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Universidade Federal de Mato Grosso Instituto de Saúde Coletiva Curso de Graduação em Saúde Coletiva. Arboviroses: uma questão de vigilância em saúde

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Universidade Federal de Mato Grosso

Instituto de Saúde Coletiva

Curso de Graduação em Saúde Coletiva

Arboviroses: uma questão de vigilância em saúde

Zullu Zaira Figueiredo de Barros

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Saúde Coletiva do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Saúde Coletiva.

Orientadora: Prof.a Dr.ª Noemi Dreyer Galvão

Cuiabá-MT

2017

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Zullu Zaira Figueiredo de Barros

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Saúde Coletiva do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Saúde Coletiva.

Orientadora: Prof.a Dr.ª Noemi Dreyer Galvão

Cuiabá-MT

2017

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Ao meu bisavô, Sr. Miguel Guimarães de Pinho, por ter me ensinado valores nobres, resiliência, amor ao próximo e, principalmente, por sua capacidade de acreditar em mіm. Que em meus últimos dias de caminhada acadêmica, nos deixou neste plano espiritual. O caminho é mais árduo sem suas sábias palavras.

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A esta Universidade que me proporcionou momentos ímpares, possibilidade de crescimento pessoal e ainda me oportunizou conhecer pessoas especiais.

A minha família, por nunca desacreditarem do meu sonho e me apoiarem há muitos quilômetros de casa. Longe inclusive dos entes nos momentos de comemorações mais especiais, como páscoa, dia das mães ou mesmo nos tradicionais encontros familiares.

As minhas amigas Bárbara e Luanny, por estarem ao meu lado nesta jornada acadêmica, e por contribuírem para que esses anos fossem de grande aprendizagem e cumplicidade. Seja essa contribuição em forma de conversas descontraídas, conselhos ou discussões infindáveis sobre o processo saúde-doença, o Sistema Único de Saúde ou sobre o futuro do profissional sanitarista. A caminhada certamente floresceu com companhias indispensáveis.

Agradeço ainda à minha orientadora Prof.ª Dr.ª Noemi Dreyer Galvão, que pacientemente se fez presente nos mais diversos momentos de angústia e aflição que me cercava, oferecendo-me o acalento necessário.

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“Digo apenas não à violência, ao racismo e à pobreza na certeza que esta vida vai mudar ou não vai continuar...”

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BARROS, Zullu Zaira Figueiredo de. Arboviroses: uma questão de vigilância em saúde. 41f. Monografia (Graduação em Saúde Coletiva) – Universidade Federal de Mato Grosso. Cuiabá-MT, 2017.

Introdução – As arboviroses como dengue, a zika, a chikungunya e o ebola são um problema de saúde pública em países em desenvolvimento, visto que estão ligadas as condições socioeconômicas, controle de vetor, promoção da saúde e prevenção de doenças. Objetivo – Descrever as internações por outras febres por arboviroses no Sistema de Internação Hospitalar (SIH), em Mato Grosso, 2016. Metodologia – Um estudo descritivo com corte transversal, utilizando dados secundários de internações do SUS (SIH) no período de 1º de janeiro à 30 de junho de 2016. Os dados foram coletados no mês de março de 2017 no banco de dados do (SIH-SUS). O processamento e análise dos dados foi realizado no programa Microsoft Office Excel 2007. Resultados – No período de 2016 houve 18 internações, sendo distribuídos nos municípios de Campo Novo dos Parecis, Denise, Itiquira, Nova Mutum, Poconé, Rio Branco, Sinop, Sorriso e Várzea Grande. A maior parte destas internações foram registradas na população do sexo masculino, representando 53% das internações; na faixa etária de 20 a 39 anos, e a média de internação foi de 4,9 dias. A taxas de internação (10.000 hab.) foi maior em Poconé, com 2,5 internações. Os dados demonstram que as internações por febres por arboviroses são crescentes no Estado de Mato Grosso e que indicam alerta também para a possibilidade de o ebola estar entre as arboviroses. Considerações finais – Com a introdução de novas doenças infecciosas no território o número de arboviroses é crescente, e, possivelmente, a Doença pelo Vírus Ebola também possa adentrar o país, e seja disseminada rapidamente. Diante disso, a Vigilância em Saúde necessita incorporar ações concretas de práticas de prevenção, levando assim a provocação de debates e, consequentemente, a prevenção do problema.

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AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida AIH – Autorização de Internação Hospitalar

CGDT – Coordenação Geral de Doenças Transmissíveis CGVR – Coordenação Geral de Vigilância e Resposta

CID – Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde

CIEVS – Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde CIS – Consórcios Intermunicipais de Saúde

COES – Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública

DATASUS – Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde DVE – Doença por Vírus Ebola

EPSII – Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística OMS – Organização Mundial de Saúde

OPAS – Organização Pan-Americana de Saúde PCR – Reação de Polimerase em Cadeia SE – Semana Epidemiológica

SES – Secretaria Estadual de Saúde SIH – Sistema de Internação Hospitalar

SINAN – Sistema de Informação de Agravos de Notificação SUS – Sistema Único de Saúde

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Tabela 1 Número de Internações e Taxa de Internação no SUS (10.000 habitantes) das outras febres por arbovírus e febres hemorrágicas virais (CID-10 - A90-99) segundo municípios de residência. Mato Grosso, 2010 - 2015.

25

Tabela 2 Número de Internações e Taxa de Internação no SUS (10.000 habitantes) das outras febres por arbovírus e febres hemorrágicas virais (CID-10 - A90-99) segundo municípios de residência. Mato Grosso, janeiro a junho de 2016.

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Tabela 3 Número de Internações no SUS e Percentual das outras febres por arbovírus e febres hemorrágicas virais (CID-10 - A90-99) segundo municípios de internações. Mato Grosso, janeiro a junho de 2016.

27

Tabela 4 Número de Internações no SUS e Percentual das outras febres por arbovírus e febres hemorrágicas virais (CID-10 - A90-99) segundo faixa etária de 1 a 59 anos e municípios de internações. Mato Grosso, janeiro a junho de 2016.

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Tabela 5 Número de Internações no SUS e Percentual das outras febres por arbovírus e febres hemorrágicas virais (CID-10 - A90-99) segundo sexo e raça/cor. Mato Grosso, janeiro a junho de 2016.

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Tabela 6 Número de Internações no SUS e Percentual das outras febres por arbovírus e febres hemorrágicas virais (CID-10 - A90-99) segundo estabelecimento de internação. Mato Grosso, janeiro a junho de 2016.

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Tabela 7 Internações por Caráter de Atendimento e Percentual das outras febres por arbovírus e febres hemorrágicas virais (CID-10 - A90-99). Mato Grosso, janeiro a junho de 2016.

30

Tabela 8 Média de Permanência de Internação no SUS das outras febres por arbovírus e febres hemorrágicas virais (CID-10 - A90-99) segundo mês de atendimento. Mato Grosso, janeiro a junho de 2016.

