• Nenhum resultado encontrado

Aquisição originária e derivada da posse

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Aquisição originária e derivada da posse"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

AQUISIÇÃO ORIGINÁRIA E DERIVADA DA POSSE

- ESQUEMA -

I – AQUISIÇÃO ORIGINÁRIA DA POSSE

A. Acessão B. Ocupação C. Usurpação

a) Por prática reiterada

b) Por inversão do título de posse i) Por inversão do título de posse

1. Por oposição do detentor 1.1. Explícita

1.2. Implícita c) Por esbulho

II - AQUISIÇÃO DERIVADA DA POSSE

A. Tradição real 1. Tradição explícita

a) Tradição material

i) Directa (de mão em mão) ii) à distância (longa manu) b) Tradição simbólica

i) Entrega das chaves (traditio clavium) ii) documental

c) Imissão na posse 2. Tradição implícita

(2)

b) Constituto possessório

i) Constituto possessório bilateral ii) constituto possessório trilateral B. Tradição ficta: sucessão mortis causa

Notas comuns à aquisição originária e derivada da posse

i) Não há aquisição da posse por mero efeito do negócio jurídico, isto é, solu consensu.

Os negócios jurídicos não transmitem posse.

ii) Os actos aquisitivos da posse têm de integrar o corpus e o animus.

A. TRADIÇÃO REAL

1. Tradição real explícita

A aquisição derivada diz-se explícita, quando existe um acto exterior que materializa ou simboliza a entrega ou transmissão da coisa.

a) Tradição material (art. 1263º, b)) — a posse transmite-se através da entrega da coisa, sendo através deste acto que se manifesta a intenção de transmitir e adquirir a posse.

A tradição material pode ser directa ou à distância.

i) Há tradição material directa, quando a coisa passa de mão em mão (coisas móveis) ou

quando o novo possuidor toma contacto directo com a coisa, como, por exemplo, entrar no prédio (coisas imóveis).

ii) Designa-se tradição à distância (ou longa manu), quando a tradição da coisa não é feita

directamente, mas com a coisa à vista. Tem lugar, por regra, em relação a coisas imóveis.

b) A tradição é simbólica, quando decorre da transmissão de bens que simbolizam a coisa que se pretende transmitir. Por exemplo, através da entrega das chaves (traditio clavium) ou da entrega de um documento (tradição documental) que confira poderes empíricos sobre a coisa (p. ex. arts. 669º, 937º). Tem lugar em relação a coisas corpóreas (móveis ou imóveis) e incorpóreas.

(3)

c) A tradição é por imissão na posse, quando se realiza através de um conjunto de actos destinados a colocar o adquirente em condições efectivas de poder explorar ou fruir a coisa. Verifica-se relativamente à transmissão do estabelecimento comercial, em que é necessário o adquirente tomar conhecimento dos segredos de fabrico, os clientes, os fornecedores, etc.

2. Tradição real implícita

Diz-se implícita, porque não há qualquer acto que sensibilize ou materialize a transmissão da posse; a posse transfere-se solo consensu. Esta forma de aquisição é admitida por razões de economia procedimental, permitindo assim evitar actos materiais que, atendendo à situação possessória existente, seriam desnecessários:

a) Traditio brevi manu — Consiste na conversão do detentor em possuidor por acordo entre aquele que detém a coisa e o possuidor, isto é, aquele em nome de quem detém.

A é detentor (locação, comodato, etc.) de uma coisa pertencente a B; se B transmitir a

posse da coisa a A, este adquire a posse sem se verificar qualquer acto externo de transmissão da posse.

b) Constituto possessório — é a aquisição da posse sem efectivo empossamento, i. é, sem entrada na posse e na detenção material da coisa). Art. 1264º.

Pode ser bilateral ou trilateral:

i) Constituto possessório bilateral — A transmite a posse a B uma coisa, convencionado

as partes que A continua a manter ou a dispor da coisa. B adquire a posse, apesar de não se verificar qualquer acto explícito que a materialize.

ii) Constituto possessório trilateral — A transmite a posse a B de uma coisa,

convencionando as partes que essa coisa passa (ou continua) na disponibilidade de C.

B. TRADIÇÃO FICTA: sucessão mortis causa (art. 1255º)

A posse adquirida por sucessão mortis causa constitui uma posse ficta, porque a lei ficciona que há corpus e animus. Com a morte do possuidor, a posse só é adquirida no

(4)

momento em que o herdeiro aceita a herança (art. 2050º). Anteriormente, a herança per-manece jacente, pelo que não há qualquer apreensão material da coisa, logo não há corpus; de igual modo, como o herdeiro não tinha manifestado vontade de adquirir, não há animus.

A existência e reunião destes dois elementos apenas se verifica no momento em que o herdeiro aceita a herança. Logo, entre a abertura da herança (o momento da morte - 2031º) e a aceitação não há posse; no entanto, a lei considera que, uma vez aceite, a posse considera-se adquirida (continua) desde o momento da abertura da sucessão, ficcionando assim a posse entre aqueles dois momentos.

A posse adquirida por via sucessória tem as mesmas características da posse do de cujus. Na sucessão contratual e testamentária, há um título intercorrente dirigido à transmissão da posse autónomo daquele que fundamenta a posse do de cujus. Neste caso, pode o sucessor, se isso lhe convier, invocar esse título e arrogar-se uma posse autónoma relativamente à do de

cujus.

II — Conjunções de posse

1. Posse sincrónica: existência de várias posses no mesmo plano temporal

a) Posse simultânea — quando sobre a mesma coisa existem duas ou mais posses em

termos de diferentes d/r; p. ex., em termos de propriedade, de usufruto, de servidão, etc.

b) Composse — é a situação correspondente à compropriedade nos direitos reais.

