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PROVA ESCRITA DE DIREITO CIVIL E COMERCIAL E DIREITO PROCESSUAL CIVIL. (artigo 16.º, n.º 2, alínea a), da Lei n.º 2/2008, de 14/1) Via académica

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PROVA ESCRITA

DE

DIREITO CIVIL E COMERCIAL E DIREITO PROCESSUAL CIVIL

(artigo 16.º, n.º 2, alínea a), da Lei n.º 2/2008, de 14/1)

Via académica

1.ª Chamada – 17 de fevereiro de 2018

Grelha de Correção

Nota:

As indicações constantes da grelha refletem as soluções que se afiguram ser as mais corretas para cada uma das questões formuladas.

Porém, não deixarão de ser valorizadas outras opções, desde que plausíveis e alicerçadas em fundamentos consistentes.

(2)

2

Caso 1

7 valores

1 - Em face da factualidade descrita, identifique os danos suscetíveis de indemnização. 2 valores

Identificar o dano da morte/perda do direito à vida de Vítor (artigo 496.º, n.ºs 2 e 4, do

Código Civil), considerando que, não obstante subsista alguma discussão no plano doutrinário

a este respeito, a jurisprudência tem sido pacífica no reconhecimento da reparação do dano morte.

Identificar também, como dano indemnizável, o sofrimento físico, psíquico e emocional de Vítor nas horas que mediaram entre a eletrocussão de que foi vítima (à noite) e a sua morte (já de manhã, na ambulância), como é evidenciado pelo facto de ter permanecido em agonia, caído de bruços sobre a pérgula, por vezes inconsciente, até ter sido encontrado de manhã.

Aludir à discussão doutrinária e jurisprudencial a respeito da indemnização dos referidos danos: se constitui um direito próprio dos indicados familiares da vítima ou um direito da própria vítima, que se constituiu na sua esfera jurídica e se transmitiu, por via hereditária, aos seus sucessores ( que, no caso em apreço, não constando que Vítor fosse casado ou tivesse filhos, seriam os seus pais), tudo nos termos dos artigos 483.º,

2131.º, 2132.º, 2133.º e 2142.º do Código Civil.

Identificar ainda como dano indemnizável o sofrimento psíquico e emocional dos pais de Vítor, ao abrigo do artigo 496.º, n.ºs 2 e 4, do Código Civil.

Referir que os danos acima identificados são de natureza não patrimonial.

Finalmente, identificar as despesas de funeral como os únicos danos patrimoniais indemnizáveis na ação intentada pelos pais de Vítor (artigo 495.º, n.º 1, do Código Civil).

2 - Aprecie justificadamente se a Ré é responsável, e a que título, pelo pagamento de indemnização a Ana e Alberto.

3 valores

Apreciar a responsabilidade civil extracontratual da Ré, analisando a verificação dos pressupostos da responsabilidade civil por facto ilícito (artigo 483.º, n.º 1, do Código Civil), equacionando ser aplicável, ao caso, a presunção de culpa, consagrada no artigo 493.º, n.º

2, do Código Civil.

(3)

3 indemnizar Ana e Alberto, com fundamento em responsabilidade civil extracontratual, por facto ilícito ou delitual.

Na negativa, ponderar o enquadramento na responsabilidade civil objetiva ou pelo risco (artigo 509.º do Código Civil).

3 - Supondo que Ana e Alberto, após a morte do filho, se divorciam e que apenas Ana intenta a referida ação, pronuncie-se de forma fundamentada sobre a possibilidade de Alberto intervir nesta ação e por que meio(s) para fazer valer o seu direito a uma indemnização por todos os danos em causa.

2 valores

Constatar que a admissibilidade da intervenção principal de Alberto na ação intentada por Ana dependeria da posição que assumisse na lide. Assim, se pretendesse deduzir contra a

Ré, discriminadamente, um pedido autónomo e distinto do formulado por Ana (ex: peticionar

uma indemnização pelo seu próprio desgosto), a sua intervenção seria coligatória ativa, logo inadmissível, nos termos conjugados dos artigos 32.º a 36.º, 311.º e 316.º, todos do Código de

Processo Civil.