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1 INTRODUÇÃO ... .09 1.1 Justificativa ... 10 2 OBJETIVOS ... 12 2.1 Objetivo Geral ... 12 2.2 Objetivos Específicos ... 12 3 REVISÃO DE LITERATURA ... 13

3.1 Caracterização das Arboviroses ... 13

3.2 Atenção à Saúde e Vigilância para Arboviroses ... 17

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 21 4.1 Tipo de estudo ... 21 4.2 Local do estudo ... 21 4.3 Fonte de dados ... 22 4.4 Coleta de dados ... 22 4.5 Variáveis de estudo ... 23

4.6 Processamento e análise de dados ... 24

4.7 Considerações éticas ... 24

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 25

5.1 Caracterização das internações por arboviroses em Mato Grosso ... 25

5.2 Redes Assistenciais que atenderam pacientes com febres por arboviroses ... 29

5.3 Plano de Contingência de Doença pelo Vírus Ebola ... 32

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 35

REFERÊNCIAS ... 36

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1 INTRODUÇÃO

Desde que se criaram as condições para a existência de aglomerados populacionais, os grandes flagelos sanitários da humanidade sempre estiveram presentes. As condições de vida, os desastres naturais ou provocados podem agravar consideravelmente o risco de epidemias. Ao longo da história da humanidade, populações de todo o mundo foram afetadas esporadicamente por surtos devastadores de doenças infecciosas, com destaque para a cólera, peste e varíola (CARTWRIGHT e BIDDISS, 2005).

Segundo ROUQUAYROL et al. (2013), as doenças infecciosas constituem importante causa de morte e afligem milhões de pessoas no mundo, principalmente nos países em desenvolvimento.

No Brasil, o controle das doenças transmitidas por vetores está baseado em um conjunto de ações vinculadas à vigilância em saúde, às atividades da atenção básica e à mobilização social. Como porta de entrada do sistema de serviços de saúde, as ações dentro da atenção primária são consideradas chave para um controle efetivo e eficiente desses eventos (ALENCAR et al., 2008).

As arboviroses por sua vez caracterizam-se como um arbovírus (vírus transmitidos por artrópodes), onde parte do seu ciclo pode ocorrer nos insetos e são transmitidos ao homem através de picadas. Sendo mais intensas nas regiões tropicais devido aos fatores climáticos que favorecem a amplificação e transmissão viral (LINHARES et al., 2014).

Arboviroses com esse ciclo são recorrentes no Brasil, tais como febre amarela, dengue e mais recentemente a zika e a chickungunya, que alarmaram a população, a vigilância e os serviços de saúde, vitimando e deixando sequelas em várias pessoas. Há, nesse sentido, um risco também do Ebola ser transmitido pelo arbovírus.

O Ebola é uma febre grave do tipo hemorrágica transmitida por um vírus do gênero Filovirus (são vírus pleomórficos com morfologia incomuns, geralmente são observados como partículas envelopadas longas e filamentosas, que podem ser ramificadas), altamente infeccioso, que desenvolve seu ciclo em animais. Transmitido por meio dos fluídos corporais (FISCHER et al., 2004).

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Se contraído, o Ebola é uma das doenças mais mortais que existe, além de caracterizar-se como uma doença infecciosa é também uma doença reemergente (os primeiros casos registrados fazem menção à década de 1970).

Sua transmissão ocorre em grande parte a partir do contato com os fluídos corporais (sangue, sêmen, suor e saliva). A taxa de mortalidade é de 90% das pessoas que o contraem, dependendo do tipo do vírus, causando pânico nas populações infectadas (FISCHER et al., 2004).

Diante do risco de uma epidemia de outras arboviroses, inclusive do Ebola, a Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta para a vigilância desses agravos, pois existe uma grande movimentação de pessoas e mercadorias pelo mundo, que é a força motriz por trás da globalização das doenças, tornando o mundo rapidamente mais vulnerável à propagação tanto de antigas como de novas enfermidades. As pessoas e as mercadorias passaram a viajar e circular mais, e com elas transportam-se micro-organismos a locais onde antes inexistiam (DIAS NETO e PORDEUS, 2014). E com isso traz o risco das arboviroses, como Ebola, no seu bojo como um grande desafio para os serviços de saúde e pesquisadores brasileiros.

1.1 Justificativa

As arboviroses são vírus que podem ser transmitidos ao homem por meio dos artrópodos, em um ciclo silvestre ou urbano (vetor inseto). Como já mencionado, são exemplos de arboviroses a chikungunya, a zika, a dengue, o ebola, dentre outros; que se não forem tratados da maneira adequada pode vir a caracterizar-se como uma epidemia e posterior pandemia, visto que no Brasil devido ao clima, possuímos um grande número de mosquitos tanto na zona urbana, quanto na zona rural.

Como o Brasil teve grandes eventos internacionais (olimpíadas e paraolimpíadas) e uma epidemia de dengue, zika e chikungunya, existe um alerta nacional e internacional para vigilância e controle destas arboviroses, inclusive o Ebola.

Tendo em vista a gravidade da doença, ou seja, a letalidade de 90%, a magnitude da doença no continente africano e as desigualdades sociais dos países em desenvolvimento, tem-se uma preocupação de uma epidemia por arbovirose, como também do Ebola.

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De acordo com o Informe Técnico (2014), atualizado pelo Centro de Vigilância Epidemiológica Prof. Alexandre Vranjac, no Estado de São Paulo, a Doença pelo Vírus Ebola (DVE) é uma afecção viral aguda, clinicamente caracterizada como uma febre hemorrágica, cuja letalidade pode variar de 25% até 90%. A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID-10) classifica as arboviroses como:

Doenças em geral reconhecidas como contagiosas ou transmissíveis, doenças infecciosas e parasitárias que complicam a gravidez, o parto e o puerpério [exceto tétano obstétrico e a doença causada pelo vírus da imunodeficiência humana [HIV] (O98.-). Doenças infecciosas e parasitárias específicas do período perinatal [exceto tétano neonatal, sífilis congênita, infecção gonocócica, perinatal e doença perinatal causada pelo vírus da imunodeficiência humana [HIV] (P35-P39). Gripe [influenza] e outras infecções respiratórias agudas (J00-J22) portador ou suspeito de ser portador de doença infecciosa (Z22.) (CID- 10, CAPÍTULO A-90).

Diante desses fatores, a pesquisadora possui o interesse de estudar as outras febres por arboviroses incluindo o ebola, seguindo a classificação da CID-10, no Estado de Mato Grosso, e destacar as limitações e potencialidades para vigilância em saúde destas doenças.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Descrever as internações por outras febres por arboviroses no Sistema de Internação Hospitalar (SIH), em Mato Grosso, no período de 1º de janeiro à 30 de junho de 2016.

2.2 Objetivos Específicos

Descrever outras febres por arboviroses no SIH segundo as variáveis sociodemográficas;

Caracterizar a média de dias das internações por outras febres por arboviroses;  Identificar as potencialidades e limitações da vigilância em saúde das outras

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3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Caracterização das Arboviroses

As comumente chamadas arboviroses são:

[...] vírus transmitidos por artrópodes (Arthropod-borne virus) e são assim designados não somente pela sua veiculação através de artrópodes, mas, principalmente, pelo fato de parte de seu ciclo replicativo ocorrer nos insetos. São transmitidos aos seres humanos e outros animais pela picada de artrópodes hematófagos. Os arbovírus que causam doenças em humanos e outros animais de sangue quente são membros de cinco famílias virais: Bunyaviridae,

Togaviridae, Flaviviridae, Reoviridae e Rhabdoviridae. Estima-se que

haja mais de 545 espécies de arbovírus, dentre as quais, mais de 150 relacionadas com doenças em seres humanos, sendo a maioria zoonótica. São mantidos em ciclo de transmissão entre artrópodes (vetores) e reservatórios vertebrados como principais hospedeiros amplificadores (LINHARES et al., 2014).

