DA TEORIA MARXISTA ... 55

21 MARX E A EXPANSÃO DO CAPITALISMO ... 57

21.1 O que dizer do proletariado na teoria Marxista? ... 58

22 O ESTADO NA TEORIA MARXISTA ... 60

22.1 Como o proletário adquire a consciência de classe? ... 61

23 REIFICAÇÃO, O QUE É? ... 63

23.1 Conhecimento de Marx aplicados à Educação ... 63

24 A TEORIA DE DURKHEIM NA EDUCAÇÃO ... 65

25 O PAI DA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO: DURKHEIM ... 65

26 WEBER E A EDUCAÇÃO ... 68

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27 OS GRANDES SOCIÓLOGOS DO BRASIL ... 69

27.1 a) Florestan Fernandes ... 70

27.2 O pai da sociologia brasileira ... 71

28 DARCY RIBEIRO: O BRASIL COMO MISSÃO ... 73

28.1 Gilberto Freyre: autor de Casa Grande & Senzala ... 74

28.2 Você sabe o que é patrimônio imaterial? ... 75

28.3 Sergio Buarque de Holanda ... 76

29 HOMEM CORDIAL: A IDENTIDADE BRASILEIRA NA VISÃO DE SÉRGIO BUARQUE. ... 76

29.1 Caio Prado Junior. ... 77

30 FERNANDO HENRIQUE CARDOSO ... 79

30.1 No que consiste a teoria do desenvolvimento de Fernando Henrique Cardoso? ... 79

31 SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO ... 80

32 CONCEITO DE EDUCAÇÃO ... 84

33 CAMPO DA SOCIOLOGIA ... 87

34 DESCOBERTA DA INFÂNCIA ... 90

35 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA ... 93

36 REFLETINDO SOBRE AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO ... 96

37 REPRODUÇÃO NA ESCOLA ... 99

37.1 Pierre Bourdieu ... 100

38 ESCOLA: DESIGUALDADE LEGÍTIMA? ... 102

39 A TRANSMISSÃO DO CAPITAL CULTURAL ... 103

40 RENDA E CULTURA: ATRIBUTOS FAMILIAR ... 104

41 A ESCOLHA DO DESTINO E A QUESTÃO DO ETHOS FAMILIAR ... 106

42 COMO A ESCOLA CUMPRE A FUNÇÃO DE CONSERVAR AS DESIGUALDADES SOCIAIS? ... 109

43 VIOLÊNCIA SIMBÓLICA ... 112

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44 BOURDIEU E A EDUCAÇÃO ... 113

45 CAPITAL CULTURAL ... 114

46 A SOCIOLOGIA NA ESCOLA ... 116

47 PAULO FREIRE: A IMPORTÂNCIA DO PENSAMENTO EDUCACIONAL BRASILEIRO. ... 118

48 FREIRE E BOURDIEU ... 121

49 ESCOLA: UM AMBIENTE POLÍTICO ... 124

50 ENSINAR É TRANSFORMAR... 126

51 A SOCIEDADE NA VISÃO DE FREIRE ... 129

52 FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA PARA OS PIONEIROS DA ESCOLA NOVA... ... 131

53 ENTENDENDO A POLÍTICA DA EDUCAÇÃO ... 134

54 PARA ENTENDER A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL ... 137

55 ESCOLA TECNICISTA ... 138

56 E COMO FICA A FORMAÇÃO? ... 142

57 PENSANDO NA AVALIAÇÃO ... 144

58 FORMAÇÃO DOCENTE ... 145

59 RETRATO DA EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE BRASILEIRA ... 147

60 PARA VOCÊ ENTENDER O QUE SIGNIFICA CAPITAL HUMANO: ... 150

61 CRÍTICA À TEORIA DO CAPITAL HUMANO ... 152

61.1 Retrospectiva a partir dos clássicos: ... 153

62 OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA ... 156

63 FECHANDO COM CHAVE DE OURO ... 158

64 MORIN E A EDUCAÇÃO ... 160

65 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ... 164

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1 SOCIOLOGIA: O QUE É?

Fonte: educacaodialogica.blogspot.com.br

A sociologia é antes de tudo uma ciência. Uma ciência social. Neste sentido você deve compreender que esta disciplina não pode ser identificada como simplesmente estudo da sociedade como é comumente definida pelo senso comum.

Deve-se, perguntar, portanto: que estudo e para qual sociedade? Significa dizer que por ser ciência ela possui um método de investigação. Mas antes de saber sobre os métodos de investigação e o paradigma do conhecimento da sociologia, é necessário reconhecer o universo histórico do seu surgimento.

1.1 Antecedentes históricos

A sociologia é parte integrante das ciências sociais juntamente com a antropologia e a ciência política. Isto significa que estes três disciplinas tem em comum tanto o paradigma de sua construção e constituição quanto sua metodologia.

A busca do entendimento sobre a sociedade é possível imaginar, é um exercício que sempre esteve presente na vida das relações humanas, vimos que mesmo na

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Grécia, com os Sofistas, chamados também de pedagogos já se discutiam fatos sociais, políticas e economia. Pode-se dizer, então, que já existia a sociologia como ciência?

Fonte: pedagogia2015-anhanguera.blogspot.com.br

A sociologia como disciplina científica vai surgir no início do século XIX, como uma resposta acadêmica para o novo desafio da modernidade: o mundo estava se tornando cada vez menor e mais integrado, a consciência das pessoas sobre o mundo estava aumentando e dispersando. Os sociólogos não só esperavam entender o que mantinha os grupos sociais unidos, mas desenvolver um “antídoto”

para a desintegração social.

O termo sociologia foi criado pelo Francês Auguste Comte, que associou a palavra sócio do latin socius (associação) e o grego lógus (estudo). Ele pretendia juntar todos os estudos sobre a humanidade, incluindo história, economia e psicologia.

Dois eventos foram marcantes para o início desta ciência: A revolução Industrial e a Revolução Francesa.

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2 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Fonte:lingua-bocaberta.blogspot.com.br

A Revolução Industrial ocorrida na Europa (principalmente na Inglaterra) no século XVIII, mudou radicalmente a estrutura da sociedade. Homens passaram a ser substituídos por máquinas, que produziam mais e custavam muito menos. Isto fez com que os problemas sociais aumentassem, pois muitas pessoas que antes trabalhavam de forma artesanal, ficaram sem emprego. Eram acostumadas a uma forma mais lenta de vida, no meio rural, trabalhando apenas para sobreviver da terra. Agora passariam a trabalhar muitommais para os empresários, ganhando às vezes menos do que estavam ganhando antes.

2.1 Divisão de classes.

A sociedade se dividiu em Burgueses, os que detinham as fábricas e controlavam a economia, e os Proletariados, que tinham a força de trabalho.

O capitalismo se fortaleceu quem produzisse mais, estava acima dos outros.

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9 Fonte: www.cinevest.com.br

2.2 As mudanças no mundo do trabalho

Fonte: kdfrases.com

A revolução industrial mudou a forma e a estrutura do trabalho e das relações de produção. Da manufatura ao trabalho nas fábricas e nas indústrias. Este ponto é de fundamental importância para o seu entendimento das consequências que esta revolução trouxe para a humanidade de forma geral, mesmo que ainda no seus primórdios é possível visualizar em longo prazo fortes transformações sentidas até hoje na estrutura de produção e reprodução social.