Referir que, ao invés, se pretendesse associar-se à Autora, como litisconsorte, seria admissível a sua intervenção principal espontânea, nos termos dos artigos 311.º a 315.º do

referido Código.

Considerar que a sua intervenção principal provocada, se requerida pela Ré, como litisconsorte da Autora, seria igualmente admissível, ao abrigo do artigo 316.º, n.º 3, do mesmo

Código.

Referir que, para que a intervenção pudesse ser requerida pela Autora, por sua iniciativa ou a convite do Tribunal (cf. artigos 6.º, n,º 2, e 590.º, n.º 2, alínea d), do Código de Processo

Civil), seria indispensável que o caso configurasse uma situação de litisconsórcio necessário,

nos termos conjugados dos artigos 316.º, n.º 1, e 33.º do aludido Código, registando-se, a este respeito, uma clivagem na jurisprudência.

Assim, entendendo-se que estão em causa direitos dos próprios familiares (mencionados no artigo 496.º, n.º 2, do Código Civil) à indemnização, ao invés de direitos adquiridos por via sucessória, é de concluir que não existe uma situação de litisconsórcio necessário ativo, sendo inadmissível a intervenção principal requerida pela Autora.

A defender-se estarem em causa, no caso do dano da morte e da presciência da morte, direitos adquiridos por via sucessória e que seria uma situação de litisconsórcio necessário legal (mormente atento o disposto no artigo 2091.º do Código Civil, conjugado com o artigo

(4)

4 intervenção principal provocada, a requerimento da Autora.

Caso 2

7 valores

1 - Explicite os fundamentos da pretensão de Alberto na ação declarativa que intentou contra Ana e Branca e aprecie se lhe assiste o direito que se arroga contra estas.

2 valores

Verificar que, ao dar aval na livrança subscrita por Branca a favor do Banco ABC, Alberto garantiu o seu pagamento, nos termos do disposto nos artigos 30.º a 32.º ex vi artigo 77.º, todos da Lei Uniforme sobre Letras e Livranças (doravante L.U.).

Constatar que, por força do pagamento que efetuou ao Banco ABC, Alberto ficou investido nos direitos emergentes da livrança contra a avalizada Branca, pessoa que igualmente se obrigou para com o Banco ABC, conforme disposto no artigo 32.º, 3.º, ex vi

artigo 77.º da L.U., e concluir, nessa sequência, que assiste a Alberto o direito de reembolso

contra Branca da quantia integral que liquidou ao Banco ABC, no montante de 31.200 €. Já no tocante aos fundamentos da pretensão de Alberto contra Ana, co-avalista de

Branca na livrança subscrita a favor do Banco ABC, referir que, perante duas teses antagónicas

da jurisprudência, uma que admitia o direito de regresso em termos análogos ao que está previsto no artigo 650.º do Código Civil para a pluralidade de fiadores e outra que fazia depender a existência e conteúdo desse direito de convenção extracambiária acordada entre os avalistas, o Supremo Tribunal de Justiça uniformizou jurisprudência nos termos seguintes: «Sem embargo de convenção em contrário, há direito de regresso entre os avalistas do mesmo avalizado numa livrança, o qual segue o regime previsto para as obrigações solidárias.» (cf. acórdão de Uniformização de Jurisprudência n.º 7/2012, de 5.6.2012, publicado no DR, 1.ª série — N.º 137 — 17 de julho de 2012). Admite-se ainda a aplicação do regime das obrigações solidárias, na senda de alguma doutrina, por via do disposto no artigo 47.º da L.U..

Considerar que assiste a Alberto, na ausência de convenção em contrário, direito de regresso contra Ana, relativamente a metade do valor que pagou ao Banco ABC.

Concluir que Ana é solidariamente responsável pelo pagamento da quantia de 15.600 €, com fundamento nas disposições dos artigos 516.º e 524.º do Código Civil.

2 - Pronuncie-se fundamentadamente sobre a reação de Branca e de Dora através da oposição à execução.

(5)

5 Verificar que, tendo Alberto instaurado contra Branca ação executiva sumária para pagamento de quantia certa, baseada em sentença, apenas poderiam servir de oposição a tal execução os fundamentos elencados no artigo 729.º do Código de Processo Civil, face ao disposto nos artigos 550.º, n.º 1, al. a), e 551.º, n.º 3, todos do referido Código.