Nesse sentido, observa-se que os principais vetores são os mosquitos e, por conseguinte os hospedeiros em potencial são os homens. Devido às mudanças climáticas e ambientais e aos desmatamentos que favorecem não somente à amplificação como também a transmissão viral, além da transposição da barreira entre espécies, as arboviroses representam um desafio à saúde pública.

Como destacou ALENCAR et al. (2008), em nosso país, o controle das doenças transmitidas por vetores é baseado em ações vinculadas à vigilância em saúde, porém considera também que as ações conjuntas com a atenção primária são de grande valia, visto que este serviço é a porta de entrada do sistema de serviços de saúde e chave para um controle efetivo desses eventos. O mosquito Aedes albopictus representa um vetor potencial de muitos processos infecciosos. Porém, apesar de apresentar ampla dispersão no mundo, não vem sendo sistematicamente considerado dentro dos programas nacionais de controle.

Além desse vetor, há de se considerar também a grande presença do Aedes aegypti, vetor de doenças infecciosas como dengue, zika e chickungunya.

O Ebola é considerado como uma arbovirose devido ao seu ciclo urbano, tendo em vista que o vetor também pode ser o mosquito. Para tanto, deve-se atentar ao crescente número de casos de arboviroses em território nacional.

A CID-10 foi conceituada para padronizar e catalogar as doenças e problemas relacionados à saúde, tendo como referência a Nomenclatura Internacional

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de Doenças, estabelecida pela Organização Mundial de Saúde. A CID-10 possui um capítulo dedicado inteiramente à classificação das arboviroses. Estão entre a A90 até a A99 e possui como nomenclatura “febre por arbovírus e febres hemorrágicas virais”, assim dispostas:

 A90 Dengue [dengue clássico]

 A91 Febre hemorrágica devida ao vírus do dengue  A92 Outras febres virais transmitidas por mosquitos  A92.0 Febre de Chikungunya

 A92.1 Febre de O'nyong-nyong  A92.2 Febre eqüina venezuelana  A92.3 Infecção pelo vírus West Nile  A92.4 Febre do vale do Rift

 A92.8 Outras febres virais especificadas transmitidas por mosquitos  A92.9 Febre viral transmitida por mosquitos, não especificada

 A93 Outras febres por vírus transmitidas por artrópodes não classificadas em outra parte

 A93.0 Febre de Oropouche  A93.1 Febre por flebótomos

 A93.2 Febre do Colorado transmitida por carrapatos

 A93.8 Outras febres virais especificadas transmitidas por artrópodes  A94 Febre viral transmitida por artrópodes, não especificada

 A95 Febre amarela

 A95.0 Febre amarela silvestre  A95.1 Febre amarela urbana

 A95.9 Febre amarela não especificada  A96 Febre hemorrágica por arenavírus  A96.0 Febre hemorrágica de Junin  A96.1 Febre hemorrágica de Machupo  A96.2 Febre de Lassa

 A96.8 Outras febres hemorrágicas por arenavírus

 A96.9 Febre hemorrágica por arenavírus, não especificada

 A98. Outras febres hemorrágicas por vírus, não classificadas em outra parte  A98.0 Febre hemorrágica da Criméia (do Congo)

 A98.1 Febre hemorrágica de Omsk  A98.2 Doença da floresta de Kyasanur

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 A98.3 Doença de Marburg  A98.4 Doença pelo vírus Ebola

 A98.5 Febre hemorrágica com síndrome renal

 A98.8 Outras febres hemorrágicas especificadas por vírus

 A99 Febres hemorrágicas virais não especificadas

O Ebola é classificado na A98.4 como Doença pelo Vírus Ebola (DVE). Desde o registro dos primeiros casos em meados de 1976 a doença é reemergente no continente africano. A Epidemia do Ebola vem atingindo, na atualidade, regiões situadas na África Ocidental, as quais são conhecidas por suas características de pobreza extrema e seu sistema de saúde precário. A Epidemia atual teve início em março de 2014, na Guiné, e propagou-se para países vizinhos como Libéria, Serra Leoa e Nigéria. Após esse período, espalhou-se por outros continentes, configurando um surto, além de ser considerada uma Emergência de Saúde Pública de importância internacional (KENNY, 2014).

A partir desse alerta diversos países a fim de prevenirem-se criaram planos de contingência nacionais. Um plano de contingência apresenta uma estrutura de medidas que ajuda a controlar uma situação de emergência em saúde, além de propor uma série de procedimentos alternativos ao funcionamento normal de uma organização, sempre que alguma das suas funções usuais se vê prejudicada por uma contingência interna ou externa. Logo, ao ser criado, ele propõe medidas nacionais de vigilância para controlar possíveis surtos (CONCEITO..., 2016).

Não há ainda uma política social que paute o Ebola ou mesmo um tratamento específico. Ao ser infectado pelo vírus o paciente apresenta febre, cefaleia, fraqueza, diarreia, vômitos, dor abdominal e manifestações hemorrágicas.

Atualmente, os pacientes infectados são isolados (para deixarem de ser transmissores), hidratados e com sinais vitais mantidos em funcionamento para que o organismo possa reagir contra o vírus (PORTUGAL, 2015). Existem cinco tipos diferentes de Ebola e são denominados de acordo com a região onde surgiram:

Quatro dos cinco têm causado doenças nos seres humanos: vírus Ebola (Zaire Ebolavirus); Vírus Sudão (Sudan Ebolavirus); Vírus Taï Forest (Floresta Ebolavirus Taï, ex-Côte d'Ivoire Ebolavirus); e vírus Bundibugyo (Bundibugyo Ebolavirus). O quinto, vírus Reston (Reston Ebolavirus), causou doença em primatas não humanos, mas não em seres humanos (INFORME TÉCNICO, 2016).

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Após ganhar proporções mundiais e causar pânico na população, o mais simples toque humano (um aperto de mãos ou um abraço) foi imediatamente desencorajado nos países afetados ou mesmo com casos considerados suspeitos.

Perante a magnitude da epidemia na África Ocidental, a 8 de agosto de 2014, foi declarada pela Diretoria Geral da OMS, “Situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional”, ao abrigo do Regulamento Sanitário Internacional (PORTUGAL, 2015, p. 05).

Desde a sua descoberta, os vírus Ebola são considerados endêmicos somente no continente africano, embora tenha sido detectado em animais (primatas e suínos), em outros continentes e países, como Ásia, Europa e nos Estados Unidos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou em 8 de agosto de 2014, Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) em decorrência da epidemia de Ebola na África Ocidental, iniciada em dezembro de 2013, na Guiné. Passado o período desde a declaração da ESPII, e após sucessivas reuniões do Comitê de Emergência em Ebola, na 9ª Reunião do Comitê de Emergência, de 29 de março de 2016, foi relatado que os três países completaram o período de observação de 42 dias e período de vigilância reforçada de 90° dia adicionais desde o último caso ligado à cadeia original da transmissão após dois resultados negativos. O último país que alcançou este marco foi a Guiné, no dia 27 de março de 2016, embora tenha ocorrido um novo cluster de casos e mortes relatados, envolvendo uma única cadeia de transmissão. Na opinião do Comitê, os países envolvidos têm condições de responder bem a eles, embora novos casos da doença sejam esperados. Peritos concluíram também que a probabilidade de propagação internacional de transporte aéreo é extremamente baixa. Portanto, a situação do Ebola não é mais considerada de ESPII, porém o Comitê considera que deva ser mantido um elevado nível de vigilância e capacidade de resposta para assegurar a capacidade dos países para prevenir infecções do Ebola e para detectar e responder rapidamente a futuros surtos (BRASIL, 2014, p. 08).