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2.3 O sentido do trabalho

Fonte: pt.slideshare.net

A origem da palavra trabalho tem sido comumente atribuída ao latim tripalium, instrumento de tortura utilizado para empalar prisioneiros de guerra e escravos fugidios. O sentido da palavra trabalho atribuído há séculos passados é responsável por inúmeros preconceitos e padrão relacionados à atividade que tem atribuído uma separação hierárquica de funções, que irá se refletir posteriormente em desigualdades sociais.

A origem da palavra trabalho tem sido comumente atribuída ao latim tripalium, instrumento de tortura utilizado para empalar prisioneiros de guerra e escravos fugidios. Assim, em sua própria terminologia, o trabalho carrega uma carga de esforço e desprazer, o que é extremamente compreensível em sociedades onde predominavam o trabalho forçado e que atividades produtivas eram desprezadas e executadas tão somente por escravos como na Grécia e Roma antigas, cabendo aos homens livres a execução de atividades intelectuais ligadas às ciências e às artes.

Pode-se afirmar que o trabalho é o ato que o homem executa visando transformar conscientemente a natureza, é uma ação em que o homem media, regula e controla seu metabolismo com a natureza.

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11 Fonte: kdfrases.com

A origem do trabalho encontra-se na necessidade de a humanidade satisfazer suas necessidades básicas, evoluindo para outros tipos de necessidades, mesmo supérfluas. Assim, trabalhar é produzir riqueza, o que é necessário em todos os modos de produção, seja no comunal primitivo, no escravista, no feudal, no capitalista, e mesmo nas experiências socialistas. O que muda é a forma de produzir, a tecnologia utilizada, e a relação entre o sujeito que produziu e o que se apropria do que foi produzido, que varia de acordo com a forma de organização da sociedade.

Uma sociedade não vive sem o trabalho, na verdade, pode-se dizer que o homem evoluiu de sua condição animal até sua condição atual devido ao seu trabalho. Engels (s/d, p. 270) afirma que o homem modifica sua relação com a natureza devido ao trabalho. Se na condição animal ele tinha de submeter-se às leis da natureza, através do trabalho ele busca dominar a natureza, transforma- a em proveito próprio. Passa de ser dominado a ser dominante devido ao desenvolvimento do trabalho.

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3 HOMEM E NATUREZA

O próprio desenvolvimento do seu corpo, do cérebro, da fala, e da relação entre os homens origina-se do trabalho. Desta forma, Engels afirma que o trabalho criou o homem e o homem criou o trabalho, sendo esta uma ação exclusivamente humana, pois assume uma forma consciente, não intuitiva, pois antes de produzir um objeto é necessário ao trabalhador elaborálo inicialmente em seu cérebro para só então partir para a execução. Já as atividades que os animais executam (a aranha e sua teia, o joão-de-barro e sua casa) são meramente intuitivas, daí trabalho ser uma atividade exclusiva da espécie humana.

Para Marx, o único bem que o trabalhador possui devido a não ser proprietário de meios de produção é a sua força de trabalho, a sua capacidade de trabalhar, sendo por isso que o trabalhador é obrigado a vender sua força de trabalho ao capital. Ao contrário de sociedades pré-capitalistas como o feudalismo e a escravidão, no capitalismo o trabalhador entrega sua capacidade de trabalhar por um tempo determinado através de um contrato de trabalho.

Além do estabelecimento de um contrato de assalariamento que regula as relações capital-trabalho, algumas diferenças podem ser encontradas no trabalho sob o modo de produção capitalista em comparação com sociedades pré- capitalistas. Como já visto, o trabalho era desprezado na Grécia e Roma antigas, fazendo com que a socialização dos indivíduos ocorresse fora do trabalho, enquanto

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na sociedade capitalista a socialização dos indivíduos ocorre exatamente nas relações de trabalho.

Percebe como o sentido atribuído ao trabalho vai sofrer alterações ao longo da história? Para você entender, principalmente o pensamento de Karl Marx, que é o sociólogo do conflito e da luta de classes, é imprescindível que você compreende antes como este autor considerava o trabalho. Para ele o elemento chave para a compreensão da dinâmica da sociedade capitalista. Neste sentido, sugiro que você faça anotação no seu caderno da disciplina porque esta conhecimento lhe será útil mais tarde, tanto para a realização das suas atividades, quanto para entender a sociologia da educação dos autores pós Marx.

Fonte: slideplayer.com.br

3.1 Os Séculos XVIII e XIX: Novo caráter do trabalho e suas relações no filme Tempos Modernos

A revolução industrial dos séculos XVIII e XIX teve um peso determinante, com a formação de exércitos de trabalhadores que desprovidos de qualquer propriedade são obrigados a abandonar a vida do campo, sendo jogados nas cidades em busca de empregos assalariados junto às nascentes indústrias.

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O trabalho então assumiria um novo caráter, de atividade indigna no passado, passam a ser vistos como indignos aqueles que não trabalham, taxados como vagabundos os que não se submetem a trabalhar para o capital, mesmo que o próprio capital não tenha interesse

em absorver todo o trabalho posto à sua disposição. Assim, os capitalistas sempre encontram um grupo de trabalhadores à margem do processo produtivo, mas sempre ávidos por incorporar-se a ele, a estes trabalhadores Marx denominou de

“exército industrial de reserva”.

Em “Tempos modernos” (“Modern times”), filme de Charles Chaplin de

1936, o diretor mostra com maestria os efeitos que o desenvolvimento capitalista e seu processo de industrialização trouxeram à classe trabalhadora.

Como diz o texto de introdução do filme, “Tempos modernos” é uma história sobre a indústria, a iniciativa privada e a humanidade em busca da felicidade.

A temática de “Tempos modernos” custou a Chaplin uma série de perseguições por parte da CIA, juntamente com a acusação de simpatias comunistas. Além disso, havia recusado naturalizar-se norte-americano argumentando ser um “cidadão do mundo” o que agrava ainda mais sua situação.

Chaplin passa a constar na “lista negra” de Hollywood durante a perseguição macarthista, o que torna sua situação de trabalho nos EUA insustentável (seus filmes eram proibidos), levando-o a abandonar definitivamente os EUA em 1952.

Fonte: mansaodocinefilo.blogspot.com.br

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No filme “Tempos Modernos”, o vagabundo Carlitos, ironicamente, encontra- se na condição de operário. É ao auge do predomínio do padrão de acumulação taylorista-fordista, em que os trabalhadores têm suas habilidades substituídas por um trabalho rotineiro e alienado. É o predomínio da esteira rolante de Ford, do cronômetro de Taylor, do operário-massa.

4 IMAGENS DE INADEQUAÇÃO PARA O TRABALHO NO FILME

A inadequação de Carlitos com o trabalho alienado perpassa o tempo todo do filme. Na condição de operário ele tenta se adaptar, se esforça para inserir- se naquele novo mundo de produção em massa, máquinas gigantescas, exploração do trabalho, mas também de greves e de organização sindical. Esta inadequação fica presente logo no início do filme, quando um bando de ovelhas brancas é mostrado e apenas uma delas tem a cor preta, certamente está representa o próprio Carlitos. A cena do bando de ovelhas é misturada com a cena dos operários entrando na fábrica, como se fossem animais indo para o abate, só que, na verdade, vão para a produção na fábrica.

