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O IRMÃO DE ASSrS INÁCIO LARRANAGA CAPÍTULO PRIMEIRO AMANHECE A LIBERD1DE Apesar de tudo, voltava tranqüilo. Tinha motive. > sentir-se abatido, mas,

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O IRMÃO DE ASSrS INÁCIO LARRANAGA CAPÍTULO PRIMEIRO AMANHECE A LIBERD1DE

Apesar de tudo, voltava tranqüilo. Tinha motive. > sentir-se abatido, mas, ao con trário do que esperava, i ' tranha serenidade inundava seu rosto e em seus ollm-, I" II, alguma coisa seinelliante à paz de um sonho atingido mi ,, amanhecer defini tivo.

Naquela noite tinham saltado Iodos os gonzus, c- agot um novo centro de gravidad

e. Tudo estava mudado (¦<* »>, naquela noite, o mundo tivesse dado uma volta di ir iil tenta graus. Na madrugada que se estendia pelo \.tl.-*í. i Espoleto até Perúsia, o filho de Bernardone ia cavalgai * paz, para sua casa. Estava disposto a tudo,

e por iimi < ' !¦, livre e feliz.

Falam de noite de Espoleto. Entretanto, ao conii i ' i que parece e se diz, a av

entura franciscana não comrçi ' noite, porque nela culmina uma longa corrida de o!>« ' <!,, em que houve insistências por parte da Graça e resistem p. parte do jovem sonha dor. Nessa noite, o nosso comhalci* *tjfl deu-se.

* * *

Nada se improvisa na vida de um homem. O s''n in.mo é sempre filho de uma época e de um ambiente.''1 ¦ r. arvores e as plantas. Um abeto não cresce nas sclv'1" 1'iiais nem um baobá nas alturas nevadas. Se um alto cx"ic liuinaiio surge na cadeia das g

erações, podemos cstur '"m de que não brota de improviso como os cogumelos mi«,'J-Unhas, Nossa alma se recria à imagem c semelhança doa'"» que gravitam ao nosso redor, e nossa s raízes sr aluu01, como que por osmose e sem que o percebamos, du «UnosMt idéias que nos envolve. Para sabermos quem é um homem,05 que olhar ao seu redor. É o que se cha ma contorno viU

Quando entrou no mundo pela janela de sua juvt^' o Filho de Bernardone deparou c om um quadro de l,e sombras. As chamas da guerra e os estandartes da p,s desejos de reforma e a sede de dinheiro, tudo estava mis0

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na mais contraditória fusão- t V** avelar o tf de Francisco de Assis, pel" ^gmentos

-essa a pretensão deste livro observando acontece ao seu redor. CONTOU'1 1

Os nacionalistas guelftf ~* uma vez,i si mesmos e com o Pontifica °'^X'1ll'Sa' os imperj do Sacro Império Germânica ,. 1 <"am o qu» chamamos de colaboracionisti5' e" Ve nciam a hoje chamamos de oposição.

A penitência de Canoísi ^ utn século. D* três dias e três noites o ImP "0""^ IV da Sa< tinha permanecido descalço jU*1'0 '. °s * castelo d« nossa, na Toscana, vestido cot*1 a lln

'*tl|ii dos penitci antes que o Papa Hildebrar^0 111 "l suspendes< sua excomunhão. Foi o ponto alto de um" cn 1 ¦ utilidade ei o Pontificado e o Império, e ,am"' '"""Knto álgidc querela das investiduras, em 4ue ' "«Si o dit de eleger os dignitários ecleS>as'lc'. u ' >|ue os bia e abades recebiam solenemente "s ''"''icipes

não as terras e os bens, mas tam^"1 " ' " nnel. Natui mente, a coisa não era tão sllB? ." '''"tv<-' à prime vista. Por trás dos báculos e mt 1 1 "i mundo c interesses e de ambições terrf1125'

Em cinco expedições ass<M,r"[K',i,,|('f Barbarrcx tinha semeado o pânico entre 35 cl" 111 Alguns arr> antes do nascimento de Franca' " " '"'ia investij» com especial as sanhamento con£ta 0"1 r "s'is, em cia recinto entrou vitorioso, receber^03 J''"^ s enhores fei dais e pondo a bota imperial sobre"P,"m'1 * humilhadi

Quando se afastou, deixou «>' ¦««« 0 aventl. reiro Conrado de Suábia para tf* ü f*>vo rebelde Os aristocratas de Assis, aprov'ellanr"letào imperia

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fl! servos da gleba com novas e duras exigêncús, '"!"' uio carro da vassalagem de que sc haviam apeado

Ultimai

I nasceu nesse tempo em que a vila estava sendo

v^ni»d^iJonTaáo a partir da formidável fortaleza cia Rocca, p (|| ptadoiainenle no alto da cidade. Esse foi <> contorno cm ,|,f»,corrcu a infânc'a de Francisco.

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m a imon-.i .i.¦.1.1 d<-|((Sitas na água; sobem e baixam as peque nau repú-grandes senho rios; hoje o Imperador pede prot«f§0 ui r|j,manhã o depõe ou o coloca diante de um . 11|. (|, iíerro e fogo pelos muros de Roma. ^cente da ambição levanta a cabeça nas torn |p .1 ^i»<Im» "-"as^l05. nos palácios lateranenses e nas Imul. (|m||I is chamas estava m sempre estalando ao vento; a» ni/|l[irecem um turbilhão que arrasta numa mittUM ,1 . I ,, ,tM|1i' fé e o aventureirismo, a devoção e a sede d< nquiv.r.. ( |M I para com o Crucificado e a impiedade paia u>m

HfJo subiu ao pontificado o papa Inocéncio III, perso-I nrte e de coração grande, as cidades italianas levan-. | tabeça exigindo independência, reclamando justiça e, r casos, levantando os punlios da vingança. A relicldin entt* como um vendaval cego por toda a Itália central.

andado de Assis, a revolução chegou a alturas singulares. I, (a ,rjnavera de 1198. Q uando o povo soube que Conrado submetido em Narni às exigências do Papa, os as-, su biram à Rocca e, no pnmeiro assalto, derrubaram o I bastião, sem deixar pedra sobre pedra. 0 a maior rapidez levantaram uma sólida muralha ao ¦ a cidade, com o material di Rocca desmantelada.