Considerando que Branca não alegou qualquer facto suscetível de conduzir à extinção da execução, bastando-se com a alegação de não ser a proprietária da metade indivisa penhorada que possuía no prédio urbano identificado, concluir que os embargos por si deduzidos deveriam ser liminarmente indeferidos, nos termos do disposto no artigo 732.º,

alínea b), do Código de Processo Civil.

De igual modo, no que concerne à pretensão de Dora, não assumindo a qualidade de executada, concluir que é parte ilegítima nos embargos deduzidos, existindo fundamento para idêntica rejeição liminar, por estar verificada uma exceção dilatória insuprível, de conhecimento oficioso, de acordo com as disposições conjugadas dos artigos 728.º, n.º 1, a

contrario sensu, 577.º, alínea e), 578.º e 590.º, n.º 1, ex vi 551.º, n.º 1, todos do Código de Processo Civil.

Apontar no sentido de Dora ter de deduzir embargos terceiros, nos termos previstos nos

artigos 342.º e ss. do Código de Processo Civil.

3 - Suponha que apenas Dora reagiu através de embargos de terceiro. Alberto contestou, alegando que a executada doou a sua metade à filha Dora para se furtar ao cumprimento da obrigação exequenda, e pretende assim ver declarada a ineficácia da doação.

Enquadrando juridicamente os meios de defesa apresentados por Dora e por Alberto, aprecie fundamentadamente as posições de ambos.

3 valores

Constatando que Dora assumia a qualidade de terceiro em relação à execução instaurada por Alberto contra Branca e que pretendia defender o direito de propriedade de que se arrogava titular em relação à metade indivisa penhorada, concluir que lhe cabia reagir à execução por meio de embargos de terceiro, pedindo o reconhecimento do direito de propriedade sobre a metade indivisa penhorada, nos termos dos artigos 342.º e seguintes do

Código de Processo Civil.

Quanto a Alberto, confrontado com a referida alegação de Dora, de que a parte indivisa penhorada lhe foi doada após a constituição do seu crédito sobre Branca, verificar que tinha fundamento para contestar os embargos, formulando contra Branca e Dora um pedido de

(6)

6 impugnação pauliana, com base nos requisitos do artigo 610.º do Código Civil, seguindo os embargos os termos do processo comum (cf. artigo 348.º, n.º 1, do Código de Processo Civil).

Atentar em que a impugnação pauliana só é exercitável pela via judiciária, sendo que, em tese, tanto pode ser exercida por meio de ação/reconvenção, como por via de exceção, podendo o devedor (ou terceiro) obstar ao seu prosseguimento, mediante a satisfação do direito do credor lesado.

Identificar como requisitos gerais da impugnação pauliana a anterioridade do crédito e resultar do ato a impossibilidade ou o agravamento da impossibilidade para o credor de obter a satisfação integral do seu crédito - artigo 610.º, alíneas a) e b), do Código Civil, acrescendo, quando de ato oneroso se trate, a exigência de que o devedor e o terceiro adquirente tenham agido de má-fé, nos termos do artigo 612.º do referido diploma.

Concluir que, estando em causa um ato gratuito praticado por Branca em desfavor de

Alberto, titular de crédito anterior, deve proceder a impugnação, pelo que Alberto tem direito

“à restituição dos bens na medida do seu interesse, podendo executá-los no património do obrigado à restituição e praticar os actos de conservação da garantia patrimonial autorizados por lei“ (cf. artigo 616.º, n.º 1, do Código Civil).

Consequentemente, considerar os embargos improcedentes, subsistindo a penhora sob a parte indivisa adquirida por Dora mediante doação de Branca.

Caso 3

6 valores

1 - Aprecie, do ponto de vista jurídico-processual, se o juiz deve proferir despacho pré-saneador e em que sentido na ação intentada por Alda em 1 de fevereiro de 2017.

2 valores

Identificar os contratos celebrados entre as partes, sendo que Joana e Bernardo celebraram entre si um contrato de compra e venda - artigos 874.º e 879º do Código Civil - e

Bernardo e o Banco Crédito Seguro celebraram entre si um contrato de mútuo com hipoteca - artigos 1142.º, 698.º e 712.º do Código Civil.

