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Associação Portuguesa de horticultura

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Academic year: 2022

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A colonizAção micorrízicA no uso eficiente do Azoto PerAs que “fAlAm” Português

gestão dA vegetAção herbáceA em olivAl biológico um intruso indesejável em PArques e zonAs de lAzer redução dos riscos dos PesticidAs

o gPP em destAque - entrevistA revista da

Associação Portuguesa de horticultura

Fruticultura Viticultura Olivicultura

Horticultura Herbácea Horticultura Ornamental

ISSN - 1646 - 1290 - Publicação Trimestral Preço de venda: 5€ n.º 102 Julho- Agosto -Setembro 2010

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Nota:

O conteúdo dos artigos publicados é da inteira responsabilidade dos seus autores Autor da capa: Cristina Cruz

revista da APh (Associação Portuguesa de Horticultura) Propriedade e edição: Associação Portuguesa de Horticultura Rua da Junqueira, 299 1300-338 Lisboa

Tel. 213623094 e-mail: aph@aphorticultura.pt www.aphorticultura.pt director: Maria Elvira Ferreira (presidente@aphorticultura.pt) editor: Isabel Mourão (revista@aphorticultura.pt)

co-editor: Maria da Graça Barreiro

redacção: Alberto Vargues, Isabel Mourão, Maria Elvira Ferreira, Mário Reis, Teresa Mota.

design editorial: Miguel Frazão (miguel@fanq.eu, www.fanq.eu ) impressão: Europress

Publicação trimestral N.º 102 (Julho, Agosto, Setembro) tiragem: 2000 exemplares

Preço: 5€ - Isenta do Registo na ERC nos termos da alínea a) do n.º1 do Artigo 12.º do Decreto Regulamentar n.º 8/99, de 9 de Junho ISSN: 1646-1290

Dep. legal: 1566/92 Editorial

3 Congressos, micorrizas, peras, olivais,

eucaliptos ornamentais, pesticidas, visita vitivinícola, entrevista … Maria Elvira Ferreira

Notícias

5 11ª Visita Vitivinícola da APH: Bucelas, Carcavelos e Colares

Ainda...emNotícia

6 28th International Horticultural Congress, Lisboa 2010 Mário Reis & Maria Elvira Ferreira

Artigos Técnicos

9 A colonização micorrízica no uso eficiente do azoto pelas culturas hortícolas Cristina Cruz & Corina Carranca

13 Peras que “falam” português. Perspectivas de aceitação pelos consumidores

Justina Franco, Filipe Melo & Rosa Guilherme 17 Gestão da vegetação herbácea em olival

em modo de produção biológico M. Ângelo Rodrigues, Francisco Pavão, Joana Oliveira & Margarida Arrobas

21 Um intruso indesejável em parques e zonas de lazer Conceição Boavida

25 A redução dos riscos dos pesticidas é dificultada a nível oficial e das empresas de pesticidas Pedro Amaro

Entrevista

29 Gabinete de Planeamento e Políticas – Director-Adjunto Dr. Bruno Dimas

Maria da Graça Barreiro & Maria Elvira Ferreira

As Empresas dos Sócios Patrono

32 Plataforma vinha Lusosem – Belchim

Actividade Interna

34 Sócios Patrono 35 Calendário de Eventos

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Editorial

Congressos, miCorrizas, peras, olivais, euCaliptos ornamentais, pestiCidas, visita vitiviníCola, entrevista …

sidente de 1988 a 1992, para a pre- sidência da International Society for Horticultural Science (ISHS) durante os próximos quatro anos. A eleição decor- reu nas reuniões do Conselho da ISHS que antecederam o congresso. Que- remos aqui expressar o nosso conten- tamento e desejar as maiores felicida- des à ISHS e ao seu novo Presidente.

É claro que um evento tão importan- te como o IHC Lisboa 2010 não poderia deixar de ser devidamente assinalado na Revista da APH, pelo que estamos a preparar o próximo número da Revista inteiramente dedicado ao congresso.

Esse número especial dará aos leitores que não puderam participar no Con- gresso uma ideia do que se passou e para os que nele participaram a pos- sibilidade de relembrarem essa inolvi- dável semana de Agosto. Com o intuito de aguçar o interesse do leitor para o próximo número apresentam-se aqui alguns ‘números’ sobre o congresso, bem como algumas fotos de momentos importantes.

Terminado este congresso já se pensa no de 2014 que será realizado na Austrália (Brisbane) numa orga- nização conjunta com a Nova Zelân- dia. O destino do ‘30th International Horticultural Congress’, em 2018, foi eleito aqui em Lisboa e o escolhi- do, entre 5 concorrentes, foi Istambul (Turquia).

As mais de 4000 comunicações

apresentadas oralmente e na forma de painel no IHC Lisboa 2010 versaram muitos e diversificados temas. No pró- ximo número daremos conta dos as- pectos mais relevantes. Entretanto, na presente revista, apresentam-se cinco artigos técnicos também eles diversifi- cados e interessantes.

O primeiro artigo aborda a importân- cia da colonização de micorrizas nas raízes das plantas hortícolas. Como as plantas micorrizadas podem explorar um maior volume de solo, tem-se verifi- cado um aumento da produtividade, da eficiência do uso do azoto e da qualida- de alimentar, como por exemplo o au- mento do teor do anti-oxidante licopeno na cultura do tomate.

Sob o lema ‘Preservar o passado é precaver o futuro’ apresenta-se um ar- tigo sobre a aceitação pelo consumidor de 13 variedades de peras portugue- sas. Embora dispersas pelo país, estas variedades podem vir a ser recupera- das e assim aumentar a oferta de pe- ras ao consumidor. Estas variedades foram comparadas com a Pêra Rocha, destacando-se a Santo António, a De- lícia, a Pérola do Lima, a Formiga de Ansião e a Marmela. Será necessário completar este estudo com avaliações de produção e de poder de conserva- ção das variedades.

A adopção do modo de produção biológico nos olivais portugueses tem trazido benefícios à comercialização do O passado mês de Agosto foi muito

importante para a horticultura mundial e, muito particularmente, para a horti- cultura portuguesa. Se não vejamos:

- O ‘28th International Horticultu- ral Congress’ (IHC Lisboa 2010), numa organização conjunta da APH e da Sociedad Española de Ciencias Hortícolas (SECH), reuniu em Lisboa, de 22 a 27 de Agosto um número de congressistas que, até hoje, foi o maior neste tipo de evento. Foram mais de 3300 participantes oriundos de 110 países, que contribuíram para excelen- tes apresentações e animadas discus- sões em torno do tema ‘Science and horticulture for people’. As manifesta- ções de felicitações e de agradecimen- to que temos recebido pela qualidade científica e nível de organização do evento deixaram-nos muito orgulho- sos e satisfeitos, com o sentimento do dever cumprido. De salientar o ex- celente trabalho desenvolvido pelos co-Presidentes do congresso Prof.