Erigiu-^ a, Francisco estava com 16 mos

a república de Assis, independente do Imperador e 11

¦oprimiram os servos da gleba com novas e duras exiy.n , atrelando-os ao carro da vassalagem de que se haviam ijml anteriormente.

Francisco nasceu nesse tempo cm que a vila estava «ri vigiada por Conrado, a parti r da formidável fortaleza da R«rj erguida ameaçadoramente no alto da cidade. Pssc (oi o icMiUm em que transcorreu a infância de Francisco.

F uma época letla de contrastes e sumamcin. movimrnkdi As alianças se enlaçam e desenl

açam com a lnCOMÍMÍMll J palavras escritas na água; sobem e baixam as |» .in. na-. , blica s e os grandes senhorios; hoje o Imperadoi pedi \<u>k,\

ao Papa e amanhã o depõe ou o coloca diante de um ...|,|, ou entra a ferro e fogo pelos muros de Roma.

A serpente da ambição levanta a cabeça nas ...

çadas dos castelos, nos palácios lateranenses e nas l "l imperiais; as chamas estav am sempre estalando ao vrnt( cruzadas parecem um turbilhão que arrasta numa mistur

a composta, a fé e o aventureirismo, a devoção e a sede dt i i"¦ --.¦ a piedade para com o Crucificado e a impiedade pari co os vencidos...

* * *

Quando subiu ao pontificado o papa Inocêncio III, \>-nalidade forte c de coração grand e, as cidades italianas fcv taram a cabeça exigindo independência, reclamando |iMiv, em alguns casos, levantando os punhos da vingança. A rrbrt estendeu-se como um ve ndaval cego por toda a Itália mu No condado de Assis, a revolução chegou a alturas sin giti F.ra a primavera de 1198. Quando o povo soube que Cori, tinha se submetido

em Narni às exigências tio Papa os sisienses subiram à Rocca e, no primeiro assalto, d errubai^ soberbo bastião, sem deixar pedra sobre pedra.

Com a maior rapidez levantaram uma sólida muralu redor'da cidade, com o material d a Rocca desmantelada. Eti -se assim a república de Assis, independente do Imperad; do Papa. Francisco estava com 16 anos.

As chamas da vingança atiçaram-se por toda parte, acesas pela ira popular contra os opressores senhores feudais. Araram seus castelos no vale da Ümbria, derrubaram as torres arreadas, foram saqueadas as casas senhoriais e os nobres tiveram que re fugiar-se na vizinha Perúsia. Entre os fugitivos contava-se uma pré-adolescente de u ns doze anos, chamada Clara.

Os nobres assisienses refugiados pediram auxílio de sua eterna rival, Perúsia, contr a o populacho assisiense que os bvia expulsado. Depois de vários anos de negociações, ofertas e anea-ças, travou-se o combate nos arredores de Ponte San Giovnni, lugar eqüidistante entre Perúsia e Assis. Foi no verão de 1203. Francisco, que tinha vinte a nos, tomou parte. É assim que surge na história o filho de Bernardone: pelejando em uma escaramuça comunal em favor dos humildes de Assis. Mas os combatentes de Assis foram completamente derrotados e os mais aquinhoados foram tomados como reféns e deportados para a cadeia de Perúsia.

E aí temos Francisco feito prisioneiro de guerra, nas úmidas masmorras de Perúsia. OS CASTELOS AMEAÇAM RUÍNA

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Francisco era demasiado jovem para absorver o golpe sem «stanejar. Aos vinte anos,

a alma do jovem é uma ânfora rágü. Basta o golpe de uma pedrinha e a ânfora se desvanece orno um sonho interrompido. É o passar do tempo e do vento oie dá consistência à alma. Dá impressão de que os biógrafos contemporâneos passam voando por cima dos anos de conve rsão de Francisco. Como ot jornalistas, os cronistas só apresentaram casos. Mas, ao que pirece, não presenciaram ou ao menos não nos transmitiram 3 drama interior que o rigina e explica os episódios. Não nos izem nada de sua conversão até a noite de Espolet o. Entre-aito, nessa noite a fruta caiu porque estava madura.

Para mim, nesses onze longos meses de prisão e inatividade laneçou o trânsito de Franc isco. Para construir um mundo.

outro mundo tem que desmoronar-se anteriormente. I: na,, ij granadas que arranqu

em pela raiz uma edificação; os <-<li| . humanos morrem pedra por pedia. Na prisão di hm -i., oi meça a morrer o filho de Bernardone e a nasiei li.iu,, de Assis.

Zefirelli presenteou-nos com um belíssimo Itinir, Irnia Sol, Irmã Lua. Mas nem aí se nos desvela o me.uno Nu,la ., nos insinua dos impulsos profundos que dão otigri u ,i |UI1 beleza () filme parece um mundo mágico que, de itn|vc)vi

tivesse emergido sem que ninguém soubesse donde m...,

I''. como imaginar a ascensão vertical de um avião ,em i< ,,,,,, Ninguém, a não ser um masoquista quimicamente |...i i ,

como Francisco nessas cenas: submeter-se a uma cxintlltrla. rante, apresentando

um rosto feliz às caras amarradas, d< li,,M levantada às chuvas e neves, doçura na asp ere/a, ai. , pobreza... tudo isso pressupõe uma forte capacidade di ii ,,,,, que não aparece no filme, e um longo caminho nu dor 0 ^ esperança; pressupõe, em uma palavr a, a passagem iran !..,, dora de Deus pelo cenário de um homem.