Como operário da fábrica, Carlitos se depara com a esteira de produção fordista que aumenta o ritmo de produção a todo instante, tornando a relação homem-máquina extremamente conflituosa, até o ponto em que o próprio Carlitos é engolido pela máquina, saindo de lá em uma condição de insanidade, momento em que ele abandona a condição de quase um autômato (repetindo um gesto mecânico mesmo quando não está trabalhando, fruto da alienação do trabalho) para uma situação de confronto direto em que ele sabota a produção, insurge-se contra o patrão e é internado como louco.

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16 Fonte: historiaeciajg.blogspot.com.br

Em outras passagens, a inadequação de Carlitos com o trabalho alienado fica presente nas tantas tentativas de trabalhar que o personagem enfrenta. Quando arranja trabalho no caís após sair do hospício, consegue em um simples gesto lançar um navio ao mar. Quando o personagem vira vigia na loja de departamentos, além, de não conseguir impedir um assalto, consome produtos da loja, leva a amiga para o interior da loja, e dorme no serviço. Trabalhando como auxiliar de mecânico, Carlitos demonstra a todo instante sua inadequação com a simples tarefa de ajudar o mecânico chefe, fazendo com que este seja também engolido pela máquina.

Quando assume o papel de garçom, também é nítida a sua incapacidade de servir uma mesa.

Na verdade, Carlitos só consegue mostrar sua identificação com atividades nada alienantes e que fogem ao domínio da máquina sobre o trabalho. Quando ele está na loja de departamentos e mostra uma grande habilidade em patinar, e quando está no restaurante trabalhando como garçom e que improvisa um número musical cômico. Neste momento percebe-se que em ao menos em uma atividade ele é bom, em um tipo de trabalho que requeira criatividade e não uma mera execução de tarefas formulada por terceiros. Só então, ele é aplaudido por todos e inclusive, parabenizado pelo patrão.

A voz de Carlitos é ouvida pela primeira vez no cinema quando ele canta.

Chaplin opunha-se ao cinema falado, achando que este não duraria muito tempo. Na verdade, seu temor era com seu próprio personagem, adequado muito mais ao gestual do que a fala. Somente depois de 10 anos de existência, é que em “Tempos

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modernos”, Chaplin faria sua primeira experiência com o cinema falado, ou no seu caso, “semi-falado”. Ouve-se o ruído das máquinas, o som mecânico da “máquina de comer”, do alto-falante em que o patrão dirige-se aos funcionários, mas em nenhum momento um personagem fala, que não seja através de uma máquina.

Mesmo quando Carlitos canta ele expressa uma crítica ao cinema falado, quando esquece a letra, sua amiga grita a ele: “Cante! Dane-se a letra!”, e é o que ele faz, mostra que mesmo sem palavras, ou no caso, usando palavras sem sentido, mas caprichando no gestual, faz com que todos consigam compreender uma história.

Outro aspecto que chama atenção no filme é o predomínio completo do trabalho abstrato sobre o trabalho concreto, ou seja, ao capital não interessa a forma como está sendo produzido ou que está sendo produzido, somente importa é que está sendo criado valor. Daí não sabermos exatamente qual a mercadoria que Carlitos produz, e certamente, nem mesmo os operários da fábrica o sabem. Assim, não existe qualquer identificação do trabalhador com seu trabalho, nem com a mercadoria produzida por ele.

5 O PAPEL POLÍTICO DA GREVE

Fonte: www.youtube.com

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Mesmo com toda a crítica social que é feita, a reação do personagem Carlitos ao sistema é feita de maneira individual e não coletiva. Quando eclode a Grande Depressão de 1929, que coincide com a saída do personagem do hospício, é levado à prisão acusado de ser líder comunista por empunhar uma

bandeira (pretensamente vermelha) em frente a um grupo de trabalhadores que fazia uma passeata na rua. Carlitos é visto como o cidadão comum, não politizado, mas que pelo simples gesto de buscar devolver a bandeira que tinha caído do caminhão é acusado de líder da revolta operária. Em outro momento, quando eclode uma greve na fábrica em que trabalha, também por acidente é acusado de agressão a um policial que viria reprimir a greve.

No final do filme, quando sua amiga indignada com a situação de perseguição, miséria e desemprego pergunta: “para que tudo isso?” ele responde:

“levante a cabeça, nunca abandone a luta”. No entanto, a reação dos dois não é o enfrentamento contra o capital, é retirar-se da cidade, indo em direção ao campo.

Ao som da belíssima “Smile”, de autoria de Chaplin, Carlitos dá as costas para a para produção em massa, para as gigantescas máquinas que desempregam trabalhadores, para as suntuosas lojas com suas escadas rolantes, para o trabalho alienado. Seria o último filme mudo de Chaplin e também a despedida do personagem Carlitos, que havia se tornado obsoleto em um momento em que o cinema falado tomava conta dos cinemas do mundo todo. Era o sinal dos tempos. Os tais “tempos modernos”. O que representa o tempo da urbanização e do advento dos problemas sociais.

O que conhecemos hoje como modernidade foi exatamente marcado por acontecimentos que fundaram e consolidaram o sistema capitalista de produção, ou seja: a relação capital X trabalho, o trabalho assalariado, a propriedade privada dos meios de produção, o consumo, o investimento em tecnologia, enfim, fatos relacionados â revolução científica e industrial.

São as consequências destes acontecimentos sobre a sociedade como desemprego, desigualdades, injustiças, prostituição, mendicância, etc, que vai fazer com que Auguste Comte decida por criar a disciplina sociologia.

Sugiro que se você ainda não viu o filme, que veja, ou veja novamente com um novo olhar a partir do que lido.

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5.1 Revolução Francesa

A Revolução francesa é o outro evento que junto à Revolução Industrial representa um marco histórico importante para o surgimento da sociologia.

A Revolução Industrial é um marco em termos econômicos e tecnológicos, e a Revolução Francesa é importante no aspecto político, com a queda da bastilha inaugurou a passagem de uma sociedade de privilégios para uma sociedade de direitos, sobretudo na dimensão formal, representada pelo documento produzido e bastante significativo que é a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

Usualmente observa esta declaração ser apenas citada sem conhecer a fundo o seu teor e a sua importância para o que estamos estudando nestas primeiras aulas que é as consequências dos acontecimentos dos Séculos XVIII e XIX para o surgimento da sociologia. Na revista Nova Escola é possível encontrar uma reflexão acerca deste documento, conforme segue abaixo:

A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foi anunciada ao público em 26 de agosto de 1789, na França. "Ela está intimamente relacionada com a Revolução Francesa. Para ter uma ideia da importância que os revolucionários atribuíam ao tema dos direitos, basta constatar que os deputados passaram cerca de 10 dias reunidos na Assembleia Nacional francesa debatendo os artigos que aís ainda a ferro e a fogo após a tomada da Bastilha em 14 de julho do mesmo ano", explica o professor Bruno Konder Comparato, professor no Departamento de Ciências Políticas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares.

Havia urgência em divulgar a declaração para legitimar o governo que se iniciava com o afastamento do rei Luís XVI, que seria decapitado quatro anos depois, em 21 de janeiro de 1793. "Era preciso fundamentar o exercício do poder, não mais na suposta ligação dos monarcas com Deus, mas em princípios que justificassem e guiassem legisladores e governantes", diz o professor.

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5.2 Direitos civis

A primeira geração de direitos humanos diz respeito à conquista por direitos individuais e inaugura o marco histórico da sociedade fundada em direitos contra o privilégio.

Você pode observar que se trata de direitos de primeira geração, ou seja, direitos civis, que diz respeito ao indivíduo, à pessoa.

