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Turismo pedagógico: uma análise comparativa entre instituições de ensino públicas e privadas do município de Currais Novos/RN

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Academic year: 2021

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ CURSO DE TURISMO BACHARELADO

Juliana Gomes de Oliveira

TURISMO PEDAGÓGICO: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE

INSTITUIÇÕES DE ENSINO PÚBLICAS E PRIVADAS DO MUNICÍPIO

DE CURRAIS NOVOS/RN

CURRAIS NOVOS 2017

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Juliana Gomes de Oliveira

TURISMO PEDAGÓGICO: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE

INSTITUIÇÕES DE ENSINO PÚBLICAS E PRIVADAS DO MUNICÍPIO

DE CURRAIS NOVOS/RN

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, campus Currais Novos, para obtenção do grau de bacharel em Turismo.

Orientadora: Profa. Dra. Carolina Todesco

CURRAIS NOVOS 2017

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ensino Superior do Seridó - CERES Currais Novos

Oliveira, Juliana Gomes de.

Turismo pedagógico: uma análise comparativa entre instituições de ensino públicas e privadas do município de Currais Novos/RN / Juliana Gomes de Oliveira. - Currais Novos, 2017.

92f.: il. color.

Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ensino Superior do Seridó. Departamento de Ciências Sociais e Humanas. Curso de Turismo.

Orientador: Prof. Dra. Carolina Todesco.

1. Turismo Pedagógico - Monografia. 2. Instituições de Ensino - Públicas e Privadas - Monografia. 3. Ensino Médio -

Monografia. I. Todesco, Carolina. II. Título.

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TURISMO PEDAGÓGICO: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE INSTITUIÇÕES DE ENSINO PÚBLICAS E PRIVADAS DO MUNICÍPIO DE

CURRAIS NOVOS-RN

O trabalho apresentado foi julgado e aprovado para a obtenção do grau de bacharel em turismo, no curso de graduação em turismo bacharelado da Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN.

Currais Novos-RN, ___ de _______ de 2017. ______________________________

Profa. Dra. Carolina Todesco Coordenador do Curso de Turismo

BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________ Profa. Dra. Carolina Todesco Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Orientador ___________________________________________________ Prof. Me. Rodrigo Cardoso da Silva Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Examinador ___________________________________________________ Profa. Esp. Edneide Maria Pinheiro Galvão Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de Direito e que se fizerem necessários, que assumo total responsabilidade pelo material aqui apresentado, isentando a Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, à Coordenação do Curso, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do aporte ideológico empregado ao mesmo.

Conforme estabelece o Código Penal Brasileiro, concernente aos crimes contra a propriedade intelectual o artigo n.º 184 – afirma que: Violar direito autoral: Pena –

detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. E os seus parágrafos 1º e 2º,

consignam, respectivamente:

§1º Se a violação consistir em reprodução, por qualquer meio, no todo ou em parte, sem autorização expressa do autor ou de quem o represente, (...): Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, (...).

§ 2º Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, empresta, troca ou tem em depósito, com intuito de lucro, original ou cópia de obra intelectual, (...), produzidos ou reproduzidos com violação de direito autoral.

Diante do que apresenta o artigo n.º 184 do Código Penal Brasileiro, estou ciente que poderei responder civil, criminalmente e/ou administrativamente, caso seja comprovado plágio integral ou parcial do trabalho,

Currais Novos-RN, ___ de ____________ de 2017.

________________________________ Juliana Gomes de Oliveira

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Dedico este símbolo de uma trajetória à minha família, em reconhecimento ao apoio incondicional e à professora orientadora dessa pesquisa, Carolina Todesco, pelo profissionalismo e sensibilidade.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu bom Deus pelas bênçãos durante os quatro anos e seis meses de amadurecimento. Agradeço, pois, quando em momentos de fragilidade emocional, deu-me sabedoria para saber que todas as experiências seriam válidas.

À minha mãe Maria Albanita, meu exemplo de vida, ser humano digno de honra, que desde o primeiro dia sempre me apoiou em tudo, absolutamente tudo aquilo que fosse favorável ao meu desenvolvimento. Devo total reconhecimento, este título também é mérito seu. Obrigada painho, José Marcílio, pela educação dada, por ensinar que sem respeito, ética, humildade, honestidade não se aprende muito, não se pode ir muito longe. Ao meu único irmão, Júlio César, pela amizade, amor fraterno, conselhos e, por sempre estar disposto a contribuir para o meu crescimento pessoal. A distância necessária de minha Família me fez valorizá-la ainda mais, o apoio em todos os sentidos desses meus verdadeiros amigos foi primordial para caminhar até aqui, sem base não se edifica. Obrigada minha família por ser minha fortaleza.

Agradeço a todos os professores por contribuírem para minha formação acadêmica. Essa profissão maravilhosa possibilita que também nos eduquem como pais e deem conselhos como amigos. Não tive laços afetivos com todos, mas admiro todos em algo que destacou enquanto profissionais. Saibam que de cada um levo ao menos um exemplo, por isso, permaneçam e aperfeiçoem na condição de profissionais da educação, pois serão sempre espelho de alguém. Em especial, agradeço à Carol, professora e orientadora, sempre disposta e persistente, orientou não somente na construção desse trabalho, como também, na minha construção enquanto profissional e ser humano. E, a professora Rosana França, que contribuiu durante a minha vida acadêmica, sempre me recordo das aulas divertidas, obrigada também, por contribuir para o conteúdo desse estudo.

Obrigada colegas de turma, aos que saíram em algum momento dessa viagem e a todos que permaneceram até o fim (nós seis), estes considero como amigos, sou apaixonada por cada um, do modo como nossa afetividade permite. Em especial, Diana, menina de coração grandioso, assim como seu nível de exigência (risos), com a qual tive mais proximidade. Amadureci junto a vocês em cada

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experiência compartilhada, a cada viagem realizada, no cotidiano de nossa vida acadêmica. Agradeço a todos os meus amigos e tantas outras pessoas que, de algum modo, fizeram parte dessa fase de minha vida.

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Não é sobre chegar no topo do mundo E saber que venceu É sobre escalar e sentir Que o caminho te fortaleceu

Ana Vilela Trecho da Música: Trem Bala

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RESUMO

O trabalho aborda o Turismo Pedagógico no contexto das instituições de ensino médio públicas e privadas do município de Currais Novos, devido à relevância dada ao turismo como instrumento no processo de ensino-aprendizagem. O objetivo geral foi realizar uma análise comparativa, a fim de identificar as principais diferenças e semelhanças do Turismo Pedagógico desenvolvido nas escolas. Os procedimentos metodológicos da pesquisa o método comparativo, de caráter qualitativo, utilizando como instrumento de coleta de dados roteiros de entrevistas semiestruturadas, a partir do qual se aplicou a técnica de análise de conteúdo para realizar as interpretações acerca das informações levantadas durante a pesquisa de campo, que foram sistematizadas em seis categorias de análise. O estudo abrangeu cinco instituições de ensino médio de Currais Novos e uma empresa que desenvolve o segmento no município. Subsidiada pelos capítulos que tratam dos temas, histórico do Turismo Pedagógico, importância enquanto instrumento metodológico de ensino, o ensino público e privado, a pesquisa apresentou o contexto das instituições públicas e privadas, possibilitando compreender que as instituições demonstraram ter semelhanças e diferenças quanto à prática do Turismo Pedagógico, identificadas especialmente pelo desenvolvimento de forma alternativa para efetivar a atividade, o processo de planejamento, organização e execução dos roteiros, as dificuldades impostas pelo gargalo financeiro, a falta de disponibilidade de tempo dos docentes, dentre outros fatores que são favoráveis à prática ou entraves para a realização do Turismo Pedagógico. O incentivo público financeiro possibilita o desenvolvimento das atividades e o planejamento antecipado favorece a efetivação dos projetos de viagens.

