Aikido Paraná Brasil
AIKIDO, ETERNA PERSEVERANÇA
Trabalho apresentado como requisito para avaliação do 4º Dan, de Tobias Kiuji Kayamori, nº registro Aikikai 196823.
Avaliado pela Federação de Aikido do Estado do Paraná, por Rodolfo Luis Reolon Sensei.
Procurarei expor de forma simples e objetiva, a sublime forma como a arte AIKIDO se apresenta às lições no tatame e como esta ação de aprender, permeia os sentimentos e razões outrora inquietas ou acomodadas e, após, levadas a outrem.
A convivência nestes anos de integração e interação na comunidade aikidoísta, apresentaram diversos pontos nos quais, basicamente uma grande parte de praticantes, tende a refletir por um período. Quando iniciei a prática do Aikido, vislumbrava sua efetividade marcial. Quando passado este início, o caminho para o encontro da harmonia e equilíbrio de suas ações torna-se preponderante para o crescimento nesta arte marcial.
Assim, compreendo que pensamentos que tendem a reduzir ideias, ações, legados, buscam apenas uma forma de enaltecerem seu ego para outros e, quando percebidos do ledo engano, tendem a procura de respostas saudáveis. Penso então, que a compreensão das técnicas nos faz refletir sobre a ação e reação entre praticantes quando se almeja sua efetividade e, após irá
moldando a estrutura física e psicológica de ambos. Passando a buscar conhecimentos inerentes às atividades físicas com a busca da percepção de intensidade de energia e zelo com praticantes.
Dividirei em três partes esta dissertação, sendo que apresentarei o meu entendimento desta arte marcial por cada expressão contida na escrita AIKIDO, todavia, informo que estas percepções particulares estão associadas a estes pilares: família, amigos e praticantes. Neste caso, o sinônimo de Sensei, também considero associado a estes três pilares indissolúveis para a arte AIKIDO.
AI
Muitas são as formas de se buscar ou encontrar a harmonia ou o equilíbrio, doravante todas são desprovidas do eu, para o encontro de nós. Atitudes como esta de doação, singelamente fortalece o âmago dos presentes e desencadeia na ação algo que tornará seu curso muito mais longo e duradouro.
Todavia, como dizia Kawai Shihan: “100% bonzinho, é bobo. Precisa 50% bom e 50% malandro”. Assim, nosso saudoso Shihan, sabiamente nos
ensinava que a entrega por si só, não é verdadeira. Há de se compreender as partes e agir de forma que o desgaste seja necessário para movimentar a ação e quando o equilíbrio é encontrado, faz necessário sua manutenção.
O respeito gerado, sustenta a hierarquia e o compromisso da doação para o bem comum. A harmonia dentro de um grupo, faz com que problemas diversos, dispersem e fortaleçam o bem estar e a alma de quem chega com dúvidas e lamúrias. Quando de seu retorno à morada, levará alegria e energia, para renovar corações e semblantes, muitas vezes atordoados por excessos. A harmonia, tende a repousar corações e mentes para perceber a
simplicidade do ato diário que temos uns com outros e assim, na medida do possível interagir em uma sintonia que apazigue ou enalteça o momento, sem que nossas convicções sejam ofertadas abruptamente a alguém. Bem como ouvir, torna-se algo indelével a nossa alma.
Dentre tantas ações que o ser humano pode ofertar, harmonizar tende a canalizar as ações para um ponto de equilíbrio em que o esforço muitas vezes não é percebido e por esta razão, o encontro de vetores de forças em sentidos opostos, poderá ser absorvido e redirecionado para o bem comum de ambos ou da sociedade, gerando o equilíbrio.
Tão difícil como todas as outras ações, a particularidade desta é que a simplicidade do sentimento, que pode ser o kokoro ou feeling, pode atenuar ações.
KI
Naturalmente, o bem estar é proporcionado por uma grata satisfação de tarefa concluída ou a presença de familiares e/ou amigos. A energia positiva que circula pelo ambiente, propaga não só a saúde, como fortalece cada
indivíduo para suas próximas ações. A energia pode e deve ser fortalecida para que em situações adversas, sua presença ajude na manutenção do bem
comum.
Um comentário apropriado para este momento, é de nosso Rodolfo Sensei, que diz: “cuidar do tatame”. Assim, quando adentramos ao Dojo e entendemos que tudo que ocorrer no seu interior será para nosso crescimento espiritual e físico, nossa energia trabalha e capta de forma harmônica.