A importância desse documento nos dias de hoje é ter sido a primeira declaração de direitos e fonte de inspiração para outras que vieram posteriormente, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos aprovada pela ONU (Organização das Nações Unidas), em 1948. Prova disso é a comparação dos primeiros artigos de ambas:

O Artigo 1º da Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, como visto acima, diz: Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos.

As distinções sociais só podem fundar-se na utilidade comum.

O Artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948:

Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

Foi também na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão que o lema da República Francesa se inspirou: liberdade, igualdade, fraternidade. Dos três, a igualdade era o mais importante para os revolucionários.

Fonte: novaescola.org.br

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6 AUGUSTO COMTE: SURGE A CIÊNCIA DA SOCIEDADE

Nas aulas anteriores você viu o contexto do surgimento da sociologia, agora você irá conhecer os métodos sociológicos. Atenção, vamos tentar entender de forma sistemática. Não se esqueça de registrar no seu caderno.

6.1 Positivismo ou cientificismo

Fonte:articulo.mercadolibre.com.ar

Filósofo do Século XIX, Comte tinha na base na sua filosofia uma visão evolucionista, ou seja, acredita que a história evolui para o progresso, que a humanidade caminha para a perfeição. Contudo, como você viu na segunda vídeo aula o horizonte desta perspectiva era a Europa, demonstrando assim uma visão um tanto quanto etnocêntrica. E o que é o etnocentrismo?

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22 Fonte: www.youtube.com

Etnocentrismo é a atitude de enxergar o mundo com os parâmetros da sua própria cultura.

O objetivo de Comte era reorganizar o conhecimento humano a partir da ideia de ordem e progresso. Como você pode perceber ele teve grande influência na sociologia brasileira, não é por acaso que os dizeres da bandeira nacional são:

ordem e progresso.

Comte fez uma releitura, digamos assim da realidade da época na França, num período turbulento de revoluções e mudanças como visto. Esta formulação parte do princípio que é possível aplicar as leis naturais ao estudo da sociedade. Hoje esta ideia é rebatida por muitos estudiosos, inclusive pelo próprio Karl Marx, considerado também um clássico da sociologia, No entanto, é fundamento do positivismo é a ideia de que tudo o que se refere ao s a b e r h umano pode ser sistematizado segundo os princípios adotados como critério de verdade para as ciências exatas e biológicas.

Este conjunto de ideias descritas acima se refere ao método que Comte irá propor e que mais tarde será aprofundado por Emile Durkheim. Como dito, as leis naturais se aplicaria também aos fenômenos sociais, que deveriam ser reduzidos a leis gerais como as da física. Para Comte, a análise científica aplicada à sociedade é o cerne da sociologia, cujo objetivo seria o planejamento da organização social e política.

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7 O POSITIVISMO

Fonte: slideplayer.com.br

O método da ciência de Comte consiste em observar os fenômenos por meio da experiência sensível, e como você viu, este é o único, de acordo com o autor, capaz de produzir estados concretos e científicos, tomando como base o mundo físico ou material.

Para Augusto Comte, o desígnio único da história é o progresso do espírito humano. Se este dá unidade ao conjunto do passado social, é porque a mesma maneira de pensar deve se impor em todos os domínios. Auguste Comte conclui que o método positivo, baseado na observação, na experimentação e na formulação de leis, deve ser estendido aos domínios que são deixados às explicações por meio de seres transcendentais ou entidades ou ainda as causas últimas dos fenômenos. Para ele há um modo de pensar, o positivo, que tem validade universal, tanto em política como em astronomia.

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7.1 A lei dos três estados

O estágio final da inteligência humana é o estágio positivo.

Observe:

1. No primeiro estado, o teológico tudo se explica pela ação dos deuses, mitos, enfim, de forma não científica;

2. No segundo, já começa a curiosidade e a pergunta sobre os fatos;

3. E, por fim, o último estado é aquele em que a explicação acontece.

Tem-se a verdade sobre os fatos, se tem a ciência e seu método.

Nesse sentido a humanidade atravessa várias etapas até atingir a etapa final.

E o que o positivismo faz é descobrir as leis que agem por traz dos fatos e estas podem ser apreendidas da mesma forma que se apreende o conhecimento de um evento natural.

A queda de um corpo, por exemplo, pode ser explicada espontaneamente de forma positiva. Mas a filosofia da observação, da experimentação, da análise e do determinismo, não podia se fundamentar na explicação autenticamente cientifica desses poucos fenômenos.

No referido curso de Comte, ele afirma que, em seu conjunto a história é, na essência, o dever da inteligência humana. Assim, o progresso necessário do espírito é o aspecto essencial da história da humanidade. Ou seja, o progresso é uma realidade.

Na dinâmica da sociedade quando se passa de uma etapa para outra ocorre uma força que move a contradição entre os diferentes elementos da sociedade. As grandes fases históricas da humanidade são dadas pela forma de pensar; a etapa final é a do positivismo universal, e a impulsão última do dever e nesse sentido o positivismo faz a crítica às sínteses provisórias do da teologia e da metafísica.

A história humana é compreendida numa dimensão única. E isto se dá o nome de visão evolucionista. Ou seja, a evolução vai ocorrer fatalmente e todas as sociedades passam pelos mesmos caminhos até o progresso.

Auguste Comte justifica essa diversidade enumerando três fatores de variação: a raça, o clima e a ação política. Ele interpretou a diversidade das raças atribuindo a cada uma a predominância de certas disposições. Assim, segundo ele, a raça negra deveria caracterizar-se, sobretudo, pela propensão à afetividade. As

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diferentes partes da humanidade não evoluíram do mesmo modo porque, no ponto de partida, não tinham os mesmo dons. Mas é evidente que essa diversidade se desenvolve tendo como pano de fundo uma natureza comum.

8 A EVOLUÇÃO DA SOCIEDADE

Fonte: slideplayer.com.br

A evolução da sociedade em sua diversidade é explicada em relação ao clima da seguinte forma: o conjunto das condições naturais em que se encontra cada parte da humanidade. Cada sociedade conheceu circunstâncias geográficas mais ou menos favoráveis, o que permite explicar, até certo ponto, a diversidade da sua evolução.

Estática e dinâmica são as duas categorias centrais da sociologia de Auguste Comte. Uma sociedade se assemelha a um organismo vivo. E aqui, querido aluno e querida aluna você deve parar um pouco e reter o seguinte:

Para este autor a sociedade deve ser vista como um organismo e é por isso que ele é também conhecido como sociólogo organicista. Ou seja, a sociedade

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composta por elementos interdependentes formando uma totalidade. Assim como é impossível estudar o funcionamento de um órgão sem situá-

lo no conjunto do ser vivo, é impossível estudar a política e o Estado sem situá- los no conjunto da sociedade. Mais tarde Emile Durkheim irá retomar estes conceitos de Comte, e sob a forte influência desta Durkheim será reconhecido também como sociólogo das instituições. Isto quer dizer que as instituições cumprindo cada um sua função contribui para a harmonia social.

Compreendendo melhor este ponto acima citado, a sociedade para os autores positivistas tende à harmonia social, ao equilíbrio. Como ocorre então a mudança social?

De acordo com Aron (2008), para Comte,

8.1 Ciência e senso comum

Neste ponto das aulas é esperado que você já compreenda que para Comte, havia uma grande diferenciação entre o conhecimento científico e o conhecimento do senso comum. Segundo ele, o conhecimento científico representava um estágio mais elevado do desenvolvimento da sociedade.