De acordo com KENNY (2014), comparadas ao Ebola (o qual em quatro meses causou 365 mortes ao passo que contaminou 848 pessoas), a meningite ocasionou 650 mortes, a tuberculose, 670, a AIDS, 790, as doenças diarreicas, 845, e mais de 3000 por malária na África. Pode-se comprovar que os números são relevantes, porém nunca a mídia deu tanta visibilidade a determinados índices, visto que obrigaria as grandes potências (as quais usufruem de solo africano, explorando e destruindo seus recursos) a se confrontar com a realidade da pobreza e da desigualdade existentes no continente africano (OMS, 2009).

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Em partes podemos relacionar o aumento das notícias e notificações com o estado de alerta mundial que todos os continentes ficaram durante o período de grande emergência do vírus Ebola em 2014.

Até o momento sabe-se que uma vez tendo contraído o vírus e sobrevivido, o hospedeiro torna-se autoimune contra essa estirpe do vírus, porém não está imune aos outros três e os pode contrair se exposto (MSP, 2014).

3.2 Atenção à Saúde e Vigilância para Arboviroses

De acordo com a Constituição Federal de 1988, Art. 196:

A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1988).

Conforme VIANA (2011, p. 78), a saúde não pode ser compreendida apenas como a ausência da doença, visto que também implica “condições de vida articuladas biológica, cultural, social, psicológica e ambientalmente”. Reconhecendo que todo cidadão tem garantias universais de acesso à saúde, como direito que se afirma enquanto política pública.

A partir desse entendimento pode-se compreender as medidas adotadas pela Vigilância em Saúde como resposta às emergências em saúde pública:

Segundo a Portaria GM/MS nº 1.378, de 09 de julho de 2013, compete à SVS/MS a “coordenação da preparação e resposta das ações de vigilância em saúde, nas emergências de saúde pública de importância nacional e internacional, bem como a cooperação com Estados, Distrito Federal e Municípios” na resposta a essas emergências. Para isso, foram elaborados Planos de Contingência contendo detalhamento das ações e atividades de acordo com cada nível de resposta e competência institucional, alinhados ao Plano de Resposta às Emergências em Saúde Pública (BRASIL, 2013).

O Plano Nacional de Contingência para Doença pelo Vírus Ebola por sua vez, visa orientar as ações mediante a introdução do vírus ebola no território nacional. Também são definidas as responsabilidades no âmbito federal e estabelecida a organização necessária, de modo a atender as situações de emergência relacionadas a esta doença no Brasil, visando à integralidade das ações de prevenção e controle (BRASIL, 2014). São objetivos do plano:

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- Definir a estratégia de atuação do Ministério da Saúde em alinhamento com as definições constantes do Plano de Resposta às Emergências em Saúde Pública.

- Estabelecer resposta coordenada no âmbito das três esferas de gestão do SUS.

- Ativar Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública (COES) para gestão coordenada da resposta.

- Adotar medidas para evitar a disseminação do vírus ebola, em eventual introdução no país.

- Estabelecer a utilização de protocolos e procedimentos padronizados para a resposta à doença pelo vírus ebola (BRASIL, 2014, p. 07).

Em meio aos surtos que ocorreram internacionalmente, o Brasil não apresentou nenhum caso confirmado até a Semana Epidemiológica (SE) 15 de 2016, quando então houve registro de dois casos suspeitos de Doença pelo Vírus Ebola no Brasil, os quais não foram confirmados laboratorialmente. Um desses casos aconteceu na cidade de Belo Horizonte em 2015, num homem de 46 anos:

A suspeita de ebola envolveu um homem que chegou a Belo Horizonte em 6 de novembro, oriundo da Guiné, na África. No dia 8, ele começou a apresentar febre alta, dores musculares e dor de cabeça e no dia 10 foi diagnosticado com suspeita de infecção por ebola. Ele começou a receber atendimento no Pronto Atendimento da Pampulha, em Belo Horizonte e depois transferido pela Força Aérea para o Rio de Janeiro, onde recebeu atendimento na Fiocruz (AGÊNCIA..., 2014).

Mesmo não havendo casos confirmados no Brasil, os recentes surtos na África Ocidental e o trânsito internacional de pessoas tornam o país vulnerável à introdução do vírus ebola. Deste modo, recomenda-se o aumento da capacidade de identificação de casos suspeitos da Doença pelo Vírus Ebola no Brasil nos serviços de saúde.

O Ebola é uma doença de notificação compulsória imediata. A notificação deve ser realizada pelo profissional de saúde ou pelo serviço que prestar o primeiro atendimento ao paciente, pelo meio mais rápido disponível, de acordo com a Portaria nº 1.271, de 6 de junho de 2014 (BRASIL, 2014). Todo caso suspeito deve ser notificado imediatamente às autoridades de saúde das Secretarias Municipais, estaduais e à Secretaria de Vigilância em Saúde. Nesse sentido, são considerados os seguintes casos, de acordo com o Ministério da Saúde:

Caso suspeito: indivíduo procedente, nos últimos 21 dias, de país

com transmissão que apresente febre, podendo ser acompanhada de diarreia, vômitos ou sinais de hemorragia, como: diarreia sanguinolenta, gengivorragia, enterorragia, hemorragias internas, sinais purpúricos e hematúria. Serão considerados também suspeitos os indivíduos que relatarem contato com pessoa com suspeita ou com

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diagnóstico confirmatório para DVE e que apresentem os sinais e sintomas citados acima.

Caso provável: caso suspeito com histórico de contato com pessoa

doente, participação em funerais ou rituais fúnebres de pessoas com suspeita da doença ou contato com animais doentes ou mortos, sem sinais e sintomas.

Caso confirmado: Caso suspeito com resultado laboratorial de

Reação de Polimerase em Cadeia (PCR) positivo para Ebola realizado em laboratório de referência.

Caso descartado: Caso suspeito com dois resultados laboratoriais de

Reação de Polimerase em Cadeia (PCR) negativos para Ebola realizados em Laboratório de Referência definidos pelo Ministério da Saúde, com intervalo mínimo de 48 horas entre as duas colheitas.

Contactante ou Comunicante: indivíduos que tiveram contato direto

ou indireto com caso suspeito/provável/confirmado (mesmo que falecido). O contato direto significa contato com fluidos ou secreções corporais do caso e contato indireto, pessoa que frequentou o mesmo ambiente ou tocou em objetos ou superfícies compartilhadas com o caso, porém sem comprovação de exposição aos fluidos deste

(BRASIL, 2014).

O registro dos casos que se enquadram na definição de caso suspeito de Ebola deve ser realizado por meio da ficha de notificação individual no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) utilizando o Código Internacional de Doenças (CID-10) A98.4.