Palavras-Chave: Turismo Pedagógico. Instituições de Ensino Públicas e Privadas. Ensino Médio.

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ABSTRACT

This work talks about the Pedagogical Tourism on public and private high school institutions in Currais Novos context, considering the importance given to the tourism as teaching-learning tool. The general main was to make a comparative analysis in order to identify the main differences and similarities on Pedagogical Tourism developed on schools. The methodological research procedures, the comparative method of qualitative nature, using as data collect script half-structured interviews, from those it was applied the subject analysis technique to realize the interpretations about collected info during the field research, which were systemized in six categories. The studying covered five High School institutions of Currais Novos and one company which develop this segment on city. It was Subsidized for chapters which deal the theme: Historic of pedagogical Tourism, the importance of it as teaching methodological tool, the public and private teaching. The research showed the public and private institutions context, which made possible to understand the differences and similarities about the practice of Pedagogical Tourism, identified especially on alternative way on development in order to make effective the activity, the planning process, organization and route execution, the money difficulties, the lack of teaching time disponibility, among other favourable factors to the practice or the Pedagogical Tourism realization hindrances. The public financial incentive makes possible activity developed the previous planning favours the traveling projects effectiveness.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

9ª DIRED – 9ª Diretoria Regional da Educação, da Cultura e dos Desportos CCT – Colégio Camilo Toscano

CF/88 –Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 EETB – Escola Estadual Tristão de Barros

EJM – Educandário Jesus Menino

IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

IFRN – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira IVP – Escola Estadual Instituto Vivaldo Pereira

LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional MTur - Ministério do Turismo

PPE – Plano Estadual de Educação PPP – Projeto Político-Pedagógico

ProEMI – Programa Ensino Médio Inovador RN – Rio Grande do Norte

SEEC/RN – Secretaria de Estado da Educação e da Cultura do Rio Grande do Norte SEMEC/CN – Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes de Currais Novos

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - IDEB - Instituições de Ensino Médio Públicas e Privadas do Brasil (2015). ... 34 Tabela 2 - IDEB - Instituições de Ensino Médio Públicas e Privadas do Rio Grande do Norte (2015). ... 36 Tabela 3 - Matrículas Iniciais da Educação Básica - Redes Estadual e Municipal de Ensino de Currais Novos (2016) ... 38 Tabela 4 - IDEB - Instituições Públicas de Ensino de Currais Novos (2015) ... 39 Tabela 5 - Quantidade de Destinos das Instituições de Ensino Médio Públicas e Privadas de Currais Novos ... 58 Tabela 6 - Métodos Avaliativos do Pós Viagem das Instituições de Ensino Médio Públicas e Privadas de Currais Novos ... 70

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LISTA DE MAPAS

Mapa 1. Destino das Instituições Públicas de Ensino ... 59 Mapa 2. Destino das Instituições Privadas de Ensino ... 60

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 12

2 TURISMO PEDAGÓGICO ... 18

2.1 ANTECEDENTES HISTÓRICOS E DENOMINAÇÕES DO TURISMO PEDAGÓGICO ... 18

2.2 UM INSTRUMENTO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM ... 24

3 ENSINO PÚBLICO E PRIVADO NO BRASIL ... 28

3.1 ENSINO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE ... 35

3.2 INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE CURRAIS NOVOS ... 37

3.3 AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SELECIONADAS ... 41

3.3.1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – IFRN ... 41

3.3.2 Escola Estadual Tristão de Barros – EETB ... 42

3.3.3 Escola Estadual Instituto Vivaldo Pereira – IVP ... 43

3.3.4 Colégio Camilo Toscano – CCT ... 43

3.3.5 Educandário Jesus Menino – EJM ... 44

4 TURISMO PEDAGÓGICO: POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES ... 45

4.1 CONCEPÇÃO DOS PROJETOS DE VIAGENS EMPREENDIDOS PELAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO ... 45

4.2 ORGANIZAÇÃO DAS VIAGENS PEDAGÓGICAS ... 54

4.2.1 Agência de Turismo Pedagógico em Currais Novos ... 61

4.3 RELAÇÃO DAS VIAGENS COM O CONTEÚDO DAS DISCIPLINAS ... 65

4.3.1 Métodos de Avaliação Após as Viagens ... 70

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 73

REFERÊNCIAS ... 76

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1 INTRODUÇÃO

O turismo possui profunda relação com a educação e, essa concepção não se fundamenta no contexto das práticas sociais da atualidade, pois, já no século XVI, na Europa, ocorreram deslocamentos com fins educacionais que se tornaram históricos, como o Grand tour. Segundo o Ministério do Turismo (2010), ao longo do tempo viagens de caráter educativo se difundiram em diversas culturas do continente europeu e nos Estados Unidos da América, amplamente utilizadas por colégios e universidades particulares. No Brasil, foi empregada por alguns colégios de elite.

Tais costumes sociais passaram a fazer parte, então, do universo educacional e, como explana Beni (2001), é a retomada da antiga prática social de outras culturas. Trata-se da organização de viagens que tem o ensino como objetivo principal, incluindo a participação de professores, a fim de realizar estudos fora do ambiente escolar tradicional, visitando locais específicos para explorá-los de modo a acrescentar à formação do aluno.

O termo Turismo Pedagógico pode expressar uma prática social que pressupõe atividades turísticas que auxiliam no processo de ensino-aprendizagem pela experiência proporcionada pelo contato com ambientes naturais e socioculturais.

A experiência turística é valorizada pelas instituições de ensino dos diversos níveis de escolaridade para contemplar metodologias alternativas e inovadoras visando o aprimoramento do processo de ensino-aprendizagem. Há uma quantidade significativa de trabalhos científicos que abordam tal temática e que expõem estudos de caso, ressaltando a importância do caráter pedagógico que o turismo possui e sua contribuição para o ensino. Podemos citar como referência Milan (2007), Lopes e Pontuschka (2009), Bonfim (2010), Matos (2012).

Devida à relevância dada ao turismo como instrumento no processo de ensino-aprendizagem, as instituições de ensino têm utilizado cada vez mais as viagens pedagógicas como um dos métodos de abordar os conteúdos ministrados em sala de aula, de forma a dimensioná-los e aprofundá-los na experiência empírica.

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Como afirma Milan (2007, p. 12), “as instituições de ensino precisam estimular o educando a desenvolver sua autonomia, espírito crítico e curiosidade no processo de construção do saber”. Assim, faz parte desse processo, metodologias de ensino diferenciadas, que estimulem o indivíduo a pensar, pesquisar, analisar. Nessa dinâmica se encontra o turismo, pelas suas diversas possibilidades de incentivar a busca pelo conhecimento.

A “coexistência de instituições públicas e privadas de ensino”, Artigo 3°, inciso V da Lei Nº 9.394, de 20 de Dezembro de 1996, permite que a educação seja ofertada por tipos de instituições as quais possuem características peculiares. No que se refere à educação brasileira e a relação entre o público e o privado, segundo Dourado e Bueno (2001), há pontos de convergências e divergências, que refletem no caráter dos diversos níveis educacionais.