António Monteiro e Dr. Victor Galán Saúco, pelo Presidente do Comité Científico Prof. Luis Rallo e pelo Secre- tário Geral do congresso Doutor Pe- dro Oliveira e respectivas equipas que tudo fizeram para que este congresso fosse de facto especial. Parabéns a to- dos aqueles que o tornaram possível.

- Outro motivo de satisfação e de orgulho foi a eleição do Prof. António Monteiro, sócio da APH e seu Pre-

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Maria Elvira Ferreira

azeite a melhores preços, mas a pro- dutividade tende a diminuir e os custos de produção a aumentar. Para minimi- zar esta situação têm-se desenvolvido vários estudos, apresentando-se neste número da Revista o do controlo de in- festantes através da introdução de co- bertos vegetais de leguminosas na en- trelinha dos olivais tradicionais. Esta tecnologia de produção ajuda a evitar a perda de água e a preservar o sistema radicular das oliveiras.

Em 2007, Portugal e Espanha fo- ram invadidos pelo insecto Glycaspsis brimblecombei que ataca os eucalip- tos, utilizados como árvores de som- bra em parques. As folhas do eucalip- to atacadas apresentam manchas com a forma de pequenas conchas de cor branca. O insecto excreta uma melada nas folhas, que provoca a sua cola- gem ao sítio onde caiem, prejudicando os utilizadores das zonas de lazer. O controlo desta praga deverá ser feito através de inimigos naturais nativos da Austrália, à semelhança do que já foi feito, com êxito, noutros países.

O quinto artigo chama a atenção para a necessidade urgente da divulga- ção de informação sobre as caracterís- ticas toxicológicas e ecotoxicológicas

dos pesticidas vendidos em Portugal.

Esta informação é indispensável à re- dução do risco do uso dos pesticidas.

A 11.ª visita vitivinícola da APH, agendada para 2 e 3 de Outubro, de- correrá este ano nas regiões de Buce- las, Carcavelos e Colares. O programa prevê dois dias preenchidos com visi- tas a vinhas e adegas, onde não falta- rão os momentos culturais, de convívio e de lazer.

Publica-se ainda neste número da Revista da APH a entrevista com o Director-Adjunto do Gabinete de Pla- neamento e Políticas do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, Dr. Bruno Dias, que gen- tilmente acedeu a responder às ques- tões que lhe foram colocadas e que muito agradecemos.

Desfrutem deste número 102 da Re- vista da APH, tanto ou mais, quanto o prazer que todos os que nele participa- ram tiveram ao prepará-lo para vós.

Saudações hortícolas!

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Notícias

11.ª visita vitiviníCola da apH:

BuCelas, CarCavelos e Colares

A décima primeira visita vitivinícola da APH direcciona-se para as mais emblemáticas e antigas regiões vitícolas portuguesas, com muita história e tradição: Bucelas, Carcavelos e Colares, que se situam num curto perímetro em redor de Lisboa, daí sofrerem fortes pressões urbanísticas que fazem perigar a subsistência e ex- pansão das áreas vitícolas, mas a singularidade cultural e a diver- sidade de vinhos nelas produzidos espicaçam a nossa curiosidade!

apoios:

Adega Cooperativa de Colares;

Câmara Municipal de Loures;

Câmara Municipal de Oeiras;

Câmara Municipal de Sintra;

Confraria do Vinho de Carcavelos; INIA / INRB, I.P.

A Comissão Organizadora

programa

sábado - dia 2 out. 2010

09.45 h - Ponto de encontro no Hotel Praia Mar, em Carcavelos

10.00 h - Saída em autocarro para a região de Bucelas

10.45 h - Visita às vinhas da Quinta de Boição e Enoteca das Caves Velhas, com Prova de Vinhos

12.30 h - Almoço no Restaurante ‘Barrete Saloio’, em Bucelas

14.30 h - Partida para Oeiras, com passagem pelas vindimas da Quinta da Romeira (Bucelas)

15.00 h - Visita às vinhas da Quinta do Marquês e à Adega do Vinho de Carcavelos (Oeiras)

16.30 h - Visita aos Jardins do Palácio do Marquês de Pombal (Oeiras) 19.00 h - Regresso ao Hotel Praia Mar 20.00 h - Jantar convívio com Prova de

Vinhos no Hotel Praia Mar domingo - dia 3 out. 2010

08.30 h - Partida do Hotel Praia Mar para Colares (visita à Adega Regional de Colares e às vinhas em areia e chão rijo)

12.30 h - Almoço no Restaurante ‘A Toca do Júlio’, em Almoçageme

14.00 h - Visita à Exposição do “Vinho de Colares” na Adega Visconde de Salreu e Prova de Vinhos

15.00 h - Partida para Cascais com paragem no Cabo da Roca, o ponto mais ocidental do continente europeu 16.30 h - Visita à Casa das Histórias de

Paula Rego, em Cascais

18.00 h - Visita ao Museu do Automóvel Antigo, em Paço de Arcos

19.30 h - Regresso ao Hotel Praia Mar

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Terminou a 27 de Agosto, no Centro de Congressos de Lisboa (CCL), o 28th International Horticultural Congress (IHC), com a maior participação de sem- pre. O inicio destas reuniões cientificas internacionais remonta a 1864, ano em que se realizou o primeiro destes encontros em Bruxelas.

A organização do IHC Lisboa 2010 foi fruto dos esforços, durante anos, de técnicos e cientistas portugueses e espanhóis que, em cooperação, conseguiram em 2002 em Toronto, assegurar a realização de um Congresso Internacional de Horticultura na Península Ibérica.

No Congresso de Lisboa, organizado conjuntamente pela Associação Portugue- sa de Horticultura (APH) e a Sociedad Española de Ciencias Hortícolas (SECH), sob a égide da International Society for Horticultural Science (ISHS), foram regis- tados mais de 3300 participantes, oriundos de 110 países, numa representativa amostra da vitalidade do sector, apesar da época economicamente adversa.

28 th international

HortiCultural Congress

lisBoa 2010

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Durante o Congresso, cujo tema foi “Science and horticulture for people”, fo- ram apresentadas 4495 comunicações, no decurso de 9 Colóquios, 18 Simpósios, 14 Seminários, 18 Sessões Temáticas, 28 Workshops, 13 Business Meetings e 3 Lunch Time Workshops. As comunicações foram apresentadas oralmente (1016) e em painel (3479), num total de 26 em Colóquios, 3257 em Simpósios, 461 em Seminários e 78 em Workshops.

Na sessão de abertura do Congresso destacaram-se as comunicações efec- tuadas pelo Dr. Jorge Sampaio, pelo Presidente cessante da ISHS, Dr. Norman Looney, e pelos Professores Cary Fowler e Pere Puigdoménech. As comunicações apresentadas trouxeram à consideração dos participantes problemas relacionados com o desenvolvimento humano e os desafios colocados à agricultura, numa épo- ca de grandes desenvolvimentos tecnológicos mas também do agravar de proble- mas na utilização dos recursos naturais.