Analisar os conceitos de litisconsórcio necessário natural e de efeito útil normal, a que alude o artigo 33.º, n.ºs 2 e 3, do Código de Processo Civil, verificando que, se a ação que Alda intentou contra Bernardo em 1 de fevereiro de 2017 produzisse caso julgado apenas perante

Bernardo, deixaria o ato ineficaz ou nulo em face de Bernardo e eficaz ou válido relativamente

a Joana e o Banco Crédito Seguro, devendo haver, pois, uma decisão simultânea para todos os interessados.

(7)

7 Concluir que o juiz deve proferir despacho pré-saneador, ao abrigo do disposto nos

artigos 6.º e 590.º, n.º 2, alínea a), do Código de Processo Civil, convidando Alda a suprir a

exceção dilatória da ilegitimidade passiva por preterição de litisconsórcio necessário, mediante o incidente de intervenção principal provocada de Joana e do Banco Crédito Seguro, ao abrigo dos artigos 261.º, n.º 1, 311.º e 316.º do referido diploma.

2 - Aprecie, do ponto de vista jurídico-substantivo, as pretensões conflituantes na ação intentada por Alda em 1 de fevereiro de 2017.

4 valores

Enquadrar jurídico-substantivamente a primeira ação intentada por Alda como uma ação real de preferência, na qual lhe foi reconhecido o direito legal de preferência sobre a venda do imóvel, efetuada por escritura de compra e venda de 3 de janeiro de 2012, em que intervieram como vendedora Paula e como compradora Joana - cf. artigos 1091.º, n.º 1, alínea

a), e n.º 4, 416.º a 418.º e 1410.º do Código Civil.

Constatar que o direito de preferência é um direito real que confere ao seu titular o direito de prevalência e sequela sobre o objeto preferido, tudo se passando, quando feito valer judicialmente, como se o contrato de alienação houvesse sido celebrado com o preferente, o qual se substitui ao comprador na escritura de compra e venda.

Verificar que não se procedeu ao registo da ação de preferência intentada no dia 3 de janeiro de 2012 nem ao registo da respetiva sentença, contrariamente ao que dispõe o artigo

3.º, n.º 1, alíneas a) e c), do Código do Registo Predial.

Examinando as consequências da omissão do registo previstas no artigo 263.º, n.º 3, do

Código de Processo Civil, referir que a sentença proferida na ação de preferência tem a sua

eficácia normal apenas inter partes, mas que Alda não está impedida de fazer valer o seu direito real contra terceiros para quem o imóvel foi, entretanto, transmitido, tendo apenas de os convencer em nova ação.

Concluir que, apesar de a ação de preferência e a respetiva sentença não terem sido registadas, Alda pode fazer valer o seu direito de preferência contra todos os subadquirentes na ação que intentou em 1 de fevereiro de 2017, pois os direitos de Bernardo e do Banco

Crédito Seguro são ineficazes em relação a Alda, titular do direito de preferência.

Afastar o regime do artigo 291.º do Código de Processo Civil, pois não se está perante um caso de nulidade ou de anulação do negócio, pressuposto da aplicação deste preceito.

Afastar a aplicação das regras do registo, designadamente o disposto no artigo 17.º, n.º

2, do Código do Registo Predial, as quais também não operam no caso concreto, na medida

(8)

8 Concluir que o registo da aquisição por compra a favor de Bernardo e o registo da hipoteca a favor do Banco Crédito Seguro não têm sustentáculo, pois a originária compradora,

Joana, foi substituída nessa compra, ex tunc, por Alda, por efeito da procedência da ação de

preferência.

Verificar também que Bernardo e o Banco de Crédito Seguro não podem ser havidos como terceiros para efeito do registo, visto terem adquirido os seus direitos de quem nunca foi titular de um direito registado e depois transmitido.

Concluir que, sendo os direitos dos subadquirentes ineficazes em relação à titular do direito de preferência, deve ser declarada a ineficácia da compra e venda celebrada por escritura pública de 10 de janeiro de 2013 e da hipoteca constituídas e, consequentemente, o cancelamento dos registos da aquisição por compra a favor de Bernardo e da hipoteca a favor do Banco Crédito Seguro (cf. artigo 13.º do Código do Registo Predial).

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