Assim para ele a evolução da ciência, ou seja, do conhecimento, é uma sucessão de estágios, é assim a mente humana se desenvolve se libertando do senso comum. Este é o denominado Sistema de Filosofia Positiva. O estágio positivo da sociedade seria o mais evoluído o pensamento científico e está baseado na observação e na experiência.

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Iniciando informando que Comte para o desenvolvimento de suas ideias recebe influências de filósofos. Vamos a eles: Condercet (1666-1790), que defendia a ideia de que toda e qualquer ciência da sociedade precisa se identificar com o que ele chamava de matemática social, isto é, precisa realizar

um estudo preciso, rigoroso, numérico dos fenômenos sociais. Percebe a origem do pensamento de Comte? Veja: Segundo Condorcet, a ciência estava sendo controlada e submetida aos interesses de senhores feudais, à aristocracia e ao clero e carecia de objetividade. A intenção era libertar a ciência de subjetividades e interesses políticos e individuais. Portanto, de acordo com Condorcet, era necessário tirar o controle das ciências destas classes para que uma ciência natural pudesse se impor.

Outra influência foi a de Saint-Simon (1760-1852), este o primeiro a usar o termo positivo na ciência. Então observe que Comte usou o nome sociologia pela primeira vez, mas não foi o primeiro a usar o termo positivo. Para SaintSimon, o raciocínio deveria se basear nos fatos observados e discutidos. “Uma vez que nosso conhecimento está uniformemente fundado em observações, a direção de nossos interesses espirituais deve ser entregue ao poder da ciência positiva” (COMTE In:

MESQUIDA, 20001, p.27).

Saint- Simon também defendeu a sociedade industrial, dizendo que o que é favorável à indústria também o será para o homem. Portanto, acreditava na visão de progresso trazido pela indústria e a sociedade capitalista.

O século XIX recebe então, a formalização do pensamento positivista. É o século de surgimento da ciência positiva, a sociologia.

Sintetizando assim e concluindo as características do positivismo podemos citar que:

 As sociedades, melhor, a sociedade, é considerada um fenômeno natural, podendo ser analisada através dos métodos das ciências naturais.

 A compreensão da realidade só é possível pela objetividade que é alcançada através do rigor empírico e da coerência teórica. Trata-se de um avanço na capacidade de pensar, da razão.

 A ação da ciência, ou seja, o conhecimento, é evolutivo e caminha para o progresso.

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Desta forma se descobre as leis gerais e diante disso o ser humano pode prever ações futuras.

9 A INFLUÊNCIA DO POSITIVISMO

Fonte: slideplayer.com.br

O pensamento positivista teve grande influência na formação científica de muitos autores que buscavam analisar as transformações da sociedade e a emergência do capitalismo nos séculos XIX e XX. Como já foi citado, Durkheim é um desses autores que foi profundamente influenciado por todo o ambiente intelectual e social de sua época. Embora tenha sido influenciado pelas ideias de Comte, Durkheim, diferentemente de Comte, aprofundou seus estudos na análise da sociedade a partir dos fatos sociais. Procurou explicar o funcionamento da sociedade emergente no século XIX, com base no estudo dos fenômenos sociais vistos de maneira isolada do seu contexto históricocultural.

Durkheim foi um dos primeiros a teorizar sobre a sociologia da educação. A ideia central de Durkheim, ao propor a sociologia no campo da educação, era

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preparar as novas gerações para uma nova civilização. A educação, para ele, significava o mesmo que socialização e tinha por objetivo formar o ser social.

A sua teoria, embora atualmente bastante contestada pelas teorias críticas da sociedade, serviu de base para o Funcionalismo, corrente de pensamento bastante desenvolvida e valorizada no Século XX. Veja abaixo a influência de Augusto Comte:

A teoria Funcionalista de Durkheim

Esta é a concepção de funcionalismo de Durkheim. A diversificação de funções vai gerar a solidariedade entre os seres humanos, e a especialidade atribuída a cada um ele vai dar o nome de Divisão social do trabalho social. E aqui podemos conhecer dois conceitos essências em Durkheim: Solidariedade mecânica e solidariedade orgânica.

10 ENTENDENDO O CONCEITO

A solidariedade orgânica é, portanto, uma das características da sociedade capitalista, industriais e a divisão do trabalho é que promove a coletividade, este elo perdido com a fragmentação e o individualismo. Coletividade existente nas sociedades primitivas.

Nestas aulas você está conhecendo a base conceitual de cada um dos chamados clássicos da sociologia. Posteriormente você terá estes conhecimentos aplicados à análise das questões da educação, ou seja, como a sociologia pode contribuir para a compreensão dos problemas educacionais.

Pois bem, sigamos um pouco mais com Durkheim:

Émile Durkheim, nasceu em Epinal, na Alsácia, descendente de uma família de rabinos. Iniciou seus estudos filosóficos na Escola Normal de Paris, indo depois para a Alemanha. Lecionou Sociologia em Bourdieu primeira cátedra desta ciência na França.

Durkheim é conhecido como um dos primeiros teóricos da Sociologia, conferindo a esta o estatuto de ciência. Portanto, um clássico, o que quer dizer que o seu trabalho é sempre uma referência no estudo da sociedade. Foi também o primeiro filósofo a sugerir a Sociologia como uma disciplina autônoma, caracterizada pelo método científico. Com base nos ideais positivistas, que tem como princípio

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fundamental a realidade objetiva dos fatos, dando pouca importância aos fatores históricos e ao papel do indivíduo e dasubjetividade desses na organização social, Durkheim desenvolveu seus estudos tendo como objeto de pesquisa a investigação dos fatos sociais. Mas o que são os fatos sociais?

Fique Atento:

1. O que significa que são coercitivos. Independentemente de sua vontade o fato irá exercer uma força sobre o indivíduo.

2. São exteriores porque dizem respeito à cultura, ou seja, como o indivíduo nasce o fato está lá.

3. Gerais porque não diz respeito a um indivíduo apenas mas a uma comunidade.

Os estudos de Durkheim tinham como foco principal descobrir as leis de funcionamento da sociedade. E isto você já viu também em Comte, não é mesmo?

Nesse sentido, é considerado um dos sistematizadores do funcionalismo, uma corrente de pensamento muito presente até os dias de hoje não apenas nas diferentes ciências sociais, mas também nas teorias educacionais e organizacionais.

Você entendeu o que é o funcionalismo?

10.1 Como Durkheim concebe a sociedade

Você já deve ter entendido, mas não é demais rever que a sociedade, para Durkheim, é um organismo exterior e superior aos indivíduos e constituída por um conjunto de normas, leis e regras que são responsáveis pela formação moral e social dos indivíduos. Ou seja, ela mesma um fato social, por excelência, da sociologia. Regida por normas, leis e regras que irão determinar a maneira de ser e de agir dos indivíduos, bem como, a formação das instituições sociais.

Em seu livro: A Divisão do Trabalho Social, Durkheim descreve o processo de transformação da sociedade primitiva para a sociedade moderna através da divisão social do trabalho, na qual estabelece a passagem de um tipo de organização social com base na solidariedade mecânica (pré-capitalista) para a solidariedade orgânica (capitalista).