O risco de introdução da doença pelo vírus Ebola no Brasil é considerado baixo, mas não inexistente, assim como a disseminação global e sustentabilidade da transmissão do vírus fora da África Ocidental. Não há voos diretos do Brasil com destino aos países da área afetada, nem a partir destes diretamente para o Brasil, além disso, o fluxo internacional de embarcações e de viajantes por via aérea ou marítima é limitado.

No entanto, quando associamos o vírus ebola às arboviroses (transmissibilidade a partir do vetor mosquito) há uma ascendência no número de casos nos sistemas de informação em saúde, esses casos vêm aumentando exponencialmente. Por isso, há de se ter um alerta quanto as arboviroses no Brasil.

Considera-se que o Sistema Único de Saúde (SUS), por sua vez, possui capacidade para identificar, investigar e responder oportunamente aos casos suspeitos de ebola, bem como ações e medidas específicas para agir diante um surto em território nacional. No entanto, é necessário um monitoramento constante para a primazia do serviço (BRASIL, 2014).

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De acordo com dados preliminares coletados no Departamento de Informática do SUS (DATASUS), o que chama atenção é que em Mato Grosso, entre os anos de 2010 a 2015, houve 69 internações de outras febres por arboviroses registradas no SIH, número esse que vem aumentando em relação aos dados preliminares do primeiro semestre do ano de 2016 (DATASUS, 2016).

Dados divulgados pelo Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS/MT), em relação aos dados acumulados de 2016, sobre Dengue, Chikungunya e Zika, foram registrados em Cuiabá 409 casos de dengue, 20 de Chikungunya e, em relação ao Zika vírus, 96 casos foram notificados em mulheres grávidas e 1.159 em outras pessoas (CIEVS, 2016).

(22)

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1 Tipo de estudo

O estudo é do tipo descritivo com corte transversal no ano de 2016 (primeiro semestre), por meio da análise dos dados secundários de outras febres por arboviroses obtidos no sistema de Informações Hospitalares do SUS - SIH/SUS.

Cervo e Bervian (2002) relatam que a pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos sem manipulá-los, bem como procura descobrir, com a precisão possível, a frequência com que ocorrem, sua relação e conexão com outros, sua natureza e características.

4.2 Local do estudo

Este estudo realizou-se no Estado de Mato Grosso, que está localizado na Região Centro-Oeste do Brasil, faz fronteira com os estados de Tocantins, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Goiás, Pará e Amazonas, além da Bolívia. É o terceiro maior estado do país em extensão territorial contando com 140 municípios de acordo com o censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, dados de 2010), além da capital, Cuiabá.

O princípio da regionalização da saúde, contemplado na Constituição de 1988, é uma das estratégias de descentralização e compartilhamento das responsabilidades no sistema de saúde brasileiro. Para atender as necessidades em saúde nos municípios mato-grossenses, na década de 1990, foram instituídas as regionais de saúde. Atualmente o estado possui 16 escritórios regionais, de acordo com o quadro 1. Quadro 1: Escritórios Regionais de Saúde do Estado de Mato Grosso.

Escritórios Regionais de Saúde

Município Sede Distância da regional de saúde

em relação à capital Cuiabá

E-mail

Água Boa Água Boa 677 km ersab@ses.mt.gov.br

Alta Floresta Alta Floresta 798 km ersaf@ses.mt.gov.br

Baixada Cuiabana Cuiabá -- ersbc@ses.mt.gov.br

Barra do Garças Barra do Garças 521 km ersbg@ses.mt.gov.br

Cáceres Cáceres 216 km erscac@ses.mt.gov.br

Colíder Colíder 633 km erscol@ses.mt.gov.br

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Juara Juara 655 km ersjra@ses.mt.gov.br

Juína Juína 733 km ersj@ses.mt.gov.br

Peixoto de Azevedo Peixoto de

Azevedo

673 km erspz@ses.mt.gov.br

Pontes e Lacerda Pontes e Lacerda 442 km erspl@ses.mt.gov.br

Porto Alegre do Norte Porto Alegre do

Norte

987 km erspan@ses.mt.gov.br

Rondonópolis Rondonópolis 218 km ersroo@ses.mt.gov.br

São Félix do Araguaia São Félix do

Araguaia

1.005 km erssfa@ses.mt.gov.br

Sinop Sinop 479 km erss@ses.mt.gov.br

Tangará da Serra Tangará da Serra 240 km ersts@ses.mt.gov.br

Fonte: Construção própria a partir de dados da SES-MT (2016).

Os Consórcios Intermunicipais de Saúde (CIS), integram a política de regionalização do sistema estadual, incluindo mecanismo de regulação e coordenação dos sistemas microrregionais. O surgimento e desenvolvimento dos CIS estiveram associados com a transferência de responsabilidades para os municípios e com mudanças de papéis além do estabelecimento de novas relações entre as esferas de governo decorrentes da descentralização.

4.3 Fonte de dados

Este estudo utilizou dados secundários do banco de dados do DATASUS, de pessoas internadas por outras febres por arboviroses no sistema público de saúde, e registrado no SIH-SUS no estado de Mato Grosso, no período de 1º de janeiro a 30 de junho de 2016. Não foram utilizados os dados do SINAN, pois o mesmo não possui dados que fazem referência às febres por arboviroses disponíveis no DATASUS. As estimativas populacionais do ano de 2015 são oriundas de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

4.4 Coleta de dados

A coleta de dados realizou-se a partir do banco de dados do SIH-SUS. Dados esses que foram coletados através do preenchimento da ficha de Autorização de Internação Hospitalar (AIH), desenvolvida pelo Ministério da Saúde (Anexos 1 e 2). A AIH é um documento médico, e deve ser preenchido pelo médico que examinou ou avaliou o paciente em sua chegada ao hospital e que decidiu interná-lo, ou

(24)

preferencialmente pelo médico assistente que será o responsável por seu tratamento durante a hospitalização.

Ao entrar no DATASUS para a coleta dos dados, o caminho a ser seguido é o seguinte: informações de saúde; epidemiológicas e morbidade; morbidade hospitalar do SUS; local de residência e de internação- Mato Grosso. Selecionando sempre que necessário e coerentemente, as variáveis de estudos que se relacionem, e possibilitem analisar o quadro de situação de saúde sobre as internações por outras febres por arboviroses em Mato Grosso.

Os dados de populações residentes (estimativa da população residente de 2015) dos municípios que tiveram internações por febres por arboviroses, também foram coletados no DATASUS, com o caminho a seguir: informações de saúde; demográficas e socioeconômicas; população residente; estimativa da população 2015.

4.5 Variáveis de estudo

Variáveis de caracterização escolhidas para construção do perfil das internações hospitalares das febres por arboviroses, descritos nas AIH:

 Município de ocorrência e residência;  Idade (anos): 0-9, 10-19, 20-39, 40-59;  Sexo: feminino, masculino, ignorado;

 Raça/Cor: branca, preta, amarela, parda, indígena, ignorado;  Mês de internação;

 Número de internações;  Média de internação;  Tipo de estabelecimento;

 População residente: Campo Novo do Parecis, Comodoro, Denise, Guarantã do Norte, Itiquira, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Peixoto de Azevedo, Poconé, Rio Branco e Várzea Grande.