Sabendo da importância que o Turismo Pedagógico tem para a construção e formação do sujeito social e, visualizando que tal prática tem sido utilizada pelas instituições de ensino de Currais Novos, temos como questão central: quais as principais diferenças e semelhanças do turismo pedagógico realizado pelas instituições de ensino públicas e privadas do munícipio de Currais Novos?

Ainda como questões secundárias, temos: Quais as possibilidades e limitações do Turismo Pedagógico nas instituições? Quem são os atores empreendedores dessas viagens pedagógicas? Como os agentes do mercado de Turismo Pedagógico no município de Currais Novos-RN estão atuando?

Diante desse cenário, o objetivo geral da pesquisa foi de realizar uma análise comparativa da prática de Turismo Pedagógico nas instituições de ensino médio públicas e privadas no município de Currais Novos-RN, a fim de evidenciar as semelhanças e diferenças dessa atividade nas escolas.

E, como objetivos específicos: identificar o perfil das escolas que desenvolvem atividades de Turismo Pedagógico; compreender o processo de elaboração dos roteiros de Turismo Pedagógico empreendidos pelas escolas de Currais Novos; e verificar a atuação dos agentes de mercado na área de Turismo Pedagógico de Currais Novos.

O interesse em abordar a temática, turismo e educação, inseridos no contexto das instituições de ensino públicas e privadas do município de Currais Novos, deu-se pelo fato que o Turismo Pedagógico é tema comumente discutido,

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porém, numa abordagem focada apenas na sua importância para o processo de ensino-aprendizagem. Nosso interesse está em investigar a realidade vivenciada pelas diferentes instituições de ensino no que se refere à dinâmica do Turismo Pedagógico em suas práticas educacionais.

Tendo em vista, o número de instituições de ensino localizadas no município de Currais Novos, incluindo públicas e privadas, definiu-se o nível médio da educação básica, uma vez que, estando nesta fase, o aluno tende a ter uma bagagem de experiências que auxilie na compreensão do fenômeno turístico de modo objetivo e crítico-reflexivo, bem como, foi preciso reduzir a abrangência dessa investigação para que a pesquisa se tornasse viável e possível extrair com nível detalhado as informações necessárias, a fim de contemplar os seus objetivos.

Observa-se que a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, sobre os Princípios e Fins da Educação Nacional, em seu Artigo 3º diz: “O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios”, dentre esses, pode-se destacar no inciso X a “valorização da experiência extra-escolar”. Desse modo, visualiza-se que, o principal documento que dispõe sobre a educação no país, expressa a relevância da experiência empírica que contribua para a formação do individuo.

O mesmo documento na Seção IV, que diz do Ensino Médio, apresenta no Artigo 35 as suas finalidades:

I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;

II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;

III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;

IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.

Este nível de ensino é a etapa final da educação básica, simultaneamente, período em que o indivíduo está na transição para ou na fase adulta. Nesse contexto, o educando vai se tornando cada vez mais formador de opinião, desenvolvendo sua crítica, aprimorando e formando seus próprios ideais. As experiências práticas favorecem o aprendizado e absorção dos conhecimentos e a compreensão de modo eficiente dos conteúdos trabalhados.

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Como meios para alcançar os objetivos apresentados, tem-se o método comparativo, pois visou levantar e analisar as similitudes e divergências da atividade de Turismo Pedagógico realizada pelas instituições de ensino públicas e privadas. A pesquisa é de caráter qualitativo, uma vez que, “preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do comportamento humano” (MARCONI; LAKATOS, 2011, p.269). Assim, esta metodologia de pesquisa foi utilizada, pois visou uma abordagem subjetiva do objeto de estudo.

Para complementar a metodologia e obter resultados proveitosos, o instrumento de coleta de dados trabalhado foi entrevista semiestruturada, que ocorre “quando o entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situação em qualquer direção que considere adequada”, com base em um roteiro de perguntas abertas, segundo Marconi e Lakatos (2011, p. 281), a partir da qual se realizou a técnica de análise de conteúdo que tem por finalidade “descrever, sistematicamente, o conteúdo das comunicações” (MARCONI; LAKATOS, 2007, p. 130) com meio principal de desenvolver as interpretações sobre o objeto do estudo. Dessa forma, tal análise foi pautada em categorias de análise apresentadas a seguir.

Tendo em vista o direcionamento dos dados coletados, definiu-se algumas categorias de análise sendo elas: 1. O planejamento e relação com projeto político-pedagógico da Instituição ou documentos base para planejamento pedagógico. Pretendeu-se aqui averiguar o processo inicial de planejamento realizado pela instituição, identificar o envolvimento de cada ator da escola no processo de planejamento das viagens, sendo eles a gestão, os professores e os alunos, além das famílias dos alunos. Categoria apresentada no tópico (4. Concepção dos projetos de viagens empreendidos pelas instituições de ensino).

Como segunda categoria tem-se: 2. Organização das viagens e relação com as empresas/agências, neste ponto procurou-se compreender de que forma está sendo trabalhada a organização técnica da viagem, a logística e execução dos roteiros e, consequentemente, identificar a relação com empresas privadas ou outros tipos de organizações que possam estar envolvidas nesta etapa. Outra categoria definida foi: 3. Frequência das viagens, ou seja, a quantidade de viagens que a instituição realiza visando o uso do Turismo Pedagógico no processo de ensino-aprendizagem. Além disso, buscou-se, também, na quarta categoria, elencar,

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4. Destinos visitados, para identificar as características dos destinos que estão sendo selecionadas para realizar as viagens. Estas três categorias (2, 3 e 4) estão dispostas nos tópicos (4.2 Organização das viagens pedagógicas e 4.2.1 Agência de Turismo Pedagógico em Currais Novos).

Na quinta categoria verificou-se a 5. Relação das viagens com conteúdo teórico/prático das disciplinas, aqui a finalidade foi compreender, principalmente por meio dos professores e dos alunos, o vínculo que se percebe entre o teórico e o empírico nas viagens. A sexta categoria visou levantar, 6. Métodos de avaliação após as viagens, ou seja, se acontece esse tipo de abordagem e que tipo de atividades são realizadas, a fim de que, pudesse ser detectado se há uma preocupação em compreender dos alunos quanto à reflexão da teoria/prática. As categorias (5 e 6) estão apresentadas nos tópicos (4.3 Relação das viagens com o conteúdo das disciplinas e 4.3.1 Métodos de avaliação após as viagens).

A pesquisa de campo abrangeu cinco instituições de ensino médio de Currais Novos, sendo elas três escolas públicas, uma do sistema educacional federal, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte e duas da rede estadual de ensino, a Escola Estadual Tristão de Barros e a Escola Estadual Instituto Vivaldo Pereira. Além de duas instituições de ensino privadas, sendo uma apenas de natureza privada, o Colégio Camilo Toscano e outra de caráter privado e filantrópico, o Educandário Jesus Menino. Além das instituições de ensino, uma empresa que desenvolve o segmento de Turismo Pedagógico de Currais Novos, a empresa CN Turismo, também participou da pesquisa, tendo em vista que, compreender a atuação de empresa privada que trabalhe o segmento de mercado aqui definido é um dos objetivos da pesquisa.

Nas instituições de ensino as entrevistas estavam direcionadas para: 01 (um) representante da gestão ou da coordenação pedagógica, sendo uma entrevista em cada escola; com professores, em média 04 (quatro) docentes de áreas distintas da ciência de cada instituição. E, em média 09 (nove) alunos, somados os três anos do ensino médio, primeira, segunda e terceira séries.