As sessões de trabalho em Lisboa culminaram com a realização de 9 visitas técnicas no dia 27, em Portugal. As visitas pós-congresso que se prolongaram até 2 de Setembro, decorreram nos territórios português e espanhol, com elevada participação, às regiões do Douro, Andaluzia, Vale do Ebro, Tenerife e Valência.

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Durante o Congresso tomou posse a renovada equipa de direcção da ISHS, coordenada pelo seu novo Presidente eleito, o Professor Doutor António Almeida Monteiro.

Do programa social destaca-se a Recepção de Boas-Vindas – Arraial Alfacinha – nos Jardins do Palácio Burnay e o Jantar de Despedida no Casino do Estoril.

No Pavilhão do Rio do CCL uma exposição com cerca de 40 empresas, institui- ções e associações possibilitou a apresentação do que de mais recente e inovador existe na horticultura mundial.

Uma exposição de fotos de actividades na vinha e na fileira olivícola dos anos 30 do século passado, assim como a FrutArt foram muito apreciadas e deliciaram todos quantos por elas passaram.

Mário Reis

Maria Elvira Ferreira

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Micorrizas

introdução

Numa agricultura que se pretende sustentável, para que as gerações vin- douras possam usufruir dos recursos naturais tal como nós os herdámos, a agricultura intensiva (convencional), praticada nos finais do século XX, dei- xou de ser uma prática recomendável.

Neste sistema de agricultura, a produ- ção era obtida com a maximização da aplicação dos factores de produção, designadamente, os fertilizantes mi- nerais, a água de rega e os produtos fitofarmacêuticos. Daqui resultou a de- terioração do ambiente e a destruição

a Colonização miCorríziCa no uso eFiCiente do azoto pelas Culturas HortíColas

Cristina Cruz & Corina Carranca

de alguns ecossistemas, muito em especial, a degradação do solo, a po- luição da água e do ar, e a redução da biodiversidade.

Actualmente, privilegia-se a agri- cultura de conservação, também conhecida por sustentável, onde se procura optimizar a produção e a qua- lidade do produto através da optimiza- ção do uso, pelas plantas, dos factores de produção. Neste contexto, iremos pronunciar-nos sobre o uso eficiente do azoto (N) pelas culturas hortícolas.

eFiCiênCia de uso do azoto (n) pelas plantas

Existem vários conceitos para a eficiência do uso do N pela planta: eficiência de uso aparente ou da diferença, eficiência de uso fisiológico e efi- ciência de uso agronómico.

Define-se eficiência de uso aparente (%) por (TNf – TNc) x 100 / F

onde,

TNf = nutriente total na planta fertilizada (kg ha-1), TNc = nutriente total na planta de controlo (não fertilizada) (kg ha-1),

F = quantidade de nutriente adicionado (kg ha-1) Do ponto de vista fisiológico, a expressão efici- ência de uso fisiológico (kg kg-1) indica a eficiência com que a planta utiliza o nutriente para a síntese de moléculas azotadas, e define-se por

(Pf – Pc) / (TNf – TNc) onde,

Pf = produção da planta fertilizada (kg ha-1), Pc = produção da planta de controlo (kg ha-1), TNf = nutriente total na planta fertilizada (kg ha-1), TNc = nutriente total na planta de controlo (não fer- tilizada) (kg ha-1).

É afectada pelas condições de crescimento da planta (ex., o défice hídrico ou a carência de outro nutriente, que diminuem a eficiência de uso fisio- lógico do nutriente).

A eficiência de uso agronómico (kg kg-1) é um indicador muito utilizado pelos agricultores, dum ponto de vista agronómico, e define-se por

Pf – Pc / F onde,

Pf = produção da planta fertilizada (kg ha-1), Pc = produção da planta de controlo (kg ha-1), F = quantidade de nutriente adicionado (kg ha-1).

Depende não só da eficiência de uso fisio- lógico, mas também da capacidade da planta para absorver o nutriente, o que indica a ver- dadeira capacidade de uso do N pela planta.

Varia com a produção esperada, com o tama- nho do sistema radicular, a sua profundidade e a existência de pêlos absorventes, com a

As culturas hortícolas, senso lato, são importantíssimas para uma dieta humana equilibrada e para a economia do País.

Todavia, a sua produção deve ser melhorada, procurando

maximizar o uso dos factores de produção, designadamente a

água e os nutrientes, muito em especial, o azoto. A eficiência

do uso deste nutriente pelas plantas depende de factores

intrínsecos à própria planta e extrínsecos. Nos intrínsecos,

o desenvolvimento dum sistema radicular apropriado e a

optimização da colonização micorrízica são fundamentais.

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capacidade de formação de micorrizas, com a ciclagem interna do nutriente, com as características do solo (pH, poder tampão, teor de água, etc.), com as práticas culturais (tipo de fertilizante aplicado, época de aplicação, etc.) e com o clima. Depende assim, de fac- tores intrínsecos à planta e de factores extrínsecos. Um aumento na recupera- ção aparente do nutriente, ou na efici- ência fisiológica, implica um aumento na eficiência agronómica.

a produção HortíCola

As culturas hortícolas lato sensu abrangem as hortícolas stricto sensu, incluindo as ornamentais, as fruteiras, a vinha e a oliveira. As primeiras são, dum modo geral, produzidas sob culti- vo intensivo, isto é, com adição de ele- vados inputs (água, fertilizantes, pro- dutos fitofarmacêuticos) e mobilização do solo, para que se atinja a máxima rendibilidade do produto. Apesar disto, é recorrente a prática de rotação cultu- ral, onde os resíduos da cultura podem permanecer no solo.

Dum modo geral, no cultivo inten- sivo, o sistema radicular das plan- tas herbáceas hortícolas lato sensu apresenta-se pouco desenvolvido, em virtude do fornecimento dos nutrien- tes e água nas quantidades e datas de maiores exigências da planta. Por vezes, os nutrientes são veiculados na água de rega (fertirrega), em pequenas

quantidades diárias, ou quase diárias.

Em resultado deste modo de pro- dução, a planta aproveita muito pou- co dos nutrientes fornecidos, o solo torna-se rico em matéria orgânica e nutrientes, podendo ser perdidos para fora do ecossistema solo-planta (em especial o N), com a consequente contaminação do lençol freático, das águas superficiais e/ou da atmosfe- ra. Para minimizar estes efeitos, deve ser optimizado o uso do nutriente pela planta. No quadro 1 apresenta-se o valor, muito baixo, determinado para a eficiência de uso do N pelo espinafre (18%), produzido na região da Louri- nhã, onde o nutriente foi aplicado frac- cionadamente ao longo do ciclo cultural (120 kg N ha-1), em fundo (30 kg N ha-1) e numa cobertura (90 kg N ha-1) cerca de 30 dias após a sementeira, na fase de 4-4,5 pares de folhas.