A Círaça não arrebenta fronteiras. Jamais se viu o mi,,,,, iianslormar-se, da noite pa ra a manhã, vestido de pritnuvrt) 1'ianeisio fez a passagem de um mundo para 0 OUt fO Um mente, ao longo de dois ou três anos. Não foi um ¦ i ,1 , repentino, mas uma tra nsição progressiva e harmoniosa, >!tn deixar de ser dolorosa. E tudo começou, em minha opiniii<, ,ln árcere de Perúsia.

* * *

Toda transformação começa por um </V\/kt,',/> Cai a illlsj( e fica a desilusão, desvanec e-se o engano e sol na o desetigSÍC Sim, todo despertar é um desengano, desde as ver

dades fír damentais do príncipe Sakkiamuni (Buda) até as conviCçjç do Eclesiastes. Mas o d esengano pode ser a piiincira pedra d um mundo novo.

Se analisarmos os começos dos grandes santos, se obse varmos as transformações espirit uais que ocorrem ao

n,-redor, descobriremos em tudo, como um passo prévio, um despertar: o homem convence -se de que toda a realidade é efêmera ou impermanente, de que nada possui solidez, a não ser Deus.

Em toda adesão a Deus, quando é plena, esconde-se uma busca inconsciente de transcen dência e de eternidade. Em toda saída decisiva para o Infinito, palpita um desejo de libertar-se da opressão de toda limitação e, assim, a conversão transforma--se na supre ma libertação da angústia.

Ao despertar, o homem torna-se um sábio: sabe que é loucura absolutizar o relativo e relativizar o absoluto; sabe que somos buscadores inatos de horizontes eternos, e que as realidades humanas só oferecem marcos estreitos que oprimem nossas ânsias de transcendências, e assim nasce a angústia; sabe que a criatura termina "aí" e não tem escapatória, por isso, seus desejos últimos permanecem sempre frustrados; e sabe pr incipalmente que, afinal de contas, só Deus vale a pena, porque só Ele oferece meios para canalizar os impulsos ancestrais e profundos do coração humano.

* * *

Francisco despertou na cadeia de Perúsia. Foi lá que o edifício começou a ser planejado. Que edifício? Aquele sonhador tinha detectado, como um sensibilíssimo radar, os son hos de sua época, e sobre eles e com eles tinha projetado um mundo moldado com cas telos amuralhados, espadas fulgurantes abatendo inimigos: os cavaleiros iam para os campos de batalha sob as bandeiras da honra para alcançar essa sombra fugidia

a que chamam glória. Com as pontas das lanças conquistavam os títulos nobiliárquicos, no s braços de gestas heróicas entravam no templo da fama e nas canções dos rapsodos, como os antigos avaleiros do rei Artur e os paladinos do grande imperador Carlos. Num

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era o mundo de Francisco t se chamava sede de glória. 14

ur

'; el Perseguindo esses fogos-fátuos, nosso sonhador tinha chegado

ier às proximidades da Ponte San Giovanni. A pi imeira ilusão degene-e-s« rou na prime ira desilusão, e de que calibrei Sonhar com glórias Enr tão altas e dar de cara com tão humilhante derrota, na primeira ibe tentativa, era demais! Era aí mesmo que Deus o

esperava, msl Deus não pode entrar nos castelos levantados sobre dinheiro,

poder e glória. Quando tudo dá certo na vidu. o homem e * tende insensivclm ente a concentrar-se cm si mesmo; grande satã desgraça porque se apodera dele o medo de penkl hkb, | vive as ansioso, sentindo-se infeliz. Para o homem, a d e m .t.iU , , neii justamente a salvação.

tia; por isso> se Deus Pai quer salvar seu filho ...ilmdo .

P°r adormecido no leito da glória e do dinheiro, não tem outm e saída senão dar-lhe uma boa sacudidela. Quando o mundo a naufraga, fica flutuando uma poeira es

pessa que deixa I¦ 11, J'st' confuso. Mas, quando o pó assenta, o filho pode a bril na nlhoa, despertar, ver a realidade clara e sentir-se livre.

Foi isso que aconteceu com o filho de dona 1'iin Nu planura de Ponte San Giovann i derrocaram-se seus castelos no ar. No primeiro momento, como acontece sempre, o rapaz, envolto cm pó, sentiu-se confuso. Mas, quando chegou a cadeia. a , na med ida em que o tempo foi passando e o pó assentando, o 'UC ' lilho ile dona Pica, co mo outro Sigismundo, começou a enxergar dato tudo e inconsistente como um sonho. is sc n m

alha ia a avar entr. >s an

allal Para um jovem sensível e impaciente, era demais

permane-cer inativo entre os muros de um cárpermane-cere, mastigando | erva amarga da derrota. Em um cativeiro há tempo demasia,In para pensar. Não há novidades que distraiam Uoia apen as, mino realidade única e oprimente, a derrota.

Por outro lado, nosso rapaz não escapou da psicologia dos leza ^'v05" O cativo, co mo o preso político, vive entre a incerteza pral e o temor: não sabe quantos meses o u anos vai ficar fechado na cadeia, nem qual vai ser o curso dos acontecimentos políticos, nem o que vai ser de seu futuro. Só sabe que esse futuro ;ai depender de um podes tá arbitrário ou de uma camarilha hos-:il de senhores feudais.