Segundo está disposto na LDB, no que se refere ao ensino médio, conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educação, as áreas do conhecimento são, (art. 35-A): I - linguagens e suas tecnologias; II - matemática e suas

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tecnologias; III - ciências da natureza e suas tecnologias; IV - ciências humanas e sociais aplicadas.

O método de coleta de dados utilizado, entrevista semiestruturada, também foi aplicado com a empresa CN Turismo, único ator do setor de turismo formalizado do município de Currais Novos que desenvolve o Turismo Pedagógico.

O roteiro de entrevista estava estruturado de forma semelhante para cada público (Gestão/coordenação pedagógica, professores e alunos), variando no modo de abordagem do questionamento e em perguntas específicas, a fim de, extrair do entrevistado a visão dele diante da realidade vivenciada. Os roteiros continham em média quatorze perguntas. O roteiro de entrevista direcionado a empresa distingue daquele aplicado nas escolas, tendo em vista o tipo de informação que se pretendeu levantar, este continha doze questionamentos. Os roteiros de entrevista estão em apêndices (D, E, F e G).

As entrevistas foram realizadas no período de 29 de novembro de 2016 a 21 de dezembro de 2016, registradas em gravação de áudio para posterior análise e restrito acesso da pesquisadora, não sendo apresentada a identidade dos entrevistados, apenas citados como alunos, professores ou gestão/coordenação pedagógica de instituição pública ou privada.

O tempo de duração de cada entrevista foi variado, com menor extensão 04 (quatro) minutos e 15 (quinze) segundos e a mais extensa com 32 (trinta e dois) minutos e 15 (quinze) segundos. No total foram realizadas 05 (cinco) entrevistas com Gestão/coordenação pedagógica; 22 (vinte e duas) entrevistas com professores; e 38 (trinta e oito) com alunos; 01 (uma) com empresa privada. Portanto, foram 66 (sessenta e seis) entrevistas para coleta de dados dessa pesquisa.

Pesquisar é um ato que exige paciência e dedicação e, quando envolve diálogos com o público-alvo do objeto em análise, torna-se delicado, pois de certo modo ocorre um contato com a intimidade das pessoas, explorar suas experiências, questioná-las sobre as reflexões acerca de uma prática social a qual já vivenciou torna-se um processo que exige do pesquisador não somente atenção à fala do entrevistado, como também, a compreensão da sua forma de pensar para tentar extrair do mesmo, informações significativas para a pesquisa e favorecer um

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momento no qual possa ficar à vontade de modo a expor as ideias de maneira mais espontânea.

2 TURISMO PEDAGÓGICO

2.1 ANTECEDENTES HISTÓRICOS E DENOMINAÇÕES DO TURISMO PEDAGÓGICO

O ser humano sempre precisou se deslocar para realizar diversas atividades. As viagens constituíam-se e constituem-se como uma das formas que a sociedade desenvolve seus trabalhos e dinamiza suas relações. Segundo Lima (2014), o povo grego foram aqueles que, historicamente, realizavam viagens com objetivos diversos, tais como motivação esportiva, religiosa e cultural. As viagens gregas propiciaram difusão de vários conhecimentos pelo mundo por meio do contato entre os povos. Assim, vê-se a relevância dada aos deslocamentos como meio de compartilhamento dos saberes.

No século XVI, a sociedade vivenciava o tempo do renascimento, a Idade Moderna, que rompeu com a visão limitada da sociedade medieval diante da ciência. A busca pelo conhecimento era uma das principais características desse tempo. A viagem era motivada pela possibilidade de ampliar os conhecimentos por meio da experiência.

Neste contexto, no campo da educação, os filhos de nobres e comerciantes ingleses tinham, por obrigatoriedade, que aperfeiçoar e completar seus conhecimentos culturais, adquiridos em seu país, realizando uma grande viagem pelas outras nações do velho continente para cumprir com as exigências culturais da sociedade moderna (BARBOSA, 2002).

Essas viagens de cunho cultural/educacional tendo como motivação os estudos e as experiências foram denominadas de grand tour, movimentação turística que se destaca na época do renascimento europeu, no período da Idade Moderna, e “configurou-se por fluxos de destinos e de origem específicos, e começou a adquirir suas características já no final do século XVII, atingindo seu ápice em 1715” (BRASIL, 2010, p.14).

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Essa prática, no princípio, basicamente era dos filhos da aristocracia e da

gentry (pequena nobreza). Viajar por puro prazer, por amor à cultura, era

considerado, pelos bem-sucedidos, uma forma de conhecer outros universos culturais, cujo propósito era vivenciar experiências, a fim de formar indivíduos de caráter sólido e preparados para a guerra, sendo que, posteriormente, ao retornar do

grand tour, o interesse principal tratava-se de tomar posse de cargos políticos, civis,

militares de seu país de origem, como a Inglaterra (BARRETTO, 2006).

Segundo Barbosa (2002), aos jovens da aristocracia e os nobres era dada a possibilidade de vivenciar aquilo que já conhecia por meio das fontes literárias. Assim, a experiência empírica era vista como algo enriquecedor intelectualmente, culturalmente, socialmente. A viagem era acompanhada de um tutor, com duração de seis meses a um ano e meio ou podia se estender a dois anos. “Essa etapa, chamada por alguns historiadores de “barroca”, estava caracterizada por uma viagem realizada por jovens acompanhados de seu professor particular” (BARRETO, 2003, p. 47).

O grand tour tinha o majestoso título de viagens de estudos, pois valorizava o conhecimento cultural adquirido em experiências fora do seu local de residência habitual, e, também, era considerado uma forma de distinção de classe, já que apenas a classe-alta realizava este tipo de viagem.

Como explana Matos (2012, p. 2), interesse pelo grand tour também era devido à manutenção de um status social (como se pode também notar nos tempos atuais):

Para os ingleses, sobretudo, era uma prática comum e cultural enviar seus parentes para escolas renomadas, já que indicava o fomento do poder e a manutenção de uma classe social majoritária em termos de elite social. Também há o fato de que quanto mais viajado fosse o indivíduo, mais cultura adquirida havia na bagagem da pessoa, princípio consolidado até os dias atuais.

De acordo com Barretto (2003), nesse tempo, os filósofos discutiam os efeitos das viagens, pois argumentavam que essas desenvolviam vícios nos jovens, e não promoviam uma educação desejável, trazendo assim, malefícios. Já os defensores dessa prática social compreendiam que os resultados pedagógicos das viagens, as instituições de ensino não o conseguiriam apenas em sala de aula.

Ao longo do tempo, outras classes sociais inglesas de poder aquisitivo considerável passaram a vivenciar esse tipo de atividade. Já nos anos finais do

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século XVIII, viajar com finalidade educacional constituía-se como atividade realizada por diversas camadas sociais. Posteriormente, viajar para aprender ganhou novas dimensões, sendo praticado no continente europeu e nos Estados Unidos, tornando-se costume de diversas nações e amplamente utilizado por colégios e universidades particulares (BRASIL, 2010). Porém, a cultura de realizar o

grand tour foi interrompida em 1789 devido a Revolução Francesa e, posteriormente

com as guerras napoleônicas. Aproximadamente em 1814, essas viagens praticamente acabaram (Milan, 2007).