Por que esta obra é importante? Uma de suas preocupações, nessa obra, é perceber como se dá a relação entre indivíduo e a sociedade. Isso porque, para o

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autor, o objetivo máximo da vida social é promover a harmonia da sociedade que é conseguida por meio do consenso social. Está fazendo os links possíveis para entender o pensamento de Durkheim? Viu que ele fala da harmonia social que ocorre por meios do consenso entre os indivíduos e é garantido por meio das regras e leis que controlam as ações.

Quando você viu os conceitos de solidariedade mecânica e orgânica entendeu que se trata de um processo de mudança: de sociedade simples para mais complexas. Você pode perceber como a questão do consenso é tratada pelo autor, a partir da análise da mudança nas formas de organização social das sociedades

"primitivas" para as sociedades modernas.

11 SOCIEDADE MECÂNICA E ORGÂNICA

Vamos revisar um pouco:

Na solidariedade mecânica a consciência coletiva forte, existe a ideia de coletividade, típica de sociedades primitivas, pré-capitalistas. Pense, por exemplo, numa comunidade indígena. Os integrantes destas comunidades, identificados por laços familiares, tradição, religião, costumes seguiam as regras sociais cegamente, de forma mecânica, ou seja, não existe obrigatoriedade nem burocracia, não tem documento e, no entanto, podiam se manter autônomos e independentes em relação aos outros grupos. A divisão social do trabalho não precisava ir além da sua propriedade e existia para assegurar a subsistência familiar. O consenso se manifesta na semelhança entre os indivíduos.

Contudo, na Solidariedade orgânica o que se percebe é a diminuição da consciência coletiva, e o aumento da fragmentação e do distanciamento típicos das sociedades capitalistas. A divisão social do trabalho é obtida por outros meios, espalhada pelos setores econômicos da sociedade, como fábricas, agricultura, comércio, indústrias. E por que o laço não se rompe? De acordo com Durkheim, a solidariedade é assegurada pela interdependência dos indivíduos, mantendo, assim, os laços sociais. O indivíduo escolhe seguir as regras, pois percebe que as mesmas são boas para ele. O consenso se manifesta na diferenciação dos indivíduos.

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Entendeu a noção de consenso, ou seja, há um acordo entre nós de que seguir as regras e as leis é um bem para o todo, para o coletivo.

Você poderia perguntar: mas e quanto há um romper com as regras?

Um não respeito às leis?

Para Durkheim, a existência de valores e laços morais entre as pessoas era fundamental para a manutenção da harmonia social e da consciência coletiva.

Quando uma sociedade não consegue manter esse estado de harmonia, significa que a sociedade está ‘doente’. E para isso Durkheim tem o termo: anomia.

Anomia é exatamente quando o consenso se rompe e não há mais possibilidade de manter a ordem e o respeito às instituições. Anomia, neste caso, seria o contrário de harmonia.

Pois bem, Augusto Comte e Durkheim são autores expressivos do positivismo e antes de dar início a mais duas vertentes clássicas da sociologia é importante que você compreenda a relação entre o positivismo e a educação. Vamos lá?

12 POSITIVISMO E EDUCAÇÃO

A corrente positivista influenciou consideravelmente a sociedade nos séculos XIX e XX. Aqui você poderá se lembrar da disciplina história da educação e o próprio surgimento da escola formal.

Fonte: multigolb.wordpress.com

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O positivismo esteve presente de forma marcante no ideário das escolas e na luta a favor do ensino leigo das ciências e contra a escola tradicional humanista religiosa. O currículo multidisciplinar – fragmentado – é fruto da influência positivista.

Certamente você se lembrará.

No Brasil esta influência aparece no início da República e na década de 70, com a escola tecnicista. Muitos historiadores ressaltam o pensamento positivista no movimento pela proclamação da república e da elaboração da constituição de 1891.

O movimento republicano apoiou-se em ideias positivistas para formular sua ideologia da ordem e do progresso, graças particularmente à atuação de Benjamim Constant (1836-1891).

13 O POSITIVISMO E A ESCOLA

fonte: pht.slideshare.net

Pode-se inclusive entender que ainda hoje a ênfase nos conteúdos sequenciais, a valorização do pensamento cognitivo, o distanciamento das características emocionais e estéticas do aluno e do processo de aprendizagem tem

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um viés positivista. A ideia de que o aluno se desenvolve de forma linear à medida que vai se apropriando do raciocínio lógico.

Assim apenas o que é observável interessa ao positivismo. O real, inquestionável, aquilo que se fundamenta na experiência. Deste modo, a escola deve privilegiar a busca do que é prático, útil, objetivo, direto e claro. Os positivistas se empenharam em combater a escola humanista, religiosa, para favorecer a ascensão das ciências exatas. Compreenda que o positivismo influenciou a prática pedagógica na área das ciências exatas, influenciando a prática pedagógica na área de ensino de ciências sustentadas pela aplicação do método científico: seleção, hierarquização, observação, controle, eficácia e previsão. Observe. Não é difícil de entender:

Fonte: slideplayer.com.br

Reflita:

Hoje é comum a prática da avaliação baseada nestes princípios. A própria escola em sua prática seleciona, hierarquiza, observa, controla, busca a eficiência e busca a previsão. É neste sentido que no Módulo II você irá conhecer autores críticos do positivismo que apresenta uma perspectiva mais voltada para a sociologia marxista, que se verá nas próximas aulas.

Espera-se que você tenha entendido que esta postura dá uma ênfase nas ciências exatas em detrimento das humanas, e a sociologia estaria no ápice da

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classificação de Comte, que seria: Por meio da fundamentação e classificação das Ciências (Matemática, Astronomia, Física, Fisiologia e Sociologia).

13.1 A Influência do Positivismo no Brasil

Foi em meados do século XIX que o positivismo de Comte chega ao Brasil. E foi entre os oficiais do exército que estas ideias ganharam força. O currículo voltado para as ciências exatas e para a engenharia denota um distanciamento da tradição humanista e acadêmica, havendo certa aceitação das formas de disciplina típicas do positivismo. Você irá se lembrar da influência do humanismo do século XVI na origem do capitalismo. Contudo, as palavras “ordem e progresso” que fazem parte da bandeira brasileira indicam claramente a influência positivista.

No ano de 1870, a escola tecnicista teve uma presença marcante. A valorização da ciência como forma de conhecimento objetivo, passível de verificação rigorosa por meio da observação e da experimentação, foi importante para a fundamentação da escola tecnicista no Brasil. Para esta escola o elemento primordial é a tecnologia.

De acordo com Saviani (1993), na escola tecnicista, professores e alunos ocupam papel secundário dando lugar à organização racional dos meios.

Professores e alunos relegados à condição de executores de um processo cuja concepção, planejamento, coordenação e controle, ficam a cargo de especialista supostamente habilitados, neutros, objetivos, imparciais. Esta objetividade do positivismo vai gerar a noção de que a ciência e a educação devem ser neutras, ou seja, livre de qualquer pré-noção ou posicionamento político. Portanto, pode-se perceber pelas palavras de Saviani que neutralidade e objetividade são típicas do positivismo.

Concluindo pode-se dizer que a necessidade de estabelecer uma relação de aproximação entre a ciência e a técnica em nome do progresso foi um grande marco nos primórdios do pensamento social e das políticas de educação que se concretizou de maneira significativa por gerações. De forma racional e não critica.

Se você estiver atento/a a discussão hoje no Brasil, inclusive com manifestações de intelectuais e professores, vai observar que tramita uma discussão no congresso nacional que desautoriza o professor ensinar de forma reflexiva e crítica.