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Por outra parte, nosso jovem estava bem inforrr> que os cativeiros e derrotas são o alimento ordinário | das aventuras cavaleirescas. Mas era bem diferente exper. -Io na própria carne e pela primeira vez principalmeni ele que não estava curtido pel os golpes da vida e en disso, de natureza tão sensível!

* * *

Começa a crise. Diante das edificações que hoje ; e amanhã baixam, diante dos imperadore s que hoje são e amanhã sombra, diante dos nobres senhores que são ciados para sempre pela ponta de uma lança, há outro S cavalgando acima das estepes da morte, outro Imp erador qu é atingido pelas emergências nem pelas sombras, outra j cação que tem estatura eterna. A Graça ronda o filho de Pica. E ele perde a segurança.

Os velhos biógrafos dizem que, enquanto seus companh estavam tristes, Francisco não só estava alegre, mas até j rico. Por quê? Um homem sensível deprime-se com facilid A pa rtir de seu temperamento, teríamos motivos para p< que Francisco tinha que estar a

batido na cadeia. Mas estava.

As palavras de Celano, cronista contemporâneo, nos pé para confirmar-nos no que esta mos dizendo desde o corrii que tudo começou no cárcere de Perúsia, que Deus irrorri po r entre os escombros de seus castelos arruinados, que lá tomou gosto por Deus, que lá vislumbrou, embora entre tre. um outro rumo para sua vida.

Efetivamente, conta o velho biógrafo que, diante da eufc de Francisco, seus compan heiros se molestaram e lhe dissers; Você está louco, Francisco? Como pode estar tão ra diante i meio destas correntes enferrujadas? Francisco respondeu textt.; mente:

"Sabem por quê? Olhem, tenho um pressentimer, escondido aqui dentro que me diz que um dia todo muni vai me venerar como santo".

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«s vislumbres de eternidade cruzaram o céu escuro de l-úrj no cárcere obscuro de Perúsia. 1 GKANDI PALAVRA 1)1 SUA VIDA

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$Mto de 1203, perguntaram-se os homens da plebe ' "¦¦.Malas ile Assis: Rira que gast ai mcigias loinhaten-d" iit» aos outros? Vamos fazer um tratado cl«- paz e """ n vida de nossa pequena república. (.mim COflM |üên-I M «IJiança, Francisco e seus companheiros I muin hUnados in para Assis.

t esse momento e a noite de Espoleto puniam ¦ '¦""cimente dois anos. Que fez nesse ín terim Q rilho d"' 'rlone? Os biógrafos não dizem quase nada. Ma», do l,lM"-edizem, pod emos deduzir muito.

lizmente (talvez para toda a Igreja e paia ioda a bis '"" 'nina) Francisco foi ext remamente reservado duniiili i«kIu rida sobre tudo que se referia a sua vida protu ndu, ' ebções com Deus. Ninguém guardou um segredo pio '' 'tom tanta fidelidade como e le escondeu suas comuni Deus. Normalmente era comunicativo, e por isso

...rio a que deu origem tem caráter fraterno ou familiar.

M'i«|u<: dizia respeito a suas experiências espirituais, em ei 1 um obstinado círcul o de silêncio, de que ninguém P"d'ancá-lo.

f.el até as últimas conseqüências ao que se chamava ' ¦ impo de Sigillum regis, o segredo do ni "minhas "" -un o Senhor estão entre Ele e eu. É preciso lembrar l" ncia de sua

morte causou alegria. Por quê? Não foi,

...me, porque Francisco tinha morrido, nus porque '"' 1 puderam contemplar e tocar suas chagas.

tou zelosamente durante três anos aqueles sinais mis-''"'jue levava em seu corpo. Todo mundo sabia de sua ''M\ mas, enquanto ele viveu, ninguém teve oportunidade l' c , nem seus confidentes mais íntimos, nem a própria

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Clara. O único que pôde vê-los foi o irmão Leão, que serv secretário e enfermeiro. Pode ser que, devido a esse sigillum, os cronistas cc: porâneos ficaram sem notícias de sua conversão e por i tão parca a informação referente a essa época.

» « »

Tanto os cronistas contemporâneos como o próprio Frat em seu testamento introduzem-n os de repente no cenári Deus, dando a entender que já existia alta familiaridade Fra ncisco e seu Senhor. Mas uma grande familiaridade Deus pressupõe uma longa história de relacionamento pe E é essa história que ainda precisa ser desvelada.

Nos livros de hoje sobre São Francisco tende-se a j por alto sua vida interior, da ndo preferência a um -c noticiário de acordo com a mentalidade atual. Freqüenter apres entam-no um Francisco ao gosto de hoje, contesi hippye, patrono da ecologia, sem

se preocupar, em geral, seu mistério pessoal.

Acho que para apresentar São Francisco ao homet hoje, não nos deveríamos preocupar tan to se o que ele f( fez é do gosto de nossa época, indicando os pontos err está de acor do com nossas inquietações. Desse jeito desenfcx São Francisco e traímos o homem de hoje . O correto e nece é olhar para São Francisco de dentro dele mesmo, inclui em seu co ntorno vital e descobrindo assim o seu mister claro que esse mistério será resposta para hoje e para os si futuros.

Que é o mistério de uma pessoa? Que outra p poderíamos usar em vez de mistério? Segredo? Enigma? \ cação? Carisma? Alguma coisa aglutinante e catalizadora? convencido de qu e todos os mistérios, um por um, baix sepultura e aí dormem seu sono eterno. O mistéri o de toe indivíduos está preso nas dobras dos códigos genéticos, irn vitais, idéias e idea is recebidos desde a infância.