Consiste numa contitularidade de posses em que cada compossuidor tem uma posse autónoma sobre uma quota ideal ou alíquota da coisa.

c) Posse in solidum — é a figura que corresponde à comunhão de direitos, ou seja,

verifica-se uma contitularidade na posse, mas é o conjunto dos contitulares que encabeça a única posse que incide sobre o objecto indiviso.

2. Posse diacrónica

(5)

planos temporais diferentes.

a) Sucessão na posse (art. 1255º) — no caso de sucessão legal, o sucessor mortis causa

da posse adquire a mesma posse do de cujus.

b) Acessão na posse ou junção da posse (art. 1256º) — o adquirente da posse junta à sua

posse a posse do anterior possuidor, desde que ligadas por um nexo de derivação. A acessão serve basicamente para facilitar a aquisição do direito real por usucapião, permitindo ao ac-tual possuidor interessado em usucapir encurtar o respectivo prazo.

Requisitos da acessão

— Existência de um nexo de derivação entre as duas posses (a aquisição originária quebra

a acessão), desde que essa derivação seja por título diferente da sucessão mortis causa;

— Só opera entre posses consecutivas, i. é., em relação ao anterior possuidor (relações

imediatas);

— A posse do acessor terá de ser pública e pacífica, ou melhor, não pode ser exercida ou

mantida com violência ou ocultamente, nem estar sob violência ou sob ocultação;

— Tratando-se de posses diferentes, a acessão tem lugar dentro da posse de menor

âmbito;

— A acessão é facultativa.

III — Efeitos da posse

1. Presunção da titularidade do direito (1268º, nº 1) — A importância deste efeito é notória, porque em muitos casos o titular do di/r não tem elementos que lhe permitam provar com segurança o direito. Assim, o titular de um d/r que esteja na posse da coisa apenas tem de provar a posse, cabendo ao terceiro o ónus da impugnação. Havendo colisão de presunções, a presunção que decorre da posse cede em face daquela que derive de registo do título (do di-reito).

2. Usucapião

A usucapião consiste na aquisição originária do d/r decorrente do exercício ininterrupto da posse com determinadas características, durante um certo lapso de tempo. A aquisição do

(6)

d/r é a correspondente aos poderes que o possuidor vinha exercendo.

Podem ser objecto de usucapião apenas os direitos reais de gozo, com excepção dos direitos de uso e de habitação e das servidões prediais não aparentes — art. 1293º.

A posse tem de ser pública e pacífica (art. 1297º). As outras características influem apenas no prazo necessário à usucapião.

3. Suspensão e interrupção da usucapião (art. 1292º)

A suspensão impede que o prazo para a usucapião não corra durante o tempo em que se verifica a causa, mas não inutiliza o prazo decorrido até à verificação desta.

A interrupção inutiliza esse prazo, começando a contar-se um novo prazo (art. 326º, nº 1, C.C., ex vi art. 1292º).

A suspensão pode ser de início (art. 318º; 319º; 320º), de curso (art. 318º; 319º; 320º) ou de termo (art. 320º, nº 1, segunda parte, e nºs 2 e 3).

a) Suspensão a favor de menores

O prazo da usucapião não começa a correr contra menores enquanto não tiverem representantes legais; nesse caso, o prazo para a usucapião não se completa antes de decorrido um ano após o termo da incapacidade: isto é, atingida a maioridade ou adquirida a eman-cipação, o titular do d/r tem ainda mais um ano para intentar a acção de reivindicação contra o possuidor.

b) Suspensão a favor de interditos e inabilitados

À interdição ou inabilitação são aplicáveis as regras da menoridade. A interdição suspende o decurso do prazo; este não se completa antes de decorrido um ano sobre o levanta-mento da interdição ou inabilitação.

Porém, se a interdição não for levantada antes de decorrido o prazo necessário para usucapir, a lei ficciona o termo da incapacidade decorridos três anos sobre aquele prazo (art. 320º, nº 3). Como a lei manda aplicar aos interditos o regime dos menores, àqueles três anos soma-se mais o ano previsto no nº 1 do art. 320º.

Referências

Documentos relacionados

b) Execução dos serviços em período a ser combinado com equipe técnica. c) Orientação para alocação do equipamento no local de instalação. d) Serviço de ligação das

Diante desse quadro, o Instituto de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) desenvolveu o presente estudo sobre os custos de produção do café das montanhas do

responsabilizam por todo e qualquer dano ou conseqüência causada pelo uso ou manuseio do produto que não esteja de acordo com as informações desta ficha e as instruções de

Το αν αυτό είναι αποτέλεσμα περσικής χοντροκεφαλιάς και της έπαρσης του Μιθραδάτη, που επεχείρησε να το πράξει με ένα γεωγραφικό εμπόδιο (γέφυρα σε φαράγγι) πίσω

koji prihvatiše Put Života, prebivaju u Svetlosti Elohima.. Oni, koji prihvatiše Put Života, prebivaju u Svetlosti

CONSIDERANDO que o médico que utilizar a telemedicina sem examinar presencialmente o paciente deve decidir com livre arbítrio e responsabilidade legal se as informações recebidas

Curso: Campus Santa Mônica: Ciências Sociais Matutino - Licenciatura.. ClassificaçãoFinal Nome CPF Inscrição

Após extração do óleo da polpa, foram avaliados alguns dos principais parâmetros de qualidade utilizados para o azeite de oliva: índice de acidez e de peróxidos, além