(25)

Levando-se em consideração as variáveis município de internação por residência e faixa etária, a série histórica (2010-2015), Mato Grosso registrou 69 internações por febres por arboviroses. Sendo que as maiores frequências de internações por local de residência foram em Campo Novo, Cuiabá e Campo verde; respectivamente 17, 14 e 12 internações.

Tabela 1: Número de Internações e Taxa de Internação no SUS (10.000 habitantes) das outras febres por arbovírus e febres hemorrágicas virais (CID-10 - A90-99) segundo municípios de residência. Mato Grosso, 2010 - 2015.

Município Internações Taxa de Internação /10.000 hab.

Cáceres 1 0,1

Campo Novo do Parecis 17 5,3

Campo Verde 12 3,1 Colíder 4 1,2 Cuiabá 14 0,2 Juruena 1 0,7 Marcelândia 3 2,7 Mirassol d'Oeste 1 0,3 Nortelândia 1 1,6 Nova Mutum 1 0,2

Novo Horizonte do Norte 1 2,6

Peixoto de Azevedo 2 0,6 Rondonópolis 1 0,04 Sinop 1 0,07 Sorriso 5 0,6 Tangará da Serra 2 0,2 Várzea Grande 2 0,07 Total 69

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).

4.6 Processamento e análise de dados

Para o processamento dos dados foi utilizado o programa Microsoft Office Excel 2007. Os resultados foram avaliados mediante distribuição de frequência absoluta e relativa. E as taxas de internação por febres por arboviroses foram calculadas de acordo com o seguinte método:

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Nº de internações hosp. de residentes pagas pelo SUS por causas selecionadas x 104 População total residente no período considerado

Os dados foram apresentados em tabelas para, assim, proporcionar o melhor entendimento da situação das outras febres por arboviroses em Mato Grosso.

4.7 Considerações éticas

Pela viabilidade da metodologia aplicada neste estudo, o mesmo não foi submetido ao comitê de ética, visto que os dados são de domínio público e estão disponíveis na página do DATASUS.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Caracterização das internações por arboviroses em Mato Grosso

Entre os anos de 2010 e 2015, Mato Grosso teve um total de 69 internações por arboviroses (tabela 1). A maior taxa de internação ocorreu em Campo Novo do Parecis, com 5,3 pessoas internadas para cada grupo de 10.000 habitantes. Campo Verde teve 3,1 pessoas internadas, seguido por Marcelândia com 2,7 e Colíder com 1,2 pessoas internadas para cada grupo de 10.000 habitantes. Todos esses municípios apresentam população inferior a 40 mil habitantes e elevadas taxas de internação por febres por arboviroses.

As arboviroses são caracterizadas como um arbovírus (vírus transmitidos por artrópodes), onde parte do seu ciclo pode ocorrer nos insetos e são transmitidos ao homem através de picadas (LINHARES et al., 2014). Como por exemplo, a dengue, uma doença de alta incidência e baixa prevalência. Além de caracterizar-se como uma endemia de variação sazonal, pois mantém sua incidência constante, permitindo flutuações de valores (altos e baixos) e mantendo certa periodicidade.

Porém, no primeiro semestre do ano de 2016 (1º de janeiro à 30 de junho), Mato Grosso já contava com um total de 20 internações (tabela 2). Número crescente, e pode indicar uma possibilidade maior de adoecimento, visto que o território é o espaço das relações da vida cotidiana e essa população vem apresentando uma maior vulnerabilidade social (economia, ambiente) ou mesmo individual (valores e crenças), sendo em alguns casos relutantes às mudanças de hábitos, mesmo que seja para diminuir a incidência das doenças (SANTOS, 2006).

Tabela 2: Número de Internações e Taxa de Internação no SUS (10.000 habitantes) das outras febres por arbovírus e febres hemorrágicas virais (CID-10 - A90-99) segundo municípios de residência. Mato Grosso, janeiro a junho de 2016.

Município Internações Taxa de Internações / 10.000 hab

Campo Novo do Parecis 2 0,6

Comodoro 1 0,5

Denise 1 1,1

Guarantã do Norte 1 0,2

Itiquira 1 0,8

(28)

Nova Mutum 1 0,2 Peixoto de Azevedo 1 0,3 Poconé 8 2,5 Rio Branco 1 1,2 Várzea Grande 2 0,07 Total 20

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).

A taxa de internação por outras febres arbovírus e febres hemorrágicas virais neste período foi maior no município de Poconé, onde 2,5 casos a cada grupo de 10.000 pessoas foi internada por febres por arboviroses no primeiro semestre do ano de 2016, o que estima o risco da ocorrência de doenças e dimensiona sua magnitude como problema de saúde (IDB, 2012).

Os indicadores em saúde são medidas sínteses que contém informações sobre determinados atributos e dimensões do estado de saúde, bem como do desempenho do sistema de saúde. Além de se configurarem como importantes instrumentos ao nos permitir analisar/traçar/conhecer o perfil social, econômico, epidemiológico do território que estamos dispostos a atuar. Afinal, o território é o dado essencial da condição da vida cotidiana (SANTOS, 2006).

De acordo com os indicadores, é perceptível que as internações por febres por arbovírus e febres hemorrágicas virais vêm crescendo no estado, visto a distribuição das internações em diversos municípios do estado (tabela 3).

Tabela 3: Número de Internações no SUS e Percentual das outras febres por arbovírus e febres hemorrágicas virais (CID-10 - A90-99) segundo municípios de internações. Mato Grosso, janeiro a junho de 2016.

Município Internações Percentual (%)

Campo Novo do Parecis 2 11,0

Denise 1 5,6 Itiquira 1 5,6 Nova Mutum 1 5,6 Poconé 8 44,4 Rio Branco 1 5,6 Sinop 1 5,6 Sorriso 1 5,6 Várzea Grande 2 11,0 Total 18 100,0

(29)

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).

As internações por arboviroses são expressivas, e perceptíveis por meio do laudo médico e das Autorizações de Internações Hospitalares (AIH). O laudo médico é o instrumento necessário para a solicitação de internação (anexo 2) do paciente em hospitais integrantes do Sistema de Informação Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS), e deve ser preenchido no ato da internação, podendo ser apresentado para emissão da AIH (anexo 1), nos casos de urgência/emergência, até 48 horas úteis após o internamento.

As 18 internações registradas no SIH/SUS no primeiro semestre do ano de 2016 em Mato Grosso dizem respeito à população entre a faixa etária de 1 ano a 69 anos ou mais. E este é um indicador importante, visto que, a Doença pelo Vírus Ebola também é classificada pela CID-10 como uma arbovirose. O ebola, por sua vez, é uma doença reemergente no continente africano e, em 2014, chegou a ter-se um alerta de Emergência de Saúde Pública de importância internacional (KENNY, 2014).

O Brasil não chegou a ter um caso confirmado de paciente infectado, apenas uma suspeita na Cidade de Belo Horizonte (AGÊNCIA..., 2014). Porém, como os registros no SIH apontam um crescimento das internações por arboviroses, caracterizando uma questão de saúde pública.