Na nutrição azotada das culturas le- nhosas é importante considerar a mobi- lização e translocação do N na planta, dos órgãos de reserva para os pontos meristemáticos, para a formação de fo- lhas, flores, pequenos frutos e raízes, durante o período de relativa inactivi- dade das raízes. A formação de reser- vas nutritivas na planta dá-se durante o período de grande actividade radicular e senescência das folhas. A formação de reservas e a ciclagem interna do N torna-se cada vez mais importante na nutrição das culturas arbóreas à medi- da que estas se desenvolvem.

O transplante das plantas lenhosas para o local definitivo faz-se, muitas

Cultura loCal rega euF (%) No3- lixiviado

(mg N l-1) reFerêNCias

Beterraba sacarina

(Beta vulgaris l.) Coruche rega por sulcos

(60 mm de água) 23-40 1,8 oliveira et al. (1989)

espinafre

(Spinacia oleracea l.) lourinhã rega por aspersão 18 nd Carranca (2005)

laranjeira (Citrus sinensis l.

‘lane late’) (1-3 anos)

Faro Fertirrega

gota-a-gota 6-30 4,4 Menino (2005);

Menino et al. (2007)

Pereira (Pyrus communis l.

‘rocha’) (1-3 anos)

Pêro Moniz

(Cadaval) Fertirrega

gota-a-gota 6-33 3,7 Neto et al. (2008)

nd = não determinado.

Quadro 1 - Alguns exemplos da eficiência de uso do fertilizante azotado (%EUF) e teores de nitratos lixiviados (mg N-NO3- l-1) determinados em vários ecossistemas agrícolas.

vezes, sem a inoculação micorrízica das raízes nas plantas do viveiro, que são muito enriquecidas em nutrientes.

Em consequência, as raízes, durante o primeiro ano no solo em local de- finitivo, apresentam-se muito pouco desenvolvidas, concentrando-se no bolbo de terra do viveiro e aproveitan- do muito pouco do N, e outros nutrien- tes, fornecidos à planta. No quadro 1, apresentam-se os valores da efici- ência do uso do N pela laranjeira (Citrus sinensis L. ‘Lane Late’) e perei- ra (Pyrus communis L. ‘Rocha’), jovens (1-3 anos). A recuperação do nutriente pelas árvores foi muito baixa (6%), no primeiro ano, pelos motivos explicados anteriormente, aumentando significati- vamente ao longo dos anos (30-33%), à medida que o sistema radicular se desenvolveu.

as miCorrizas

A formação de associações simbió- ticas, ubíquas, isto é, não específicas, entre as raízes das plantas e os fungos arbusculares (micorrizas) é uma con- dição natural e ocorre em cerca 80%

das plantas herbáceas. Os benefícios para a planta envolvem normalmente melhores condições nutritivas e maior resistência ao stress. No caso das as- sociações com fungos endomicorrízi- cos (AM), a simbiose altera a fisiologia da planta (fig. 1), aumenta o nível nutri- cional e a resistência ao stress (biótico e/ou abiótico). O efeito final depende das espécies fúngicas e vegetais en- volvidas e pode ainda ser modulado pelas condições ambientais e edáficas (Whipps, 2004).

De uma forma geral, pensa-se que as vantagens nutritivas das plantas mi- corrizadas estão associadas à explo- ração de um maior volume de solo e à possibilidade de explorar fontes que não são acessíveis às raízes não mi- corrizadas. Desta forma, as maiores vantagens descritas estão associadas à aquisição de nutrientes pouco móveis no solo, como é o caso do fósforo (P).

Mais recentemente tem sido observado que as micorrizas podem também au- mentar a capacidade de absorção de N por parte da planta (Cruz et al., 2007).

Tal como para o P, o efeito da mi- corriza na absorção do N depende das espécies de fungo e vegetal en- volvidas. Numa experiência realiza- da no campo (Alcochete) com alface (Lactuca sativa L. cv. Romana) e toma- te (Lycopersicon esculentum Miller cv.

Roma) verificou-se que o incremento da biomassa vegetal, relativamente

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ao controlo (sem inóculo) era depen- dente do inóculo micorrízico utilizado (Glomus etunicatum, Glomus clarum ou Glomus intraradices). O efeito da espécie vegetal foi particularmente visível no caso da inoculação com G.

clarum em que foi observado um efeito positivo da micorrização para a alface, mas não para o tomateiro (fig. 2).

Muitos são os factores que contri- buem para a melhor performance da planta micorrizada face à planta não micorrizada. No entanto, é possível ver que o incremento da biomassa está associado ao aumento do teor de N nas plantas (cerca de 30% no caso das plantas inoculadas com Glomus intraradices). O maior conteúdo em N, não necessariamente concentração, das plantas implica uma maior efici- ência no uso do nutriente aplicado e, portanto, para além de poder significar uma maior produção e um menor custo de produção (adubação), diminui tam- bém os impactes ambientais da activi- dade hortícola (principalmente os que contribuem para a lixiviação, eutrofiza- ção e emissões gasosas).

Uma das características mais inte- ressantes da micorrização, mas que ainda é muito pouco explorada, resi- de na capacidade das micorrizas para aumentar a qualidade alimentar dos produtos hortícolas. No caso do toma- teiro, a concentração de licopeno é um factor importante para a qualidade do fruto (fig. 3). O licopeno é um compos- to com propriedades anti-oxidantes, o que aumenta o valor alimentar do fruto.

A experiência realizada com tomateiro mostrou que em condições óptimas para a cultura de tomate não se obser- vou diferença entre a concentração de licopeno dos frutos de plantas inocu- ladas e não inoculadas. Mas em con- dições de stress, quer salino (50 mM NaCl), quer nutritivo (70% da concen- tração de N do controlo), a inoculação do tomateiro com Glomus intraradices garantiu uma concentração elevada de licopeno no fruto.

Figura 1 - A colonização micorrízica (AM) em plantas de tomate. No solo, a raiz do tomateiro (a) encontra- se rodeada de esporos de fungos endomicorrízicos (b) que ao germinarem estabelecem simbioses com as raízes formando uma teia de hifas, que ligam plantas e fungos e ajudam a agregar o solo (c) as hifas penetram na raiz através dos espaços intercelulares (d) e penetram a parede celular para se ramificarem no interior da célula, sem nunca penetrarem no citoplasma, podendo formar os arbúsculos (e) que são zonas de troca nutrientes entre as hifas e as raízes.

Figura 2 - Incremento em biomassa ou teor de N relativamente ao controlo de plantas de alface ou tomate inoculadas com Glomus etunicatum, G. clarum ou G. intraradices (200 esporos por plântula). As plantas de alface foram analisadas na altura da colheita e as de tomate imediatamente antes da antese floral.