As práticas culturais da sociedade renascentista deixaram o sentido que as viagens de cunho educacional são aquelas em que o aprendizado acontece, estando a busca pelo conhecimento e a necessidade de realizar estudos diversos, como principais interesses. Assim, cabe salientar que a possibilidade de ampliar o conhecimento está presente em todos os segmentos de turismo, pois de acordo com Netto (2005), o conhecimento possui três vertentes: empirismo, racionalismo e o criticismo1. Com base no empirismo, o conhecimento é a experiência, assim, o contato, as sensações do sujeito com o que lhe é externo promove a construção, a formulação de ideias, que o desenvolve intelectualmente.

Desta forma, Panosso Netto (2005, p. 29) afirma que “o turismo, por sua vez, é experiência.” A experiência promovida pela atividade turística é uma forma de desenvolvimento do conhecimento pelo modo empírico. Portanto,

deslocar-se para aprender sobre algo não é privilégio apenas do turismo pedagógico, este princípio de aprendizagem está presente na maioria dos segmentos turísticos, no entanto há de se perceber uma motivação dotada de especificidades acerca deste segmento [...] (MATOS, 2012, p.2).

Embora ao Turismo Pedagógico não seja exclusiva a possibilidade de aprendizagem e, longe dessa concepção centralizada, a pesquisa tem como pano de fundo tal segmento da atividade turística. Os segmentos de mercado são apenas uma forma mercadológica de nomear os tipos de práticas sociais.

No Brasil esta prática é denominada pelo Ministério de Turismo como Turismo de Estudos e Intercâmbios, porém, o termo que foi utilizado nesse trabalho foi Turismo Pedagógico, devido a sua relação com a pedagogia, a qual está

1 Segundo Netto (2005, p.34-35), “para o racionalismo, a experiência não é a forma única de

conhecimento, pois considera a razão como preponderante no processo cognitivo”. Criticismo: “[...] um estudo meticuloso do ato de conhecer, sempre colocando o problema na percepção conjunta do sujeito-objeto”.

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diretamente ligada ao ensino. A prática definida pelo órgão de turismo refere-se, principalmente, às atividades educacionais proporcionadas pelo deslocamento com finalidade de estudo, aprimoramento de conhecimentos, experiência que favoreça o desenvolvimento pessoal e profissional. O Turismo Pedagógico não difere desta finalidade, porém, a definição e prática do Turismo de Estudos e Intercâmbio, geralmente tem base na ideia de comercialização de um complexo de infraestrutura e serviços turísticos para atender às necessidades de demandas de grupo de estudantes e/ou de programas educacionais em viagens nacionais e, especialmente, internacionais.

Embora o Turismo Pedagógico tenha o objetivo de atividade educacional, não utiliza, necessariamente, dessa estrutura comercial para se realizar. A preocupação principal está no que se refere ao conteúdo das atividades. Assim, o segmento específico pode explorar diversos locais e espaços, que possa inexistir infraestrutura turística.

Outra distinção necessária a se fazer é entre Turismo Pedagógico e Estudo do Meio, pois são duas práticas que possuem características semelhantes em sua essência, mas, possuem arranjos distintos em sua funcionalidade. Nas atividades de Estudo do Meio, os espaços a serem visitados são diversos e podem estar próximos aos arredores da instituição de ensino, como por exemplo, o bairro, o fundo de vale mais próximo, um prédio público e seus arredores, uma área de mata nativa, inclusive lugares como uma cidade histórica, um parque ecológico, dentre outros ambientes (LOPES; PONTUSCHKA, 2009).

Para Giaretta (2003, p.45 apud MILAN, 2007, p. 27), Estudo do Meio é um “método de ensino que estabelece uma relação entre teoria e prática, utilizando um objeto de estudo para que o aluno possa continuar o processo de aprendizado iniciado em sala de aula”. E, como complementa Milan (2007), trata-se muitas vezes da análise direta dos ambientes nos quais o aluno se insere.

Segundo Lopes e Pontuschka (2009), a utilização do método de ensino denominado Estudo do Meio ganhou relevância na atualidade, porém, o uso do termo para se referir às vivências no ambiente externo à escola acaba sendo indiscriminado, não se atentando para a real complexidade que tal prática pedagógica tem para a formação do indivíduo. Assim, compreende-se que, esse termo não corresponde ou não supre a dimensão da atividade que se pretende

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analisar, bem como, não evoca o sentido de viagem (mesmo que sejam deslocamentos curtos no sentido de tempo/espaço), já que este estudo pretende analisar a dinâmica de um segmento do turismo com objetivo educacional. A realização de atividades de cunho educacional não se ressume a sair do ambiente escolar e visitar algum local de interesse. O estudo antecedente do lugar, bem como, a adequação à proposta da disciplina, principalmente por parte dos professores, irá refletir diretamente no aprendizado.

De acordo com a página na internet, Língua Portuguesa Fácil - Prof. Gleide Castro, quando se discute a relação entre teoria e prática na educação, o nome do pedagogo francês Celéstin Freinet desponta como idealizador e estudioso no assunto pedagogia da educação. Sua ideologia corresponde a corrente da Escola Nova, surgida nas primeiras décadas do século XX, oposta ao ensino tradicionalista e sugerindo uma educação ativa em volta do aluno.

Assim, como explana Spínola da Hora e Cavalcanti (2003), essa ideia de realizar a aula formal unida à dinâmica de uma viagem, visando favorecer o processo de ensino-aprendizagem, sofreu influência do educador Freinet, um dos primeiros educadores defensores de um modelo de ensino no qual fossem desenvolvidas as experiências externas a escola como parte do processo educacional. Ele desenvolveu técnicas que estimulava o aprendizado fora da sala de aula, uma delas é denominada de aula passeio.

A aula passeio é percebida com uma conexão entre a pedagogia e o turismo. Assim, o termo pedagogia, evoca o sentido da educação e, aliado ao termo turismo, que dimensiona os meios utilizados para desenvolver a prática pedagógica, monta a nomenclatura apropriada para definir a prática social que envolve os dois vieses objetos desse estudo, a educação e o turismo.

Muito embora se entenda turismo com uma prática, definida pelo principal órgão mundial do turismo da seguinte forma:

Tourism is a social, cultural and economic phenomenon which entails the movement of people to countries or places outside their usual environment for personal or business/professional purposes. These people are called visitors (which may be either tourists or excursionists; residents or non-residents) and tourism has to do with their activities, some of which involve tourism expenditure (UNWTO, 2014).

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E, conceituada pelo Ministério do Turismo, com base na definição da UNTWO, como “as atividades que as pessoas realizam durante viagens e estadas em lugares diferentes do seu entorno habitual, por um período inferior a um ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras” (BRASIL, 2010, p.4). A prática de Turismo Pedagógico no contexto aqui analisado não se desenvolve, em sua totalidade, nos moldes definidos, no que se refere ao que seja turismo, pelos principais órgãos da atividade, em nível mundial e nacional, respectivamente.

A essência desses fluxos é a experiência com finalidade educacional, restringir os aspectos temporais e espaciais dos mesmos é limitar a dimensão de sua abrangência. Turismo também é experiência, como bem explica o autor Panosso Netto aqui já citado, portanto será trabalhado com a concepção pautada neste sentido, para que possa ser percebida e analisada toda a dinâmica de sua ocorrência no território definido para o estudo.

Dessa forma, foi base para orientação das análises, o deslocamento externo à escola inserido em um processo de planejamento pedagógico das instituições de ensino e que possuía organização em sua estrutura desde o planejamento, até os momentos de discussão e avaliação após a atividade pedagógica, seja com apoio de empresa privada e/ou com elaboração, organização e execução por parte da própria instituição.

