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PN ; Ap. : TC Matosinhos 4ºJ ( ); Acordam no Tribunal da Relação do Porto. I. Introdução:

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(1)

______________________________________________________________________ PN 3568.04-5; Ap. : TC Matosinhos 4ºJ ( ); Ap.e1: Ap.a2: ______________________________________________________________________

Acordam no Tribunal da Relação do Porto

I. Introdução:

(a) A Ap.e não se conforma com a condenação de pagar à Ap. a a quantia de

€ 37 451,09 e de ter sido julgada litigante de má fé, com multa de 8 UCS e indemnização a favor da A. de € 3 740,00.

(b) Da sentença recorrida:

(1) Perante a prova da existência do contrato de prestação de serviços com

remuneração alegado pela autora, está a R. obrigada a pagar-lhe esses serviços, durante o período em que foram prestados, e a restituir-lhe sob pena de enriquecimento sem causa, os montantes por ela despendidos e devidos pela mesma R., a pagar-lhe ainda os prejuízos que lhe causou com o incumprimento

do contrato, ou seja, com o não pagamento do preço dos serviços prestados, prejuízo que é apenas aquele, [segundo provado];

(2) A A. interpelou a R. para o pagamento das quantias em dívida em 02.01 embora, por simplicidade de cálculo, apenas teça juros de mora desde 01/02/28: tem também de proceder o pedido de pagamento deste à taxa legal e porque estamos perante uma obrigação pecuniária.

1 Adv.: Dr.

(2)

(3) A R. face à matéria provada litigou claramente contra a verdade dos factos, deturpando-a conscientemente e até com grande intensidade dolosa: impõe-se a sua condenação na multa de 8 UCS e na indemnização

quantificada pela autora em € 3740, atendendo à grande intensidade dolosa supra referida, ao valor da acção, e aos inerentes custos a nível de despesas judiciárias e honorários.

II. Matéria assente:

(a) AST, Informática e Serviços, empresa em nome individual e gerida pela A., desenvolve a actividade de prestação de serviços computacionais, assessoria e consultadoria fiscal e financeira;

(b) É seu gerente de facto o pai da mesma autora, Dr.

, economista, quem efectivamente presta esses serviços, elaborando e fechando os respectivos contratos e designadamente o contr ato celebrado com a R.

(c) Esta encomendou-lhe ser viços de assessoria e consultadoria financeira e fiscal em 04/00 mês no qual se iniciou a prestação dos mesmos pelo referido economista, com o conhecimento pela R. de que este os levava a cabo, em nome de AST

(d) A sua actividade consistia em encetar contactos com os fornecedores da R. e bancos, negociando condições de forn ecimentos e de pagamentos, enquanto a R. o apresentava a terceiros como seu director financeiro: foi definida uma retribuição mensal de Pte 350 000$00 +IVA.

(e) Dada a má situação económica da R., solicitou esta à A. que não recebesse, de momento, os honorários da resp ectiva prestação d e serviços e que na negociação do pagamento dos débitos, emitisse cheques dela A.: a R.

providenciaria o in gr esso na conta bancária [indexada a esses chequ es] das importâncias necessárias para os cobrir, e a A. anuiu;

(f) A R. entregou à autora um cheque de Pte 2 500$00 destinado a provisionar a conta bancária pela qual os pagamentos por conta no interesse da R.

iriam ser feitos, cheque esse que a A: depositou na sua conta bancária no banco Santander e por meio do qual passou a fazer os ditos pagamentos da R.

(3)

(g) Só que com a emissão do tal cheque a R. ficara com a sua conta bancária sobre a qual o emitira, a descoberto: solicitou à A. que cobrisse esse saldo negativo, o que esta fez, tendo-lhe entregue várias quantias, num total de Pte 2 000 000$00;

(h) A R. entregou à A. um cheque de Pte 2 500 000$00 destinado a cobrir pagamentos, cheque esse que foi devolvido por falta de provisão, e o que veio a suceder com os demais cheques entregues pela R. à A.

(i) Contudo, os pagamentos feitos por esta a credores da outra fo ram-no mediante cheques emitidos sobre a conta pessoal dela, A.