Figura 3 - Concentração de licopeno em tomate não inoculado e inoculado com Glomus intraradices.

a b c d e

-10 0 10 20 30 40

0 10 20 30 40

G. etunicatum G. clarum G. intraradices

Incremento em biomassa (% do controlo)Incremento do teor de N (% do controlo)

Alface Tomate

0 30 60 90 120 150

Controlo Stress salino Stress nutritivo

Tratamentos

Licopeno (µgg -1 PS)

Não inoculadas Inoculadas

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BiBliograFia

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ConClusão

Embora na natureza a maioria das plantas se encontre micorrizada, a micorrização não tem sido um factor muito considerado na horticultura. Os trabalhos realizados até ao momento têm mostrado que a micorrização ade- quada das culturas pode aumentar a produtividade, a eficiência do uso do N, a qualidade alimentar dos produtos hortícolas, e ainda diminuir os impac- tes ambientes resultantes desta acti- vidade. No entanto, a performance da planta depende das espécies (vegetal e fúngica) envolvidas na simbiose e por isso muito trabalho há ainda a fazer no sentido de explorar todas as potenciali- dades da utilização de plantas micorri- zadas em horticultura.

autoras

Cristina Cruz

ccruz@fc.ul.pt

Professora Auxiliar da FC/UL;

Investigadora do CBA

FFC/FC/UL, Dep. Biologia Vegetal, Fac. Ciências de Lisboa.

Especialidade: Interacções solo-planta

Corina Carranca

corina.carranca@inrb.pt Investigadora Auxiliar

INRB, I.P./INIA, Instituto Nacional de Recursos Biológicos, Oeiras

Especialidade: Dinâmica do azoto no solo e nutrição das plantas

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Fruticultura

peras que “Falam” português.

perspeCtivas de aCeitação pelos Consumidores

Justina Franco, Filipe Melo & rosa guilherme

introdução

O consumo de peras em Portugal e na União Europeia, ao contrário de outros frutos, tem-se mantido mais ou menos constante ao longo dos anos, cerca de 10 kg por pessoa e por ano.

Ao percorrermos os corredores dos supermercados e as prateleiras das frutarias verificamos que a diversidade da oferta é reduzida levando a alguma monotonia; o número de variedades presentes raramente ultrapassa as duas, a Pêra Rocha que se comercia- liza durante 10 meses do ano e uma outra estrangeira que alterna entre a P.

Triumph, a William’s e a P. Crassane.

Durante o mês de Julho e a 1.ª quin- zena do mês de Agosto encontramos a P. Morettini e algumas variedades tidas como portuguesas (em pequena quan-

tidade) como a Carapinheira Parda e a Pérola.

Borges (1999) ao efectuar uma pes- quisa bibliográfica sobre pomóideas re- gionais e ao nível das peras encontrou referência a:

• 33 variedades temporãs;

• 83 variedades de estação;

• 42 variedades de Inverno;

• 73 variedades com poucos elemen- tos de identificação para além do nome.

Muitas destas variedades ainda existem dispersas por quintais de Norte a Sul do país, outras já só se encon- tram em colecções de organismos ofi- ciais nomeadamente do Ministério da Agricultura do Desenvolvimento Rural e das Pescas, pelo que, as que se con- sideram que têm qualidade poderão vir a ser recuperadas e aumentar assim a diversidade de peras nos locais de

compra e nos cestos de fruta das nos- sas casas.

Os consumidores procuram cada vez mais produtos distintos, com auten- ticidade e com uma íntima ligação ao território, inserindo-se aqui novas varie- dades ou as tradicionais recuperadas.

Consideramos que devido à riqueza do nosso património frutícola este pos- sui capacidade para dar resposta aos consumidores a partir do momento que os frutos tenham qualidade.

parâmetros de qualidade

Definir qualidade é tarefa complexa e, segundo Almeida (2004), os consumido- res tomam, frequentemente, a decisão de compra com base na aparência visual e na textura; sendo que a repetição da compra e em última análise, a expansão do mercado depende de uma experiên- cia de consumo satisfatória, avaliada pelo aroma e pelo sabor. Tradicionalmente a qualidade dos frutos é avaliada através dos seguintes parâmetros (Gil, 2003;

Lespinasse et al., 2002):

• aparência visual;

• textura;

• sabor e aroma;

• valor nutricional;

• segurança.

Entre o produto e o seu consumidor estabelece-se uma relação complexa que, normalmente, não explica a razão do seu grau de satisfação, gosta ou não gosta (Pinon, 1998).

A diversidade de oferta de peras é reduzida e o consumo tem-se mantido constante e baixo comparativamente às maçãs, no entan- to, o património frutícola nacional é rico. No sentido de diversifi- car a oferta e sob o lema “preservar o passado é precaver o futuro”

desenvolvemos este trabalho que teve como objectivo caracterizar variedades de peras tidas como portuguesas e com perspectivas de aceitação pelos consumidores, numa tentativa de introdução/

recuperação de algumas.

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Figura 1 - Avaliação global das 13 variedades de peras - Santo António (SA), Delícia (De), Rabiça (Ra), Pérola (Pe), Pérola de Leiria (PL), Formiga de Ansião (FA), Marquesinha (Mar), Marmela (Mam), Rocha (Ro), Formiga de Coimbra (FC), Pão (Pa), Amêndoa de Silgueiros (AS) e Baguim dos Covões (BaCv);

(- - - avaliação da Rocha).

Figura 2 - Perfis sensoriais de oito variedades de peras. (A: aspecto, B: textura, C: sabor e D: aroma).

Quadro 1 - Resultados médios das análises laboratoriais em 13 variedades de pêra (ØE: diâmetro equatorial, ØL: diâmetro longitudinal).

CaraCterização de algumas variedades de peras tidas Como portuguesas

Sendo necessário apostar na dife- renciação e na fidelização dos clien- tes/consumidores pela qualidade e genuinidade dos produtos procurámos avaliar alguns parâmetros de qualida- de no sentido de contribuir para a di- versificação da oferta de peras com a introdução/recuperação de variedades regionais. Para tal e no âmbito do pro- jecto AGRO 740 o Departamento de Ciências Agronómicas da Escola Supe- rior Agrária de Coimbra avaliou 54 va- riedades de peras portuguesas ou tidas como tal, das colecções da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro (Soure e Coimbra). Efectuou-se a caracterização dos frutos através dos parâmetros: peso, forma, cor, disper- são da carepa, tamanho e consistência do pedúnculo, dureza da polpa, índice refractométrico e teor em ácido málico.

Para a avaliação da qualidade por potenciais consumidores realizaram-se várias provas de frutos. Os elementos do painel deveriam posicionar-se como potenciais consumidores preenchendo uma ficha na qual classificavam os fru- tos das diferentes variedades em rela- ção ao aspecto, à textura, ao sabor e ao aroma numa escala crescente de 1 a 5; no final, faziam uma avaliação glo- bal numa escala de 1 a 20.