Pode-se perceber que os termos para se referir as atividades de cunho educacional externas à escola são diversos, os conceitos daqueles comumente utilizados são amplos e alvo de diversas interpretações, bem como, taxativos. Há uma confusão de ordem semântica e metodológica nos conceitos, como explana Milan (2007). Definições podem ser equivocadas, assim, não se busca analisar um objeto que se encaixe em um conceito, mas sim, estudar o objeto que faça parte dos critérios acima apresentados para atividades com características essenciais de um Turismo Pedagógico e, mais que isso, analisar a dinâmica das atividades e seu contexto vivenciado.

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2.2 UM INSTRUMENTO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

A aprendizagem acontece de diversas formas, segundo Libedinsky (1997 apud MILAN, 2007) existem três categorias para a educação, sendo elas a informal, não formal e formal. Na educação informal o processo educacional ocorre nas experiências das atividades cotidianas, quando o indivíduo vivencia ambientes sociais como a família, o trabalho, as mídias e, torna-se apto a adquirir qualidades, virtudes, valores, habilidades e conhecimentos.

A educação não formal trata-se de atividades específicas que intencionem agir com finalidade educacional, entretanto não está relacionada ao sistema educacional formal. Pode-se dar como exemplos, cursos de idiomas, informática, oficinas de treinamento, dentre outros. A educação formal acontece nos espaços escolares do sistema educacional em todos os níveis de ensino.

Com base nessas três categorias, onde se encaixaria o Turismo Pedagógico? Uma vez que, sua ocorrência tem por finalidade a aprendizagem ligada diretamente à educação formal, às instituições de ensino. Entretanto, ele ocorre fora dessas instituições, externo ao ambiente escolar e, além dessa característica, promove o aprendizado de sociabilidade, desenvolvimento de novas habilidades, contato com ambientes diversos estimulando as sensações, dentre outras influências, o que, em definição acontece por meio da educação informal.

O segmento turístico proporciona, portanto, a inter-relação entre os tipos de educação apresentados. Assim, favorece o desenvolvimento múltiplo do indivíduo. Os estudos de Célestin Freinet, como já mencionado neste trabalho, datados do período de 1920 a 1966, já defendia a ampliação dos ambientes de aprendizagem para os educandos. Estudar o mundo no mundo possibilita uma melhor compreensão deste, pois o conhecimento empírico é uma das formas de aprimorar os conhecimentos.

Observa-se que o ser humano, de diversas culturas, já entendia os deslocamentos a outros ambientes, como uma das formas de aprendizagem. Em registro se tem, como apresentado, o grand tour como uma prática que relacionava a educação ao turismo, embora a concepção de turismo neste tempo não estivesse nos moldes como se conhece e está disseminado na atualidade. O Turismo

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Pedagógico é a retomada de uma prática social antiga, porém, com nova modelagem. O uso desse segmento do turismo como ferramenta no processo de ensino-aprendizagem por instituições de ensino passou a ser frequente.

A necessidade de novos métodos de abordagem dos conteúdos, objetivando a maior possibilidade de aprimorar os conhecimentos dos educandos e incentivar a reflexão das informações é um dos desafios dos professores e instituições de ensino. Há, não um obstáculo a ser superado, mas, um caminho a ser percorrido, que é acompanhar o ritmo em que vive a sociedade atual para que a formação dos indivíduos se desenvolva com máximo de aproveitamento. Pois, como explana Bonfim, (2010, p.03),

[...] a educação oferecida na maioria das instituições educacionais está em defasagem com as necessidades e os desafios da pós-modernidade, uma vez que os princípios e métodos sobre os quais está fundada, não estão condizentes com a consciência que se faz necessária no mundo contemporâneo.

A mudança das práticas pedagógicas para se adequar ao novo, às novas possibilidades de ensino se torna indispensável, atualizar-se constantemente é vital. Então, é neste contexto de transformações na metodologia de ensino que se apresenta e ganha relevância o Turismo Pedagógico, uma vez que,

o vínculo do aluno com a escola é, ainda, fortemente marcado pelo modelo de ensino tradicional, que o coloca na condição de espectador e reprodutor dos saberes do professor e do livro. No processo de transição para uma nova concepção, é necessário que o professor efetivamente propicie situações nas quais o aluno seja desafiado a buscar novas formas de interagir, favorecendo o desenvolvimento de segurança que se traduzirá em autoconfiança e auto-estima. Esses são os pontos de partida para qualquer aprendizagem (MILAN, 2007 p.24).

A forma comumente utilizada de ensino se dá por meio de aulas expositivas e dialogadas na educação formal. Neste método de lecionar, as possibilidades de cultivar a capacidade exploratória, de observação, comparação com a realidade dos alunos se tornam limitadas, tendo em vista que o estudo teórico dos conteúdos é expressivo. O professor tem o papel não só de formar o aluno, mas, também, de incentivar o estudante a desenvolver a capacidade critica reflexiva. E, mais que isso, o educador deve inserir no processo de ensino-aprendizagem a cultura de pesquisador, a fim de estimular a aptidão investigativa dos educandos, pois a aprendizagem também ocorre por meio da exploração (BONFIM, 2010).

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Compreende-se, assim, a relevância dada à experiência turística por ser uma forma de aprendizagem, uma vez que, o contato com o meio externo possibilita o conhecimento e a reflexão acerca da realidade do ambiente visitado, aprimorando o repertório de informações que o indivíduo adquire ao longo do tempo por meio de suas vivências. O turismo de caráter pedagógico se apresenta como um instrumento no processo de ensino-aprendizagem de diversas instituições de ensino, auxiliando a formação acadêmica, profissional e pessoal dos estudantes devido ao contato com outras culturas e espaços.

Nesse sentido, Scremin e Junqueira (2012, p.2) destacam a relevância desse tipo de atividade utilizando do termo Turismo Pedagógico:

O turismo pedagógico por envolver diversas áreas do conhecimento vem sendo considerado como um instrumento importante na aprendizagem, uma vez que pode ser um diferencial na vida escolar dos educandos, por ser um misto de profissionais engajados neste trabalho.

A experiência turística pode proporcionar ampliação do repertório de informações dos educandos, uma vez que, as relações estabelecidas entre o sujeito e o meio favorece o despertar pelo conhecer e, a forma empírica do saber que este segmento desenvolve auxilia no processo educacional. Desse modo, por meio do empirismo as aulas fora do ambiente escolar proporcionam ao professor diversas possibilidades de estimular o desenvolvimento das habilidades de explorador, pesquisador em seus alunos, uma vez que, estarão mergulhados na realidade, naquilo que é tangível.

Os ambientes diversos possíveis de serem utilizados para a finalidade pedagógica expõe o aluno a situações de descobertas e, nessa dinâmica diferenciada, seu olhar para os objetos em análise ganha foco, pois, a experiência permite a percepção por meio dos sentidos, o que aflora as sensações e possibilita ao indivíduo conseguir assimilar teoria e prática com nível de conhecimento sobre realidade de maneira ampliada. E, como explica Bonfim (2010, p. 12) as aulas que utilizam esse tipo de metodologia tornam-se “mais dinâmicas e menos maçantes”, assim, são estimulantes para o aprendizado.

É notável a relevância das atividades práticas para o ensino, no entanto, é preciso que tais metodologias estejam alinhadas à cultura educacional da escola, que sejam desenvolvidas em conjunto entre professores e gestão escolar, de maneira inter-relacionada e faça parte de um objetivo amplo que pretenda alcançar o

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interesse de todas as disciplinas e atividades escolares, visando seus reflexos na formação do educando.