(j) A A. fez, no interesse da R. e por conta e ordem desta, os seguintes pagamentos: (i) Pte 100 000$00, para pagamento de ordenados, 29/09/00; (ii) Pte 8 100 040$00 para cobrir o montante de um cheque sem provisão, sacado à ordem da empregada ; (iii) Pte 90 000$00 para pagamento do salário dessa mesma empregad a, relativo a 09/00; (iv) Pte 494 649$00, para pagamento de um cheque sem provisão sacado pela R. à ordem de ., 00/10/30; (v) Pte

250 000$00, p ara pagamento de outro cheque sem provisão e facturas devidas pela R. a , 08/00; (vi) Pte 49 272$00, para pagamento de salários de empregados da R., 09/00; (vii) Pte 100 000$0 0 para pagamento de um débito da R. a , 09/00; (viii) Pte 17 121$00 para pagamento de uma conta de telemóvel da R., 09/00; (ix) Pte 150 000$00 para pagar um empréstimo dessa quantia feito por

, para pagamento de salários; (x) Pte 371 273$00, para pagamento de contas de energia eléctrica da R., 12/00; (xi) Pte 200 000$00, para pagamento de salários, 10/00;

(k) Para cobertura destes dispêndios, a R. entregou à A. vários cheques destinados a serem depositados na conta dela A., cheques esses que foram devolvidos por falta de provisão, originando as inerentes despesas de devolução;

(l) Entretanto, porque a situação se tornava insustentável, a A. solicitou à R.,

02/01, que lhe devolvesse todas as importâncias que havia desembolsado por conta e no interesse dela, assim como lhe pagasse a avença mensal ajustada: a R. não se mostrou na disposição de o fazer;

(m) A A. afirmou então que não prestaria mais serviço algum à R. e que não faria mais qualquer pagamento por conta dela;

(4)

(o) A A. prestou ainda à R. outros serviços, designad amente a elaboração de

listas de preços e menus, e para cobrir os saldos negativos da sua conta bancária, causados pela falta de provisionamento por parte da R., a A. teve que vender um veículo VW Golf;

(p) E pela mesma razão teve também que desistir de um negócio de compra de um veículo Audi A3 1.6, : perdeu Pte 1 705 000$00;

(q) A A. teve despesas debitadas na sua conta bancária, decorrentes da devolução de cheques e pagamento de juros por manutenção da conta a descoberto: Pte 500 000$00.

III. Justificação da matéria de facto:

(a) A prova da existência de um contrato entre AST, da A., e a R., embora a

primeira sempre representada pelo pai de , resultou essencialmente dos depoimentos das testemunhas ouvidas, que depuseram de forma séria, isenta e convincente, mas em especial do depoimento do , que não

obstante ser quase parte nesta acção, logrou convencer da forma como decorreram as negociações, e nomeadamente dos montantes adiantados em favor da R., com excep ção de alguns de que já nem sequer se recordava e daí a resposta restritiva ao quesito [sobre a matéria, verba a verba: excepção dos montantes de Pte 320 00 0$00, Pte 150 000$00, Pte 350 000$00, Pte 46 832$00, Pte 102 831$00, relativos respectivamente à cobertura de saldos negativos no Banco Santander, pagamentos diversos em Lisboa, conta a descoberto da R. e pagamento de um cheque sem provisão sacado pela R. à ordem de um fornecedor].

(b) Neste aspecto foram também lapidares os depoimentos

que entregou dinheiro a AST, que era devido ao sócio gerente da R., e por ordem deste, explicando-lhe quais as razões desse facto, ou de , este funcionário bancário, a quem o referido Dr foi apresentado como director financeiro pelo dito sócio gerente da R.

(c) A última testemunha ouvida [ ] foi também

relevante, mas essencialmente conjugado o depoimento com [a carta de Autovia...

(5)

(d) As respostas restritiva a Q7 [relativa apenas à remuneração mensal] e

negativa a Q22 [sobre serviços extra que terão ascendido a Pte 800 000$00

+IVA], resultaram de nem o próprio Dr. ter afirmado, com

segurança, que os serviços extras estavam fora do pagamento da avença mensal,

ou se eram apenas mais um favor que AST fazia à R., na tentativa de a ajudar a ultrapassar uma fase de grandes dificuldades económicas e financeiras;

(e) Foi também essencial a análise exaustiva da volumosa documentação

junta aos autos... que comprova claramente Q8, Q10/Q15, Q16, Q17/Q21, e infirma toda a matéria contrastante, designadamente os quesitos Q26 ss3

IV. Cls./alegações:

(a) Do facto provado (a) pode concluir-se que a recorrente não celebrou qualquer contrato de prestação de serviços com a recorrida;

(b) Do facto provado (a) resulta que AST é uma empresa em nome

individual que tem dois gerentes: um gerente de direito, a A. e um gerente de facto, Dr. ;

(c) Resulta igualmente que o gerente de facto é que presta os serviços e foi ele quem contratou com a recorrente e que prestou esses serviços; que a recorrente

sabia que ele fazia esses serviços em nome de AST; (d) Contudo a A. não é AST - Informática e Serviços; 3 Base instrutória: ... Q8. – corresponde a II.(e); Q10. – corresponde a II.(f); Q11. – idem; Q12. – corresponde a II.(g); Q13. – corresponde a II.(g); Q14. – corresponde a II.(h); Q15. – corresponde a II.(i); Q16. – corresponde a II.(j); Q17. – corresponde a II.(k); Q18. – corresponde a II.(l); Q19. – corresponde a II.(l); Q20. – corresponde a II.(m); Q21 – corresponde a II.(n); ...