Das análises dos resultados ao lon- go dos três anos verificámos grandes diferenças entre as variedades. Quan- to à época de colheita, a Precoce de Silgueiros foi a mais precoce, colhida na 1.ª quinzena de Junho e a Curé, a mais tardia, colhida na última semana de Outubro; relativamente ao peso dos frutos, a S. António de Leiria produziu frutos muito pequenos (20-25 g) e a S.

Bento de Chaves, a Bela Feia, a Cha- ta, a Inverneira e a Curé produziram frutos muito grandes (cerca de 300 g).

Quanto às características internas a di- versidade também foi muito grande: os frutos da variedade Tapeus eram muito duros e com um teor de sólidos solú- veis baixo (7 kg/0,5 cm2 e 10 ºBrix), os da variedade Brava eram muito duros e com teor de sólidos solúveis muito elevado (9 kg/0,5 cm2 e 16 ºBrix) e os frutos da Coxa de Freira eram moles e com teor de sólidos solúveis elevado (3 kg/0,5 cm2 e 16 ºBrix).

Partindo do princípio que não vale a pena produzir o que não se consome, para uma análise mais exaustiva con-

data variedade Peso

(g) Øe

( mm) Øl

(mm) dureza

(kg/0,5cm2) ir

(°Brix) aCidez

(g/l ácido málico)

Jul - 04

santo antónio (sa) 147,0 59,5 90,4 7,1 16,0 5,6

delícia (de) 110,2 55,8 59,5 4,4 15,2 2,7

rabiça (ra) 99,0 54,8 62,2 3,0 12,5 3,2

Jul - 05 Pérola leiria (Pl) 94,3 50,5 70,9 3,3 13,8 2,1

Pérola (Pe) 87,4 50,5 67,4 1,5 14,0 1,8

set - 06

Formiga de ansião (Fa) 185,7 74,3 80,9 4,4 15,5 3,2

Marquesinha (Mar) 250,7 78,8 67,9 3,8 14,3 5,0

Marmela (Mam) 246,4 82,7 74,8 3,5 13,1 1,2

rocha (ro) 144,1 63,6 78,7 4,3 14,8 1,8

Pão (Pa) 171,5 76,7 82,9 3,3 14,8 2,7

Formiga de Coimbra (FC) 174,1 64,3 73,0 6,1 13,7 2,7

amêndoa de silgueiros

(as) 91,3 56,6 55,5 4,5 14,5 2,2

Baguim de Covões

(BaCv) 67,8 50,5 49,7 5,,4 12,7 3,3

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siderámos apenas as variedades que os potenciais consumidores avaliaram como boas (avaliação global supe- rior a 13,5) reduzindo assim o univer- so para 13 variedades: Santo António (SA), Delícia (De), Rabiça (Ra), Pérola (Pe), Pérola de Leiria (PL), Formiga de Ansião (FA), Marquesinha (Mar), Mar- mela (Mam), Rocha (Ro), Formiga de Coimbra (FC), Pão (Pa), Amêndoa de Silgueiros (AS) e Baguim dos Covões (BaCv) (fig.1).

Pela análise dos resultados das pro- vas de frutos verificou-se que sete va- riedades obtiveram valores de avaliação global superiores à Rocha (14,1): San- to António, Delícia, Pérola e Pérola de Leiria (de maturação mais precoce que a Rocha), Formiga de Ansião e Marme- la (mesma época que a Rocha) e Pão (mais tardia que a Rocha) (fig. 1).

Da observação aos parâmetros das provas de frutos verificou-se que a va- riedade Marmela obteve a melhor cota- ção para a textura, sabor e aroma (fig.

2). A variedade S. António foi a que os provadores consideraram ter melhor aspecto (fig. 2).

As 13 variedades foram também avaliadas em laboratório, nos mesmos dias das provas, constando os resulta- dos no quadro 1.

Dos resultados obtidos confirmámos que, descodificar o gosto dos consu- midores nem sempre é tarefa fácil; de uma maneira geral os potenciais con- sumidores optaram por peras de tama- nho médio a grande (com mais de 90 g e menos de 260 g) e oblongas. Quanto às características internas gostaram das variedades com dureza superior a 3,5 kg/0,5 cm2 (com excepção da Pé- rola) e IR maior do que 13 ºBrix. Re- lativamente à acidez não foi possível estabelecer o padrão de escolha.

ConClusões

Pelo trabalho realizado constatámos que existem variedades portuguesas, ou tidas como tal, que se apresentam como potenciais agentes de diversifica- ção do mercado sendo disso exemplo a Santo António, a Delícia, a Pérola de Leiria, a Formiga de Ansião e a Marme- la (fig. 3).

Pensamos ser do maior interesse o desenvolvimento de estudos que con- duzam ao aumento do conhecimento destas variedades, nomeadamente no que diz respeito às suas característi- cas agronómicas, produtivas e poder de conservação. Só assim, poderão seguir o exemplo da pêra Rocha, refe- rência para todos nós como variedade excelente.

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autores

Justina Franco

jfranco@esac.pt

Professora Adjunta da Escola Superior Agrária de Coimbra

Especialidade: Fruticultura e Pós-Colheita

Filipe Melo

fmelo@esac.pt

Mestre em Biologia Vegetal

Técnico Superior no Departamento de Ciências Agronómicas da Escola Superior Agrária de Coimbra

rosa guilherme

rguilherme@esac.pt Mestre em Ecologia

Técnica Superior no Departamento de Ciências Agronómicas da Escola Superior Agrária de Coimbra

agradeCimentos

Ao Projecto AGRO 740 pelo finan- ciamento. À DRAPC pela cedência dos frutos. Aos Eng.os Fátima Curado e Nuno Neves, da DRAPC, porque juntos formámos uma verdadeira equipa.

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Olivicultura

gestão da vegetação HerBÁCea

em olival em modo de produção BiolÓgiCo

M. Ângelo rodrigues, Francisco Pavão, Joana oliveira & Margarida arrobas

introdução

A olivicultura tradicional atravessa uma fase difícil, parecendo caminhar pro- gressivamente para uma situação de in- sustentabilidade económica. O preço dos factores de produção (combustíveis, agro- químicos,…) tem registado uma subida continuada, enquanto o preço do azeite se tem mantido em valores muito baixos www.olive.net/poolred. Por outro lado, a produtividade das oliveiras não deverá apresentar melhorias significativas nos próximos anos, mesmo que algumas téc- nicas culturais, como a poda (Lopes et al., 2009), a fertilização (Arrobas & Mou- tinho-Pereira, 2009) e a manutenção do

solo (Rodrigues & Cabanas, 2009) pos- sam ainda ser significativamente melho- radas. A adopção do modo de produção biológico pode modificar favoravelmente algumas variáveis, designadamente a comercialização do azeite a melhores preços e a obtenção de apoios comu- nitários mais estimulantes. Contudo, o cultivo em modo biológico é tecnica- mente mais exigente, já que não podem ser usadas algumas técnicas culturais generalizadas em olival, como o uso de fertilizantes e pesticidas de síntese indus- trial. Muitos dos olivicultores que adopta- ram o modo de produção biológico não têm conseguido manter a produtividade e/ou viram aumentados substancialmen- te os custos de produção.