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Se você entendeu até aqui o contexto do surgimento da sociologia e as ideias e os ideais positivistas vá até o fórum da graduação e chame seus colegas para uma roda de conversa virtual, isto irá ajudar você a reconhecer os conteúdos de uma forma mais prática. Não tenha a noção de que está recebendo um conhecimento, mas reflita que o conhecimento é uma produção humana e é nesta dimensão que ele pode ser questionado.

14 MARX WEBER: O SOCIÓLOGO DA BUROCRACIA E DA RACIONALIDADE

Max Weber é considerado um dos grandes intelectuais do Século XIX e a sua influência atravessa o Século XX. Na verdade, ele figura na transição do século XIX para o século XX. A sociedade da época de Weber gestava um conhecimento que foi sistematizado de forma brilhante por este autor. Especialista em história, direitos e economia. Não falava de si como sociólogo e isso faz dele um autor diferente tanto de Comte quanto de Marx, isso porque ele não acreditava na força da sociedade sobre o indivíduo. A sociedade por si só não determina as ações humanas, o caminho dele foi outro. Contudo, como Durkheim ele era professor de sociologia, contribuindo para o avanço desta disciplina.

Fonte:pt.slideshare.net

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Entre Weber e Durkheim há uma diferença, quase oposta. Durkheim é o pensador social que está imbuído, no seu universo de estudo, da presença de um Estado nacional e de uma sociedade constituída. Weber vivia numa nação problemática, desafiadora. O grande desafio era pensar a inserção da Alemanha na Europa. Na virada do século já unificada, a Alemanha tinha atravessado um processo rápido de modernização e industrialização com marcar profundas no nível estrutural. As turbulências políticas e econômicas da industrialização da Alemanha era a preocupação de Weber.

Observa alguns fatores que contribuíram para o pensamento social de Max Weber:

Leia buscando reconhecer a diferença entre Weber e Durkheim.

Fonte: slideplayer.com.br

Se você leu atentamente o quadro acima encontrou diferença entre o autor francês e Max Weber. Durkheim visava a totalidade, o fato social, enquanto Weber vai se debruçar sobre as motivações humanas para o agir. É neste sentido que ele se aproxima de uma perspectiva cultural.

Na época a Alemanha organizou o maior movimento operário do mundo, o partido social democrata. Para weber a constante é a forma de organização da

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sociedade e a consolidação política. Está preocupado com o tema da política: quais são as dificuldades para o surgimento de sujeito histórico, grupos capazes de organizar um projeto de sociedade, assim como o era também de Marx. Este você conhecerá posteriormente. Vale adiantar que enquanto Marx considerava as classes sociais, a luta entre as classes, Weber visualizava que grupo será este. E a primeira resposta de Weber é a constatação de que não existe na Alemanha nenhum grupo que saberá dar um rumo à nação como Estado com projeção internacional.

O que propõe então Max Weber? A reflexão de Weber não mostra preocupação com grandes estruturas já montadas. A preocupação deste sociólogo está na ação social. Ou seja, quem age e como age, o que move a ação dos sujeitos e para onde estas ações conduzem na prática e como as ações promovem as mudanças no social.

Weber é o autor da burocracia e da razão instrumental. Na sociedade capitalista a organização ocorre de maneira rotineira e repetitiva, mas administração não é a questão política, esta é de outra ordem.

Portanto, o pensamento de Weber está entre o corpo administrativo que faz funcionar a sociedade e a questão política que escapa à administração.

15 AÇÃO SOCIAL

Formular projetos e objetivos para a sociedade. Weber aposta na capacidade política e neste sentido o seu pensamento é fundamentalmente político. A eficiência e a direção, a orientação da conduta. Quem age? Estas são as questões teóricas de Weber. Diante disso ele formula uma teoria da ação. Assim o conceito de ação social é a unidade básica da sociologia weberiana. Vejamos o conceito

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39 Fonte: slideplayer.com.br

Teoria da ação

Ação social, a atividade orientada para um objetivo que dá sentido a ação. As múltiplas linhas de ação são complexas e tecem o social. Cada ação busca uma meta, ou metas que se cruzam, as ações se cruzam e podem ser ou não significativas uma para outras.

Este autor, por exemplo, explicou como a ação do protestante levou (indícios da salvação, está ou não salvo, o protestante se orienta pelo trabalho para a obra no mundo capaz de mostrar resultados), ao surgimento do espírito do capitalismo. O modo de comportamento na área religiosa influenciou a área econômica. Está confuso isso? Continue lendo...

Para Weber não existe uma ação que determina a sociedade. O sentido a ação religiosa concedeu importância à ação econômica. Não é uma relação direta, mas a questão é o sentido que é dado pela ação. O que isso quer dizer? Você já ouviu falar no livro clássico de Weber: A ética protestante e o espírito do capitalismo? Ele faz uma interessante análise de como o comportamento de um destes influencia o outro.

Veja no esquema abaixo:

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40 Fonte: slideplayer.com.br

A ética protestante é diferente da ética católica. Por isso, na visão weberiana, o capitalismo no Brasil é chamado por alguns sociólogos de Capitalismo tardio.

A ideia de rede, de ações sociais, e a busca de significados que as ações têm para o agente, é isso que vai construindo a teia social. Observe novamente o esquema acima e certifique-se de que entendeu. Se ainda não compreendeu chamo seus colegas lá no fórum e levanta esta discussão.

Max Weber é o único dos três clássicos (Durkheim e Marx), que considera a ação individual é um elemento de análise importante, e que responde a questão fundamental para Weber: o que pode responder pela continuidade da sociedade. A ação individual não é vista sozinha, isto seria caótico. Como você analisou, ela aparece numa teia de relações que se cruzam.

Weber traz uma nova reflexão sobre ciência e a sociedade. Vimos que para Durkheim e Comte a sociedade deve ser estudada de forma objetiva. Weber admite que a neutralidade/objetividade total é impossível tendo em vista que o próprio pesquisador está inserido na sociedade. No entanto, a ciência não pode se submeter a interesses particulares e político. Existe fronteira entre a ciência e a política, rigorosa.

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O papel do sociólogo é compreender a sociedade e suas múltiplas possibilidades de entendimentos.

Para Weber não existe uma causa para um fenômeno social, existe uma pluricausalidades e estas dadas pela ação social. As ideias condicionam o momento histórico, e são essenciais para entender o pensamento de Weber.

Vamos fazer uma síntese do que foi visto até aqui. Lembrando que a intenção aqui é que você entenda a base do pensamento dos clássicos, tendo em vista que o pedagogo está habilitado para dar aulas de sociologia no ensino médio e estas noções precisão ser bem compreendidas. Sigamos:

PARA ENTENDER UMA SÍNTESE

a) O conceito de ação social para Max Weber

O conceito de “ação social” foi concebido por Weber como qualquer ação realizada por um sujeito em um meio social que possua um sentido determinado por seu autor. O processo de comunicação estaria, portanto, intimamente ligado ao conceito de ação social. A manifestação do sujeito que deseja uma resposta é feita em função dessa resposta. Em outras palavras, uma ação social constitui-se como ação que parte da intenção de seu autor em relação à resposta que deseja de seu interlocutor.

b) Weber estipulou quatro tipos ideais de ações sociais:

1. A ação racional com relação a fins, 2. A ação racional com relação a valores, 3. A ação afetiva e,

4. A ação tradicional.

Percebe-se, portanto, que Weber afastou-se dos determinismos sócio históricos de Karl Marx (A história da produção econômica determina a realidade social), e do fatalismo da noção de um sistema externo e independente do indivíduo que Emile Durkheim propôs, elaborando, assim, a noção de um ser humano livre para agir, pensar e construir sua realidade.