Q26. Dr. , no período de finais de 07/10.00 prontificou-se, como amigo e cliente da R., a ajudar a mesma?

Q27. Para o efeito, convenceu a R. que a única maneira que teria de obter um financiamento bancário seria criar na sua co nta uma movimentação elevada de quantias?

(6)

(e) AST, ao contrário do que consta nos factos p rovados, não é nenhuma empresa nem tal facto foi alegado por qualquer das partes;

(f) A A. – – não pode ter gerentes de facto nem de direito, porque não é nenhuma empresa;

(g) Entretanto o contrato de prestação de serviços é o contrato pelo qual uma das partes se obriga a proporcionar à outra certo resultado do seu trabalho intelectual ou manual;

(h) E a A. é uma empresária em nome individual, mas não consta dos factos

provados que a mesma tenha contratado com a recorrente, seja o que for, nem pessoalmente, nem através de um qualquer seu funcionário;

(i) No limite, deu-se como provado que a recorrente celebrou um contrato de prestação de serviços com a empresa AST (que não é p arte nos presentes autos)

através da pessoa do seu gerente de facto e cujo gerente de direito da referida empresa é a autora: [este material não serve à condenação];

(j) Todavia a R. foi tida como litigante de má fé com base no facto de ter negado a existência de qualquer contrato de prestação d e serviços com a recorrida;

(k) Ora, resulta da matéria assente da sentença recorrida isso mesmo, a

inexistência de qualquer contrato de prestação d e serviços entre a recorrente e a recorrida;

(l) E mesmo que outro seja o entendimento desta matéria, basta atentar na forma confusa como foi explicada a relação entre a recorrente e a recorrida em (a)

dos factos provados, para facilmente se concluir que a R. não litigou de má fé, e muito menos com grande intensidade dolosa;

(m) Enfim, a senten ça sob crítica fez errada subsunção dos factos ao direito, infringindo os arts. 1154 CC e 456 CPC : deve ser revogada e substituída po r outra que absolva a R. do pedido.

V. Contra-alegações: não houve.

VI. Recurso: pronto para julgamento nos termos do art. 705 CPC.

VII. Sequência:

(7)

(a) A matéria de facto serve perfeitamente à tese de a R . ser devedora para com a A. dos montantes comprovados. Com efeito, a qualidade de gerente de

facto atribuída ao pai de nada mais inculca que um mandato com

representação, conhecido e aceite pela parte contrária. Portanto, porque neste caso

a procuração pode revestir a forma oral, e a execução do mandato foi aprovada tacitamente o negócio jurídico realizado pelo representante em nome da

representada, , produz os seus efeitos na esfera jurídica desta última4.

(b) Nesta direcção, não procedem as conclusões de formalismo contrário ao

ambiente do debate da causa bem traduzido na citação integral feita em III. dos motivos da sentença no domínio da matéria de facto.

(c) E porque a recorrente nada mais infirma de substancial do que esse particular aspecto da contratação, também nada mais há a dizer quanto à

arquitectura da solução concreta a que a sentença recorrida chegou, com o qual, aliás, se concorda.

(d) No entanto é posto no recurso um p roblema pertinente e que deve ser resolvido a favor da R.: a litigância de má fé excede os limites dos propósitos da parte vencida, porquanto a questão que pôs desde o início e reiterou na minuta nos

remete para uma via d e apreciação possível da causa e qu e não contraria, em boa verdade, um certo perfil dos acontecimentos: defesa como já dissemos

formalística, mas não no campo da lide despropositada.

(e) Por isso mesmo, quanto a este aspecto, tem de ser conferido valimento às conclusões.

(f) Vai assim mantida a sentença sob crítica, excepto no que diz respeito à condenação por litigância de má fé da R., em multa e indemnização, a qual fica revogada, vistos os arts. 1178 CC e 456 CPC.

VIII. Custas: na proporção do decaimento, 0,75 R./0,25 A..

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