métodos de Controlo de inFestantes em olival BiolÓgiCo

A mobilização do solo não deve ser usada como método de contro- lo das infestantes em olival biológico, pelo impacte negativo na fertilidade do solo. Os solos mobilizados tornam-se mais vulneráveis à erosão hídrica e o teor de matéria orgânica decresce de- vido ao arejamento excessivo do solo (Tisdall, 1989; Fleskens & De Graaff, 2001; Arrobas & Rodrigues, 2002; Pas- tor et al., 2001). A jusante, o impacte ambiental decorrente da erosão do solo pode ser significativo, com eutro- fização e deposição de sedimentos em cursos de água e albufeiras. Em oli- vais mobilizados, a produção também é afectada negativamente, sobretudo pelos danos causados nas raízes das árvores. A danificação do sistema ra- dicular dificulta a absorção da água e nutrientes próximo da floração, a fase mais sensível das árvores a qualquer stresse ambiental. A regeneração das raízes implica consumo suplementar de fotoassimilados que não poderão ser canalizados para os frutos e os novos ramos em crescimento. Acresce que os apoios concedidos actualmente no âmbito do PRODER sofrem também uma redução significativa se o solo for mantido através de técnicas de mobi- lização na totalidade das entrelinhas, ainda que de mobilização mínima (Por- taria N.º 427-A/2009).

Em olival biológico os herbicidas de síntese industrial não podem ser utilizados. Apesar de terem vindo a ser comercializadas algumas subs- tâncias naturais como herbicidas de

A introdução de cobertos vegetais de leguminosas em olival

biológico está a ser estudada no âmbito do projecto ptdC/agr-

aam/098326/2008 em dois olivais em Trás-os-Montes. Duas

hipóteses estão a ser equacionadas: o uso de leguminosas anuais

de porte erecto (tremoço branco) ou sub-erecto (ervilhaca) e de

leguminosas anuais de ressementeira natural e ciclo curto.

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contacto (óleo de cravo, vinagre, ácido cítrico,…), em particular nos Estados Unidos, os estudos onde foram utiliza- dos têm demonstrado que apresentam reduzida eficácia e custos incompor- tavelmente altos para serem usados em olival comercial (Lanini & Vossen, 2007).

Métodos térmicos, em que se usa chama, vapor de água a temperatura muito elevada ou radiação infraver- melha, podem também ser usados no controlo da vegetação herbácea (Ascard, 1998). Contudo, certas espé- cies com os ápices vegetativos mais protegidos, como as gramíneas, são particularmente difíceis de destruir. Al- guma eficácia só se consegue quando se actua sobre a vegetação nas fases iniciais do seu desenvolvimento, o que obriga a passagens repetidas duran- te o ano (Lanini & Vossen, 2007). Os equipamentos que utilizam chama, que são os mais generalizados e eficazes, têm sido usados no controlo das infes- tantes em espaços públicos e jardins privados. Contudo, em ambiente me- diterrânico levantam um problema su- plementar que é o risco de propagarem incêndios. Os equipamentos utilizados queimam propano, originando a liberta- ção de CO2 para a atmosfera, aspecto menos positivo quando se procura uma solução para o modo de produção bio- lógico. Na prática, estes métodos não apresentam, de momento, potencial para que o seu uso se possa genera- lizar em olival.

A gestão da vegetação herbácea através do corte é o método mais acei-

tável na perspectiva ambiental, na medida em que favorece a infiltração da água da chuva, minimiza a erosão, aumenta o teor de matéria orgânica do solo e preserva a biodiversidade (Lipecki & Berbeć, 1997; Pastor et al., 2001). Contudo, os cobertos vegetais vivos consomem água, o que normal- mente se traduz em perda de produ- ção, em particular em olival de sequeiro (Silvestri et al., 1999; Montemurro et al., 2002; Rodrigues & Cabanas, 2007). A gestão da vegetação herbácea através do corte obriga também a uma adequa- da monitorização do risco de incêndio.

Os restolhos e o mulching de material seco podem constituir carga combustí- vel suficiente para, no caso de incêndio, originar danos elevados nas árvores.

Assim, pode ser necessário estabelecer barreiras de solo mobilizado nos limites das parcelas para evitar a propagação das chamas. Os custos associados ao corte da vegetação podem também ser elevados, sobretudo em primaveras hú- midas em que seja necessário efectuar mais que uma passagem.

nutrição mineral das plantas em olival BiolÓgiCo

Uma outra grande dificuldade em manter o olival em modo de produção biológico está relacionada com a nutri- ção das árvores, pelo facto de, generi- camente, os adubos de síntese indus- trial não poderem ser usados. Em olival em modo de produção biológico os adu-

bos sólidos convencionais de aplicação ao solo são substituídos por fertilizan- tes orgânicos e fertilizantes minerais de baixa solubilidade. Aspecto importante a considerar é o facto dos fertilizantes autorizados em modo de produção bio- lógico serem comercializados a preços frequentemente especulativos e os pro- dutos utilizados apresentarem, de uma maneira geral, menor valor fertilizante quando comparados com os adubos convencionais (Rodrigues et al., 2006).

A necessidade de reforçar a adubação foliar tem constituído praticamente re- gra entre olivicultores em modo de pro- dução biológico. Na prática, os custos com a fertilização aumentam sem que se consiga resolver de forma satisfató- ria o fornecimento de alguns nutrientes, com destaque para o azoto. Em olival, tal como na generalidade dos agros- sistemas, o azoto é o elemento mais utilizado como fertilizante (Fernández- Escobar, 2001; Freeman et al., 2005;

Connell & Vossen, 2007).

gestão de CoBertos de leguminosas em olival

Os cobertos vegetais devem ser geridos tendo em conta a sua relação com a fertilidade do solo. As legumi- nosas devem ser preferidas para os cobertos vegetais dos olivais conduzi- dos em modo de produção biológico.

O facto de terem de ser semeados é uma desvantagem relativamente aos cobertos de vegetação natural, mas espera-se que os custos associados sejam amplamente compensados pe- los benefícios da fixação biológica de azoto.