Na população com faixa etária entre 1 ano e 59 anos, Mato Grosso registrou 17 casos de internações no primeiro semestre do ano de 2016. Sendo o maior número de casos na população de 30 a 39 anos, representando 47% das internações. Sendo também esta faixa etária considerada produtiva e economicamente ativa no mercado de trabalho. Já o município de Poconé apresentou o maior número de casos, com uma frequência de 47% em relação a todo o estado no mesmo período referenciado.

Tabela 4: Número de Internações no SUS e Percentual das outras febres por arbovírus e febres hemorrágicas virais (CID-10 - A90-99) segundo faixa etária de 1 a 59 anos e municípios de internações. Mato Grosso, janeiro a junho de 2016.

Município 1 a 4 anos 15 a 19 anos 20 a 29 anos 30 a 39 anos 40 a 49 anos 50 a 59 anos Total % Campo Novo do Parecis - - 1 1 - - 2 12 Denise - - - 1 - - 1 6 Itiquira - - - 1 - - 1 6 Poconé - 1 2 3 1 1 8 47

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Rio Branco 1 - - - 1 6

Sinop - - - 1 - - 1 6

Sorriso - - - 1 - - 1 6

Várzea Grande - - - - 2 - 2 12

Total 1 1 3 8 3 1 17 100

(31)

As internações por arboviroses em Mato Grosso representaram um percentual expressivo no sexo masculino 53%. Em relação à cor/raça, foram maiores na população parda, 7 internações do sexo masculino e 8 do sexo feminino, para a população na faixa etária de 1 a 59 anos.

Tabela 5: Número de Internações no SUS e Percentual das outras febres por arbovírus e febres hemorrágicas virais (CID-10 - A90-99) segundo sexo e raça/cor. Mato Grosso, janeiro a junho de 2016.

Sexo Branca Parda Sem informação Total %

Masc. 1 7 1 9 53

Fem. - 8 - 8 47

Total 1 15 1 17 100

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).

No entanto, faz-se necessário anotar que o número de pessoas que foram internadas por febres por arboviroses pode ser bem maior, visto que os dados acima referem-se aos casos que necessitaram de internações e também tiveram acesso aos serviços de saúde. Muitas pessoas, porém, não procuram uma unidade de saúde, sendo esses casos não notificados. Fato este que inviabiliza o conhecimento mais exato de pessoas acometidas pela doença.

5.2 Redes Assistenciais que atenderam pacientes com febres por arboviroses

Na tabela 6, observa-se que os pacientes com febres por arboviroses foram internados nos serviços de saúde dos próprios municípios. Sendo que 47% destas internações ocorreram no Hospital Geral de Poconé. O Hospital e Pronto Socorro Municipal de Várzea Grande e o Centro Hospitalar Parecis Euclides Horst Campo Novo atenderam cada um 12% das internações. Configurando assim, uma Rede de Atenção à Saúde.

As Redes de Atenção à Saúde são instrumentos importantes, visto que são arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas que, integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado.

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Tabela 6: Número de Internações no SUS e Percentual das outras febres por arbovírus e febres hemorrágicas virais (CID-10 - A90-99) segundo estabelecimento de internação. Mato Grosso, janeiro a junho de 2016.

Estabelecimento Internações %

Hospital Geral de Poconé DR. Nicolau Fontanilas Frageli 8 47 Hospital e Pronto Socorro Municipal de Várzea Grande 2 12

Hospital Municipal de Rio Branco 1 6

Hospital Municipal Osnir Bortolini 1 6 Centro Hospitalar Parecis Euclides Horst Campo Novo 2 12

Hospital das Clínicas de Denise 1 6

Hospital Regional de Sorriso 1 6

Hospital Santo Antônio 1 6

Total 17 100

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).

Segundo MONKEN e BARCELLOS (2007, p. 178), a distribuição dos serviços de saúde:

[...] deve ser coerente com os níveis de complexidade das ações de atenção. Apresenta além da extensão geométrica, um perfil demográfico, epidemiológico, administrativo, tecnológico, político, social e cultural que o caracteriza e se expressa num território em permanente construção.

Com a distribuição coerente dos serviços de saúde, os diferentes perfis epidemiológicos tendem a ser contemplados. Os critérios de distribuição devem levar à uma distribuição geográfica, pautados na equidade visto que primam pela igualdade e qualidade no acesso à saúde, além de visar melhorias sanitárias, epidemiológicas, igualdade nos indicadores etc.

Nesta rede de distribuição de serviços, o caráter do atendimento das internações foi em sua quase totalidade de urgência (tabela 7), indicando um atendimento imediato do paciente.

Tabela 7: Internações por Caráter de Atendimento e Percentual das outras febres por arbovírus e febres hemorrágicas virais (CID-10 - A90-99). Mato Grosso, janeiro a junho de 2016.

Caráter de atendimento Internações

Eletivo 1

Urgência 16

Total 17

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No entanto, deve-se levar em consideração para essas altas incidências, as variáveis de condição de moradia e saneamento da população, visto que são fatores condicionantes do processo saúde-doença. Além da introdução de novas doenças, como é o caso da chinkungunya (2010) e da zika (2013), transmitidas no ciclo urbano pelo vetor Aedes aegypti.

A média de permanência das internações por arboviroses no estado foi de 6,2 dias no mês de janeiro de 2016, sendo precedida pela média de 12 dias de internações no mês de março (tabela 8).

Tabela 8: Média de Permanência de Internação no SUS das outras febres por arbovírus e febres hemorrágicas virais (CID-10 - A90-99) segundo mês de atendimento. Mato Grosso, janeiro a junho de 2016.

Mês atendimento Média de permanência

Janeiro 6,2

Fevereiro 3,2

Março 12

Abril 2

Total 4,9

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).

Os meses de janeiro a março, no estado, configuram-se como meses com período de chuvas constantes. O que ocasiona água parada e proliferação do vetor da doença, o Aedes aegypti e potencialmente também o Aedes albopictus (ALENCAR et al. 2008).

A doença é uma manifestação do indivíduo e a situação de saúde é uma manifestação do lugar, pois os lugares e seus diversos contextos sociais, são resultados da vivência de uma determinada população, acumulação de situações históricas, ambientais, sociais, que promovem condições particulares para a produção de doenças.

Faz-se necessário considerar o fator cultural e falta de conscientização, que leva algumas pessoas à pensarem que terrenos baldios são “terrenos de ninguém” e assim sendo, mesmo com a coleta regular dos resíduos sólidos esses resíduos ainda tendem à serem depositados nos terrenos, acarretando problemas como o acúmulo de lixo que se torna reservatório de água parada, servindo ao vetor como meio de proliferação.

Cada território tem uma população, mas isso não quer dizer que ela esteja uniformemente distribuída no território. Para aqueles mais pobres restam os lugares de

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piores condições para a urbanização, com serviços urbanos nem sempre tão eficazes. As diferenças devem ser reconhecidas para que possamos atuar sobre os seus determinantes e essas desigualdades têm consequências importantes para as condições de saúde além de refletirem no perfil epidemiológico da população.

5.3 Plano de Contingência de Doença pelo Vírus Ebola

O Plano de Contingência para Emergência em Saúde Pública de Doença pelo Vírus Ebola foi estruturado pela Vigilância em Saúde brasileira, em resposta a Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) da DVE, declarada pela OMS em 8 de agosto de 2014.