Então, para que o Turismo Pedagógico possa ser utilizado como um meio efetivo na educação é necessário explicar o sentido de estar conhecendo determinado ambiente para o público-alvo, uma vez que, a visita é uma extensão das aulas tradicionais, além de estarem em um espaço diferente daquele onde comumente aprendem.

Sensibilizar o aluno da relação que o local visitado tem com aquilo estudado em teoria é influente para a absorção dos conteúdos. E, também por este fator, o planejamento das viagens é primordial, para que sejam analisados como cada momento irá possibilitar ao aluno reflexão e observação com olhar de pesquisador (BONFIM, 2010).

A estruturação de uma viagem com finalidade pedagógica necessita estar relacionada intimamente aos conteúdos trabalhados pelos professores em sala de aula. Como explana Freire (2000 apud LOPES; PONTUSCHKA, 2009, p. 2):

a seleção do lugar a ser visitado, bem como a formulação das principais questões a serem respondidas na pesquisa de campo, todas as etapas de sua realização, o planejamento, a execução e a avaliação, são orientadas, por um lado, pela “dialogicidade” e, por outro, pelo despertar da “curiosidade epistemológica” de todos os membros da comunidade escolar.

Dessa forma, o que deve ser observado, investigado, estudado nas experiências de Turismo Pedagógico deve contemplar as necessidades dos educandos a fim de aplicar conhecimentos teóricos e/ou acrescentar ao seu conhecimento o que se pode absorver da prática.

Tendo por base essas afirmações, compreende-se que qualquer atividade turística de cunho pedagógico pode ser moldada para atender ao que cada disciplina desenvolve, de modo que, as suas expectativas possam ser alcançadas. Neste sentido, os professores, a instituição de ensino e os agentes que planejam, promovem e executam as atividades pedagógicas precisam estar atentos para a inter-relação dos componentes curriculares com o planejamento da atividade de Turismo Pedagógico.

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3 ENSINO PÚBLICO E PRIVADO NO BRASIL

No Brasil, a educação escolar teve seu primeiro registro em 1533, quando os “Franciscanos fundaram na Bahia o primeiro estabelecimento de ensino” (ALVES, 2009, p.1). Durante o período colonial (1500-1759), a escola confessional católica caracterizou a educação no território brasileiro, subsidiada de maneira parcial pelo poder público, porém, mantendo sua autonomia e princípios. O governo colonial após ter criado as Capitanias Hereditárias, em 1532, preocupava-se também em promover a instrução e com isso designou a igreja para cumprir tal tarefa. Assim, foram trazidos os Jesuítas ao Brasil para ensinar a língua portuguesa, a doutrina cristã, à leitura e a escrita. “O cuidado com a aprendizagem profissional e agrícola revela, nestes princípios da colonização, a preocupação em se dá uma educação adaptada ao contexto local e às necessidades da colônia” (ALVES, 2009, p.2).

A primeira fase da educação no Brasil (por suas características, de caráter privado) se deu pelos Jesuítas, destinada à população aristocrata e foi finalizada após a expulsão da Companhia de Jesus de Portugal e do Brasil em 1759. Este momento histórico não promoveu a estagnação da iniciativa privada na educação, seu crescimento continuou devido aos estabelecimentos existentes e, após este fato, o Estado passou a intervir na educação de forma direta (ALVES, 2009).

Em 1834, um marco legal, o Ato Adicional à Constituição de 1824, dá novas configurações decisivas para a educação no país, que alimentou os debates sobre a descentralização da educação:

Quem teria o poder de legislar sobre educação? A quem caberia a tarefa de organizar a instrução pública? Ao governo geral ou às províncias? Foram questões que esquentaram as discussões entre políticos, administradores, professores e intelectuais (CASTANHA, 2006, p. 171).

Segundo Murasse (2005), a intervenção legal definiu que o governo central tinha a responsabilidade de legislar sobre todos os níveis de ensino na capital do Império e do nível superior em todo o país. Estando, assim, os governos provinciais a cargo do ensino primário, secundário e profissional nos seus respectivos territórios.

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Devido à escassez de recursos do Estado para promover o ensino público e gratuito, a iniciativa privada ganha espaço e passa a ser financiada diretamente pelas famílias dos estudantes, ocorrendo o aumento das escolas privadas. Conforme Alves (2009, p.4),

o ensino privado prossegue a sua expansão não somente pela má qualidade da escola pública, mas, sobretudo, por um amplo entendimento da sociedade de que a escola particular lhes oferecia perspectiva educacional culturalmente enriquecida, universalizada e prenhe de valores liberais.

Até 1889, ano da Proclamação da República, nada de significativo e concreto foi feito à educação brasileira. Ao longo do tempo modificações sociopolíticas e econômicas refletiram na educação, como o sistema de governo presidencialista no período da Primeira República (1889-1929) quando, “na organização escolar percebe-se influência da filosofia positivista”, ideologia que tem como princípios orientadores a liberdade e laicidade do ensino e gratuidade da escola primária (BELLO, 2001, p. 6). Os objetivos eram de uma educação formadora do indivíduo para o ensino superior, bem como, a predominância de um ensino científico sobre o literário.

Nas primeiras décadas do século XX, no Brasil, começam a surgir manifestações do pensamento da Escola Nova, uma nova ideologia educacional, uma geração de educadores que se empenhava por um ensino público de qualidade, liberal e laico, contra o ensino tradicionalista (ALVES, 2009).

A formação do indivíduo para a doutrina escolanovista consistia em métodos de ensino direcionados a uma aprendizagem onde os sujeitos tivessem papel ativo, capazes de fazerem julgamento próprio, prontos para enfrentar os desafios durante o transcorrer de suas vidas. Desse modo, seria necessário reciclar os conhecimentos, pois esses se tornam ultrapassados rapidamente e teriam que ter a capacidade de aprender a aprender. Com isso, o individuo passa de objeto da educação para sujeito da educação. A proposta era centralizar o ensino no aluno, para que a aprendizagem tivesse base nas necessidades e interesses dele. (DI GIORGI, 1986).

Neste contexto de mudanças, durante o governo de Getúlio Vargas, em 1930, foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública, momento em que a Constituição de 1934 dispõe, pela primeira vez, que a educação é direito de todos:

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Art 149. A educação é direito de todos e deve ser ministrada, pela familia e pelos poderes publicos, cumprindo a estes proporcional-a a brasileiros e a estrangeiros domiciliados no paiz, de modo que possibilite efficientes factores da vida moral e economica da Nação, e desenvolva num espirito brasileiro a consciencia da solidariedade humana.

Desse modo, conforme Bello (2001), alguns ajustes legais dão à educação brasileira novas perspectivas. Entre os anos 1946 e 1963 as discussões governamentais, no que se refere à educação, foram pautadas na gestão e regulamentações do ensino.

As discussões mais marcantes relacionaram-se à questão da responsabilidade do Estado quanto à educação, inspirados nos educadores da velha geração de 1930, e a participação das instituições privadas de ensino (BELLO, 2001, p.9).

Em 1953, o Ministério da Educação e Saúde se desmembra, sendo criado o Ministério da Educação e Cultura. Após mais de uma década de discussões e criação de anteprojetos, em 20 de dezembro de 1961, foi promulgada a Lei nº 4.024/61, que Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em que se sobressaíam “as reivindicações da Igreja Católica e dos donos de estabelecimentos particulares de ensino no confronto com os que defendiam o monopólio estatal para a oferta da educação aos brasileiros” (BELLO, 2001, p.10). E em 1962, é criado o Conselho Federal de Educação e instituído o Plano Nacional de Educação e o Programa Nacional de Alfabetização.