A sementeira de leguminosas para formação de um coberto vegetal pode resultar na introdução no sistema de quantidades apreciáveis de azo- to, devido à possibilidade que estas plantas têm de estabelecer simbio- se com microrganismos da família Rizhobiaceae, com capacidade para fixar azoto atmosférico (Paul &

Clark, 1996). Através dos rizóbios, as leguminosas têm acesso a uma fonte inesgotável de azoto (N2 atmosférico), o que permite a estas plantas grande desenvolvimento vegetativo, mesmo em solos de reduzida fertilidade natu- ral, o que, na prática, significa também que mais carbono entra no sistema, promovendo a actividade biológica do solo e contribuindo para o seu enrique-

Figura 1 - Aspecto de um coberto de ervilhaca no momento em que está a ser destroçado.

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cimento em matéria orgânica. Algumas leguminosas, como os tremoceiros, parecem ter capacidade especial para absorver fósforo, através da segrega- ção de ácidos orgânicos para a rizos- fera (Le Bayon et al., 2006). Uma vez na forma orgânica, o fósforo ficará mais disponível para as árvores, após mine- ralização dos resíduos deixados no solo pela leguminosa.

Os cobertos vegetais devem manter o solo protegido com vegetação viva durante o período outono/inverno e um mulching de vegetação morta durante o Verão (Rodrigues & Cabanas, 2009).

O grau de permissividade que se deve ter com os cobertos vegetais vivos está relacionado com as condições hídricas do solo, na medida em que a vegeta- ção herbácea compete com as árvores pela água. Assim, em olival de sequeiro é necessário ser-se, comparativamen- te, menos permissivo com a vegeta- ção herbácea que em olival regado.

Quanto maior for a tolerância para com a vegetação herbácea maiores serão os benefícios na protecção do solo e no incremento da sua fertilidade, mas maiores serão os riscos de redução da produção. Assim, em sequeiro a perda de água pelo coberto deve ser o aspecto principal a ter em conta, já que a falta de água no longo período estival é o principal factor limitante da produção. Em condições de sequeiro os cobertos devem ser destruídos mais cedo, enquanto em regadio podem ser destruídos mais tarde, favorecendo-se a acumulação de biomassa.

leguminosas anuais de porte ereCto e suB-ereCto

Existe em Portugal uma longa tradi- ção na sementeira de tremoceiros em olival para sideração. Os tremoceiros são semeados no Outono e enterrados no fim da Primavera com uma mobili- zação. A técnica tradicional tem duas componentes perniciosas que podem pôr em causa o sucesso da operação:

os tremoceiros são habitualmente des- truídos muito tarde na Primavera, em estado fenológico muito avançado, o que permite excessiva competição pela água; por outro lado, como se produz muita biomassa, esta é habitualmente enterrada com equipamentos de aive- cas, que reviram a leiva e atingem maior profundidade, aumentando o risco de ocorrência de danos no sistema radicu-

lar das oliveiras. Assim, os benefícios da introdução de azoto, carbono e eventual melhoria na disponibilidade de fósfo- ro podem ser obscurecidos quer pela perda de água pelo coberto quer pelos danos causados no sistema radicular das árvores. No projecto PTDC/AGR- AAM/098326/2008 está em estudo o efeito da introdução de cobertos vege- tais de tremoço doce e ervilhaca em oli- val. No projecto ensaia-se uma gestão dos cobertos distinta da utilizada tradi- cionalmente pelos olivicultores: quer o tremoço quer a ervilhaca têm elevado potencial de produção de biomassa e, necessariamente, de transpirar água. É necessário estudar a capacidade destas espécies para introduzir azoto no siste- ma mas também definir o momento ópti- mo para a destruição do coberto, sendo o segundo aspecto determinante em oli- val de sequeiro. A biomassa, destruída na Primavera, é deixada sobre o solo como mulching, evitando-se, assim, a ocorrência de danos no sistema radicu- lar das oliveiras. O mulching de material vegetal morto mantém a protecção do solo contra a erosão, promove a infiltra- ção da água das precipitações estivais, reduz a temperatura do solo e, conse- quentemente, a evaporação de água durante o verão. Dada a elevada capa- cidade de produção de biomassa de tre- moceiros e ervilhaca, não se prevê a ne- cessidade de semear todos os anos, na medida em que se espera que os efeitos benéficos desta biomassa na fertilidade do solo assegurem um estado nutritivo adequado das árvores por um período de dois a três anos (fig. 1 e 2).

leguminosas anuais de ressementeira natural

Outra hipótese muito atractiva do ponto de vista teórico é o uso de le- guminosas anuais de ciclo curto e ressementeira natural (fig. 3). A ideia é substituir a vegetação espontânea por leguminosas anuais de ciclo cur- to, capazes de fixar azoto e incremen- tar o ciclo de outros nutrientes devido ao maior potencial de produção de biomassa. Como para garantir a res- sementeira natural é necessário as- segurar a maturação fisiológica das sementes, devem usar-se leguminosas de ciclo curto para minimizar a perda de água pelo coberto.

Uma vez mais, o coberto deverá ser gerido constituindo um mulching de biomassa que proteja o solo durante o Verão. A grande dificuldade nesta tecno- logia deverá passar por garantir a per-

Figura 2 - Aspecto de um coberto de tremoço branco no momento em que está a ser destroçado.

Figura 3 - Aspecto de um coberto de trevo subter- râneo no início de Maio.

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sistência das espécies semeadas. Ape- sar de haver longa tradição na gestão destas espécies em pastagens, o facto dos olivicultores habitualmente não pos- suírem rebanhos poderá torná-la bas- tante mais difícil. O corte da biomassa deverá substituir o pastoreio na gestão dos cobertos. Conseguida uma boa afi- nação desta metodologia, as potencia- lidades de uso serão imensas. Todo o sector olivícola anseia por uma solução deste género, quer para olival biológico, quer para olival em produção integrada.

nota Final

Os cobertos vegetais de legumino- sas poderão resolver alguns dos princi- pais problemas da gestão da fertilidade do solo em olival biológico. O uso de destroçadores e a constituição de um mulching de vegetação morta poderão ser a chave que permita tirar as van- tagens do cultivo das leguminosas na fertilidade do solo, mantendo a perda de água em níveis aceitáveis, preser- vando o sistema radicular e contendo os custos, aspectos determinantes na gestão sustentável do olival biológico.

BiBliograFia

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Tisdall JM. 1989. Soil Management. Acta Horticul- turae, 240: 161-168.

autores

M. Ângelo rodrigues

angelor@ipb.pt

Professor Adjunto da Escola Superior Agrária de Braçança; Investigador do Centro de Investigação de Montanha Especialidade: Gestão do azoto em agrossistemas

Francisco Pavão

Francisco.aotad@gmail.com

Director da Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro

Especialidade: Olivicultura

Joana oliveira

joanaco@viaz.pt

Sócia Gerente da Viaz Produção e Comercialização de Vinhos e Azeites, Lda.;

Economista

Especialidade: Gestão de olival biológico

Margarida arrobas

marrobas@ipb.pt

Professora Adjunta a Escola Superior Agrária de Braçança; Investigadora do Centro de Investigação de Montanha Especialidade: Fertilidade do solo e nutrição de plantas

Referências

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