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-aso de Francisco, encontramos também uma persona-liuMdgular, feita de contrastes fortes, que tornam mais diffl igir o segredo. Mas nós temos uma ponta para decifra r I «'i de São Francisco: Deus. Essa é a grande palavra li *da.

i passou por suas latitudes. Deus tocou esse homem. Dl UJOfct sobre esse homem.

Deus visitou ase amigo. A i ¦" l«U ponta começamos a entender tudo Agora vemos 1I ontr astes podem estruturar uma personalidade coerente liiica. Compreendemos também com o n lioinnn mais i I mundo podia sentir-se o mais rico, c tanta» outras uiiai * * *

te o princípio do prazer: todo ser humano, NfU&do 1 os do homem, age motivado, de alguma maneii.i, |k-Io i I rancisco de Assis, sem o Deus vivo c verdadeiro, l""l er classificado, em qualquer quadro clinico, como um |'»lt« Todos os seus sublimes d isparates, seu amor apaixo-""li Senhora Pobreza, sua reverência pelas pedras e pel os 1 "ua amizade com os lobos e com os leprosos, o fato

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I esentar para pregar só com a roupa de baixo, ou de hu« vontade de Deus dando volta s como um pião...

II nsar em uma pessoa desequilibrada. 0 sublime e o rldfquase sempre se tocam. A fronteira que separa um do ...nma-se Deus.

Deus faz sublime o que parece ridículo. Deui é a loiiolucionária que arrebenta as norm alidades, desperta ' iwlidades humanas adormecidas, abrindo as para atitudes

...(ntes e até então desconhecidas.

'paz de tirar filhos de Abraão de uma pedra e pode ""iTipIares absolutamente origi nais de qualquer filho da MM povo. Com esta palavra Deus o enigma de 11II fica i nterpretado, e seu segredo é decifrado.

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Como vivemos em um mundo secularizante, corre tentação e o perigo de pretender apres entar ao mundo c um Francisco sem Deus, ou um Deus com surdina ou ei menor. Ness

e caso, São Francisco começa a ficar parecic uma belíssima marionete, que faz acrobaci as maravilhosa não passa de fantasia. Isso não aterriza nem explica o n de Francisco .

Poderão apresentar-nos passagens de sua vida que co: os românticos, fatos que seduze m os hippyes, antecedent tóricos que permitam aos ecologistas considerá-lo um pre ma s o mistério profundo de Francisco fica no ar, sem expi Basta abrir os olhos e olh ar sem preconceitos: desde o pi instante nos convenceremos de que Deus é a força de i que arma a personalidade vertebrada e sem desajustes d< cisco de Assis.

A MULHER DE SUA VIDA

Na volta de Perúsia, mal pisou as ruas de Assis, brioso rapaz deixou de lado suas meditações sobre a fug; da vida, esqueceu os chamados do Senhor e, soltando asi de s uas ânsias juvenis reprimidas durante um ano, mer, no turbilhão das festas. Morta a sede de glória, nascú sede de alegria.

Formaram-se grupos espontâneos de alegres camarad que tinham estado em camaradagem forçada, no presíi Perúsia, formavam os grupos mais barulhentos. Nomea filho de Berna rdone como chefe do grupo e lhe deram o: simbólico de comando, porque tinha os bol sos cheios e t ransbordante de alegria. Tresnoitavam até altas horas. í e desciam pe las ruelas estreitas por entre gritos, gargí e canções. Paravam embaixo das janelas da s moças bonití entoar serenatas de amor ao som de alaúdes, cítaras e 1 Era uma sede insa ciável de festa e de alegria.

Os meses passavam e não se esgotavam os brios r. acabava a inspiração. Geralmente, Fra ncisco custeava o

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'" 1 ;l"nL'lc a>Kum;, WJ misteriosa que eivava a iodos. I»!^ rait rodeado pela juve ntude mais dourada e dissipada d. . Firicipava nos concarsos de cantos e nos torneios <* »afa brilhanltmentc. Invejado por alguns e parados, o filho Je Ber nardone era indiscutivdmen-" íUjwntude assisiense

* * *

y,, vencido rm io, 10 ano anterior, a Graça unn» ^ ^ ^ l|e

MM dtelória, agora havena de re0 nto ,,s cx|,rr.a.yi» P«-alfa) «E» cronista aplicai esse m oro ^ UVI pcicta: "Vou fechar teu cam.nho » <-|| ajp f^lo-ei com um muro ^ ^^.^

imi.c- naureza estranha e diticil a*** _ ^ ^ (. lU n um tudt, mantendo-o longos meses cn»^ j^.,., » mis fehres altas e obstinadas, pcsa j . ' iMii-imilenta, muit o lenta convalescencta. ¦ i

i j pra geral, nesse pcriouo

a prolongada recuperação e, c abrir <,orizontcs

da <isténcia, aparece a pessoa que imirá em sua alma da ara sua vida, a mulher q ue l*P ,pria mac MPdelne» de fé e de esperança: ^ ^ ^^.^

lhueta de dona Pica, feita de cnle Cl,m0 um

d«H no fundo do silêncio. Passa ^ m. rrsrlandece mr^eb páginas dos velhos cronistas- ' M1S|(.,

I iiece. É daquele tipo de m^^J,,, dramas, na sim mirn suas mãos, mas sabe faze-lo |(||,e no silêncio _ ,,mu, nos

trans-üm paradoxo da historia, emr* ^ csUmos em con-ml-enas fugazes vestígios de sua "^'^l iografia completa ¦ apresentar, por via dedutiva, a na aima de

,lr Pica. O método vai ser indireto ^ a

(7)

o < 21

A tradição supõe-na oriunda da Provença, berço da e do cantar. Mas as fontes guardam silênci o a respeito. Disj entretanto, de elementos suficientes para concluir, por de qu

e dona Pica era efetivamente francesa.