A Lei nº 4.024/61 foi alterada ao longo dos anos e a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB foi, então, instituída, isto após um período político conflituoso (Regime Militar 1964 - 1985), onde a educação, assim como outros setores da sociedade, passou por privações.

Bonamino (2003, p.2) afirma que, “a partir dos anos de 1980, a relação entre o público e o privado no que tange à educação foi alterada, no quadro mais geral da reforma do Estado e da restruturação das políticas sociais”. Este foi um período de redemocratização do Estado, onde a educação participou desse processo de desenvolvimento. Os direitos sociais tornaram-se mais acolhidos na Constituição Federal.

Na atual Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CF/88), o artigo 205 define que:

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A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Também, conforme a CF/88 é competência comum da União, dos estados e dos municípios proporcionar os meios de acesso à educação. No entanto, conforme o artigo 209 da CF/88, o ensino é livre à iniciativa privada se atendidas as seguintes condições:

I - cumprimento das normas gerais da educação nacional; II - autorização e avaliação de qualidade pelo poder público.

Sendo que ainda é atribuída privativamente à União legislar sobre as diretrizes e bases da educação nacional. E, de acordo com o artigo 20 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96), as instituições de ensino se classificam nas seguintes categorias administrativas:

I - públicas, assim entendidas as criadas ou incorporadas, mantidas e administradas pelo Poder Público;

II - privadas, assim entendidas as mantidas e administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado.

Estando as instituições privadas enquadradas nas seguintes categorias (art. 20 da Lei 9.394/96):

I - particulares em sentido estrito, assim entendidas as que são instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas de direito privado que não apresentem as características dos incisos abaixo;

II - comunitárias, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas educacionais, sem fins lucrativos, que incluam na sua entidade mantenedora representantes da comunidade;

III - confessionais, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas que atendem a orientação confessional e ideologia específicas e ao disposto no inciso anterior;

IV - filantrópicas, na forma da lei.

Assim, as configurações legais possibilitaram à educação brasileira caminhos diversos de desenvolver-se, embora a iniciativa privada tenha que responder às definições estatais, estando limitadas no sentido da “autonomia pedagógica, curricular, administrativa e financeira” (ALVES, 2009, p.8).

Ao longo de toda a história da educação no Brasil, percebem-se intervenções governamentais e do setor privado. A educação pública passou por

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períodos de abandono, como também, de ajustes e tentativas de melhorias, que contribuíram para a sua evolução ao longo do tempo e a educação privada vivenciou momentos de liberdade econômica, como também, de dependências estatais. Independentemente de suas características jurídicas e de suas possibilidades e limitações, ambas são responsáveis pela formação da sociedade. O ensino tornou-se gradualmente acessível à população no Brasil, mas “a educação brasileira não evoluiu muito no que se refere à questão da qualidade” (BELLO, 2001, p.12).

O debate entre instituições públicas e instituições privadas de ensino é um tema que perpassa décadas, a busca pela melhoria da educação, embora muitas vezes sem êxito, foram tentativas que refletiram de forma benéfica ou maléfica para a sua evolução. O direito social não pode ser uma peça do jogo de interesses político-econômicos, deve ser visto como um dos principais meios de desenvolvimento da sociedade de modo geral.

No Brasil dispomos de um órgão público que visa atender os objetivos referentes à rede educacional brasileira, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), criado a partir da Portaria nº 2.255, de 25 de agosto de 2003,

é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação (MEC), cuja missão é promover estudos, pesquisas e avaliações sobre o Sistema Educacional Brasileiro com o objetivo de subsidiar a formulação e implementação de políticas públicas na área educacional a partir de parâmetros de qualidade e equidade, bem como produzir informações claras e confiáveis aos gestores, pesquisadores, educadores e público em geral (INEP, 2017).

Nesse sentido, um dos métodos de avaliar a educação é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), que foi criado em 2007 e é um indicador que trabalha com dois conceitos: o fluxo escolar e as médias de desempenho nas avaliações. O cálculo do indicador é realizado com os dados da aprovação escolar, levantados por meio do Censo Escolar2 e, das médias de desempenho nas avaliações do INEP, que são do Sistema de Avaliação da Educação Básica3 - Saeb (unidades da federação e para o país) e a Prova Brasil4 (destinada para os municípios) (INEP, 2017).

2

Censo Escolar: Principal instrumento de coleta de informações da educação básica e o mais importante levantamento estatístico educacional brasileiro nessa área (INEP, 2017).

3

Saeb: Composto por um conjunto de avaliações externas em larga escala e tem como principal objetivo realizar um diagnóstico da educação básica brasileira e de alguns fatores que possam

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Cabe ressaltar que a educação básica (Art. 21. Inciso I da Lei 9.394/96) é formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, organizada especificamente da seguinte forma: educação infantil (creche e pré-escolar– 0 aos 5 anos), ensino fundamental (anos iniciais do 1º ao 5º e anos finais do 6º ao 9º- faixa etária 6 aos 14 anos), ensino médio (1º ao 3º público-alvo jovens de 15 a 17 anos), além da educação profissional técnica de nível médio.

De acordo com os dados do Censo Escolar de 2016, no Brasil existem 186,1 mil escolas de educação básica, estando concentrado o número de escolas da educação básica sob a responsabilidade da instância municipal, cerca de 2/3 das instituições (114,7mil) e a rede privada passou de 21,1% em 2015 para 21,5% em 2016, do percentual total de escolas da educação básica. Com isso, são mais de 2 milhões de professores atuando na educação básica, sendo que 75,6% desempenham suas atividades exclusivamente na rede pública (federal, estadual e municipal), já na rede privada atuam 20,6% dos docentes e, um percentual de 3,8% trabalham nas duas redes de ensino concomitantemente.

O percentual de escolas por dependência administrativa em 2016 na educação básica: a rede federal contava com 0,4%, a estadual 16,5%, a rede municipal com 61,7% e a rede privada com 21,5%. Desse modo, perceber-se que o maior percentual de instituições de ensino está na rede pública municipal. Essas instituições estão localizadas, em grande parte, na zona urbana dos municípios, sendo 66,1% e um percentual de 33,9% estão localizadas na área rural.

No que se refere especificamente ao ensino médio, nos últimos oito anos cresceu em 11,6% a sua oferta. Este mesmo Censo Escolar (2016) mostra que, no Brasil eram 8,1 milhões de matrículas no ensino médio deste, 95,6% dos matriculados frequentaram escolas urbanas e 12,5% dos matriculados estavam em escolas privadas, rede esta que cresceu 4,5% em oito anos. A quantidade de escolas de ensino médio por dependência administrativa foi de 517 instituições da rede federal, 19.301 da estadual, os municípios estavam com 251 escolas no total e a rede privada com 8.260. É notável o número de estabelecimentos de ensino sob a responsabilidade da rede estadual, considerando apenas o ensino médio, assim os estados são os principais formadores, quantitativamente, desse nível de ensino no

interferir no desempenho do estudante, fornecendo um indicativo sobre a qualidade do ensino ofertado (INEP, 2017).

4

Prova Brasil: Avaliação diagnóstica que visa investigar as habilidades desenvolvidas pelas crianças matriculadas no 2º ano do ensino fundamental das escolas públicas brasileiras (INEP, 2017).

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