Colocando como exemplo, um praticante que tenha receios de realizar um rolamento no tatame por entender que poderá se machucar, toda sua energia e pensamento negativo, tensionará toda a extensão de seu corpo. Fazendo com que não obtenha benefícios físicos e psicológicos, comprometendo assim seu desenvolvimento na arte.
Porém, no momento que é entendido, que no ato do rolamento haverá um benefício por toda extensão do corpo com o tatame, como por exemplo uma massagem durante o rolamento, o corpo será tratado de forma benéfica, não só pelo ato, mas principalmente por a mente propiciar esta energia ao corpo. Então, quando cuidamos e respeitamos o tatame, nossa mente e energia estará pronta para informar e receber benefícios. Nosso corpo tende a
apresentar as imperfeições de nossa alma; e no momento que trabalhamos nossa energia, procuramos também corrigir nossas imperfeições.
Postura, respiração e entendimento são eixos para buscarmos o
aprimoramento de nossa energia e conseqüente harmonia com nossos pares e situações.
Assim sendo, no momento de nossa Grande Respiração, quando o
abdômem retrai e o diafragma desce, nossa capacidade pulmonar aumenta de sobremaneira, reduzindo nossos batimentos cardíacos e proporcionando um controle melhor de nosso corpo durante o momento que relaxamos e
DO
Quando da interpretação do “Caminho”, cada caminhante percorrerá a seu bel prazer trechos e vielas que conduzirão a centros de conhecimentos ou não. Independentemente da forma que se caminha, nossos rastros não são
apagados e servem de guia para nossas memórias e emoções e, também a outros que assim desejarem observar.
“Na natureza nada se perde e nada se cria, tudo se transforma” (Lavoisier). Como nos trechos percorridos, por oportunas vezes buscamos nosso
salvaguardo quando do entendimento e reconhecimento de erros para que nosso andar prossiga, desta vez mais firme e consciente.
Compreender que qualquer que seja o sentimento inerente ao ser humano, em dado momento, por ser ocasional ou indesejado, não o furta de suas ações, entretanto aproxima de nós o questionamento de como ser e agir. O zelo para com nossas atitudes poderá a um momento, ser aprimorado por outros.
A intensidade de nosso caminhar acompanha nosso envelhecimento, sendo então, que por muitas passagens de idas e vindas, tornamos nossos passos mais coerentes com nossos sentimentos e direcionamos com precisão, o rumo para um horizonte de compreensão.
Horizontes tornar-se-ão o elo que integra, a harmonia de nossas ações, para a finalidade de nossa compreensão. Esta integração aproximará
indivíduos das mais diversas origens para fortalecerem o conhecimento obtido, renovar o espírito e manter firme o objetivo de divulgar a arte AIKIDO, junto com os Senseis que nos orientam e ofertam apoio em nosso caminho.
Aos Senseis, que apresentam os horizontes, meu agradecimento por tornar o convívio de amizade e conhecimento algo tão dignificante e prazeroso, tanto quanto incentivar a busca por caminhos que nos levem ao encontro de nossa compreensão de harmonia.
Treinos e treinos, fortalecem nossa musculatura, flexibilidade e reflexo para cada dia que se aproxima de nosso encontro universal. Porém, são acrescidos no decorrer desta caminhada, muitos adjetivos que não são impressos no corpo e sim na alma.
Tantas são as situações que não necessitamos sermos perfeitos. Mas sim, participar, aprender com os previstos ou imprevistos. Mudar, acompanhar, deixar-se ir... são necessidades da natureza, que recicla e segue
compreendendo por onde e como ir. Como o ser humano, parte integrante da natureza, porém com seus trejeitos ora rude ora generoso.
Nos encontros e compromissos, a presença, no sentido de fazer-se presente, participar. Colabora para o entendimento como uma grande qualidade ao ser humano, pessoas que se doam com sua presença em situações muitas das vezes adversas e fazem acontecer os encontros e compromissos.
Agradeço então, a possibilidade de vislumbrar o crescimento da arte AIKIDO no coração de muitos praticantes, ação esta proveniente dos ensinamentos dos Senseis a quem reitero minha eterna gratidão.
Referências
Dalai Lama e Howard C. Cutler - A Arte da Felicidade - São Paulo: Martins Fontes, 2.000
Dave Lowry – O Dojo e Seus Significados – São Paulo: Editora Pensamento, 2.012
Ana Glória Vilela Caldeira – Do-IN O Homem e o Universo em Equilíbrio – Madras, 1.999