É uma constante humana o fato de que, nos moment que a emoção escapa de seu leito e se torna incontrolá ser humano tende a manifestar-se em sua língua materi idioma que " mamou". Diz-se que São Francisco Xavie sua agonia, expressava-se em "euskera" (vas co), seu i materno. O Pobre de Assis, sempre que estava possuído pc emoção intensa, pa ssava a manifestar-se cm francês (provi Não seria esse o seu idioma materno, a língua de sua mãe

Suponhamos, por exemplo, que eu aprendesse ingU vinte anos e o dominasse com per

feição. Em um momer explosiva emoção, se precisasse expressar-me livremente ( obstáculos m entais, passaria instintivamente ao idioma n\, ou nativo em que estão aglutinados

a palavra e os sentim a fonética e as vivências longínquas.

Se, como a maioria supõe, Francisco tivesse aprenc francês já na juventude, em suas vi agens comerciais, psicologicamente estranho e quase inexplicável que, no: mentos d e júbilo em que as palavras, ligadas às vivências primitivas, precisam sair conaturalm ente, o fizesse em fr Supõe-se que a pessoa que aprendeu já adulta um idioma sempre falta de flexibilidade ou facilidade para nele se exp]

Por isso podemos supor que o idioma materno de Fra era o francês, isto é: que a língua de sua mãe era o f: (provençal). Justamente por isso falamos em idioma ma e não pater no, porque se aprende junto da mãe, junto do

* * *

Como dissemos, dispomos de um caminho dedutivo conhecer a alma daquela mulher e assim, indiretamente, mos conhecer melhor o mistério de Francisco. É um joj 22

la vertente inconsciente de Francisco extraímos os ""'ai uma fotografia de dona Pi ca, e no reflexo da mãe y,,,:tratada a personalidade do filho.

o conta que, quando o velho mercador prendeu o jovem ""*c, em quem se havia mani

festado inclinações místicas, * 'Vou cm um calabouço, sua mãe "sentiu seu coração "1,11 entern ecer". Há uma força primitiva nessa expressão. ^*'á pena que a mãe sentia pelo filho. Era muito mais. ' Hc filho circulava uma corrente profunda de simpatia ' '"ois não hav

ia só consangüinidade, mas tainl"jfl li1111 ' "'' lois estavam nas mesmas harmônicas.

o-nos aos escritos de São Francisco, itnpreiliOnârPO '"' i freqüência e emoção com que ele c vik.i ,i ligui.i " "'i mãe em geral e inconscientemente (talvez a* vezes '""'lente

) de sua própria mãe. Sempre que 11 nu <¦ ' '""rasar a coisa mais humana, a relação mais e motiva,

* * Tiais oblativa, recorre à comparação materna Pie

' ''"umergir no fundo vital desse homem, fundo alimentado l"1'.ordações quase esquec idas de uma pessoa que

* Urou cuidado, alma, carinho, fé e ideais.

ftgra de 1221, assinalando as altas exigências que "'tesustentam a vida fraterna, Francisco diz a*' umaos ''"'lum cuide de seu irmão e o ame como uma mãe "'" ia de seu filho". Tornando aos mesmos veil«>s tao J*l imar e cuidar), Francisco volta à carga na segunda " lodo que "se uma mãe ama e cuida do filho de *'*nas, com quanto maior r azão devem amar-se e cuidar ""*itros os que nasceram do espírito".

'idade disso tudo não está no verbo amar, vocábulo """> e batido, mas no verbo cuidar, verbo exclusivamente "'"'Liidar se aparenta com o verbo consagrar ou dedicar '"

kuidar significa reservar pessoa e tempo a outra pessoa, "'"n, principalmente, as mães.

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Lá pelo ano de 1219, Francisco tentou dar uma orgai elementar aos irmãos que subiam às altas montanha: buscar o Rosto do Senhor, em silêncio e solidão, para recuperar a c oerência interior.

Escreveu uma norma de vida ou pequeno estatuto chamou Regra para os eremitérios. S upõe que lá em ciij cabana, viva uma pequena fraternidade de quatro irmi querendo su blinhar as relações que devem existir entre Francisco utiliza expressões chocantes, ma s que transb infinita ternura fraterna, digo, materna, apelando mais vez e mais

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Dos quatro irmãos, "dois sejam mães e tenham dois fi Quanto à índole de vida, "os dois q ue são mães sigam ; de Marta, e os dois filhos sigam a vida de Maria". I ordena, ou melhor deseja, que ao acabar de rezar Tércia, p interromper o silêncio "e ir para ju nto de suas mães", tantas expressões há uma carregada de ternura especia quando tivere m vontade, os filhos possam pedir esmola i mães, como pobres pequeninos, por amor do Senhor Deus"

Como se trata do período da vida eremítica, aconse também a não permitirem na cabana a p resença de pessoas nhas, e que as mães "protejam seus filhos para que ninguén turbe se u silêncio", e "os filhos não falem com pessoa a! a não ser com suas mães". E para que não se estabeleça nen dependência entre os irmãos, mas exista real ingualdade, jurídica com o psicológica, Francisco ainda diz que os ii devem alternar-se no ofício de mães e de filhos.

No fundo vital do homem que se expressa dessa m; palpitam ecos longínquos, quase d esvanecidos, de uma mã< foi fonte inesgotável de ternura, daquela mulher que p noite s velando à cabeceira do jovem doente.

O Pobre de Assis juntou em um mesmo laço duas das mais distantes e avessas que pod

e haver neste mundo: a eremítica e a vida fraterna, a solidão e a família, o silên a cor dialidade.