No Plano de Contingência, constam orientações para as formas de manejo e ações específicas frente a uma eventual introdução do vírus ebola no território nacional. Os níveis de resposta à emergência no Plano de Contingência de DVE foram definidos com base na projeção de cenários epidemiológicos de risco e inclui avaliação do componente operacional e visando à preparação de resposta à situação epidemiológica, nos seguintes níveis:

Nível 0 (Atenção): ocorrência de surtos esporádicos em outros

continentes, com baixo risco de disseminação internacional.

Nível 1 (Alerta): ocorrência de surtos em outros continentes, com alto

risco de disseminação internacional.

Nível 2 (Detecção): detecção de caso suspeito de DVE em território

nacional e/ou caso confirmado com transmissão alóctone (importado), sem registro de casos secundários (contatos).

Nível 3 (Resposta): detecção de contato com caso suspeito e/ou

confirmado que apresente sintomatologia clínica compatível com DVE, indicando a possibilidade de transmissão autóctone (caso secundário) (BRASIL, 2014, p. 10).

A responsabilidade do monitoramento dos níveis de atenção é compartilhada entre estados e municípios. Cabendo à:

Coordenação Geral de Vigilância e Resposta (CGVR), por meio do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS), a responsabilidade de acompanhar a situação epidemiológica internacional, informando à Coordenação Geral de Doenças Transmissíveis (CGDT) sobre a situação e as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), assim como dos Estados parte. Cabe à CGDT registrar, investigar e acompanhar todos os casos notificados no Brasil, assim como os indicadores da situação epidemiológica no mundo, com vistas a subsidiar a avaliação da necessidade de acionamento do Plano de Contingência (BRASIL, 2014, p. 11).

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Houve também o processo de intensa vigilância dos portos e aeroportos, com medidas sanitárias de controle, voltadas a imigrantes ou viajantes originários dos países com casos da doença.

Em Mato Grosso há dois hospitais de referência para DVE, o Hospital Universitário Júlio Müller em Cuiabá, e o Hospital Metropolitano em Várzea Grande (INFORME TÉCNICO, 2016). Porém, as internações registradas no SIH, dizem respeito a outros serviços de acordo com a tabela 6.

Os gastos com estas internações nestes municípios (tabela 4), foram de R$ 6.132,62, com uma média de 4,9 dias de internação (tabela 8). Valores muito altos, visto que, se houvesse um maior desenvolvimento nos processos de promoção à saúde, estas pessoas não necessitariam ser internadas. O valor médio gasto com as AIH de R$ 340,7, poderiam ter sido investidos em ações em saúde (DATASUS, SIH/SUS, 2016).

Mesmo com toda essa rede concêntrica de assistência à saúde pautada no Plano de Contingência, o mesmo apresenta fragilidades. Uma vez que, sua elaboração foi baseada no Plano de Contingência da DVE de Portugal.

O Brasil apresenta várias áreas com grandes volumes de chuvas e de florestas, que servem de abrigo aos vetores (neste trabalho, o Aedes aegypti e potencialmente o Aedes albopictus). Mesmo compartilhando responsabilidades entre as esferas administrativas, o plano apresenta essa limitação ao não prever um manejo diferenciado à população destas áreas que são mais vulneravelmente expostas.

Compreendendo-se, também, que esta foi uma medida tomada no momento para sanar uma necessidade latente (criação de um Plano de Contingência de DVE frente à uma EPSII) que se mostrava presente.

Porém, todos temos direito à vida e de acesso aos serviços de saúde de qualidade. E, fornecer um atendimento ineficiente, que não atenda as iniquidades em saúde é tão danoso quanto não fornecer atendimento algum, o que configurar-se-ia também neste caso como um negligenciamento, se tivéssemos casos confirmados de Ebola no país e, principalmente, nestas áreas supracitadas.

Visto que inúmeros determinantes contribuem no processo saúde-doença, psicossocial, econômico, cultural, ambiental e biológico físico-químico, com todo o contexto histórico e cultural da população residente com a cultivação de seus hábitos, o processo saúde-doença não se limita a causalidade e sim de multifatores

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influenciadores. Fatores esses que muitas vezes inviabilizam a efetiva eficácia do processo de planejamento em saúde.

Por conseguinte, há um grande número de fatores que podem estar ligados ao número crescente de internações por outras febres por arboviroses, que vai desde as ineficientes políticas de combate ao vetor até a falta de sensibilidade da população.

As ações de saúde, por sua vez, devem ser guiadas pelas necessidades de cada território, levando em consideração seu contexto histórico da vida cotidiana de cada população. Buscando garantir uma aproximação com a produção social dos problemas de saúde coletiva nos mais diversos lugares onde os estudos e/ou análises aconteçam.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que arboviroses vem crescendo no estado, principalmente febres por arbovírus e febres hemorrágicas virais, e que possui uma ampla distribuição nas mais diversas regiões do estado, com maior frequência na faixa etária economicamente ativa de 30 a 39 anos.

Considera-se que este estudo observacional sobre um período pontual no estado de Mato Grosso, é apenas o início de um possível estudo ainda maior, visto que a vigilância em saúde deve estar monitorando a magnitude e transcendência de novas morbidades.

Com a introdução de novas doenças tropicais (zika e chinkungunya) no território, o Aedes aegypti mostrou-se também como vetor dessas doenças. E, com o crescente número de arboviroses, é possível que a Doença pelo Vírus Ebola também possa adentrar o país e seja disseminada rapidamente.

O Plano Nacional de Contingência para o vírus Ebola, proposto pelo Ministério da Saúde em 2014 possui objetivos que primam pelo bem-estar da população e condizem com os princípios doutrinários do SUS, mesmo que com algumas fragilidades, principalmente em áreas com grande volume de chuva, que deveria receber um plano de contingência regional e/ou focalizado.

Certamente, um maior investimento na prevenção e combate, favoreceria o controle da doença, e maior instrução dos profissionais, visto que essas doenças são de notificação compulsória e deveriam ser notificadas com maior rigor.

Os expressivos valores gastos com internações refletem diretamente em uma falta de controle do vetor e, consequentemente, do vírus. É preciso também que aconteça um fortalecimento da educação ambiental no estado e da Vigilância em Saúde, incorporando ações concretas de práticas de prevenção, levando, assim, a provocação de debates, manejos, palestras, simpósios, conferência entre outros, para fazer com que a população se sensibilize com a causa, levando a uma prevenção do problema.

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REFERÊNCIAS

AGÊNCIA Fiocruz de Notícias. Ebola. 2014. Disponível em:

<www.agencia.fiocruz.br/ebola>. Acesso em: 26 abr. 2016.

ALENCAR, C. H. M. de; ALBUQUERQUE, L. M. de; AQUINO, T. M. F.; RAMOS JÚNIOR, A. N.; LIMA, J. W. O.; PONTES, R. J. S.; SOARES, C. B. Potencialidades do Aedes Albopictus como vetor de arboviroses no Brasil: um desafio para a atenção primária. Rev. APS, v. 11, n. 4, p. 459-467, out./dez. 2008.

BRASIL. Constituição Federal de 1988, Art. 196. Constituição da República Federativa do Brasil. 18. ed. Brasília, DF: Senado, 1988.

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ANEXOS

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Anexo II: Laudo para solicitação/autorização de procedimentos especiais e ou mudança de procedimento de internação hospitalar (AIH).

Referências

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