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Para Weber, as estruturas sociais estavam em contato direto com o poder de ação dos indivíduos, o que significa que os sujeitos, seus valores e ideias possuem força de ação direta sobre essas estruturas. A tarefa da Sociologia seria então, segundo o teórico, apreender os significados que norteiam essas ações.

Interessante, não acha? Esta perspectiva é muito utilizada nas pesquisas atualmente tanto no campo social, como econômico e político. O que move a ação individual?

Weber demonstrou esse princípio em seus estudos comparativos sobre as distinções entre religiões Ocidentais e Orientais. Em seu livro, “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, conforme já foi mencionado acima, o autor buscou esclarecer como a lógica cristã foi responsável pelo desenvolvimento do sistema de produção capitalista. Nisso estaria inserido o contexto cultural e valorativo das sociedades cristãs, e não apenas seu modelo ou situação econômica.

15.1 Outro conceito importante de Weber: Os tipos ideais

Outro ponto importante da teoria weberiana é a busca pela construção dos tipos ideais no processo de construção do conhecimento teórico. O estabelecimento de tipos ideais não busca construir tipologias fixas nem mesmo busca classificar de maneira inflexível o objeto em questão. Eles servem como parâmetro de observação, um “boneco” com características delineadas que serve apenas como ponto de comparação entre o observado e sua obra teórica. Trata-se de modelos conceituais que nem sempre, ou quase nunca, existem. Apenas alguns aspectos ou atributos são observáveis.

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43 Fonte: slideplayer.com.br

Esta construção do tipo ideal faz parte da metodologia de Weber. Observa que neste modelo está inserido também o sentido da ação de cada pessoa.

16 RACIONALIZAÇÃO DO MUNDO SOCIAL

Max Weber faz referência a um fenômeno de grande importância do mundo moderno e que está relacionado com as mudanças estruturais, culturais e sociais que as sociedades modernas passaram no decorrer do tempo: “a racionalização do mundo social”. Um dos conceitos essenciais de Weber é o de racionalização. E isso você já sabe.

Esse fenômeno refere-se a mudanças profundas, como a gradual construção do capitalismo e a monstruosa explosão do crescimento dos meios urbanos, que se tornaram as bases da reordenação das organizações tradicionais

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que predominavam até então. Pode-se dizer que o processo de consolidação do capitalismo é sim um processo de racionalização da vida e da sociedade.

Ampliando nossa explicação, devemos dizer que a preocupação de Weber estava em tentar apreender os processos pelos quais o pensamento racional, ou a racionalidade, impactou as instituições modernas, como o Estado, os governos e, ainda, o âmbito cultural, social e individual do sujeito moderno. Em sua denominação das diversas formas de racionalidade, Weber fez distinção de quatro principais formas: a racionalidade formal, a racionalidade substantiva, a racionalidade meio finalística e a racionalidade quanto aos valores. A obra de Max Weber é incrivelmente diversa e amplamente utilizada em esforços de compreensão dos fenômenos sociais contemporâneos. Como já foi dito, a sociologia weberiana influenciou e ainda influencia grandes teóricos, que enxergam na visão de Weber uma ferramenta para desvendar os mistérios das relações humanas.

16.1 Karl Marx: A Sociologia da luta de classes

Talvez o mais popular entre os clássicos sejam o alemão Karl Marx e isto se deve ao fato de terem as suas ideias não só influenciados gerações mas, sobretudo, fundou as bases para as lutas dos movimentos sociais, especialmente o movimento operário, além de fundamentar as grandes revoluções socialistas do século XX, como a revolução soviética e cubana.

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45 Fonte: www.portalconscienciapolitica.com.br

No quadro acima é importante que você reconheça a diferença entre o sistema capitalista e o socialista. Assim, você poderá entender as propostas de Marx e também todos os movimentos sociais, partido políticos, enfim, todo o movimento que surgir em torno desta teoria marxista.

Na investigação da relação de Marx com a sociologia, não há como subestimar a importância do movimento crítico. E esta palavra é chave para você compreender a influência de Marx, sobretudo na educação. Ele é, digamos o pai do pensamento crítico.

Percebeu?

Este é de fato o autor que inaugurou o pensamento crítico e o que você verá nesta disciplina é que grandes sociólogos da educação pautaram suas reflexões neste pensamento.

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17 CRÍTICA DE MARX AO CAPITALISMO

Marx é sem dúvida o que influenciou uma geração de estudiosos da educação, especialmente a maior referência em educação no Brasil, o filósofo Paulo Freire. As reflexões que se seguem foram extraídas do artigo do professor Ricardo Musse, do Departamento de Sociologia da USP.

Ao longo de toda sua obra, o exame das diversas teorias sociais prevalecentes desemboca, com base no exercício de uma crítica ao mesmo tempo imanente e transcendente, na delimitação de um território próprio denominado pela posteridade de “materialismo histórico”, “sociologia marxista” ou mesmo “sociologia ou teoria crítica”.

Durante o inverno de 1845-1846, refugiados em Bruxelas, Marx e Engels redigiram A Ideologia Alemã. O texto, no entanto, por uma série de motivos, não foi editado e permaneceu assim durante o período em que eles viveram. Numa breve apresentação de sua trajetória intelectual, no Prefácio ao livro Para a Crítica da Economia Política (1859), Marx comenta o manuscrito, destacando que:

As ideias apresentadas no artigo, e que se tornaram uma espécie de resumo oficial da teoria marxista da história, retomam quase que literalmente o texto do manuscrito de 1845-1846.

Marx é alemão, crítica que ele fez à racionalidade filosófica o fez declarar:

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17.1 Continua a crítica de Marx ao capitalismo

A Ideologia Alemã tornou-se desde então um texto essencial do corpus marxista. Nela delineia-se pela primeira vez de forma nítida o que pode ser considerado o programa do materialismo histórico, gestado por meio de uma crítica incisiva dirigida simultaneamente à filosofia, à teoria política, à historiografia, à economia política, à teoria social etc. Você deve considerar então, que Marx é o sociólogo da crítica ao capitalismo. Para ele a política, economia, cultura, enfim, são na verdade a superestrutura criada para sustentar o capitalismo, a classe burguesa.

Até o Estado para ele, é o braço direito da burguesia.

17.2 A atividade humana: A prática

A auto compreensão à qual Marx se refere surgiu, em grande medida, de um acerto de contas com filósofo chamado Ludwig Feuerbach, o mais destacado dos filósofos pós-hegelianos. Nos 11 parágrafos das famosas “Teses sobre Feuerbach”, escritas provavelmente em maio ou junho de 1845.

Portanto, alguns meses antes do início da redação de A Ideologia Alemã –, Marx, que havia muito já não era idealista, ao contestar o caráter passivo, abstrato e não histórico do materialismo (incluindo o de Feuerbach), destaca que a sensibilidade, a história e a vida social resultam da atividade prática humana. Não se preocupe com os conceitos filosóficos até aqui, o mais importante é que você retenha que Marx criticava uma postura que considera o pensamento o início da reflexão social. Para ele o pensamento nasce na prática, ou seja: Não somos o que pensamos, mas pensamos do jeito que somos, que produzimos e nos inserimos enquanto uma classe social.

Referências

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