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>« semanas que o irmão Leão tinha UO espinho na 1 lhe estava perturbando a paz. Fie mesto não sabia ' "te do que se tratava. Dir-se-ia à primeira vista que ' ' nina du vida de consciência e queria nsultar Sao Mas quem sabe se também não Iwvl um pouco ¦'' 'i's do pai e amigo de sua alma, com .im-n .aminhando I f»\do durante tantos an os, tinha forjado uma amizade

cisco, sabendo que no fundo de toda tratos eatá c»

...m pequeno vazio de afeto e que, de qu.i » ..." "¦' kwise que não se cure com um pouco de carinho, pegou

* I lhe escreveu uma cartinha de ouro que...<\...

'" vras: "Meu filho, eu te falo como uma mie «> seu i"'1 Por trás da carta ainda esta va "viva" dona Pica

'sando seus escritos, principalmente os escritos mistu,

não sem certa surpresa, que Francisco quase nunca 'essão Pai para dirigir-se a Deus, o que é estranho em Ml>i tão afetivo.

le Deus com quem Francisco tratava tão carinhosamente Jk», o Onipotente, o Admirável. . Quase nunca Pai --¦vra não só lhe dizia nada, mas até evocava incons 'e a figura de um homem egoísta c prc|>ot<nie, e 'regada com as lembranças mais dcsagudavns de aia

vbkião soasse chocante, Francisco bem que |>oderia ter » '»« Deus com o nome de "Mãe". Estar ia cm consonância M«>m as fibras mais profundas de sua hiatória pessoal. 1 era, então, a mulher que emerge desses textos e |fi*s? Fundiram-se naquela mulher a força do ma

r a um favo e a profundidade de uma noite estrelada. * ;ão cavaleiresca, que os tr

ovadores provençais tinham para as repúblicas italianas, já tinha sido inoculada "es por aquela mãe extraordinária, na alma receptiva

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de seu filho. Como definir aquele não sei quê de sua persona que envocava uma melodi a inefável, o esplendor de um amai ou a serenidade de uma tarde a cair?

Antes de dar a Francisco sua vocação e seu destino, lhe deu essa mãe. A DENSIDADE DA FUMAÇA

A tribulação estava às portas. A mão do Senhor caído pesadamente sobre o nosso jovem, pren dendo-o num t de aflições e causandodhe noites de insônias e dias de d

A sede de glória estava reduzida a cinzas. E agora, em do leito de sua juventude, jazia abatida a sede do prazer, cisco não era nada. Uns centímetros a mais que avanças enfermidade, e estaria no abismo.

O anjo do Senhor baixou mais uma vez junto de seu de enfermo e lhe comunicou lições de sabedoria. Disse-11 mais uma vez que a juventude passa como o vento ( de noss as portas, como as ondas do mar que se levantam montanhas para depois voltar a s er espuma. Qual a deris da fumaça? Pois os sonhos do homem pesam menos < fumaça. Qua

l o peso da glória em uma balança? Não há acima ou abaixo, que tenha peso e firmeza a não ser o E

* * *

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eriorizado no relacionai com o Senhor e disposto a tudo. Levando em conta a rr e volutiva da graça, temos que pressupor que, nesses mes convalescença, o anjo do Senh or desvelou muitas vezes 0 doente o Rosto do Senhor.

Aquele jovem, que trazia desde o berço a sensibilidai vina, começou a provar nesses meses a doçura de Deus, e Francisco sentia uma paz profunda e começos de sabe Nesses momentos o caminho de Deus parecia mais lurrj

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i conversão é, «iase sempre, uma corridi de persegui-. jue o homem .ai experimentan do ulternadameite a I 1 Deus c o encuitro das criaturas até que,

progressiva-...Kl! se vão decantando e se afirma e confirma defi-,. .n<iie a Presença.

imtimos em nos» jovem adolescente esse |ogo alternado, « iii iWcvalccem priméo os ímpetos mundanos c mais tarde 0| ils divinos.

«os bastidores cessa crise estava, como ili ¦ i... dona

|«i,a.iborando com a Graça para forjar aqude dr.iui" pn Nas longas hoi;s que passou velado pu mi.i "" " |oveiKttado contra a parede da morte, recebeu dodUMOM m i*ções s obre a ixonsistência das realidades humanai, ...PCM experimentada em sua própria arne.

* * *

lho cronista conta que Francisco se levantou quando 11(11 ecuperado ainda toda a

saúde e, apoiado num bastão, imiiiTém, sem dúvidí, nos ombros de sua mãe, deu algumas 1 'apo sento para ver como iam suas forças, i-se impaciente por sair de casa para mergulh

ar pri-Mirii-oração da natureza e mais tarde nas ruas barulhentas. 1'iiiiias depois, pálido e com as pernas ainda vacilantes, luparedes da casa paterna disposto a faze r uniu "tourner lalupos. Queria certificar-se de que não tinha |xrrdido o , .nil. perto de sua asa abria-se a Porta Moiano, uma das jniii-las da cidade imuralhada

para os campos. Mal tinha !*!> enorme portão o jovem pálido viu se envolto nos ....lã de uma natureza embriagadora numa manhã azul,

ritos em que o sol vestia as colinas ao longe com mu oso cone branco azulado. a palpitava nas entranhas da mãe terra e se expandia iii.cm harmonias e core: por meio de insetos, aves,

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tas e árvores. Desde Perúsia até Espoleto estendia-se c da Ümbria, deslumbrante de belez a e de vitalidade. Fra teve uma vontade louca de mergulhar nesse mar, entr: comu

nhão com as palpitações da vida, vibrar. .. * * *

Mas seu sangue estava apagado. Para pegar fogo sã cisos dois pólos vivos, mas Franci sco sentia-se morto impossível acender a chama do entusiasmo. "Nem a bele? campos, diz o cronista, nem a amenidade das vinhas, nerr que se oferecia de formoso e d e atraente foi suficiente despertar seu entusiasmo adormecido."

O cronista ainda continua contando que Francisco sei meio surpreendido e defraud ado por esse apagar-se quand em outras ocasiões, logo ao primeiro contacto entrava em vi comunhão com a beleza do mundo. E o narrador acre que aí mesmo o nosso jovem "ferido" começou a medii loucura de pôr o coração nas criaturas que brilham pela i e mor rem pela tarde, C voltou lentamente para casa com a povoada pela melancoia e pel

a decepção.

A explicação desu insensibilidade não tinha mistério transcendências. O que lhe faltava er a apenas vitaminas, f sua natureza tinha sido duramente agredida pela enfern e e

stava precisando de uma super-alimentação. Também ser que tenha sido temerário em levant ar-se tão cedo, rj sempre foi tão impaciente e tão "imprudente"! Não outra explicação. Mas, acima dos fenômenos biológicos, e i por meio deles, Deus começava a conduzir esse

predestinado, do-lhe caminhos, que. no momento, o jovem não compre Humanamente li ando, Francisco estava fora de co Em um par de ass»!ios o Senhor tinha derrubado s eu bastiões mais firmes a sede de glória e a ânsia de praze xando o rapaz verdadeirame nte depenado.

Quando voltou ;ara casa naquele dia, continua o na: levou muito mais i sério as me ditações sobre a loucui

meditações que o acompanhavam desde o cárcere de Mas, desta vez, os pensamentos foram muito mais || 1 -lamente porque lhe faltavam "armas" de defesa e ' wic, uma

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SPERTAM OS SONHOS ADOKMII IDOS

IV» ferido, mas não acabado. A conversão é assim. NW«».« converte de uma vez e para sempre M eamo ferido, . velho nos acompanha até a sepultura I, ""' 1 111111 ir nirida, levan

ta de vez em quando sua cabeça uiihih.uI...

I ^m-se os meses e Francisco recuperou complr»m< nu ...0 í°go da ilusão levantou de novo sua inl»\.« Mi

¦ma nas asas dos brios juvenis renascidos, nosvi tapa/ || l( ifl lançou-se na vorage m das festas t divertimento» N*1 a passar sem seus amigos. Dizem os MflfcÉ 'I11' ...abandonava apressadamente a mesa tamilui. CM

«,i»d. spais sozinhos para ir reunir-se com seus amigos.

1198 a Itália inteira estava alerta diante dos acon-l*iIn entre o Pontificado e o Imperador. Desta vez o «>»vli discórdia era o Reino da Sicília.

farsas complexas, a contenda se estendeu c loi lapida iinunando proporções universai s. O Papa Inoccncio III rente das forças papais o capitão normamlo Wulter

I l' que bem depressa começou a volver as armas a seu fivii

mandante normando transformou as batalhas em vi-n'uiV bandeiras papais avançavam d e triunfo em triunfo.

II iC Waltcr encheu a alma da Itália. Suas façanhas ...* boca em boca levadas pelo s trovadores populares.

*rra tomou um caráter de cruzada. Em todas as .id.lianas alistavam-se cavaleiros e soldados que acudiam

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aos campos de guerra da Apúlia, sul da Itália, par: aos exércitos que militavam sob o estandarte do caudjl mando.

O fogo sagrado acendeu-se também em Assis. Un -homem assisiense chamado Gentile to mou a iniciativa e j uma pequena expedição militar com a flor e nata da ju da cidade .

A nobreza da causa e a possibilidade de ser armado a arrebataram Francisco, faze ndo despertar no meio da; apagadas seus sonhos cavaleirescos. Aos vinte e cinci alistou-se na expedição.

Em poucas semanas, preparou alegremente seus ape bélicos e se preparou para o dia da partida.

A NOITE DA LIBERDADE

Francisco despediu-se de seus pais. Naquela manhã quena cidade, com seu ir e vir n

ervoso, parecia uma « a ferver. Abraços, beijos, lágrimas, adeuses. No meio da «i geral e de um agitar de lenços, a pequena e brilhante exji militar empreendeu a marcha,

saindo pelo portão oriení direção de Foligno, para tomar a Via Flamínia, que cs duziria, p assando por Roma, para o sul da Itália.

Ao cair da tarde, a expedição chegou a Espoleto, : que fecha o incomparável vale espol etano. Mas estava : que em Espoleto acabava tudo e em Espoleto começava

* * *

Francisco deitou-se no meio dos arneses de cavaleit gibão, os calções de malha, o elmo , a espada e a alça, o es brazonado e uma ampla túnica. E todo esse resplendor t pof sua vez revestido pelo esplendor dourado de seus s: de grandeza.

Todos os cronistas dizem que naquela noite Francisct cutou, em sonhos, uma voz q ue lhe perguntava:

rancisco, onde vais? ara a Apúlia, lutar pelo Pap>a. 3ize, quem te pode recompensar melhor, o Senhor ou

TJ Senhor, é claro.

'.mao, poique segues o servej t- não o Senhor? Juc tenho que fazer?

?oltar para casa que tudo vsai ser esclireciilo -ancisco voltou para casa na manhã segninie

* * *

¦ela noite teve o que a Bíblia chama de uma vUité Acho que naquela noite Francisco não e scutou vozr» m m « " ds ou visões, mas teve pela primeira vez uma lorir, muito 1-riência de Deus. Éo que se chama na vida cspumul ,1. *sa extraordinária, e tem característica s peculiares também deve ter tido aquelas impressães que .>. luo 1 ' s transmitiram em forma de sonhos, de um diálogo

...«jnhor e Francisco. É mais que provável que o piopno

Referências

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